Post on 08-Mar-2016
description
9Um jardim
PARA D. JOÃO VI
A Evenmag é uma publicação trimestral da J3P Propaganda, em parceria com a Even Construtora, que tem como objetivo prin-cipal levar aos clientes entretenimento, novidades e informação. Sua distribuição é gratuita, direcionada aos clientes Even. A Evenmag não necessariamente concorda com os conceitos e opiniões emitidos nas reportagens ou com qualquer conteúdo publicitário e comercial, que são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes. SAC EVEN: Rua James Joule, 92 - São Paulo - SPTel.: (11) 3466-3836 | e-mail: sac@even.com.br
Índice
9
BrasileirosSabores do Brasil 76
Do Projeto à RealidadeReserva Granja Julieta50
LUMINÁRIA ECLIPSE
EXPEDIENTE PROJETO GRÁFICO: J3P Propaganda - Tel.: 11 - 2182-9500 / DIRETOR DE PRODUÇÃO: Leandro Pereira e Giuliano Pereira / DIRETOR DE CRIAÇÃO: Fábio Pereira DIRETOR DE ARTE: Cesar Rodrigues / DIRETOR DE CONTA: Giuliano Pereira, Alice Bergamin / EDITORA: Vera Severo / JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lígia Prestes MTB 48470 CONSELHO EDITORIAL: Paulo Otávio G. De Moura e Fanny Terepins / COLABORADORES EVEN: Adriane Ouriques, Flávio Moura, Maria Cristina Keating, Nádia da Silva Oliveira, Rita Apoena e William Rahhal / COLABORADORES: Cris Hammes, Denise Fernandes, Flávio Moura e Maria Cristina Keating / FOTÓGRAFO: Paulo Brenta / CAPA: JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO / FOTO CAPA: Pulsar Imagens / REVISÃO: Helder Lange Tiso, Ana Luisa N. Faleiros / COMERCIALIZAÇÃO: J3P Propaganda - Tel.: 11 - 2182-9500 e Publishing Comunicação - Tel.: 11 - 5055-3118
32 Vitrine
44 Novos Rumos
56 Projeto Social
62 Novos Negócios
Blog em RevistaSugestões para Presente
Bairro em FocoMooca, O amor à tradição
63
10
Nossa HistóriaPetrópolis quase um museu, Imperial
84
Fernando PradoDesigner da luz
Entrevista 24
94 Jeito Even de morar
106 Obra em Foco
112 Guia Even
Meio AmbienteUm jardim para D. João VI
CulturaFundação Maria Luisa e Oscar Americano
64
36
A equipe da Evenmag quer ouvir você.
Mande suas sugestões, críticas e comentários para nós através do
e-mail: evenmag@even.com.br
UUm bairro que é quase uma cidade dentro
da outra. Mais que um bairro, um estado
de espírito foi o que nos contagiou ao
viajar pela Mooca. Ainda que tivéssemos
percorrido seus quase oito quilômetros
quadrados, muito ainda ficou faltando para
contar. Como também ficará faltando falar
sobre vários apartamentos de moradores
do Condomínio Horizons, que responderam
ao nosso convite e gentilmente abriram
suas portas para mostrar como vivem.
Para esta edição, escolhemos três com a
planta idêntica, onde existe coincidência
na divisão do espaço da área social mas às
vezes muita diferença na hora de decorar.
Muito mais que decoração, ficou evidente
a felicidade dos moradores em seus novos
lares e o orgulho em mostrá-los.
Contagiados pelas comemorações dos
duzentos anos da chegada do Príncipe
Regente D. João VI com a Família
Imperial ao Brasil, fomos até Petrópolis,
uma cidade carioca que se desenvolveu
graças ao interesse que despertou em
D. Pedro II, neto de D. João VI, e nosso
último imperador. Nela, o antigo palácio
da família, hoje Museu Imperial, guarda
um pouco da história familiar e, neste
mês de março, homenageia o evento
com uma exposição. Algumas das peças
pertencentes à Família Imperial foram
parar em mãos particulares e, algumas
delas, encontram-se em exposição na
Fundação Oscar Americano em São Paulo,
um oásis na cidade paulistana para visitar
e também tomar um chá divino.
Dentre as muitas medidas importantes que
D. João VI tomou no País, uma delas foi,
sem dúvida, a criação do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, que nasceu em uma
chácara destinada a abrigar uma fábrica
de pólvora. Não fosse seu interesse pelas
plantas que aqui chegavam trazidas pelos
viajantes, muito do que temos hoje em
nossas mesas – e até acreditamos serem
produtos brasileiros, como a manga e
a pimenta por exemplo – não estaria
hoje tão bem aclimatado e difundido.
Caminhando em outra direção, Ana Luiza
Trajano viajou durante 6 meses pelo Brasil
em busca da verdadeira comida brasileira,
feita com muito afeto e produtos
nacionais, que agora apresenta em seu
espaço cultural gastronômico. Muita
história ela tem para nos contar, assim
como as pessoas que hoje encontraram um
novo rumo na profissão de contadores de
histórias, encantando crianças e adultos
com mil e uma histórias em eventos,
escolas, livrarias, bibliotecas e hospitais.
A luz, natural ou artificial, é um dos
elementos mais importantes em nossas
vidas e influi em nossa saúde e até em
nosso humor. Iluminando todas nossas
matérias, Fernando Prado, um premiado
artista da luz, conta sobre sua trajetória
como designer e a importância do desenho
de uma luminária, cujos efeitos podem
mudar as características de um ambiente
com o simples toque do dedo em um
interruptor.
À luz da chegada do outono, nós
esperamos que a leitura da Evenmag
dê prazer aos leitores e o desejo de
conhecer um pouco mais sobre nossos
sabores e origens.
Vera Severo8
cart
a ao
leito
r
mooca
Foto da varanda gourmet do apartamento decorado
Rua Dr. João Batista de Lacerda, 693 . João Batista de Lacerda, 693 .Informações: 3067-0000 Informações: 3067-0000 ou terrazzamooca.com.brou terrazzamooca.com.br
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 13/12/2007, sob o nº R2, na matrícula 149.030 do 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo.*Opcional.Memorial de Incorporação registrado em 13/12/2007, sob o nº R2, na matrícula 149.030 do 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo.*Opcional.
Rua da Mooca
Rua do OratórioAv. do Estado
Av. A
lcânt
ara
Mac
hado
Rua
doAcre Av. Sapopemba
Rua dos TrilhosAv. Paes de Barros
Av. Álvaro Ramos
Av. Regente FeijóRua DoutorJo
ãoBati
stade
Lace
rda
Av. Cassandoca
Rua Chá de Frade
Rua Guaçuí
Rua Sapucaia
Av.
Vereador Abel Ferreira
Rua
Ferna
ndo Falc
ão
Av.Salim
FarahM
aluf
Av. SalimFarah
Maluf
Shopping Metrô Tatuapé
Parque da Mooca
Clube Atlético Juventus
ShoppingCapital
Universidade São Judas
Tadeu
Croqui de localização sem escala
Lazer completo e exclusivo:Lazer completo e exclusivo: piscinas adulto e infantil, piscina coberta e climatizada com raia de 25 m, solarium, salão de jogos, lan house, e climatizada com raia de 25 m, solarium, salão de jogos, lan house, brinquedoteca, fitness, pilates, saunas úmida e seca, sala de massagem, brinquedoteca, fitness, pilates, saunas úmida e seca, sala de massagem, spa, quadra poliesportiva e muito mais.spa, quadra poliesportiva e muito mais.
Projeto arquitetônico: Jonas Birger
4 dormitórios (2 suítes) - 147 m4 dormitórios (2 suítes) - 147 m2
Varanda gourmet com churrasqueiraVaranda gourmet com churrasqueira*
Visite decorado por Fernanda MarquesVisite decorado por Fernanda Marques
Lançamento
ou terrazzamooca.com.br
spa, quadra poliesportiva e muito mais.
10615_03 an terraza Simples.indd1 1 3/13/08 2:42:37 PM
N
Um bairro com características muito próprias, a Mooca expõe sua história na cultura
italiana latente, nos galpões industriais que ainda permanecem e nos conjuntos das
pequenas casas residenciais.
MOOcA, O AMOr à trAdiçãOPor Lígia Prestes e Vera SeveroFotos Paulo Brenta
Não é difícil chegar ao bairro da Mooca, a 5 minutos da Praça da
Sé, e não sentir que alguns traços de sua fisionomia estão bem
presos ao passado, muito bem expressos pelas vilas de casas
geminadas, igrejas e importantes indústrias com muita história,
frutos de muito trabalho, que recendem à imigração italiana
e contribuem para o clima interiorano dominante. É quase
uma cidade de interior dentro de uma cidade grande, com uma
população dedicada à eternizá-la. O modo cantado de falar, uma
herança italiana, é o sotaque oficial do bairro que ocupa quase
8 quilômetros quadrados e que se divide em Mooca Alta e Mooca
Baixa. Apesar de serem uma só, possuem diferenças acentuadas
pelo padrão urbanístico. Em ruas muitas vezes estreitas,
ainda com garra conserva galpões de tijolos aparentes e vilas
operárias. Além disso, é um bairro de localização privilegiada,
atendido por trem, metrô e uma infinidade de linhas de ônibus.
Mais ainda, imóveis a custos acessíveis tem atraído “gente de
fora”. Hoje, a simpatia incondicional pelo bairro não é mais só
de quem lá nasceu e vive. Há centenas de paulistanos ávidos por
um lugar na Mooca, graças a sua infra-estrutura e ao seu clima
tranqüilo. No entanto, a história que construiu o mapa do bairro
não escapa aos conflitos humanos, sociais e políticos.
De acordo com o historiador Eugênio Luciano Jr., a primeira
citação encontrada sobre o bairro data de 1556, quando a
Governança de Santo André da Borda do Campo comunicou a
toda a população que esta era obrigada a ajudar a construir
a ponte do rio Tamanduateí, ligação entre a Zona Leste e a
Freguesia Eclesiástica da Sé. A região era habitada pelos índios
da tribo Guaianases, que deixaram de presente ao bairro o nome
que, segundo alguns historiadores, pode ter duas versões. A
primeira – Moo-ka – quer dizer “ares amenos, secos, sadios”.
A segunda – Moo-oca– significa “fazer casa”, uma expressão
usada pelos índios para se referirem aos habitantes brancos
que erguiam suas casas de barro. Esta última definição tem
mais credibilidade, pois a região nunca foi seca e sim, durante
muitos anos, sujeita a inundações dos rios. Como exemplo de seu
encanto, ainda hoje é muito comum acharmos ruas com nomes
indígenas; Javari, Cassandoca, Tabajaras, Itaqueri, Araribóia,
Guaimbé, Caa-Açu, entre outros.
10
bair
ro e
m fo
co
FÁBRICA DA ANTARCTICA
Após a transposição do rio Tamanduateí, o crescimento
populacional da área aumentou e a região foi gradualmente
incorporada à cidade. Contudo, uma planta da cidade de 1810
ainda não a identifica – aliás, a nenhum bairro, a não ser o
centro paulistano e algumas referências a seus acessos. Entre
essas vias, estava indicada a ponte sobre o rio Tamanduateí,
no final da que é hoje a rua Tabatingüera, e que seria a região
da então Mooca. Trinta anos depois, os mapas já apontam o
“Caminho da Mooca”, mais ou menos onde hoje se localiza a rua
Piratininga, um lugar então a salvo das inundações da várzea
do rio.
No começo, o bairro era ocupado por chácaras e residências
esparsas. Junto às pontes, animais bebiam água, lavadeiras
cuidavam da roupa, homens pescavam e crianças brincavam. As
residências possuíam jardins com extensos gramados, plantações
de chá e grandes pomares. A tranqüila paisagem e seus usos
foram modificados com a chegada do período chamado de a
Grande Imigração (1870-90), quando europeus vieram para
trabalhar nas fazendas paulistas – era o café trabalhando a nova
fisionomia de São Paulo. A instalação de duas ferrovias – em
1868, a São Paulo Railway (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí,
conhecida como “a Inglesa”, ligando São Paulo ao Porto de
12
bair
ro e
m fo
co
Santos), e a Estrada de Ferro do Norte em 1875 (o trecho paulista
da estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava São Paulo ao
Rio de Janeiro) – e os terrenos baratos atraíram a instalação de
muitas indústrias, bem como seus operários, que se acomodaram
em vilas de casinhas simples e geminadas, características que
ainda permanecem.
As mudanças chegam a cavaloRaphael de Aguiar Paes de Barros, rico proprietário de terras na
região e grande admirador de cavalos, criou em 1876 o Clube
Paulista de Corridas de Cavalo, semente do atual Jóquei Clube
de São Paulo. Situado no sopé das colinas da Mooca, foi um
grande sucesso, freqüentado por uma população também de
outros bairros. Era tal a afluência aos gramados do hipódromo
que foi construída a linha de bonde Mooca-Centro, ainda movida
por tração animal. Especialmente para atender os apostadores
que vinham de Campinas, a São Paulo Railway estendeu seus
trilhos até as proximidades do hipódromo, via que veio a ser
conhecida como a Rua dos Trilhos, hoje já sem eles. As corridas
eram freqüentadas pela alta sociedade paulista e ali o clube
permaneceu até 1941, quando se transferiu para as margens do
rio Pinheiros. Hoje, nesse mesmo terreno bem arborizado está
o Clube da Cidade da Mooca, um amplo complexo público, que
abriga a Subprefeitura, escolas, biblioteca, posto de saúde, posto
da Guarda Civil, além de quadras de esporte, piscinas e muitas
outras instalações esportivas. Nesse oásis, merece uma visita
a Biblioteca Afonso Taunay, que abriga o Núcleo Museológico
da Mooca com vários documentos e fotografias que contam um
pouco da história do bairro, da qual são vaidosos os mooquenses.
Em frente a esse complexo fica outro não menos importante, a
Universidade São Judas Tadeu, uma referência para toda a cidade.
