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Curso de Administração
GESTÂO E ESTRUTURA DE UMA ONG
ANÁLISE DA GESTÃO E ESTRUTURA DE UMA ONG RECÉM INICIADA
Laryssa Andrade Flores e Luísa Marques Cravo1 Eduardo Morais Bueno2 RESUMO O objetivo principal deste estudo foi analisar os principais desafios na estrutura e gestão de uma ONG recém-iniciada. A metodologia se baseou na pesquisa descritiva e estudo de caso. A abordagem foi qualitativa. Utilizaram-se dois roteiros de entrevistas semiestruturados, que foram aplicados ao gestor da ONG e dois voluntários. A partir do estudo teórico e das entrevistas efetuadas com o gestor e dois voluntários da ONG, foi possível identificar que são muitos os desafios encontrados para a criação de uma instituição como organização não governamental. Dentre os desafios, concluiu-se que se tratam da própria criação da instituição, a formação da equipe e a captação de recursos. PALAVRAS - CHAVE: ONG. Gestão. Estrutura. Desafios. Terceiro Setor
1 INTRODUÇAO
Delgado (2005) conceitua as ONGs (Organizações Não Governamentais)
como negócios criados visando auxiliar o Estado na realização de seus objetivos
que, na maioria das vezes, cumprem o próprio papel do estado, já que este não
investe tempo e recursos suficientes para resolver todos os problemas pertinentes à
sociedade. Estas organizações podem atuar em várias áreas, como: meio ambiente,
saúde, economia, assistência social, reciclagem, sustentabilidade etc.
Conforme Faria (2009) como a maioria das ONGs não tem como finalidade
atingir lucros, e quando têm, são destinados aos seus próprios objetivos, não
podendo ser repassados para seus proprietários, diretores e/ou voluntários, estas
podem receber doações de todos os setores: população, empresas com fins
lucrativo (Segundo Setor) e Estado (Primeiro Setor).
O trabalho visa responder a seguinte pergunta: Quais os principais desafios
enfrentados na estrutura e gestão de uma ONG recém-iniciada?
1 Graduandas em administração de empresas do Centro Universitário UniBH – e-mail:
f.lary@hotmail.com e luisamc20@gmail.com 2 Prof. Orientador. Especialista em Controladoria e Finanças – e-mail: eduardo.bueno@prof.unibh.br
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Este trabalho abordará o tema de gestão de negócios, e tem como objetivo
geral analisar os principais desafios na estrutura e gestão de uma ONG recém-
iniciada. Como objetivos específicos, descrever o processo de implementação de
uma ONG, examinar as motivações que conduzem as pessoas a iniciar este tipo de
negócio e descrever os principais problemas enfrentados no início de sua criação.
O estudo foi realizado em uma ONG que tinha aproximadamente um ano de
fundação, e que trata de assuntos relacionados à sustentabilidade.
A importância do tema abordado para a sociedade se dá ao fato de que essas
organizações são responsáveis por regular as ações de governos, e desta forma,
garantir que estes estejam agindo com coerência aos princípios dos direitos
humanos. E, para que isso aconteça da forma correta, nada mais justo do que
analisar e compreender o negócio de dentro para fora.
Para a universidade, o desenvolvimento do trabalho acadêmico comprova a
eficiência do compartilhamento de informações e conhecimento, que em tese, não
havia sido comprovado anteriormente. Por se tratar de um trabalho de produção
autônoma, mostra a capacidade do aluno de desenvolver métodos e solucionar
problemas utilizando o conhecimento obtido na instituição.
Ainda, o tema se torna relevante para a organização, pelo fato de que é um
estudo aprofundado, que poderá revelar possíveis oportunidades para o negócio e
identificar problemas que, por hora, internamente não haviam sido identificados e
criar soluções para estes.
Para as autoras, a importância do estudo se refere à oportunidade de realizar
um trabalho com embasamento técnico que auxiliará na execução de pesquisas
futuras e trará uma base sólida para lidar com as diversas situações apresentadas
no mercado de trabalho.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 TERCEIRO SETOR
Segundo relatos de Mendonça; Machado Filho (2004) foi o americano John D.
Rockefeller quem criou a expressão Terceiro Setor quando divulgou, em 1975, o
primeiro estudo planejado acerca da seriedade das iniciativas empresariais com
significado público na sociedade americana. Nos anos 1980, a expressão difundiu-
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se igualmente na Europa. No Brasil, isso aconteceu na década de 1990, a partir de
pesquisadores como Landins (1998) e Fernandes (1994).
“No Brasil, evidencia-se forte relação entre a atuação das organizações da
sociedade civil e a atuação do Estado. [...] O papel da Igreja Católica na
configuração da sociedade brasileira e na legitimação do Estado colonizador”
(MENDONÇA; MACHADO FILHO, 2004, p. 303).
Mendonça; Machado Filho (2004) afirmam ainda que a relação com o Estado
igualmente ficou clara no aparecimento dos sindicatos e das Organizações Não-
Governamentais (ONGs) brasileiras. O período entre os anos 1960 e 1980 é
considerado como sendo o marco do aparecimento das ONGs, surgidas em função
da luta política da sociedade civil contra o regime autoritário. Neste período as
ONGs atuavam praticamente na clandestinidade, assumindo, dessa forma, uma
posição crítica e, ao mesmo tempo, uma oposição ao estado, assim como ocorria
em relação aos movimentos sindicais e populares.
Conforme Cunha (2008), a definição da expressão terceiro setor tem origem
em uma evolução histórica em que o Estado é o primeiro setor, o mercado é o
segundo setor e as entidades da sociedade civil constituem o terceiro setor. No ano
de 1998 já existia no Brasil 250 mil entidades pertencentes ao terceiro setor. A partir
daí percebe-se o elevado crescimento desse tipo de organização. A partir do
momento em que essas organizações do terceiro setor passaram a atuar de forma
tanto qualitativa quanto quantitativa, tornaram-se relevantes, uma vez que definiram
seus papéis como uma alternativa indispensável às demandas sociais.
Alves Jr.; Faria; Fontenele (2009) afirmam que o termo terceiro setor é uma
tradução de third sector, que nos EUA é frequente junto com expressões como
organizações sem fins lucrativos (nonprofit organizations) ou setor voluntário
(voluntary sector). Na Europa continental utiliza-se a expressão organizações não
governamentais, cuja procedência é do sistema de representações da Organização
das Nações Unidas (ONU), a qual, dessa forma designa as organizações
internacionais representativas, para explicar sua presença oficial na ONU.
Tachizawa (2002 apud ALVES JR.; FARIA; FONTENELE, 2009) relata que a
origem das organizações de Terceiro Setor no Brasil ocorreu em períodos de regime
militar, seguindo um modelo peculiar da sociedade brasileira, em que o modelo
autoritário reside com a modernização do país e com o nascimento de uma nova
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sociedade organizada, baseada em ideias de autonomia em relação ao Estado, em
que a sociedade civil tende a confundir-se, por si só, com oposição política.
Conforme Silva; Vasconcelos; Normanha Filho (2012), o Terceiro setor é uma
organização cujo objetivo é social, a qual precisa de atenção e dedicação, tornando-
se de grande valia para a sociedade na deficiência ou omissão do poder público, em
questões sociais. Trata-se de um setor, com objetivo social, que oferece serviço
voluntário, ou não, para a parcela carente da sociedade.
