FACELI - D1 - Zilda Maria Fantin Moreira - Linguagem Jurídica - AULA 08

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LINGUAGEM JURÍDICA PROFª MSc. ZILDA M. FANTIN

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LINGUAGEM JURÍDICA

PROFª MSc. ZILDA M. FANTIN

UNIDADE VIII

DOMÍNIOS DISCURSIVOS, TIPOS E GÊNEROS DE

TEXTO 

8.1 DOMÍNIOS DISCURSIVOS E GÊNEROS TEXTUAIS

A comunicação verbal só é possível por algum gênero

textual – opinião da maioria dos autores que tratam a

língua e seus aspectos discursivos e enunciativos.  

Gênero textual é empregado como uma noção

propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida

diária e que apresentam características

sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades

funcionais, estilo e composição característica.

Gêneros textuais são tipos específicos de texto de qualquer natureza, literários ou não. Tanto na forma oral como na escrita, os

gêneros textuais são caracterizados por funções

específicas e organização retórica mais ou menos típica. São

reconhecíveis pelas características funcionais e organizacionais que exibem e pelos contextos onde

são utilizados.  

 Exemplos de gêneros textuais: Carta pessoal, comercial, bilhete,

diário pessoal, agenda, anotações, romance, resenha, blog, E-mail, bate-papo (Chat),

Orkut, vídeo-conferência, Second Life (Realidade virtual), Fórum, Aula expositiva, Aula virtual,

Reunião de condomínio, debate, Entrevista, Lista de compras,

Piada, Sermão, Cardápio, Horóscopo, Instruções de uso,

Inquérito policial, Telefonema etc.

A riqueza e a variabilidade dos gêneros textuais se tornaram

possíveis graças às várias instâncias de atuação humana.

Podemos afirmar que a existência de um espaço social construído

sob o título amplo de “jornalismo”, por exemplo, nos

fez leitores de notas, notícias etc. 

 Domínios discursivos são,

portanto, instâncias, esferas ou instituições sociais que

organizam as diversas formas de produção dos gêneros de texto,

com suas respectivas estratégias de compreensão. Os domínios

são práticas discursivas dentro das quais se pode identificar um conjunto de gêneros textuais.

Todos os Domínios Discursivos possuem seus gêneros

representativos: Jornalístico: notas, notícias, reportagens, artigos de opinião etc.Literário: poemas, contos, crônicas, romances, fábulas, lendas etc.Publicitário: propagandas, comerciais, anúncios classificados, cartazes etc.

Científico: textos didáticos, ensaios, monografias, teses, verbetes etc.Religioso: ladainhas, cânticos, orações, sermões, homilias (pregação) etc.Jurídico: portarias, decretos, leis, contratos, procurações, atas, ofícios, atestados etc.Interpessoal: bilhetes, telegramas, cartas, cartões, convites etc.

8.2 TIPOLOGIA TEXTUAL

Tipo textual designa uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística

de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação,

exposição, descrição, injunção.

 

8.2.1 Texto Descritivo

 É o discurso que apresenta as

características do objeto descrito, permite ao leitor ver o que está

sendo descrito. A sequência descritiva é largamente empregada na comunicação oral cotidiana para

identificar e caracterizar uma pessoa, uma paisagem, por exemplo

e em diferentes gêneros textuais escritos.

A Natureza da Descrição Descrever é usar a linguagem para construir verbalmente imagens de seres (animados ou inanimados),

de cenas ou processos, a partir de determinado ângulo de visão. A

descrição coloca em primeiro plano a existência dos seres com seus atributos permanentes ou

transitórios.

Se o objeto é focalizado fixamente (coisa, pessoa,

paisagem, ambiente), o efeito é a criação de um quadro

estático.  

Se o objeto é visualizado em seus deslocamentos no espaço e em suas transformações no tempo, o efeito é dinâmico.

Recorte da realidade captada pelos sentidos, o texto

descritivo é produto de um ato de observação de um locutor-descritor que vê e quer fazer ver e que submete o objeto descrito a operações muito próximas da fotografia e do

cinema. 

Sequências textuais descritivas são usadas em diferentes

situações comunicativas: na caracterização de personagens e do espaço narrativo, em relatos de experiências e de pesquisas,

em reportagens, guias turísticos, catálogos, anúncios.

 

Organização do Discurso Descritivo o objeto, representado no texto como

tema nuclear da descrição; o observador-descritor, com seu

ângulo de visão e predisposição em relação ao objeto;

os dados pertinentes ao tema-núcleo, que o locutor seleciona em função de seus conhecimentos de mundo e de linguagem, dos conhecimentos que pressupõe em seu destinatário e dos efeitos de sentido pretendidos. 

Tema-núcleo: geralmente está no título ou no início da sequência,

corresponde a um nome que designa o objeto da descrição e funciona como

tópico discursivo organizador do texto.

 Ancoragem: processo de introdução

do tema-núcleo, pode incluir a delimitação e localização do objeto no espaço e sua distinção em relação a

outros da mesma classe ou de classes similares. 