CLUBE DA CIDADE DA MOOCA
Um bairro industrialTodo o desenvolvimento urbano da Mooca está intimamente ligado
à história econômica de São Paulo e às transformações que se
sucederam no final do século XIX, e que fizeram da capital paulista
uma metrópole industrial bem equipada. Novos costumes chegaram
à região com os italianos que vieram a São Paulo trabalhar nas
lavouras de café e, em pouco tempo, estava formada a sociedade
italiana da Mooca, uma influência nítida ainda hoje. É um dos
poucos locais onde ainda se pode constatar vestígios concretos da
lendária metrópole italianada retratada pelo escritor Juó Bananére
e o sambista Adoniran Barbosa – que ali teria composto o Samba
do Arnesto, em homenagem a um real morador do bairro e não do
Brás, como canta a música. Importantes fábricas para produção
de bens de consumo movimentaram o bairro, como o Cotonifício
Crespi, a São Paulo Alpargatas, os Calçados Clark, os Grandes
Moinhos Gamba, os Biscoitos Duchen, a Companhia Antarctica
de Bebidas, a Companhia União de Refinadores, e muitos mais.
Todas localizavam-se na parte baixa do bairro, onde as terras
eram mais baratas e próximas à linha do trem. Muitos desses
estabelecimentos já fecharam suas portas, mas antes disso foram
todos muito bem sucedidos. Logo na entrada da Companhia de
“A Mooca mudou. Cresceu, já não há mais fábricas, não tem mais apito chamando para o trabalho. Mas tudo continua igual, sabe? Ainda tem
vendedor na porta, tem caminhão que vende gás, tem moço que vende pão na carrocinha. Aqui, quem nasce operário morre operário, com gosto
pra trabalhar”. ( Adélia Ramazzioti no livro Casa de Taipa)
Calçados Clark, erguida em 1904, um quadro com a figura de
D. Pedro II anunciava: “A Família Imperial calça Clark”.
A concentração de indústrias na região foi o fator que levou a
Mooca a ser o palco da primeira greve geral de trabalhadores do
País, quando reivindicaram aumento de salário, regulamentação
do trabalho de crianças e mulheres, redução da jornada –
que muitas vezes estendia-se até por 12 horas – e garantias
trabalhistas. Antes de ser atendido pelos patrões, esse movimento
foi duramente reprimido pela polícia – com um saldo de muitos
feridos e um morto – e São Paulo nunca mais seria a mesma
com a chegada de um novo personagem em sua história, o
proletariado. Outras marcas são as que resultaram da revolução de
1924, quando oficiais do Exército contrários ao governo do então
Presidente da República, o mineiro Arthur Bernardes, deflagraram
um movimento nacional que, em São Paulo, resultou na derrubada
do então presidente do Estado Carlos de Campos. O Governo
Federal reagiu e acabou massacrando a população da cidade.
A Mooca, junto do Brás e Belenzinho, foi um dos bairros mais
atingidos por bombas, justamente porque os imigrantes aliaram-
se aos revoltosos.
ANTIGO MOINHOS GAMBÁ, HOJE MOINHO SANTO ANTÔNIO
14
bair
ro e
m fo
co
Uma herança preciosaMuito do passado da Mooca é revelado pelas edificações que
sobreviveram. Apesar de mal cuidadas, as fachadas das antigas
fábricas, como da Cervejaria Antarctica, ou da vila operária
projetada pelo arquiteto russo Gregori Warchavchik, na rua
Barão de Jaguara, do Cotonifício Rodolfo Crespi – atualmente
ocupado por um hipermercado que foi obrigado pelo Patrimônio
Histórico a preservar sua fachada –, do Teatro Arthur Azevedo –
de arquitetura inspirada na obra do arquiteto francês Le Corbusier
–, são o orgulho dos moradores da região, que muito lutaram
para que a maioria desses prédios históricos fosse tombada. O
processo de preservação é contínuo e, ano passado, foi aprovado
pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico
(Conpresp) o tombamento de sete imóveis. Entre os galpões
protegidos pela medida estão o antigo Moinhos Gamba, atual
Moinho Eventos, projetado entre 1909 e 1938, e o conjunto de
armazéns da antiga São Paulo Railway, construídos entre 1898
e 1900. Além do tombamento das edificações localizadas no
perímetro formado pela Rua Borges de Figueiredo, Rua Monsenhor
João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos,
o Conselho também regulamentou futuras construções no
entorno dos conjuntos tombados. A exemplo do ocorrido nas
imediações do Parque da Independência, no Ipiranga, foram
estabelecidas alturas máximas que variam de 25 a 30 metros para
construções, de acordo com a localização. Há ainda rumores de
que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
pretende criar o museu da indústria no conjunto onde funcionava
a Cervejaria Antarctica.
Outras construções insólitas também merecem atenção, como
a Igreja de São Rafael em estilo “gótico/Bauhaus”, fundada em
1935 pelos padres Barnabitas, ou perto dali, a rua dos Bancários,
uma rua sem saída que termina em um “cul-de-sac” com uma
interessante divisão de lotes ao redor de uma centenária figueira,
modelo de vila que se repete nessa região.
Muitas outras recordações estão preservadas no Memorial
do Imigrante, onde estão guardados todos os registros dos
imigrantes que desembarcaram no Brasil, de um pouco da vida
que viviam e de como aqui chegaram. Instalado em um dos
poucos edifícios centenários da cidade de São Paulo, o museu
ocupa um imponente complexo – construído entre 1886 e 1888 –
com finalidade de receber e encaminhar ao trabalho os imigrantes
trazidos pelo governo. De 1882 a 1978, passaram por lá mais
ANTIGO COTONIFÍCIO RODOLFO CRESPI, HOJE SUPERMERCADO EXTRA
MEMORIAL DO IMIGRANTE
de 60 nacionalidades e etnias, todas devidamente registradas
em livros e listagens. Eram atendidas cerca de 3 mil pessoas
por vez e, em casos extremos, até 8 mil. Aberto aos visitantes,
o Memorial do Imigrante é uma justa homenagem aos homens
e mulheres que, com seus sonhos, vontade de vencer e muito
trabalho, transformaram São Paulo e o Brasil.
Toda essa memória é defendida com unhas e dentes pelos
mooquenses, representados principalmente pela Associação
AmoaMooca, que desde 2001 luta pela preservação da história,
da cultura e das tradições do bairro. Entre seus diversos projetos,
o Fala Bello recolhe depoimentos de antigos moradores para um
banco de dados com arquivo também para fotos e documentos.
O bairro está mudando e a associação luta com coragem pela
manutenção do espírito mooquense.
Operários e AtletasSe fosse seguir a tradição, as cores deveriam ser a preta e
a branca, as mesmas do time Juventus de Turim, na Itália.
Existem versões para as atuais cores branca e grená do time
mooquense e todas elas têm como protagonista a família
do Conde Crespi, que doou parte de sua propriedade para a
construção do campo de futebol na rua Javari. Um time que
IGREJA SÃO RAFAEL
RUA DOS BANCÁRIOS
16
bair
ro e
m fo
co
ESTÁDIO ESP. CLUBE JUVENTUS
PRAÇA VISCONDE DE SOUZA
nasceu da amizade de um operário italiano, Vicente Romano, e
de um contabilista português, Manoel Vieira de Souza, ambos
funcionários do Cotonifício Crespi, que fundaram o time e logo
conseguiram adeptos no próprio trabalho. Com altos e baixos
– em tempos muito difíceis chegou a ser cogitada uma fusão
com o Ponte Preta de Campinas – o clube nunca deixou de ser o
“Moleque Travesso”, apelido adquirido por causa da teimosia com
que enfrentava os considerados “papões” do futebol brasileiro,
contando inclusive com jogadores com passagem pela Seleção
Brasileira, que até disputaram a Copa do Mundo. Na década
de 60, o Juventus adquiriu uma área de 85 mil m2 na parte
mais alta do bairro – o Parque da Mooca – e, com o sucesso de
vendas dos títulos, ali instalou sua área social, esportiva e de
lazer, além de comprar o terreno de seu estádio, que até então
pertencia à família Crespi, onde permanece até hoje. A parte do
bairro onde instalou-se o Clube Juventus, a Alta Mooca, é um
local urbanizado com terrenos maiores e ruas mais arborizadas,
característica incomum que atraiu a construção de residências
mais ricas e a conservação de praças maiores, como é o caso da
Visconde de Souza Fontes, quase um pequeno parque.
Times de várzea também fizeram história e são ainda lembrados
como o Xingu, a Portuguesa e a Portuguesinha da Mooca.
Outros, ainda na ativa, como o Madrid, o Paulista e o Danúbio
Azul são parte integrante da história e da cultura do bairro,
bem como alguns campos que ainda existem, como o Parque da
Mooca e o Democrático.
Demônios da GaroaAlém de ter como morador ilustre o verdadeiro “Arnesto” do
samba de Adoniran Barbosa, a Mooca também é o lar de um
conjunto que nasceu imitando vocalistas famosos. Seriam até
hoje humildes trabalhadores se sua fama não tivesse se espalhado
pelo bairro que os incentivou a participar do programa “A hora
da Bomba”, da Rádio Bandeirantes. O jeito irreverente e o
sotaque típico levaram o grupo ao sucesso e, com um disco de
78 rotações que tinha duas músicas do compositor Adoniram
– “Saudosa Maloca” de um lado e “Samba do Arnesto” do
outro – conseguiram ficar um ano e meio nos primeiros lugares
das paradas de sucesso e firmar uma parceria que duraria 29
anos. Alguns anos depois, outro estrondoso sucesso eclodiu
com “Trem das Onze”, até hoje interpretação obrigatória, por
exigência do público, em todos os shows e apresentações. O
GRAFITE ADONIRAN BARBOSA
18
bair
ro e
m fo
co
ELÍDIO BAR RESTAURANTE DON CARLINI
conjunto ganhou várias vezes o título de Campeões do Carnaval
e o reconhecimento artístico por parte do público. Depois de
percorrer o país durante vários anos, o grupo, que hoje já está em
sua terceira geração, figura desde 1994 no Guiness Book como o
conjunto brasileiro mais antigo em atividade.
Um convite à gulaComo réplica de cidade do interior, a vida noturna da Mooca
não está focada em grandes badalações. Mas os programas
gastronômicos são bem recompensados. O chope bem tirado em
uma máquina alemã, com 180 metros de serpentina, é um dos
responsáveis pelo sucesso do Elídio Bar, que exibe quase um
museu de futebol em suas paredes. São fotos, camisetas, chuteiras,
reportagens e cartazes sobre várias equipes de futebol que ali
convivem pacificamente, lado a lado. Outra atração são as 130
variedades de acepipes dispostos em um balcão, onde o cliente se
serve e paga por quilo. No Chalé Chopperia, não há a necessidade
de se preocupar com fila e demora na comida. A casa oferece
diariamente, no almoço e jantar, um bufê com frios, saladas, pratos
quentes e 15 tipos de carnes preparadas na churrasqueira. E nas
quartas-feiras à noite, o correio elegante promove a paquera.
Com certeza, a maior atração da Mooca é a comida italiana e
ofertas nesse quesito não faltam. Na cantina Don Carlini, o
cardápio apresenta 60 pratos típicos e as massas artesanais,
que são confeccionadas lá mesmo, também abastecem o outro
restaurante em Perdizes, além de serem também vendidas no
varejo. É um festival de cores, massas vermelhas feitas com
beterraba, verdes com espinafre, amarelas com pimentão ou
negras com tinta de lula. O ambiente é muito acolhedor e tanto as
receitas como a supervisão é feita pela família Carlini.
A pizza, já quase tão brasileira quanto italiana, está muito bem
representada em muitas pizzarias. A São Pedro, um dos endereços
mais tradicionais, conquista pela massa fina e crocante. Existem
variações sobre um mesmo tema, como o da berinjela por exemplo,
que pode ser encontrada em 4 tipos. A de rúcula é inigualável.
Outra pizzaria muito freqüentada é a do Ângelo que, em um
ambiente simples, oferece uma carta modesta de pizzas deliciosas
que atraem moradores dos bairros vizinhos. Numa construção
centenária, com um cenário que simula uma vila italiana, a Bendita
Maria serve pizzas de metro, quadradas e retangulares.
No cardápio, são quase 70 sabores que incluem também as doces,
além de massas e risotos e um bufê de saladas durante o almoço.
Contudo, talvez nenhum outro estabelecimento gastronômico seja
tão famoso no bairro como a doceria – e inicialmente padaria –
Di Cunto. Donato di Cunto desembarcou no Brasil muito antes
da grande imigração italiana, e por engano: seu destino era
Montevidéu, no Uruguai, mas vinha com a informação de que
deveria descer na terceira parada após cruzar o Atlântico. O
que ele não contava é que teria uma parada não prevista em
Recife por causa do escorbuto a bordo. Depois de trabalhar como
carpinteiro – seu chefe era o arquiteto Ramos de Azevedo – Donato
conseguiu comprar um terreno de 850 metros quadrados. Abriu
a padaria com o irmão, voltou para a Itália, casou-se e voltou
para comprar o terreno onde está a Di Cunto atual, em 1896.
Quatro anos depois, foi para a Itália buscar o resto da família,
mas morreu pouco depois. Quem veio para o Brasil foram seus
filhos que aqui chegaram em 1932. Três anos depois reabriram
a padaria do pai e tocaram o negócio, acrescentando novidades
para a época. Em 1936 eles já faziam entrega em domicílio e
três anos depois começaram a produzir o tão famoso panetone,
ponto alto da casa e que faz com que seja a mais antiga fábrica
de panetone do Brasil. Atualmente, além da padaria (que não é
mais a grande parte da produção da Di Cunto), a casa oferece um
serviço de bufê, seção de rotisserie, massas e pratos semiprontos
e, claro, os doces e bolos que são as suas estrelas. São mais de
mil itens preparados todas as semanas por seus 186 funcionários,
muitos deles com mais de três décadas de casa. “Acho que isso
faz a diferença na Di Cunto. Tudo é feito com amor e de forma
artesanal”, diz Marco Júnior, um dos herdeiros da doceria.
PIZZARIA SÃO PEDRO
PIZZARIA SÃO PEDRO
PIZZARIA DO ANGELO
20
bair
ro e
m fo
co
Freqüentada apenas por moradores da região, a Pasticceria di
Camargo – criada por um ex-funcionário da Di Cunto – oferece
pratos quentes e massas caseiras prontas para gratinar. Lá
também são encontradas delícias doces como a pequena e suave
torta de amêndoas, recheada com mousse de chocolate, um
acompanhamento imperdível para o chá.
E como não só da Itália alimenta-se a Mooca, um médico
apaixonado por paellas, atendendo a pedidos da família e amigos,
abriu seu próprio espaço que leva seu nome: Paella do Neto.