Na maioria dos casos, o terceiro setor age em áreas que normalmente deveria ser uma atribuição do poder público, porém em virtude de vários acontecimentos e razões, ele não consegue atender a toda população com excelência, gerando uma enorme deficiência de atendimento em algumas áreas como, saúde, educação, meio ambiente, entre outras. O papel do terceiro setor está ligado diretamente ao bem estar social, desenvolvido por voluntariado preferencialmente, mas também por outros atores sociais, em função da magnitude das ações e projetos sociais (SILVA; VASCONCELOS; NORMANHA FILHO, 2012, p. 2).
De acordo com Camargo (2001 apud SILVA; VASCONCELOS; NORMANHA
FILHO, 2012), o terceiro setor no Brasil passou a atuar de maneira desafiadora
devido à sua distinção dos demais setores que miram as organizações privadas e
públicas. O terceiro setor opera como mediador entre os demais setores e apresenta
características dos dois, porém finalidades distintas, voltada para a assistência
social, tendo como objetivo o equilíbrio dos indivíduos na sociedade.
Segundo Santos; Félix; Carvalho (2009), as organizações que formam o
Terceiro Setor, sem fins lucrativos, são alternativas para direcionar empenhos da
sociedade civil a favor da melhoria da qualidade de vida, cujo objetivo principal é o
desenvolvimento social. Surgiram através de nova circunstância social, na qual a
enredamento dos problemas sociais atribui a necessidade de se ampliar recursos
individualizados os quais sejam apropriadas para contribuir com a redução da
exclusão social e, portanto, estabelecer uma sociedade mais justa.
Conforme Mañas; Medeiros (2012), o Terceiro Setor tem sido indispensável
no processo de assistência às populações carentes, devido à sua política
fundamentada na desempenho de projetos e programas adequados para o incentivo
da geração de emprego e renda, assim como alertar as comunidades no que diz
respeito à exploração de atividades que possam garantir sua sobrevivência. É
conceituado como um conjunto de organizações e empreendimentos privados, cujos
objetivos se baseiam na produção de bens e serviços públicos que não originam
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lucro, mas respondem a necessidades coletivas. É o ambiente da economia utilizado
principalmente pelo conjunto de entidades privadas, sem fins lucrativos, que
consolidam atividades integrantes às públicas, cujo objetivo é colaborar com a
solução de problemas sociais orientadas ao bem comum.
Segundo ensina Rothgiesser (2004 apud MAÑAS; MEDEIROS, 2012), o
terceiro setor é formado por indivíduos, os quais atuam de forma espontânea e
voluntária de atos que tem como objetivos atender aos interesses sociais,
cumprindo, em conjunto com o Estado, às demandas coletivas.
Salamon (2008 apud ALVES JR.; FARIA; FONTENELE, 2009, p. 3), “o
Terceiro Setor é um amplo conjunto de organizações autônomas de caráter privado,
que não distribuem lucros para seus membros”. Com isso, as pessoas têm liberdade
para decidir se vão ou não participar e não possuem vínculo com governos.
Costa (2016) afirma que o desenvolvimento de um modelo próprio para a
gestão de ONGs tem sido um desafio, pois depende tanto do contexto como de cada
caso e, estrategicamente existem três elementos considerados essenciais como: a
missão, que determina qual é a finalidade essencial da instituição; os objetivos, que
são os significados do que a instituição almeja alcançar em um período determinado;
e, as estratégias, estabelecidas pela definição de como os recursos humanos e
financeiros serão aplicadas de maneira a alcançar os objetivos propostos.
Para Normanha Filho (2013) os maiores desafios do terceiro setor no Brasil
derivam da sua gestão administrativa e da sua profissionalização, pois as
estratégias fundadas devem estar em acordo com os objetivos sociais da mesma.
Tem-se que o modelo ideal para uma organização do terceiro setor, cujo objetivo é
social, é por meio da administração estratégica, o qual é considerado como o mais
eficaz, devendo ser um processo contínuo e interativo direcionado à sustentação da
organização como o todo, adequado de forma apropriada ao ambiente de atuação.
São três possibilidades de caminhos existentes por meio de ferramentas
administrativas e gerenciais para a gestão de organizações do terceiro setor:
As organizações do terceiro setor têm que desenvolver cultura, competências e habilidades de utilizar as ferramentas administrativas e gerenciais existentes no mercado para se adaptarem as alterações do ambiente; o uso total das ferramentas administrativas e gerenciais existentes no mercado, para uma forma híbrida e, por último, o desenvolvimento de arcabouço teórico próprio; e, formação de administradores competentes pelas faculdades e universidades por meio de alteração da matriz curricular com inclusão disciplinas pertinentes à gestão
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de organizações do terceiro setor com objetivo social e, na forma transversal, que objetivem a adoção de conduta ética e formação profissional eficaz direcionada a esse tipo de organização (NORMANHA FILHO, 2013, p. 215).
Segundo Pereira e Moraes (2009), a gestão de uma empresa do Terceiro
Setor é um desafio, pois, além de requerer a gestão de uma organização comum,
requer ainda cuidados especiais, principalmente por se tratar de uma organização
abrangente devido à escassez de recursos materiais, financeiros e humanos. Trata-
se de uma organização cujos recursos dizem respeito a pessoas que prestam
serviços voluntários e que não estão em busca de um retorno financeiro, mas que
possuem o objetivo de contribuir para que ocorra uma mudança social promovendo,
assim, um mundo mais justo, criando, dessa forma, uma relação de solidariedade.
Pereira e Moraes (2009) afirmam que o Terceiro Setor se estabelece no
desempenho público, porém não se vincula ao setor público. É constituído devido as
iniciativas privadas sem fins lucrativos, abrange desde pequenos grupos, os quais,
em geral, não são bem estruturados, até organizações não governamentais
internacionais de grande porte, as quais são muito bem estruturadas. Assim,
qualquer forma de generalização deve ser avaliada com cuidado, uma vez que tal
comparação pode levar a adoção de mecanismos gerenciais impróprios à realidade
particular de um determinado grupo de organizações.
Assis; Viegas; Ckagnazaroff (2012) afirmam as organizações do terceiro setor
precisam de mecanismos gerenciais no intuito de que seus objetivos sociais e não
financeiros sejam alcançados da maneira mais apropriada possível.
Na visão de Santos; Félix; Carvalho (2009), o gestor das organizações do
terceiro setor necessitará canalizar seus empenhos para associar o ambiente
externo ao interno, focalizando no desempenho sinérgico entre instituições privadas
e com fins lucrativos, bem como de organismos públicos e do terceiro setor, com o
objetivo de viabilizar o projeto de desenvolvimento, formulação e implementação de
políticas públicas, visando o desenvolvimento da sociedade.
2.2 CRIAÇÃO DE UMA ONG
Conforme Mañas; Medeiros (2012), a Lei nº 9790/79 apresenta as instituições
que fazem parte do terceiro setor, sendo estas as que estabelecem em seus
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estatutos objetivos ou finalidades sociais, dividendos à prática de atividades de
interesse público que compreendem diversas áreas de direcionadas para o bem
comum, mais especificamente, à “assistência básica, cultura, saúde, educação,
voluntariado, desenvolvimento econômico e social, ética, paz, cidadania, direitos
humanos, democracia, além da defesa, preservação e conservação do ambiente”.
