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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI
CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA
ELINE DA SILVA NUNES MATOS
A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO AOS FAMILIARES DE
PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS
TERESINA – PI
2017
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ELINE DA SILVA NUNES MATOS
A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÒGICO AOS FAMILIARES DE
PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS
Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Aurelina M. de Oliveira.
TERESINA – PI
2017
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ELINE DA SILVA NUNES MATOS
A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÒGICO AOS FAMILIARES DE
PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS
Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.
Aprovada em: _____ / _____ / 2017.
BANCA DE EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Aurelina Machado de Oliveira Orientadora
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
____________________________________________________________
Prof.ª Esp. Cristiane Francisca Ferreira Matos 1ª Examinadora
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
____________________________________________________________
Prof.ª Me. Karine Cardozo Rodrigues Machado 2ª Examinadora
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
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Dedico este trabalho aos meus pais Raimundo Cardoso e Maria de Jesus, as minhas irmãs Jaqueline, Aline e Andréia, aos meus pequeninos João Lucas e Heitor e em especial ao meu afilhado amado Pedro Lucas.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado à força necessária para
superar os obstáculos e concluir o curso.
Agradeço a minha família por acreditar em mim e me tornarem fonte de suas
esperanças. Chego até aqui com a alegria da missão e o dever cumprido. Essa
vitória é nossa!
Ao meu esposo André Matos, pela compressão nos momentos de ausência,
ao qual tive que me dedicar inteiramente ao curso, pelo carinho e paciência que
sempre teve comigo.
Aos meus professores que foram a minha fonte de inspiração, em especial a
professora Cristiane Matos por nos mostrar que sempre somos mais capazes do que
imaginamos, procurando extrair o máximo de nós, a professora Karine por ser
sempre tão doce e compreensiva e a minha orientadora Maria Aurelina, por todos os
conhecimentos repassados e por me ajudar na conclusão deste trabalho. Obrigada
pelo incentivo!
Agradeço com todo amor, as minhas amigas e companheiras de vida: Déa,
Josi, Thas e Tia Adriana, por todos os nossos momentos compartilhados e pela
força que sempre me deram, sem vocês essa caminhada teria sido muito mais
pesada, com certeza.
E em especial, agradeço aos meus colegas de classe, por todas as
experiências compartilhadas, pela força e pelas lutas durante esses cinco anos de
curso. A todos o meu muito obrigada!
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Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente.
Não aceite verdade eterna. Experimente.
(B. F. Skinner)
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RESUMO
Revisão sistemática, cujo objetivo foi realizar um levantamento sobre as estratégias e/ou técnicas de intervenções utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados paliativos. Realizaram-se buscas eletrônicas por artigos científicos nos bancos de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da saúde (LILACS), Medical Literature Analysiand Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Library Online (SCIELO) e no Periódico Eletrônico em Psicologia (PEPSIC). Os descritores utilizados foram: cuidados paliativos, família, psicologia, cuidador familiar, e psicólogo, em publicações divulgadas entre 2000 e 2017. Foram utilizados somente artigos disponíveis em língua portuguesa e que contemplaram o tema do trabalho, sendo excluídos aqueles que não se enquadraram nos objetivos da pesquisa e cujo texto não estava completo. A seleção dos artigos se fez inicialmente através da leitura do título e do resumo. Assim foram validados aqueles artigos considerados adequados e excluídos os repetidos entre as diferentes bases de dados pesquisadas ou que não retratavam, especificamente o tema do estudo. A amostra final foi constituída por 15 artigos. Os resultados apresentados corresponderam a dados cientométricos, metodológicas e categorias temáticas. De forma geral, os artigos eram em português, predominaram artigos publicados no PEPSIC, onde a maioria das pesquisas se caracterizava como bibliográfica. As categorias temáticas mostram que a atuação do psicólogo com os familiares de pacientes terminais se dá na forma de acolhimento através de escuta, onde o psicólogo tem o papel de mediador entre paciente, família e equipe de saúde, desempenhando um importante papel de comunicação entre eles. Além de ajudar a aliviar o sofrimento desta família no que tange a aceitação da doença e o luto pelo qual ela vai ter que passar, justificando assim a relevância dessa pesquisa e considerando esse estudo de suma importância para pesquisas futuras.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Família. Psicologia. Cuidador Familiar. Psicólogo.
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ABSTRACT
Systematic review, whose objective was to carry out a survey on the strategies and / or techniques of interventions used by the psychologist with the families of patients in palliative care. Electronic searches were carried out for scientific articles in the databases: Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature Analysiand Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Library Online (SCIELO) and the Electronic Periodical in Psychology (PEPSIC). The descriptors used were: palliative care, family, psychology, family caregiver, and psychologist, in publications published between 2000 and 2017. Only articles available in Portuguese language were used, which included the subject of the study, excluding those that did not fit objectives of the research and whose text was not complete. The selection of articles was done initially by reading the title and abstract. Thus, those articles considered appropriate and excluded were those validated between the different databases researched or that did not portray, specifically the theme of the study. The final sample consisted of 15 articles. The results presented corresponded to scientometric, methodological and thematic categories. In general, the articles were in Portuguese, articles published in Pepsic predominated, where most of the research was characterized as bibliographic. The thematic categories show that the performance of the psychologist with the relatives of terminal patients occurs in the form of reception through listening, where the psychologist has the role of mediator between patient, family and health team, playing an important role of communication between them. In addition to helping to alleviate the suffering of this family regarding the acceptance of the disease and the mourning it will have to go through, thus justifying the relevance of this research and considering this study of utmost importance for future research. Keywords: Palliative Care. Family. Psychology.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………… 9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA …………………………………………….. 11 2.1 FAMÍLIA ………………………………………………………………………... 11 2.1.1 Conceito de família e sua evolução ...................................................... 11 2.1.2 Família e adoecimento ........................................................................... 14 2.2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ....................................................... 16 2.2.1 Contexto histórico .................................................................................. 16 2.2.2 Humanização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) .......................... 18 2.3 CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................... 20 2.3.1 Considerações iniciais sobre cuidados paliativos .............................. 20 2.3.2 O papel do psicólogo na equipe multiprofissional em cuidados
Paliativos .................................................................................................
24 2.4 O PSICOLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR ..................................... 26 2.4.1 Áreas de atuação do psicólogo em hospital geral .............................. 26 2.4.2 Possibilidades de intervenção do psicólogo com familiares ............. 27
3 MÉTODO .................................................................................................. 30 3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............................................. 30 3.2 BASES DE DADOS .................................................................................. 30 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS ...................................... 31 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS ..................................... 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 33 4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS .................................................................... 33 4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS ..................................................................... 38 4.2.1 As técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes
em cuidados paliativos ..........................................................................
38 4.2.2 Como o psicólogo atua com famílias de pacientes em cuidados
paliativos .................................................................................................
40 4.2.3 A atuação do psicólogo com os familiares no que tange a situação
de luto de pacientes em cuidados paliativos .......................................
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 46
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 48
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1 INTRODUÇÃO
Entende-se como família a unidade social de proximidade ligada a pessoas
através do amor, podendo ou não ter laços legais de consanguinidade. Acreditando
que o paciente é um seguimento da família e que essa tem um papel de suma
importância na recuperação do paciente, é fundamental atender as necessidades
dos familiares, para que estes possam ajudar no que diz respeito às necessidades
do doente (SOUZA, 2010).
O paciente em cuidados paliativos passa por questões internas relacionadas
à doença e à morte. Argerami–Camon (2002) lembra que o paciente terminal vive
um momento do qual seu familiar também faz parte e essa participação irá interferir
na aceitação ou rejeição do paciente frente ao tratamento. Por isso, a família é tão
importante nesse contexto, necessitando também de apoio psicológico.
O objetivo do psicólogo hospitalar é trabalhar com o paciente, com a família
e com a própria equipe de saúde. No entanto, a família está do lado de fora da UTI,
mesmo assim, ela sofre com a internação do paciente, sente-se angustiada, perdida,
impotente e desorientada pela doença, permanece aflita esperando noticias do
paciente. A família, portanto, necessita ser tratada, uma vez que ela costuma
adoecer nesse processo. E em cuidados paliativos, mais do que tratar de uma
doença, trata-se da pessoa. (HENNEZEL, 2004).
Souza (2010) afirma que quando um familiar é hospitalizado instala-se uma
crise, podendo precipitar uma desestruturação familiar. É preciso conscientizar a
família da real situação do paciente e da importância do seu tratamento. O familiar
deve ser visto como paciente secundário, pois ele passa por diversos
questionamentos pessoais desde a aceitação da doença, o tratamento ou a
hospitalização em UTI do seu familiar.
Os familiares possuem necessidades específicas e com o desenvolver da
nova situação apresentam elevados níveis de estresse, distúrbios de humor e
ansiedade, que se inicia desde a internação do paciente e pode persistir até após a
morte de seu ente querido. Quando um componente do grupo familiar adoece,
ocorre uma desestruturação do desenho familiar, pois cada membro dessa família
terá que se reorganizar para atender a nova realidade dessa família. (SOARES,
2007).
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O objetivo da pesquisa foi realizar um levantamento sobre as estratégias
e/ou técnicas de intervenções utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes
em cuidados paliativos.
Acerca dos objetivos específicos procurou-se ao longo dessa pesquisa listar
as técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados
paliativos; verificar como o profissional de psicologia atua com famílias de pacientes
em cuidados paliativos, em relação ao processo de adoecimento dos seus
familiares; elencar aspectos relacionados à atuação do psicólogo com os familiares
no que tange a situação de luto de pacientes em cuidados paliativos; especificar os
dados cientométricos, e temáticos referentes às publicações encontradas.
Para obter-se o conhecimento necessário ao desenvolvimento do estudo foi
realizada uma revisão sistemática, que se refere ao processo de reunião, avaliação
crítica e sintética dos resultados de múltiplos estudos, (COSTA; ZOLTOWSKY,
2014), através de buscas em periódicos científicos selecionados por critérios de
inclusão e exclusão delimitados.
Dessa forma o presente estudo foi estruturado em capítulos, no qual o
primeiro tratou-se sobre família, suas modificações e o adoecimento familiar. O
segundo capítulo contemplou sobre cuidados paliativos com suas considerações
iniciais, o papel do psicólogo nesse contexto enfocando a relação paciente e família.
Adiante o terceiro capítulo abordou sobre a Unidade de Terapia Intensiva com seu
contexto histórico e a interação entre a família de pacientes em UTI e o psicólogo, o
quarto capítulo contempla o psicólogo no contexto hospitalar, trabalho geral do
psicólogo hospitalar e possibilidades de intervenção do psicólogo com familiares.
