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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
NÚCLEO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Felipe Augusto Almeida Barbosa
Análise Pericial de Residências Populares
CARUARU, Junho / 2015
Felipe Augusto Almeida Barbosa
Análise Pericial de Residências Populares
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Engenharia Civil do Centro
Acadêmico do Agreste - CAA, da
Universidade Federal de Pernambuco -
UFPE, como requisito para obtenção de
título de Bacharel em Engenharia Civil.
Área de concentração: Estruturas
Orientador(a): Prof(a) M.Sc. Douglas Mateus
de Lima
CARUARU, Junho / 2015
Catalogação na fonte:
Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-124
B238a Barbosa, Felipe Augusto Almeida.
Análise pericial de residências populares. / Felipe Augusto Almeida Barbosa. - Caruaru: O Autor, 2015.
82f. : il. ; 30 cm. Orientador: Douglas Mateus de Lima. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Engenharia Civil, 2015. Inclui referências bibliográficas
1. Residências populares - Construção. 2. Construção civil - Inspeção. 3.
Construção civil - Métodos. I. Lima, Douglas Mateus. (Orientador). II. Título
620 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2015-114)
Felipe Augusto Almeida Barbosa
Análise Pericial de Residências Populares
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Engenharia Civil do Centro
Acadêmico do Agreste - CAA, da
Universidade Federal de Pernambuco -
UFPE, como requisito para obtenção de título
de Bacharel em Engenharia Civil.
Área de concentração: Estruturas
A banca examinadora composta pelos professores abaixo, considera o candidato FELIPE
AUGUSTO ALMEIDA BARBOSA aprovado com nota _______.
Caruaru, 05 de junho de 2015.
Banca examinadora:
Prof. M. Sc. Douglas Mateus de Lima _________________________________________
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Orientador)
Prof. D. Sc Humberto Correia Lima Júnior_________________________________________
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Examinador 1)
Prof. D. Sc Flávio Eduardo Gomes Diniz _________________________________________
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Examinador 2)
Profa. D. Sc. Sylvana Melo dos Santos _________________________________________
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Coordenador da disciplina)
Dedico e agradeço a Deus pela força e coragem
de sempre seguir em frente, sem questionar os
obstáculos e pedras do caminho.
Agradecimentos
Agradeço a Deus, razão de todas as coisas, por sempre ser meu consolo nas horas mais
difíceis.
Aos meus familiares e amigos, em especial minha mãe, Ana Cristina Almeida, meu
primo, Francisco Almeida, e a Joyce Gabriella Barros, por nunca deixarem de me apoiar em
todos os momentos e por sempre procurarem me ajudar de todas as formas possíveis.
Ao meu orientador, Douglas Mateus de Lima, por estar sempre disponível para
auxílio, dividindo comigo toda a sua experiência, paciência e boa vontade de ajudar sempre.
Sou muito grato.
Resumo
Os métodos construtivos aplicados por muitas empreiteiras e profissionais autônomos, que
atuam na área de construção de residências unifamiliares, apresentam-se um tanto quanto
arcaicos e acomodados, principalmente quando se trata da construção de residências para
compradores de baixa renda, o que compromete o conforto e a segurança dos moradores.
Neste contexto, o presente trabalho veio com o intuito de realizar análises periciais em
residências domiciliares, diagnosticando os problemas existentes em cada unidade analisada e
as suas respectivas causas, na tentativa de divulgar as técnicas construtivas mais adequadas
para este tipo de obra no agreste pernambucano. As perícias foram realizadas em visitas feitas
a seis residências domiciliares de diferentes bairros da cidade de Caruaru-PE, onde foram
colhidas algumas informações técnicas junto aos atuais moradores sobre a concepção original
da casa, possíveis obras de modificações realizadas em seus elementos e possíveis problemas
já ocorridos na residência. Alguns documentos essenciais foram elaborados no momento da
visita, como o memorial fotográfico dos aspectos relevantes da residência e das patologias
observadas pelo autor e o preenchimento de uma planilha de perícia e um croqui
demonstrando, simultaneamente, a disposição original e atual dos cômodos e ambientes da
residência. Após a rotina de visitas periciais realizadas, constatou-se um padrão de patologias
existentes em todas as residências, inclusive numa residência com apenas um ano de
construída, o que mostra um vício nos métodos construtivos comumente aplicados na região,
evidenciando a necessidade da atualização dos conceitos técnicos de alguns responsáveis pela
construção de residências populares.
Palavras-chave: Perícia. Patologia. Métodos construtivos.
Abstract
The construction methods applied by many contractors and self-employed professionals,
working in the area of construction of single-family homes, present somewhat archaic and
accommodated, especially when it is about building homes for low-income buyers, which
compromises comfort and the safety of residents. In this context, this monograph came in
order to perform expertise analysis on household residences, diagnosing existing problems in
each unit and their respective causes, in attempt to disseminate appropriate construction
techniques for this type of work in Pernambuco. The expertise were realized in visits made to
six home residences in different districts of the city of Caruaru-PE, where some technical
information were collected from the current residents about the original construction of the
house, possible construction changes made in its elements and potential problems that have
already occurred in the residence. Some essential documents were prepared at the time of the
visit, such as a photographic memorial of the relevant aspects of the residence and its
pathologies observed by the author and fill a expertise’s sheet and a sketch showing both the
original and current layout of the rooms and surroundings of the residence. After all the
expertise, there was a standard of pathologies found in all residences, including a residence
with only one year of built, which shows an addiction in construction methods commonly
applied in the region, emphasizing the need for updating the technical concepts of some
responsible for the construction of popular homes .
Key-words: Expertise. Pathology. Construction methods.
Lista de Figuras
Figura 1 – Armaduras de sapata e de pilar prontas para concretagem......................................21
Figura 2 – Armaduras de viga baldrame e pilar com uma parte das fôrmas.............................23
Figura 3 – Armações prontas para elementos estruturais de residências..................................23
Figura 4 – Aplicação de revestimento sobre parede de alvenaria.............................................25
Figura 5 – Corte de residência e esquema de umidade ascendente...........................................28
Figura 6 – Danos ao revestimento gerados pela umidade.........................................................28
Figura 7 – Possibilidade de formação de fungos......................................................................28
Figura 8 – Afundamento de piso com quebra do revestimento cerâmico.................................29
Figura 9 – Afundamento de piso grave.....................................................................................29
Figura 10 – Trinca em alvenaria por carga concentrada...........................................................31
Figura 11 – Trinca em vértice de janela pela ausência de verga e contraverga........................31
Figura 12 – Manchas em revestimento.....................................................................................32
Figura 13 – Eflorescência em revestimento..............................................................................33
Figura 14 – Destacamento do revestimento..............................................................................33
Figura 15 – Fissuras no revestimento.......................................................................................34
Figura 16 – Expansão por umidade nos tijolos.........................................................................35
Figura 17 – Degradação de elemento de madeira por cupins...................................................36
Figura 18 – Ilustração de cargas sobre alvenaria de vedação...................................................38
Figura 19 – (a) Fachada............................................................................................................47
Figura 19 – (b) Laje treliçada do terraço...................................................................................47
Figura 19 – (c) Janelas de ferro originais..................................................................................48
Figura 19 –(d) Degradação das paredes por umidade ascendente............................................48
Figura 19 –(e) Instalações elétricas antigas e inadequadas.......................................................48
Figura 19 –(f) Telhas cerâmicas e estrutura do telhado originais.............................................48
Figura 19 –(g) Abertura de porta com verga.............................................................................48
Figura 19 –(h) Fissura na alvenaria por falta de elementos estruturais (verga)........................48
Figura 19 –(i)Piso cimentado polido original...........................................................................49
Figura 20 – Croqui da residência 1...........................................................................................49
Figura 21 –(a) Fachada.............................................................................................................51
Figura 21 –(b) Esquadrias de madeira......................................................................................51
Figura 21 – (c) Revestimento cerâmico....................................................................................52
Figura 21 – (d) Telhado com telhas cerâmicas apresentando eflorescência e
criptorescência..........................................................................................................................52
Figura 21 – (e) Marcas de infiltração........................................................................................52
Figura 21 – (f) Fissuras devidas a falta de elementos estruturais.............................................52
Figura 21 – (g) Danos no revestimento devido EPU no tijolo cerâmico..................................52
Figura 21 – (h) Revestimento cerâmico no piso e paredes da cozinha.....................................53
Figura 21 – (i) Revestimento cerâmico no piso e paredes do banheiro....................................53
Figura 22 – Croqui da residência 2...........................................................................................54
Figura 23 –(a) Fachada.............................................................................................................56
Figura 23 –(b) Parte interna com esquadrias em madeira.........................................................56
Figura 23 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................57
Figura 23 – (d) Área construída não original da residência......................................................57
Figura 23 – (e) Forro de gesso inserido pela proprietária.........................................................57
Figura 23 – (f) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................57
Figura 23 – (g) Revestimento danificado devido a EPU no tijolo cerâmico............................57
Figura 23 – (h) Telhado em bom estado...................................................................................58
Figura 23 – (i) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadria original..............................58
Figura 24 – Croqui da residência 3...........................................................................................58
Figura 25 –(a) Fachada.............................................................................................................61
Figura 25 – (b) Parte interna.....................................................................................................61
Figura 25 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................61
Figura 25 – (d) Área construída não original da residência......................................................61
Figura 25 – (e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................61
Figura 25 – (f) Laje inclinada parcialmente retirada pelo morador..........................................61
Figura 25 – (g) Forro em gesso inserido pelo morador.............................................................62
Figura 25 – (h) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadrias originais..........................62
Figura 25 – (i) Esquadria adicionada e abertura ampliada........................................................62
Figura 25 – (j) Cozinha ampliada / adicionado revestimento cerâmico....................................62
Figura 26 – Croqui da residência 4...........................................................................................63
Figura 27 –(a) Parte interna......................................................................................................65
Figura 27 – (b) Parte interna.....................................................................................................65
Figura 27 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................65
Figura 27 – (d) Telhado subdimensionado e telhas com eflorescência....................................65
Figura 27 – (e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................66
Figura 27 – (f) Tubulação do banheiro adicionado pelo morador / revestimento
danificado..................................................................................................................................66
Figura 27 – (g) Forro em gesso danificado por infiltração de águas pluviais...........................66
Figura 27 – (h) Banheiro adicionado pelo morador..................................................................66
Figura 27 – (i) Esquadria de ferro original...............................................................................67
Figura 27 – (j) Marca do banheiro original / piso cimentado polido original...........................67
Figura 28 – Croqui da residência 5...........................................................................................67
Figura 29 –(a) Fachada.............................................................................................................70
Figura 29 – (b) Parte interna.....................................................................................................70
Figura 29 – (c) Telhado com eflorescência...............................................................................70
Figura 29 – (d) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................70
Figura 29 – (e) Reservatório de água inferior (cisterna)...........................................................70
Figura 29 – (f) Forro de gesso adicionado pelo morador.........................................................71
Figura 29 – (g) Banheiro adicionado pelo morador..................................................................71
Figura 29 – (h) Parede com infiltração proveniente de vazamento do reservatório da casa
vizinha.......................................................................................................................................71
Figura 29 – (i) Telhas com disposição irregular.......................................................................71
Figura 30 – Croqui da residência 6...........................................................................................72
Lista de Quadros
Quadro 1 – Classificação das residências de acordo com a ABNT NBR 12721
(2006).................................................................................................................................... ....40
Quadro 2 – Informações básicas e patológicas da residência 1................................................47
Quadro 3 – Informações básicas e patológicas da residência 2................................................51
Quadro 4 – Informações básicas e patológicas da residência 3................................................56
Quadro 5 – Informações básicas e patológicas da residência 4................................................60
Quadro 6 – Informações básicas e patológicas da residência 5................................................65
Quadro 7 – Informações básicas e patológicas da residência 6................................................69
Sumário
1 Introdução ......................................................................................................................... 14
1.1 Relevância do Tema ....................................................................................................... 14
1.2 Objetivos............... ......................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 15
2 Referencial Teórico ........................................................................................................... 17
2.1 Perícia Judicial ............................................................................................................... 17
2.1.2 Informações sobre perícias .......................................................................................... 18
2.2 Técnicas Construtivas .................................................................................................... 19
2.2.1 Fundações ................................................................................................................... 20
2.2.2 Elementos de estrutura ................................................................................................ 21
2.2.3 Revestimento em argamassa ........................................................................................ 24
2.2.4 Estruturas de telhado ................................................................................................... 25
2.3 Patologias frequentes em Residências Populares ............................................................ 25
2.3.1 Umidade ascendente de fundações em paredes de alvenaria......................................... 26
2.3.2 Afundamento de Piso .................................................................................................. 29
2.3.3 Trincas em paredes de alvenaria .................................................................................. 29
2.3.4 Degradação do revestimento de argamassa nas paredes ............................................... 31
2.3.5 Expansão por umidade (EPU) ...................................................................................... 34
2.3.6 Patologias das estruturas de madeira das cobertas ........................................................ 35
2.3.7 Patologia causada por falta de elementos estruturais .................................................... 37
2.3.8 Instalações hidrossanitárias inapropriadas .................................................................... 38
2.3.9 Instalações elétricas inapropriadas ............................................................................... 39
2.4 Avaliação do custo unitário básico (CUB) para orçamentos ............................................ 39
3 Metodologia ...................................................................................................................... 42
4 Resultados e Discussões .................................................................................................... 43
4.1 Observações Gerais ........................................................................................................ 43
4.1.1 Residências ................................................................................................................. 43
4.1.2 Patologias Detectadas e suas soluções ......................................................................... 44
4.2 Observações Específicas ................................................................................................. 46
4.2.1 Imóvel 1 ...................................................................................................................... 46
4.2.2 Imóvel 2 ...................................................................................................................... 50
4.2.3 Imóvel 3 ...................................................................................................................... 53
4.2.4 Imóvel 4 ...................................................................................................................... 57
4.2.5 Imóvel 5 ...................................................................................................................... 61
4.2.6 Imóvel 6 ...................................................................................................................... 66
5 Considerações Finais ......................................................................................................... 71
Referências .......................................................................................................................... 73
Apêndice A...............................................................................................................................76
14
1 Introdução
A análise pericial de engenharia pode ser definida como a avaliação isolada das
condições técnicas de uso e manutenção de uma edificação, que envolve a apuração das
causas que motivaram determinado evento, sempre realizada por um perito habilitado pelos
Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA). O perito deve levantar dados
suficientes de forma a coletar todas as informações necessárias à formulação do seu parecer
técnico. Tais dados devem estar devidamente evidenciados no laudo técnico emitido.