Mañas; Medeiros (2012) ressaltam que a constituição de uma entidade do
Terceiro Setor torna-se indispensável à realização de uma reunião entre os
interessados e que seja elaborada uma Ata de Constituição e o Estatuto Social.
Trata-se de um documento jurídico em que se registra a reunião dos criadores da
associação/instituição devendo incluir-se: a data, o local e o horário da reunião; a
designação de cada participante da reunião; a causa da reunião; o funcionamento e
administração da instituição; assim como as assinaturas dos presentes. No Estatuto
Social deverão incluir-se as pretensões dos participantes, bem como as normas de
funcionamento da associação/instituição, bem como:
a) a denominação, os fins e a sede da associação; b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; c) os direitos e deveres dos associados; d) as fontes de recursos para sua manutenção; e) o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; f) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução (MAÑAS; MEDEIROS, 2012, p. 23).
Conforme Mañas; Medeiros (2012), entidades como o Terceiro Setor são
constituídas por associações e por fundações. Entretanto, possuem denominações
que as qualificam através de títulos, certificações e qualificações, como:
Utilidade Pública Federal; Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS); Organização Social (OS); Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Entre outros benefícios que essas entidades podem obter estão: tais como: a) regime jurídico específico; b) demonstra à sociedade que tem credibilidade; c) facilidade na captação de investimentos privados e a obtenção de financiamentos; d) facilidade no acesso a benefícios fiscais; e) possibilidade de acesso a recursos públicos, assim como à celebração de convênios e parcerias com o Poder Público e; f) possibilidade de utilização de incentivos fiscais pelos doadores (MAÑAS; MEDEIROS, 2012, p. 23).
Lima (2010 apud Constante et al, 2014), ensina que para instituir uma ONG
deve-se ter informações sobre as questões jurídicas e sobre os objetivos sociais,
bem como um estatuto. Com isso, a designação funciona como um atestado de que
a ONG está dentro da lei e funcionando de maneira adequada.
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Constante et al (2014) cita condições indispensáveis na criação de uma ONG:
Assembleia: após a elaboração do Estatuto e este ser lido e aceito pelo grupo
inicial, lança-se formalmente a ONG, por meio da Assembleia de Fundação. A
mesma deverá ter o Edital de convocação vastamente difundido, até mesmo
em jornal de grande circulação. “A Ordem do Dia do Edital trará expresso o
motivo da Assembleia, qual seja: fundação, aprovação do Estatuto e eleição
da diretoria e conselho. É importante que o Estatuto seja lido em Assembleia
e que a ata registre sua aprovação” (CONSTANTE et al, 2014, p. 2);
Diretoria: a primeira Diretoria já vai pré-escolhida entre o grupo que arquitetou
a ONG. Cada membro deverá ter o apoio dos presentes à Assembleia. Deve-
se prestar atenção ao fato de que, para conseguir-se a qualificação como
OSCIP, nenhum integrante da diretoria pode ser servidor público da ativa.
Constante et al (2014) afirma que os integrantes do Conselho podem ser
servidores públicos ativos, devendo ser maior de 18 anos de idade.
A estrutura organizacional: os cargos, bem como os nomes de seus
ocupantes e suas atividades poderão ser adequados à realidade da ONG.
Constante et al (2014) afirma que a estrutura de cargos como presidente,
vice-presidente etc. se trata de uma mera formalidade, não sendo obrigatório.
Ainda, de acordo com Constante et al (2014), os funcionários da ONG
também devem ser foco de atenção, inclusive atentando-se ao respeito às leis
trabalhistas e previdenciárias. Estes não devem ser citados no estatuto. Dessa
forma, tem-se:
Cargos/Funções estatutárias: são as previstas no estatuto, em número mínimo de um, com liberdade de definição de nomenclatura e funções, salvo a representação ativa e passiva - que é obrigatória;
Cargos/Funções de funcionários: alcançam a mais ampla liberdade (nomenclatura, disposição, alterações), desde que respeitadas as leis trabalhistas e afins (CONSTANTE et al, 2014, p. 3).
Constante et al (2014) ressaltam também que as Organizações que
concorrem à qualificação como OSCIP precisarão constar em seu Estatuto Social a
existência de Conselho Fiscal e, com isso, tentará a função ou nomenclatura do
"Conselheiro" e de seus suplentes de quais documentos precisos.
Ainda de acordo com os autores, as pessoas presentes à Assembleia de
fundação constituirão como sócio-fundadores. Para o registro da ata de fundação,
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deve-se obter de todos os presentes o nome completo, endereço e número de
documento de identidade. Tal situação decorre pelo fato de que tal lista fará parte
dos documentos integrantes do registro da ONG no cartório de Títulos e
Documentos e Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Os demais documentos de
registro são: Estatuto e a ata de fundação, bem como a lista de presença. Após o
devido registro é solicitado o CNPJ à Receita Federal e os demais registros que por
acaso sejam solicitados por lei, devido à área de atuação da ONG.
Os autores finalizam afirmando que deve-se contratar ou conseguir um
voluntário contador, que assine a escrituração contábil da ONG. Normalmente, esse
contador fará os registros na Receita Federal e outros que a legislação determine,
conforme a estrutura e forma de trabalho da ONG.
2.3 GESTÃO E ESTRUTURA DE ONGs
Na visão de Pereira; Moraes (2009), a gestão de uma organização não
governamental deve considerar os papéis básicos de toda e qualquer gestão como,
por exemplo, planejar, organizar, dirigir e controlar, abrangendo, inclusive, questões
motivacionais e as comunicacionais, importantes para que se atinjam os objetivos de
alcançar benefícios para a sociedade e ainda em conservar a própria organização
funcionando, é indispensável criar estratégias que viabilizem sua sustentabilidade ao
longo do tempo, sendo esta, além de financeira, também política e social.
Esse segmento se destaca dos demais em relação a vários aspectos estruturais e de operações, como a origem dos recursos, o perfil dos stakeholders, a forma de relacionamento no ambiente interno e externo, exigindo o desempenho de papéis de gestão diferenciados, além das capacidades técnicas específicas necessárias. Para a atuação no segmento é absolutamente primordial a visão do ser humano como centro das relações sociais e a capacidade de atuação participativa com a equipe interna e com parceiros externos, assim como grande conhecimento da organização, na medida em que as características inerentes às ONGs têm profundas implicações no tipo de gestão nelas praticado (FONTES, 2001 apud PEREIRA; MORAES, 2009, p. 3).
Segundo Silva; Vasconcelos; Normanha Filho (2012), o terceiro setor é um
campo em expansão e que se desenvolve com base nos princípios das escolas de
negócios, essencialmente do curso de Administração.
Conforme Salvatore (2004 apud SILVA; VASCONCELOS; NORMANHA
FILHO, 2012), o sucesso ou o fracasso da gestão de empresas do terceiro setor
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depende muito das novas exigências da globalização, pois a ideia é vendida e deve
ser comprada pelas instituições sociais filantrópicas. Estas deverão adotar
mecanismos e instrumentos de gestão utilizados em empresas privadas para que
sobrevivam nos mercados, por meio da ideia de uma gestão empresarial.
Silva; Vasconcelos; Normanha Filho (2012) afirmam que a gestão do terceiro
setor é um tema controverso, uma vez que o indivíduo que teve a iniciativa de
originar um benefício social, isto é, o seu criador, não possui conhecimentos de
práticas administrativas que o auxiliarão no curso da organização. Comumente
essas pessoas possuem a ideia ou interesse e iniciam a atividade sem mesmo ter
noção se terá recursos satisfatórios para sustentar o empreendimento, o projeto.