O quinto capítulo trata do método, ou seja, como se deu as buscas
relacionadas à pesquisa. O sexto se refere aos resultados e discussão acerca dos
artigos encontrados. Por fim, o último capítulo contempla as considerações
referentes à todo o trabalho.
Embora o foco do atendimento seja o paciente, é preciso também acolher os
familiares angustiados, pois para muitas famílias o fato de ter um ente querido em
UTI, remete a eminência da morte e associado a isto, o sentimento de medo e
angústia. Assim, para entender como os familiares se sentem frente ao adoecimento
e ao luto e quais estratégias de intervenções e técnicas são utilizadas pelo
psicólogo, fez-se necessário à realização desse estudo.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 FAMÍLIA 2.1.1 Conceito de família e sua evolução
A palavra família vem do latim fâmulus, cujo significado seria “escravo
doméstico”, ou seja, alguém que pertence ao senhor da casa. A denominação surgiu
na Roma Antiga e servia para fazer relação aos serviçais que trabalhavam na
agricultura perante regime de escravidão. A família greco-romana era formada
então, por seu senhor e seus fâmulus: esposa, filhos, servos livres e escravos
(PRADO, 1985).
Naquela época, o conceito de família referia-se a um grupo de pessoas que
se encontrava em permanente domínio do pai, que era caracterizado como pater
familiar, era visto como o “senhor e magistrado”, sendo completamente responsável
pelo grupo, pela casa, pela vida e morte de todos e pelos bens pertinentes a ele.
(PALMA, 2001).
A família na maior parte de sua história foi controlada e organizada na forma
patriarcal, ou seja, o pai mantinha todo o poder sobre a sua esposa, seus filhos,
seus netos e era o único responsável pelas finanças, todos da casa eram totalmente
submissos a ele. Com a morte do pai o poder era transferido ao primogênito ou a
outros homens pertencentes ao grupo familiar, nunca a esposa ou as filhas
assumiam a família, pois o poder era vedado à mulher. (PEREIRA, 2004).
Segundo Rodrigues (2004) a família vem a ser a pedra fundamental da
sociedade, pois ela é o pilar da organização social e por esse motivo tem uma
proteção especial do estado. Com o passar dos tempos esta sociedade familiar
sentiu necessidade de criar leis para se organizar e com isso surgiu o Direito de
Família, estabelecendo as relações familiares e tentando solucionar os conflitos
resultantes dela, sempre com o propósito de ajudar a manter a família na qual o
indivíduo possa existir como cidadão. (CORRÊA,1999).
O nosso código civil de 1916 prezava pelo casamento e tinha para si que
este era parte central do direito de família, pois o estado só viria a dar proteção às
famílias constituídas pelo casamento de vínculo indestrutível. As relações mantidas
fora do casamento seriam consideradas como adulterinas e os filhos gerados fora do
casamento seriam considerados ilegais, ou seja, seriam considerados ilegítimos. O
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filho adulterino somente poderia ser reconhecido se o pai assim quisesse e o fizesse
dentro do prazo. (RODRIGUES, 2004).
Ainda de acordo com Rodrigues (2004), com o passar dos anos a
Constituição Federal vigente aumentou a visão de família em relação aos
documentos anteriores, pois passou a reconhecer como entidade familiar tanto as
famílias constituídas pela união estável entre um homem e uma mulher, como as
constituídas fora do casamento, tendo também considerado como família, a família
monoparental, que é aquela constituída por um dos pais e seus filhos.
Ocorreram mudanças significativas na legislação brasileira e no direito da
família a partir da Constituição Federal de 1988, pois a mesma veio a reconhecer a
igualdade entre homens e mulheres, proibiu a descriminação entre os filhos
nascidos dentro do casamento, como os nascidos fora do mesmo, com isto anulou
vários artigos do código civil de 1916. Assim depois de todas estas mudanças veio o
novo código civil. Com todas essas mudanças o conceito de família tornou-se amplo
e difícil, uma vez que a família não se limita a uma instituição padrão como no
passado, aonde se tinha uma família clássica formada por pai, mãe e os filhos em
um casamento indestrutível. (GONÇALVES, 2008).
O objetivo da sociedade moderna é oferecer uma condição digna de vida, na
qual cada um possa realizar as diversas dimensões da sua personalidade,
abandonando as restrições impostas pela minoria, o pesar de autoridades externas
e ingressando na plenitude expressiva da própria subjetividade. (PETRINI;
CAVALCANTI, 2005).
A família ao longo do tempo foi se modificando. A família contemporânea
tem criado formas particulares de organização, não mais se limitando a família
nuclear composta por pai, mãe e os filhos, os casais se unem e se desunem por
diversas vezes, formam novas famílias onde passam a conviver ou não com os filhos
das relações passadas e das novas relações, não seguindo mais um padrão como
na família tradicional. (WAGNER, 2002).
Ainda de acordo com Wagner (2002) a família se organizava em torno da
figura do pai, fechada em sua intimidade e com um padrão de educação
determinado para os filhos. O homem tinha o poder econômico da família, enquanto
a mulher dedicava-se apenas aos afazeres domésticos. No entanto, tais
modificações na estrutura familiar têm gerado mudanças nos padrões de
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funcionamento entre os seus membros, levando a um processo de assimilação e de
construção de novos modos de relacionamento.
A família contemporânea caracteriza-se por uma grande variedade de forma
que documentam a inadequação dos diversos modelos da tradição. Os modelos de
comportamentos que regulamentavam as relações entre sexos e as relações de
parentescos foram abandonados, ainda que, em algumas regiões e nas classes
sociais menos escolarizadas, posam ser reconhecidas sobrevivências de valores e
de comportamentos passados. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).
As famílias monoparentais ou unilinear designam as unidades domésticas
em que as pessoas vivem sem cônjuge, com um ou mais filhos, ou seja, qualquer
pai ou mãe que conviva com um ou mais filhos, sem o cônjuge são consideradas
famílias monoparentais. (VITALE, 2002). Isso ocorre devido à viuvez, divórcio,
produção independente, adoção unilateral, entre outras.
Outro modelo de família se refere a quando um dos pais recasa, constituindo
assim uma nova família, são chamadas as famílias recasadas. Nesse caso muitos
recasamentos acabam ocorrendo de forma consensual, sem qualquer registro ou
procedimento legal. Féres-Carneiro (2003) afirma que muitos casais procuram
encontrar no recasamento a satisfação de expectativas anteriores ao primeiro
casamento, aumentando assim a expectativa de vidas das pessoas após o divórcio,
buscando relacionamentos mais felizes do que o anterior.
A forma como a família vem se modificando e se estruturando nos últimos
tempos, impossibilita identificá-la como um modelo único ou ideal, pois ela se
expressa em arranjos diversificados e peculiares. A composição pode variar em
uniões consensuais de parceiros separados ou divorciados; uniões de pessoas do
mesmo sexo; uniões de pessoas com filhos de outros casamentos; mães sozinhas
com os seus filhos; avós com os netos e uma infinidade de formas a serem
definidas. As novas configurações familiares estão cada vez mais presentes, porém
não podemos dizer que todas são socialmente aceitas (FERRES-CARNEIRO, 2003).
Para Scavone (2001), tais mudanças ocorridas nas últimas décadas
contribuíram não somente para uma nova configuração familiar, mas também para
uma mudança de papéis dentro de casa. Em 1943, segundo a Legislação Brasileira,
as mulheres casadas conseguiram o direito de trabalharem fora de casa sem a
autorização do marido. Neste contexto, a figura do pai, também se modificou,
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caracterizando-se atualmente como mais amoroso, afetivo e presente na vida dos
filhos, mas sem perder a autoridade.
O papel do pai ainda continua sendo muito importante na construção da
autonomia e da ousadia da criança. A diferença é que antes a autoridade paterna
era acompanhada de medo que as crianças sentiam frente a uma figura tão severa e
distante, no entanto hoje esse processo se dá de forma mais saudável, já que os
pais atuais não se fazem entender apenas no grito. (BURIESCO, 2011).
A perspectiva de realização pessoal pôs um fim à definição da mulher como
rainha do lar e abriu as portas das empresas ao trabalho feminino. Isto aumentou os
rendimentos domésticos e as possibilidades de consumo familiar e,
simultaneamente, reduziu a dedicação às tarefas domésticas e à educação dos
filhos. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).
O fato de a mulher estar mais introduzida no mercado de trabalho também
contribuiu para as novas organizações familiares, pois elas conseguem ter suas
vidas mais independentes, ajudando na criação dos seus filhos sem ter a
necessidade de serem casadas. A mulher atual busca o sucesso pessoal incluindo
em seus ideais de vida a realização profissional sem deixar de participar do sustento
da família. (WAGNER, 2002).
Apesar de todas as mudanças realizadas e de todos os arranjos familiares
existentes, a relação familiar continua sendo fonte de felicidade e de esperança.
Muito possivelmente não mais haverá um modelo de família dominante, ao qual se
reconheça um significado normativo, sempre haverá novas possibilidades e
escolhas inéditas. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).
A família apresenta um ciclo vital, ou seja, ela nasce, cresce, amadurece e
se reproduz em outras famílias, encerrando seu ciclo quando chegam à morte.
Quando um ente querido adoece pode ocasionar uma ruptura na dinâmica familiar, a
família sofre mudanças e tem que se adaptar a nova situação de acordo com a
necessidade de cada um, independente de como essa família esteja organizada.
2.1.2 Família e adoecimento
A descoberta de uma doença desencadeia sentimentos que pode variar, de
acordo com o grau de conhecimento que se tenha sobre essa doença, tanto na
pessoa doente como na sua família. Cada membro é importante e assume papéis
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diferentes dentro da família, os indivíduos podem formar subsistemas, ocasionado
pelo sexo, grau de importância e função, existindo diferentes níveis de poder.
(SILVA, 2000).
Em todas as culturas existe a distinção de papéis para gênero e idade dos
seus integrantes, desenhando de formas diversas, as diferentes formações
familiares. Cada família, no entanto, vai apresentar as suas particularidades, seus
valores e as características de seus membros. (FONSECA, 2005).
Na realidade, tanto homens quanto mulheres são responsáveis pela
qualidade de vida familiar, na modernidade, e mais do que uma definição ou uma
diferença rígida de papéis, o que marca os bons relacionamentos é a solidariedade e
a boa relação que existe entre eles. A estrutura familiar não necessita de uma
classificação para a execução de suas funções, mas ela deve ser democrática,
compreensiva e consensual. O respeito, o amor e a segurança necessários para a
satisfação e o crescimento humano são igualmente possíveis numa variedade de
arranjos familiares. (PETRINI; CAVALCANTE, 2005).
