Post on 09-Nov-2018
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Feiticeira Ou
Um Anjo Chamado Efigênia
Natal Mônico 1
Na Fazenda Serra da Boa Esperança
Gente Maldita! Miseráveis! Mil vezes
malditos! Negros ordinários! Toda noite é esse batuque e
essa cantoria de mandingueiros, mas desta noite não passa
deixa aquele palerma do Juca chegar que eles vão ver só uma
coisa, mando acabar com essa batucada a chibatadas.
Acalme-se, meu velho, o que é que está
acontecendo com você? Não consigo me concentrar em
minhas orações com você resmungando e andando de lá para
cá como se tivesse formigas pelo corpo.
São esses tambores, Rosa Maria. Esse
batuque me põe nervoso. Até parece que esses negros não
sentem sono, eu vou lá acabar com isso.
Não vai não, Gervásio, deixa os negros
se divertirem, afinal, tudo o que eles têm na vida são esses
tambores. Acho mesmo que o que os mantém vivos são essas
poucas horas que eles têm para relembrar e cultuar o país
que ficou do outro lado do oceano. A lembrança daqueles
que não se deixaram aprisionar, a esperança de um dia voltar
a vê-los, suas tradições, suas crenças, o coração dessa gente
bate mais forte nessas poucas horas. Mesmo que lhes
déssemos melhores condições de vida eles jamais
esqueceriam suas origens. Mesmo que para nós pareçam
bichos do mato não podemos negar que são seres humanos
como nós.
Natal Monico 2
Que besteira é essa, Rosa Maria? Isso
não é gente, é bicho do mato como você acabou de falar.
Essa negrada não tem alma, portanto, não são gente como
nós. Eu vou lá agora mesmo.
Espera Gervásio, deixe que eu vá, eu me
entendo melhor com eles. Conheço-os todos.
Você está louca, aonde já se viu uma
mulher sair para o terreiro numa hora desta? Fique quieta aí
e vê se dorme de uma vez.
Gervásio, eu conheço esses negros há
muitos anos, eles me respeitam muito e jamais fariam
alguma coisa contra minha pessoa. Acho que quem está
ficando louco é você, isso na verdade quem deveria resolver
seria o capataz. Para que se indispor com os escravos sem a
menor necessidade?
Aquele molenga do Juca ainda não
regressou da vila, pelo jeito só vai aparecer por aqui amanhã
cedo. Esse é outro que qualquer dia vai se ver comigo.
Meu Deus! Você está cheio de ódio!
Até parece que tem alguma coisa atiçando-o, isso só pode ser
coisa do tinhoso.
Tinhoso coisa nenhuma, mulher. São
esses tambores e essa cantoria que estão me deixando louco,
mas eu vou lá acabar com isso agora mesmo.
Eu lhe peço pelo amor de Deus,
Gervásio, deixe os negros se divertirem em paz. Você não
percebe que quando eles estão alegres trabalham melhor?
Tudo o que eles querem é um prato de comida, um pouco de
aguardente, e essa dança em volta da fogueira uma vez que
não podem voltar às suas origens.
Eu já tinha proibido essa droga de
aguardente entre eles, você é que vem com essas tolices de
fazer um agrado para essa negrada. De amanhã em diante
Natal Monico 3
não quero mais saber dessa sua bondade. Toda noite é essa zoeira, só pode ser por causa dessa maldita bebida.
Você está exagerando, homem, pela
quantidade de negros que temos o que é destinado a eles não
dá nem dois dedos para cada um. Você sabe muito bem que
um negro desses é capaz de beber uma cuia cheia e não se
embriagar.
Chega Rosa Maria, não adianta ficar
pondo pano quente. Ou eu acabo com isso de uma vez ou
não me chamo Gervásio. Afinal, eu sou ou não sou o dono
dessa negrada?
É claro que é, homem, porém, não se
esqueça que muitos desses negros já estavam aqui quando
nos casamos, eles pertenciam ao meu pai. Você não pode ter
esquecido quando papai já no leito de morte expressou
claramente o desejo de que, os negros, ficassem sob a minha
tutela. Ele sabia que eu nunca aprovara aquela situação, eu
chorava muito ao ver minha mãe chorando quando um negro
era esfolado a chibatadas. Foi por nossa interferência que o
pelourinho foi abolido desta fazenda, até mesmo os castigos
tornaram-se mais brandos. Minha mãe e eu sempre tivemos
consciência de que os negros também têm alma, e que têm os
mesmos sentimentos. Eles são gente como nós, sentem as
mesmas dores, as mesmas tristezas, as mesmas alegrias
exatamente como nós. Portanto, são seres iguais a gente, a
diferença está somente na cor da pele porque vieram de um
continente predominantemente de raça negra. Alguns anos
depois que nos casamos você assumiu a direção da fazenda
por vontade de papai, ele já não apresentava mais condições
em virtude da saúde bastante abalada. Logo depois ele
faleceu e foi juntar-se a mamãe que havia partido oito meses
antes. Por isso, meu querido, quem vai resolver essa situação
sou eu, não insista, por favor.