Um problema recorrente, principalmente em casas populares construídas há algumas
décadas, é a aplicação de técnicas construtivas inadequadas. As anomalias construtivas são
aquelas que prejudicam a vida útil da edificação e estão relacionadas a deficiências de ordem
construtiva. Estas anomalias podem ser divididas em quatro tipos: endógenas, originárias do
projeto, materiais usados ou da execução; exógenas, originária de fatores externos, terceiros a
construção; natural, originária de fenômenos da natureza; funcional, originária após o término
da vida útil da edificação.
Apesar dessas possíveis causas para as anomalias em edificações, as que
frequentemente se apresentam nas casas populares são devidas aos fatores endógenos; uma
vez que, a grande maioria das edificações direcionadas a população de baixa renda foram e
são projetadas e executadas de maneira a priorizar completamente o menor custo, em
detrimento às boas técnicas construtivas. Problemas como ausência de elementos estruturais,
de elementos de fundação e de impermeabilização não são raros de serem encontrados,
mesmo sendo essenciais para qualquer edificação.
1.1 Relevância do Tema
A análise pericial se baseia em conceitos técnicos, na pessoa de um perito habilitado,
para avaliar o objeto da lide. Este é o primeiro e principal passo para auxiliar e fornecer
fundamentos com os quais as autoridades judiciais chegarão a alguma conclusão sobre o caso.
Após abordados os principais e comuns problemas enfrentados pela sociedade, torna-
se de suma importância a reavaliação das técnicas construtivas que vêm sendo utilizadas em
Caruaru e região. A disseminação das técnicas corretas de construção é um trabalho em longo
prazo, mas que precisa ser realizado para o bem social e econômico da região.
15
Deve ser mostrada a população, moradores das residências periciadas, a importância
da manutenção das estruturas da construção, pois, apesar de a grande maioria das anomalias
encontradas comumente serem por má execução, ou até mesmo, falta de elementos
estruturais, a falta de manutenção da parte dos moradores também pode acarretar em
problemas estruturais de difícil e dispendiosa solução.
Além de serem menos atraentes, deficiências estruturais causam danos pessoais,
favorecem o crime, afastam o turismo e reduzem a autoestima dos moradores da própria
residência e das residências circunvizinhas. Por isso, é importante procurar as causas de
problemas causados pelo tempo, pela falta de manutenção e pelos erros construtivos,
contando-se com a ajuda do perito.
O grande campo de trabalho e a grande importância que tem a análise pericial para o
desenvolvimento social, juntamente com a falta de profissionais capacitados nesta área, geram
oportunidades para novos engenheiros que queiram realmente suprir esta deficiência.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivos Gerais
Avaliar, pericialmente, residências populares de Caruaru-PE apresentando soluções
técnicas para os possíveis problemas encontrados.
1.2.2 Objetivos Específicos
Elaborar uma ficha pericial de campo;
Realizar perícias em algumas residências populares (edificações do tipo RP1Q,
conforme a ABNT NBR 12721, 2006);
Elaborar um memorial fotográfico para detalhar as residências vistoriadas e os
problemas construtivos encontrados;
Apresentar plantas baixas individualizadas das residências, obtidas por forma
de croqui;
16
Analisar os danos encontrados e apontar as prováveis causas, consequências e
soluções.
17
2 Referencial Teórico
2.1 Perícia Judicial
A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação, realizado por perito, sobre
pessoas ou coisas, para verificação de fatos ou circunstâncias que interessam à lide.
A perícia constitui-se numa forma de provar, por meio da qual, pessoas
especialmente capacitadas, em decorrência dos conhecimentos especiais (técnicos e
científicos) que possuem, por ordem judicial e mediante compromisso informarem
o Juízo a respeito de ocorrência de determinados fatos, bem como do significado dos
mesmos (parte narrativa da perícia e parte da aplicação dos conhecimentos técnicos,
ou científicos, sobre ditos fatos). (Manual de Direito Processual Civil, vol. II, Processo de Conhecimento, Ed. Revista dos Tribunais, 1978, p. 315)
A perícia, a fim de ser utilizada para busca e esclarecimento da verdade, a ser utilizada a
favor da justiça, depende de dois itens essenciais, sendo estes:
Alto grau de conhecimento técnico da matéria a ser examinada, de forma que o
perito possa ser reconhecido como um especialista no assunto;
A honestidade praticada no seu mais alto sentido moral.
O campo de trabalho do perito é vasto, mas depende, particularmente, da lide e da
legislação que regulamenta as atribuições de sua área, sendo economistas, engenheiros,
contadores, médicos, entre outras.
O Código de Processo Civil – CPC – Lei 5869 possui cerca de 1200 artigos, onde
alguns especiais serão citados neste trabalho com intuito de mostrar resumidamente a
legislação que rege a perícia judicial.
Art. 145 – Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico,
o juiz será assistido por perito segundo o disposto no art. 421.
§ 1º – Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,
devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Cap.
VI, seção VII, deste código. (BRASIL, Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de
1973)
Sendo assim, como observado no artigo 145, os peritos devem ser profissionais de nível
universitário, com especialidade comprovada por certidão de habilitação, expedida pelo órgão
profissional. É comum o Juízo organizar, anualmente, uma lista de peritos habilitados a
participar das perícias que venham a surgir. Não cabe ao perito julgar, tendo ele o seu campo
18
limitado ao que se vê, onde ele apenas fornece subsídios técnicos que facilitem a decisão do
Juiz responsável pelo caso.
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte; ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a
funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
(BRASIL, Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973)
Portanto, além de inválida a prova quando o perito não tem capacidade técnica para a
elaboração do laudo, cabem ainda as devidas penas ao mesmo pelos erros cometidos.
2.1.2 Informações sobre perícias
Neste item serão abordadas algumas etapas e informações essenciais a realização da
perícia de acordo com a ABNT NBR 13752 (1996) – Perícias de engenharia na construção
civil e também da Norma de inspeção predial IBAPE/SP (2011).
No que diz respeito a classificação das inspeções prediais, onde a inspeção predial
poderá estar classificada de acordo com o nível pretendido do inspetor e da finalidade da
mesma, divididas em níveis, que são:
Nível 1: Identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional
habilitado;
Nível 2: Vistoria para a identificação de anomalias e falhas aparentes eventualmente
identificadas com o auxilio de equipamentos e/ou aparelhos, bem como análises de
documentos técnicos específicos, consoante à complexidade dos sistemas construtivos
existentes;
Nível 3: Equivalente aos parâmetros definidos para a inspeção de NÍVEL 2, acrescida
de auditoria técnica conjunta ou isolada de aspectos técnicos, de uso ou de
manutenção predial empregada no empreendimento, além de orientações para a
melhoria e ajuste dos procedimentos existentes no plano de manutenção.
É essencial fazer a classificação do objeto periciado quanto a sua funcionalidade. Além
da classificação de imóvel, que é a classificação pertinente a este trabalho, os objetos
periciados podem ainda ser terrenos, benfeitorias, máquinas e equipamentos, instalações,
direitos, entre outros.
Existem alguns requisitos essenciais que um trabalho pericial, cujo desenvolvimento se
faz através de metodologia adequada, deve atender, bem como: a inclusão de um número
19
adequado de fotografias por cada bem periciado; a execução de um croqui de situação de cada
imóvel periciado; a descrição sumária dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas,
utilidades, materiais construtivos, etc.; indicação e perfeita caracterização de eventuais danos
e/ou eventos encontrados; análise dos danos e/ou eventos encontrados, apontando as
prováveis causas e consequências; orçamento detalhado e comprovante de ensaios
laboratoriais, quando se fizerem necessários. Em relação a estes requisitos, é obrigatório ao
perito a especificação, em qualquer parte do laudo pericial, a descrição e listagem dos
requisitos obedecidos.
Em relação a vistoria do objeto da pericia a ser realizada devem ser levantadas
características da região, como relevo, solo, meio ambiente, vias de acesso, urbanização,
coleta de lixo, restrições físicas e legais, entre outros. Devem ser levantadas também
características do imóvel periciado, como localização e identificação do bairro, logradouro,
número, ocupação adequada a região, entre outros. E ainda, em relação as características do
terreno, como perímetro, relevo, forma geométrica, solo e subsolo, dimensões e áreas.
No que diz respeito a apresentação dos laudos periciais, devem apresentar,
obrigatoriamente alguns itens, como indicação da pessoa física ou jurídica que tenha
contratado o trabalho e do proprietário do bem objeto da perícia; relato da data de vistoria;
diagnóstico da situação encontrada; memórias de cálculo, resultados de ensaios e outras
informações relativas à sequência utilizada no trabalho pericial; nome, assinatura, número de
registro no CREA e credenciais do perito de engenharia.
Portanto, deve-se obedecer a prescrição da ABNT NBR 13572 (1996): “O levantamento
de dados deve trazer todas as informações disponíveis que permitam ao perito elaborar seu
parecer técnico”. (ABNT. NBR 13572, 1996)
2.2 Técnicas Construtivas
Nesta seção serão apresentadas algumas das técnicas construtivas corretas para
utilização em construções de residências populares. Este modelo de técnicas pode ser seguido
para que a edificação seja construída com segurança.
As técnicas citadas serão apenas as referentes as patologias frequentes em residências
populares (item 2.3) a fim de evitá-las desde o início da construção.