A família é um sistema, e como em todo sistema, na família existem regras,
estas funcionam a partir do comportamento, do modo de pensar, de perceber e
também de adoecer dos seus membros. Com o adoecimento surgem novas regras e
as novas condições desorganizam esse sistema. (YAMAMOTO, 2006).
Yamamoto (2006), afirma que quando se recebe a notícia do diagnóstico e
este se refere a uma doença crônica ou terminal, isso acaba envolvendo toda a
família, seja de forma direta ou indireta. Todos os membros passam a ter novos
papéis e adquirem novas funções e essas mudanças acabam mexendo na estrutura
psíquica das pessoas envolvidas que terminam por mudar em prol do outro.
Muitas vezes, o impacto da revelação do diagnóstico pode levar a um
choque, a família se sente paralisada diante de uma realidade dura e difícil de ser
aceita, podendo em alguns casos, desestruturar mais a família do que o próprio
paciente. Quanto mais emocionalmente significativo for esse sujeito para a família,
maior desestruturação familiar ocorrerá. (LUSTOSA, 2007).
Quando um ente querido adoece, toda a família passa por um processo de
adaptação, além da reorganização do arranjo familiar, a família se depara com mais
desafios, pois precisam escolher quem vai assistir o paciente durante a sua
permanência no hospital e essa escolha é sempre muito difícil. (SILVA, 2000).
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Tratando-se de um dos cônjuges, há ainda uma demanda maior, pois nesse
caso os filhos passam a ter responsabilidades, que na maioria das vezes, nunca
tiveram antes, como afazeres domésticos e questões financeiras (SILVA, 2002).
Nesse contexto não existe distinção entre o papel de homens e de mulheres, todos
se reúnem e se adequam às melhores condições possíveis para cada família.
No caso de internação nas Unidades de Terapia Intensiva, as UTI’s, as
visitas acontecem em horários determinados e limitados, pois não é possível a
permanência de um acompanhante no setor, devido a uma série de restrições que
se mantém nesse local. As famílias ficam privadas de cuidarem e darem atenção ao
seu doente e isso pode ocasionar uma possível crise na desestruturação emocional,
já que as famílias ficam impedidas estar o tempo todo próximas do doente
(LUSTOSA, 2007).
Como diz Simonetti (2011), na UTI tudo ocorre de forma intensa: o
tratamento, os riscos, as emoções, o trabalho e a esperança, logo é um lugar onde
se faz necessário criar canais de escoamento dessas intensidades, esses canais
são criados por meio da palavra falada. Assim, se faz necessário conhecer um
pouco mais sobre esse ambiente que apesar das condições favoráveis para o
doente, na maioria das vezes, a família vive situações que atuam como
desestabilizadoras para o equilíbrio psicológico. E por ser um dos ambientes que
geralmente é frequentado pelo paciente na condição de cuidados paliativos.
2.2 UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
2.2.1 Contexto histórico
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma estrutura hospitalar onde são
concentrados os recursos humanos e materiais necessários ao atendimento de
pacientes, cujo estado clínico exige cuidados constantes, especializados e
ininterruptos. Seu objetivo principal é restabelecer nesses doentes, o funcionamento
de um ou vários sistemas orgânicos, gravemente alterados, até que a patologia que
motivou a internação seja adequadamente compensada ou até os parâmetros
fisiológicos atingirem níveis aceitáveis. (DI BIAGI, 2002).
A necessidade do surgimento das UTI’s se deu no início do século XX,
quando inicialmente surgiram as “salas de recuperação”, para onde os pacientes
eram encaminhados após alguma neurocirurgia nos EUA. Aqui no Brasil sua
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implantação foi um pouco mais tarde, na década de 70, sendo o hospital Sírio
Libanês, no estado de São Paulo, o primeiro a implantar a UTI, com apenas 10 leitos
no início. (FARIA, 2015).
Com o avanço das novas técnicas de atendimento e tratamento aos
pacientes, que se encontrava em crise aguda, aqui no Brasil, houve necessidade de
criar um local, reservado e único, nos hospitais, destinados especialmente à
prestação de uma assistência constante, qualificada e humanizada, com vigilância
24 horas por dia, esse local foi denominado de UTI. (MOREIRA; CASTRO, 2006).
De acordo com Di Biagi (2002), o paciente que vai para a UTI precisa estar
dentro de alguns critérios como, por exemplo: baixa probabilidade de sobrevivência;
pacientes que podem se tornar gravemente enfermos a fim de prevenir graves
complicações ou preveni-las; pacientes que não sobreviveriam sem o tratamento
intensivo. No inicio as UTI’s eram reservadas a pacientes com infarto agudo, com o
passar do tempo também passaram a ser atendidos pacientes portadores de
insuficiência renal aguda, hemorragia digestiva alta, em estado de coma, estado de
choque e diversas outras situações igualmente graves. (OLIVEIRA, 2002).
As UTI’s se expandiram rapidamente, havendo necessidade de profissionais
qualificados e especializados, denominados de intensivistas, formando assim uma
equipe composta por diversos profissionais; médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, farmacêuticos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas,
psicólogos e assistentes sociais. (MARTINS; NASCIMENTO, 2005).
Segundo Knobel (2006), a UTI deve ser muito bem definida, desde o
planejamento da área, sua localização, número de leitos, tipos de unidade, posto de
enfermagem, sala de utensílios limpos e sujos, banheiro de pacientes, copa de
pacientes, sala de serviços gerais, sala de procedimentos especiais,
armazenamento de equipamentos, laboratórios, sala de reuniões, áreas destinadas
a funcionários, conforto médico, secretária administrativa, recepção da UTI, sala de
espera dos visitantes, rota de transporte de pacientes, entre outros.
As UTI’s são equipadas com aparelhos de alta tecnologia, que são capazes
de reproduzir as funções vitais do paciente, nela estão instalados desde ventiladores
mecânicos que agrega vários modos de assistência respiratórios, até bombas de
perfusão com o controle mais exato da dosagem dos medicamentos e de seus
diluentes. A criação das UTI’s foi um marco na história da medicina, já que
possibilitou o atendimento apropriado aos pacientes em estado grave, garantindo-
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lhes melhores condições no tratamento e uma maior probabilidade de recuperação,
obtendo uma redução significativa no número de óbitos. (PEREIRA, 1999).
A admissão de um paciente na UTI geralmente necessita de uma rápida
intervenção, já que o paciente apresenta alto risco de instabilidade de um ou mais
sistemas fisiológicos, com possíveis riscos à saúde, cuja vida pode encontrar-se no
limite com a morte. (GUIMARÃES, 2008).
O cuidado com o paciente que se encontra na UTI é único. A terapia
intensiva é voltada diretamente a este paciente e tudo o que se pode fazer para
amenizar o seu sofrimento será realizado de forma cuidadosa visando o bem-estar e
melhores condições de vida para ele. (SEBASTIANI, 2010). Dessa forma se faz
necessário uma vigilância cuidadosa a fim de que essa assistência seja realizada de
forma humanizada, diminuindo assim o sofrimento do paciente e dos seus familiares
durante sua permanência nesse ambiente.
2.2.2 Humanização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Na UTI tudo é intenso, diariamente são usadas palavras como: viver, morrer,
risco, medo, dor e esperança. É um local onde não se tem distinção entre o dia e a
noite, o paciente não tem noção do tempo. A internação em UTI pode causar um
desequilíbrio emocional tanto para o paciente como principalmente para a família,
que vivencia uma situação não planejada, a qual não pode controlar.
(COMASSETTO, 2006).
A internação de um ente querido em UTI é uma experiência bastante difícil
para a família, pois se instala o medo, a dor, a preocupação e a insegurança em
relação ao estado do paciente, devido à instabilidade emocional que os invade
nessa situação, pois se encontram sensivelmente abalados. (SILVA, 2000).
A UTI é repleta de tecnologias que são utilizadas diariamente pelos
profissionais que ali atuam e tem como foco principal a manutenção da vida do
paciente. Cada vez mais novas formas técnicas e aparatos são utilizados no
tratamento dos pacientes que ali se encontram internados. No entanto, o paciente
que está internado necessita de outros elementos que também são essenciais para
a manutenção da vida, elementos como uma boa comunicação entre a equipe e os
familiares e a empatia deve ser levada em conta quanto se pensa em trabalho
19
humanizado. São necessários que sejam eliminados os mitos da frieza e da
hostilidade que giram em torno das UTI’s. (COMASSETO, 2006).
Segundo Knobel (2006), humanizar é cuidar do paciente como um todo,
envolvendo também o contexto familiar e social do individuo, respeitando os seus
valores, esperanças, aspectos culturais e preocupações de cada um. Humanizar
também implica em estabelecer uma comunicação clara que ofereça segurança e
conforto aos familiares de pacientes internados na UTI.
A presença dos familiares e dos amigos diariamente na vida do paciente que
está internado na UTI é muito importante, pois a presença deles auxilia no desejo do
paciente se recuperar o mais breve possível. O apoio deles é indispensável nesse
momento difícil, principalmente porque a família é vista como aliada ao tratamento,
contribuindo para que o paciente se sinta protegido, seguro, amado e sendo
estimulado a lutar pela vida. (COMASSETTO, 2006).
É muito importante para o paciente, assim como para a sua família
compreender que a internação na UTI é uma etapa fundamental durante o processo
de adoecimento, devendo haver uma interação entre eles, pois a vivência de ambos
é caracterizada principalmente em ações diárias, em favor do bem-estar dos
envolvidos. A UTI é, sem dúvida, de suma importância para o avanço terapêutico, no
entanto impõe uma nova rotina ao paciente e seus familiares (COMASSETTO,
2006).
Quando a família entende a doença do paciente, o porquê dele estar na UTI,
à importância do cuidado para a melhora da doença e os agravos que podem
ocorrer, os familiares podem responder de forma positiva às mudanças causadas
pela internação, diminuindo os efeitos prejudiciais da doença, passando a colaborar
com o individuo doente, auxiliando-o nessa nova etapa. (PENA; DIOGO, 2005).
A humanização em UTI visa proporcionar melhorias na qualidade do serviço
e do atendimento prestado, oferecendo uma assistência de qualidade, onde o
paciente é atendido dentro das suas necessidades individuais.
Humanizar caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e paciência as palavras e os silêncios. O relacionamento e o contato direto fazem crescer, e é neste momento de troca, que humanizo, porque assim posso me reconhecer e me identificar como gente, como ser humano. (OLIVEIRA, 2001, p. 104).
