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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO
JURUENA
CURSO: GESTÃO AMBIENTAL
IMPORTÂNCIA DA MATA CILIAR NA PROTEÇÃO DOS RECURSOS HIDRICOS E
SEUS PRINCIPAIS MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO
ROBERTA IRIS DEITOS SODER
Orientador: MS. CYNTHIA CANDIDA CORREA
COLIDER/2010
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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO
JURUENA
CURSO: GESTÃO AMBIENTAL
IMPORTÂNCIA DA MATA CILIAR NA PROTEÇÃO DOS RECURSOS HIDRICOS E
SEUS PRINCIPAIS MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO
ROBERTA IRIS DEITOS
Orientador: Ms. CYNTHIA CANDIDA CORREA
Trabalho apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Especialista em
Gestão Ambiental.
COLIDER/2010
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DEITOS, Roberta Iris. Importância da mata ciliar na proteção dos recursos
hidricos e seus principais métodos de recuperação – MT,
2010.;.48. f.
TCC (Curso de Pós graduação em Gestão
Ambiental) AJES - Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena.AJES, Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena.
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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO
JURUENA
CURSO: GESTÃO AMBIENTAL
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
ORIENTADOR
Profª. Ms. CYNTHIA CANDIDA CORREA
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais: Pedro e
Dirce e ao meu marido Ivonei e a todos que de
alguma forma me fazem sentir importante.
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EPÍGRAFE
“Que o nosso tempo seja lembrado pelo
despertar de uma nova referência face á vida
pelo compromisso firme a insatisfação da luta
pela justiça e pela paz e a alegre celebração da
vida” (Carta da Terra)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela vida e por ter me dado forças para que
este trabalho fosse concluído e que Ele continue sempre do meu lado me
abençoando.
Agradeço especialmente aos meus pais, pela ajuda, pela força e pela
paciência durante esses anos que passei estudando, e ao meu esposo pelo
companheirismo e apoio em todas as horas boas e também nas ruins, pela
paciência, pela ajuda e pelos momentos especiais que passamos juntos, pelo
carinho, amor e dedicação, o meu obrigado.
Agradeço também a minha orientadora Ms. Cynthia Cândida Correa, por me
orientar nas horas que mais precisei, pela ajuda dada nas correções finais do
trabalho e por ter contribuído com meu aprendizado.
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RESUMO
É com a certeza de que os seres vivos necessitam de água para sobreviver que este
recurso natural, tem que receber uma atenção especial da humanidade. A retirada
das matas ciliares (mata de galeria) e a ocupação indevida das margens dos rios
são os maiores causadores da poluição desses recursos. As margens desprotegidas
sofrem maior efeito erosivo, permitindo o carregamento de partículas do solo, restos
culturais e até mesmo produtos químicos para os cursos d’água. Estes fatores foram
primordiais para a escolha do tema “Importância da Mata Ciliar na Proteção dos
Recursos Hídricos e seus Principais Métodos de Recuperação” O presente trabalho
trás definição sobre matas ciliares, as leis que as protegem, sua importância, como
recuperá-las, dicas para a implantação e manutenção e indicadores de recuperação.
Esta pesquisa é um levantamento bibliográfico de livros, revistas, artigos e internet,
realizadas de dezembro de 2009 a abril de 2010, e tem como objetivo integrar a
sociedade em torno da questão ambiental (ações conjuntas), principalmente da
preservação e recuperação de matas ciliares, adotando práticas de recuperação
combinadas com mecanismos de educação ambiental, despertando nas pessoas a
importância de conhecer e investigar o meio ambiente em sua volta, de forma
interdisciplinar e vivenciada, onde a natureza possa ser compreendida como um
todo dinâmico, e o ser humano como parte importante e agente de transformações
do mundo em que vive. Mesmo sabendo que apenas a recuperação da mata ciliar
não será suficiente para sanar os problemas ambientais existentes, pois há a
necessidade de se tomar medidas complementares para o uso adequado do solo, e
dos demais recursos naturais tanto renováveis quanto irrenováveis, este será um
primeiro passo em benefício da natureza e da humanidade.
Palavras Chave: Mata Ciliar. Importância da Mata Ciliar. Áreas de Preservação Permanentes (APPs)
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................12
1.1 Mata Ciliar e Sua Definição..................................................................................12
1.1.1 Importância das Mata Ciliares...........................................................................13
1.2 Legislação Ambiental Referente A Áreas De Preservação Permanente.............16
1.3 Matas Ciliares Da Floresta Amazônica................................................................20
METODOLOGIA .......................................................................................................23
ANÁLISES DOS DADOS..........................................................................................24
Verificar a numeração 1.4 Como Recuperar As Matas
Ciliares.....................................................................24
1.4.1 Modelos de Restauração................................................................................29
1.4.2 Sucessão Florestal.........................................................................................31
1.4.3 Implantação de Matas Cilires........................................................................33
1.4.3.1 Obtenção de Propágulos............................................................................33
1.4.3.2 Coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes.........................34
1.4.3.3 Recipientes e substratos............................................................................35
1.4.3.4 Práticas de viveiro.......................................................................................36
1.4.3.5 Preparo do solo............................................................................................36
1.4.3.6 Controle de pragas e ervas daninhas.........................................................37
1.4.3.7 Proteção da área...........................................................................................38
1.4.4 Plantio...............................................................................................................38
1.4.4.1 Espaçamento................................................................................................38
1.4.4.2 Combinação de Grupos Ecológicos...........................................................38
1.4.4.3 Distribuição de Plantio ................................................................................39
1.4.4.4 Manutenção ..................................................................................................39
1.5 Espécies Potenciais de Uso.................................................................................40
ANÁLISES DOS DADOS...........................................................................................42
CONSIDERAÇÃOES FINAIS....................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................45
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INTRODUÇÃO
A água é base fundamental sobre a qual se desenvolvem os processos
bioquímicos e fisiológico o que garantem a manutenção da vida. Entretanto, apesar
da intensa divulgação dos conceitos e essencialidade e de finitude, e consequente
dependência de preservação destes recursos, a sociedade tem caminhado em
direção oposta e, muitas vezes levada por conceitos de progresso, adotado práticas
com alto poder de impactos sobre o meio ambiente e a natureza, que se reflete
sobre o volume e qualidade da água disponível para ser usada nos processos
biológicos. Um estudo recente do banco Mundial, apud Santos (2008), indica que a
vida útil de 3.000 grandes reservatórios do mundo está estimada em cerca de 22
anos da metade da duração projetada.
Dentre os fatores que interferem diretamente sobre o volume e qualidade da
água disponível no Brasil, merece destaque a destruição da vegetação existente nas
margens e entorno das nascentes e dos cursos de água promovida por razões e
objetivos diversos.
As pesquisas com restauração ecológica no Brasil se iniciaram na década
de 1980 onde muitos pesquisadores e técnicos se envolveram com o tema,
inúmeros grupos de pesquisa foram criados, e toda uma teoria e prática da
restauração ecológica foi desenvolvida, e a recuperação de áreas degradadas
adquiriu o caráter de uma área de conhecimento, gerando inúmeras reflexões
teóricas, demonstrando que a abordagem científica de recuperação está em plena
evolução em todo o mundo.
Muitos são os congressos e seminários realizados, com o intuito de buscar
respostas às questões pertinentes, como a relação entre desenvolvimento humano,
degradação da natureza e utilização de recursos naturais.
A vegetação tem como função básica a proteção do solo, modificação e
manutenção do microclima, habitat para a fauna, beleza cênica e regulação dos
regimes hídricos – e, neste caso em especial, a vegetação de nascentes e matas
ciliares. No entanto, o histórico de ocupação do território brasileiro carrega consigo a
cultura da destruição desses ecossistemas, em que a vegetação nativa é retirada
22
para dar lugar a pastagens introduzidas ou áreas de monoculturas – troca de
proteção natural perene por coberturas sazonais do solo, acarretando ainda troca de
uma imensa biodiversidade vegetal e faunística por uma ou duas espécies vegetais
exóticas cultivadas. Os programas brasileiros de incentivo à expansão agrícola das
décadas de 70 e 80 podem ser considerados de grande responsabilidade pela
destruição dos ecossistemas.
Este trabalho tem como objetivo geral demonstrar formas de recuperação das
matas ciliares para preservação dos recursos hidricos e como objetivo específicos:
• Discutir a importancia da proteção das matas ciliares para preservação dos
recursos hidricos;
• Ser um veículo de divulgação e esclarecimento, sensibilizando os leitores
sobre os danos ambientais causados pelo manejo inadequado dos recursos
hídricos;
• Sensibilizar os leitores de forma que haja mudança de atitudes que venha
assegurar água de boa qualidade e na quantidade adequada a toda a
população, sendo necessário para tanto a proteção dos mananciais
superficiais e subterrâneos. Esta pesquisa está dividida em 4 partes, sendo essa introdução a primeira
parte, onde demonstra-se os objetivos gerais e específicos da pesquisa e a forma
como foi descrita. Na segunda parte elaborou-se um referencial teórico, onde
buscou-se definir o que é mata ciliar, a legislação referente a estás áreas, as matas
ciliares da floresta amazônica e alguns métodos de recuperação das matas ciliares.