Com isso, percebe-se a necessidade do treinamento para o profissional que
assumirá a administração de alguma entidade sem fins lucrativos.
Conforme Pereira; Moraes (2009), o Terceiro Setor possui grandes desafios e
dentre eles pode-se citar a gestão do conhecimento, pois devido à informalidade e a
alta rotatividade, o conhecimento é tácito, uma vez que a informalidade faz com que
os processos sejam interrompidos sempre quando um membro se desliga da
organização. Têm-se ainda aqueles que, mesmo trabalhando na empresa, não
compartilham de conhecimentos com os demais membros de forma sistêmica. Outro
desafio diz respeito à captação de recursos, pois se trata de uma das fundamentais
fontes de aquisição das condições materiais para o cumprimento das atividades no
Terceiro Setor. A captação de recursos demanda do gestor um desempenho
concreto e essencial, solicita sua atenção para a gestão dos recursos doados nos
moldes determinados e a composição das prestações de contas financeiras,
relacionando os recursos investidos com os resultados obtidos.
A sustentabilidade financeira dessas organizações considera um modelo misto de recursos gerados pela própria instituição e doações a fundo perdido, como ressalta Armani (in FIEGE, 2003), ou seja, além da articulação com os técnicos dos projetos para o planejamento adequado dos recursos envolvidos, exige que o gestor conheça os projetos com o suficiente grau de profundidade para apresentar projetos e articular com diferentes atores sociais na captação de recursos de variadas fontes, com exigências distintas (PEREIRA; MORAES, 2009, p. 4).
Na visão de Reis (2003 apud DALPRA, 2007), as organizações do Terceiro
Setor têm necessidade de atuar da mesma forma que empresas dos demais
segmentos, incluindo planejamento, organização de suas atividades, orientação das
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pessoas quanto às atividades a serem executadas, a formalização de orçamentos,
ou seja, são estruturadas da mesma forma que as empresas que atuam visando
lucros, sejam públicas ou privadas. A concretização é diversificada, podendo ser
através de planos anuais ou plurianuais, ou mesmo por setor ou área temática da
organização, bem como financeiro dentre outros. Deve-se ter a preocupação com a
definição dos objetivos, dos cronogramas, organogramas e orçamentos. A
organização deve se constituir visando o cumprimento de sua missão.
Segundo Dalpra (2007), no decorrer do tempo, as formas de planejamento
seguidas pelas organizações do terceiro setor não condiziam com a realidade,
devido ao ambiente em mudanças, bem como de incertezas cada vez maiores e
constantes, demandas imprevistas e tornaram-se situações as quais demonstraram
que a sua natureza de planejamento é restrito. Isso decorre pelo fato de que essas
organizações não incorporam de forma satisfatória essas mudanças ambientais,
uma vez que passaram a originar impressão de trabalho inacabado, de importância
questionável para os próprios membros e, com isso, os antigos modelos de
planejamento deixaram de assegurar à organização sua sobrevivência no futuro.
2.4 MOTIVAÇÕES PARA ABERTURA DE UMA ONG
Segundo Peliano (2001), o interesse para se saber ao certo o que motiva o
envolvimento das empresas privadas em ações sociais é grande por parte da
sociedade, sendo que a maioria acredita que por detrás disso existe os próprios
interesses organizacionais.
Vieira e Feitosa (2011) afirmam que a visão implícita sobre as organizações
do terceiro setor apresenta-se, de certa forma, restringida, uma vez que são
compreendidas como uma alternativa para a solução dos problemas do Estado,
escondendo algumas verdadeiras motivações do movimento associativo moderno,
resultantes das relações da sociedade civil. As motivações estão relacionadas à
necessidade ao preenchimento de lacunas deixadas pelo Estado e pelo Mercado.
Conforme Martins (2007), a motivação da maior parte das organizações do
Terceiro Setor surgiu em decorrência de um projeto específico ou uma situação
social a qual gerava de forma ampla o desconforto de uma pessoa ou de um grupo
de pessoas, constituindo-se, com isso, na materialização de uma idealização, cujos
atores passam a dedicar suas energias a uma determinada causa. “São verdadeiros
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empreendedores que indignados com a situação social em nosso país decidiram
dedicar o seu trabalho para a transformação de pessoas e proporcionar melhoria
nas condições de vida da população mais carente” (MARTINS, 2007, p. 3).
Peliano (2001) afirma que pelo menos dois terços das empresas realizam
algum tipo de atividade social não obrigatória, o que demonstra grande mudança no
comportamento empresarial em relação ao seu envolvimento com ações sociais.
[...] levando-se em conta as dificuldades do Estado para responder às crescentes demandas por benefícios sociais, ganharam força teses que sustentam o fortalecimento das organizações não governamentais e empresas privadas como os novos agentes sociais da era globalizada, e, portanto, responsáveis por propiciar à sociedade tudo àquilo que o Estado já teria demonstrado não ter condições de fazer de forma eficiente (PELIANO, 2001, p. 20).
Segundo Peliano (2001), a responsabilidade em procurar fazer bem feito
cresce a cada dia e, com isso, exige-se um posicionamento dos empresários no que
diz respeito à exclusão social, visando ainda a melhoria da qualidade e da gestão do
atendimento prestado, assim como o sentimento de co-responsabilidade e de
compromisso social com os problemas do país. Algumas das motivações em relação
às ações sociais dizem respeito às mudanças na sociedade as quais têm contribuído
para que as questões éticas disciplinem o lucro. Alguns estudos já demonstraram
que algumas organizações foram prejudicadas devido às ações mal sucedidas
socialmente, gerando prejuízos aos consumidores a ao meio ambiente. Com isso, a
preocupação com a mudança de mentalidade tem levado muitas organizações a se
posicionar positivamente frente ao terceiro setor e às ações sociais, tendo em vista
que o retorno é benéfico e que promove ainda o prestígio da empresa, valor à sua
marca, bem como a satisfação de seus funcionários e do público em geral.
3 METODOLOGIA
Este estudo teve como metodologia uma abordagem qualitativa, de caráter
descritivo, que pode ser caracterizado como um estudo de caso.
A pesquisa descritiva, segundo Lakatos e Marconi (2001), tem como fim
conhecer a natureza do fenômeno estudado, a maneira como este se estabelece, as
características e processos que dele fazem parte. Neste caso, o pesquisador busca
conhecer e interpretar a realidade, sem nela intervir para poder modificá-la.
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Foi um estudo de caso, cujo objeto foi a Ong Ipemarelo Instituto de
Sustentabilidade. Yin (2005, p. 32) afirma que o estudo de caso é definido como
sendo “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. O estudo de caso é uma
técnica abrangente de pesquisa. O estudo de caso pode trabalhar com evidência
quantitativa ou qualitativa e não requer um método único de coleta de dados.
Os instrumentos de coleta de dados foram dois roteiros de entrevista
semiestruturados com questões abertas, sendo um roteiro específico ao gestor e o
outro direcionado aos voluntários. As entrevistas foram realizadas separadamente,
inicialmente com o gestor da ONG e posteriormente com cada um dos dois
voluntários disponíveis, visando analisar os principais desafios na estrutura e gestão
de uma ONG recém-iniciada.