20
Mezzomo (2001), afirma que um hospital humanizado é aquele onde a sua
estrutura física, tecnológica, humana e administrativa valoriza e respeita a pessoa,
colocando-se a serviço dela, garantindo-lhe um atendimento de alta qualidade, ou
seja, um dos maiores objetivos da humanização das UTI’s seja o de manter a
dignidade humana, respeitando os seus direitos e principalmente sua voz.
Em UTI os cuidados paliativos são imprescindíveis já que estes são
destinados a pacientes com diagnóstico de uma doença incurável e visa o alívio do
sofrimento. Os cuidados paliativos baseiam-se em conhecimentos inerentes às
diversas especialidades, ou seja, consiste na assistência promovida por uma equipe
multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, psiquiatras, nutricionistas,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos que objetivam a
prevenção e alivio do sofrimento do paciente em fase terminal e de seus familiares.
(FRANCO, 2008).
Na prática paliativa é importante a interatividade de todos os envolvidos no
processo, isto é, do paciente, de seus familiares e da equipe de saúde. Uma
abordagem ampla permite a inclusão dessa prática no sistema de saúde e na
sociedade.
2.3 CUIDADOS PALIATIVOS
2.3.1 Considerações iniciais sobre cuidados paliativos
A palavra paliativa é derivada do vocabulário latino pallium, que significa
manto, cobertor, expressando um propósito de proteção contra as intempéries do
caminho. Portanto, Cuidado Paliativo pode ser entendido como cuidado e proteção,
dentro de uma visão holística das várias dimensões do ser humano (FLORANI,
2008). Na fase final da vida, quando o processo de morte é irreversível, os Cuidados
Paliativos tornam-se imprescindíveis, pois demandam uma atenção específica e
contínua ao paciente e a sua família, ajudando-os a aliviar o sofrimento.
Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde- OMS, Cuidado
Paliativo é:
Uma assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação
21
impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (OMS, 2002, p. 25).
O cuidado paliativo não se baseia em protocolos, mas sim em princípios.
Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, baseando-se em conhecimentos inerentes
às diversas especialidades, possibilidade de intervenção clínica e terapêutica nas
diversas áreas de conhecimento da ciência médica e de conhecimentos específicos
(PESSINI, 2005).
Os princípios que regem a atuação da equipe multiprofissional de Cuidados
Paliativos são: promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis; afirmar a
vida e considerar a morte como um processo normal da vida; não acelerar nem adiar
a morte; integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente
quanto possível, até o momento da sua morte (BARBOSA; NETO, 2006).
Como também oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares
durante a doença do paciente e enfrentar o luto; abordagem multiprofissional para
focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento
no luto; melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença;
deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de
prolongamento da vida com a quimioterapia e a radioterapia e incluir todas as
investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínica
estressante. (BARBOSA; NETO, 2006).
São várias as doenças com caráter evolutivo que conduzem a um estado
terminal e que necessitam da prestação de cuidados paliativos. Quando essas
doenças estão, particularmente, adiantadas e em rápida progressão, assumem
grande complexidade e conduzem o paciente a uma debilitação progressiva, com o
surgimento de múltiplos sintomas e problemas. (PEREIRA, 2010).
É importante, por decorrente, considerar a pessoa gravemente doente tendo
em conta as múltiplas necessidades de que padece e que a afetam, bem como
considerando os problemas conflitos e desafios éticos que podem emergir.
Atendendo sobre o impacto que tem sobre a pessoa, destacam-se as necessidades
físicas e psicológicas – entendidas como o conjunto sintomas dos quais a pessoa
padece e o impacto emocional que esta situação de vida tem para ela, bem como o
sofrimento o psicológico que lhe está associado – as necessidades espirituais, em
22
que adquire particular relevância a necessidade de redefinição do sentido da vida
face à eminência da morte. (PEREIRA, 2010).
A pessoa que vivencia o processo de doença grave, incurável e progressiva
passa por fases de adaptação da situação. A compreensão destas fases pode
facilitar a relação entre a pessoa doente, os seus entes queridos e os profissionais
de saúde, contribuindo para um melhor processo de cuidados. De um modo geral,
como aponta Kübler-Ross (2005), estas fases são:
1. Negação, em que a pessoa tenta desmentir, para si mesma, a realidade
da situação em que está vivendo. Durante esta fase, a pessoa tende a agir como se
nada de estranho estivesse se passando com ela, não admitindo a realidade da sua
situação, nem tão pouco aceitando qualquer tipo de conversa ou comentário sobre o
assunto. Esta fase de negação é na maioria das vezes, temporária, e funciona,
especialmente, como uma estratégia de defesa que a pessoa utiliza para evitar
enfrentar a situação. Esta necessidade de negação surge praticamente em todos os
doentes, sendo mais frequente em fases iniciais do desenvolvimento de uma doença
grave do que nos últimos tempos de vida.
2. Raiva ou ira, em que a pessoa se revolta devido à gravidade da sua
doença e do prognóstico que lhe está associado. Frequentemente, a pessoa acaba
por direcionar a ira que sente principalmente contra as pessoas que lhe estão mais
próximas, demonstrando hostilidade e agressividade diante dos seus entes queridos
e profissionais de saúde, fazendo com que estes sintam grande dificuldade em se
aproximar da pessoa doente.
3. Negociação, este estágio é o menos conhecido, no entanto muito útil para
a pessoa doente, pois neste caso, a pessoa tenta interceder junto das outras
pessoas e de Deus, fazendo promessas caso venha a melhorar. Esta fase no fundo
constitui uma tentativa de procrastinação da situação, sendo a maior parte das
tentativas de acordo feitas com Deus. A nível psicológico, esta fase pode estar
associada a sentimentos de culpa que a pessoa doente tem e é relevante que os
profissionais de saúde estejam atentos a algumas observações sutis que os doentes
fazem.
4. Depressão, fase em que a pessoa tende a se isolar e se afastar das
pessoas que estão mais próximas, evitando qualquer forma de contato. Geralmente
esta fase se inicia quando o doente tem consciência da sua real condição, é o
momento em que ele deixa de ser capaz de continuar a negar a realidade, às perdas
23
iminentes e à perda da esperança. Esta fase é considerada necessária e benéfica
para que o doente consiga atingir a aceitação.
5. Aceitação, esta é a fase em que a pessoa passa a aceitar a morte com o
conformismo possível. Esta fase se caracteriza, na maioria das vezes, pela definição
de objetivos e metas para o tempo que lhe resta viver, bem como pela partilha de
desejos e vontades que gostaria de ver cumpridos após a sua morte, e pela
expressão de afetos e sentimentos. A aceitação é uma etapa muito importante para
o doente e ela depende da forma como as outras fases foram vividas, se foram bem
elaboradas com certeza a aceitação será bem significativa.
Embora possa haver sistematização entre as fases em que a maioria das
pessoas possa passar quando confronta uma doença grave, a verdade é que a
maneira como cada uma delas lida com essa situação é única, singular e subjetiva.
No entanto, um aspecto fundamental que se mantém ao longo dessas fases é a
esperança, a qual corresponde à existência de um sentimento por parte do doente
de que a experiência que está a vivenciar possui algum significado e irá traduzir-se a
alguma compensação. (KUBLER- ROSS, 2005).
Cabe ressaltar que, a atenção dos Cuidados Paliativos não é a doença a ser
curada ou controlada, mas o doente, que é compreendido como um ser biográfico e
ativo, com direito a informação e autonomia plena para decisões sobre o seu
tratamento, sua prática é voltada à atenção individualizada do doente e sua família,
com o objetivo de controlar os sintomas, sendo os sintomas estressantes para o
doente o foco principal da atenção e prevenir o sofrimento, promovendo o alivio da
dor. (MASSIEL, 2008).
Uma das grandes lutas dos Cuidados Paliativos é a de que a morte, não seja
a causa de um sofrimento humano e que a morte, não se resuma a um pedido de
eutanásia. O cuidado paliativo não tem nada haver com eutanásia, ele resgata a
possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença
ameaçadora da vida colocando ênfase na vida que ainda pode ser vivida
proporcionando a este paciente uma morte digna (BARBOSA; NETO, 2006).
O psicólogo tem um papel fundamental na equipe de cuidados paliativos. O
psicólogo estimula o doente e seus familiares a falarem abertamente sobre sua
situação, com o objetivo de que os mesmos reconheçam o seu sofrimento e
contribuam para a elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte
e luto. (NUNES, 2012).
24
2.3.2 O papel do psicólogo na equipe multiprofissional em cuidados paliativos
O trabalho em equipe é um dos pressupostos dos cuidados paliativos, a
habilidade de comunicação entre diversos profissionais de outras áreas do
conhecimento é fundamental na equipe. Cada membro da equipe tem a sua forma
de abordar o sofrimento a partir da perspectiva que o seu saber lhe autoriza.
(BARBOSA; NETO, 2006).
O psicólogo hospitalar faz parte da equipe multiprofissional em cuidados
paliativos e contribui em diversas atividades, a partir de saberes advindo ao campo
da mente e das vivências e expressões da mesma, através do corpo. As ações do
psicólogo em cuidados paliativos não se limitam ao paciente em fase final de vida,
mas deve incluir a família, como parte inexplicável da unidade de cuidados, mesmo
que estes tenham que ser observados em sua especificidade. (FRANCO, 2008).
A família “carrega” o seu doente durante todo o processo de adoecimento e
morte. O diagnóstico é comunicado primeiro à família que nesse momento vivencia a
dor física e a dor psicológica, instalando-se às vezes, uma crise existencial e
espiritual diante da situação. (PESSINI, 2005). É por isso que o psicólogo estimula
tanto o doente como a família a pensarem e a falarem livremente sobre a situação.
Desse modo procura legitimar seu sofrimento e contribuir para a elaboração das
experiências de adoecimento, processo de morte e luto (BARBOSA; NETO, 2006).
O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do
adoecimento. No entanto, aspectos psicológicos não existem soltos no ar, e sim
encarnados em pessoas; na pessoa do paciente, nas pessoas da família e nas
pessoas da equipe profissional. A psicologia hospitalar define como objeto de
trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família e a
angústia disfarçada da equipe. (SIMONETTI, 2011).
O psicólogo hospitalar trabalha com a tríade: paciente, família e equipe de
saúde, que sem dúvida vivem muitas angústias e dúvidas sobre a vida. O importante
para o psicólogo não é a cura da doença em si, mas sim ouvir e compreender,
tentando proporcionar a todos dessa tríade um suporte emocional que em situações
de terminalidade às vezes se torna imperceptível. (SILVA, 2007).