20
2.2.1 Fundações
É o elemento estrutural que tem a função de absorver as cargas provenientes da
superestrutura da edificação e transmiti-la para o solo com segurança, sem provocar ruptura
do solo ou do próprio elemento de fundação e cujos recalques possam ser devidamente
absorvidos pelo conjunto estrutural.
A fundação direta é o elemento onde a carga é distribuída ao terreno,
predominantemente pela pressão distribuída na base da fundação e em que a profundidade de
assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a sua menor dimensão
de base. Este tipo de fundação é vastamente utilizado em Caruaru e região e é o que vai ser
descrito neste trabalho.
Para começar a ser feita a execução do elemento de fundação, o projeto deve estar em
mãos e as peças devidamente locadas. Deve-se fazer a abertura da cava com a largura 20cm
maior do que a dimensão da sapata e depois cavar até a cota de apoio da fundação. Depois de
atingida a cota de resistência compatível com a do projeto, deve-se proceder a compactação
do fundo da cava com um soquete de 5kg ou por meio de um compactador tipo sapo. Após a
compactação, deve-se atentar para a devida regularização do fundo da cava e, se necessário,
reajustá-la. Deve ser lançado um lastro de concreto simples (concreto magro), que preencha
toda a superfície do fundo da cava, deve ter pelo menos 5cm de espessura e também serve
como camada de regularização. Quando a sapata for apoiada diretamente na rocha, esta deve
ser totalmente limpa para garantir a aderência entre elas.
É necessário preparar o sistema de fôrmas a ser empregado para concretagem do
elemento, escorando-as em estacas externas cravadas no fundo e nas laterais da cava. As
fôrmas são executadas com sarrafos e tábuas de madeira. É necessário verificar a altura do
toco do pilar que vai apoiar-se no elemento de fundação, atentando para a correta angulação
das laterais do elemento. Após esses passos descritos, pode-se seguir com o correto
posicionamento da armadura da fundação e do pilar e em seguida a concretagem. (Figura 1)
21
Figura 1 – Armaduras de sapata e de pilar prontas para concretagem.
Fonte: Miranda (2011)
Para fazer a ligação dos pilares apoiados nos elementos de fundação usa-se a viga
baldrame. Consiste em uma viga de amarração entre os pilares para evitar deslocamentos
diferenciais entre estes. Sua execução se assemelha a de uma viga comum, amarrando-se as
armaduras nos pilares, envolvendo-as com fôrmas e seguindo com a concretagem.
Para evitar o problema de umidade ascendente, deve-se realizar uma impermeabilização
sobre a viga baldrame após executada. O respaldo das vigas baldrame deve ser chapiscado
com argamassa de cimento no traço de 1:3 mediante projeção energética. Após 24h, deve-se
aplicar o revestimento sobre o chapisco com argamassa de cimento, com espessura mínima de
1,5cm no traço 1:3 com aditivo hidrófugo. A impermeabilização deve seguir pelo menos
15cm abaixo do respaldo na parte lateral da viga. As primeiras três fiadas de tijolos das
paredes de alvenaria acima das vigas baldrame também devem ser assentadas com argamassa
com aditivo impermeabilizante.
As informações estão de acordo com a ABNT NBR 6122 (2010) e Squaiela (2010).
2.2.2 Elementos de estrutura
Toda edificação precisa de elementos estruturais para sustentar as suas cargas e
distribui-las com segurança até a fundação e depois até o solo. Estes elementos são
classificados como lajes, vigas, pilares e blocos de fundações. Podem ser de concreto armado,
de aço ou de madeira.
Neste trabalho serão mencionadas as técnicas construtivas relativas as estruturas de
concreto armado, pois são vastamente utilizadas na região.
22
Inicialmente, é feita a montagem das armaduras dos elementos a serem concretados,
com o auxílio de algumas faces de fôrma montados em alguns elementos estrategicamente.
Deve-se sempre atentar para o número de barras e seus respectivos diâmetros para cada
elemento de acordo com o projeto. No caso dos pilares, é necessário fazer toda a montagem
da ferragem antes de colocar qualquer face da fôrma.
Para manutenção do cobrimento correto da armadura, pequenos afastadores (cocada)
com espessura igual a do cobrimento necessário devem ser fixados para manter a armadura
longe da fôrma. Banquetas (caranguejo) de aço sustentam usualmente a parte superior da
armação, precisando ser resistente para sustentar o tráfego de operários.
O procedimento da colocação do aço é o seguinte: posiciona-se duas barras de aço e
coloca-se todos os estribos, fixando somente os da extremidade; em seguida, posicionar as
demais barras e amarrá-las aos estribos de extremidade; depois de posicionar os demais
estribos, conferir o espaçamento e o numero de barras de acordo com o projeto.
Antes de serem posicionadas as fôrmas de madeira dos elementos, deve ser passado
desmoldante na parte interna destas. Ao realizar a colocação das fôrmas deve ser conferido o
encontro das faces no topo das fôrmas com auxílio de um esquadro metálico para garantir a
perpendicularidade entre elas. O prumo no caso dos pilares deve ser obtido por meio de
ajustes nas escoras laterais dos painéis, nas duas direções. É necessário deixar uma janela na
base dos pilares para limpeza do seu interior antes da concretagem. Travar nas laterais das
fôrmas as barras de ancoragem com porcas próprias.
Após montadas todas as fôrmas dos pilares e das vigas de fundação (baldrame), deve ser
iniciada a montagem das fôrmas das vigas. É preciso colocar os fundos de viga a partir do
topo das fôrmas de pilar, apoiando-se diretamente em alguns garfos apoiados no vão abaixo
da viga. Estes garfos serão nivelados e apoiarão a fôrma inferior da viga também em nível.
Feito isso, coloca-se as outras faces da fôrma apoiadas na fôrma inferior já nivelada.
Após devidamente montadas as fôrmas e armaduras, deve-se ser realizada a
concretagem dos elementos seguida da vibração do concreto em trabalhabilidade adequada.
(Figura 2)
As informações estão de acordo com Sabattini (2007).
23
Figura 2 – Armaduras de viga baldrame e pilar com uma parte das fôrmas.
Fonte: Fernandes (2010)
Outro elemento importante que deve ser ressaltado são as vergas e contravergas. São
vigas de concreto com dimensões reduzidas para serem colocadas sobre vãos de portas e
janelas. Estes elementos ajudam a evitar o carregamento sobre a esquadria e o trincamento da
alvenaria por esforços cisalhantes excessivos. O posicionamento de fôrma para a verga e
contraverga possibilita a devida concretagem desses elementos.
A GERDAU fornece opções de armações prontas para todos os elementos estruturais
necessários a uma residência de pequeno porte. (Figura 3)
Figura 3 - Armações prontas para elementos estruturais de residências.
Fonte: Gerdau (2003)
24
2.2.3 Revestimento em argamassa
Após devidamente assentada as paredes de alvenaria ou os elementos em concreto
armado com tempo de cura já transcorrido, é necessário aplicar algumas camadas de
revestimento sobre esses elementos para realização do acabamento dos mesmos. As técnicas
descritas a seguir são as comumente usadas na região do agreste de Pernambuco para
residências populares.
É recomendado realizar um preparo da base antes de começar a aplicar o revestimento,
fazendo uma limpeza para remoção de sujeita ou incrustações presentes no elemento a ser
rebocado. É preciso preencher espaços vazios provenientes de rasgos ou quebras de blocos e
regularizar os demais defeitos superficiais.
Após o preparo inicial, pode-se começar a aplicação da camada de chapisco. Este é feito
com argamassa fluida de cimento e areia, com traço sempre em torno de 1:3 (em volume).
Pode ser usado aditivo adesivo para facilitar a cola da argamassa com o elemento. A
argamassa deve ser projetada energicamente, de baixo para cima, contra o substrato. A
aplicação deve ser feita sobre o substrato previamente molhado, para que não ocorra absorção
da água de hidratação da argamassa de chapisco pelo elemento. A espessura máxima a ser
utilizada para chapisco é de 5 mm.
O revestimento acima do chapisco pode ser feito com argamassa de camada única.
Recomenda-se utilizar argamassas industrializadas, que possui cimento, calcário e aditivos,
onde necessita-se apenas da adição de água para obtenção da argamassa, além de um melhor
controle tecnológico do traço e dos componentes presentes nestas. A espessura do
revestimento deve ser entre 15 mm até 25 mm.
Inicialmente, deve-se observar os pontos com maior e menor espessura utilizando o
prumo e o esquadro. Depois, devem ser assentadas as taliscas de cerâmica nos pontos de
menor espessura. Executar as mestras entre as taliscas com a argamassa a ser utilizada no
revestimento, amassando-a com a colher de pedreiro até obter a espessura desejada ao longo
de toda a mestra. Posicionar e chumbar cantoneiras metálicas para acabamento dos cantos.
Por fim, deve-se dispor a argamassa no restante da parede a fim de preencher os espaços entre
as mestras já endurecidas e então realizar o sarrafeamento de todo o revestimento aplicado
baseando-se nas espessuras das mestras. (Figura 4)
As informações estão de acordo com Ceotto et al. (2005).
25
Figura 4 – Aplicação de revestimento sobre parede de alvenaria.
Fonte: Pedreirão (2014)
2.2.4 Estruturas de telhado
Esta é responsável pela absorção das cargas das telhas e distribuição para os elementos
estruturais. Trataremos aqui dos telhados em estruturas de madeira, quais são vastamente
utilizados na região agreste. É composta por uma armação principal e outra secundária,
também conhecida por trama. A estrutura principal poderá ser constituída por tesouras ou por
pontaletes e vigas principais, sendo a trama constituída pelas ripas, pelos caibros e pelas
terças.
As terças devem ser posicionadas de maneira a transmitir as cargas sobre os nós das
tesouras O alinhamento das peças deve ser bem verificado, formando painéis planos do
telhado, sem concavidades. A emenda das terças deve ser feita sobre os apoios ou próximas a
eles. Recomenda-se que as emendas sejam feitas com duas talas de madeira, posicionadas nas
duas faces laterais das terças.
A estrutura principal da coberta precisa ser ancorada ao corpo da edificação. As faces
dos entalhes, cortes e emendas devem apresentar superfície plana e com angulação apropriada
para que o ajuste das peças seja o melhor possível. O madeiramento deve ser revestido por
camada de inseticida que evite a contaminação por cupins e a consequente degradação dos
elementos.
Informações retiradas da ABNT NBR 7190 (1997).
2.3 Patologias frequentes em Residências Populares
26
As patologias são modificações estruturais e ou funcionais causadas por doenças no organismo, as quais podem causar a degradação do material e/ou de suas
propriedades físicas e/ou estruturais. As edificações também podem apresentar
patologias comparáveis às doenças, as quais são denominadas Patologias da
Construção. Tais patologias podem se apresentar em forma de trincas, rachaduras,
fissuras, manchas, descolamentos, deformações, rupturas, corrosões, entre outras.
Observa-se que quando não tratadas, essas patologias podem minorar o desempenho
das edificações no que tange a sua estabilidade, estética, servibilidade e
durabilidade. (RIPPER, 2001)
Além de colocar em risco os usuários das edificações, as patologias geram desconforto
visual, favorece o crime e afasta o turismo. Portanto, geram impactos significativos não só
para os usuários destas edificações, mas também a sociedade como um todo. Observações
mostram que o problema com as patologias vem se agravando nos últimos anos, muito por
causa do aumento da demanda do setor da construção civil, aliada à escassez de mão de obra
qualificada, falta de projetos, baixa qualidade de materiais de construção, falta de
planejamento, etc.
Os acidentes prediais decorrentes das Patologias Construtivas e/ou falhas na manutenção predial vêm causando mortes e prejuízos injustificáveis. Observa-se que
muitos dos acidentes noticiados pelos meios de comunicação, alguns com vítimas
humanas, poderiam ter sidos evitados com medidas preventivas simples, baseadas
em um plano de manutenção, o qual deve ser parte constituinte do Manual de Uso
do Imóvel; todavia, apesar de obrigatório, ainda não é prática comum o
fornecimento de tal documento por parte dos Construtores e/ou Construtoras.