De acordo com Lakatos e Marconi (2001), a entrevista é um encontro entre
duas pessoas, a fim de que uma obtenha informações a respeito de determinado
assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É utilizada na
investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no
tratamento de um problema social.
Os dados foram tratados de forma qualitativa através de análise de conteúdo.
O método de análise de conteúdo é definido por Bardin (2009 apud FARAGO;
FOFONCA, 2016, p. 2), como “um conjunto de técnicas de análise das
comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens”. A análise de conteúdo é uma tarefa em que “o jogo entre
as hipóteses, entre as técnicas e a interpretação. Isto porque a análise de conteúdo
se faz pela prática” (BARDIN, 2009 apud FARAGO; FOFONCA, 2016, p. 2).
Vergara (2004, p. 14) conceitua a análise de conteúdo da seguinte forma:
Refere-se ao estudo de textos e documentos. É uma técnica de análise de comunicações, tanto associada aos significados, quanto aos significantes da mensagem. Utiliza tanto procedimentos sistemáticos e ditos objetivos de descrição dos conteúdos, quanto inferências, deduções lógicas. Pratica tanto a hermenêutica, quanto as categorias numéricas.
Conforme Lakatos e Marconi (2005), os dados são classificados como
primários que são caracterizados como os que ainda não sofreram estudo e análise
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e pode-se utilizar: questionário fechado, questionário aberto, formulário, entrevista
estruturada ou fechada, entrevista semiestruturada, entrevista aberta ou livre,
entrevista de grupo, discussão de grupo, observação dirigida ou estruturada,
observação livre etc. e secundários. Os dados secundários já se encontram
disponíveis, pois já foram objeto de estudo e análise (livros, teses, CDs etc.).
Para Lakatos e Marconi (2001, p 167) a análise de dados é “a tentativa de
evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores”. É
efetuada em três níveis: interpretação, explicação e especificação.
4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA
4.1 UNIDADE DE ANÁLISE
A unidade de análise é em uma ONG que foi criada no mês de junho do ano
de 2015.
A empresa conta com 15 voluntários que atuam no funcionamento da
organização.
A ONG possui como princípio, “Não alinhamento ou engajamento partidário
Instituição laica. Instituição sem fins lucrativos. Promoção da dignidade humana. Ser
sustentável. Gestão profissional. Apoio à paz mundial”.
Sua missão organizacional se baseia em “Preservar e enriquecer a natureza,
promovendo o bem-estar para todos os seres vivos. Desenvolver a consciência
social e ambiental, voltadas para um futuro mais sustentável do planeta”.
A visão se baseia em: “Ser até 2025 uma entidade socioambiental
reconhecida no Brasil como uma das dez maiores promotoras da preservação do
meio ambiente, de forma integrada com o desenvolvimento social”.
Os valores organizacionais são: “Dignidade humana. Amor pela natureza.
Simplicidade. Sustentabilidade. Integridade. Respeito à diversidade. Transparência”
4.2 ENTREVISTAS COM O GESTOR/FUNDADOR DA ONG
A criação da ONG foi planejada devido à necessidade do gestor em deixar um
legado, bem como fazer alguma coisa pela natureza e pelas pessoas, uma vez que,
15
acredita que existam momentos na vida em que é preciso retornar com o que se
recebeu dela.
A fala do gestor neste momento ressalta o que foi citado por Martins (2007),
em que o autor comenta que, a motivação para se fundar organizações não
governamentais surgiu em decorrência a uma situação social ou um projeto não
atendido anteriormente pelo governo, que causava de certa forma, um desconforto
em uma pessoa ou em um grupo de pessoas, dando início a materialização de uma
ideia, cujos interessados passam a dedicar sua energia em prol de determinada
causa. Essas pessoas podem ser consideradas verdadeiros empreendedores que,
inconformados com a situação social do país resolveram dedicar seus esforços por
uma causa humanitária.
A ONG está no mercado desde junho de 2015 e possui, atualmente, 30
contribuintes, dentre os quais, são divididos em dois grupos: os voluntários e os
associados. Os voluntários não são necessariamente associados. O grupo de
associados refere-se às pessoas que simpatizam com a causa e contribuem
mensalmente com quantias que variam de R$ 10,00 a R$ 50,00, recurso que
contribui para a manutenção da organização.
Segundo o gestor e fundador da ONG, a maior dificuldade encontrada desde
a sua criação, é a impossibilidade de concorrer em editais públicos, devido ao pouco
destaque e tempo de vida da organização, e a falta de acesso a recursos de
terceiros. Em resumo, a maior dificuldade está relacionada ao processo de captação
de recursos para desenvolvimento dos projetos da organização, o que a leva a
enfrentar outros problemas, como a ausência de uma equipe própria de trabalho,
fazendo com que a organização e seus processos dependam 100% do trabalho de
voluntários, o que torna o crescimento da ONG muito mais lento.
Conforme já afirmado por Silva; Vasconcelos; Normanha Filhos (2012), o
terceiro setor tem uma gestão de tema controverso, onde que uma vez quando o
individuo deve a intensão de originar um bem social, não possui o conhecimento de
praticas administrativas, assim percebe-se a necessidade do treinamento para o
profissional que assumira o cargo administrativo da ONG.
A gestão do voluntariado é efetuada por meio de uma agenda de ações, a
qual é negociada a cada três ou quatro meses. Nessa agenda é realizado o
planejamento de trabalho para os próximos meses em relação a todas as áreas da
ONG e ainda, a mensuração dos resultados do período de trabalho já realizado.
Segundo o gestor, a organização utiliza a gestão integrada das áreas de forma que,
cada área possa contribuir para a melhoria e crescimento da organização, auxiliando
na construção de processos e fluxo de informação.
16
Nesta linha, Pereira e Moraes (2009), comentam que as empresas do terceiro
setor além de enfrentar os desafios propostos na gestão de uma organização
comum, devem ainda, atentar a outros cuidados especiais, por se tratar de uma
organização sem fins lucrativos, onde a escassez de recursos materiais, financeiros
e humanos é frequente. Em relação aos recursos humanos, existe ainda, uma
variável mais desafiante, que implica na motivação de pessoas, que por sua vez,
devem prestar serviços voluntários sem buscar um retorno financeiro, buscando
apenas, contribuir para alguma mudança social, em uma relação de solidariedade
por um mundo mais justo.
Outro aspecto importante na gestão do voluntariado é que na organização
não existe ainda uma descrição de cargos, onde são definidas as atividades a serem
executadas por cada função. Cada um dos voluntários ocupa uma função, como:
administrativo, financeiro, comunicação e marketing, educação ambiental, etc., e
como líder, o gestor é quem repassa as atividades que devem ser realizadas por
cada um deles.
A ONG é regida pelo estatuto, que regula o seu funcionamento. Possui um
conselho fiscal, um conselho de administração e a diretoria. Todos os novos
membros da organização são orientados de acordo com as normas definidas por
estes conselhos em suas instâncias.
Ao ser questionado sobre a rotatividade de voluntários, o gestor informou que
este é um aspecto um pouco complicado ainda, pois, existem voluntários mais
motivados, que são mais frequentes em reuniões e projetos e outros eventuais, que
aparecem às vezes e não voltam ou voltam muito tempo depois. Ressalta ainda que,
o trabalho destes voluntários é de extrema importância para a ONG, uma vez que, a
organização não dispõe de recursos suficientes para contratar funcionários fixos.