Diante da finitude humana, o psicólogo sempre busca a qualidade de vida do
paciente, tentando amenizar o seu sofrimento, angústia, ansiedade e depressão
diante da morte. A atuação do psicólogo é importante tanto no nível de prevenção,
25
quanto durante o tratamento, podendo ajudar os familiares e os pacientes a
quebrarem o silêncio e falarem sobre a doença, fornecendo a eles as informações
necessárias sobre o tratamento. Assim o psicólogo contribui para que doentes e
familiares falem sobre o problema, ajudando o paciente a enfrentar a doença.
(NUNES, 2012).
A escuta clínica e o acolhimento ao paciente, são instrumentos
indispensáveis utilizados pelo psicólogo para atender a real demanda do paciente.
Seu trabalho consiste em atuar nas desordens psíquicas que geram estresse,
sofrimento e depressão, o psicólogo busca o tempo todo, maneiras do paciente ter a
sua autonomia respeitada. (HERMES; LAMARCA, 2013).
É fundamental que o psicólogo possa perceber o fenômeno religioso como
um recurso que possibilite buscar alternativas para reforçar o suporte emocional do
paciente, pois dar assistência ao paciente envolve integrar várias dimensões do ser
e isto inclui também o aspecto espiritual. A espiritualidade representa para o
paciente uma fonte de conforto e suporte para o enfrentamento da doença,
apresentando- se como fator de contribuição na adesão do tratamento.
(FORNAZARI; FERREIRA, 2010).
O psicólogo atua para alargar o canal de comunicação entre o paciente,
seus familiares e a equipe multidisciplinar, para que se permita identificar as
necessidades do paciente e da família, visando aumentar o seu bem- estar;
conhecer os temores e anseios do paciente, buscando oferecer medidas de apoio
pautadas em seus valores culturais e espirituais; mediar oportunidades para que
sejam tratados assuntos pendentes como despedidas, agradecimentos e
reconciliações; facilitar a relação entre profissional de saúde, pacientes e familiares.
(ANCP, 2009).
O atendimento psicológico aos pacientes terminais tem como um dos seus
objetivos passar aos doentes que o momento crítico da doença pode ser
compartilhado, estimulando e buscando recursos internos para assim atenuar
sentimentos de derrota e solidão, favorecendo a ressignificação desta experiência
de adoecer. (NUNES, 2012).
É de extrema importância a participação do psicólogo na equipe
multidisciplinar de cuidados paliativos, pois a atuação desse profissional promove a
melhora da qualidade de vida de pacientes que se encontram em tratamento de uma
doença terminal reduzindo os agentes estressores que geram sofrimento e angústia,
26
devido às mudanças na rotina diária tanto dos pacientes, como também de seus
familiares.
2.4 O PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR
2.4.1 Áreas de atuação do psicólogo em hospital geral
O psicólogo, como profissional de saúde, tem um papel importante na
instituição hospitalar, buscando contribuir para a sua humanização. A humanização
do atendimento abrange desde a internação, a orientação médica e a assistência
global que o paciente recebe, incluindo o atendimento da sua família (CAMPOS,
1995).
A psicologia hospitalar trata-se da área que intervém nos procedimentos de
patologia, internação e tratamento, rodeados pela relação entre equipe, paciente e
família usando técnicas e teorias específicas para a atenção aos indivíduos em um
contexto hospitalar. Os psicólogos que atuam nessa área têm seu trabalho
concentrado nas reações que podem agravar a situação do enfermo ou mesmo
dificultar o processo de restabelecimento da saúde. (SEBASTIANE; MAIA, 2005).
Diversas modalidades de intervenções podem ser efetuadas no hospital tais
como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de
psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatórios e Unidades de Terapia Intensiva;
pronto atendimento; psicodiagnóstico; trabalho com a equipe multidisciplinar;
promoção do apoio e segurança ao paciente e a família dentro da sua área de
atuação; entre outras (CFP, 2007).
A assistência psicológica, dentro do hospital, busca o alívio emocional do
paciente e de sua família, sendo que, muitas vezes, a ajuda a ser prestada implica
uma mobilização de forças, em que angústia e ansiedade estão presentes.
(CAMPOS, 1995).
É de responsabilidade do psicólogo hospitalar levar a pessoa a reconhecer
as suas potencialidades, notar as relações com suas próprias experiências e
atitudes, suas enfermidades e suas reações no contexto da vida, enrijecendo suas
possibilidades pessoais de lidar e enfrentar as situações de crise, procurando evitar
ou somente aliviar o sofrimento psicológico que geram (SILVA, 2000).
No que se refere às equipes de saúde, o psicólogo pode sistematizar a
realização de grupos de caráter operativo, executando um treinamento e clarificando
27
a função de cada profissional, além de incentivar a realização de atividades para a
redução do estresse visto que em profissionais do campo da saúde, o grau de
estresse é bastante elevado. (CHIATTONE, 2011).
Segundo o CFP (2007), o psicólogo hospitalar deve atuar em três esferas:
na assistência, no ensino e na pesquisa. Na atividade de assistência psicológica, o
psicólogo deve atender o paciente, a família e a equipe multiprofissional; no ensino
deve abranger orientação e supervisão em estágio e cursos de aprimoramento, além
de atividades de treinamentos e palestras; já no campo das pesquisas, todo, ou
quase todo, trabalho que o psicólogo realiza no hospital pode ser objeto de estudo,
dando origem à produção de conhecimentos teóricos e práticos (CAMPOS, 1995).
O hospital está acostumado a um modelo biomédico, com uma valorização
do aspecto orgânico das doenças e doentes. Não se esperava a participação do
psicólogo dentro dos hospitais, por isso é preciso conquistar de vez esse espaço,
consolidando as práticas e delimitando o campo de atuação, mostrando que dentro
de um mesmo contexto, há modelos de atuações diferentes.
Enquanto um grupo exercita o saber biomédico, os profissionais de saúde mental baseiam-se no modelo biopsicossocial na execução de sua tarefa. Dessa forma, a entrada de profissionais e da prática da saúde mental no hospital geral pode resultar em relação tensa, onde apesar de os modelos assistenciais poderem enriquecer, também podem entrar em conflito ao competir pela hegemonia teórica e prática das ações de saúde. (CHIATTONE, 2011, p. 171-172).
A atuação do psicólogo no hospital vem sofrendo modificações e tem sido
praticada de diversas formas. O psicólogo passou a entender e, a saber, mais
claramente sobre a sua atuação dentro do hospital depois que o Conselho Federal
de Psicologia regularizou essa prática e elaborou o Manual de Psicologia Hospitalar
(2007). Dessa forma as intervenções realizadas pelo psicólogo são de suma
importância não só para o paciente em cuidados paliativos, como para a sua família.
2.4.2 Possibilidades de intervenção do psicólogo com a família
Quando a doença se instala no individuo, muitas vezes, em consequência,
surge um desajustamento do grupo familiar, tornando-se necessário o apoio
psicológico aos membros da família. Assim, a assistência do psicólogo,
28
necessariamente, atinge os familiares, no sentido de compreendê-los e dar-lhes o
suporte adequado. (CAMPOS, 1995).
A família compartilha a vida e isto gera sentimentos entre seus membros de
forma que a família se torna uma estrutura característica do ato de cuidar. O
diagnóstico de uma patologia grave afeta, não apenas o doente, porém toda a sua
família. Esta é digna de um cuidado especial desde o momento da comunicação do
diagnóstico, visto que a mesma está correndo risco de perder um ente querido, o
que pode levá-la a ações que se excedam e dependendo do nível de ansiedade
ocasionado para a família pode ocasionar um prejuízo ao estado de saúde do
paciente. (SILVA, 2002).
Uma das características do trabalho do psicólogo hospitalar refere-se ao
atendimento aos usuários e a seus familiares, especialmente em casos de
terminalidade e morte. De acordo com Kübler-Ross (2005), a família da pessoa
enferma deve ser levada em consideração, pois eles exercem um importante papel
na vida do doente e suas reações, durante essas situações, influenciam e
contribuem nas reações do próprio doente. Sem falar que o reconhecimento da
unidade família-paciente é imprescindível, levando-se em consideração que, nas
situações de morte, costumam aparecer problemas que não foram resolvidos em
outros momentos.
A situação em que o paciente se encontra, de dor, de degenerações físicas
e psíquicas, afeta de forma significativa os familiares, mas principalmente, o familiar
que cuida diretamente dessa pessoa, gerando sentimentos ambivalentes. De um
lado, o desejo de morte do ente querido, com o intuito de aliviar o sofrimento de
ambos. De outro, o sentimento de culpa, de impotência frente ao sofrimento deste.
(PEREIRA; DIAS, 2007).
Pereira e Dias (2007), afirma que quando um familiar é diagnosticado com
uma doença terminal, é comum que a família vivencie um luto com o familiar ainda
vivo que o autor denomina como “luto antecipatório”, cuja perda dessa pessoa já é
sentida, antes que ela venha a falecer.
Ao psicólogo cabe o assessoramento à família, ajudando a resolver, muitas
vezes, dúvidas práticas a respeito da situação que a família vem passando, ajudá-la
a compartilhar os sentimentos, angústias, medos e dúvidas, auxiliá-la a esclarecer
aspectos que não foram verbalizados, bem como proporcionar importantes
despedidas. A atuação do psicólogo também está em facilitar o processo de tomada
29
de decisões e resolução de problemas pendentes, apoiando a família e
proporcionando um desenvolvimento maior de habilidades ao lidar com as emoções
que permeiam este processo de morte e separação. (FONSECA, 2002).
O psicólogo ajudará a família conscientizando-a da real situação do doente e
da necessidade de tratamento ou hospitalização. Os vários aspectos devem ser
claros para os familiares, pois desde o aparecimento da doença até o
estabelecimento do diagnóstico e do prognóstico, ocorrem crises e desajustes na
família e esta precisa se sentir apoiada e segura, com suas dúvidas esclarecidas.
(CAMPOS, 1995).
A atuação do psicólogo deve se direcionar em nível de apoio, atenção,
compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos sentimentos e fortalecimento
dos vínculos familiares (CAMPOS, 1995). E com a proposta de conhecer a atuação
do profissional de psicologia com familiares de pacientes em cuidados paliativos
delineou-se tal pesquisa, cujas informações sobre os aspectos metodológicos estão
apresentadas adiante.