(ABNT. NBR 5674, 1999)
As patologias têm quatro tipos diferentes de fatores originários: exógenas, endógenas,
naturais e funcionais. Os fatores exógenos são os realizados por terceiros à construção, como
interferência gerada por construções vizinhas, choque de veículos, vandalismo, etc., e
ameaçam seriamente a estabilidade e segurança da edificação, sendo aconselhável recorrer às
soluções desses problemas o mais rapidamente possível. Os fatores endógenos são referentes
ao próprio sistema construtivo relacionado a edificação, como defeitos ou a falta de um
projeto adequado, não cumprimento das reivindicações fornecidas pelo projetista, má
qualidade dos materiais construtivos utilizados, etc. Geralmente, a correção dessas patologias
são muito complexas e, na maioria das vezes, financeiramente inviáveis aos moradores. Os
fatores naturais são, na grande maioria, gerados pelas variações de temperatura e umidade do
ambiente e pelas intempéries naturais que podem danificar as condições de funcionamento da
edificação, colocando-as em risco. E os fatores funcionais, que são as patologias geradas pelo
uso repetitivo e/ou indevido da edificação sem a manutenção necessária para evita-las.
Seguindo o exposto até aqui, será feita a listagem de tais patologias.
2.3.1 Umidade ascendente de fundações em paredes de alvenaria
27
Capilaridade ou ação capilar é a propriedade física que os fluidos têm de subirem ou
descerem em tubos extremamente finos. Essa ação pode fazer com que líquidos fluam mesmo
contra a força da gravidade ou à indução de um campo magnético. Se um tubo que está em
contato com esse líquido for fino o suficiente, a combinação de tensão superficial, causada
pela coesão entre as moléculas do líquido, com a adesão do líquido à superfície desse
material, pode fazê-lo subir por ele. Esta capacidade de subir ou descer resulta da capacidade
de o líquido "molhar" ou não a superfície do tubo.
Sabendo disso, pode-se entender que a água presente no solo pode ascender por
capilaridade à base da construção, desde que os diâmetros dos poros capilares e o nível do
lençol freático sejam propícios (Figura 5). Os primeiros sinais percebidos desta patologia é a
presença de manchas e marcas na parte inferior das paredes de alvenaria das residências, que
tendem a aumentar de tamanho, avançando em sentido ascendente na alvenaria, gerando mofo
e fungos e um ambiente insalubre, principalmente a pessoas alérgicas (Figuras 6 e 7).
A deficiência na impermeabilização entre o solo e o alicerce da construção pode causar
movimentações higroscópicas, que é a capacidade de absorver partículas de água, entre o solo
e os painéis de alvenaria. Usualmente, essas movimentações podem causar variações
dimensionais nesses painéis. As variações são de dilatação (que logo após a queima do
processo de fabricação da alvenaria, e durante meses e anos após a fabricação, ocorrerá a
reidratação por adsorção de água em forma de vapor de umidade natural, e do meio ambiente
onde a placa cerâmica for assentada. A reidratação por adsorção de água, provoca um
aumento das moléculas dos minerais, expandindo o corpo cerâmico) e de retração (que é o
processo de fissuração por perda de água de hidratação do sistema).
Como resultado das variações dimensionais, gradientes de tensões internas e
deformações começam a surgir. Observa-se que os painéis de alvenarias não são capazes de
absorverem essas tensões e deformações, uma vez que, são elementos rígidos e de
comportamento frágil. Deste modo, ocorre o surgimento de trincas, desprendimentos dos
revestimentos e, finalmente, degradação dos tijolos cerâmicos que compõem as alvenarias.
Informações retiradas de SOUZA (2008).
28
Figura 5 – Corte de residência e esquema de umidade ascendente.
Fonte: Ciplak (?)
Figura 6 – Danos ao revestimento gerados pela umidade.
Fonte: Bandeira (2012)
Figura 7 – Possibilidade de formação de fungos.
Fonte: Araldi (2013)
29
2.3.2 Afundamento de Piso
Em qualquer tipo de piso é indispensável que a base (solo ou laje) esteja preparada para
receber o contrapiso, sobre o qual será aplicado o revestimento final. No caso das residências
térreas é comum a execução do contrapiso diretamente sobre o solo. Quando o solo não foi
devidamente compactado no momento da execução da obra, observa-se que ao passar dos
anos, a presença de umidade, o efeito gravitacional e tensões externas provocam essa
compactação que solo não teve na etapa de construção, gerando irregularidades e inclinações
relativas no piso da residência, fazendo com que o piso ceda, podendo interferir na
higienização do ambiente e na segurança dos moradores.
Na maioria das vezes esse tipo de patologia é colocado em segundo plano, mas este
pode colocar em risco as vidas humanas, uma vez que o solo abaixo da edificação pode ceder
em excesso e formar crateras abaixo do contrapiso. Em situações mais críticas, a ruptura
destes contrapisos ocorrem de maneira brusca, por estes serem não armados, tornando a
situação ainda mais perigosa. (Figura 8 e 9)
Figura 8 – Afundamento de piso com quebra do
revestimento cerâmico.
Fonte: Autor (2015)
Figura 9 – Afundamento de piso grave.
Fonte: Terra Roxa (2013)
2.3.3 Trincas em paredes de alvenaria
Alvenaria é a construção de estruturas e de paredes utilizando unidades unidas entre si
por argamassa. Estas unidades são blocos (de cerâmica, de vidro, de concreto ou de pedras).
São dispostos em fiadas horizontais que sobrepõem umas às outras. Quanto à capacidade de
30
suporte as alvenarias podem ser classificadas em Alvenaria Estrutural e Alvenaria de
Vedação.
As alvenarias estruturais são projetadas para resistirem a esforções submetidos pela
estrutura, como telhados, lajes, etc. além do seu próprio peso. Podendo ser utilizados blocos
de concreto ou de cerâmica, elas podem ser armadas ou não e devem seguir as especificações
citadas nas normas ABNT NBR 15961 (2011) (Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto –
Partes 1 e 2) e ABNT NBR 15812 (2010) (Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos – Partes
1 e 2).
A alvenaria de vedação não é dimensionada para resistir as solicitações geradas pelos
elementos acima desta, além de seu próprio peso. A vedação vertical é responsável pelo
fechamento da edificação e também pela compartimentação dos ambientes internos. A
maioria das edificações executadas pelo processo construtivo convencional (estrutura
reticulada de concreto armado moldada no local) utiliza para o fechamento dos vãos, paredes
de alvenaria de vedação.
Podem ser confeccionadas com tijolos cerâmicos ou blocos de gesso e suas
especificações são regidas pelos preceitos normativos da ABNT NBR 8545 (1984). Ressalva-
se, contudo, que para serem capazes de suportar seus pesos próprios, esses elementos devem
ser construídos sobre elementos estruturais como: vigas baldrames, vigas, lajes, sapatas
corrida, etc.
Mesmo sendo uma técnica totalmente equivocada nos processos executivos de
edificações de qualquer porte, ainda é muito comum na região do agreste pernambucano a
utilização de alvenaria de vedação para suporte de cargas verticais, principalmente
proveniente de telhados, caixas d’água, etc. Essa prática, muitas vezes é aliada de um sistema
de fundação precário e incompleto, onde os elementos de alvenaria se apoiam sobre
elementos muito deformáveis. As alvenarias de vedação, quando consolidadas e executadas
de maneira adequada e eficiente e sendo respeitado o tempo de pega da argamassa utilizada,
apresentam bom comportamento de suporte a esforços distribuídos de compressão axial, mas,
não são capazes de resistir a solicitações de tração, cisalhamento, cargas concentradas,
perturbações nos esforços de compressão e recalque diferencial do solo. Assim sendo, é
comum o aparecimento de fissuras nas paredes de alvenaria das edificações que fizeram uso
indevido destas (Figura 10).
Com base nesses princípios discutidos acima, é de suma importância que se defina,
ainda na fase de projeto e planejamento, o tipo de alvenaria e de elemento estrutural que será
utilizado para a edificação. Se for utilizado o sistema em alvenaria de vedação, é necessário o
31
correto dimensionamento dos elementos estruturais para que nenhum esforço decorrente seja
absorvido pela alvenaria, evitando assim as patologias citadas anteriormente. Um exemplo
desses locais com concentrações de tensões são os vértices de janelas e portas, onde usa-se
estruturas denominadas de vergas e contravergas moldadas em concreto armado. (Figura 11)
Figura 10 – Trinca em alvenaria por carga
concentrada.
Fonte: Construtop (2013)
Figura 11 – Trinca em vértice de janela pela
ausência de verga e contraverga.
Fonte: Construtop (2013)
2.3.4 Degradação do revestimento de argamassa nas paredes
As informações estão de acordo com Souza (2008).
A argamassa de revestimento é de grande importância no acabamento, principalmente
de parede de alvenaria de tijolos que são substancialmente permeáveis, uma vez que esse
revestimento auxilia bastante o elemento preservando a sua estanqueidade. Devido a sua
grande exposição a condições ambientais adversas, esses elementos estão sujeitos a patologias
que prejudicam o seu bom funcionamento, tanto em questão de estética, quanto na questão da
proteção e isolamento da parede.
As argamassas são misturas formadas por agregado miúdo, aglomerante hidráulico e
água. No caso das argamassas de revestimento, o aglomerante hidráulico pode ser a cal, o
cimento ou os dois juntos.
“Definição de Argamassa de revestimento: Mistura homogênea de agregado(s)
miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou adições, com
propriedades de aderência e endurecimento” (ABNT. NBR 13529, 1995).
32
Dentre as patologias mais constantes observadas nos revestimentos, destacam-se:
1. Manchas: Podendo apresentar diferentes colorações, desde verde, cinza ou
marrom, estão relacionadas a umidade e microrganismos, que podem provocar
mofo e fungos. As manchas marrons são, geralmente, causadas pela oxidação de
armaduras de elementos estruturais;
Figura 12 – Manchas em revestimento.
Fonte: Lérias (2010)
2. Eflorescências: São depósitos cristalinos de coloração branca que aparecem nos
revestimentos de paredes e tetos. São provenientes da evaporação de soluções
aquosas salinizadas anteriormente presentes. Os depósitos ocorrem quando os
sais solúveis das alvenarias, argamassas e revestimentos, são absorvidos pela
água, que pode ter origem da lavagem dos revestimentos, de alguma infiltração,
ou da água usada na própria construção. Ao contato com o ar, a água tende a
evaporar e os sais a se cristalizar. Quando a cristalização ocorre dentro do
revestimento, tensões adicionais surgem nos capilares, podendo causar danos e
degradação deste, em um fenômeno chamado de criptorescência.
33
Figura 13 – Eflorescência em revestimento.
Fonte: Reforma Fácil (2010)
3. Destacamento: é o desprendimento do revestimento do elemento em que ele é
constituinte. Pode ocorrer em mais de uma camada do revestimento, podendo
chegar até o chapisco e deixar a alvenaria à vista. Pode ser causado por falhas de
aderência da argamassa utilizada, falha de hidratação dos materiais, ou espessura
excessiva das camadas do revestimento;
Figura 14 – Destacamento do revestimento.
Fonte: Engenharia 3D (?)
4. Fissuras: as fissuras que aparecem no revestimento, quando não há fissuração
da alvenaria ou da estrutura de fundação, são relacionadas a fatores da execução
da argamassa, solicitações hidrotérmicas e principalmente por retração
hidráulica da argamassa e da tinta;
34
Figura 15 – Fissuras no revestimento.
Fonte: Oggioni (2012)
De modo geral, as patologias apresentadas nesse item estão relacionadas a variações de
temperatura e umidade presente no ambiente. Logo, a solução relacionada a esses problemas
está ligada a impermeabilização na execução da obra.