“Vou fazer na Mooca uma paella que não existe por aí, feita
artesanalmente com fartura de camarões e frutos do mar e por
um preço justo” – palavras do proprietário. Vale conferir. De
outro ramo culinário, com uma clientela que extrapola os limites
da Mooca, a Esfiha Juventus é tradicional no bairro desde 1966.
Seu amplo salão vive lotado e não há entrega em domicílio, o
que explica a fila dos pedidos para viagem que não rara toma a
calçada. Do forno para a mesa, sem escalas, saem ótimas esfihas
de carne, queijo, espinafre, calabresa e frango com catupiry.
Podem ser abertas ou fechadas, basta pedir.
O churro da madrugadaPlena madrugada de uma sexta-feira. A rua Dona Ana Néri, e a
maior parte da cidade, dorme profundamente. De repente, no
número 282, uma porta de ferro se abre e rompe o silêncio.
Seu Toninho, de 74 anos, junto da nora Débora Sato e da neta
Vanessa Sato Garcia estão a postos para iniciar uma jornada de
trabalho. Sim, o expediente deles começa às 2h30 da manhã.
A churraria do Toninho, como é conhecida pelos baladeiros, é
sucesso há 47 anos.
Filho de pais espanhóis da região da Andaluzia, seu Antônio é
daquelas pessoas agradáveis, com as quais é fácil passar o dia ou
a madrugada inteira batendo papo e ouvindo histórias deliciosas
acerca dos famosos churros. “A minha vida é isso aqui. Sempre
digo que não tenho fregueses, tenho uma grande família”,
comenta. A casa funciona somente aos sábados, domingos e
feriados, das 2h30 às 11h30 da manhã. Nos horários de pico - às
4h - a fila começa a embalar e ele é obrigado a distribuir senhas
para não virar bagunça. A espera pode chegar a uma hora. O
churro não tem recheio e o segredo da receita é guardado a sete
chaves, seu Toninho não revela para ninguém. A casa com apenas
um balcão na frente vende por dia mais de 10 quilos de churros.
DOCERIA DI CUNTO
DOCERIA DI CUNTO
DOCERIA DI CUNTO
ESFIHA JUVENTUS
ESFIHA JUVENTUS
A festa de San GennaroA maioria dos imigrantes italianos que vieram para a Mooca
era napolitana e devota de San Gennaro, um santo que ao ser
decapitado teve o sangue armazenado em uma ampola de vidro
e que, diz a lenda, coagula todo ano em três datas, uma delas a
de seu aniversário, dia 19 de setembro, comemorado em todas
as comunidades italianas pelo mundo. Por isso mesmo, nada
mais natural do que erigir uma igreja em sua homenagem e
buscar dinheiro para sustentá-la. Se já se acha boa pizza e pasta
praticamente em qualquer esquina da Mooca durante o ano todo,
é em setembro que essa facilidade se intensifica. Hoje, sempre
próximo do dia 19 de setembro, as ruas Lins e San Gennaro são
fechadas e lá se instalam barracas que vendem o que as “nonnas”
preparam: toneladas do que há de melhor da culinária napolitana.
No cardápio, polpettas, espaguete, rigatoni, fettuccine e lasanha,
regados ao molho bolonhesa. Há ainda as sfogliatelle e as
zepolle. Sem esquecer a fogazza e a pizza – muita pizza!
E por alguns dias a Mooca é mais italiana do que nunca. Essa
comilança toda – que já vai para a sua 35ª edição – recebe,
aproximadamente, 100 mil pessoas que passam pelo evento,
uma das maiores festas de paróquia do Brasil. Todo o dinheiro
arrecadado é destinado a instituições de caridade. De simples
reunião da comunidade, a Festa de San Gennaro ganhou status de
evento turístico e até entrou para o calendário da Embratur. •
Serviço:
Chalé Chopperia
Praça Visconde de Sousa Fontes, 56
Parque da Mooca
Di Cunto
Rua Borges de Figueiredo, 61/103
Tel.: (11) 2081-7100
Don Carlini
Rua Dona Ana Néri, 265
Tel.: (11) 3207-7621 e (11) 3208-2024
Esfiha Juventus
Rua Visconde de Laguna, 152
Tel.: (11) 6096-7414
Paella do Neto
Rua Itamaracá, 127
Tels.: (11) 2076-8839 ou 9639-9839
Pasticceria Di Camargo
Rua Barão de Penedo, 197
Tel.: (11) 6605-3342/6605-5233
Pizzaria do Angelo
Rua Sapucaia, 527
Tel.: (11) 6692-5230
São Pedro
Rua Javari, 333
Tel.: (11) 6291-8771
Memorial do Imigrante
Rua Visconde de Parnaíba, 1316
www.memorialdoimigrante.sp.gov.br
Saiba mais sobre a Mooca:
Livros: Casa de Taipa, o bairro paulistano da Mooca em livro-reportagem,
de Dimas A. Künsch (org.) – Ed. Salesiana
Dez Roteiros Historicos a pé em São Paulo de Cytrynowicz,
Roney. Ed. Narrativa Um
Histórias da Mooca, de Mino Carta. Ed. Berlendis & Vertecch
Bairros Paulistanos de A a Z, de Levino Ponciano. Ed. Senac - SP
Sites:www.saopaulo.sp.gov.br
www.portaldamooca.com.br
www.dcomercio.com.br/especiais/mooca450anos
www.amoamooca.org.br22
bair
ro e
m fo
co
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 3/12/2007 sob o nº R2, na matrícula 148.994, do 7º Cartório de Registro de Imóveis.
Rua Juventus
Clube AtléticoJuventus
PadariaVeredas
Av.
Sal
im F
arah
Mal
uf
Av.
D. P
edro
I
Av. do Estado
Av. Prof. Luís Ignácio de Anhaia Mello
Rua
Can
uto
Sar
aiva
Acre
Rua da MoocaRua do Oratório
Rua José Logulo
Rua
Taba
jara
s
Av.
Pae
s de
Bar
ros
Rua Jumana
Rua Celso de Azevedo Marques
Av. Alcântara Machado (Radial Leste)
Rua doRua dos Trilhos
Rua Visc. de Inhomirim
Croqui de localização sem escalaCroqui de localização sem escalaCroqui de localização sem escalaCroqui de localização sem escala
moocaVeranda
LançamentoLançamentoLançamentoLançamento
Rua Celso de Azevedo Marques,361Rua Celso de Azevedo Marques,361(próximo à Av. Paes de Barros e ao Clube Atlético Juventus)óximo à Av. Paes de Barros e ao Clube Atlético Juventus) Informações: 3067- 0000 ou veranda.com.brInformações: 3067- 0000 ou veranda.com.br
Apartamentos com varanda gourmetLazer completo com exclusiva quadra de tênis cobertaquadra de tênis cobertaTerreno de 5.956 m2
4 dormitórios - 183 e 146 m2
Projeto arquitetônico: Jonas Birger
Foto do terraço do apartamento
10688_05 DUPLA VERANDA Simples F1 1 3/14/08 7:17:26 PM
deSiGner dA LUZAtravés do desenho, Fernando Prado direciona
as emoções geradas pelos efeitos da luz.
Por Lígia Prestes
FOTO
PAU
LO B
REN
TA
FERNANDO PRADO
24
entr
evis
ta
AApenas três meses para desenhar e o jovem Fernando Prado já
estava com um prêmio no colo. Sua primeira peça premiada, a
Giro, foi o pontapé para uma carreira de reconhecimentos que
está no seu ápice. Hoje é um dos designers mais premiados do
Brasil e sua foto e de seus produtos figuram nos livros de prêmios
de design mais famosos de todo o mundo. Conquistou sucessivos
primeiros lugares no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira,
IF Gold Design Award (Hanover, Alemanha), Design Plus Award
(Frankfurt, Alemanha), Red Dot Design Award (Essen, Alemanha)
e Good Design Award. Hoje é o mestre da loja de soluções em
iluminação, a Lumini. Sua visão de design bem sintonizada
com as necessidades e as particularidades do sistema produtivo
industrial faz de Fernando uma referência que extrapola o design
das luminárias.
Como foi sua trajetória?
Eu me formei na FAAP em 1995 no curso de Desenho Industrial.
Na verdade eu nem queria fazer essa faculdade porque o que eu
gostava mesmo era oceanografia, mas como meu pai era arquiteto
e eu sempre gostei de desenhar e de fazer trabalhos manuais,
resolvi prestar o vestibular e me apaixonei pelo curso. Depois
que saí da FAAP arrumei um estágio aqui na Lumini mesmo, onde
fiquei por menos de um ano. Na época, o estágio para mim era
muito chato, porque eu ficava no meio da produção – um mês em
cada setor – carregando chapa, contando parafuso, etc. Mas hoje
eu vejo o quanto aquele estágio foi fundamental para a minha
formação. Quando faço palestra para os estudantes, eu digo para
aproveitarem mesmo quando parece que tudo é chato, pois isso
vai ser muito importante no futuro.
Depois que eu saí da Lumini fui trabalhar com arquitetura. Na
verdade com projetos de iluminação voltados para arquitetura,
o que me deu um bom conhecimento sobre a luz e seus efeitos.
Isso foi ótimo porque, juntando os dois conhecimentos, eu
percebi que você não desenha apenas a forma do objeto mas
também o efeito da luz, e foi isso que me fascinou. O que me
chama atenção na iluminação, em relação a outras áreas, é que
você consegue mexer com a emoção das pessoas com o efeito da
luz. As minhas peças têm todo um cuidado a mais com a parte
técnica do efeito, até quando ela é lúdica, para que esse efeito
faça parte do desenho da peça.
Em 2002, eu resolvi que queria voltar a desenhar, que era o que
eu gostava de fazer, saí do escritório de arquitetura e fui procurar
outras coisas. Como já tinha alguns contatos com o pessoal da
FOTO
PAU
LO B
REN
TADI
VULG
AÇÃO
BOSSA
FERNANDO PRADO
DIVU
LGAÇ
ÃO
BOSSINHA
26
entr
evis
ta
Lumini, comecei a desenhar peças como freelancer. Foi então que
criei a Luna (uma das peças mais premiadas) e a Giro, que é um
projetor mais técnico. E deu certo. O pessoal gostou das peças e
um ano depois me convidaram para ser gerente de produto. Hoje,
na Lumini, eu tenho uma dupla função: de designer e gerente de
produto. Essa junção de tarefas me faz ser um profissional mais
completo, pois eu conheço toda a parte gerencial de uma fábrica
e também atuo na criação. De lá para cá, eu tenho desenhado
exclusivamente para a Lumini, muito trabalho a fazer e pouco tempo!
Você acompanha todo o processo?
Sim. Eu desenho a peça – não uso computador, faço na mão –
depois passo para uma equipe que desenha no computador, faço
os primeiros testes, etc. Eu acompanho esse processo de ponta a
ponta, não só até o produto ir para a rua, mas muitas vezes até
depois que ele saiu.
E seus prêmios?
Pois é, são realmente muito gratificantes, principalmente os lá
de fora. Tem um prêmio aqui que eu acho muito importante que
é do Museu da Casa Brasileira que já ganhei quatro vezes. E eu
o considero o mais importante do Brasil – é um prêmio que eu
sempre quis ganhar quando era mais jovem. O primeiro prêmio foi
com a Giro, que ganhei quando havia apenas três meses que tinha
voltado a desenhar e foi uma grande surpresa. Eu tenho cinco
anos de profissão e vinte prêmios: no Brasil uns sete ou oito, uns
dez na Alemanha e alguns nos Estados Unidos. O meu primeiro
prêmio na Alemanha foi especial porque a gente concorre com
empresas tops de iluminação, em geral como Apple, BMW, etc.
Os prêmios, lá, são organizados da seguinte forma: você merece
ou não ganhar. Se o júri acha que você merece, eles te dão
um selo do prêmio e depois escolhem um único ganhador para
quem eles dão uma espécie de Oscar. E nós já ganhamos vários
desses prêmios, na frente de diversas empresas importantes. É
gratificante, pois nós ganhamos com um investimento muito
pequeno em maquinário, se comparado a eles. Aí é que entra a
criatividade do design brasileiro, conseguimos driblar a falta de
infra-estrutura com essas novas formas das peças. Acredito que
o grande tributo do design brasileiro seja mesmo a criatividade,
que é fruto da nossa própria cultura e da forma como levamos
a vida. Isso também se deve a nossa criatividade para resolver
problemas, vivemos isso no dia-a-dia, situação pela qual os
alemães, por exemplo, não passam.
DIVU
LGAÇ
ÃODI
VULG
AÇÃO
JOY
LUNA
O design brasileiro está começando a ter uma maior
visibilidade lá fora?
Com certeza. E é por conta da nossa cultura. Aqui em São Paulo,
por exemplo, temos milhares de povos diferentes que trouxeram
culturas diversas. Algum tempo atrás isso era visto como um
defeito, mas hoje dá para perceber que isso é excelente para o
design. Atualmente, todo mundo procura um design globalizado e,
sem querer, o nosso design sempre esteve à frente, seguindo esse
conceito. Nosso design está sendo bem aceito lá fora por conta
dessa mistura étnica que existe aqui. Estamos no caminho certo.
Quem desenha luminária pode fazer um trabalho de
luminotécnica?
Acho que não. Cada profissional tem seu espaço, por isso tem o
designer e o lightdesigner (projetista de iluminação). É difícil
fazer bem as duas coisas. O que eu preciso saber é quais efeitos
são desejados pelos lightdesigners no projeto final. Sem saber
isso não se consegue desenhar produtos vendáveis ou aplicáveis.
Então um projeto de luminotécnica é importante?
É fundamental. Sempre que alguém vem aqui na Lumini comprar
nossas peças, orientamos que ela procure um profissional da área.
Porque a casa é onde as pessoas passam a maior parte do tempo,
onde vão criar os filhos e onde estarão por um bom tempo. Sendo
assim, não pode ser feita qualquer coisa. O lightdesigner senta
junto ao dono da casa, sente o clima da família, qual a forma de
viver, daí ele define quais locais terão um efeito de luz e para
qual finalidade. No Brasil, há ótimos profissionais.
É uma onda nova procurar lightdesigners?
Apesar de ser uma profissão que já existe há algum tempo,
as pessoas estão despertando para esses projetos agora. Um
profissional faz a diferença entre uma casa iluminada e uma com
um bom projeto de iluminação.
Como se ilumina uma casa?