30
3 MÉTODO
Para obter-se o conhecimento necessário ao desenvolvimento do estudo, foi
realizada uma revisão sistemática, que se caracteriza por um processo de reunião,
avaliação crítica e sintética de resultados de múltiplos estudos, ou seja, ela se
constitui em um trabalho reflexivo, crítico e compreensivo a respeito do material
analisado (COSTA; ZOLTOWSKY, 2014), nesse caso sobre a relevância do
atendimento psicológico aos familiares de pacientes em cuidados paliativos. Foram
realizadas de buscas em periódicos científicos selecionados por critérios de inclusão
e exclusão delimitados. Buscou-se referenciais teóricos publicados acerca do tema,
com o objetivo de registrar, analisar e organizar as informações obtidas.
3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos publicados
foram: terem sido publicados entre os anos de 2000 a 2017; disponíveis no idioma
português (brasileiro), e que contemplar o tema relativo à relevância do atendimento
psicológico aos familiares de pacientes em cuidados paliativos nas Unidades de
Terapia Intensiva. Foram excluídos artigos que não se enquadraram nos objetivos
da pesquisa, aqueles cujos textos não estavam disponíveis na integra, além de
cartas, teses, editoriais e comentários.
3.2 BASES DE DADOS
O levantamento de informações foi realizado nas bases de dados online:
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical
Literature Analysisand Retrieval System Online (MEDLINE) – no qual o acesso foi
feito através do portal bvsalud (BVS); no banco de dados Scientific Eletronic Library
Online – Scielo e no Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PEPSIC), essas bases de
dados foram selecionadas devido ao respaldo nacional e pelas publicações serem
disponibilizadas de forma gratuita. Para seleção dos artigos foram utilizadas as
seguintes palavras-chaves: cuidados paliativos, família, psicologia, cuidador familiar
e psicólogo, cada um deles utilizando o conector “e”: cuidados paliativos e família;
cuidados paliativos e psicologia; cuidados paliativos e cuidados familiar; cuidados
paliativos e psicólogo; família e psicologia; família e psicólogo.
31
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Foram realizadas algumas etapas para a execução dessa revisão
sistemática, tendo por base as orientações de Costa e Zoltowsky (2014).
Primeiramente foram feitas buscas eletrônicas nas bases de dados estabelecidas
com todos os termos citados. No período de outubro a novembro de 2017.
Posteriormente, realizou-se o armazenamento dos resultados. Em seguida
procedeu-se à seleção dos artigos pelo resumo, de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos. Após a análise dos resumos, foram localizados
os textos completos dos artigos selecionados para extração dos dados relevantes,
que foram arquivados para posterior análise.
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS
A avaliação dos artigos que constatou a pertinência para responder a
pergunta da pesquisa e foram excluídos artigos que não contemplaram os objetivos
da pesquisa. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados.
Em um segundo momento foi excluído os artigos que citavam apenas os
cuidados paliativos e não faziam nenhuma explanação sobre o trabalho do psicólogo
com as famílias. E para finalizar os artigos selecionados, que atenderam os critérios
estabelecidos, foram reavaliados, feito a síntese dos mesmos e a interpretação dos
dados.
Acerca da avaliação e análise do material coletado foram organizados em
categorias prévias que tiveram por base a forma e o conteúdo dos dados, sendo
apresentados os dados cientométricos e categorias temáticas. Com os dados
cientométricas se realizou estatísticas descritivas, onde os dados foram
apresentados em formato de frequências simples e/ou considerando a quantidade
de artigos encontrados por base de dados. O roteiro de análise inicial contemplou
informações sobre o nome dos autores, títulos, revista em que foi publicado, o ano e
o tipo de pesquisa.
No que se referem aos conteúdos dos artigos, estes foram organizados em
categorias temáticas, ou seja, os artigos foram agrupados utilizando a técnica de
análise de conteúdo de Bardin (2016). As unidades de registro foram trechos dos
artigos que contemplaram o termo atendimento psicológico com familiares bem
32
como as colocações feitas sobre a temática. Assim as unidades de registro foram
agrupadas em 3 categorias temáticas, sendo elas: Categoria 1: As técnicas
utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em cuidados paliativos.
Categoria 2: Como o psicólogo atua com famílias de pacientes em cuidados
paliativos. Categoria 3: A atuação do psicólogo com os familiares no que tange a
situação de luto de pacientes em cuidados paliativos.
33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados extraídos a partir das análises dos artigos que contemplaram os
objetivos da pesquisa, bem como atenderam os critérios de inclusão e exclusão
foram analisados, organizados e serão apresentados na forma de dados
cientométricos e categorias temáticas.
4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS
Após a realização das buscas com os termos já citados, ao todo foram
encontrados 434 artigos, ressalta-se que a quantidade de publicações obtidas com
as buscas efetuadas de todos os termos foi: 217 publicações no LILACS, 115 no
SCIELO, 102 no PEPSIC e 0 publicações no MEDLINE. No entanto, após exclusão
de material repetido e de artigos que não abordavam a temática ficaram 15 artigos
validos, apresentados na tabela 1, de acordo com a base na qual estavam
disponibilizados.
Tabela 1. Distribuição dos artigos nas bases de dados
Base de dados Quantidade de estudos Porcentagem
Medline 0 0%
Lilacs 0 0%
Scielo 5 33%
Pepsic 10 67%
Total 15 100% Fonte: autoria própria (2017)
Embora tenham sido encontradas 217 publicações no LILACS, nenhum
artigo contemplou os critérios de inclusão referentes à pesquisa, sendo descartados
todos os artigos. O PEPSIC foi à base que apresentou o maior número de artigos
válidos sobre o atendimento psicológico aos familiares de pacientes em cuidados
paliativos, conforme pode observado na tabela 1.
Durante as buscas observou-se uma grande quantidade de artigos que se
repetiam entre as bases de dados e, às vezes, se repetiam dentro da mesma base.
Conforme, demonstra o gráfico 1.
34
Gráfico 1. Distribuição dos artigos repetidos nas bases de dados
Fonte: autoria própria (2017).
De acordo com o gráfico 1, nota-se que a base na qual se encontrou mais
artigos que se repetiam foi no LILACS com 26 artigos repetidos.
Finalizadas as buscas, apenas 15 artigos contemplaram os critérios de
inclusão e exclusão, como mostra a tabela 2, na qual consta distribuição dos artigos
encontrados por ano nas bases pesquisadas.
Tabela 2. Publicações discriminadas por ano e base de dados
Fonte: autoria própria (2017)
32%
59%
9%
0%
Scielo Lilacs Pepsic Medline
ANO SCIELO LILACS PEPSIC MEDLINE
2000 - - - -
2001 1 - - -
2002 - - - - 2003 - - - -
2004 - - - -
2005 - - - -
2006 - - - -
2007 - - - -
2008 - - - -
2009 1 - - -
2010 - - - - 2011 - - 1 -
2012 - - 2 -
2013 1 - 4
2014 1 - 1 -
2015 - 1
2016 - -
2017 1 - 1
TOTAL 5 - 10 -
35
Sobre os dados apresentados em relação aos anos e bases, verificou-se
que nos anos de 2000, 2002 a 2008 e nos anos de 2010 e 2016 não houve
publicações sobre o tema em questão, nos demais anos se manteve a média de 1 a
2 artigos publicados por ano, exceto no ano de 2013 em que foram publicados 5
artigos sobre a problemática.
Em relação às bases de dados, predominaram artigos catalogados no
PEPSIC. Supõe-se por essa base apresentar o maior número de artigos válidos para
a pesquisa, por se tratar de uma base que abrange publicações especificas na área
da psicologia.
Nas tabelas 3 e 4 estão apresentados os artigos selecionados de acordo
com a base de dados em que foram encontrados, com informações sobre o nome
dos autores, ano, título, revista em que foi publicado e o tipo de pesquisa.
Tabela 3. Artigos selecionados da revisão sistemática na base de dados SCIELO
Autores/ Ano Título Revista Tipo de pesquisa
Alves et al.
(2014)
Saberes e práticas sobre cuidados
paliativos segundo psicólogos
atuantes em hospitais públicos
Psicologia,
saúde e doença
Quantiqualitativa
Mendes;
Lustosa e
Andrade (2009)
Paciente terminal, família e equipe
de saúde
SBPH Bibliográfica
Castro (2001) Psicologia e ética em cuidados
Paliativos
Psicologia:
ciência e
profissão
Bibliográfica
Melo; Valero e
Menezes (2013)
A intervenção psicológica em
cuidados paliativos
Psicologia,
saúde e doença
Bibliográfica
Langaro
(2017)
Salva o velho! Relato de
atendimento em psicologia
hospitalar e cuidados paliativos
Psicologia:
ciência e
profissão
Relato de
atendimento
Fonte: autoria própria (2017)
O levantamento nas bases de dados SCIELO resultou em cinco artigos
selecionados para este estudo. No tocante à revista, percebe-se que duas revistas
foram responsáveis por duas publicações cada uma. Dentro do corte temporal
36
estipulado, não foi registrado nenhuma publicação nos anos de 2000, de 2002 a
2008, nos anos de 2010 a 2012 e nos anos de 2014 a 2016.
Tabela 4. Artigos selecionados da Revisão Sistemática na base de dados PEPSIC
Autores / Ano Título Revista Tipo de pesquisa
Rezende;
Gomes e
Machado
(2014)
A finitude da vida e o papel do
psicólogo: perspectivas em cuidados
paliativos
Psicologia e
saúde
Bibliográfica
Domingues et
al. (2013)
A atuação do psicólogo no
tratamento de pacientes terminais e
seus familiares
Psicologia
hospitalar
Bibliográfica
Silvia e Arraes
(2015)
O psicólogo hospitalar frente à
vivência do cuidador- familiar do
idoso hospitalizado
SBPH Estudo de caso
Moraes; Castro
e Sousa (2012)
A inserção do psicólogo na
residência multiprofissional em
saúde: um relato de experiência em
oncologia
Psicologia em
Revista
Relato de
experiência
Melo et al.