Expansão do tópico discursivo: são destacados dados pertinentes ao tema

núcleo, como aspectos, propriedades e qualidades do objeto. Esse processo

pode determinar a decomposição do tópico em dois ou mais subtópicos.

Na operação de expansão, o tópico discursivo é

sucessivamente retomado por repetição ou por

substituição lexical (anáforas nominais), resultando na

manutenção temática e, ao mesmo tempo, o destaque de

novos ângulos do objeto descrito.

O objetivo comunicativo e o gênero do texto orientam o

olhar do locutor, determinando os aspectos a serem

selecionados e o grau de objetividade ou subjetividade,

tendo importância não só o anglo de visão (de longe e de

fora, de perto ou de dentro etc.), mas também o efeito de sentido.

Marcas Linguísticas do Discurso Descritivo

 Presença de organizadores

textuais que situam o objeto-tema e suas partes no espaço

ou em relação a outros que estão próximos ou pertencem a classes ou categorias afins.

Nas descrições estáticas, frequência de verbos de

ligação, de verbos indicadores de situação no espaço ou de

propriedades, atitudes, qualidade; nas descrições

dinâmicas, verbos que expressam transformação ou

movimento.

Uso de frases nominais (frases sem verbo) ou apenas com verbos em

formas nominais, especialmente no gerúndio ou particípio.

Uso frequente de sintagmas adjetivos (adjetivos, locuções, expressões e orações adjetivas desenvolvidas e reduzidas de

gerúndio e particípio), modificando substantivos como adjuntos ou

predicativos.

Frequência de substantivos denotativos de qualidades.

Emprego frequente de substantivos em oposição para retomar outros substantivos.

Coordenação e enumeração frequentes.

Economia de articuladores e de termos de ligação.

Emprego de figuras de base analógica (metáforas,

comparações, analogias, sinestesias) e de base

metonímica (metonímia, sinédoque, antonomásia).

Exemplo 1- descrição subjetiva

Chegamos, e então aquilo tudo está acontecendo de maneira

urgente, o mato, a água, as pedras, o ar. Aquilo está havendo naquele momento, como o movimento de um grande animal bruto e branco

morrendo, cheio de uma espantosa vida desencadeada, numa agonia monstruosa, eterna, chorando,

clamando.

E até onde a vista alcança, num imenso, há montes de água estrondando nesse

cantochão, árvores tremendo, ilhas dependuradas, insanas, se toucando de

arco-íris, nuvens voando para cima, como o espírito das águas trucidadas

remontando para o sol, fugindo à torrente estreita e funda onde todas

essas cachoeiras juntam absurdamente suas águas esmagadas, ferventes, num atropelo de espumas entre dois muros

altíssimos de rocha (Rubem Braga).

Exemplo 2 - descrição objetiva

Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o

chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono.

Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido.

Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se

da casa, bateu, tentou forçar a porta.

Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas

mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras

murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral.

Trepou-se no mourão do canto, examinou a caatinga, onde

avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a

porta da cozinha.

Voltou desanimado, ficou um instante no copiar fazendo tenção de hospedar ali a

família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os

meninos adormecidos e não quis acordá-los (Graciliano

Ramos).

ATIVIDADE - ANÁLISE

A cidade das serras e cachoeiras. Assim é conhecida a pequena

Carrancas. Com menos de cinco mil habitantes, o município possui

algumas das mais belas cachoeiras de Minas. As águas são emolduradas

pelos paredões das quatro serras que cercam a cidade, formando uma paisagem que impressiona os

visitantes. Mas os encantos da cidade não param por aí. Grutas, poços de

águas cristalinas e cânions são alguns dos vários atrativos reservados aos

turistas.

E não são apenas as belezas naturais que fazem de Carrancas uma das 7 Maravilhas de Minas. Festas típicas, com traços fortes da cultura regional e do folclore mineiro atraem pessoas de todas as partes do país durante o ano

inteiro.

Localizada no sul de Minas, a 286 km de Belo Horizonte, Carrancas surgiu de

um pequeno povoado formado por bandeirantes paulistas e de Taubaté

durante o século 18. Grandes rivais na disputa pelo ouro, grupos dos dois

lados resolveram se instalar nas terras que margeiam o rio Grande. Carrancas

é considerada uma das cidades pertencentes ao caminho velho da

Estrada Real e tem reconhecido seu grande potencial para o ecoturismo.

A cidade agrada a todos os gostos. Para os que querem descansar, muita calmaria à beira dos lagos e rios e no

aconchego das confortáveis pousadas. Para os que buscam

aventura, esportes radicais, que podem ser praticados nas serras e cachoeiras, encontram emoção e

adrenalina à flor da pelo. Como se vê, são muitos os motivos para visitar

Carrancas (Nayara Menezes, Água pra todos os lados).

Atividade XXIV

“O sistema judicial não quer saber se o réu é culpado ou inocente.

Todo réu, independentemente do que fez, merece a melhor defesa

que possa ter. só há uma verdade. A minha versão. Aquela que crio nas mentes dos 12 indivíduos do júri. Se quiser, pode chamar de

ilusão da verdade” (William Diehl – advogado).