Comentou ainda que o voluntariado é um trabalho de apoio e que as pessoas que o
desejam fazer deve ser estimulado por um interesse pessoal. Cada um tem um
momento diferente de vida e o gestor acredita que quem queira ficar deve se dedicar
de acordo com suas possibilidades.
Conforme já citado por Pereira; Moraes (2009) o Terceiro Setor possui
grandes desafios, e entre eles pode-se citar a gestão do conhecimento, um fez que
esse processo é interrompido toda vez que um membro se desliga da organização,
onde nem todos os voluntários compartilham informações uns com os outros,
fazendo com que a ONG fique defasada toda vez que isso ocorre.
A mensuração dos resultados relacionados à qualidade do serviço da ONG é
realizada através de indicadores de performance. Um dos indicadores importantes
trata-se da quantidade de mudas plantadas, outro, do percentual de mudas que
foram plantadas que, efetivamente vingam e prosperam. Estes indicadores são
17
importantes devido à taxa de mortalidade das mudas, que se torna considerável
conforme o tamanho das mesmas. Como até o presente momento foram plantadas
mudas relativamente grandes, os indicadores apontam 100% de sucesso do
processo. Quando forem plantadas mudas menores, este se torna um ponto
importante de atenção para controle dos indicadores, pois, há uma mortalidade
maior e, sabendo disso, o controle é essencial para que não haja perdas.
Outro fator importante para a gestão integrada da organização é a
comunicação, que atualmente é realizada através de um mailing – emissão de
correspondência para um determinado banco de dados, onde são reunidos nomes,
endereços e dados adicionais de pessoas com que a organização se relaciona – no
caso da ONG, existe um grupo de voluntários que estão diretamente envolvidos e
auxiliam a empresa na divulgação de informações. Outra forma que a ONG tem
buscado para auxilia-la neste processo é a imprensa. Em cada evento realizado pela
organização, é emitido um release (material informativo distribuído entre jornalistas
antes de entrevistas, etc.) que é encaminhado aos principais jornais (Estado de
Minas, O Tempo e Diário do Comércio), porém, por se tratar de uma organização
relativamente nova e pequena, encontram dificuldades em aparecer neste tipo de
mídia. Com isso, uma alternativa encontrada, foi produzir seu próprio jornal – O
informativo da organização – que já teve mais de mil exemplares distribuídos no
primeiro semestre do ano de 2016 em locais como: padarias, lojas, prédios
comerciais, etc.
O intuito da organização não diz respeito apenas ao plantio das mudas, mas
também à reeducação das pessoas para uma nova época. Sustentabilidade é o
tema e através de palestras e ações relacionadas ao plantio de mudas, a ONG
espera conseguir conscientizar as pessoas em relação as mudanças necessárias
para se garantir maior qualidade de vida no futuro. Assim como já citado por
Conforme Silva; Vasconcelos; Normanha Filho (2012), o Terceiro setor é uma
organização que tem como objetivo social oferecer serviços voluntários para
parcelas carentes na sociedade, onde torna-se de grande valia para a população,
pois auxilia deficiências ou omissões do poder publico
De acordo com o gestor, a principal beneficiada em toda essa história é a
natureza, que aos poucos vem sendo recuperada. Em segundo lugar, são as
pessoas em situação de recuperação, que estão abrigadas em instituições sociais
visando se desvencilhar de vícios e dependências e que, por meio dessa iniciativa
tem a oportunidade de trabalhar no plantio de mudas e vendê-las depois, criando um
novo propósito para vida por meio do trabalho. E em terceiro lugar, os produtores de
mudas do interior de Minas Gerais, em sua maioria da cidade de Alzebia, onde o
18
gestor efetua a compra de mudas constantemente, beneficiando a produção com
novos recursos.
Ao ser questionado sobre o plantio das mudas com que trabalha, o gestor
informou ainda que a ação ocorre em vários lugares, como na Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPNS), em praças públicas e em alguns lugares onde acredita-
se estar contribuindo para alguma área que foi anteriormente degradada, bem como,
enriquecendo uma área, mesmo que esta possua arborização.
O gestor informou ainda que, parte do serviço prestado pela ONG é de
própria iniciativa e a outra parte é realizada por meio de solicitações. Um exemplo
fornecido pelo gestor trata-se de um acordo efetuado com a empresa Accenture, a
qual possui um programa de voluntariado, onde são ministradas palestras sobre
sustentabilidade, nas quais, são plantadas mudas com a participação de
funcionários da empresa. Além disso, a empresa Accenture efetua pagamentos para
o plantio de parte dessas mudas em áreas necessitadas.
Atualmente, a ONG tem buscado também, identificar novos projetos para
atuação, como o plantio de mudas em parceria com a empresa Urbel e a
Certificação de Crédito Carbono, que diz respeito à quantidade de carbono
capturada pelas árvores plantadas. De posse dessa certificação, a empresa que
promove a redução da emissão de gases poluente ganha créditos carbono que
podem ser comercializados com outros países.
Referente aos recursos financeiros, o gestor informou que o investimento
inicial para fundação da ONG foi de 15 mil reais. Valor este que foi utilizado para
financiar os custos relacionados a abertura e regularização da ONG e a fabricação
de brindes, que foram vendidos posteriormente, visando aumentar o capital
disponível no caixa da organização.
Reforçando a necessidade de caixa disponível para a organização, Pereira e
Moraes (2009), afirmam que em uma ONG a captação de recursos é um exercício
essencial para a materialização da ideia e o cumprimento dos objetivos da
organização e, para realizar a captação de recursos, é preciso ter um desempenho
concreto, tanto na solicitação de recursos, quanto na prestação de contas quanto
aos resultados obtidos com o investimento.
A gestão do fluxo de caixa da ONG segundo o gestor é super simples. Só se
gasta o que se tem. A receita média atual da ONG gira em torno de 400 reais,
oriundos das doações de associados e voluntários.
Por outro lado, o gestor afirma que há muito que ser feito ainda, e que este
recurso precisa ser incrementado. Pode-se dizer que, para que a ONG seja capaz
de sobreviver, terá que buscar meios para incrementar os recursos disponíveis
através do aumento dos números de associados e captação de recursos públicos e
19
privados. Para alcançar estes objetivos, o gestor informou que a ONG irá apresentar
novos projetos para instituições que poderão financiá-los.
A fala do gestor neste momento pode ser comparada ao fato citado por
Pereira e Moraes (2009), que afirmam que organizações como esta, tornam-se
sustentáveis por meio de um misto de recursos, adquiridos por meio de doações e
recursos gerados pela própria organização.
4.3 ENTREVISTAS COM VOLUNTÁRIOS DA ONG
Ao ser questionado a respeito do motivo que o levou a ser voluntário da ONG,
o voluntário 1, informou que se identifica muito com questões ambientais e
relacionadas à sustentabilidade. Informou ainda, que trabalha na ONG desde a sua
fundação, em retribuição ao convite realizado pelo gestor e fundador da instituição.
O voluntário 2, respondeu que optou pelo voluntariado devido a qualidade da
estrutura da instituição, bem pensada e sempre muito organizada. O voluntario
conheceu a ONG através de um escritório de advocacia, no qual trabalhava. Os
escritórios, em conjunto com outras nove empresas, contribuíram para que o projeto
da ONG saísse do papel. Conforme Salamon (2008 apud ALVES JR.; FARIA;
FONTENELE, 2009, p. 3) já havia afirmado, ONG é uma organização que não
possui vinculo com governo, empregatício e não distribuir lucros com os membros,
portanto as pessoas têm a liberdade de decidir se vão ou não aderir à ideia.