Natal Monico 4
Eu acho que você está se esquecendo de
uma coisa, senhora Rosa Maria! Eu já adquiri alguns
escravos depois que seu pai se foi, portanto, eu também
tenho direitos, você não acha?
Não, não acho e eu vou dizer mais uma
vez, quando meu pai disse que os escravos ficariam sob
minha tutela, ele estava falando de todos os negros, dos que
já nos pertenciam e daqueles que no futuro viessem a nos
pertencer. Ele foi bem claro e você concordou, já chega o
que você os obriga a trabalhar. Da disciplina e do bem estar
deles cuido eu, Senhor Gervásio!
Eu não acredito que estamos brigando
por causa de escravos.
Nós não estamos brigando, Gervásio,
estamos somente discutindo o que cabe a cada um de nós.
Está bem, mulher, vá lá e dê logo um
jeito nisso porque esse batuque está martelando aqui dentro
da minha cabeça.
Nascida e criada na fazenda, Rosa Maria,
não tinha “medos”. Desde menina atravessava o jardim que
rodeava a casa grande e ia distrair-se junto aos escravos que
batucavam, cantavam e dançavam em torno de uma fogueira
sempre sob as vistas atentas do capataz. Naquela noite não
foi diferente. Apesar da escuridão de uma noite sem luar ela
atravessou o jardim e foi ter com os negros que, naquela
noite, eram vigiados por Tobias, um fiel auxiliar da fazenda.
Os escravos que há algum tempo não eram visitados pela
“sinhazinha” logo fizeram silêncio e a um gesto seu todos se
sentaram no chão de terra batida.
Eu não queria estragar a diversão de
vocês, mas acontece que o patrão não está muito bem esta
noite. Ele está precisando de repouso, porém, não consegue
por causa do barulho que chega lá dentro da casa. Quero
Natal Monico 5
dizer também que a partir de amanhã vocês terão que se
divertir lá na barranca do ribeirão. Meu marido vai escolher
meia dúzia de homens que irão com o capataz procurar um
bom lugar, aonde então poderão fazer suas reuniões sem
perturbar o sossego do patrão. Por hoje eu quero que vocês
parem com o batuque, todavia, podem continuar em volta da
fogueira conversando até a hora de se recolherem.
De volta para casa a fazendeira ia
matutando como convencer Gervásio a consentir que os
negros fossem se reunir lá na barranca do ribeirão, tão
distante da casa grande. Ao passar em frente ao casebre do
negro Simão a idéia veio de estalo. – É isso mesmo, ele será
a solução. – Pensou ela. – Simão passava dos oitenta anos,
era o mais velho dos escravos, o mais respeitado e também,
o mais querido. Nenhum negro saía para o trabalho sem
antes passar pelo casebre e pedir a bênção do velho Simão.
Ele era o pai, era o conselheiro, o curandeiro e era também, o
mandingueiro que, só trabalhava para fazer o bem. Sempre
apoiado numa velha bengala feita de alecrim do mato, e um
cachimbo de barro no canto da boca já bastante usado e
queimado, mas, quase sempre apagado. Apesar de ser ainda
bastante forte e de boa aparência estava aposentado por
ordem de Rosa Maria.
Puxa! Ainda bem, eu já estava a ponto
de estourar. Como foi a sua conversa com aquela negrada,
Rosa Maria?
Gostaria que você não falasse assim.
Assim como, mulher?
Nesse tom pejorativo. Por que não
perguntar assim: Como foi a conversa com os negros?
Está bem, Rosa Maria! Como foi a
conversa com os negros?
Está vendo como ficou melhor? E não
doeu nada, doeu, Gervásio?
Natal Monico 6
Deixa de conversa fiada, mulher, diz
logo como foi essa conversa.
Prometi para eles que a partir de
amanhã irão se reunir em outro lugar.
Em outro lugar? E por acaso existe
outro lugar? Eles têm que ficar ali mesmo em frente à
senzala para que possam ser vigiados. Não inventa, Rosa
Maria, que lugar é esse?
Fica bem distante da casa, é lá na
barranca do ribeirão.
Eu estou começando a achar que você
enlouqueceu. Será que você não percebe a besteira que está
dizendo? Acho que você está querendo que eles fujam isso é
o mesmo que abrir a porteira. Que idéia, Rosa Maria! Está
querendo nos levar à ruína?
Não, homem, preste atenção, o velho
Simão será a nossa garantia. Se alguém fugir quem vai pagar
o pato é o Simão, quem vai querer ver o velho sofrer?