É difícil dizer, porque cada casa, ou apartamento, tem uma
arquitetura diferente, um estilo diferente e, como eu disse, o
projeto depende do estilo de vida do morador. Apesar de não ser
um profissional de luminotécnica, dou os meus palpites: uso sempre
lâmpadas quentes para os lugares mais aconchegantes. Recentemente
eu vi uma entrevista do alemão Ingo Maurer – um papa do design
da iluminação – e ele falava sobre essa onda de proibir lâmpadas
incandescentes, porque consomem muito, e dizia que é contra, pois
cada lâmpada tem sua aplicação certa. Ele diz que as pessoas têm
que economizar parando de iluminar fachadas feias, monumentos
mal conservados e usar essa energia em lugares que dão prazer.
Não dá para usar uma lâmpada de hospital dentro do quarto ou
da sala. E mais, isso vai refletir até na sua qualidade de vida. Por
isso, vale a pena fazer um projeto com um profissional para colocar a
lâmpada certa no lugar certo. Eu, particularmente, só coloco lâmpada
incandescente na minha sala, porque acho mais agradável, se parece
mais com a luz do sol e dá uma impressão de natureza.
Geralmente as tomadas estão posicionadas em lugares
corretos?
Dificilmente as tomadas são projetadas junto ao layout da casa.
DIVU
LGAÇ
ÃO
WISHWISH
28
entr
evis
ta
Então, para não errar, alguns distribuem muitas tomadas ou, se
você mora em apartamento antigo, existem pouquíssimas. Por
isso, acho que cada vez mais os projetos têm que ser integrados:
elétrico, iluminação, layout, decoração, arquitetura. Quanto mais
juntos estiverem, menor a chance de sair errado.
Quais as dicas que você daria para uma boa ilumina-
ção em casa?
Uma sala deve ser um lugar aconchegante. Os abajures, luzes
incandescentes e pendentes decorativos dão sempre esse ar mais
intimista, que é o que a gente quer para dentro da nossa casa.
Isso acontece porque, na verdade, esse tipo de lâmpada lembra
as luzes das tochas das cavernas, onde ficava o aconchego.
Na cozinha, pode–se usar uma luz mais fria, mais fresca. Nos
banheiros, pode-se temperar a luz quente com a luz fria. Nos
quartos, o conforto é o mais importante e se consegue com o uso
de dimmers, já que com eles se consegue criar cenários diferentes
na casa com as mesmas luminárias.
O projeto de iluminação leva também em conta a
questão ambiental?
É engraçado porque as pessoas, quando pensam em
sustentabilidade, só levam em conta o material usado e na
verdade vai bem mais além. Eu tenho uma luminária de aço inox
que as pessoas acham um absurdo, porque ela dura 300 anos
no meio ambiente, mas eu estou usando uma fonte de luz que é
um led (diodos especiais que emitem luz quando conectados a
uma bateria, muito mais econômicos e brilhantes), que dura 30
DIVU
LGAÇ
ÃO
DIVU
LGAÇ
ÃO
DIVU
LGAÇ
ÃO
CUT
WISH
GEMMO
“Acredito que o grande tributo do design brasileiro
seja mesmo a criatividade, que é fruto da nossa própria
cultura e da forma como levamos a vida.”
FOTO
PAU
LO B
REN
TA
FERNANDO PRADO | LUMINÁRIA ECLIPSE
30
entr
evis
ta
anos. Se essa luminária não durar pelo menos 30 anos ela está
mal planejada. Então é relativo esse conceito. Nós usamos muito
alumínio, mas ele é reciclável. A coisa é bem mais complexa e
vai além da aplicação do material. Há uma preocupação atual
com a economia de energia. O próprio dimmer é uma forma de
economia, já que se pode usar menos luz, é possível regular.
Há também os leds, que estão surgindo como uma corrente de
economia, tanto de energia como de tempo: eles duram três
décadas e consomem dois watts. Em alguns lugares, a aplicação
dos leds ainda é restrita por causa do custo, mas acredito que o
futuro da iluminação é o led.
Como usar a luz direta ou indireta?
Depende do desejado. Existem salas em que se usa luz indireta
quando o ambiente é claro e outras em que você consegue
combinar perfeitamente a direta com a indireta. A idéia é temperar
esses artifícios, que são o segredo do bom projeto. A Bossa, por
exemplo, é uma luminária que foi criada para ter os dois efeitos,
que se consegue com o simples movimento de colocar o refletor
para cima ou para baixo. Como hoje as salas de jantar e de estar
estão praticamente integradas, eu acho um desperdício criar uma
iluminação apenas para a sala de jantar, sendo que se passa apenas
duas horas por dia lá. A Bossa leva em conta isso: na hora do
jantar se usa o refletor para baixo e quando a intenção é iluminar
o ambiente todo se usa a luz para cima. Isso tira um pouco da
ociosidade do produto e também tem a ver com sustentabilidade,
afinal, uma luminária está fazendo o papel de duas. A minha
intenção foi fazer com que o próprio usuário possa controlar a
intensidade de luz. Dessa maneira, acabo vendendo, junto ao
produto, uma experiência de interação e personalização.
E as pessoas buscam experiência hoje em dia ?
A automação da luz tem a ver com experiência: quando se quer
ver televisão, coloca-se uma luz mais intimista, se está recebendo
pessoas, muda-se a luz. Quando se consegue ter uma gama de
cenários, isso se transforma em uma experiência. O que acho mais
interessante nos efeitos de luz é que é possível emocionar não só
pela estética, mas também pelo efeito de luz, que dá um apelo
emocional.
Dá para agregar a luz de velas?
A luz da vela é a origem de tudo. Acho que é por isso que a
lâmpada incandescente é tão agradável. Quando se tem um jantar
à luz de velas, quer dizer que é aconchegante. E o próprio tom de
amarelo dessa lâmpada lembra a luz do fogo.
Hoje em dia é possível se usar outras cores de luz dentro de
casa, para dar uma idéia mais lúdica. Há também luzes brancas
que oferecem tons azulados e amarelados. Em alguns países da
Europa, onde o sol brilha muito pouco, as pessoas reproduzem o
ciclo do sol dentro das casas através de um controle de luz.
Qual é a tendência em iluminação?
É, inegavelmente, o led. Nas feiras fora do Brasil, na Alemanha
por exemplo, há led para todo lado. Esse é o futuro, quem não
enxergou isso ainda está fora da realidade. Tanto que algumas
fábricas de lâmpadas começaram a fabricar leds. O custo inicial é
maior, mas o custo operacional é muito baixo.
Morar em São Paulo é...
Especial! Nasci e moro aqui. Conheço outras cidades muito mais
charmosas, mas me acostumei com as facilidades da cidade, com
a seriedade do povo, com a maneira como as pessoas encaram
o trabalho. Não é uma cidade fácil de se viver, por isso eu não
critico quem quer sair daqui a todo custo, mas nunca pensei em
morar fora daqui.
São Paulo é bem iluminada?
Não, e está bem longe de ser, principalmente as áreas externas
e públicas. Quando se vai para a Europa, principalmente Itália
e Alemanha, tudo é muito bem iluminado e bonito. Inclusive
dentro das casas, o lightdesign está enraizado nos projetos. Aqui,
o profissional de lightdesign não é respeitado, isso prova que
temos muito o que aprender em iluminação. •
DIVU
LGAÇ
ÃO
THEODORA
SUA cASAiLUMinAndO
Por Lígia Prestes
Mini pendente Kling de
alumínio anodizado e polido.
Preço: R$ 565,00.
Da La Lampe.
Luminária Krisalide com
cúpula de madeira.
Preço: R$ 2.683,00.
Da La Lampe.
32
vitr
ine
Serviço:Dominici
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1768 – Jardins – Tel.: (11) 3087-7788
La Lampe
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1258 – Jardins – Tel.: (11) 3069-3949
De diferentes designers e com formas ultra
modernas, os artigos de iluminação hoje
fazem parte de um todo na decoração e
merecem uma atenção à parte.
Abajur Floating Nest de aço
inox e difusor em rattan.
Preço: R$ 1.887,00.
Da Dominici.
Pendente Hanging Nest de aço
inox e difusor em rattan.
Preço: R$ 1.734,00.
Da Dominici.
butantãBreve lançamento
Av. Prof. Francisco Morato
Av. Prof. F
rancisco
Morato
Av. Jorge João S
aad
Av. P
edroso de Mora
is
Av. das N
ações Unidas
Rua A
lvarenga
Av. Vital Brasil
Rua Trajano Reis
Rua
Dr.
Ulp
iano
daC
.M
anso
Av. Min. Laudo Ferreira de C
amargoAv. Eliseu de Almeida
Rodovia Raposo Tavares
Av. Corifeu de Azevedo Marques
Av. Escola Politécnica
Av. Jaguaré
Av. Jaguaré Ponte Jaguaré
PonteEusébio Matoso
Ponte Cidade Universitária
Rua Carlos Lisdegno Carlucci
Av. Prof. Lineu Prestes
Av. Giovanni Gronchi
Av. M
orumb
i
Cidade Universitária
Escola da Vila
Colégio Miguel de Cervantes
Shopping Raposo Tavares
Estação de Metrô Vila Sônia
Shopping Butantã
McD
on
ald
’s
ColégioJoão
Paulo I
JardimPrevidência
Estaçãode MetrôMorumbi
Makro
Prefeitura
ParqueShopping
Villa-Lobos
Estaçãode Metrô
de Pinheiros
ShoppingEldorado
Croqui de localização sem escala
Rua Trajano Reis, 777 - Butantã(Altura do Makro da Av. Eliseu de Almeida)
Informações: 3067-0000 - clubparkbutanta.com.br
Perspectiva artística da vista aérea do térreo
Próximo aos shoppings Butantã e RaposoFacilidade de acesso para a Av. Eliseu de Almeida e Rod. Raposo Tavares
Está chegando o residencial mais completo no melhor ponto do Butantã. Um verdadeiro clube dentro de casa. Mais de 40 itens de lazer em um terreno de 19.600 m2.
3 e 4 dormitórios Apartamentos de 104 m2, 146 m2 e 184 m2
Terraço gourmet com churrasqueira*
Decorados por Fernanda MarquesProjeto arquitetônico: Jonas Birger
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971Jardim América CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000
www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. *Opcional.
10838-03ClubPakButanta42x27.5.in1 1 3/17/08 11:33:57 AM
butantãBreve lançamento
Av. Prof. Francisco Morato
Av. Prof. F
rancisco
Morato
Av. Jorge João S
aad
Av. P
edroso de Mora
is
Av. das N
ações Unidas
Rua A
lvarenga
Av. Vital Brasil
Rua Trajano Reis
Rua
Dr.
Ulp
iano
daC
.M
anso
Av. Min. Laudo Ferreira de C
amargoAv. Eliseu de Almeida
Rodovia Raposo Tavares
Av. Corifeu de Azevedo Marques
Av. Escola Politécnica
Av. Jaguaré
Av. Jaguaré Ponte Jaguaré
PonteEusébio Matoso
Ponte Cidade Universitária
Rua Carlos Lisdegno Carlucci
Av. Prof. Lineu Prestes
Av. Giovanni Gronchi
Av. M
orumb
i
Cidade Universitária
Escola da Vila
Colégio Miguel de Cervantes
Shopping Raposo Tavares
Estação de Metrô Vila Sônia
Shopping Butantã
McD
on
ald
’s
ColégioJoão
Paulo I
JardimPrevidência
Estaçãode MetrôMorumbi
Makro
Prefeitura
ParqueShopping
Villa-Lobos
Estaçãode Metrô
de Pinheiros
ShoppingEldorado
Croqui de localização sem escala
Rua Trajano Reis, 777 - Butantã(Altura do Makro da Av. Eliseu de Almeida)
Informações: 3067-0000 - clubparkbutanta.com.br
Perspectiva artística da vista aérea do térreo
Próximo aos shoppings Butantã e RaposoFacilidade de acesso para a Av. Eliseu de Almeida e Rod. Raposo Tavares
Está chegando o residencial mais completo no melhor ponto do Butantã. Um verdadeiro clube dentro de casa. Mais de 40 itens de lazer em um terreno de 19.600 m2.
3 e 4 dormitórios Apartamentos de 104 m2, 146 m2 e 184 m2
Terraço gourmet com churrasqueira*
Decorados por Fernanda MarquesProjeto arquitetônico: Jonas Birger
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971Jardim América CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000
www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. *Opcional.
10838-03ClubPakButanta42x27.5.in1 1 3/17/08 11:33:57 AM
Por Lígia Prestes
AcerVOreAL
ÉÉ no centro dos 75 mil metros quadrados da Fundação Maria Luisa
e Oscar Americano que está encravada a casa onde morou o casal
durante 18 anos. O terreno foi adquirido pelo engenheiro Oscar
apenas para ser um sítio de final de semana, mas acabou sendo a
residência oficial da família. Para alguns amigos, o feito pareceu
absurdo, pois na década de 40, quando ele comprou o terreno, as
imediações não tinham o menor sinal de urbanização. Necessário
Com idéia de presentear a cidade de São Paulo, o engenheiro Oscar
Americano transformou sua casa em uma fundação, com acervo que
inclui peças do Brasil colônia e imperial.
dizer que o bairro do Morumbi, propriamente dito, nasceu dos
esforços de Oscar Americano nesta mesma década. Acompanhado
do arquiteto urbanista e amigo Oswaldo Arthur Bratke, que lhe
presenteou com o projeto, construiu uma casa inspirada no
modelo dos bairros-jardins, difundidos em São Paulo desde o final
da década de 1910 pela Companhia City e que previam amplos
terrenos para construção de casas e muitos jardins.
36
cultu
ra
Oscar Americano tratou da implementação das obras viárias,
utilizando métodos de trabalho inovadores e equipamentos
de terraplenagem e pavimentação ainda pouco difundidos na
São Paulo da época. Uma dessas máquinas, adquiridas nos
Estados Unidos no pós-guerra de 1945, possibilitou considerável
melhoria na execução e colocação de guias, permitindo, com
tecnologia avançada, melhor padrão e economia. Realização
importante na região foi também a construção do Hospital
Infantil do Morumbi, exemplo do idealismo de Oscar Americano
em prol da criança e cujo projeto também foi entregue a
Oswaldo Bratke.
Além dessas benfeitorias, um grande presente ainda estava
reservado para a cidade: construções e melhorias urbanísticas.