A organização teve o apoio de empresas de diversos segmentos, inclusive
jurídico, sendo esta, a que contribuiu diretamente para a criação legal da instituição.
No dia da inauguração da ONG ocorreu um almoço de comemoração.
Outro ponto respondido pelos voluntários, diz respeito aos principais
beneficiados pela ONG. Segundo o voluntario 1, a principal beneficiada é a natureza
e, consequentemente, o próprio ser humano. Já o voluntario 2, acredita que a
sociedade é a principal beneficiada, de maneira geral, porque acredita que o ato de
plantar mudas beneficia não apenas quem as planta, mas todos os que dependem
dos recursos naturais e da qualidade do ar que essas novas mudas podem
proporcionar.
Uma instituição não governamental possui o papel de desenvolver o bem
estar social, onde é possível atingir não apenas seus beneficiados, mas também
outros fatores ligados à sociedade. (Silva; Vasconcelos; Normanha Filho, 2012)
20
Após responderem sobre os aspectos positivos da organização e os
benefícios trazidos por ela, tornou-se preciso compreender um pouco mais sobre as
dificuldades percebidas na gestão da organização. O voluntário 1 destacou que um
dos pontos mais críticos da gestão, trata-se da disponibilidade de voluntários para
execução das atividades da ONG. O ideal é que, para determinadas funções da
instituição, a organização tivesse pessoas trabalhando de forma integral,
contratadas. Porém, a ONG não possui recursos para esse tipo de contratação no
momento. Assim como Pereira e Moraes (2009) já haviam destacado, a gestão de
uma organização não governamental é um desafio, pois necessita de cuidados
especiais, principalmente por ter escassez de recursos matérias, financeiros e
humanos.
O voluntario 2, por sua vez, comentou que uma das dificuldades identificadas
por ele, está relacionada à comunicação interna, que, no caso da ONG, por se tratar
de uma organização pequena, ocorre informalmente na maioria dos casos. As
reuniões gerenciais não possuem um prazo constante e às vezes fica um bom
tempo sem acontecer. Essa falta de comunicação, por ora, não permite que os
voluntários possam mensurar, de fato, o resultado alcançado através de seu
trabalho. Por outro lado, acredita que esta é uma dificuldade passageira, que será
ajustada conforme a organização for crescendo. Em relação à comunicação com os
stakeholders da ONG, comentou:
“Para sair na mídia você precisa fazer coisas maiores, como por exemplo: um plantio na Praça Sete ou em um parque, algo que chame atenção. Porém, nosso objetivo não é chamar atenção. Não estamos focando no que a mídia quer, desta forma, com nossos projetos conseguimos sair apenas na mídia alternativa. Se você digitar no Google Ipemarelo – Instituto de Sustentabilidade, aparecem algumas matérias pontuais que fiz e encaminhei às mídias. Mas, somente faço matéria quando, depois das palestras, a ONG faz algum plantio. A partir daí, entrevisto o palestrante e as pessoas que participaram da palestra a respeito do tipo de plantio realizado e qual o significado deste ato para elas. O resultado destas entrevistas encaminho à mídia. Entretanto, as mídias alternativas costumam publicar, mas a mídia tradicional, não. É de difícil acesso pois, exige um trabalho de assessoria de imprensa. Como realizo este trabalho sozinha, não consigo fazer tudo. À medida que consigo executar essas ações pela ONG, envio à mídia e também divulgo no Facebook”. (Voluntario 2).
Informou ainda que, passou a trabalhar na ONG, no setor de Marketing
devido à sua formação em jornalismo e o fato de ter 15 anos de experiência na área.
Acredita que pode contribuir para a melhoria da comunicação da organização, como
21
já vem contribuindo, por meio da criação de redes sociais e de um jornal que vem
sendo distribuído para a população, auxiliando também na comunicação por e-mail
com os voluntários da ONG, junto ao gestor.
O voluntario 1, por sua vez, avaliou a comunicação da ONG como dinâmica,
ressaltando que ocorre, principalmente, por meio das redes sociais (Facebook ou
WhatsApp), o que proporciona uma maior agilidade no fluxo de informações.
Outra dificuldade encontrada na ONG está relacionada ao fato de tirar ideias
e projetos do papel. O voluntário 1 informou que, inicialmente, os empecilhos
encontrados para tirar as ideias do papel estavam relacionados à problemas
burocráticos, como licenças e documentações exigidas pela Prefeitura de Nova
Lima. Outro fato citado foi em relação aos problemas de engajamento com as
pessoas, logo na abertura da ONG. Por se tratar de uma organização desconhecida
e com poucos recursos, a ONG, encontrou problemas na captação de voluntários. E
ainda, devido ao propósito da organização de ser sustentável, surgiram
preocupações com a própria imagem da instituição, de forma que a organização
teria que se manter sem depender de órgãos governamentais.
Como já apontado por Camargo (2001 apud SILVA; VASCONCELOS;
NORMANHA FILHO, 2012), as organizações sem fins lucrativos passou a atuar de
maneira desafiadora no Brasil devido à sua distinção, operando como mediadora
entre os demais setores e apresenta características dos dois, porém finalidades
diferentes, voltada para a assistência social, onde tem como objetivo o equilíbrio dos
indivíduos na sociedade.
Já a voluntaria 2 informou que se tornou voluntária após o processo de
criação da ONG, desta forma, não dispunha de conhecimento necessário para
descrever as dificuldades enfrentadas neste período.
Quanto às dificuldades relacionadas à prestação dos serviços, voluntario 1
apontou a falta de verba para investir em novos projetos, de maior impacto, como a
principal dificuldade. Outra dificuldade apontada por ele está relacionada ao fato de
conseguir autorização para intervenção em espaço público, devido à morosidade
dos processos e alta burocracia.
Quanto à divisão de tarefas, os voluntários foram questionados sobre o fato
de se sentirem, ou não, sobrecarregados com o trabalho. O voluntario 1 informou
que possui uma agenda muito regular e que todos os seus compromissos são
marcados com antecedência, proporcionando uma maior tranquilidade para o
22
planejamento e execução de suas tarefas. O voluntario 2 não se opôs. Considera o
trabalho prazeroso, por se tratar de sua área de atuação profissional e por ser
desenvolvido em suas horas livres.
Além disso, ambos os voluntários se mostraram muito motivados com o
trabalho realizado na ONG ao afirmarem que essa é uma oportunidade de fazer algo
em relação ao ecossistema e as gerações futuras conforme já havia sido citado
Vieira e Feitosa (2011) afirmam que as motivações para a participação/abertura de
uma ONG estão relacionadas ao preenchimento de lacunas deixadas pelo Estado e
pelo Mercado.
A ONG, tem sempre levado o desenvolvimento ao termo de conhecimento de
sustentabilidade, geralmente trazendo pessoas importantes dessa área para proferir
palestras. Foi informado também que se percebe a mesma motivação nos demais
voluntários da organização como já abordado anteriormente por Rothgiesser (2004
apud MAÑAS; MEDEIROS, 2012), o terceiro setor é composto por pessoas, que
atuam de forma despretensiosa e voluntária, onde tem se como objetivo atender aos
interesses sociais. No quesito rotatividade de voluntários, informaram que não é
constante, e que existem, cada vez mais, pessoas aderindo ao trabalho.