2.3.5 Expansão por umidade (EPU)
Avaliando a atração intermolecular, a superfície de um sólido possui o que para os líquidos é chamada tensão superficial, que é responsável por uma compressão para o
interior do sólido. Se a água ou outro líquido é adsorvido, esta adsorção irá reduzir a
energia superficial do sólido e, consequentemente, a compressão dentro do sólido.
Quando esta tensão é reduzida, o sólido comporta-se elasticamente e expande
originando a EPU (MENEZES et al., 2006).
EPU, também conhecida como expansão higroscópica, é o termo relacionado a
expansão de materiais cerâmicos, como o tijolo das paredes de alvenaria, quando em contato
com água líquida ou em vapor. Geralmente essas expansões são muito pequenas, mas podem
gerar tensões adicionais, que quando maiores que os limites de resistência, danificam a
estrutura dos corpos cerâmicos (Figura 16). Em relação aos revestimentos, a EPU pode
prejudicar a aderência entre revestimento e alvenaria, podendo levar a destacamento e danos
físicos ao elemento. Pode, ainda, causar rachaduras nos tijolos da alvenaria devido ao
acréscimo de tensões.
35
Figura 16 – Expansão por umidade nos tijolos.
Fonte: Autor (2015)
Para solucionar o problema de EPU, é necessário acabar primeiro com a fonte do
problema. Quando o elemento danificado estiver sujeito a ação de umidade, uma
impermeabilização deve ser feita para evitar que o mesmo problema volte a surgir no futuro.
Após realizado a correção do problema, os elementos danificados devem ser retirados e
substituídos por outros em condições boas de utilização.
2.3.6 Patologias das estruturas de madeira das cobertas
As informações estão de acordo com Brito (2014).
A madeira é um material construtivo vastamente utilizado desde as épocas antiquadas
até os dias de hoje, tanto para desempenhar funções estruturais quanto decorativas. Este
material possui características mecânicas excelentes e possui grande durabilidade quando
empregado de maneira correta. Apesar disso, é preciso tomar alguns cuidados quanto a ação
de intempéries na madeira, uma vez que ela apresenta grande susceptibilidade a ataque de
fungos e insetos. São divididos em dois grupos os fatores que danificam a madeira: fatores
abióticos e fatores bióticos.
Dos agentes abióticos, o que mais causa dano a madeira é a água, podendo produzir
fendilhamento, retração, empenamento e putrefação. Os raios solares causam fotodegradação
da madeira. O fogo, o mais perigoso em relação a ruína de elementos estruturais de madeira,
destrói progressivamente a todas as camadas do elemento. Com exceção do fogo atuando por
muito tempo na madeira, os agentes abióticos não apresentam danos muito consideráveis a
madeira, mas, são portas para entrada de agentes bióticos.
36
Os agentes bióticos estão relacionados a microrganismos que também podem causar
degenerações na madeira. Exemplos desses agentes são bactérias, fungos, roedores, aves e
insetos. Os mais conhecidos e também mais comumente encontrados são os cupins. São
divididos em cupins de madeira seca e subterrâneos. Os de madeira seca geralmente atacam
estruturas de madeira e vivem em colônias longe do solo e não necessitam de fonte externa de
umidade para sobreviver. Já os cupins subterrâneos possuem suas colônias abaixo do nível do
solo e saem para se alimentar nas edificações, mas sempre retornando a colônia. Os caminhos
usados pelos cupins são espaços entre tijolos de alvenaria e eletrodutos de energia e telefonia,
e assim eles se espalham pela edificação. Este tipo de cupim precisa de uma fonte de umidade
externa para sobreviver, constroem suas colônias em locais escuros, escondidos e distante da
fonte de alimento.
A principal diferença entre os dois tipos de cupins é que os de madeira seca só
conseguem transitar pela sua fonte de alimento, geralmente a madeira. Assim sendo, esse tipo
de colônia tem sua duração de acordo com a duração do alimento disponível. Já os cupins
subterrâneos não tem esse problema, podendo transitar em qualquer lugar a procura de novas
fontes de alimento, tornando muito mais difícil o controle de propagação destes últimos.
Os cupins são pragas que podem causar danos muito consideráveis ao madeiramento de
uma edificação, podendo até trazê-la a ruína. (Figura 17)
Figura 17 – Degradação de elemento de madeira por cupins.
Fonte: Máxima Inset (?)
Métodos curativos podem solucionar ou não os problemas relacionados aos cupins,
pois, dependendo do estado em que se encontra a madeira atacada, nem sempre será possível
continuar a utilizar o mesmo elemento. Mas existem intervenções químicas que podem
37
extinguir a colônia de cupins. O ideal é realizar métodos preventivos desde a fabricação dos
elementos de madeira e principalmente antes da sua utilização.
Outra patologia muito comum em estruturas de madeira é o subdimensionamento dos
elementos da estrutura. Flechas excessivas, vãos excessivamente grandes para elementos com
dimensionamento incorreto ou sem dimensionamento. A solução para este problema é o
correto dimensionamento dos elementos, considerando as cargas que vão suportar, agindo de
acordo com a norma ABNT NBR 7190 (1997) Projeto de estruturas de madeira. Os elementos
já denegridos devem ser substituídos por outros novos e bem dimensionados.
2.3.7 Patologia causada por falta de elementos estruturais
Citado como uma das mais graves patologias está a falta de elementos estruturais. É
bem comum encontrar residências populares que têm sua fundação formada por duas ou três
fiadas de tijolos de uma vez de onde nascem as alvenarias de vedação, sem nem ao menos o
auxílio de uma viga baldrame (também conhecida como cinta de amarração). A edificação
fica totalmente vulnerável a recalques diferenciais e pequenos sismos que possam vir a
ocorrer na região do agreste pernambucano. Não se executam pilares nem vigas para transferir
o carregamento proveniente da edificação. Assim sendo, todo carregamento fica apoiado nas
alvenarias de vedação, o que causa graves rachaduras que podem interferir na estabilidade
global da edificação (Figura 18).
A ABNT 6.122 (2010) – Projeto e execução de fundações, não especifica a utilização
fieiras de tijolos de furo como elemento de fundação. A ABNT 12722 (1992) – Discriminação
de serviços para construção de edifícios, indica que as edificações necessitam estarem de
acordo com as normas brasileiras em todos os setores da obra. Não há, em nenhuma destas
normas, a especificação da utilização de alvenaria de vedação como elemento estrutural.
Muitas das casas residenciais de pequeno porte que possuem esses tipos de erros citados
acima não possuem problemas sérios por ter um solo de fundação muito rígido (rocha) ou pela
pequena carga suportada. Mas estes métodos não são indicados em nenhum caso de
construção de nenhum tipo de edificação.
A solução desses problemas apresentados seria a construção de elementos estruturais
em concreto armado, como vigas, pilares e sapatas de fundação, cortando assim as partes de
alvenaria por onde estes elementos devem passar. O problema dessa técnica é o alto custo
38
empregado para sua realização, mostrando mais uma vez a importância das técnicas corretas
de construção.
Figura 18 – Ilustração de cargas sobre alvenaria de vedação.
Fonte: Tathiana (2012)
2.3.8 Instalações hidrossanitárias inapropriadas
É muito comum as construtoras responsáveis pela construção de residências populares
de pequeno porte deixarem de lado a aquisição de um projeto associado àquela construção, o
que pode gerar patologias nos sistemas hidrossanitários. Outros fatores de patologias desse
tipo são erros de execução e materiais de baixa qualidade.
Instalações mal feitas podem gerar danos as tubulações, como pressões elevadas em
trechos, falta de vedação correta nas conexões, que são mais sujeitas a vazamentos. Outro
aspecto que deve-se atentar são as sobrepressões, para não haver ocorrência de golpe de
Aríete.
A primeira forma de evitar esses problemas é a aquisição de um projeto de instalações
hidrossanitárias, fornecido por um profissional capacitado. Para seguir as recomendações do
projeto, deve-se haver profissionais habilitados também para execução correta do sistema. E,
não menos importante, a aquisição dos materiais deve ser por fornecedores que garantam o
acordo dos materiais com as normas vigentes.
A solução curativa para esse tipo de patologia é sempre a substituição total ou parcial do
sistema afetado.
39
2.3.9 Instalações elétricas inapropriadas
Semelhante as patologias encontradas nas instalações hidrossanitárias, nas instalações
elétricas as causas dos problemas são basicamente as mesmas. Falta de um projeto que detalhe
a instalação fornecido por profissional capacitado, materiais que não possuem o selo do
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e falta de
profissionais habilitados para realizar a execução da instalação de acordo com o projeto (se
houver).
Os principais problemas apresentados nas instalações elétricas são curto-circuitos, fuga
de corrente e sobrecarga de rede. Estes estão quase sempre associados a erros de projeto ou de
execução.
A solução é fazer uma rígida avaliação de todo o sistema elétrico da edificação, detectar
os erros e substituir total ou parcialmente o sistema.
2.4 Avaliação do custo unitário básico (CUB) para orçamentos
É importante fazer uso de algumas definições de termos técnicos utilizados na ABNT
NBR 12721 (2006) - Avaliação de custos unitários de construção para incorporação
imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios — Procedimento, para obter um
elemento de classificação das edificações periciadas e facilitar o entendimento do leitor em
relação a este item:
Projeto-padrão: Projetos selecionados para representar os diferentes tipos de
edificações, que são usualmente objeto de incorporação para construção em
condomínio e conjunto de edificações, definidos por suas características
principais: número de pavimentos; número de dependências por unidade; áreas
equivalentes e área de custo padrão privativas de unidades autônomas; padrão de
acabamento da construção e; número total de unidades.
Área real: Medida da superfície de quaisquer dependências, ou conjunto de
dependências, cobertas ou descobertas, nela incluídas as superfícies das
projeções de paredes, de pilares e demais elementos construtivos.
Área equivalente: Área virtual cujo custo de construção é equivalente ao custo
da respectiva área real, utilizada quando este custo é diferente do custo unitário
40
básico da construção, adotado como referência. Pode ser, conforme o caso,
maior ou menor que a área real correspondente.
Para representar os diferentes tipos de edificação são considerados os projetos-padrão
definidos por suas características principais e acabamentos. De acordo com a ABNT NBR
12721 (2006), as residências avaliadas neste trabalho encaixam-se no seguinte projeto padrão:
Quadro 1 – Classificação das residências de acordo com a ABNT NBR 12721 (2006).
Fonte: ABNT. NBR 12721 (2006)
Como apresentado acima, a residência em questão é classificada de acordo com a sua
área real e área equivalente. Chamado de residência popular, com a classificação de RP1Q e
área real em torno de 39m², as residências periciadas neste trabalho são de pequeno porte e
chamadas unifamiliares.
Os projetos-padrão são ainda classificados em ALTO, NORMAL e BAIXO, levando
em conta, exclusivamente as condições de acabamento das devidas edificações. É considerada
nesta classificação a sofisticação dos materiais empregados no acabamento das edificações,
sendo as de nível alto as que possuem os melhores materiais.
De acordo com o item 3.9 da Norma Brasileira ABNT NBR 12721 (2006), o conceito
de Custo Unitário Básico é o seguinte:
Custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão considerado, calculado
de acordo com a metodologia estabelecida em 8.3, pelos Sindicatos da Indústria da
Construção Civil, em atendimento ao disposto no artigo 54 da Lei nº 4.591/64 e que
serve de base para avaliação de parte dos custos de construção das edificações.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721, 2006)
A divulgação dos CUB deve ser feita mensalmente para cada estado do Brasil pela
SINDUSCON (Sindicato da Indústria da Construção Civil) até o dia 5 do mês subsequente,
como especificado pela Lei Federal 4.591 de 16 de dezembro de 1964:
41
Art. 54: Os sindicatos estaduais da indústria da construção civil ficam obrigados a
divulgar mensalmente, até o dia 5 de cada mês, os custos unitários de construção a
serem adotados nas respectivas regiões jurisdicionais, calculados com observância
dos critérios e normas a que se refere o inciso I, do artigo anterior. (BRASIL, Lei
Federal n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964)
O CUB de cada mês pode ser facilmente encontrado no site da SINDUSCON (Sindicato
da Indústria da Construção Civil) de cada estado ou pelo próprio site do CUB.