Sabendo disso garanto que um vai vigiar o outro e assim não
haverá fuga. Eles também estão avisados que se alguém
tentar fugir terão que voltar a se reunir aí no terreiro, e não
mais todas as noites, mas somente aos sábados. Com certeza
essa seria uma punição que eles não gostariam de receber,
sem contar que o negro fujão teria poucas possibilidades de
ir muito longe.
Rosa Maria, eu cheguei a pensar que
você tinha perdido o juízo, no entanto, estou vendo que você
pensou em tudo. Vamos ver se isso vai dar certo.
Eu tenho certeza que vai dar certo,
Gervásio. Amanhã cedo quando o capataz reuni-los para a
distribuição das tarefas você explica melhor o que vai ser
feito, e como serão controlados. O importante é que eles
tenham sempre em mente que, o destino do velho Simão
dependerá somente deles. Deixe o Juca escolher meia dúzia
Natal Monico 7
de homens para prepararem o local aonde deverão se reunir
daqui para frente.
Rosa Maria, você acha mesmo que eu
acreditei que você iria permitir que eu mandasse castigar o
negro Simão? Com esse coração mole que você tem, ah! Eu
duvido muito.
Você tem razão, homem. Não quero
nem pensar nessa possibilidade, mas os negros não precisam
saber disso. Passe a ordem com energia, na dúvida eles irão
pensar muito antes de tentar qualquer besteira.
Sabe de uma coisa, mulher, a negra
Benedita também pode ser um bom trunfo para nós. A velha
é rezadeira, é parteira e é também, conselheira. Ela é uma
figura muito importante na vida deles, principalmente para
as escravas, ninguém iria querer ver a velha Benedita receber
maus tratos. Acho que isso os amarrará uns aos outros e com
certeza impedirá que façam alguma bobagem.
Está vendo, homem, é assim que se
resolvem as coisas. Garanto que nunca mais você vai usar
essa maldita chibata. Ah! Deus permita!
Mesmo assim preciso tomar algumas
precauções. Dentre os homens vou mandar o negro Tobias,
ele é forte, valente e bastante confiável. Ele chefiará o grupo
na ausência do Juca.
Está bem, Gervásio, agora vê se você
dorme e me deixa dormir também. Vê se reza um pouco para
clarear as idéias. Por falar em rezar eu acho que o padre José
vai aparecer aqui por estes dias.
Esse, minha querida, não falha nunca.
Uma vez por mês ele aparece por aqui como quem não quer
nada, no entanto, acaba levando o que realmente veio buscar.
Você queria o que, homem? Se nós
podemos ajudar, por que não fazê-lo? A igreja não fabrica
dinheiro nem alimentos. Por falar nisso quero que desta vez
Natal Monico 8
você dê uma boa ajuda, porque aquela igreja está caindo de
velha, qualquer dia desaba em nossas cabeças.
Está bem, está bem, Rosa Maria, agora
vê se dorme amanhã a gente vê isso.
É, meu velho, eu sei no que você está
pensando. Não consegue esquecer aquele episódio quando
papai faleceu, não é?
E como poderia? Depois de tudo que
seu pai fez pela igreja e por que não dizer, pelo padre
também? Eu pensava que pelo menos na hora da morte
tivéssemos um pouco mais de consideração.
Sabe de uma coisa, Gervásio, eu nem
me lembro direito como foi essa história.
Você pode não se lembrar, no entanto,
eu jamais vou esquecer. Seu pai estava nas últimas, mandei o
Tobias às pressas buscá-lo para dar a extrema-unção, mas o
miserável do padre só me apareceu aqui muitas horas depois
quando não adiantava mais nada. O Tobias me contou que o
encontrou dormindo, e que foi muito difícil fazê-lo acordar.
Com certeza devia estar bêbado, pois exalava forte cheiro de
vinho. Está certo que depois ele acompanhou o finado seu
pai até o cemitério, quando então encomendou sua alma.
Disso eu me lembro, o homem estava
com uma cara de quem devia ter tomado uma tremenda
carraspana. Continua, por favor, Gervásio.
Depois do enterro eu perguntei quanto
deveria pagar pelos seus serviços, mas eu imaginei que o
sacana não iria nos cobrar nada, uma vez que seu pai sempre
ajudou muito a igreja. Foi então que ele me disse: – Calma
homem, depois da missa de sétimo dia nós falaremos sobre
isso agora não é hora.
No sétimo dia após a missa fui ao
encontro do padre e novamente indaguei pelo preço a pagar.
Sem titubear ele respondeu: – Duzentos e cinquenta mil réis.