Ele queria – e sempre teve essa idéia – transformar sua casa em
uma fundação. Tanto que deixou um testamento para isso.
A CasaIdealizados nos anos 50, a residência, o pavilhão de lazer
e o parque foram projetados por dois dos mais importantes
profissionais em suas áreas na São Paulo daquele tempo: o
arquiteto Oswaldo Arthur Bratke (que acabou comprando um
terreno ao lado de Oscar) e o paisagista e agrônomo Otávio
Augusto Teixeira Mendes. A casa e o pavilhão estão entre
as melhores obras desenhadas por Bratke, expondo todas as
características que marcaram a grande fase criativa do arquiteto,
como a simplicidade de meios, a racionalização, a flexibilidade
espacial, sua clareza estrutural, o predomínio dos volumes
puros e horizontais, a integração entre exterior e interior e
o diálogo com entorno e paisagens, estabelecendo um novo
modelo brasileiro de morar, que rompeu com velhos e anacrônicos
padrões domésticos do País. O parque é a obra central da
maturidade de Teixeira Mendes.
Quando o paisagista iniciou esse trabalho, não havia nada
que lembrasse o exuberante aspecto atual da propriedade. A
área estava coberta apenas por campos e poucos arvoredos de
espécies estrangeiras, como eucaliptos. Diante dessa situação,
Teixeira Mendes optou por reintroduzir espécies típicas da Mata
Atlântica, chamando a atenção para a necessidade de recuperar
essa formação natural que no passado caracterizou a região
e o estado de São Paulo. A sofisticada composição dispondo
a vegetação em conjuntos formalmente marcantes numa área
de 75.000 m2 envolveu o plantio de cerca de 25.000 mudas de
árvores. O paisagista acompanhou pessoalmente a implantação e
a manutenção dos jardins durante os dez primeiros anos.
FUNDAÇÃO MARIA LUISA E OSCAR AMERICANO E PARQUE
RUÍNAS DA SÉ DE OLINDA, FRANS JANSZOON POST (1612-1680)
CIDADE DO INTERIOR,FRANS JANSZOON POST (1612-1680)
38
cultu
ra
Um acervo realApós a morte de Maria Luisa, abatido, Oscar resolveu fazer uma
homenagem a sua esposa. O sentimento de preservação ambiental,
que se espalhou pelo mundo décadas depois, já estava presente em
1948. Queria transformar a casa em uma fundação onde também
se preservasse um pouco do verde que, segundo ele sentia,
depois de algum tempo a cidade iria precisar. Foi ao cartório e
registrou que a casa não mais poderia ser vendida. Sua idéia era
expor a pequena coleção de peças antigas e obras de arte (tanto
brasileiras como internacionais). Com sua morte em 1974, ano
que a fundação foi instituída, seus filhos reformaram toda a casa
com a intenção de abri-la ao público. No entanto, gostariam de
que o acervo fosse maior. Sorte ou coincidência, no período dessa
reforma, são levados a leilão diversos lotes de peças do Brasil
Colônia e República, um riquíssimo acervo que foi arrematado
pelos filhos de Oscar e Maria Luisa, ampliando assim o sonho do pai.
Além dos mobiliários, tapetes e peças de arte sacra – que era
o que Maria Luisa mais gostava – a casa é um patrimônio à
disposição da comunidade e tem um acervo permanente, com
mais de 1.600 peças divididas em três núcleos principais: Brasil
Colônia, Brasil Império e Mestres do Século XX.
O acervo da arte colonial da Fundação reúne mobiliário, prataria
de importantes ourives e valiosos exemplares da arte sacra
brasileira. Entre as pinturas, destacam-se oito telas do pintor
holandês Frans Post, que acompanhou a comitiva de Maurício
de Nassau ao Brasil durante a primeira metade do século XVII.
Um dos mais consagrados artistas de seu tempo, Post pintou
inúmeras paisagens de Pernambuco que revelam diversos aspectos
da vida no Nordeste brasileiro durante o Período Colonial. Entre
os móveis do Período Colonial, destacam-se as peças de estilo
D. José I, nas quais são atenuados os traços da influência
portuguesa e incorporadas características do mobiliário francês e
inglês. Também estão conservados na fundação móveis de estilo
D. João VI, ainda próximos da tradição portuguesa, e de D. Maria
I, os quais carregam a renovação estilística que o século XIX
terminaria por consolidar. O conjunto de móveis inclui cômodas,
ÍNDIO CAÇADOR, SÉRIE NOUVELLES INDES, MANUFATURA DOS GOBELINS (SÉCULO XVIII)
meia-cômodas, oratórios, tronos e cadeira de bispo, que formam
um seleto e harmonioso grupo de mobiliário luso-brasileiro do
século XVIII. Entre as diversas peças de prata da época é possível
encontrar uma bela naveta D. João VI, o conjunto de gomil e
lavanda em estilo D. José I, o cuité baiano e a bandeja de pé
D. Maria I, tudo feito por importantes prateiros portugueses
e brasileiros da época. Há ainda exemplos de ourivesaria
portuguesa do século XIX, como o par de tocheiros do prateiro
lisboeta Tocato José Clavina Bernardes. A série de tapeçarias
conhecida como Anciennes Indes foi confeccionada entre 1687
e 1730 na manufatura dos Gobelins, em Paris. A composição dos
cartões das tapeçarias foi baseada em pinturas e desenhos do
retratista Albert Eckhout, que também acompanhou a comitiva de
Maurício de Nassau. Quando os cartões originais das tapeçarias
se estragaram pelo uso constante, o pintor François Desportes
DOM JOÃO VI, REI DO REINO UNIDO DE PORTUGAL, DO BRASIL E ALGARVES,CHARLES SIMON PRADIER (1786-1848) / JEAN BAPTISTE DEBRET (1768-1848)
A FAMÍLIA IMPERIAL DO BRASIL, C. 1854, LITOGRAFIA HENRIQUE FLEUISS / F.R. MOREAUX
RETRATO DA FAMÍLIA IMPERIAL, FOTOGRAFIA, 1492 ALBERTO HENSHEL & CIE, 1887Da esquerda para direita: sentada Dona Isabel e seus três filhos, Dom Augusto Saxe-Coburgo e Bragança (segundo filho de Dona Leopoldina), O Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina. Em pé, atrás da Imperatriz, o Conde D’eu (Marido de Dona Isabel) E Sentado à direita Dom Pedro Augusto Saxe-Coburgo E Bragança (filho mais velho de Dona leopoldina).
CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRASIL, LITOGRAFIA MANOEL MARQUES DE AGUILAR (1767- C.1816)
40
cultu
ra
executou nos cartões o mesmo espírito dos originais entre 1735
e 1740. Conhecidas como Nouvelles Indes, essas tapeçarias
foram executadas numerosas vezes até o ano de 1802. As duas
tapeçarias que há na fundação, Le Chasseur Indien e Combat des
Animaux, são exemplos de Nouvelles. Vendidas em 1768 ao Duque
de Noailles, passaram mais tarde à propriedade de Lord Byron e
foram adquiridas por Oscar em 1973, na Inglaterra.
Os retratos a óleo são as peças mais importantes do acervo
Imperial da Fundação. Entre eles há o de membros da Família
Imperial brasileira, como os Imperadores D. Pedro I e D. Pedro
II, D. Amélia de Leuchtenberg, D. Leopoldina e as princesas D.
Maria Amélia e D. Francisca. As louças imperiais, muito utilizadas
na residência do imperador, também são de grande interesse e
variedade. O conjunto de pratos da Ilustríssima Câmara é um
exemplo. Trata-se do refinado serviço de porcelana francesa, com o
qual a Câmara presenteou D. Pedro I por sua decisão de permanecer
no Brasil. No acervo também há porcelana da Companhia das
Índias, elaborada na China sob encomenda e sob medida para o
gosto ocidental. É possível encontrar diversos documentos, cartas
e até exercícios de caligrafia das princesas. Além disso há diversos
adereços como leques típicos de época – até um em comemoração
à chegada da Família Real no Brasil – miniaturas, abotoadeiras,
botões de uniformes do Exército Imperial e de funcionários da
Corte, brasões móveis e vários outros objetos que completam a rica
e diversificada mostra de arte e do modo de vida no Brasil Imperial.
Oscar Americano e seus filhos também fizeram questão de ter na
fundação obras dos mestres do século XX. Há pinturas e esculturas
dos mais destacados artistas brasileiros contemporâneos, como
Victor Brecheret, Lasar Segall, Alberto da Veiga Guignard, Di
Cavalcanti e Cândido Portinari.
FAVELA COM MÚSICOS, 1957, CÂNDIDO PORTINARI (1903-1962)
Project1 28.03.08 13:59 Page 1
Atividades da FundaçãoNão bastasse apenas o rico acervo que a Fundação preserva há
muitos anos, é possível também fazer um passeio, que dura
cerca de uma hora, para observar as centenas de espécies de
pássaros que há no parque. Ainda neste ano o museu pretende
oferecer diversos cursos, como o de paisagismo por exemplo.
Regularmente promove exposições temporárias e no seu auditório
são realizados concertos, recitais, conferências e cursos sobre
história da arte, literatura e música. Em tão agradável lugar
não falta um Salão do Chá, onde é possível desfrutar de um
chá completo servido à moda inglesa com um farto menu:
chá, chocolate, brioches, croissants, pãezinhos, salgadinhos,
sanduíches, torradas, bolos, biscoitos, etc. E tudo isso apreciando
uma vista pouco comum na cidade de São Paulo, a de um
majestoso jardim de Mata Atlântica!
Quem foi Oscar AmericanoFormado pela Escola de Engenharia Mackenzie, em 1931, Oscar
Americano de Caldas Filho foi um destacado engenheiro civil e
empresário da construção no Brasil. Fundou e dirigiu uma das
principais empresas de engenharia e construção no País – a
Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO) – cuja história
se confunde com o processo de modernização de alguns setores
essenciais na vida nacional a partir da década de 1940, como o
rodo-ferroviário, hidroelétrico e aeroportuário. Recém-formado,
Oscar Americano iniciou-se modestamente na construção
civil. Seu escritório realizava serviços de terraplenagem com
equipamentos de tração animal, entre outros trabalhos. No estado
de São Paulo, foi um dos responsáveis pela introdução de novos
equipamentos e processos de execução de infra-estrutura viária
ao participar da construção de rodovias como Anchieta, Dutra,
Castelo Branco e tantas outras .
No campo hidrelétrico estão algumas das mais notáveis
realizações de sua empresa, a CBPO. Participou da construção
das usinas de Xavantes, Capivara, Foz do Areia e outras. Foi uma
das cinco empresas brasileiras selecionadas para a construção da
usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo no final do século
XX. Ao longo de sua trajetória, Oscar Americano enfrentou os
mais variados desafios profissionais. Realizou todo tipo de obras
no ramo da construção civil, como o Aeroporto Internacional do
Rio de Janeiro (Galeão). •
Serviço:Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
Av. Morumbi, 4077 – Morumbi
Tel.: (11) 3742-0077
www.fundacaooscaramericano.org.br
PARQUE DA FUNDAÇÃO MARIA LUISA E OSCAR AMERICANO
cultu
ra
42
Project1 28.03.08 13:59 Page 1
erAhiStóriAUMA VeZ UMA
Por Lígia Prestes
44
novo
s rum
os
NO ato de contar histórias e o prazer
de ouvi-las ressurgem, apesar de toda
tecnologia contemporânea.
Nos tempos atuais, em que a tecnologia substituiu diversas
expressões de cultura, a profissão de contador de histórias, na
prática, deveria ser um ofício fadado ao fracasso. Muito pelo
contrário. Antes era uma tarefa exercida em casa pelos pais e
avós, ou por professores em escolas infantis, hoje é levada por
profissionais para hospitais, livrarias e até mesmo empresas.
“Freqüentemente recebo propostas para ir contar histórias em
empresas. Claro que o contexto tem a ver com o momento da
companhia, mas o conto ajuda na hora da reflexão e desenvolve
a individualidade”, explica Regina Machado, que há mais de
20 anos é contadora de história profissional e pesquisadora de
narrativas tradicionais da Universidade de São Paulo. “O trabalho
do contador de história não precisa estar atrelado apenas ao
incentivo à leitura, mas também a fins terapêuticos, filosóficos,
sociais, artísticos, entre outros”, completa Carlos Eduardo Cinelli,
fundador do Tapete Contadores de História, grupo de atores e
arte-educadores que produz exposições interativas, sessões de
histórias, espetáculos de narração e oficinas.
Apesar de a arte de contar histórias existir desde os mais remotos
tempos da história da humanidade, é a partir da década de 70
que essa arte começou a renascer no meio urbano no mundo
todo. “Tudo que o mundo moderno não oferece, o contador
proporciona. É como se ele trouxesse o encontro humano – que
hoje quase não existe – através da forma de contar a história
do seu próprio jeito”, acredita Regina. Atualmente, há diversos
encontros e festivais de contadores de história que provam que
o ofício tem tomado força no Brasil. Um deles é o Simpósio
Internacional de Contadores de História, que acontece no Rio
de Janeiro, e que já vai para sua sétima edição em agosto deste
ano. Esse encontro oferece espetáculos tanto para adultos
como para crianças e reúne profissionais de diversos países.
Um dos pontos altos do evento é a Maratona de Contos, que
dura 24 horas: durante o dia há histórias infantis; de noite e
de madrugada, histórias de humor, erotismo e terror. Graças a
sua magnitude, o encontro já chamou a atenção da Unesco, que
desde 2004 apóia o evento.
Já há cursos que desenvolvem a prática de contador de
história, pois, segundo Regina, não há técnicas ou dicas de
como narrar, e sim um desenvolvimento que vai melhorando
com a experiência ao longo do tempo. Carlos Eduardo também
BICHO DO MATO
concorda: “O curso que oferecemos é uma ‘provocação’ sobre
esse contador de histórias que todos temos dentro de nós.
Durante a oficina trabalhamos com os mesmos princípios que
desenvolvemos no nosso grupo. Esses princípios têm sempre como
eixo a narrativa, a história. A utilização de suportes plásticos,
cenários e outros recursos exteriores são desdobramentos da
nossa relação com o conto”, explica. Para Carlos, o contador de
história está sempre aprendendo e não há uma fórmula, apenas
princípios, olhares e perspectivas sobre essa arte. “O importante
é conhecer bem o que vai contar. O contador tem que demonstrar
que está descobrindo a história naquele momento e não apenas
contar e ponto final. Isso não tem aura”, completa Carlos.