A terceira parte refere-se a análise de dados, que são as considerações
relacionadas ao estudo realizado sobre matas ciliares e os modelos utilizados em
restaurações florestais no Brasil e por fim, elaborou-se a conclusão, buscando
relacionar todos os itens demonstrados na pesquisa.
23
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 MATA CILIAR E SUA DEFINIÇÃO
De acordo com Martins (2001) e Rodrigues (2000) as formações florestais
localizadas ao longo dos rios e no entorno de nascentes, lagos e reservatórios são
denominados na literatura como floresta ou mata ciliar, mata de galeria, floresta
beiradeira, floresta ripária, floresta ribeirinha e floresta paludosa, mas para efeitos de
recuperação e legislação, o termo mata ciliar tem sido empregado para defini-la de
forma genérica.
A degradação das terras, o desmatamento e o isolamento de remanescentes
florestais têm constituído em ameaças concretas á estrutura, funções e estabilidade
das florestas, seja a mata atlântica, a floresta amazônica ou o cerrado, são biomas
de grande importância global, pois a degradação interfere na cadeia alimentar, na
genética das espécies, no equilíbrio natural de todo o ecossistema, além disso, a
degradação das terras em nosso país contribui para o agravamento da pobreza no
meio rural.
Uma maneira simples de entender a função de uma mata ciliar, é fazermos
uma comparação dos pelos ciliares envoltos aos nossos olhos, ou seja, sem eles,
não teríamos tanta eficiência visual e reflexos nas iminentes agressões instintivas
aos nossos olhos. A mata ciliar, protege contra as agressões as nascentes e os
cursos d'água.
Segundo Oliveira (1994, p.67):
As matas ciliares são formações vegetais do tipo florestal, associados aos corpos d’águas, podendo se estender por dezenas de metros a partir das margens e apresentar marcantes variações na composição florística e na estrutura comunitária, dependendo das interações que se estabelecem entre o ecossistema aquático e sua vizinhança.
As formações florestais associadas a cursos d’água, caracterizadas como
áreas de preservação permanente são amplamente protegidas pela Legislação
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Ambiental Brasileira (Lei n. 4.771/65, alterada pela Lei n. 7.803/89) que estabelece
exigências diferenciadas para a cobertura vegetal destinada a proteger nascentes,
margens de rios, córregos, lagos e reservatórios de água
As Matas Ciliares são formações florestais às margens de ambientes aquáticos, constituem um ambiente complexo com condições mesoclimáticas distintas, atribuídas às temperaturas mais amenas e a maior umidade atmosférica desse local. As relações desempenhadas entre o ambiente aquático e o vegetal terrestre que margeia os cursos de água fazem com que diversos autores considerem inúmeras denominações, caracterizações e funções para esta vegetação (CARVALHO, 1996, p. 115).
1.1.1 Importância das matas ciliares
O desmatamento das matas ciliares resulta no assoreamento dos rios. Como
a mata ciliar tem opor principal função a proteção do solo contra erosões, a ausência
desta deixa o solo desprotegido, ficando sujeito a erosões. Com a chuva, a terra é
desgastada, indo para o rio o qual fica assoreado, tendendo a ficar cada vez mais
raso. Isso também diminui a qualidade da água afetando os ecossistemas que
habitam o rio, acarretando no desequilíbrio das relações ecológicas da região.
Possui também a função garantir a existência da fauna ictiológica aumentando o
estoque de pescados.
A Mata Ciliar e de extrema importância para a manutenção da qualidade da água dos rios, controle do regime hídrico, redução da erosão às margens dos rios, manutenção da fauna ictiológica com o aumento da oferta de pescado e melhoria dos aspectos paisagísticos (BOTELHO, 1995, p. 28)
As matas ciliares são também importantes como corredores ecológicos,
ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o
fluxo gênico entre populações de espécies animais e vegetais.
Segundo Johnson (1999, p. 421) é demonstrado que a comunidade de
mamíferos não voadores das matas de galeria no cerrado é distinta das
comunidades de mamíferos de qualquer outro tipo de fisionomia do cerrado. Além
disso, as matas de galeria contêm duas vezes mais espécies comuns às matas
úmidas que as outras fisionomias do cerrado reunidas.
“As matas ciliares diferenciam-se das formações adjacentes pela estrutura,
em geral, mais densa e mais alta devido principalmente à associação com o curso
d’água” (RIBEIRO, WALTER,1998, p. 89).
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A ausência ou a redução da mata ciliar pode provocar o aparecimento de
pragas e doenças na lavoura, motivado pela diminuição de plantas que antes eram
utilizadas para a manutenção de insetos que viviam em equilíbrio, provocando
prejuízos econômicos às propriedades rurais. Além disso, a matéria orgânica
resultante da queda das folhas serve como filtro par evitar o carreamento de
agrotóxicos dessas lavouras que escoam para o leito dos rios, provocando mais
poluição à água.
As matas ciliares são ecossistemas mais intensamente utilizados e degradados pelo homem, por possuírem solos férteis e úmidos, ideais para a agricultura, por fornecerem madeira, por apresentarem condições adequadas para a construção de estradas e principalmente nas regiões montanhosas, por exploração de areia e cascalho e, devido á sua beleza cênica serem intensamente utilizadas para a urbanização e recreação (BOTELHO; DAVIDE, 2002, p. 123).
De acordo com Botelho e David, (2002, p. 123) os principais benefícios das
matas ciliares são:
a) a manutenção da qualidade e quantidade de água pela função de
tamponamento entre os curso d’água e áreas adjacentes cultivadas, retendo grande
quantidade sedimentos, defensivos agrícolas e nutrientes e pela sua capacidade de
proteção do solo contra os processos erosivos e aumento na capacidade de
infiltração de água no solo;
b) estabilização das margens dos rios através da grande malha de raízes
que dá estabilidade aos barrancos e atuação da serrapilheira, retendo e absorvendo
o escoamento superficial, evitando o assoreamento dos leitos dos rios e das
nascentes;
c) habitat para a fauna silvestre proporcionando ambiente com água,
alimento e abrigo para um grande número de espécies de pássaros e pequenos
animais, além de funcionarem como corredores de fauna entre fragmentos florestais;
d) habitat aquático promovendo sombreamento nos cursos d’água abrigo,
alimento e condição para reprodução e sobrevivência aos insetos, anfíbios,
crustáceos e pequenos peixes.
Porém, mesmo protegidas por legislação ambiental específica, as matas
ciliares foram e continuam sendo alteradas, principalmente por atividades
antrópicas.
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As árvores, os arbustos, enfim a cobertura vegetal protege o solo tanto das
gotas de chuva como, também, reduzem a força das enxurradas. Eles evitam
maiores perdas de água, pois facilitam sua penetração na terra e reduzem a perda
de solo enquanto que as matas ciliares são áreas de preservação permanente
devido a enorme importância que exercem na proteção dos cursos d' água. Evitam o
assoreamento, estabilizam as margens, interceptam as enxurradas e com isso
alimentam o lençol freático que torna os rios perenes (abundantes).
Para o manejo racional integrado de bacias hidrográficas, é fundamental a
reposição desses ecossistemas quando inexistentes, visando à manutenção da
qualidade e volume dos recursos hídricos.
Segundo Leitão (1989 apud Carpanessi, 1989, p. 130), diversos fatores
afetam as características floristicas das matas ciliares, tais como: extensão e largura
dos cursos d'água, variação no período de inundação, topografia das margens,
características floristicas da vegetação circundante fatores de clima e solo. O autor
enfatiza que existem algumas dezenas de espécies que são tópicas dessas
formações e podem ser utilizadas em programa de recuperação de matas ciliares
em quase todo o país.
Segundo Lima e Zákia (2004), a zona ripária desempenha sua função
hidrológica através dos seguintes processos principais:
a) Quantidade de água: a recuperação da vegetação ciliar contribui para com o
aumento da capacidade de armazenamento da água na microbacia ao longo da
zona ripária, o que contribui para o aumento da vazão nas estações com menor
disponibilidade hídrica.
b) Qualidade da água: o efeito direto da mata ciliar na manutenção da qualidade da
água que emana da microbacia tem sido demonstrado com mais facilidade em
diversos experimentos. Esta função da zona ripária é, sem dúvida, de aplicação
prática imediata para o manejo de microbacias;
c) Ciclagem de nutrientes: o efeito de filtragem de particulados e de nutrientes em
solução proporcionado pela zona ripária confere, também, significativa estabilidade
em termos do processo de ciclagem de nutrientes pela microbacia;
d) Interação direta com o ecossistema aquático: existe uma interação funcional
permanente entre a vegetação ripária, os processos geomórficos e hidráulicos do
canal e a biota aquática.
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1.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL REFERENTES A ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
No Brasil, durante o período colonial foi que surgiu às primeiras leis
relacionadas ao ambiente. De acordo com Pádua (2002, p. 319), esta legislação
regulatória apenas restringia-se à proteção florestal, com poucos efeitos práticos.
Políticos e intelectuais já alertavam sobre os impactos negativos que o
desmatamento e a agricultura predatória vigentes na época poderiam ocasionar.
No final do século XVIII, surgem protestos e cobranças para a adoção de
medidas que contivessem a degradação da Mata Atlântica (CUNHA; COELHO,
2003).