Natal Monico 9
– Eu achei que ele estivesse brincando, por isso, também
falei em tom de brincadeira: – Deixa de ser ladrão, padre
José. – Ele me olhou com uma cara espantada e disse sem
pestanejar: – Qual é o filho da puta que é tirado da cama e
passa uma noite inteira num velório, que acompanha o corpo
até o cemitério, recomenda a alma ao Senhor, e depois reza
uma missa bonita como a de hoje por uma mixaria de
duzentos e cinqüenta mil réis? Está barato, Gervásio, está
muito barato.
Eu paguei aquele padre de merda, no
entanto, nunca mais vou me esquecer disso. Hoje eu ajudo a
igreja para satisfazer a sua vontade, e porque sei que seria a
de seu pai também. Agora chega de conversa, apague esse
candeeiro e dorme de uma vez.
Alguns dias depois como sempre fazia
Rosa Maria dirigiu-se à cozinha para apressar o desjejum
que, àquela hora deveria estar quase pronto. Ao penetrar no
recinto viu-se diante de uma cena chocante. Ordália, a negra
destinada aos trabalhos domésticos contorcia-se em dores
caída no chão. A patroa muito assustada não sabia o que
fazer, mesmo assim ela correu para fora e gritou para que
alguém viesse socorrer. Um negro forte e ligeiro entrou
correndo, e sem perder tempo pegou Ordália no colo e a
levou para o casebre da negra Benedita. Simão também foi
chamado para ajudar nas preces enquanto a velha tentava
reanimar a negra. Mas de nada adiantou benzer e nem rezar,
pouco depois a escrava desencarnou levando consigo o
mistério de sua morte.
No velório podia-se notar uma profunda
tristeza entre os negros. Ordália era pessoa muito querida por
todos eles, era ela quem conseguia com a sinhazinha um
bom reforço na alimentação deles. Ela era uma escrava
muito animada e que se orgulhava em dizer que, nunca
homem nenhum tinha lhe botado a mão. Morria aos quarenta
Natal Monico 10
anos sem ter conhecido o pai, e da mãe a separaram quando
tinha somente doze anos. Nunca mais soube dela.
*
Pela hora do almoço a charrete que trazia o
padre José parou em frente à casa grande. No rosto molhado
de suor podia-se perceber que a viagem havia sido cansativa,
uma vez que o caminho era poeirento e cheio de buracos.
Assim que apeou um garoto de uns doze anos correu ao seu
encontro para ajudá-lo com a valise.
Bum dia seu padri, u sinhô veio rezá
pela arma da Ordáia?
Rezar pela alma de quem, negrinho?
Pela Ordáia, a qui era a cunzinheira da
sinhazinha Rosa.
Deixa de conversa mole, negrinho, leva
logo essa valise lá para dentro.
Us negru avéra di gostá si u santu padri
incumendassi u isprítu dela.
Só me faltava mais essa agora, rezar por
uma escrava. Some daqui moleque!
Bom dia, senhora Rosa Maria, como
tem passado? Como andam as coisas por aqui?
Bom dia, padre José, estava tudo bem,
mas hoje pela manhã aconteceu uma coisa que me deixou
muito chateada.
Não diga minha filha, mas o que foi que
aconteceu para deixá-la chateada?
Ordália a nossa cozinheira morreu. Eu a
encontrei caída no chão da cozinha se contorcendo e
gemendo muito, logo depois ela faleceu.
Natal Monico 11
São coisas da vida, minha filha, quem
nasce um dia tem que morrer, é assim mesmo.
Foi bom o senhor ter vindo hoje, padre
José, eu gostaria que o senhor encomendasse a alma dela.
Que besteira, dona Rosa Maria! Deixe
que os negros façam isso. Eles têm lá as suas crenças, as suas
próprias orações. Para que se preocupar com isso agora?
Padre José, o senhor ouviu bem o que a
minha mulher acabou de pedir?
Gervásio, meu amigo, eu nem percebi
você entrar.
Mas eu ouvi o que o senhor disse. Eu
vou repetir o que minha mulher pediu. Ela quer que o senhor
recomende a alma da negra Ordália e se é vontade dela, é a
minha também.
Amigo Gervásio, eu tenho certeza que
isso nunca foi feito antes.
Pois então que seja agora, para tudo na
vida sempre haverá de ter uma primeira vez.
Gervásio, meu amigo, o que é que os
outros fazendeiros irão dizer quando souberem disso?
Não sei e não estou interessado, padre
José. Na minha casa mando eu, o que eles fazem nas terras
deles não me interessa.
Ouça-me, Gervásio, eles já não olham
vocês com bons olhos desde que souberam que esta fazenda
aboliu o pelourinho, eles esperavam que o mesmo fosse
restabelecido depois da morte do senhor Augusto. Acontece
que além de não recolocar o tronco no lugar como era
esperado por eles você ainda ignorou as ameaças, e agora
quer rezar pela alma de um escravo? Você está cutucando a
onça com vara curta, esses homens são poderosos e
vingativos. Você tem ciência que os negros sabem muito