Formado em teatro pela UniRio, Carlos Eduardo encontrou na
faculdade e na relação com seus colegas de sala afinidades
artísticas que se entrelaçavam com seus desejos pessoais. “O
grande despertar foi quando conhecemos um artesão e contador
de história francês chamado Tarak Hammam, que desenvolve até
hoje um projeto educacional de confecção e narração de histó-
rias com tapetes. Aquilo me chamou a atenção pela ludicidade,
pela memória da infância e a forma de manipular os suportes
plásticos que servem de cenários para as histórias. Encontrei-
me de forma múltipla”, conta. E não é apenas para crianças que
esses contos são recitados. Quando para adultos, as histórias
variam entre romance, suspense, comédia, terror ou com algum
teor de lição de vida.
Regina também oferece cursos para contadores de história e
alerta que não é um curso técnico e sim uma preparação que leva
a vida toda. Segundo ela, qualquer pessoa pode contar história,
em todos os momentos e em diferentes profissões. “Nas minhas
aulas costumo fazer os alunos se concentrarem em um único
conto e transformá-lo em desenho, em canto e em dança. Você
aprende quando descobre suas potencialidades e as transforma
para contar. Faço a pessoa se encantar pela história”, completa
Regina, que tem planos para criar uma pós-graduação voltada
para os contadores de história.
O grande segredo é experimentar e ter a intenção de fazer a
história ser real, o que significa colocar-se dentro dela. “Se
você sabe o que quer contar, ao longo da história essa inten-
ção transparece”, diz a profissional. O ritmo que se dá ao conto
também faz parte de uma história bem contada. “Uma monótona
história lida não permite que a pessoa ‘veja’ o que está sendo
contado. Para aprender mais dos recursos corporais que você
pode transportar para a história, basta observar o dia-a-dia das
pessoas, a natureza, os objetos”, explica Regina. “O contador
profissional nunca deve esquecer que ele também é, e sempre
será, um homem que precisa contar algo, e que, apesar dele estar
inserido em um contexto sociocultural específico, ainda assim é
um desses que simplesmente conta. O contexto da profissão não
deve ofuscar esse primeiro impulso de alguém que quer compar-
tilhar uma memória, uma história que gosta, ou um fato que o
mobiliza”, complementa Carlos.
CABE
46
novo
s rum
os
Reconhecimento Apesar do constante crescimento desse ofício, a profissão de con-
tador de história ainda tem muito a ser explorada aqui no Brasil.
“Já está havendo uma boa discussão sobre a profissionalização,
mas ainda falta um incentivo. Nós já estamos em diversas áreas:
em empresas, em desenvolvimento de pessoas, em tratamentos
para doentes, em cultura, etc. Já está na hora de sermos reconhe-
cidos”, diz Regina. Ainda segundo ela, os contadores de história
são os remanescentes na tradição milenar das populações mais
antigas, indígenas e orientais, onde quem exercia esse ofício era
um dos membros mais respeitados da comunidade. •
Serviço:Os Tapetes Contadores de Histórias
www.tapetescontadores.com.br
(21) 2268-8873 | (21) 8132-0468
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 14/3/2008, sob o nº R1, na matrícula 190.645 do 15º Cartório de Registro de Imóveis da Capital.
Foto do living do apartamento decorado
4 suítes Apartamentos de 442 e 370 m2 com varanda gourmet.Visite decorado por Débora Aguiar.
No melhor ponto do bairro: Rua Conde de Porto Alegre, 1.033
Terreno de 6.280 m2
Quadra de tênis, spa e lazer completo.
Projeto arquitetônico: Königsberger Vannucchi
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 14/3/2008, sob o nº R1, na matrícula 190.645 do 15º Cartório de Registro de Imóveis da Capital.
Foto do living do apartamento decorado
Double
Du Champ
Croqui de localização sem escala
Informações: 3067-0000 ou sophisticcampobelo.com.br
O alto padrão incomparável no Campo Belo.
Breve lançamento
Uma oportunidade tão grande que você não encontra em nenhum outro ponto de São Paulo.
10803-07 Sophistic An Revist.ind1 1 3/13/08 3:28:28 PM
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 14/3/2008, sob o nº R1, na matrícula 190.645 do 15º Cartório de Registro de Imóveis da Capital.
Foto do living do apartamento decorado
4 suítes Apartamentos de 442 e 370 m2 com varanda gourmet.Visite decorado por Débora Aguiar.
No melhor ponto do bairro: Rua Conde de Porto Alegre, 1.033
Terreno de 6.280 m2
Quadra de tênis, spa e lazer completo.
Projeto arquitetônico: Königsberger Vannucchi
LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955. Memorial de Incorporação registrado em 14/3/2008, sob o nº R1, na matrícula 190.645 do 15º Cartório de Registro de Imóveis da Capital.
Foto do living do apartamento decorado
Double
Du Champ
Croqui de localização sem escala
Informações: 3067-0000 ou sophisticcampobelo.com.br
O alto padrão incomparável no Campo Belo.
Breve lançamento
Uma oportunidade tão grande que você não encontra em nenhum outro ponto de São Paulo.
10803-07 Sophistic An Revist.ind1 1 3/13/08 3:28:28 PM
VISÃO ARTÍSTICA DO PROJETO DO BOULEVARD DO CONDOMÍNIO GRANJA JULIETA.
FOTO DO BOULEVARD NA ÉPOCA DA ENTREGA DAS CHAVES.
nNo Condomínio Reserva Granja Julieta é difícil acreditar que
estamos em São Paulo. Os edifícios baixos de apenas oito andares
e o amplo boulevard ajardinado proporcionam um clima de
tranqüilidade que faz parecer que, ali, a vida passa mais devagar.
Talvez uma das maiores qualidades desse empreendimento seja
mesmo a esplanada que conecta os oito edifícios com baixa
estatura. Entremeado por jardins, bancos e lagos, esse espaço
possui uma escala tão adequada que nos sentimos como que
em outra cidade, longe da agitada vida paulistana onde o
barulho não nos deixa ouvir sequer a nós mesmos. Quando a
tarde cai, um pouco antes das luzes se acenderem, o pôr do sol
é um espetáculo quase diário para quem está caminhando pelo
boulevard – só depende das condições climáticas. E quando as
luzes se acendem, ainda uma outra bela atração nos aguarda.
GrAnjA jULietAreSerVAPor Vera Severo / Fotos Paulo Brenta
50
do p
roje
to à
rea
lidad
e
VISÃO ARTÍSTICA DO PROJETO DA VARANDA DO CONDOMÍNIO GRANJA JULIETA. FOTO DO BOULEVARD NA ÉPOCA DA ENTREGA DAS CHAVES.
Como é bonito o caminho iluminado ao cair da noite, quando a
água corre tranqüila pelo córrego que se insinua por seu piso e
as luzes dos apartamentos também começam a se acender. Na
volta para casa, depois de mais um dia na cidade inquieta, somos
brindados com uma visão que acreditávamos ser impossível existir
em São Paulo.
Depois de investimentos bem sucedidos no Brasil em
empreendimentos comerciais, pela primeira vez a Tishman
Speyer participa do segmento residencial e, em parceria com a
Construtora Even, acaba de entregar a Reserva Granja Julieta,
um condomínio inédito na história do mercado imobiliário
paulista. Com uma área de 26,6 mil metros quadrados, o
complexo residencial com projeto arquitetônico contemporâneo
está perfeitamente integrado a uma área verde pré-existente,
na verdade quase um bosque, que foi preservada e destinada à
área de lazer. Além disso, os jardins projetados são extensões
dos lobbies dos edifícios que se comunicam através deles
ininterruptamente.
Em função das amplas janelas panorâmicas e dos generosos
terraços, a luminosidade é uma característica marcante
nos interiores do empreendimento. Os amplos livings dos
apartamentos são acompanhados em toda sua extensão por
varandas que estão sempre em contato com os jardins, mantendo
a associação com a natureza – um dos elementos mais prazerosos
do empreendimento. Outro toque de genialidade do projeto são
os painéis deslizantes em treliça metálica nos terraços, que
podem ser deslocados conforme o desejo dos moradores, criando
ambientes mais sombreados ou privados. A possibilidade de
deslocamento dos painéis também confere jogos interessantes de
fachada e uma constante mudança visual.
FOTO DA PISCINA NA ÉPOCA DA ENTREGA DAS CHAVES.
VISÃO ARTÍSTICA DO PROJETO DA PISCINA DO CONDOMÍNIO GRANJA JULIETA.
52
do p
roje
to à
rea
lidad
e
VISÃO ARTÍSTICA DO PROJETO DO SPA DO CONDOMÍNIO GRANJA JULIETA.
FOTO DO SPA NA ÉPOCA DA ENTREGA DAS CHAVES.
E não foi apenas a qualidade de vida dos moradores que
preocupou empreendedores e construtores: a qualidade dos
acabamentos pode ser notada nos menores detalhes, tanto na
sua especificação como na sua confecção. Diferenças no desenho
dos pisos – internos e externos – foram habilmente tratados e
por isso a integração entre jardins e passeios é sutil e delicada,
aliando elegância e qualidade estética.
Mas as inovações não ficaram só no projeto e na sua construção.
Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento pessoal
e profissional de seus funcionários, a Even criou um curso
de alfabetização de adultos e o instalou no canteiro durante
as obras. O curso teve duração de oito meses, três vezes na
semana, após o expediente de trabalho. Munidos de uma cartilha
oferecida juntamente a todo o material necessário, os operários
receberam conteúdos equivalentes aos estudados do 1º ao 4º ano
do Ensino Fundamental.
Reserva Granja JulietaProjeto de Arquitetura: Márcio Cury e Azevedo Antunes Arquitetos.
Paisagismo: Isabel Duprat .
Decoração: Patrícia Anastassiadis.
Iluminação: Senzi Lighting.
Construção: Even Construtora.
Incorporação: Tishman Speyer.
FOTO DO SALÃO DE JOGOS NA ÉPOCA DA ENTREGA DAS CHAVES.
VISÃO ARTÍSTICA DO PROJETO DO SALÃO DE JOGOS DO CONDOMÍNIO GRANJA JULIETA.
54
do p
roje
to à
rea
lidad
e
Através de doações financeiras, a BrazilFoundation capta, nos
EUA, fundos para ajudar o Brasil no âmbito social.
AjUdA AMericAnAPArA O BrASiL
Por Lígia Prestes
56
proj
eto
soci
al
UUma causa nobre por trás de um trabalho único. Talvez essa
seja uma das diversas denominações que se pode atribuir à
BrazilFoundation, uma entidade pública sem fins lucrativos
incorporada em Nova York. Com escritório na cidade nova-
iorquina e comitês de voluntários em Boston, Califórnia, Flórida
e Washington, a organização tem como premissa captar recursos
nos Estados Unidos para investir em trabalhos sociais qualificados
aqui no Brasil. A BrazilFoundation mobiliza recursos e o talento
de indivíduos e empresas brasileiras, além de estrangeiros
estabelecidos nos Estados Unidos interessados em contribuir
para a melhoria das condições sociais no Brasil. A ONG canaliza
o desejo de transformação social desses indivíduos e corporações
relacionando-as diretamente às organizações não-governamentais
que atuam no Brasil.
Essa captação é feita através de campanhas de mobilização, como
a campanha Amigos da BrazilFoundation, onde cada associado
contribui por ano com uma quantia de US$ 30 e, no caso dos
cidadãos americanos, se beneficiam de uma rede de descontos
e benefícios oferecidos por negócios parceiros nos Estados
Unidos. Além disso, a entidade promove, todos os anos, um
Baile de Gala Beneficente nos EUA para angariar fundos. No ano
passado, o evento que aconteceu em setembro arrecadou mais
de US$ 400.000,00 destinados aos projetos sociais nas áreas de
educação, saúde, direitos humanos, cidadania e cultura que a
BrazilFoundation apóia, após seleção feita anualmente. O baile, que
conta com um leilão de peças doadas por alguns parceiros (design,
moda, etc.), tem seu público composto por diplomatas, designers,
artistas, modelos, empresários e gente disposta a ajudar.
O início de tudoDepois de se aposentar de uma carreira de mais de 20 anos na
Organização das Nações Unidas (ONU), Leona Forman criou a
BrazilFoundation para apoiar ONGs que trabalham em prol da
transformação social no Brasil. O projeto de vida de Leona é
inspirado por um desejo de retribuir ao Brasil, país que acolheu
sua família refugiada da China, as muitas oportunidades que teve,
como adolescente e jovem jornalista correspondente do jornal O
Globo na França, morando no Rio de Janeiro. Em junho de 2000,
Leona fez parceria com Marcello Hallake, advogado brasileiro que
atua em Nova York e que representou a fundação na obtenção
do status de organização sem fins lucrativos. Logo depois, a
carioca Susane Worcman, experiente pesquisadora e curadora
de Artes, se juntou ao grupo e ajudou a estabelecer o escritório
de representação da BrazilFoundation no Rio de Janeiro, hoje
chefiado por ela.
No início de 2001, Roberta Mazzariol, cuja experiência em bancos
de investimento ajudou a desenvolver o plano de trabalho da
BrazilFoundation, foi convidada a fazer parte da Diretoria.
Roberta, com a ajuda de Danyela Moron, estagiária e ponto de
contato da BrazilFoundation em São Paulo, vem coordenando
atividades, inspirando voluntários e atraindo o interesse de
empresários paulistas.
Em 2003, o primeiro Baile de Gala Beneficente da fundação em
Nova York gerou recursos para apoiar 17 projetos sociais. Graças
ao seu sucesso, este evento tornou-se uma importante fonte de
recursos. Nos anos seguintes, a entidade organizou palestras nos
EUA com líderes sociais brasileiros, pondo-os em contato direto
com doadores para promover melhor conhecimento do trabalho do
Terceiro Setor brasileiro. Essas palestras ainda contribuem para o
crescimento tanto do número de pessoas interessadas no trabalho
da fundação, quanto da sua arrecadação. Conseqüentemente, o
número de projetos apoiados no Brasil também subiu de quatro
em 2002 para 30 em 2007. O número de propostas recebidas de
organizações em busca de apoio financeiro também aumentou
substancialmente, passando de 73 em 2002 para 975 em 2007.