42
3 Metodologia
A análise pericial deve respeitar os termos definidos na ABNT NBR 13752 (1996) –
Perícias de engenharia na construção civil, a qual fixa alguns conceitos e diretrizes em relação
ao trabalho e metodologia de pericia na engenharia civil, e também da Norma de inspeção
predial IBAPE/SP(2011), pela qual o objeto de perícia deste trabalho classifica-se no Nível 1:
identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional habilitado.
Para realização da perícia, uma sequência lógica deve ser seguida com objetivo de
facilitar a análise dos resultados obtidos, a identificação das patologias e as suas respectivas
soluções técnicas. Tais itens devem ser seguidos:
Alguns dias antes do dia da vistoria, todos os moradores proprietários das
residências a serem visitadas devem estar devidamente avisados sobre o dia e a
hora da visita;
Na vistoria devem ser fotografados todos os aspectos relevantes para a análise
pericial, bem como as patologias encontradas, para serem feitas as análises
necessárias às conclusões e ao parecer técnico das visitas;
As atividades de manutenção já realizadas pelos moradores devem ser
verificadas para a apuração de possíveis anomalias funcionais geradas pelo uso
indevido da residência;
Deve ser observada também a influência das construções do entorno da
residência vistoriada, uma vez que estas podem causar patologias exógenas
(definida no item 2.3) na residência;
Deve ser realizado no momento da inspeção, um croqui da planta da residência,
com a disposição simultânea do imóvel com a disposição original e atual dos
ambientes, para facilitar a identificação de cômodos e das anomalias
encontradas;
Os moradores das residências periciadas não devem ser identificados nos
resultados para garantir o sigilo das informações tratadas;
Todas as anotações e fotografias devem ser devidamente avaliadas para
determinação da solução recomendada às anomalias encontradas.
43
4 Resultados e Discussões
4.1 Observações Gerais
Todos os imóveis com resultados presentes no item 4.2 foram periciados pelo autor
deste trabalho. As fichas técnicas utilizadas no ato da perícia estão disponíveis no apêndice A.
Todas as vistorias foram feitas com o consentimento e auxílio dos seus respectivos
moradores, os quais disponibilizaram todos os documentos possíveis para o recolhimento de
informações técnicas também mencionadas nos resultados. As características das residências
avaliadas foram confrontadas com o item 2.4 deste trabalho e apresentaram equivalência nos
resultados.
4.1.1 Residências
A tipologia de todos os imóveis analisados é residencial e composta por casas de
pavimento térreo. Os sistemas construtivos das residências são semelhantes, não apresentam
complexidade e são considerados de padrão baixo, enquadrando-se nos padrões especificados
na ABNT NBR 12721 (2006) como tipo RP1Q.
A maioria das residências apresentaram algumas modificações no modelo original
recebido pelos moradores. Algumas delas são listadas a seguir:
Substituição das esquadrias: em sua grande maioria por questões estéticas e,
alguns poucos, casos surgimento de cupim nas esquadrias originais;
Substituição do piso: na maioria das residências foi colocado piso cerâmico;
Revestimento de banheiros e cozinha: na maioria das residências, os moradores
colocaram revestimento cerâmico no piso e paredes de cozinhas e banheiros;
Paredes construídas e demolidas: reformas de ampliação das residências foram
mudanças comuns encontradas nas vistorias, uma vez que apresentaram área
construída diminuta;
Substituição de telhas cerâmicas: na maioria dos casos de substituição, foram
trocadas por patologia nas telhas, como alta porosidade, eflorescência e
criptorescência;
44
Substituição total ou parcial do sistema de instalação elétrica: por motivo de
subdimensionamento de condutores e instalações de equipamentos com alta
potência não previstos em projeto, como chuveiros elétricos;
Substituição/ampliação do sistema de instalação hidrossanitário e colocação de
reservatórios de água;
A grande maioria das casas não possui sistema estrutural na construção
original, o que pode vir a causar prejuízos ainda maiores, como o risco de ruína
da residência. Os elementos estruturais identificados, na maioria dos casos,
eram provenientes de ampliações realizadas nas casas.
4.1.2 Patologias detectadas e suas soluções
Após a análise do memorial fotográfico realizado nas perícias, ficaram constatadas
patologias comuns às residências vistoriadas. Estas patologias são listadas a seguir, seguidas
das suas respectivas soluções técnicas.
Trincas em paredes de alvenaria
Observou-se falta de vergas e contravergas nas aberturas de esquadrias nas paredes de
alvenaria, o que causou aparecimento de trincas a 45° dos cantos das aberturas. Como todas
as paredes de alvenaria das residências periciadas tem função apenas de vedação, e não de
elemento estrutural, é comum que fissuras surjam nos locais de concentração de tensões,
quando as tensões não são adequadamente distribuídas por um sistema estrutural adequado. A
solução para esta patologia é a construção de vergas e contravergas acima e/ou abaixo das
aberturas nas paredes de alvenaria, como demonstrado no item 2.2.2.
Degradação do revestimento de argamassa das paredes
Todas as residências apresentaram patologias quanto ao revestimento das paredes,
causado pelo movimento ascendente da água do solo. As patologias mais constantes causadas
no revestimento são: manchas, eflorescências, destacamento e fissuras, como mostrado no
item 2.3.4. A medida corretiva seria a impermeabilização da fundação, realizando quebras
parciais (para evitar a ruína das paredes, realiza-se a quebra não contínua da parede, a uma
altura adequada para o trabalho de impermeabilização) das paredes e pisos para ter acesso a
fundação não impermeabilizada. Feito isso, realiza-se o trabalho de impermeabilização da
fundação e das primeiras fiadas dos tijolos de alvenaria, como mostra o item 2.2.1. No
entanto, tal método corretivo é extremamente complicado e caro para ser executado.
45
Patologia das cobertas
Em alguns casos, a distância exagerada entre ripas do telhado, gerou problemas quanto
a estanqueidade da residência além de sobrecarregar as ripas, o que pode gerar ruína em
alguns pontos do telhado. A substituição ou reforço dos elementos de madeira do telhado,
seguindo as diretrizes da ABNT NBR 7190 (1997), seria a medida corretiva para o problema.
Telhas com eflorescência e criptorescência das telhas cerâmicas também foram comuns
nas vistorias. Alguns moradores já haviam feito a troca das telhas, pois constataram a quebra
ou esfarelamento de algumas delas, o que estava a prejudicar a estanqueidade do ambiente.
Após a troca, os moradores não observaram mais as patologias.
Patologias causadas pela falta de elementos estruturais
Em todas as residências foi observada a ausência completa ou parcial de elementos
estruturais em concreto armado (vigas, pilares, cintas, vigas baldrame, etc.). As paredes de
alvenaria não são classificadas como alvenaria estrutural, portanto, não deveriam receber
sobrecargas de outros elementos. Fissuras nas paredes de algumas residências tem esta
sobrecarga como causa.
As fundações são feitas com tijolos cerâmicos deitados (alvenaria de uma vez), o que
também não atua como elemento estrutural. Muitos destas alvenarias ainda apresentaram altos
níveis de EPU (expansão por umidade), o que diminui ainda mais a sua resistência, podendo
causar problemas em relação à estabilidade da residência.
A medida corretiva não pode ser executada completamente sem a demolição da
residência para que os métodos construtivos adequados fossem realizados, ou seja, é
necessário a reconstrução da mesma.
Instalações hidrossanitárias
As tubulações do sistema hidrossanitário foram bem dimensionadas, não gerando
problemas na sua concepção original. Alguns moradores construíram reservatórios superiores
para armazenamento de água, uma vez que o abastecimento público não atende com
frequência necessária a demanda da residência.
Ampliações e substituições nas instalações hidrossanitárias foram observadas nos casos
em que os moradores ampliaram a área construída da residência.
Instalações elétricas
Os condutores da instalação elétrica parecem não terem sido dimensionados
adequadamente, uma vez que todos os condutores observados tinham área de seção de
1,5 mm², que não atende as prescrições da ABNT NBR 5410 (1994) para tomadas de uso
46
geral e específico. A maioria das casas adicionou chuveiros elétricos e/ou ares-condicionados
ao sistema, sobrecarregando-o ainda mais, e os problemas de subdimensionamento tornaram-
se ainda mais aparentes, fazendo necessário o reparo ou substituição dos condutores, seguindo
as diretrizes da ABNT NBR 5410 (1994).
Construção abaixo da cota da rua
Nenhuma das residências apresentou problemas quanto a construção abaixo do nível da
rua, como retorno em tubulações sanitárias e de águas pluviais.
4.2 Observações Específicas
4.2.1 Imóvel 1
A residência de número um se encontra no Bairro Kenedy em Caruaru-PE e pertence ao
padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertencente a um senhor que construiu a
casa por si mesmo no ano de 1971 e reside na mesma até os dias atuais. A casa tem uma área
construída original de 42 m² e permanece sem grandes alterações. Estas informações estão
resumidas no Quadro 2.Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:
A residência possui dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro, como
mostra o croqui (Figura 20);
Foi realizada apenas uma alteração de maior escala em relação a sua construção
inicial: inserção de uma laje treliçada acima do terraço de entrada da casa
(Figura 19 b);
A residência não apresenta sistema estrutural. Não foi constatada a existência de
pilares ou vigas. Apenas a laje treliçada construída, como citada anteriormente,
que se apoia nas paredes de alvenaria, mostrando não seguimento da ABNT
NBR 6118 (2014). Falta de vergas também foi constatada em algumas aberturas
(Figura 19 h);
As esquadrias são de ferro e apresentam um pouco de ferrugem (Figura 19 c);
As telhas são de material cerâmico, originais e apresentam patologias de
criptorescência e eflorescência. Algumas ripas e caibros da estrutura de madeira
do telhado foram substituídos por apodrecimento desta devido ao elevado tempo
47
de utilização sem manutenção e de material de baixa qualidade. Não foi inserido
forro (Figura 19 f);
O sistema elétrico apresenta-se precário, mostrando-se ter sido executado de
forma inadequada e sem seguimento aos itens da ABNT NBR 5410 (2004), uma
vez que itens básicos não são observados, como eletrodutos para isolamento dos
condutores. O sistema hidrossanitário não apresenta problemas (Figura 19 e);
Patologia de umidade ascendente em todas as paredes da residência (Figura 19
d);
A residência foi toda construída com tijolo manual (tijolo maciço);
Quadro 2 - Informações básicas e patológicas da residência 1
N° Local m² Padrão
1 Bairro Kenedy - Caruaru 42,00 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria NÃO
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas NÃO
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM
48
Figura 19: Memorial fotográfico residencia 1.
(a) Fachada
(b) Laje treliçada do terraço
(c) Janelas de ferro originais
(d) Degradação das paredes por
umidade ascendente
(e) Instalações elétricas antigas e
inadequadas
(f) Telhas cerâmicas e estrutura do telhado originais
(g) Abertura de porta com verga
49
(h) Fissura na alvenaria por falta de elementos
estruturais (verga)
(i) Piso cimentado polido original
Fonte: Autor (2015)
Figura 20: Croqui da residência 1.
Fonte: Autor (2015)
50
4.2.2 Imóvel 2
A residência de número dois se encontra na Cohab 1 em Caruaru-PE e pertence ao
padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma senhora que não é a
primeira proprietária da residência. A casa foi revendida pelo antigo proprietário para a atual
moradora no ano de 1993, mas a data de construção é datada por volta de 1980. A construção
original foi de responsabilidade de uma empresa contratada para construção de várias casas
populares no padrão dos COHABS (Conjuntos Habitacionais) da época. A casa tem uma área
construída original de 34,5m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que
agora possui três quartos, duas salas, dois banheiros, uma cozinha e uma garagem, como
mostra o croqui da Figura 22. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 3.
Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:
A residência sofreu alterações de média escala desde a sua construção original.
A área construída inicial era inicialmente de 34,5 m² e agora tem uma área de 66
m². Foram construídos mais dois quartos, um banheiro e uma garagem (Figura
22);
Todas as esquadrias foram trocadas por outras de madeira. As esquadrias
originais eram sempre de ferro (Figura 21 b);
Os banheiros e a cozinha possuem revestimento cerâmico, assim como o piso de
toda a residência e a garagem(Figuras 21 c, h, i);
O telhado foi trocado e expandido na reforma da casa, há mais de 20 anos.
Algumas ripas e caibros foram substituídos mais recentemente devido ao
apodrecimento da madeira. As telhas são de cerâmica e apresentam
criptorescência e eflorescência (Figura 21 d);
Os sistemas hidrossanitário e elétrico apresentam-se em bom estado. O sistema
elétrico teve toda a fiação trocada recentemente e apresenta funcionamento
adequado;
Umidade ascendente presente em quase todas as paredes. Alguns revestimentos
encontram-se danificados devido a ocorrência EPU nos tijolos cerâmicos das
paredes (Figura 21 g);
Foi construída uma laje treliçada de concreto no momento da reforma. Apesar
disso, não observam-se elementos estruturais adequados na residência,
51
ocasionando o surgimento de algumas fissuras devido ao apoio da laje em
paredes de alvenaria (Figuras 21 c, f);
Notam-se alguns pontos em que a laje e paredes encontram-se umedecidas após
ocorrência de chuvas, o que mostra falha na estanqueidade do telhado e
drenagem pluvial da residência (Figuras 21 d, e);
Quadro 3 - Informações básicas e patológicas da residência 2
N° Local m² Padrão
2 Cohab 1 - Caruaru 34,50 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria NÃO
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas NÃO
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM
Figura 21: Memorial fotográfico residencia 2.
(a) Fachada
(b) Esquadrias de madeira
52
(c) Revestimento cerâmico com
aderência danificada
(d) Telhado com telhas cerâmicas
apresentando eflorescência e
criptorescência
(e) Marcas de infiltração no
teto do quarto
(f) Fissuras devidas a falta de elementos estruturais
(g) Danos no revestimento devido EPU no tijolo
(h) Revestimento cerâmico na cozinha
(i) Revestimento cerâmico no banheiro
Fonte: Autor (2015)
53
Figura 22: Croqui da residência 2.
Fonte: Autor (2015)
4.2.3 Imóvel 3
A residência de número três se encontra na Cohab 1 em Caruaru-PE e pertence ao
padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma senhora que adquiriu a
casa desde a sua construção original, por volta do ano de 1975. A residência nunca mudou de
proprietário até os dias atuais. A construção original, assim como o imóvel 2, foi de
responsabilidade de uma empresa contratada para construção de várias casas populares. A
casa tem uma área construída original de 34,5m² e teve algumas alterações que ampliaram a
sua área atual, que agora possui três quartos, três salas, três banheiros, uma cozinha e uma
garagem, como mostra o croqui da Figura 24. Algumas destas informações estão resumidas
no Quadro 4. Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:
54
A residência sofreu alterações de média escala desde a sua construção original.
Após uma ampliação da área coberta, a residência passou de 34,5 m² para 73 m².
Foram construídos mais dois quartos, dois banheiros e uma garagem (Figura
24);
A proprietária apresentou muito zelo pela residência, mantendo todos os
ambientes sempre em melhor estado possível. Alegou pintar toda a residência
duas vezes por ano. Isso atrapalhou um pouco a identificação de algumas
patologias pelo fato de estas estarem camufladas.
As esquadrias na área original da residência são todas originais e apresentam
bom estado de conservação (Figuras 23 i);
Os banheiros e cozinhas estão todos revestidos com cerâmica, assim como o
piso de toda área (Figuras d, i);
A residência não apresenta sistema estrutural. Não foi constatada a existência de
pilares ou vigas, mostrando não seguimento da ABNT NBR 6118 (2014);
O telhado foi todo trocado, pois apresentava incidência de cupins e
subdimensionamento dos elementos da trama do telhado, desrespeitando alguns
itens da norma ABNT NBR 7190 (1997), onde os caibros e ripas tinham
espaçamento elevado. As telhas também foram todas trocadas e apresentam bom
estado de conservação (Figura 23 h);
Os sistemas elétrico e hidrossanitário também foram todos trocados
recentemente. A fiação da casa apresentava problemas de subdimensionamento,
apresentando alguns curtos-circuitos e desligamento repentino de aparelhos,
mostrando desconformidade dos condutores e circuitos com a norma ABNT
NBR 5410 (2004);
Umidade ascendente aparente em todas as paredes da casa, mesmo com a
pintura sendo refeita duas vezes por ano. Danos a revestimento cerâmico foram
verificados e causados por ocorrência de EPU nos tijolos cerâmicos do substrato,
o que causou esfarelamento destes tijolos e consequentes danos ao revestimento
(Figuras 23 f, g);
Foi inserido forro de gesso pela moradora, uma vez que as casas eram entregues
sem forro na compra do imóvel (Figura 23 e)
Algumas fissuras por falta de verga nas aberturas de parede, formando ângulo de
45° com a horizontal, o que caracteriza a causa da patologia, também foram
55
verificadas, apesar de esta estar camuflada pelo bom estado de conservação da
residência (Figura 23 c);
Quadro 4: Informações básicas e patológicas da residência 3
N° Local m² Padrão
3 Cohab 1 - Caruaru 34,50 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria NÃO
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas SIM
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM
Figura 23: Memorial fotográfico residencia 3.
(a) Fachada
(b) Parte interna com esquadrias em madeira
56
(c) Fissura nas aberturas por falta
de verga
(d) Área construída não original da
residência
(e) Forro de gesso inserido pela
proprietária
(f) Revestimento danificado por EPU no tijolo
cerâmico
(g) Revestimento danificado devido a EPU no tijolo
cerâmico
(h) Telhado em bom estado
(i) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadria
original
Fonte: Autor (2015)
57
Figura 24: Croqui da residência 3.
Fonte: Autor (2015)
4.2.4 Imóvel 4
A residência de número quatro se encontra no residencial Baraúnas em Caruaru-PE e
pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a um casal de
moradores que adquiriu a residência no ano de 2014, logo quando a construção do residencial
Baraúnas foi finalizada. A construção original foi de responsabilidade de uma empresa
contratada para construção de várias casas populares. A casa tem uma área construída original
de 49 m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que agora possui dois
quartos, uma sala, dois banheiros, uma cozinha, uma garagem e uma área de serviço, como
mostra o croqui da Figura 26. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 5.
Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:
A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que
possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. Um banheiro e a
58
área de serviço foram adicionados e a cozinha foi ampliada (Figura 25 d). A área
construída inicial da residência era de 49 m² e agora é de 74,5 m² (Figura 26);
Fissuras formando um ângulo de 45° com a horizontal nas quinas das aberturas
de esquadrias foram verificadas, demonstrando a falta de vergas nestas aberturas
(Figura 25 c);
A residência original não apresenta nenhum sistema estrutural, com exceção de
uma viga e um pilar que suportam a cobertura do terraço, e uma laje inclinada
paralelamente ao telhado. Esta concepção enfatiza o desacordo com a ABNT
NBR 6118 (2014). No momento da reforma, o morador adicionou algumas vigas
e pilares na parede externa à residência e para o suporte de uma laje plana
construída acima da garagem;
Danos a revestimento cerâmico foram verificados e causados por ocorrência de
EPU nos tijolos cerâmicos do substrato, o que causou esfarelamento destes
tijolos e consequentes danos ao revestimento (Figura 25 e);
As lajes do telhado das casas construídas no residencial Baraúnas são inclinadas,
seguindo a inclinação das telhas. A empresa responsável pela construção executa
dessa maneira com o intuito de evitar que os moradores ampliem a residência
construindo pavimentos acima do pavimento térreo. Além disso, dispensam
sistema estrutural de madeira para servir de apoio para as telhas. Com isso, a
empresa economiza capital de execução da obra. O morador da residência quatro
demoliu uma parte da laje original para construir outra laje plana que serve de
cobertura para a garagem. A carga adicional gerada pela laje construída nas
paredes de alvenaria pode agravar ainda mais os problemas gerados pela falta de
sistema estrutural na residência (Figura 25 f);
Na parte interna da casa, o morador inseriu forro de gesso (Figura 25 g);
Os pisos e paredes dos banheiros, cozinha e área de serviço, receberam
revestimento cerâmico (Figura 25 h, j);
Algumas aberturas de esquadrias foram refeitas, ampliadas e tiveram a inserção
apropriada de verga e contraverga, segundo o morador (Figura 25 i);
Os sistemas elétrico e hidráulico foram todos substituídos e não apresentam
problemas funcionais;
59
Pelo fato de a residência ser do ano de 2014, algumas patologias ainda estão
começando a se tornar aparentes, enquanto outras aparecerão depois de um
tempo de uso da residência.
Quadro 5 - Informações básicas e patológicas da residência 4
N° Local m² Padrão
4 Residencial Baraúnas 49,00 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria SIM
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas NÃO
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas NÃO
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas NÃO
Figura 25: Memorial fotográfico residencia 4.
(a) Fachada
(b) Parte interna
60
(c) Fissura nas aberturas por falta de verga
(d) Área construída não original da residência
(e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico
(f) Laje inclinada parcialmente retirada pelo
morador
(g) Forro em gesso inserido pelo morador
(h) Banheiro com revestimento cerâmico
61
(i) Esquadria adicionada e abertura ampliada
(j) Cozinha ampliada / adicionado revestimento
cerâmico
Fonte: Autor (2015)
Figura 26: Croqui da residência 4.
Fonte: Autor (2015)
4.2.5 Imóvel 5
A residência de número cinco se encontra no bairro Rendeiras (Cohab 3) em Caruaru-
PE e pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma família
que adquiriu a residência no ano de 2010, apesar das residências do bairro terem sido
construídas por volta da década de 80. A construção original foi de responsabilidade de uma
62
empresa contratada para construção de várias casas populares para formação desse conjunto
habitacional. A casa tem uma área construída original de 45,5 m² e teve algumas alterações
que ampliaram a sua área atual, que agora possui três quartos, uma sala, um banheiro, uma
cozinha e uma área de serviço, como mostra o croqui da Figura 28. Algumas destas
informações estão resumidas no Quadro 6. Algumas observações pertinentes a residência são
destacadas abaixo:
A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que
possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. O banheiro original
da residência foi demolido (Figura 27 j) e um novo foi construído em outro
local. A cozinha original foi transformada em um quarto adicional. A sala atual
ocupa o espaço da sala original e do banheiro original. A área construída inicial
da residência era de 45,5 m² e agora é de 85,6 m² (Figura 28);
A residência não apresenta sistema estrutural. Apenas a existência de alguns
pilares nas paredes externas da residência, evidenciando desacordo com a ABNT
NBR 6118 (2014);
Fissuras formando um ângulo de 45° com a horizontal nas quinas das aberturas
de esquadrias foram verificadas, demonstrando a falta de vergas nestas aberturas
(Figura 27 c);
A estrutura de madeira do telhado mostra deflexão aparente de algumas terças e
caibros, evidenciando subdimensionamento dos mesmos, em desacordo com a
ABNT NBT 7.190 (1997). Algumas das terças do telhado são diretamente
apoiadas sobre a alvenaria de vedação, porém, fissuras geradas por carga
concentradas na alvenaria não foram detectadas, apesar da inadequação da
distribuição de cargas do telhado, mostrando descumprimento da ABNT NBR
8545 (1984) (Figura 27 d);
Danos ao revestimento devido a ocorrência de EPU no tijolo cerâmico também
foram constatados. Algumas paredes mostram um grau avançado deste tipo de
patologia, evidenciado pelo esfarelamento da alvenaria (Figuras 27 e, f);
A tubulação hidráulica do banheiro adicionado à residência mostra-se não
embutida em parede de alvenaria, o que expõe a tubulação a ação de intempéries
e choques mecânicos que podem vir a danificar a mesma (Figura 27 f);
63
Forro de gesso foi adicionado pelo morador na residência. Alguns pontos do
forro mostram umidade e orifícios causados pela infiltração de águas pluviais,
evidenciando problemas de estanqueidade no telhado (Figura 27 g);
O banheiro da residência teve o piso e paredes revestidos com cerâmica (Figura
27 h);
As esquadrias dos quartos frontais da residência são de ferro e originais e
apresentam-se em bom estado de conservação (Figura 27 i).