Segundo Sánchez (2006), somente no século XX que a preocupação com as
questões ambientais se intensifica. Este fato acabou resultando na elaboração e
implementação de políticas públicas com caráter marcadamente ambiental,
especialmente a partir da década de 1970.
Umas das atividades que demandam avaliações ambientais é a agricultura.
Entretanto, apesar da agricultura ser vista como uma importante fonte de
degradação ambiental, apenas algumas práticas agrícolas são foco de avaliações.
No Brasil, onde imensas áreas são utilizadas para agricultura, é fundamental
conscientizar os proprietários rurais, profissionais e empresários do setor, que as
atividades agrícolas podem tornar-se potencialmente degradadoras, causando
impactos negativos ao ambiente.
A contaminação dos lençóis freáticos, a poluição atmosférica, o
desmatamento de matas nativas e práticas pouco conservacionistas, são
considerados como um dos principais impactos negativos gerados pela expansão da
agricultura brasileira (FERREIRA, 2000).
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31/08/81),
pode ser considerada como o marco na legislação ambiental brasileira, pois foi à
primeira lei a se preocupar quanto às questões referentes ao ambiente. Essa lei tem
por objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida. Visa assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana
(FONTENELLE, 2004).
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Além disso, a Lei nº 6.938 permitiu estabelecer importantes instrumentos de
política ambiental, dentre eles, alguns merecem destaque pela sua importância
como: o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o
licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras e o
estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. Estes tipos de instrumentos
são capazes de inibir a ação predatória da atividade humana sobre o ambiente
(AZEVEDO, 2007; IBAMA, 1995).
Por meio do zoneamento (instrumento do planejamento urbano), por
exemplo, é possível delimitar determinado território, no qual se estabelecerá para
cada tipo de atividade (agrícola ou industrial) zonas próprias, evitando dessa
maneira o mau uso.
Já a Avaliação de Impacto ambiental (AIA) é um dos principais instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente, tendo como principal objetivo não permitir a
implantação de atividades potencialmente degradadoras ao ambiente. É um
instrumento de suma importância para a gestão institucional de planos, programas e
projetos. Portanto, qualquer atividade que modifique o ambiente, para obter o
licenciamento, irá depender da elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA) e
do seu respectivo relatório (RIMA) (AZEVEDO, 2007).
Através dessa legislação, foi constituído o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), do qual participam instituições e órgãos públicos competentes
para normatizar as questões ambientais, gerenciar os recursos naturais bem como
fiscalizar o uso dos mesmos (FONTENELLE, 2004).
A partir da Política Nacional do Meio Ambiente também foi criado o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Suas principais competências são:
estabelecer normas e critérios para licenciamento de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras; determinar a realização de estudos das alternativas e
das possíveis conseqüentes ambientais de projetos públicos ou privados;
estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da
qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais,
principalmente os hídricos; entre outros (ARAÚJO, 1997, p. 1; SÁNCHEZ, 2006).
Outra lei importante na relação ambiente/agricultura é o Código Florestal
Brasileiro (Lei Federal nº 4.771, de 15/09/1965). Este código está voltado para a
proteção legal das florestas brasileiras. Esta lei determina que as propriedades
rurais devam possuir uma área mínima de florestas e de ecossistemas naturais
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conservados. Essa área mínima corresponde às áreas de preservação permanente
(APP) (como ao redor das lagoas; nas nascentes; nos topos de morros; nas
encostas com declividade superior a 45° entre outros) e a área de reserva Legal
(RL). As áreas de RL localizam-se no interior de cada propriedade ou posse rural e
tem a função de manter uma percentagem mínima de vegetação nativa, sendo
destinada ao uso sustentável dos recursos naturais, bem como à conservação e
proteção dos corpos d´água, do solo e à proteção da fauna e flora (COSTA;
ARAÚJO, 2002).
De acordo com este código, a área de Reserva Legal, deve corresponder a
80% na Amazônia legal, 35% na região de cerrado que esteja nos estados da
Amazônia Legal e 20% nas demais regiões do país.
Costa e Araújo (2002) acrescentam que na área de Reserva Legal a
aplicação de agrotóxicos não é permitida, assim como o corte raso da cobertura
arbórea. As atividades sustentáveis como as de manejo agroflorestal podem ser
praticadas, desde que se obtenha a autorização do órgão ambiental competente.
Entretanto, se o proprietário não possuir em extensão uma área para compor sua
reserva, poderá adotar a medida de compensação implantando-a em outra
propriedade, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na
mesma microbacia hidrográfica, conforme critérios estabelecidos em regulamento.
A legislação ambiental de acordo com a Lei Federal 4.771, de 15 de
setembro 1965, que instituiu o Código Florestal, alterada pela Lei 7.803 em 1989,
considera áreas de preservação permanente as florestas e demais formas de
vegetação natural situadas:
Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água, desde o seu nível mais alto,
em faixa marginal cuja mínima seja:
• de 30 metros para os cursos d'água com menos de 10 metros de largura;
• de 50 metros para os cursos d'água que tenham de 10 a 50 metros de
largura;
• de 100 metros para os cursos d'água que tenham de 50 a 200 metros de
largura;
• de 200 metros para os cursos d'água que tenham de 200 a 600 metros de
largura;
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• de 500 metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600
metros.
Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais: nas
nascentes, ainda que intermitentes (que param e recomeçam em intervalos) e os
chamados olhos d'água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50 metros de largura.
No topo de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas ou partes
destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior
declive.
É sabido que grande parte das matas ciliares foi derrubada: algumas, depois
da promulgação da proibição legal imposta pelo Código Florestal, Lei Federal
4.771/65; outras antes desta promulgação. A promulgação do Código Florestal, em
15 de setembro de 1965, serve de marco entre as derrubadas legais e as ilegais.
Apenas como curiosidade: a chamada Lei Oswaldo Cruz, do inicio do século,
obrigava os proprietários rurais a derrubada das matas ciliares que serviam de
abrigo e reposta pelo degradador, aquele que derrubou, e não pelo atual
proprietário, como pretendem alguns. (MURGEL, 1999, sp).
A Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) define:
Art. 38 – Destruir ou danificar área considerada de preservação permanente,
mesmo que em formação ou utiliza-la com infringência das normas de proteção:
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único – se o crime for culposo, a pena será reduzida á metade.
Art. 39 – Cortar árvores em florestas consideradas de preservação
permanente, sem permissão da autoridade competente:
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Art. 44 – Extrair de florestas de domínio público ou considerado de
preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer
espécie de minerais:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Decreto 3.179/99 (Penalidades Administrativas).
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Art. 25 – Destruir ou danificar florestas consideradas de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utiliza-la com infringência das normas de
proteção:
Multa de R$ 1.500.00 (mil e quinhentos reais) a R$ 50.000.00 (cinqüenta mil
reais), por hectare ou fração.
Art. 26 – Cortar árvores em florestas consideradas de preservação
permanente, sem permissão da autoridade competente: Multa de R$ 1.500.00 (mil e
quinhentos reais) por hectare ou fração, ou R$ 500.00 (quinhentos reais), por metro
cúbico.
Art. 30 – Extrair de florestas de domínio público ou considerado de
preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, ária, cal ou qualquer
espécie de minerais.
Multa simples de R$ 1.500.00 (mil e quinhentos reais), por hectare ou fração.
É importante destacar que o decreto 3.179/99 é federal, isso significa que se
o IBAMA for agente fiscalizador, ele terá por base essa norma para arbitrar a
penalidade. Os estados podem editar suas próprias leis definindo as sanções
Administrativas a serem aplicadas em caso de degradação de APP.
1.3 MATAS CILIARES DA FLORESTA AMAZÔNICA
Segundo Bonfá, (2000 p. 61) as matas ciliares da floresta amazônica são
classificadas em três tipos:
AS MATAS DE IGAPÓS: Situa-se em terrenos baixos e próximos de rios
(igarapés) que são constantemente inundados. As árvores atingem até 20 m de
altura, com a maioria entre 4 e 5 m. As espécies vegetais aqui encontradas são
adaptadas a terrenos alagadiços. Suas plantas, de menor porte, são hidrófilas
(adaptadas a regiões alagadas), possuindo como espécies comuns a vitória-régia,
as orquídeas, as bromélias e outras.
AS MATAS DE VÁRZEA: localiza-se em áreas mais altas que as matas de
igapós. Essas são alagadas periodicamente nas cheias dos rios. Espécies como o
cacaueiro, jatobá e a seringueira são comuns nessas matas. E também é muito
cultivada a juta nesta região.
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AS MATAS DE TERRA FIRME: correspondem às formações florestais
localizadas na parte mais alta da região, ao abrigo das inundações dos rios. A
castanheira e o guaraná são essas espécies. Na região Norte, encontramos ainda
outras espécies como os manguezais e o cerrado
Já a região Norte de Mato Grosso, apresenta a Floresta equatorial, onde
suas características diferem um pouco da floresta amazônica, por possuir espécies
que perdem as folhas e outras que permanecem sempre verdes, dependendo da
água disponível no solo (BONFÁ, 2000 p. 41)
Na Amazônia brasileira, a presença de extensas áreas com vegetação
nativa dá impressão de que há poucas áreas degradadas, entretanto, anualmente
são divulgadas taxas alarmantes de desflorestamento.