Sobre Normas e Procedimentos, os voluntários informaram que as
orientações partem de um Estatuto Legal, registrado em cartório. Conforme já citado
no referencial teórico, Mañas; Medeiros (2012) afirmam que na constituição de uma
organização não governamental torna-se indispensável á realização de reuniões
com os voluntários, sendo necessária a elaboração de uma Ata de Constituição e o
Estatuto Social. O Estatuo deve conter data, local e horário da reunião, incluir
também as pretensões dos participantes, bem como as normas de funcionamento
da associação/instituição.
Segundo os voluntários, as regras internas da organização são apresentadas
todas as vezes que a ONG ganha um novo membro, por meio de um treinamento
introdutório. Neste treinamento, os novos membros recebem instruções quanto à
operação e os objetivos da organização, e também passa por uma entrevista com o
gestor, onde o fundador direciona para as ações das quais irá participar, conforme
seu nível de conhecimento ou grau de afinidade. Cada voluntário possui suas
funções determinadas pelo gestor, como já abordado anteriormente por Reis (2003
apud DALPRA, 2007), as ONGs têm a necessidade de agirem a mesma maneira
que empresas de demais segmentos, realizando o planejamento, a organização de
23
suas atividades, orientações das atividades a serem executada, formalização de
orçamentos, deve-se ter a preocupação com a definição dos objetivos, dos
cronogramas, organogramas e orçamentos, a organização deve se constituir
visando o cumprimento de sua missão, ou seja, devem agir da mesma forma que
empresas que visam lucros.
Os voluntários acrescentaram ainda que, mesmo com os treinamentos e
orientações passadas pelo gestor, o relacionamento entre os envolvidos também
auxilia bastante no desenvolvimento das funções, fazendo com que tudo flua de
forma positiva. Essa facilidade de relacionamento, já citada, ocorre pelo fato de que
todos trabalham a favor de uma mesma causa. Trata-se de um relacionamento de
muita disponibilidade, em que as pessoas estão sempre engajadas e são sempre
proativas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
O objetivo geral deste trabalho trata de analisar os principais desafios na
estrutura e gestão de uma ONG recém-iniciada. Com isso, efetuou-se um estudo de
caso utilizando-se como objeto uma ONG recém-iniciada. Um dos objetivos
específicos era descrever o processo de implementação de uma ONG, processo
este, que foi explicado pelo gestor no ato da entrevista.
De início, o fundador expôs que para realizar a abertura deste tipo de
organização, torna-se necessário ter uma motivação interna, por se tratar de uma
organização sem fins lucrativos, que trará de retorno apenas o bem-estar e a
possibilidade de ajudar pessoas ou causas específicas.
Outro ponto importante para implementação da ONG, foi o auxílio recebido
por empresas de vários segmentos, principalmente por uma empresa em especial
do setor jurídico, que contribuiu diretamente para a criação legal da instituição.
Ainda no processo de criação legal da ONG, foi realizada a criação de um
Estatuto Social, onde foram descritas as normas e procedimentos da organização,
os fins aos quais ela se destina seu modo de constituição, condições de
funcionamento, condições ligadas ao voluntariado, entre outras informações. A ONG
é regida pelo estatuto, que regula o seu funcionamento. Possui um conselho fiscal,
um conselho de administração e uma diretoria.
24
Outro objetivo específico proposto pelo trabalho era examinar as motivações
que conduzem as pessoas a iniciar este tipo de negócio. Objetivo este, que foi
respondido pelo gestor também no ato da entrevista.
Segundo o gestor da ONG, sua principal motivação para fundação da
organização, se deu ao fato de que o mesmo gostaria de deixar um legado, bem
como fazer alguma coisa que pudesse ajudar a natureza e as pessoas, em
retribuição a tudo o que recebeu na vida.
Por fim, o último objetivo específico tratava de descrever os principais
problemas enfrentados no início de sua criação.
A partir do estudo teórico e das entrevistas efetuadas com o gestor e dois
voluntários da ONG, foi possível identificar que muitos são os desafios encontrados
para a criação de uma organização não governamental.
Inicialmente, pode-se citar o desafio da própria criação da instituição, devido a
processos lentos e burocráticos. Em seguida, o desafio da formação de equipe para
desenvolver o trabalho proposto pela ONG, uma vez que, os voluntários são
pessoas que doam seu tempo para exercer funções na instituição, mas que não são
remuneradas para tal.
Outro aspecto, não menos importante, trata-se da escassez de recursos
financeiros. Como a instituição não possui fins lucrativos, sobrevive apenas de
doações realizadas por voluntários e associados. E ainda, devido à falta de
visibilidade de possíveis investidores a seu trabalho, tendo em vista seu baixo
destaque nas mídias e um curto tempo de vida, possui dificuldades em conseguir
captar recursos de empresas privadas e em concorrer a editais públicos.
A partir dos resultados encontrados, sugere-se maior aprofundamento sobre
os desafios na estrutura e gestão de uma ONG recém-iniciada para futuros estudos,
uma vez que, o tema não se esgota aqui e existem inúmeras instituições do setor no
mercado, as quais trazem grandes benefícios às questões sociais e ambientais.
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27
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APÊNDICE A
ROTEIRO DE ENTREVISTA – Fundador da ONG
1. Por que criou a ONG? 2. Quem são os principais beneficiados? 3. Como está a comunicação de todos envolvidos na ONG? 4. O sistema de informação atual atende s necessidade da administração? Caso não o que deve ser melhorado? 5. Quantos voluntários a ONG têm hoje? 6. Existe na ONG alguma descrição de função, norteando os voluntários? 7. Como é a estrutura organizacional? Precisa de melhoria? 8. Quais os serviços atuais da ONG? 9. Há sobrecarga de trabalha para os gestores? 10. Existem normas e procedimentos? Estão formalizados? 11. Como é a gestão dos voluntários? 12. Os voluntários estão motivados? 13. Existe muita rotatividade de voluntários na ONG? 14. Existe algum tipo de treinamento para voluntários? 15. Existe indicadores de performance que possa medir a qualidade 16. A capitação de recursos financeiros é suficiente? Como pode ser incrementado? 17. Como está a gestão de fluxo de caixa? 18. Os projetos em andamento são avaliados e controlados? 19. Quais as principais dificuldades na gestão da ONG? Como poderia solucionar cada caso?
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APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA – Voluntário da ONG
1. Por que decidiu ser voluntário da ONG? 2. Sabe informar quem são os principais beneficiados? 3. Como está a comunicação de todos envolvidos na ONG? 4. O sistema de informação atual atende as necessidades da administração? Caso não o que deve ser melhorado? 5. Há sobrecarga de trabalha para os voluntários? 6- Existem normas e procedimentos? Estão formalizados? 7. Se sente motivada como voluntária da ONG? 8. Existe muita rotatividade de voluntários na ONG? 9. Existe algum tipo de treinamento para voluntários? 10. Suas funções são bem descritas e distribuídas? 11. O relacionamento com outros voluntários flui de forma positiva? 12. Quais as dificuldades enfrentadas pelos voluntários em suas funções em relação ao serviço oferecido? Como você sugere melhorias? 13. Quais as principais dificuldades que você vê na gestão da ONG? Alguma sugestão de melhoria?