Através do trabalho de apoio das organizações de base, a
equipe no Brasil percebeu que muitas das iniciativas apoiadas
demandavam mais do que recursos financeiros para realizarem
ações transformadoras em suas comunidades. A partir daí,
a fundação desenvolveu e implementou uma metodologia
de Monitoramento Participativo, através do programa de
Monitoramento e Avaliação, a fim de acompanhar passo a passo
a aplicação dos recursos. A BrazilFoundation também criou um
programa de Capacitação em gestão e comunicação, que oferece
apoio técnico continuado aos líderes dos projetos apoiados.
Desde sua fundação, a BrazilFoundation apoiou 222 projetos
sociais em todos os 27 estados brasileiros. Alguns destes projetos
hoje são referências em suas áreas de atuação, recebendo prêmios
nacionais e internacionais, como por exemplo o Prêmio Ashoka-
MacKinsey de Empreendedores Sociais, Prêmio Unicef de Educação
e Prêmio de Direitos Humanos, Brasil 2007. Hoje, a fundação
é reconhecida mundialmente por seu profissionalismo e sólida
trajetória e, conseqüentemente, estabeleceu novas parcerias com
fundações como a Ford Foundation, Interamerican Foundation,
W.K.Kellog, Lemann e com entidades empresariais como Instituto
HSBC Solidariedade, Fundação Vale, Embraer e TAM Linhas Aéreas.
Exemplos de gratidão A Artidéias adota a economia solidária para gerar alternativas
de trabalho e renda e contribuir para a diminuição dos níveis de
pobreza em comunidades de Vitória e Espírito Santo. Formada por
grupos de artesãos, a instituição estimula microempreendimentos
capacitando os trabalhadores e facilitando a entrada de seus
produtos no mercado. O Banco Bem, projeto apoiado pela
BrazilFoundation, é uma iniciativa inovadora da Artidéias, que
está oferecendo microcrédito para 15 famílias da comunidade
construírem e reformarem suas moradias na favela de São
Benedito. A iniciativa oferece financiamento com juros baixos e
sem burocracia e as famílias serão capacitadas para realizarem as
obras com técnicas de baixo custo e em regime de mutirão. Com
o retorno do financiamento, novas famílias serão beneficiadas.
Em um intercâmbio com a Ação Moradia, outro projeto apoiado
pela BrazilFoundation, os moradores estão tendo acesso a uma
tecnologia de construção de casas populares a baixo custo (ver
abaixo Tijolos Ecológicos).
Já a Ação Moradia trabalha para a melhoria das condições de vida
em comunidades de baixa renda através de ações direcionadas
para a família e focadas na área da habitação. Em 2003, com
recursos doados pela BrazilFoundation, foi implantada em
Uberlândia uma fábrica de tijolos ecológicos, uma tecnologia
social utilizada na construção de casas populares a baixo custo e
sem agredir o meio ambiente. O projeto Tijolos Ecológicos – Casas
com Dignidade possibilitou que 15 famílias construíssem suas
casas. Para difundir esse trabalho, a Ação Moradia está criando
uma metodologia de gestão tecnológica para a fabricação de
tijolos e construção de casas, que vai possibilitar a aplicação da
tecnologia dos tijolos ecológicos em outras comunidades rurais
58
proj
eto
soci
al
e quilombolas. Para alcançar este objetivo, o projeto também
vai treinar lideranças de organizações não-governamentais na
implantação do modelo.
Outro projeto apoiado pela entidade é a Associação Lua Nova, em
Araçoiaba da Serra, no estado de São Paulo, que é um centro de
acolhimento e tratamento para mães adolescentes em situação
de risco, químico-dependentes, moradoras de rua e vítimas
da violência doméstica. O centro oferece abrigo temporário,
atendimento psiquiátrico e cursos profissionalizantes.
Os recursos doados pela BrazilFoundation em 2004 destinaram-
se à qualificação de profissionais e agentes sociais para a
formação de três núcleos de acolhimento nas cidades de
Votorantim, Sorocaba e Araçoiaba. O apoio possibilitou também
a participação de 40 meninas em programas de qualificação
profissional e geração de renda. As jovens criam e vendem
produtos artesanais, com destaque para a oficina de bonecas
de pano, que chegaram a ser exportadas para a Itália. A renda
obtida com a comercialização dos produtos permitiu a abertura de
cadernetas de poupança para as jovens mães.
Uma iniciativa idealizada a partir do intercâmbio com a Ação
Moradia, outra instituição apoiada pela BrazilFoundation,
possibilitou que algumas jovens do projeto aprendessem a
construir suas casas. A Lua Nova promoveu cursos de capacitação
em construção civil, criando mutirões para a construção das
moradias. Foi utilizada uma técnica de construção com “tijolos
ecológicos”, feitos pelas próprias moças a partir da mistura de
solo com cimento, sem a queima de combustíveis. Criatividade,
flexibilidade e disciplina são instrumentos que levam essas jovens
à inclusão social.
Como ajudarPara fazer doações à BrazilFoundation, os brasileiros podem
entrar em contato através do e-mail: info@brazilfoundation.org
Desde sua fundação, a BrazilFoundation apoiou
222 projetos sociais em todos os 27 estados
brasileiros. Alguns destes projetos hoje são
referências em suas áreas de atuação,
recebendo prêmios nacionais e internacionais.
Leona Forman, um exemplo a ser seguidoSua intenção era devolver ao Brasil um favor. Ela foi acolhida
aqui junto da família que veio refugiada da China. A retribuição
foi dar aos brasileiros um pouco mais de esperança e auxílio em
diversos projetos sociais.
Além da gratidão que tem pelo Brasil, algum outro
ponto fez a senhora se empenhar em auxiliar os
projetos sociais brasileiros?
Tendo trabalhado na ONU com representantes do Terceiro Setor
de todas as regiões do mundo, vi como era difícil – em todos
os países – para eles conseguirem recursos para implementar
seus projetos, muitas vezes mais criativos, mais flexíveis,
mais adaptados às necessidades das comunidades onde atuam.
Como brasileira vivendo nos EUA, achei que haveria uma ótima
possibilidade de engajar outros brasileiros interessados em,
de longe, fazer investimentos sociais em pequenas e médias
organizações sem fins lucrativos espalhadas pelo nosso
grande País, sem muito acesso a financiamento ou parcerias.
A resposta das pessoas com quem comecei a conversar sobre
o estabelecimento da BrazilFoundation foi tão encorajadora –
queriam participar, fosse com recursos ou com o seu tempo e
talento – que senti que estava com uma idéia boa e realizável.
A senhora acredita que o Brasil poderá ser melhor,
caso os projetos sociais sejam mais atuantes?
Acabei de voltar de uma visita a nove projetos em Pernambuco
e Paraíba que receberam apoio da BrazilFoundation. Estou
convencida de que as organizações que visitei conseguiram
utilizar o nosso apoio – não somente para realizar os projetos
propostos como para encontrar novos parceiros e receber
reconhecimento das autoridades públicas (principalmente no
nível federal e estadual). Todos que visitei estão desenvolvendo
trabalho com membros das comunidades em que atuam,
participativos, qualificados e atuantes como cidadãos dignos que
são. Exemplo: em um dos vilarejos, 30 cisternas de placa foram
construídas por famílias que as necessitavam. Além de fornecer
água potável para o consumo, essas cisternas melhoram a saúde
da família (as crianças têm menos resfriados ou problemas de
verminoses, a mãe tem mais tempo para cuidar da horta, dos
filhos e até de sua própria educação, já que não precisa passar
horas buscando água). A comunidade se uniu no esforço, criando
um fundo rotativo de repagamento das cisternas, o que permite
a construção de cisternas para quem ainda não as tem. Juntando
todos os recursos disponíveis na comunidade para um objetivo
comum, contribui-se para o desenvolvimento. Sem apoio, os
projetos sofrem uma dificuldade imensa.
Quais são os próximos planos da BrazilFoundation?
Os planos da BrazilFoundation incluem promover conhecimento
sobre o trabalho do Terceiro Setor brasileiro através de novas e
diversas audiências nos Estados Unidos – indivíduos e empresas
de todos os setores da indústria e do comércio. Ao fazerem
uma contribuição para organizações sem fim lucrativo, eles
podem se beneficiar das leis do Imposto de Renda americano,
que permitem dedução na declaração de imposto de renda.
Estamos expandindo nossa atuação de Nova York para a
Flórida, Califórnia, Washington, Massachusetts. Este ano vamos
desenvolver novas parcerias com empresas e indivíduos, fazendo
investimentos econômicos e financeiros no Brasil. Oferecemos
a eles a oportunidade de fazer um investimento social usando
tecnologias e metodologias desenvolvidas por projetos sociais
que já apoiamos no Brasil. O investimento social trará soluções
inovadoras, trazendo melhorias nas áreas de habitação, educação,
saúde, geração de renda e desenvolvimento local sustentável nas
comunidades de atuação. •
60
proj
eto
soci
al
Em 2007, a Gerdau esteve por dentro de todas as obras da EVEN. E foi reconhecida como um dos 10 melhores fornecedores de materiais, não só por abastecer essas obras com os melhores produtos para a construção civil, mas por buscar a constante excelência em prazo, atendimento, qualidade e segurança. Obrigado, EVEN. Esse reconhecimento nos motiva, cada vez mais, a oferecer produtos e serviços diferenciados para nossos clientes.
Conheça a linha de produtos para construção civil:
TreliçaTela Soldada
Nervurada e Malha PoP
Barra de TraNSferêNcia
coluNa PoP KiT SaPaTa Gerdau
KiT SaPaTa Gerdau
GG 50 CA-60 eSTriBoaraMe recozidoGG 50 corTado
e doBrado
PreGoSBarraS e PerfiS
Estar por dEntro das mElhorEs obras só podEria tEr um rEsultado: rEconhEcimEnto.
www.gerdau.com
54183-1 Anuncio evenmag 21x28.in1 1 3/14/08 4:25:52 PM
C
eMPreSA dO SUL
eVen
Com o claro objetivo de expandir seus negócios e se consolidar
como uma empresa de nível nacional, a Even firmou no começo de
março uma parceria com o Grupo Melnick, com larga experiência
na incorporação e construção de empreendimentos residenciais
e comerciais no estado do Rio Grande do Sul. “A Even, além de
já ter conquistado espaço em empreendimentos de alto e médio
padrão, agora quer atacar em empreendimentos mais acessíveis. E
a Melnick, no Rio Grande do Sul, vai nos auxiliar em todos esses
segmentos na região”, explica Alexandre Dinkelmann, da Even.
A escolha da Melnick como parceira foi feita após uma avaliação
de construtoras e incorporadoras do Sul. “Nós a escolhemos por
causa da semelhança que a empresa tem com o nosso modelo
de negócios integrados, além de sua tradição e competência
reconhecidas no ramo imobiliário. As perspectivas e os objetivos
também são iguais, o que foi “relevante” na escolha, conta
Alexandre. Outro ponto levado em consideração foi a empatia que
firMA
os diretores da Even tiveram com os diretores da própria Melnick.
“Nós valorizamos muito o lado pessoal. Não é apenas fechar um
negócio e assinar um contrato. Queremos também que exista
um bom relacionamento, que seja perene e que compartilhe os
mesmos valores éticos e institucionais”, diz Alexandre.
As sinergias esperadas na associação são relevantes.
“Preservaremos ao máximo a forma de atuação da Melnick no
mercado, dado seu know-how local, ao passo que pretendemos
contribuir com nossa experiência de empresa atuante no mercado
mais competitivo do Brasil, que é São Paulo”.
Ainda em 2008, a Even e a Melnick pretendem fazer lançamentos
distribuídos nos segmentos de alta e média rendas, assim como no
acessível. “Nós estamos buscando a liderança de mercado e por isso
nos unimos à Melnick, pois eles estão entre as maiores construtoras
do Sul”, finaliza Alexandre. As duas empresas ainda querem expandir
suas operações também para Santa Catarina. •
PArceriA cOM
novo
s neg
ócio
s
62
Por Lígia Prestes
SUGeStõeS PArA PreSente Por Rita Apoema
Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos
com água. O som das gotas no chão. Um
sorriso tímido. A música por trás dos
ruídos. Um coração encostado no outro.
Um ou dois para sempres. Um avião
nas mãos de um menino. Um barquinho
de papel. Uma pipa atravessando as
nuvens. Uma sementeira de tulipas.
Um mingauzinho de aveia. Um par de
meias listradas. Dois ou três cata-ventos.
Uma palavra inventada. •
http://ritaapoena.zip.net/
63
blog
em
rev
ista
PArA d. jOãO Vi UM jArdiM
Por Vera Severo | Fotos Flávio Moura
64
mei
o am
bien
te
MA incrível viagem das plantas
Muitas das frutas comuns em nossas mesas, e que acreditamos
serem brasileiras, tiveram que percorrer uma longa viagem para
chegar ao Brasil e foram tão bem aclimatadas que é difícil, hoje
em dia, acreditar que uma banana ou uma manga não sejam
de fato verdadeiramente brasileiras. Apesar de o continente
americano ter sido o responsável pela introdução na alimentação
da humanidade de importantes vegetais, como por exemplo a
batata, o tomate, o milho e o cacau – até então desconhecidos
na Europa e no Oriente – dentre muitos outros, estes foram
trazidos para cá e aclimataram-se perfeitamente, fazendo parte de
nossa alimentação diária, a exemplo do trigo, do arroz, do café e
da cana-de-açúcar, assim como várias frutas e temperos.
Sem dúvida, os descobrimentos do século XVI foram
impulsionados principalmente pela busca das especiarias
e iguarias que valiam tanto quanto o ouro e que já eram
conhecidas na Europa há algum tempo. Supõe-se que tenham
sido introduzidas pelos árabes orientais em arriscadas e difíceis
jornadas que aportaram em primeiro lugar no Egito, onde
eram usadas na conservação de cadáveres e na preparação das
múmias. Provavelmente, esses usos promoveram outros mais
difundidos, como o emprego de ervas para conservar carnes e
outros alimentos. Era tal o valor dessas especiarias que volumes
de pimentas e outras eram armazenadas e transmitidas como
herança, da mesma forma como hoje se procede com dinheiro
e jóias. Dentre as mais famosas, pode-se mencionar a pimenta,
o gengibre, o cardamono, a canela, o cravo-da-índia e a noz
moscada. Outras razões para o grande intercâmbio de plantas
eram a necessidade de alimentos a bordo, a interrogação do que
seriam as plantas indígenas que encontrariam nos países recém
descobertos e a “saudade” dos alimentos aos quais estavam
acostumados.