A floresta amazônica brasileira permaneceu completamente intacta até o
início da era “moderna” do desmatamento, com a inauguração da rodovia
Transamazônica, em 1970.
Os índices de desmatamento na Amazônia vêm aumentando desde 1991
com o processo de desmatamento num ritmo variável, mas rápido. Embora a floresta
amazônica seja desmatada por inúmeras razões, a criação de gado ainda é a causa
predominante. As fazendas de médio e grande porte são responsáveis por cerca de
70% das atividades de desmatamento A degradação da floresta resulta do corte
seletivo, dos incêndios (facilitados pelo corte seletivo) e dos efeitos da fragmentação
e da formação de borda. A degradação contribui para a perda da floresta. Os
impactos do desmatamento incluem a perda de biodiversidade, a redução da
ciclagem da água (e da precipitação) e contribuições para o aquecimento global
(INPE 2004).
Mas a preocupação com a conservação biológica e com a restauração de
ecossistemas sem dúvida nenhuma vem crescendo no Brasil. A diminuição dos
índices de desmatamento entre 2004 e 2006 foi reflexo dos esforços oficiais (como a
criação de unidades de conservação e aumento da fiscalização) e da recessão
vivida pelo agronegócio no período.
O Brasil reduziu o desmatamento da floresta amazônica em 19.000 km² em
2005 e em um pouco mais de 13.000 km2 em 2006, segundo o INPE - Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (207-208).
O INPE (2008). divulgou em agosto do mesmo ano, os números do
desmatamento na Amazônia Legal, entre agosto de 2006 e agosto de 2007. A área
33
desmatada foi de 11.532 quilômetros quadrados, 18% por cento a menos do que o
registrado nesse mesmo período, entre 2005 e 2006. A floresta já perdeu quase
20% do seu tamanho original - 700 mil quilômetros quadrados foram derrubados
(IMAZON, 2007).
Em Mato grosso, os processos de transformação da agricultura resultou em
extensas áreas degradadas, isto devido passagem da agricultura tradicional para o
padrão moderno com isto a nova cultura do solo produziu o aumento do consumo de
energia, a intensificação do uso dos recursos naturais, a substituição de áreas de
floresta por monocultivos, provocou degradação dos solos e contaminação de
recursos hídricos. O uso intenso de agrotóxicos e de adubos químicos, bem como
da mecanização, contribuíram para a expansão das lavouras com monocultura,
produzindo a redução do nível de emprego rural, o aumento da concentração de
posse da terra e a aceleração do êxodo rural de agricultores familiares, elevando o
índice populacional nas periferias das cidades.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2007), 75% da área desmatada na
Amazônia é ocupada pela pecuária. São 70 milhões de bovinos, e um terço está no
Mato Grosso. A ocupação é de quase uma cabeça de gado por hectare. O Brasil é o
maior exportador mundial e o segundo maior consumidor de carne bovina.
Pastagens degradadas têm sido convertidas em cultivos agrícolas. O
pecuarista vende o pasto para o cultivo de soja e continua a desmatar. As bacias
hidrográficas de mato grosso já perderam 32% a 42% de sua cobertura vegetal
original (IMAZON, 2006).
Com isto alguns setores da sociedade começam a perceber que há
necessidade de intervenção e restauração da cobertura florestal, seja como
ferramenta para adequação ambiental junto a órgãos licenciadores ou para a
promoção de atividades de manejo florestal.
34
CAPÍTULO II
METODOLOGIA
O presente trabalho de pesquisa “Importância da Mata Ciliar na Proteção
dos Recursos Hídricos e seus Principais Métodos de Recuperação” trata-se de uma
pesquisa bibliográfica, tendo como fonte de pesquisa artigos de periódicos,
publicações em revistas científicas, internet e livros.
A Pesquisa bibliográfica é uma atividade realizada com a finalidade de
localizar e consultar fontes diversas de informações escritas, para a coleta de dados
gerais ou específicos a respeito de um tema, sendo no caso específico desta
pesquisa a mata ciliar.
O período de pesquisa foi de dezembro de 2009 a março de 2010, e na
busca foram utilizadas as seguintes palavras: mata ciliar, recuperação de matas
ciliares e métodos de recuperação de mata ciliares. Sendo uma pesquisa voltada
especificamente sobre mata ciliar, procurou-se elaborar o texto com vocabulário
simples para que os leitores possam ter uma melhor assimilação dos conteúdos
facilitando-os na prática ou para que os mesmos venham ser colaboradores na
multiplicação de informações sobre mata ciliar, contribuindo de forma indireta ou
mesmo direta para com o meio ambiente.
35
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
1.4 COMO RECUPERAR AS MATAS CILIARES Se você está no capítulo 3 todos
os tópicos devem começar com 3. Nesse caso ficaria 3.1
Quando pensamos em plantar matas ciliares, temos que saber como elas
eram antes de serem destruídas. Claro que não será possível refazermos a floresta
exatamente como ela era, mas temos que ser capaz de garantir a volta dos
processos e das interações que fazem as florestas se formarem, autoperpetuarem e
cumprirem sua função. Na verdade, o que devemos fazer é recuperar a sua
estrutura e a capacidade de perpetuação de seu funcionamento no tempo, isto é,
restaurar a floresta.
A natureza é constituída por uma seleção natural de árvores que são
capazes de viver em cada lugar, então a melhor solução para se fazer sua
recuperação é copiar a natureza, é aprender com ela e plantar o que ela
pacientemente preparou para viver em cada uma das condições de cada lugar, pois
algumas crescem numa terra brejosa, outras em barrancos altos e de terras secas
ou em solos pedregoso. Não vale, portanto, plantarmos muitas árvores sem
sabermos se elas são adaptadas ás condições de clima, solo e umidade do local,
pois elas podem não sobreviver (ATTANASIO, 2006, p.14).
Segundo Rodrigues; Gandolfi, 2001, p. 96 “A complexidade ou dificuldade do
processo de restauração depende da trajetória percorrida durante a degradação, das
consequências desse processo no ecossistema e do objetivo pretendido com a
restauração”.
Percebe-se então que quanto mais intenso o nível da degradação, maior
será as dificuldades e mais complexa as intervenções que farão necessárias à
restauração da área degradada, pois o processo de restauração implica em
conseguir estabelecer e manter uma cobertura florestal que garanta sombra
permanente na superfície do solo e fechamento das clareiras
De acordo com Kageyama e Gandara (2001, p. 249) “A regeneração natural
figura dentre as técnicas de restauração florestal, tendo como pré-requisito básico a
36
presença de banco de sementes de espécies florestais pioneiras e fonte de
sementes de não-pioneiras”.
A ocorrência de espécies invasoras, principalmente gramíneas exóticas e
trepadeiras, pode inibir a regeneração das espécies arbóreas (BUDOWSKI, 1965;
MARTINS, 2001).
De acordo com os estudos realizados para elaboração dessa pesquisa, a
regeneração natural constitui atualmente a estratégia mais promissora para
recuperação de ecossistemas florestais degradados no Brasil, pois a simples
proteção de um dado ecossistema degradado pode levá-lo ao processo de
reabilitação natural através da sucessão ecológica, porém, certos casos tornam-se
necessárias intervenções iniciais visando ao favorecimento seletivo de espécies
desejáveis.
Há autores que para recompor uma mata ciliar deve-se aplicar o sistema
mais utilizado dentre os quais se destacam: o Fitossociológico e o Sucessional.
O sistema Fitossociológico tenta reproduzir a flora, baseando-se na estrutura
qualitativa e quantitativa determinada pelos levantamentos desenvolvidos em áreas
próximas (distância de até 50 km) do local de implantação do reflorestamento, os
método de parcela (com áreas) e sem parcelas ou dos quadrantes (sem áreas),
fazem parte do sistema fitossociológico. Há grandes dificuldades em se implantar
esse sistema de reflorestamento, por não se encontrarem mudas de todas as
espécies exigidas e nem sementes disponíveis no mercado ou tecnologia para sua
produção, além de não disporem de dados científicos sobre a evolução da mata, não
é recomendável.
Já o sistema sucessional, promove o reflorestamento de uma determinada
área em curto espaço de tempo, por exigir uma diversidade menor de espécies,
pertencentes à mesma gama de representantes, determinada pelo sistema
Fitossociológico (CRESTANA, 1993, p. 60).
Geralmente são três os tipos de vegetação recomendados para uso:
implantação, enriquecimento e regeneração natural (GRANDOLFI e RODRIGUES,
1996, p.55), como descrito nos parágrafos abaixo:
Dos três tipos de recomposição existentes, recomenda-se a implantação, por
ser o mais utilizado em áreas ou ecossistemas bastante perturbados, que nada ou
pouco conservam das formações florestais primárias originais, devido terem sido
substituídos por atividades de elevada agressividade ao meio ambiente, como é
37
caracterizado na microbacia as pastagens, queimadas e a monocultura (cana-de-
açúcar). Nesse sistema, as espécies devem ser introduzidas respeitando-se o seu
enquadramento nos grupos ecológicos já citados anteriormente. Assim, é
recomendável a preferência por mudas, sugerindo-se a seguinte seqüência:
espécies pioneiras, espécies secundárias iniciais e espécies secundárias tardias ou
clímax. Na grande maioria dos casos, os trabalhos de vegetação têm priorizado o
uso de mudas, uma vez que o plantio direto, através de sementes, ainda está em
fase de estudo, dependendo de resultados mais concretos para a sua adoção.