Quadro 6 - Informações básicas e patológicas da residência 5
N° Local m² Padrão
5 Rendeiras (Cohab 3) 45,00 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria SIM
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas NÃO
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM
Figura 27: Memorial fotográfico residencia 5.
(a) Parte interna
(b) Parte interna
64
(c) Fissura nas aberturas por falta de verga
(d) Telhado subdimensionado e telhas com
eflorescência
(e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico
(f) Tubulação do banheiro adicionado pelo morador
/ revestimento danificado
65
(g) Forro em gesso danificado por infiltração de águas
pluviais
(h) Banheiro adicionado pelo morador
(i) Esquadria de ferro original
(j) Marca do banheiro original / piso cimentado
polido original
Fonte: Autor (2015)
66
Figura 28: Croqui da residência 5.
Fonte: Autor (2015)
4.2.6 Imóvel 6
A residência de número seis se encontra no bairro Rendeiras (Cohab 3) em Caruaru-PE
e pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma família que
adquiriu a residência no ano de 1988, logo após o término da construção da casa. A
construção original foi de responsabilidade de uma empresa contratada para construção de
várias casas populares para formação desse conjunto habitacional. A casa tem uma área
construída original de 45,5 m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que
agora possui quatro quartos, duas sala, três banheiro, uma cozinha, uma área de serviço e um
pavimento acima do pavimento térreo, como mostra o croqui da Figura 28, apenas do
pavimento térreo. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 7. Algumas
observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:
A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que
possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. O banheiro original
da residência foi demolido e os outros três foram construídos em outros locais. O
67
pavimento superior foi construído acima de uma área parcial do pavimento
térreo. A área construída inicial da residência era de 45,5 m² e agora é de
119,7 m² (Figura 28);
A residência não apresenta sistema estrutural original. Um sistema estrutural a
parte foi adicionado na área do pavimento superior adicionado. Alguns pilares
foram construídos para suporte de telhados adicionados em algumas áreas
(Figura 29 d). O restante da residência não apresenta elementos estruturais,
evidenciando desacordo com a ABNT NBR 6118 (2014);
O telhado foi totalmente trocado quando a casa foi reformada. O madeiramento
apresenta-se em ótimo estado de conservação. As telhas cerâmicas apresentam
eflorescência em baixa escala (Figura 29 d). A estrutura de madeira do telhado
apresenta irregularidades quanto a sua inclinação (Figura 29 i);
Umidade ascendente pôde ser verificada em paredes sem revestimento cerâmico,
mostrando os danos causados ao revestimento pela ocorrência de EPU no tijolo
cerâmico (Figura 29 d);
O proprietário da casa adicionou dois reservatórios inferiores de água e um
superior, para garantir o armazenamento da água fornecida pela companhia de
abastecimento, uma vez que este abastecimento não tem continuidade suficiente
para atendimento da demanda (Figura 29 e);
Forro de gesso foi adicionado a toda a residência pelo proprietário (Figura 29 f);
O piso de toda a residência e as paredes externas, da cozinha e do banheiro,
foram todos revestidos com cerâmica (Figuras 29 b, g);
As paredes de um dos quartos da residência apresenta umidade gerada pelo
vazamento dos reservatórios de água da residência vizinha. A foto da Figura 29 i
foi tirada três dias após a pintura das paredes do quarto.
68
Quadro 7 - Informações básicas e patológicas da residência 5
N° Local m² Padrão
6 Rendeiras (Cohab 3) 45,00 RP1Q
Patologia Ocorrência
Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM
Afundamento de piso NÃO
Trincas em paredes de alvenaria NÃO
Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM
Patologias das estruturas de madeira das cobertas NÃO
Ausência de elementos estruturais SIM
Construção abaixo da cota da rua NÃO
Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO
Patologias nas Instalações elétricas NÃO
EPU SIM
Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM
Figura 29: Memorial fotográfico residencia 6.
(a) Fachada
(b) Parte interna
69
(c) Telhado com eflorescência
(d) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico
(e) Reservatório de água inferior (cisterna)
(f) Forro de gesso adicionado pelo morador
(g) Banheiro adicionado pelo morador
70
(h) Parede com infiltração proveniente de vazamento do
reservatório da casa vizinha
(i) Telhas com disposição irregular
Fonte: Autor (2015)
Figura 30: Croqui da residência 6.
Fonte: Autor (2015)
71
5 Considerações Finais
Todas as residências foram devidamente inspecionadas sendo detectadas várias
anomalias endógenas (relacionadas a erros construtivos dos métodos utilizados na
construção). A maioria das anomalias encontradas se encaixa nesta classificação (endógenas),
observando-se apenas algumas poucas de natureza exógena, natural ou funcional (termos já
definidos no item 2.3).
Analisando os resultados das perícias, algumas considerações são feitas:
Todas as casas visitadas se enquadram no modelo RP1Q que, segundo a ABNT
NBR 12721 (2006), são compostas de um dormitório, sala, banheiro e cozinha e
possuem uma área real de 39,56 m². Estas residências são consideradas de padrão
popular e são geralmente adquiridas por proprietários de classe média baixa. Para
conseguir atingir os preços de vendas desejados, as empreiteiras responsáveis pela
construção das residências economizam no que podem para conseguir garantir o seu
lucro. Esta economia, na maioria das vezes, acarreta as imprudências nos métodos
construtivos e vem a gerar as patologias observadas e o consequente desconforto dos
moradores.
Dentre as causas das patologias endógenas, a mais grave e comum a todas as
residências periciadas, é a falta de elementos estruturais apropriados ao tipo de
construção, mostrando o não cumprimento de várias normas da ABNT, como a
ABNT NBR 6118 (2014) e a ABNT NBR 15575 (2013).
As residências periciadas possuem anos de construção distintos, como mostram os
quadros listados no item 4.2. Apesar disso, as patologias mostram-se muito
semelhantes em todas elas, consequentes das mesmas inadequações construtivas.
Isso mostra a acomodação dos métodos construtivos apresentados em Caruaru-PE e
região, uma vez que os mesmos erros cometidos em obras há mais de 20 anos atrás,
ainda são cometidos nos dias atuais.
Além da distinção de época, as empresas responsáveis pela construção das
residências dos bairros também são distintas, o que mostra mais uma vez os vícios
construtivos muito difundidos neste tipo de obra.
Um dos objetivos iniciais e principais deste trabalho pôde ser atingido: a difusão dos
métodos construtivos adequados para a construção de residências populares. Mostrando os
problemas e desconfortos gerados pelos erros construtivos e as soluções de engenharia,
72
inviáveis financeiramente, aplicáveis às patologias, ficou claro que a melhor maneira de evitar
a insatisfação e insegurança dos moradores seria extinguir os erros construtivos das
residências populares de Caruaru-PE e região.
Existe a possibilidade continuação deste trabalho, expandindo o campo de atuação em
perícias mais complexas, indo além do que foi tratado como objetivo de trabalho nesta
monografia, que tratou de residências de padrão RP1Q. Como exemplo, poderiam ser tratadas
edificações de classificação PP-B que, de acordo com a ABNT NBR 12721 (2006), trata-se de
prédios populares de padrão baixo. A amplitude das observações a serem feitas em
edificações desse porte seria mais abrangente do que no presente trabalho, uma vez que mais
métodos construtivos, patologias mais diversificadas e mais consideráveis, dentre outros
fatores, estariam inclusos.
73
Referências
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<http://pintandodetudo.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html>. Acessado em: 01 de
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- Blocos Cerâmicos - Partes 1 e 2. Rio de Janeiro, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961. Alvenaria Estrutural
- Blocos de Concreto - Partes 1 e 2. Rio de Janeiro, 2011..
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unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condominios
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serviços para construção de edifícios. Rio de Janeiro, 1992.
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Habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.
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engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996.
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de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
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74
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municipal-sede-apos-inundacao-recente/>. Acessado em: 01 de maio de 2014
76
Apêndice A
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Bairro Kenedy
N° 1
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: 34,5 m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
Não Não
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
2 1 1 1
Estado de Conservação
Excelente
Bom Ruim
X
Péssimo
Condições de Habitação Normal Ruim
X
Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura X Mofo e
Mancha
X Umidade
Ascendente
Vergas: Falta de verga Falta de contraverga
Revestimento: X Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
X Cupins Apodrecimento Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim
Janelas Metálicas: X Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa X Deve ser
trocada
Já trocada
Instalações
hidráulicas:
X Original, boa Deve ser trocada Já trocada
Instalações
sanitárias:
X Original, boa Deve ser trocada Já trocada
Observações:
77
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Cohab 1
N° 2
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: 34,5 m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
X X
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
Área de serviço / Garagem 3 2 1 2
Estado de Conservação
Excelente
X
Bom Ruim Péssimo
Condições de Habitação Normal
X
Ruim Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura X Mofo e
Mancha
X Umidade
Ascendente
Vergas: X Falta de verga X Falta de
contraverga
Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
Cupins X Apodrecimento Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim
Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
hidráulicas:
X Original, boa Deve ser trocada Já trocada
Instalações
sanitárias:
X Original, boa Deve ser trocada Já trocada
Observações:
78
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Cohab 1
N° 3
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: 34,5 m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
X X
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
Garagem 3 3 1 3
Estado de Conservação
Excelente
X
Bom Ruim Péssimo
Condições de Habitação Normal
X
Ruim Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura X Mofo e
Mancha
X Umidade
Ascendente
Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga
Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento X Já removidas Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
X Cupins Apodrecimento Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim
Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
hidráulicas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
sanitárias:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Observações:
79
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Residencial Baraúnas
N° 4
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: 49 m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
X X
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
Área de Serviço / Garagem 2 1 1 2
Estado de Conservação
Excelente
Bom
X
Ruim Péssimo
Condições de Habitação Normal
X
Ruim Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura Mofo e Mancha X Umidade
Ascendente
Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga
Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
Cupins Apodrecimento Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim
Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
hidráulicas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
sanitárias:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Observações:
Não tem estrutura de telhado.
80
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Cohab 3
N° 5
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
X X
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
Área de Serviço 3 1 1 1
Estado de Conservação
Excelente
Bom Ruim
X
Péssimo
Condições de Habitação Normal Ruim
X
Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura X Mofo e
Mancha
X Umidade
Ascendente
Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga
Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento Já removidas X Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
Cupins Apodrecimento X Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento X Ferragem
ruim
Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
hidráulicas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
sanitárias:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Observações:
81
Ficha de Vistoria Pericial
Local: Cohab 3
N° 6
1 – Descrição do Imóvel
Área Construída Original: m²
Reformas
Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura
Cômodos Atuais
Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:
Área de Serviço 4 2 1 3
Estado de Conservação
Excelente
X
Bom Ruim Péssimo
Condições de Habitação Normal
X
Ruim Sob Risco
2 – Descrição dos danos detectados
Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura
Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem
Alvenaria: Rachadura Mofo e Mancha X Umidade
Ascendente
Vergas: Falta de verga Falta de contraverga
Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco
Telhas: Abaulamento X Já removidas Goteiras Porosas
Estrutura do
telhado:
Cupins Apodrecimento Umidade
Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento
Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim
Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim
Instalações
Elétricas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
hidráulicas:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Instalações
sanitárias:
Original, boa Deve ser trocada X Já trocada
Observações: