FACELI - D1 - Zilda Maria Fantin Moreira - Linguagem Jurídica - AULA 07

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LINGUAGEM JURÍDICA

PROFª. MSc. ZILDA M. FANTIN

UNIDADE VII

FATORES DE TEXTUALIDADE E O ESTUDO DO TEXTO

 

7.1 CONCEITO DE TEXTO

O termo texto é proveniente de textus, vinculado ao verbo latino

texere com o sentido de tecer, enlaçar, entrelaçar. O autor de um

texto tece as ideias, enlaça as palavras e vai construindo com

habilidade um enunciado (oral ou escrito) capaz de transmitir uma

mensagem, por constituir um todo significativo com intenção

comunicativa, colocando o emissor em contato com o receptor.

Texto é também qualquer imagem – charges, quadrinhos, figuras e desenhos que transmitem uma

mensagem.

O texto é mais que a soma dos enunciados que o compõem – sua produção e compreensão derivam de uma competência específica do falante: a competência textual.

O termo texto em sentido amplo é toda e qualquer manifestação da

capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma

escultura, um poema etc.) e, em se tratando de linguagem verbal,

temos o discurso, atividade comunicativa de um sujeito, numa

situação de comunicação dada, englobando o conjunto de

enunciados produzidos pelo locutor e o evento de sua enunciação.

Discurso = texto no sentido restrito.

Pode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita,

de qualquer extensão, dotada de unidade:

Sociocomunicativa: em uso e tem papel determinante uma série de fatores pragmáticos tais como as intenções do produtor; o jogo de imagens mentais que cada um dos interlocutores faz de si, do outro e do outro com relação a si mesmo e ao tema do discurso; e o espaço de perceptibilidade visual e acústica comum, na comunicação face a face.

Semântica: precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo, deve ter coerência.

Formal: porque seus

constituintes linguísticos devem se mostrar reconhecidamente integrados, de modo a permitir que ele seja percebido como um todo coeso.

7.2 FATORES DE TEXTUALIDADE OU DA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO

A linguagem é um processo de interação social, um processo

discursivo e uma atividade cognitiva que envolve o autor, o texto e o leitor. O sentido não está exclusivamente no

autor; nem apenas no texto; ou somente no leitor, mas está na

interação entre esses elementos. O objetivo do autor é transformar ideias em texto. O objetivo do leitor é buscar

respostas para suas perguntas. 

 

Para construir o sentido do texto é necessário saber: Para

quem? Onde o texto vai circular? Quais as expectativas

de quem vai ler? Que conhecimentos o leitor tem?

 Além disso, o contexto em

sentido estrito (circunstâncias imediatas do ato do discurso) e

o contexto em sentido lato (determinações histórico-sociais e ideológicas em que o discurso é produzido - a família, a escola, a igreja, o sindicato, a política, a informação, a língua) devem ser

levados em consideração.

Há sete princípios ou padrões de textualidade em que

ancoram os textos e estes são os responsáveis pela

intertextualidade de um discurso. Textualidade é um conjunto de características

que fazem com que um texto seja realmente um texto e não

uma sequência de frases. 

É preciso ressaltar que a coerência é o componente decisivo da textualidade. A coerência e a coesão se relacionam com o material conceitual linguístico do

texto

A intencionalidade, a aceitabilidade, a

situacionalidade, a informatividade e a

intertextualidade são centrados nos usuários e

estão relacionados com os fatores pragmáticos

envolvidos no processo sociocomunicativo.

7.2.1 Fatores de Textualidade Centrados no Texto

A coesão é a manifestação linguística da coerência;

advém da maneira como os conceitos e relações

subjacentes são expressos na superfície textual.  

Constrói-se por meio de mecanismos gramaticais e

lexicais. Entre os primeiros, encontram-se os pronomes

anafóricos os artigos, a elipse, a concordância, a correlação entre os tempos verbais, as conjunções

etc. Entre os mecanismos lexicais, estão a reiteração, substituição e associação.  

São cinco mecanismos de coesão: referência,

substituição (nominal, verbal, frasal); elipse (nominal,

verbal, frasal); conjunção e coesão lexical (repetição,

sinonímia, hiperonímia, uso de nomes genéricos, colocação).

A coesão tem a ver com o modo como o texto está

estruturado semanticamente. É, portanto, um conceito

semântico que se refere às relações de significados que existem dentro do texto e fazem dele um texto e não uma sequência aleatória de

frases”.

“ A coesão é a relação semântica entre dois elementos do texto, de

modo que um deles tem de ser interpretado por referência ao

outro, pressupondo-o. Cria entre os elementos um laço (“tié”).

Para eles há dois tipos de coesão, conforme a classe de elementos envolvidos: coesão gramatical

(expressa através da gramática) e a coesão lexical (expressa através

do vocabulário)”.

O texto precisa apresentar também um certo grau de coerência que envolve os

vários componentes interpessoais e outras formas

de influência do falante na situação de fala.

“Um texto é uma passagem do discurso que é coerente em dois

aspectos: a) em relação ao contexto de situação, portanto consistente em registro e b) em relação a si mesmo e, portanto,

coeso.

A coesão é interna (linguística) e a coerência, externa, pois diz respeito aos contextos de

situação”.

A coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, é algo que se estabelece na

interação, na interlocução, em uma situação comunicativa

entre dois usuários. É responsável pelo sentido,

deve ser vista, portanto, como um princípio de

interpretabilidade do texto.

7.2.2 Fatores de Textualidade Centrados no Usuário

Entre os sete fatores responsáveis pela textualidade,

cinco estão relacionados ao processo sociocomunicativo. A

intencionalidade e a aceitabilidade se referem aos

protagonistas do ato de comunicação.

 

A intencionalidade concerne ao empenho do produtor em

construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os

objetivos que tem em mente em uma determinada situação

comunicativa. A meta pode ser informar, ou impressionar, ou

alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender etc., e é ela que vai orientar a confecção do texto.

De acordo com Cereja e Magalhães (1999, p. 18), a intencionalidade discursiva

“[...] são as intenções, explícitas ou implícitas,

existentes na linguagem dos interlocutores que participam

de uma situação comunicativa”.

A aceitabilidade relaciona-se ao recebedor, ao que ele

espera: “um texto coerente coeso, útil e relevante, capaz

de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do emissor”

(COSTA VAL, 1999, p. 11). 

A informatividade está relacionada ao grau de

informações que o texto veicula. Um discurso menos

previsível é mais informativo e se torna mais interessante para

o recebedor, mas um texto completamente inusitado pode ser repudiado por ele, pois não

conseguirá entendê-lo.

Assim, diz Costa Val (1999, p. 14), “O ideal é o texto se

manter num nível mediano de informatividade, no qual se

alternam ocorrências de processamento imediato, com ocorrências de processamento

mais trabalhoso”.

A situacionalidade refere-se à pertinência do texto em

relação ao contexto.

Diz Costa Val (1999, p. 12): “O contexto pode, realmente,

definir o sentido do discurso e, orienta tanto a produção

quanto a produção”.

A intertextualidade refere-se às relações que os

textos mantêm entre si, isto é, um texto cita outro,

por isso a sua interpretação depende do conhecimento de outro(s)

texto(s). 

Além desses aspectos, outros fatores são necessários para a interpretação de um texto: o

conhecimento das formas discursivas e textuais,

inferências, argumentatividade e focalização, que têm a ver com os fatores pragmáticos

envolvidos no processo sociocomunicativo.

Conhecimento das Formas Discursivas e Textuais: conhecer os gêneros

textuais, como carta, e-mail, blog, receita de bolo, editorial, anúncio, bula

de remédio, charge, telegrama etc. “[...] facilita as previsões e os esforços interpretativos, uma vez que sabemos

o que esperar deles” (ASSUNÇÃO, 2008, p. 31).

Assim também, conhecer os tipos textuais (descritivo, narrativo etc.)

também contribui para a interpretação. 

Pressupostos e Inferências: quando deduzimos algo que não

foi escrito ou falado, mas que está implícito. “Os procedimentos de leitura nos exigem o trânsito não apenas pelos ditos do texto, mas também pelos não-ditos, por

aquilo que está implícito, subentendido (já explicado

anteriormente), mas possível de apreensão”.  

Argumentatividade: Defesa dos pontos de vista, visando a convencer o interlocutor. Para

a realização de suas intenções, o texto precisa de

argumentos consistentes, relevantes. São eles – e

também as suas pistas – que orientarão os enunciados para

determinadas conclusões.

Focalização: Refere-se ao foco principal da abordagem do assunto, segundo Assunção

(2008), ou seja, a escolha que o autor faz para expor o que

pretende, quando reconhecida e compreendida pelo leitor,

ajuda-o a interpretar o texto. 

 Enfim, é de fundamental

importância conhecer as pistas do mundo linguístico e extralinguístico para a

compreensão e interpretação da diversidade de gêneros

textuais que circulam à nossa volta, condição para uma

interação eficiente e eficaz com o mundo que nos cerca.

AtividadesXXVI, XXVII, XXVIII,

XXIX, XXX, XXXI, XXXII, XXXIII

“As partes (acusação e defesa) têm inteira liberdade de

interpretar a prova e de tirar as conclusões que entenderem;

o que não podem é falsear a verdade, lendo o que não está

escrito” (Baraúna).