A regeneração natural é utilizada em áreas pouco perturbadas, onde com o
ambiente mesmo alterado, mantém a maioria das características bióticas das
formações florestais típicas da área a ser recuperada e preservada. Essa
regeneração natural é conhecida como o processo biológico mais econômico
quando comparado aos demais, podendo ser auxiliada e acelerada para a formação
da futura floresta, através da adoção de algumas práticas ou operações de manejo.
No caso de existir regeneração natural, porém lenta ou com poucas
espécies, é recomendado fazer plantios de enriquecimento ou adensamento para
acelerar a cobertura do solo e enriquecer as áreas em regeneração.
As espécies para adensamento segundo as literaturas, devem ser aquelas
que já estão se regenerando naturalmente na área, plantando-as nos espaços
vazios junto com espécies que descompactam e aumentam a fertilidade do solo,
como: leguminosas, embaúbas e urucum. Para enriquecimento devem ser usadas
espécies nativas que não estão mais ocorrendo na área, que devem ser plantadas
onde a capoeira (juquira) já começou a se formar. Em propriedades da agricultura
familiar podem ser usadas também espécies de valor econômico para essas
coesões, como por exemplo, para enriquecimento: pequi, baru, gabiroba e murici; e
para adensamento: o feijão-guandu e a mandioca.
Em áreas que inundam, recomenda-se o enriquecimento com semeadura a
laço de espécies como: buriti, cajazinho, landi e camaçari.
No caso de se fazer semeadura direta, as plantas se desenvolvem melhor,
porém é preciso observar se há condição para as plantinhas pequenas e delicadas
se desenvolverem, isto é, solo poroso, matéria orgânica cobrindo o solo e plantas de
crescimento para proteger as plantas de crescimento.
Pode-se enriquecer a área ainda com chuva de sementes, utilizando-se
sementes colhidas em áreas de mata, ou levando se pequenas quantidades de
38
folhiço (serapilheira: camada de folhas e galhos que cobre o chão da floresta) da
floresta para a área em restauração, uso de poleiros (para que pássaros tragam
sementes), introdução de plantas-chave como a lobeira, pois os animais, atraídos
por essas árvores, trazem sementes de outras plantas e enriquecem a área. Como a
retirada do folhiço de uma floresta nativa pode causar nela um impacto ambiental, os
pesquisadores somente recomendam o uso de folhiço se for retirado de florestas
que serão desmatadas.
Áreas de empréstimo de solo, erodidas e com gramíneas agressivas como a
braquiária são as áreas que precisam de maior investimento para ser restauradas,
pois não conseguem mais se regenerar naturalmente. Quando não há condições
para a recuperação da vegetação pela regeneração natural, é preciso fazer um
plantio de restauração ou um reflorestamento.
Em áreas mais perturbadas pode-se adotar o manejo de recomposição de
cobertura vegetal
Para recuperação de um ecossistema florestal ciliar com abordagem
científica, devem-se conhecer vários fenômenos próprios deste ecossistema,
compreendendo os processos que levam a sua estruturação e manutenção,
utilizando destas informações para elaborar, implantar e conduzir projetos de
restauração da vegetação ripária. A restauração de formações ciliares tem
possibilidades ampliadas, quando inseridas no contexto de bacia hidrográfica,
ressaltando a questão hídrica, o uso adequado dos solos agrícolas do entorno e da
própria área a ser recuperada, a preservação da interligação de remanescentes
naturais, a proteção de nascentes e olhos d’água (RODRIGUES; GANDOLFI, 1996,
p.55).
A escolha adequada das espécies é um aspecto fundamental para a
implantação de programas de restauração de mata ciliar. Considerando a
adaptabilidade diferencial das espécies para cada condição ambiental identificada
na faixa ciliar, que vão apresentar particularidades nas diferentes regiões
fitogeográficas. (SILVA et al., 1998, p.76).
Portanto a escolha das espécies representa umas das principais garantias
de sucesso na restauração, pois durante o surgimento e a evolução de uma floresta,
as espécies demonstram exigências ambientais e biológicas muito específicas
(RODRIGUES, 2000, p. 99).
39
Desta forma, a sucessão florestal, deve ser entendida não como uma
simples substituição de espécies no tempo, mas sim como a alternância de grupos
ecológicos ou categorias sucessionais. A priorização pode ser feita de muitas
maneiras distintas, produzindo um maior ou menor refinamento de resultados.
Kentula (1997, p. 69) trabalhando num contexto de microbacias sugere os seguintes
passos para chegar-se a definição de prioridades: caracterização da microbacia,
identificação das questões chave, documentação da situação atual, descrição de
condições consideradas como referências, identificação de objetos, o resumo das
condições e determinação das causas.
Para as formações ciliares, as atividades relacionadas com a vegetação
empregada na tentativa de restauração dos processos ecológicos pode ser o
simples isolamento, evitando a continuidade do processo de degradação,
preservando os processos naturais da comunidade como regeneração de espécies e
as interações bióticas. Isso ocorre onde a resiliência da área foi mantida. A correta
identificação e a retirada de fatores que causam a degradação de uma área ciliar
são aspectos básicos que devem ser resolvidos antes da implantação de qualquer
manejo da área. Também a eliminação seletiva ou desbaste de espécies
competidoras como gramíneas, trepadeiras e bambus, a transferência ou
transplantes de propágulos alóctones, o adensamento, o enriquecimento e a
implantação de consórcio de espécies, ambos com uso de mudas ou sementes são
indicados. (RODRIGUES; GANDOLFI, 1996, p. 4).
A indução e condução de propágulos autóctones para clareiras de
degradação dentro de uma matriz florestal ou bancos de sementes na área ou ainda
propágulos oriundos das áreas de entorno são alternativas viáveis (BARROS, 1996,
p. 132).
Outra alternativa seria a implantação de espécies pioneiras atrativas da
fauna, espécies essas que facilitam a sucessão, porque mantém grande interação
com a fauna que visitam as copas à procura de abrigo e alimentação, atuando como
polinizadores e/ou dispersores (GALETTI & STOZT, 1996, p. 435) .Esses animais
transportam grande diversidade de propágulo auxiliando na recuperação e as
árvores pioneiras vão se tornando pequenas ilhas de restauração.
Espécies exóticas de interesse econômico, usadas como pioneiras e
manejadas adequadamente podem viabilizar a dinâmica sucessional. Outra
possibilidade é o plantio de espécies possíveis de exploração controlada, como
40
frutíferas perenes, madeiras, medicinais, resiníferas, melíferas, cujo aproveitamento
pode contribuir como fonte alternativa de renda para os pequenos produtores
(RODRIGUES et al., 2000, p. 91).
1.4.1 Modelos de Restauração
Conhecimentos teóricos básicos em ecologia, demografia, genética,
biogeografia, informações sobre a área (ambiente físico e biológico) e tecnologia
disponível são fatores que vão determinar qual o modelo mais adequado para cada
situação. Para recuperação de mata ciliar, deve-se realizar o plantio máximo de
espécies nativas visando restabelecer tanto a estrutura como a dinâmica da floresta.
Podem ser adotados os seguintes modelos: plantio ao acaso, modelo sucessional,
plantio através de sementes, regeneração natural, modelo com espécies raras e
comuns e restauração em ilhas. Kajeyama e Gandara (2000) demonstram como
montar um modelo:
Escolha das espécies: A escolha das espécies para os plantios mistos
depende do objetivo a que se destina a plantação: proteção às APP (áreas de
plantação permanente) ou a recuperação de AD (áreas degradadas), à produção de
madeiras. Assim, a restauração se define como o plantio misto com o máximo de
diversidade de espécies nativas possível, recuperando tanto a estrutura como a
dinâmica da floresta. Recomenda-se o uso de espécies em APPs porque as
espécies que evoluíram naquele local têm mais probabilidade de ter seus
polinizadores e dispersores de sementes e predadores naturais. Dessa forma as
espécies nativas a serem utilizados no local dependem de um estudo florístico
criterioso.
Modelo de plantio ao acaso: O modelo de plantio ao acaso, ou o plantio
misto de espécies tem como pressuposto que os propágulos caem , germina e
cresce ao acaso na natureza. O modelo ao acaso foi utilizando em experiências
como da Tijuca e de Cosmópolis, que em função de seu relativo sucesso foi
difundido e copiado.
A característica principal desse modelo é não dar importância às espécies
nobres da floresta. Na prática o não uso de pioneiras retarda a implantação da
41
floresta, e provoca uma menor sobrevivência das plantas exigentes de
sombreamento inicial.
Modelo sucessional: A sucessão ecológica na implantação de florestas
mistas é a tentativa de tornar a regeneração artificial mais parecida natural na
floresta. A simulação de clareiras de diferentes tamanhos fornece condições
apropriadas, principalmente de luz, às exigências dos diferentes grupos ecológicos
sucessionais. Este modelo separa as espécies em grupos ecológicos, juntando as
em modelos de plantio em que espécies iniciais de sucessão dêem sombreamento
adequado às espécies finais da sucessão. Neste modelo o plantio pode ser em
linhas ou em módulos.