(2013)
A importância do acompanhamento
psicológico no processo de
aceitação da morte
Estudos e
pesquisas em
psicologia
Estudo de caso
Almeida e
Malagres
(2011)
A prática da psicologia da saúde SBPH Bibliográfica
Piske e
Azevedo (2013)
Grupo de apoio para acompanhantes
de crianças internadas em uma
unidade pediátrica
Psicologia:
teoria e prática
Relato de
intervenção
Schneider e
Moreira (2017)
Psicólogo intensivista: reflexões
sobre a inserção do profissional no
âmbito hospitalar, formação e prática
Temas em
Psicologia
Qualitativa de
cunho
exploratório
Ferreira e
Mendes (2013)
Família em UTI: importância do
suporte psicológico diante da
eminência da morte
SBPH Estudo descritivo
de natureza
qualitativa
Moreira;
Martins e
Castro (2012)
Representação social da psicologia
hospitalar para familiares de
pacientes hospitalizados em Unidade
de Terapia Intensiva
SBPH Pesquisa
descritiva e
qualitativa
Fonte: autoria própria (2017)
Na base de dados PEPSIC foram selecionados 10 artigos para a pesquisa,
cujos dados de catalogação podem ser observados na tabela 4. Em relação à revista
verificou-se que uma única revista publicou 4 vezes e que as demais publicaram
apenas um periódico na área. Em relação ao corte temporal estipulado não houve
37
nenhuma publicação nos anos de 2000 a 2010, assim como também não teve
publicação no ano de 2016. O ano em que ocorreram mais publicações foi no ano de
2013. A revista que mais publicou foi a Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
- SBPH, provavelmente por se tratar de um periódico específico da área da
psicologia hospitalar.
Observou-se de acordo com as tabelas 3 e 4, que o maior número de artigos
encontrados foi de pesquisas bibliográficas, conforme pode ser conferir no gráfico 2.
Gráfico 2. Tipos de pesquisas encontradas nos artigos selecionados
Fonte: autoria própria (2017)
Em relação aos quatros primeiros tipos de pesquisas, dispostas no gráfico 2,
infere-se a prevalência que tais modalidades de pesquisa sejam mais adequadas ao
ambiente hospitalar, por se buscar estudar os casos ou situações específicas,
focando aspectos subjetivos ou estudá-los de forma mais aprofundada. Já a
pesquisa bibliográfica ou de revisão percebe-se que de forma geral, tais pesquisas
têm aumentado de forma significativa no meio acadêmico, buscando um
aprofundamento sobre a temática, seja no intuito de aprofundar o tema que será
0
1
2
3
4
5
6
7
Quantiqualitativa Estudo de caso Relato deexperiência
Qualitativa Bibliográfica
38
pesquisado ou como condição prévia para a realização de pesquisa, buscando
saber o que já foi produzido sobre o assunto, especialmente, em programas de pós-
graduação.
4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS
A análise mais detalhada dos conteúdos dos artigos resultou em três
categorias temáticas, as quais estão apresentadas na tabela 5.
Tabela 5. Referências dos artigos agrupados por categorias temáticas
Categorias Referências Quantidade
As técnicas utilizadas pelo psicólogo
com as famílias de pacientes em
cuidados paliativos nas Unidades de
Terapia Intensiva
Piske e Azevedo (2013);
Schneider e Moreira (2017)
Mendes; Lustosa e Andrade
(2009); Alves et al (2014)
4
Como o profissional de psicologia atua
com as famílias de pacientes em
cuidados paliativos nas Unidades de
Terapia Intensiva
Silva e Arraes (2015); Almeida e
Malagres (2011); Moreira; Martins
e Castro (2012); Melo et al (2013);
Langaro (2017); Castro (2001)
6
Os aspectos relacionados a atuação do
psicólogo com os familiares no que
tange a situação de luto de pacientes
em cuidados paliativos nas Unidades de
Terapia Intensiva
Rezende et al (2014); Moraes;
Castro e Sousa (2012); Ferreira e
Mendes (2013); Domingues et al
(2013); Melo et al (2013)
5
Fonte: autoria própria (2017)
4.2.1 As técnicas utilizadas pelo psicólogo com as famílias de pacientes em
cuidados paliativos
De acordo com os artigos analisados, observou-se que os familiares têm
necessidades específicas e apresentam frequências elevadas de estresse,
distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação, e que
muitas vezes persiste após a morte de seu ente querido. A fim de se conhecer quais
39
as técnicas utilizadas pelo profissional de psicologia nesse contexto criou-se essa
categoria com tal denominação.
No artigo de Mendes; Lustosa e Andrade (2009) foi destacado a importância
de o psicólogo estabelecer uma aliança com a família, pois ela é de grande
relevância para o tratamento do paciente. Os familiares merecem um cuidado
especial, pois a noticia do diagnóstico tem um grande impacto sobre eles. Os
familiares de pacientes terminais apresentam necessidades específicas como estar
próximo do paciente; sentir-se útil para o doente; compreender o que está
acontecendo, entre outras.
No que diz respeito às técnicas, como aponta Alves et al (2014) percebe-se
uma maior frequência para o apoio psicológico, a escuta e o esclarecimento
referente às questões ligadas a doença e ao paciente. O apoio psicológico foi
mencionado com o objetivo de trabalhar o sofrimento dos familiares e seus aspectos
emocionais.
Considerando a fragilidade da família, a intervenção psicológica é essencial
nesse momento de mudanças que ocorrem na família devido à nova situação que se
instala. Essa atuação deve ter como objetivos: a contingências das angústias, o
esclarecimento das emoções e a elaboração dessas angustias, com a finalidade de
tornar mais eficaz o suporte que a família dará ao paciente. (PISKE E AZEVEDO,
2013).
De acordo com Schneider e Moreira (2017), compete ao psicólogo orientar a
família sobre a melhor forma de lidar com essa situação estressante. A intervenção
do psicólogo pode facilitar aos familiares a revisão de seus papéis e a adaptação às
novas necessidades decorrentes do adoecimento, assim como ocupar posição de
cuidadores. O psicólogo realiza um trabalho de acolhimento, de auxílio para
enfrentar a situação da crise pela qual estão passando, porém sem deixar de
atender as suas próprias necessidades. As intervenções têm o objetivo de auxiliar a
família a atravessar esse momento de crise da maneira menos traumática possível e
é uma prática que traz benefícios a todos os envolvidos.
Logo a análise dos artigos percebeu-se que o trabalho do psicólogo com
familiares de pacientes em cuidados paliativos internados em UTI não é fácil. O
profissional de psicologia enfrenta vários problemas que vão desde a incerteza do
tempo de internação do paciente até um setting terapêutico específico para realizar
os atendimentos. É necessário que o psicólogo esteja em constante atualização,
40
buscando munir-se de todo conhecimento possível para sentir-se cada vez mais
integrado às práticas em UTI. Ressalta-se ainda, o cuidado que o psicólogo deve ter
consigo mesmo, considerando a carga emocional intensa e a demanda do seu
trabalho, no sentido de ser um ambiente carregado de situações de perdas e
traumas.
No que tange as estratégias utilizadas pelo psicólogo nesse contexto, fica
claro que não existem técnicas prontas. O psicólogo deve criar estratégias que
sejam propicias a cada situação, no entanto é importante estabelecer vínculo com a
família, dar acolhimento, falar sempre a verdade em relação ao paciente, poupar a
família do excesso de ajuda extrema, evitar a criação de fantasias de cura
milagrosa, incentivar a família a retomar a rotina das suas vidas, contabilizar não só
as perdas, mas em especial os ganhos da situação, embora essa seja uma questão
bem difícil. O psicólogo também deve ajudar a família facilitando o processo de
tomadas de decisões e resoluções de problemas pendentes, sempre dando apoio a
família.
4.2.2 Como o psicólogo atua com as famílias de pacientes em cuidados
paliativos
A presença de uma doença terminal em qualquer família parece ser um
processo muito doloroso. No entanto, quando esse processo é bem orientado a
família poderá extrair muitos benefícios, no sentindo de um crescimento enquanto
grupo, fora do contexto hospitalar como afirma Castro (2001), justificando assim a
criação de categoria 2.
O psicólogo diante de situações de morte busca, portanto, qualidade de vida,
tanto do paciente, como de toda a sua família, trabalhando as questões do
sofrimento, amenizando ansiedade e depressão diante da finitude da vida. O ser
humano ainda não consegue aceitar a morte e o psicólogo vem atuar de forma a
amenizar esse sofrimento. (CASTRO, 2001).
De acordo com Langaro (2017), muitas vezes o foco do atendimento
psicológico se dá na tentativa de extinguir, ou ao menos amenizar, as dificuldades
de comunicação entre pacientes e familiares. Neste sentido o foco do atendimento
se volta para a mediação desses conflitos, fazendo com que a família tanto fale,
41
como também escute o seu doente, garantindo assim respeito e considerando os
desejos e decisões do paciente.
Referente à atuação do psicólogo com a família, Melo et al (2013) cita a
compreensão dos fenômenos intrínsecos das relações; a orientação aos familiares e
a escuta, com o objetivo de minimizar o sofrimento inerente a essa fase da vida e
ajudar na elaboração das eventuais sequelas emocionais decorrente deste
processo.
O papel do psicólogo junto aos familiares seria o de assessorá-los na
resolução de problemas, ajudá-los a compartilhar os sentimentos, angústias, medos
e dúvidas a respeito da situação que a família vem passando e proporcionar
importantes despedidas, como aponta Silva e Arraes (2015), evitando dessa forma,
que os familiares fiquem tão vulneráveis aos fatores de risco que podem gerar um
luto complicado após o luto propriamente dito.
Silva e Arraes (2015), ainda destaca a importância de, quando possível, o
psicólogo conhecer a história da família, pois isto possibilita ao profissional entender
melhor certos comportamentos apresentados pela mesma. Nesses casos o
psicólogo desempenha o papel de um investigador e, sempre que possível, de um
conciliador. Primeiramente, entre pacientes e familiares e, depois entre os próprios
familiares, proporcionando espaços para expressar sentimentos, resolver
pendências, às vezes prolongados por uma vida toda, até aquele momento de
adoecimento, hospitalização e morte.
O psicólogo deve facilitar; criar e garantir a comunicação efetiva e afetiva
entre paciente/família e equipe (SILVA E ARRAES, 2015), identificando qual
membro da família tem mais condições intelectuais e emotivas para estar recebendo
as informações da equipe, para isso ele deve atentar para a forma como a família
chega à UTI. (MOREIRA; MARTINS E CASTRO, 2012).
Nesta categoria fica evidente que a atuação do psicólogo com os familiares
de pacientes em cuidados paliativos se dá na forma da escuta qualificada, onde o
psicólogo se torna um facilitador na comunicação entre o paciente, a família e a
equipe, dando apoio, informações, esclarecendo dúvidas, amenizando a ansiedade
e criando canais de escoamento das intensidades vivenciadas pela família nesse
momento.
Percebe-se que a família, assim como o próprio paciente que está internado
também necessita de cuidados, pois a mesma precisa se sentir bem para cuidar do
42
seu doente e estar preparada para viver o luto da perda que virá. O psicólogo será
sem dúvida o profissional que lhe dará esse suporte. É importante deixar que o
familiar fale, chore, desabafe. Deixar os familiares extravasarem suas emoções vai
deixa-los mais reconfortados. Portanto, o profissional de psicologia deve estimular a
comunicação entre o paciente e a família a fim de que problemas pendentes sejam
resolvidos, fazendo com que paciente e família se sintam reconfortados e vivenciem
momentos de carinho e acolhida entre eles.
4.2.3 A atuação do psicólogo no que tange a situação de luto de pacientes em
cuidados paliativos
A categoria 3 foi criada com o intuito de se verificar como a atuação do
psicólogo se dá na situação eminente de morte. Rezende; Gomes e Machado
(2014), reafirmam a importância do trabalho do psicólogo durante o processo dos
cuidados paliativos e de quanto uma boa comunicação é essencial na aceitação do
processo de morte para os envolvidos, o apoio psicológico é crucial nesse momento.
No geral, o ser humano tem dificuldades em lidar com a morte, no entanto,
essa dificuldade pode e deve ser trabalhada e melhorada, nesse ponto de vista o
trabalho de um psicólogo tornou-se imprescindível nos hospitais, dada a sua
sensibilidade e capacidade em lidar com questões tão desconsideradas por outros
profissionais de saúde. O psicólogo se interessa em dar voz à subjetividade do
paciente. Quando o paciente entra na fase terminal, a família inteira se torna o foco
mais adequado para os cuidados paliativos, pois nesse momento a família precisará
de todas as forças necessárias para a superação da situação. Quando o paciente
morre os trabalhos serão voltados para a família, em prol do estabelecimento do
equilíbrio familiar, agora sem um integrante. (DOMINGUES et al, 2013).
Em relação ao processo de intervenção com a família, este pode ser
organizado em três momentos: antes, no momento e após a morte do paciente.
Antes da morte é relevante comunicar e informar ao paciente e sua família sobre sua
doença e atuação de medicamentos e tratamento, para que transtornos físicos e
emocionais sejam evitados. O psicólogo também deve trabalhar para estimular a
empatia entre a família, possibilitar a resolução de problemas não resolvidos, como
também uma despedida mais confortante do paciente. (DOMINGUES et al, 2013).
43
Ao receber o diagnóstico, a família passa por toda uma reconfiguração em
seu sistema, uma vez que interfere nos projetos construídos por ela, os quais
deverão ser mudados ou adiados. Nessa etapa vivencia-se o luto antecipatório que
é o processo que ocorre antes da morte concreta, devendo haver um trabalho
concernente a essa fase. (MORAIS; CASTRO E SOUSA, 2012).
Na intervenção no momento da morte, é necessário considerar o cansaço e
o desgaste, por qual a família vem passando. O psicólogo desempenhará a função
de orientar a família sobre a importância de sua presença nos momentos finais do
paciente, mesmo em caso de coma. É importante também dar liberdade para a
família estar junto ao corpo e poder tocar, falar e sofrer a morte do familiar querido,
pois isso proporciona um sofrimento adequado e sadio, sem a perspectiva de
transtornos psicológicos futuros. (DOMINGUES et al, 2013)
Para os familiares do paciente que acaba de falecer, os momentos que se
sucedem ao período de sepultamento são tomados geralmente por sentimentos de
dor, perda, solidão, culpa, entre outros. Nesse momento também é importante que o
psicólogo compareça oferecendo apoio e trabalhando para a promoção da saúde
mental. São tarefas imprescindíveis à família permitir o luto, abdicar da memória do
falecido, reorganizar papéis familiares, nesse contexto, se torna de extrema
importância o acompanhamento e intervenção do psicólogo, que fornecerá
orientações em cada momento ajudando a família na busca pelo equilíbrio.
(DOMINGUES et al, 2013).
Não se pode, em momento algum desconsiderar a dor dos familiares, pois
todos os cuidados relativos à família serão inválidos se esta não for considerada
desde o inicio do diagnóstico até após a morte do paciente. Segundo Mores; Castro
e Sousa (2012), a crise decorrente da doença inicia-se antes mesmo do diagnóstico
da doença, quando a família tem alguma percepção ou interpreta sintomas como de
riscos. A forma como a família convive com a fase pré-diagnóstica comumente
sugere os padrões comportamentais que persistirão no momento de enfrentamento
da realidade.
Sabe-se que a situação de morte iminente comporta uma série de crises a
nível familiar e põe a prova à sua capacidade de adaptação. Melo et al (2013), fala
que a aceitação da morte constitui um dos maiores sinais de maturidade humana.
De todas as experiências no decorrer da vida, a morte é a que impõe os desafios
44
adaptativos mais dolorosos para a família e cada um dos seus membros
individualmente.
O psicólogo deve estar muito bem preparado para atender as famílias, assim
como o paciente e toda a equipe, pois escutar não é uma tarefa fácil como pode
parecer à primeira vista. Ouvir palavras de dor, angústia ou sem nexo aparente,
pode vim a ser um trabalho árduo, nesta perspectiva o psicólogo estuda o ser
humano em sua forma mais íntima, procurando conhecer o seu modo de funcionar e
a partir disso, trabalhar as questões relativas ao sofrimento diante da possibilidade
da morte. (MELO et al, 2013).
Ferreira e Mendes (2013) destacam que durante a atuação com a família se
percebe que muitos familiares trazem consigo a crença religiosa como fonte de
esperança, assim o psicólogo deve atentar para as demandas dos pacientes e seus
familiares respeitando as diferenças de credo e possibilitando a sua livre expressão.
No entanto vale ressaltar que a espiritualidade não necessariamente está vinculada
a uma religião instituída. A espiritualidade e a esperança são características
humanas que, dentre outros aspectos, possibilita ao familiar encontrar significado e
propósito para a sua vida, bem como a tentativa de aceitação da sua condição.
Nesta categoria se percebe o quanto é ampla a atuação do psicólogo no que
tange a situação de luto de pacientes em cuidados paliativos nas Unidades de
Terapia Intensiva. Nota-se o quanto o seu trabalho é longo, cansativo e delicado,
pois ele está tratando de pessoas em uma situação difícil que é a morte.
Muitos familiares não sabem como lidar com esse processo de morte, os
cuidados paliativos vêm com essa proposta de tornar os momentos finais do
indivíduo e seus familiares em algo mais ameno e passível de ser compreendido,
por isso o psicólogo atua em três fases como já foi mencionado anteriormente, na
descoberta da doença, durante a doença e após a morte do paciente, sempre
procurando trazer a família para esse novo contexto ao quais todos estão inseridos.
Outro fator importante é de como a comunicação se faz necessária durante
todo o processo de morte, pois é através da comunicação que o psicólogo consegue
criar um vinculo maior entre o doente e a sua família, estabelecendo uma relação
pautada no amor e na confiança entre ambos, procurando minimizar os estragos
causados por essa experiência tão dolorosa.
Observa-se ainda que o psicólogo deva ter cuidado não somente com a
família, mas com o paciente, com a equipe e com ele mesmo, pois o seu trabalho
45
exige muita demanda tanto física como psicológica. Mesmo nos dias atuais e com o
uso de tanta tecnologia a morte ainda é vista como um tabu em nossa sociedade e o
psicólogo atua como um facilitador nesse processo, embora a morte seja esperada,
na maioria das vezes ela não é aceita.
46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa possibilitou a obtenção de dados relevantes que permitiram
conhecer as técnicas e/ou estratégias utilizadas pelo psicólogo com os familiares de
pacientes em cuidados paliativos hospitalizados em UTI, assim como a sua atuação
frente ao luto.
Percebe-se que o psicólogo é um profissional de suma importância no
contexto hospitalar, que é visto como um profissional de ajuda e que assim como o
paciente que está internado a sua família também tem a necessidade de um
atendimento psicológico mais específico, pois os familiares também revelam um
sofrimento psíquico diante a hospitalização de um membro familiar.
Acredita-se que o presente trabalho forneça elementos que possam
contribuir com os estudos a respeito da atuação do psicólogo hospitalar em relação
aos familiares de pacientes em cuidados paliativos, além de servir como ponto de
partida para futuros trabalhos na área.
Este estudo ajudou a ter uma visão de como o psicólogo atua em hospitais,
percebendo quais funções ele desempenha fornecendo assim uma reflexão por
parte também do psicólogo. Notou-se como o trabalho do psicólogo é árduo, ele
deve atuar com o paciente internado, com a família do doente e com toda a equipe
que está envolvida nesse processo de adoecimento e morte.
Sabe-se que não há uma solução para a morte, no entanto se pode ajudar a
morrer bem, com dignidade, facilitando os processos de finalização, permitindo que
se viva com qualidade a própria morte. As pessoas que estão próximas da morte
sejam elas o paciente ou os familiares necessitam de alguém que possam estar com
elas na dor.
O papel do psicólogo em cuidados paliativos é dar um novo direcionamento,
valor e significado à vida quando a doença e a morte se fazem presentes, através do
acolhimento que visa dar condições físicas, mentais, espirituais e sociais ao
indivíduo.
Ressalta-se que o psicólogo não atua sozinho, ele faz parte de uma equipe
multidisciplinar que tem como objetivo a humanização em UTI. No entanto o
psicólogo tem a função de observar e ouvir pacientemente as palavras e os
silêncios, procurando entender e compreender a todos, dando suporte e subsídios
para uma compreensão melhor do momento da fase final da vida, ajudando tanto o
47
paciente como os familiares a superarem os momentos de crise relacionados à
morte.
Apesar dos objetivos da pesquisa terem sido alcançados, houve certa
dificuldade em se distinguir os conteúdos da categoria 1: identificar as técnicas
utilizadas pelo psicólogo com a família de pacientes em cuidados paliativos e a
categoria 2: como o profissional de psicologia atua com essas famílias, pois
basicamente uma completa a outra ficando difícil se fazer uma distinção clara entre
as duas.
Outro fator que merece ser mencionado é o fato da literatura acerca do tema
ser muito repetitiva, e embora se encontre diferentes trabalhos relacionados com o
tema, geralmente todos transmitem uma mensagem semelhante, citando
basicamente os mesmos autores. Este fator torna o trabalho limitado, principalmente
por se tratar de uma revisão de literatura.
No entanto, apesar das limitações que foram encontradas durante a
pesquisa, os objetivos foram alcançados, conseguindo com que o trabalho fosse
realizado com êxito. Acredita-se que esta pesquisa possa contribuir com a reflexão a
creca da importância do psicólogo na equipe dos cuidados paliativos, fica evidente a
necessidade da presença deste profissional nos hospitais possibilitando um trabalho
de valor inestimável no que tange o atendimento aos familiares de pacientes em
situações de terminalidade, além de facilitar futuras propostas que visem a sua
atuação nesse contexto.
48
REFERÊNCIAS
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