Plantio por sementes Esse método é interessante para ser utilizado em
áreas montanhosas e de difícil acesso e onde intervenção no solo pode ser muito
problemática (POMPÉIA et al., 1990, p. 155). O plantio direto de sementes pode ser
utilizado na introdução de espécies pioneiras e secundárias iniciais, em áreas sem
cobertura florestal, bem como para a introdução de espécies pioneiras e secundárias
iniciais, em áreas sem cobertura florestal, bem como para a introdução de espécies
secundárias tardias e climácicas no enriquecimento de florestas secundárias. A
semeadura de espécies não pioneiras somente deverá ocorrer quando já houver
uma cobertura vegetal caso contrário a mortalidade será demasiada alta,
inviabilizando o processo.
Regeneração natural: O primeiro passo para escolha do modelo de
restauração natural é a existência de bancos de sementes ou plântulas de espécies
pioneiras e áreas com vegetação natural próximas, para funcionar com fonte de
sementes por dispersão natural a área de interesse. Desse modo, não há
necessidade de introdução de espécies, sendo possível à utilização da regeneração
natural como forma mais adequada de restauração da área. Podendo-se eliminar
espécies invasoras para não retardar ou impedir a sucessão. A presença de uma
significativa regeneração é comum em regiões com razoável cobertura vegetal
remanescente, apresentada surpreendente diversidade.
Modelos com espécies raras e comuns: nos ecossistemas naturais não
perturbados as espécies podem ser raras, intermediárias ou comuns, dependendo
se sua densidade pode ser baixa: menos de um indivíduo por hectare. Média um
indivíduo por hectare ou alta mais de um indivíduo por hectare. Nas florestas
42
tropicais típicas a maioria das espécies é rara. Nos levantamentos fitossociológicos
cerca de 30% delas tem um só indivíduo por parcela
As características de raridade e abundância serem evolutivas. Há muitos
exemplos de fracassos de plantações de espécies nativas raras na natureza e
plantadas como comuns: as seringueiras na Amazônia, o cedro atacado por
Hypsipyla em todo o Brasil. Se as espécies são raras, devem ser plantadas como
tal. Assim como as comuns devem seguir sua densidade natural.
Restauração em ilhas: Esta possibilidade surgiu a partir de pesquisas que
mostram fragmentos florestais ou árvores isoladas podem exercer um papel de
atração de fauna dispersora de sementes, contribuindo para acelerar a sucessão ao
seu redor. Para implantação das ilhas de diversidade utilizam-se dois métodos: 1)
plantio de espécies pioneiras de espécies e não pioneiras em ilhas; 2)plantio de
espécies não pioneiras em ilhas e espécies pioneiras em área total. O primeiro
método apresenta custos menores, embora à expansão da ilha seja mais lenta para
a ocupação das áreas não plantadas (GUEVARA, 1997 p.52).
1.4.2 Sucessão Florestal
Segundo Kageyama e Gandara (2004, p. 249), o uso da sucessão florestal
na implantação de florestas mistas é a tentativa de dar a regeneração artificial, um
modelo segundo as condições como ela ocorre naturalmente na floresta. O modelo
sucessional separa, portanto, espécies em grupos ecológicos, e juntando-se em
modelos de plantios tais que as espécies mais iniciais dêem sombreamento
adequado às espécies mais tardias. Em síntese, a concepção básica é que as
espécies pioneiras dêem condições de sombreamento para as espécies secundárias
e estas para as de clímax.
Segundo Martins (2001, p.143),
a combinação de espécies de diferentes grupos ecológicos ou categorias sucessionais é extremamente importante nos projetos de recuperação. As florestas são formadas através do processo de sucessão secundária, onde grupos de espécies adaptadas a condições de maior luminosidade colonizam áreas abertas, e crescem rapidamente, fornecendo sombreamento para as demais. Várias classificações têm sido propostas na literatura especializada, sendo a mais empregada de acordo com (Lima, 2001; e Backes e Irgang, sd).
43
• Pioneiras: são também chamadas de espécies primárias por serem plantas
da primeira ocupação de uma área, desenvolvendo-se em clareiras ou nas
bordas das florestas, pois necessitam de grande quantidade de luz. Estas
espécies também predominam em áreas que sofreram alguma perturbação
natural ou causada pelo homem. Têm um tempo de vida em torno de 10
anos. São alguns exemplos destas espécies: Ingá Beira Rio, Chal-chal,
Amorão, Pitanga, Canela de Veado, Camboatá, Ingá Macaco, Cerejeira.
• Secundárias Iniciais: espécies que ocorrem em condições de
sombreamento médio ou bordas de florestas. Em áreas perturbadas,
substituem as pioneiras numa segunda fase de vegetação denominada
capoeirão. Alguns exemplos destas espécies são: Angico Vermelho, Tarumã,
Açoite a Cavalo, Loro Mole entre outros.
• Secundárias Tardias: ocorrem em florestas primárias ou secundárias,
bordas de clareiras e subbosque, seu tempo de vida é em torno de 25-30
anos. Alguns exemplos destas espécies são: Louro, Camboatá, Canafístula,
Ipê-Roxo.
• Climax: são as espécies definidas, que se desenvolvem em condições de
sombra leve ou densa, podendo aí permanecer toda a vida. Sua presença
indica uma floresta madura, onde estas espécies apresentam grande
longevidade, podendo chegar a até 120 anos. Alguns exemplos destas
espécies: Caroba, Ipê-Roxo, Cabreúva, Cedro e Guarantã.
No quadro abaixo será possível conferir as características de espécies
arbóreas nativas do Brasil, que compõe os diferentes grupos ecológicos como já foi
descrito acima.
44
Grupo Ecológico
Características Pioneiras Secundárias Iniciais
Secundárias Tardias Climáticas
Crescimento muito rápido rápido médio lento ou muito lento
Madeira muito leve leve mediamente dura dura e pesada
Tolerância à sombra muito intolerante intolerante tolerante no estágio juvenil tolerante
Altura das árvores (m) 4 a 10 20 20 a 30 (alguns até 50)
30 a 45 (alguns até 60)
Regeneração banco de sementes
banco de plântulas
banco de plântulas banco de plântulas
Dispersão de sementes
ampla (zoocoria: alta diversidade de animais); pelo vento, a grande distância
restrita (gravidade); ampla (zoocoria: poucas espécies de animais); pelo vento, a grande distância
principalmente pelo vento
ampla (zoocoria: grandes animais); restrita (gravidade)
Tamanhos de frutos e sementes pequeno médio pequeno à médio
mas sempre leve grande e pesado
Dormência das sementes induzida (foto ou termorregulada) sem sem inata (imaturidade do
embrião)
Idade da 1.° reprodução (anos) prematura (1 a 5) prematura (5 a
10) relativamente tardia (10 a 20) tardia (mais de 20)
Tempo de vida (anos) muito curto (menos de 10) curto (10 a 25) longo (25 a 100) Muito longo (mais de
20)
Ocorrência capoeiras, bordas de matas, clareiras médias e grandes
florestas secundárias, bordas de clareiras, clareiras pequenas
florestas secundárias e primárias, bordas de clareiras e clareiras pequenas, dossel floresta e sub-bosque
florestas secundárias em estágio avançado de sucessão, florestas primárias, dossel e sub-bosque
Quadro 01: Características de espécies arbóreas nativas do Brasil, que compõem os diferentes grupos ecológicos. Fonte: Recuperação de Matas Ciliares. Sebastião Venâncio Martins. Viçosa - MG. 2001
1.4.3 Implantação de Matas Ciliares
A avaliação das condições locais, como: topografia, regime hídrico, tipo de
solo, fertilidade natural, presença de processos erosivos, atividade antrópicas
circunvizinhas, clima, presença de pragas e capacidade de regeneração natural são
fundamentais para as recomendações de preparo e correção do solo, proteção da
área, seleção de espécies, espaçamento, disposição de plantio e manejo futuro.
45
1.4.3.1 Obtenção de propágulos
No processo de condução de regeneração natural, a revegetação é obtida
naturalmente através do banco de sementes e outros propágulos (raízes, bulbos,
etc.) existentes no local ou dispersado pela fauna (aves, insetos, mamíferos, etc.),
pelo vento, chuva e outros mecanismos de dispersão.
As mudas de essências nativas são obtidas principalmente através da forma
sexuada. A grande dificuldade para a produção de mudas está relacionada ao
desconhecimento da fenologia das espécies à grande variabilidade genética dentro
da espécie e os diferentes comportamentos de cada espécie, à interação genótipo x
ambiente, afetando a produção, a viabilidade e o vigor dos lotes.
Devido aos problemas encontrados para a obtenção de sementes, é
necessário fazer a seleção de matrizes no campo, acompanhar seu comportamento
quanto à produção e qualidade das sementes em função das variáveis ambientais e
realizar testes de progêne (dados sobre os valores genéticos). A demora nos
resultados dos testes de progêne faz com que a seleção de matrizes seja feita
baseando-se apenas no fenótipo das árvores no campo.
1.4.3.2 Coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes.
A época de coleta de frutos pode variar para uma mesma espécie entre
regiões e entre anos. Existem vários indicadores do ponto de maturação dos frutos,
como: mudança na coloração e consistência, queda de frutos e sementes e
presença de dispersores, os quais estabelecem a época de colheita ou coleta de
sementes (MALAVASI, 1995).
A marcação de árvores matrizes, para a produção de sementes, auxilia a
prática de coleta e permite o monitoramento da produção e da qualidade das
sementes. Esta prática é muito importante para o bom rendimento das atividades de
produção de mudas e conhecimento da fenologia das espécies. De cada espécie
deve-se eleger como matriz no mínimo 8 árvores (quando possível) em ambientes
distintos para garantir a diversidade genética das populações.
46
O beneficiamento é a prática pela qual se realiza a limpeza do lote de
sementes. É feita a retirada do material indesejável como palhas, restos do frutos,
sementes danifica- das, terra etc. Os métodos utilizados devem ser de fácil
execução, elevado rendimento operacional e que provoque o mínimo de danos as
sementes.
Quanto ao armazenamento de sementes de espécies florestais nativas, as
informações ainda são poucas. Uma boa estratégia é realizar a semeadura logo
após a colheita e beneficiamento. No entanto, quando não for possível executar a
semeadura logo em seguida da coleta e beneficiamento, algumas regras gerais
podem ser adotadas para o armazenamento.
Sementes de espécies pioneiras normalmente possuem dormência e,
conseqüentemente, permitem o armazenamento por longo prazo. A maioria dessas
espécies apresenta sementes ortodoxas, que mantêm sua viabilidade com teores de
umidade entre 8 a 12%, o que facilita o armazenamento a baixas temperaturas e
umidade do ar, evitando a deterioração por agentes bióticos ou pela queima de suas
reservas.
As espécies clímax normalmente apresentam sementes recalcitrantes, as
quais se mantêm viáveis somente com altos teores de umidade (30 a 40%). Isso
dificulta o armazenamento, exigindo sua semeadura logo após a colheita e
beneficiamento (PINÃ-RODRIGUES E JESUS, 1991).
1.4.3.3 Recipientes e substratos
A escolha do recipiente é função do grau de tecnificação envolvido no
processo de produção de mudas. As embalagens mais utilizadas hoje em dia são os
sacos plásticos e os tubetes.
Os tubetes apresentam vantagens, como: menor volume de substrato e
mecanização das operações de enchimento e encanteiramento, melhor formação do
sistema radicular e reutilização da embalagem, menor área de viveiro, dentre outras.
Por outro lado, o pequeno volume de substrato proporciona um rápido esgotamento
de umidade, fazendo com que seja necessária uma maior frequência de irrigação e
fertilização para suprir as necessidades das mudas, e compensar as perdas por
lixiviação de nutrientes.
47
Os substratos têm a função de servir de suporte para a muda, favorecer o
desenvolvimento do sistema radicular, formação de torrão, e reter nutrientes e
umidade. A composição do substrato vai variar em função do tipo de recipiente e o
modo de produção da muda, sendo que a maioria é composto por matéria orgânica
decomposta, vermiculita, fertilizantes, terra, inóculos de fungos e bactérias, em
várias proporções (PAIVA E GOMES, 1993).
1.4.3.4 Práticas de viveiro
A semeadura é a colocação da semente para germinar, seja na sementeira
ou diretamente na embalagem definitiva. Quando a semeadura é feita em
sementeira, é necessário o transplantio da muda para a embalagem definitiva, o que
é chamado de repicagem.
Quando a semeadura é feita diretamente na embalagem, geralmente é
colocada mais de uma semente por embalagem para evitar falhas no canteiro; dessa
forma, se mais de uma semente germina na embalagem, é feito o desbaste.
A adubação é feita no substrato da embalagem para favorecer o
desenvolvimento inicial, e em cobertura, para repor nutrientes lixiviados, absorvidos,
e compensar novas necessidades da planta.
A moveção é a mudança de posicionamento da muda no canteiro, para
favorecer a uniformidade de desenvolvimento das mudas.
A aclimatação é a adaptação da muda às condições de luminosidade,
temperatura e umidade, com o intuito de favorecer a rusticidade da mesma quanto à
adversidade do meio.
1.4.3.5 Preparo do solo
O preparo do solo visa a melhorar as condições físicas do solo e/ou
incorporar fertilizantes e corretivos, para favorecer o estabelecimento do
povoamento.
48
As técnicas e equipamentos a serem utilizados no preparo do solo vão
depender das características físicas, químicas e topográficas do solo, bem como da
disponibilidade de recursos financeiros para a execução do mesmo.
Como formas de preparo de solo, podem ser citadas:
• Coveamento;
• Sulcamento na linha de plantio ou na área total (em nível);
• Aração (em nível);
• Gradagem (em nível);
• Subsolagem (em nível), na linha de plantio ou na área total.
A recomendação das formas de preparo do solo, suas variações e época
são definidas após visita à área, levantamento e análise das condições locais.
Os estudos sobre nutrição de espécies florestais nativas são ainda
escassos. Considerando o grande número de espécies existentes, a variação entre
indivíduos de mesma espécie e as interações entre genótipo (material hereditário
herdado dos progenitores) e ambiente, torna-se difícil elaborar recomendações
muito específicas de adubação. De modo geral, a correção do pH do solo deve se
feita mediante calagem conforme análise de solo, mantendo seu valor por volta de
6,0 a 6,5 por ser a faixa ideal para o desenvolvimento da maioria das plantas.
Quanto à fertilização, deve ser feita de forma a corrigir deficiências mais severas dos
principais nutrientes.
1.4.3.6 Controle de pragas e ervas daninhas
A presença de formigas cortadeiras e cupins, no estágio inicial de
implantação, podem causar danos severos e até a morte de mudas. A presença de
gramíneas invasoras e outros causam diminuição do ritmo de crescimento devido à
competição por umidade, nutrientes e outros fatores.
O controle químico de pragas tem uso restrito, e deve observar a legislação
pertinente. O controle mecânico é mais recomendado, podendo ser feito com o uso
de ferramentas manuais (enxadas, foices, etc.) ou equipamentos tração (grades
leves), devendo ser realizados até o estabelecimento dos povoamentos.
49
Nos casos de condução de regeneração natural, a presença de formigas,
apresenta importante papel na disseminação de propágulos, e gramíneas são
importantes para incorporar matéria-orgânica, proteger o solo contra processos
erosivos, insolação e perda de umidade. Caso a infestação esteja em níveis muito
elevados, a área pode apresentar baixo potencial de regeneração natural, sendo
necessária à intervenção.
1.4.3.7 Proteção da área
Quando há risco de incêndio, a construção de aceiro e o controle de
gramíneas invasoras são fundamentais para a formação de barreira física e redução
do material combustível, como medidas preventivas.
Quando a atividade circunvizinha à área trabalhada é a pecuária, a
cercamento da área é importante para evitar danos causados pelo pastoreio. Os
danos mais comuns causados por animais, são: o pisoteio das mudas, a
compactação do solo e a formação de carreadores que favorecem a erosão. É
importante resguardar corredores que permitam o acesso dos animais às aguadas.
1.4.4 PLANTIO
1.4.4.1 Espaçamento
A definição do espaçamento dever ser feita em virtude das condições
encontradas em cada local.
Quando a implantação é feita em área total, os espaçamentos mais comuns
têm sido os de 1,5m x 3m, 2m x 3m e 3m. Para áreas de condução de regeneração
natural, às vezes é feito plantio de enriquecimento em intensidade, o que depende
de cada caso.
1.4.4.2 Combinação de Grupos Ecológicos
50
Quando são utilizadas espécies de dois ou mais grupos ecológicos, a
proporção entre o conjunto de espécies de cada grupo é chamada de combinação. A
combinação é muito importante como estratégia de recuperação de áreas
degradadas, no sentido de implementar a dinâmica de sucessão dos povoamentos.
Há casos em que se opta por realizar em uma primeira intervenção somente
o plantio de espécies pioneiras, e em intervenções futuras, introduzir espécies dos
demais grupos ecológicos. Essa prática é onerosa e muitas vezes, difícil de ser
implementada.
1.4.4.3 Distribuição de Plantio
Distribuição de plantio é a forma como as espécies selecionadas vão estar
posicionadas uma em relação a outra. A distribuição pode ser aleatória, seguir
critérios baseados nos estudos florísticos e fitossociológicos ou se basear na
combinação de grupos de espécies características de diferentes estágios da
sucessão secundária.
No critério de distribuição, é fundamental avaliar as condições de sítio,
devido à interação que ocorre entre as espécies e o ambiente (Botelho et al., 1995).
Têm-se observado as seguintes formas de distribuição:
• Distribuição aleatória (comumente utilizada em projetos em que se utiliza
mão-de-obra sem treinamento específico);
• Distribuição em blocos, homogêneos ou mistos;
• Distribuição em quincôncio (em linhas);
• Distribuição em linhas.
1.4.4.4 Manutenção
Ao dar início à atividade de revegetação em áreas de florestas de proteção,
é importante considerar que, através deste trabalho, somente se estará fornecendo
os ingredientes iniciais necessários para o início de um processo de restauração da
área.
51
A manutenção e proteção das matas, após essa fase, dará condições para
que a natureza se encarregue da continuidade do processo (Macedo, 1993).
As capinas, o controle de formigas cortadeiras, adubação em cobertura,
reparo de cercas e reforma de aceiros, são as principais atividades de manutenção.
A manutenção deve ser feita apenas quando necessário, por ser uma prática
onerosa e, às vezes, de difícil realização.
Com todos esses cuidados, as matas ciliares serão realmente restauradas e
se perpetuarão, cumprindo suas principais funções, tais como promover a proteção
e recuperação da vida dos rios, produzir alimentos e abrigo para os animais e
melhorar a qualidade de vida das pessoas.
1.5 ESPÉCIES POTENCIAIS DE USO
Em princípio, todas as espécies nativas da região e de ocorrência natural em
áreas de matas ciliares são potenciais de uso. Os estudos florísticos e
fitossociológicos em áreas de matas ciliares remanescentes da região vão identificar
as espécies mais adaptadas às condições dos sítios locais. A indução da dinâmica
de sucessão secundária, mediante intervenções de plantio, tem apresentado
resultados muito favoráveis quanto à recuperação da função e posterior recuperação
da estrutura da floresta.
Como já foi dito para se fazer a recuperação de uma área, deverá antes se
fazer o levantamento das espécies que se adaptam aquela região, com isto de
acordo com Campos Filho (2007,), logo abaixo há descrição de algumas espécies
de madeira nativa, que segundo ele poderá ser utilizada na recuperação de mata
ciliar em nossa região: Mogno (Swietenia macrophylla), Garapeira (Apuleia sp.), o
Cedro (Cedrela fissilis), jatobá (Hymenaea courbaril), Sucupira-preta, Guatambu
(Aspidosperma sp.), Aroeira (Myracrodruon urundeuva), Sôbre (Emmotum nitens),
Angico (Anadenanthera sp.), Pinho-cuiabano (Schizolobium amazonicum), Canelão
(Ocotea sp.), Cedro, Angelim (Andira sp.), Itaúba (Mezilaurus itauba) e frutas como
Pequi (Caryocar sp.), Mirindiba (Buchenavia spp.), Ingá (Inga spp.), Bacaba
(Oenocarpus bacaba), Gariroba (Syagrus oleraceae), Murici (Byrsonima spp.),
Tarumã (Vitex polygama), Baru (Dipteryx alata), Genipapo (Genipa americana), Puçá
(Mouriri sp.), Abiu (Pouteria sp.), Pitomba (Talisia esculenta), Mutamba (Guazuma
52
ulmifolia), podem ser plantadas junto com plantas medicinais como o Pau-d’óleo-de-
copaíba (Copaifera sp.), a Faveira (Dimorphandra mollis) e a Sucupira branca
(Pterodon pubescens), Ipê (Tabebuia sp.) e cipós como o Guaraná e o Maracujá-
doce e árvores de rápido crescimento como o Carvoeiro (Sclerolobium spp.), a
Mamoninha (Mabea spp.), o Cafezinho (Chaetocarpus echinocarpus) e a Lobeira
(Solanum spp.) e leguminosas de ciclo curto para abafar o capim, que podem ser os
Feijões-de-porco, Guandu, Gergelim, Milheto, Milho e Crotalária.
Para área de brejo em nossa região recomenda-se: Camaçari (Vochysia
sp.), Landi (Callophylum sp.), Buriti (Mauritia flexuosa), Murici do brejo (Byrsonima
sp.), Buritirana (Mauritiella armata), Açaí (Euterpe sp.) e Marmelada (Alibertia
edulis).
O quadro abaixo indica espécies específicas recomendadas para se fazer a
restauração de mata ciliar.
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Nome vulgar Nome científico Época de sementes
Germinação
Angico/Angico vermelho
Anadenanthera macrocarpa
Ago-Ou
Alta (5 a 10 dias). Logo que os frutos começarem a abrir Vermelho deve-se coletá-los na árvore. Devem ser colocados para secar na sombra e logo em seguida as sementes devem ser plantadas. Mudas prontas para plantio em 6 meses.
Bacuparí/Bacuparí- da-mata
Cheiloclinium cognatum
Dez-Fev
Recolher os frutos no chão, sob a planta-mãe. Deixá-los armazenados em um saco até decomposição parcial da polpa. Remover a polpa em água corrente. Germinação (média) em até 50 dias.
Bacupari/Siputá
Salacia elliptica
Nov-Jan
Recolher os frutos no chão, sob a planta-mãe. Deixá-los amontoados em um saco até decomposição parcial da polpa. Remover a polpa em água corrente. Germinação (< 50%) ocorre em até 60 dias
Bicuíba-do-Brejo, Farinha Seca
Virola urbaniana
Nov-Fev
Coletar as sementes e plantá-las logo em seguida (retirar o arilo). Germinação lenta e baixa (60 a 120 dias)
Breu/Améscla
Protium spruceanum
Jan-Fev
Coletar os frutos na árvore quando iniciarem a queda. Deixar secar na sombra. Semear em seguida. A germinação ocorre entre 20 e 40 dias (< 50%). No campo cresce rapidamente
Cachimbeiro/ Jequitibá
Cariniana rubra
Set-Dez
Coletar as sementes logo que começar a dispersão (perdem a viabilidade em três meses se armazenadas à temperatura ambiente). Germinação alta (90%) e rápida (12 a 40 dias) para sementes recém coletadas.
Café-com-Leite
Pseudolmedia laevigata
Out-Jan
Coletar as sementes no chão ou na árvore (maduras). Semear logo em seguida. Germinação média (15 a 30 dias). Crescimento da planta no campo é rápido
Carvoeiro/Tachi- Branco
Sclerolobium paniculatum
Ago-Out
A remoção da semente (verde-clara) é trabalhosa (retirada do fruto de cor parda), mas aumenta muito a taxa de geminação. Germinação entre 10 e 50 dias. As sementes também podem ser escarificadas (lixadas) para aumentar a taxa de germinação ou mantidas imersas em água fervente até esfriar (temperatura ambiente). O crescimento no campo é rápido.
54
QUADRO 02 - ESPÉCIES INDICADAS PARA RESTAURAÇÃO DE MATA CILIAR FONTE: Y LKATU XINGU. ISA Instituto Socioambienta. lwww.socioambiaental.org.
3.2 ANÁLISE DOS DADOS
Através desta pesquisa foi possível observar que no Brasil as formações
florestais ciliares podem apresentar composição florística diversificada, isto em
função principalmente das variações transversais e longitudinais em relação à linha
de drenagem, inundações periódicas, associadas à elevação do nível do lençol
freático ou extravasão do leito, o que cria condições ambientais específicas, com
influência direta no estabelecimento das espécies, sobretudo a partir da germinação
de sementes.
Considerando os modelos utilizados em restauração florestal no Brasil:
implantação, enriquecimento e regeneração natural; e de acordo com as fontes
consultadas, a regeneração natural assegura alta densidade de poucas espécies
arbóreas pioneiras de rápido crescimento e adaptadas ao micro-ambiente da área,
possibilitando o recobrimento em curto intervalo de tempo.
A regeneração natural aponta densidades iniciais muito superiores,
sinalizando para a recomendação de plantios mais adensados, sendo a que
contemplariam uma condição ecológica mais próxima daquela verificada
naturalmente, e possibilitando o fechamento mais rápido da área; além disso é de
baixo custo.
O método de recuperação que será mais adequado para a recuperação,
depende muito do levantamento prévio que já tenha sido feito da área a ser
recuperada, juntamente com outros fatores que deverão ser considerados, como:
quantidade de sementes ou mudas disponíveis, tipo de solo, espécies próprias para
cada tipo de clima e umidade, além da manutenção como controle de pragas, ervas
daninhas e a proteção da área que está sendo recuperada, e este material procurou
trazer todas estas informações, auxiliando os interessados em recuperar matas
ciliares.
55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os levantamentos bibliográficos realizados, conclui-se que
ainda é grande o desconhecimento sobre os efeitos que advêm dos desmatamentos
ciliares, porém há muitas publicações sobre o assunto.
O trabalho foi realizado com sucesso, onde foi possível adquirir mais
conhecimento sobre matas ciliares, algumas das leis ambientais e através das
diferentes fontes consultadas que foi possível de uma forma simples e prática se
fazer a descrição do tema, visando uma melhor compreensão dos leitores e
facilitando-os quando colocado na prática.
Todos sabem que a mera presença da mata ciliar não será suficiente para
sanear todos os problemas advindos do desmatamento ciliar; pois há a necessidade
de ações educativas, seja através de cartilhas, palestras em comunidades rurais e
escolas, tornando nossos alunos multiplicadores de informações; para que assim,
possa atingir um número maior da população, com a finalidade de sensibilizá-los, e
com isto diminuir o ritmo de degradação dos remanescentes ainda existentes da
mata ciliar, principalmente em nossa região que é constituída de floresta amazônica
e que apresenta em grande parte de sua extensão solos pobres em nutrientes e com
grandes índices de desmatamento.
Havia certa expectativa na elaboração desse material, uma vez procurava-se
ser um veículo de divulgação e esclarecimento aos leitores, mas isto foi possível e
acredita-se que será uma fonte de informações, servindo de apoio na e
esclarecimento aos leitores, sensibilizando-os e demonstrando que é possível
realizar a recuperação dessas áreas, e com algumas mudanças de atitudes será
possível assegurar as futuras gerações água com qualidade e quantidade adequada
a toda população.
A conclusão ainda não está satisfatória. Melhorar.
56
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