Madeiras – espécies que forneciam tinta ou açúcar, remédios ou
carvão, frutas, raízes, flores, bebidas – eram tesouros para os
países que os conquistavam, uma reserva de capital que podia
garantir suas finanças. E as novas plantas introduzidas nesses
intercâmbios assumiram, com o tempo, importância tão grande
que modificaram profundamente o panorama da economia e dos
costumes de regiões inteiras.
Se por um lado os portugueses adaptaram nas novas regiões as
plantas que já conheciam e utilizavam, por outro também tiraram
proveito das que passaram a conhecer, transformando umas e
A SUMAÚMA, UMA DAS MAIORES ÁRVORES AMAZÔNICAS
O CHAFARIZ DAS MUSAS QUE VEIO DA INGLATERRA EM 1885
JARDIM JAPONÊS
O LAGO QUE É O CORAÇÃO DO JARDIM
66
mei
o am
bien
te
outras em fonte de progresso e fomento. Como o transporte de
plantas também era oneroso, a descoberta de plantas nativas que
substituíssem as “importadas” requisitadas pela alimentação dos
europeus, como o trigo por exemplo, foi imprescindível. Nessa
troca, a mandioca foi uma das escolhidas e assim foi reconhecido
seu enorme valor na cultura alimentar, capaz de substituir cereais
até no fabrico do pão.
Os primeiros Jardins Botânicos – que nas suas origens haviam
sido criados para abrigar coleções de ervas farmacêuticas e
aromáticas – na época dos descobrimentos obtiveram grande
importância, ao servirem de estágio para a aclimatação das
plantas que chegavam ao Novo Mundo e também para aquelas que
eram levadas para os países dos conquistadores.
Quando D. João VI chegou ao Brasil em 7 de março de 1808,
às margens das águas salobas de uma grande lagoa no Rio de
Janeiro (a Lagoa Rodrigo de Freitas), uma antiga fazenda já
muito descuidada abrigava pomares de frutas estrangeiras e
nativas, plantações de batatas, milho, cana-de-açúcar e café.
As matas encontravam-se bastante degradadas pelo plantio do
café e pela queima de madeira para carvoarias. Já no dia 13 de
maio, o príncipe regente assinava vários decretos, entre eles a
compra dessa fazenda para instalar a Real Fábrica de Pólvora, um
empreendimento urgente para a defesa do poder português recém
chegado. Com o tempo, o projeto inicial da fábrica de pólvora
acabou sendo suplantado pelo que veio a ser um grande jardim
de aclimatação – o mais importante da época da colonização
– que acabou por mudar a feição da região, antes alagadiça e sem
urbanização, além de atrair grande interesse de cientistas europeus.
A primeira leva de árvores, que se destinou à então fábrica de
pólvora, chegou em 1809, embarcadas no navio francês Ville de
Autum que vinha das Ilhas Maurício, no Oceano Índico. Em sua
bagagem vieram sementes e mudas de moscadeiras, canforeiras,
lichias, cajás, mangueiras, cravos-da-índia, canelas, acácias,
palmeiras sagu e areca, nogueiras, frutas-pão e outras nativas do
próprio continente americano, mas que já tinham se aclimatado
no oriente e voltavam para casa, como o abacate por exemplo. Os
europeus já conheciam as práticas dos jardins de aclimatação há
pelo menos 3 séculos e pomares de laranjas, limões e tangerinas
asiáticos já tinham sido transplantados pelo príncipe Maurício de
Nassau, no século XVII em Pernambuco.
E muitas outras espécies foram chegando, como vários tipos de
cana e chá chinês, fumo e amoreiras para criação do bicho-de-
seda. De Goa a Macau, da África, da Guiana ou do norte do Brasil
chegavam as sementes preciosas de longana, anis estrelado,
canela-da-china, bambus e gingseng, fruta-do-conde, carambola,
groselha, pimenta-do-reino, cânfora. Conviviam em harmonia
espécies estrangeiras e nativas, árvores gigantes de madeira de
lei, figueiras, paus-brasil, tecas, palmeiras da Ásia, da África e
América, tamareiras e dendezeiros, espécies raras que viajaram
pelo mundo e que aqui chegaram como presentes trazidos
pelos viajantes para D. João VI. Estudiosos e historiadores
contam que o príncipe regente fazia longos passeios pelo
jardim, acompanhando o progresso das plantas e que também lá
pernoitava, na sede da fazenda, por ser longo o caminho de volta
para o Palácio da Quinta da Boa Vista, onde morava. Nessa época,
assinou decretos que premiavam e isentavam de impostos quem
aclimatasse árvores de especiarias e outras “úteis ao progresso
agrícola do Brasil”.
Numa de suas visitas à Fábrica, D. João VI encantou-se com uma
palmeirinha e quis ele mesmo plantar uma muda de Roystonea
oleracea, originária das Antilhas e do norte da Venezuela, e que
passou a ser conhecida como a “palmeira imperial”, tornando-se
um ícone do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um jardim de
aclimação que nasceu de forma imprevista, sem planejamento
algum, nos terrenos de uma fábrica de pólvora. A intensa troca
de espécies e experiências de cultivo dessa época fizeram com
que o Jardim fosse um importante fator no desenvolvimento
agrícola do País.
Quando a “palma mater” frutificou, suas sementes foram
disputadas e tornaram-se objeto de desejo de nobres e plebeus,
um símbolo da aristocracia, haja vista os costumeiros renques de
palmeiras plantados nas fazendas dos barões de café.
A disseminação de suas sementes foi fomentada por um diretor
do jardim que, proibindo que fossem colhidas e estocadas,
motivou a formação de uma eficiente rede de contrabando
alimentada pelos escravos que recolhiam-nas de madrugada para
vendê-las mais tarde por um bom dinheiro. Depois de desistirem
do monopólio das sementes, a diretoria plantou as filhas dessa
palmeira nos 740 metros de uma avenida central do jardim, onde
atingiram em pouco tempo a altura média de 30 metros, e que
hoje figuram como o cartão postal do lugar. Um autor francês
escreveria mais tarde sobre D. João VI que “se ele pouco se dava
às idéias e às guerras, comprazia-se com as flores”.
Com o tempo, as primeiras plantações com fins agrícolas
realizadas no Jardim foram perdendo sua importância – como
a do chá, uma das plantações de maior sucesso do jardim,
importado junto a um grupo de chineses para ensinar a cultivá-
lo. Mesmo as especiarias, que um dia perfumaram o passeio do
príncipe, acabaram por ter seu número diminuído para favorecer
as espécies nativas, antiga reivindicação não só dos cientistas
visitantes mas também dos que ali trabalhavam e pesquisavam a
sua preservação e propagação.
Muitas foram as transformações sofridas nestes duzentos anos
e o jardim de especiarias de D. João VI passaria por muitas
modificações, com períodos ora de glória, ora de abandono, pois,
muitas vezes, o que o homem faz a natureza desfaz. Apesar disso,
muitos são os que lutam por sua manutenção e conservação, e a
O ANTIGO PORTAL DA REAL ACADEMIA DE BELAS ARTES - DEMOLIDA EM 1937 RECONSTRUÍDO NO JARDIN
BEBEDOURO EM FERRO FUNDIDO DE ORIGEM FRANCESA ( c. 1878)
68
mei
o am
bien
te
multidão que por lá passeia não tem noção do invisível mundo
científico que estuda e protege um dos parques mais notáveis do
mundo, o mais importante da América Meridional, com um grande
número de belos exemplares de plantas raras e esplêndidas.
Além de toda sua importância no mundo científico, e apesar de
ter nascido sem um projeto definido, no Jardim Botânico do Rio
de Janeiro a natureza exuberante teceu cenários de uma beleza
indescritível e hoje é, sem dúvida, um ícone do patrimônio
carioca. D. João VI hoje ficaria espantado se pudesse contemplar
a impressionante aléia de palmeiras imperiais em seu jardim,
todas descendentes da pequena palmeirinha por ele singelamente
plantada há quase duzentos anos. (A palmeira “mater” foi
atingida por um raio em 1992 e em seu lugar foi plantada uma
filha sua, hoje a palmeira “filia”.) Talvez não reconhecesse mais os
recantos por onde um dia passeara, mas identificaria os aromas,
se espantaria com a grandiosidade das árvores e com muitas
espécies que não chegou a conhecer, e se sentiria orgulhoso por
ter-nos deixado essa herança magnífica.
A jornalista e escritora Rosa Nepomuceno, em seu livro O Jardim
de D. João VI, que consultamos para este artigo, conta que no dia
21 de março de 1925 o Jardim recebeu a visita de um viajante
ilustre, o físico Albert Einstein, que passeava com uma comitiva,
em sete automóveis para admirar as belezas do Rio de Janeiro.
“Einstein deslumbrou-se com tudo o que viu, especialmente
com um jequitibá-rosa e quis saber que árvore era aquela. O
diretor Pacheco Leão respondeu que, além de gigante da nossa
flora, era uma das mais belas das matas brasileiras, fornecia
sombra protetora para gente e bicho, produzia madeira nobre,
vermelho-rosada, usada na construção de casas, canoas e pontes,
e sua casca continha tanino, substância com propriedades
adstringentes, úteis nas diarréias e nas anginas e que entrava no
fabrico de papel.
Mais um tanto de coisas disse o biólogo sobre o jequitibá e ainda que,
quando um deles caía na floresta, de velhice, serrado pelo homem ou
derrubado por um raio, o estrondo era tremendo, ouvido no fim do
mundo. O ilustre físico, então, abraçou o tronco e o beijou.”
Um pouco de história sobre algumas frutas e as especiarias que
vieram com os portugueses.
Cravo-da-ÍndiaSyzygium aromaticum
O craveiro, árvore nativa das Ilhas
Molucas, é usado no Oriente desde
há muitos séculos para eliminar o
mau-hálito. Na China, no século III
a.C., as pessoas mascavam o cravinho
antes de se dirigirem ao Imperador,
em sinal de respeito. Em outros locais,
como a Índia e a Pérsia, atribuíam-lhe
poderes afrodisíacos. Era a mais cara
das especiarias comercializadas, pois
sua viagem era uma das mais longas
até chegar na Europa. Existe uma certa
discordância quanto à data de introdução
no Brasil, pois aqui existiam espécies
semelhantes. No Jardim Botânico do Rio
formam um dos caminhos mais cheirosos.
Pimenta-do-reinoPiper nigrum
A pimenta deve ter sido a primeira
especiaria a ser conhecida na Europa e
foi a que assumiu maior importância,
chegando os mais ricos a fazer reserva
de bens em pimenta e que depois eram
transmitidos a seus descendentes. Era
usada na conservação de carnes, como
condimento e remédio, vendida em
farmácias e trocada por igual peso em
moedas de ouro (pesada a peso de ouro).
Com a descoberta do caminho para a
Índia, a pimenta passou a constituir
a mercadoria fundamental que os
portugueses traziam do Oriente. Nos
tempos de D. João VI, o consumo de
pimenta já era uma realidade. Introduzida
no Brasil pelos jesuítas, a cultura foi
muito bem sucedida.
CháCamellia sinensis
Introduzido no Brasil no Jardim do
príncipe regente, em 1817 já se expandia
em 6 mil pés – produção que era
comercializada pela instituição. No Rio
de Janeiro, só se tomava esse chá àquela
época e chegou-se a pensar em fazer do
País o maior exportador do mundo. Hoje,
quem detém esse título são a Índia, a
China e o Sri Lanka, e no Jardim de D.
João VI apenas um arbusto restou.
JacaArtocarpus heterophyllus
Os portugueses conheceram a jaca na
Índia, de onde supõe-se que ela seja
originária.
Aclimatou-se tão bem no Brasil que
cresceu por todos os cantos do país,
agradando várias espécies de nossa
fauna, alimentando principalmente
pássaros, macacos e sendo muito
apreciada pelo gado. Como as
mangueiras, as jaqueiras eram figuras
centrais em todos os pomares. Hoje, um
pouco deixada de lado pela abundância
de novos tipos de frutas à disposição no
comércio, ainda pode ser encontrada em
jardins de São Paulo. Na rua Prudente
Correia uma jaqueira graciosa parece
uma árvore de natal quando frutifica, e
seus ramos se cobrem de pequenas jacas
arredondadas.
CanelaCinnamonum zeylanicum
Originária do antigo Ceilão, hoje Sri
Lanka, é a mais famosa dentre as
especiarias que aqui chegaram trazidas
pelos jesuítas e espalhadas do Rio
de Janeiro ao Maranhão. Foi uma das
primeiras mudas a ser introduzida no
Jardim de D. João VI, formando até
um bosque de caneleiras, mais tarde
desaparecido. Existem várias outras
espécies de caneleiras mas esta é a mais
especial, aquela que é a “mais cheirosa,
macia, doce, amarga, quente e picante,
capaz de aquecer as amizades, segundo a
tradição indiana, de pôr os povos a lutar
pelos mares”.
TamarindoTamarindus indica
Essa fruta da Índia e da África tropical,
como a banana, já era plantada na
fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas
quando a Corte lá instalou a fábrica de
pólvora. Considerada como árvore mal
assombrada por espíritos malignos em
seus países de origem, o tamarindo
adaptou-se muito bem nas regiões do
semi-árido brasileiro, principalmente
no Nordeste. Utilizado em vários pratos
tradicionais em sua origem, o tamarindo
foi considerado como purgativo por um
médico português já em 1524. Seu valor
econômico e paisagístico justificou seu
plantio no jardim do príncipe e muitos
tamarindos ainda são encontrados nas
ruas em volta da Lagoa.
7070
mei
o am
bien
te
Referências: A aventura das Plantas e os
Descobrimentos Brasileiros de
José E. Mendes.
O Jardim de D. João VI de Rosa
Nepomuceno.
LichiaLitchi sinensis
Há poucos anos no mercado paulista,
em 1809 a lichia foi uma das primeiras
espécies a serem introduzidas no Jardim
de D. João VI, o responsável pela sua
aclimatação no Brasil. Originária do sul
da China, onde é cultivada há pelo menos
3.000 anos, é uma séria concorrente da
manga na competição pela fruta mais
saborosa do mundo. Sua importância para
a China é a mesma que a da manga na
BananaAlém de ser um alimento complementar
na dieta de muitos povos, inclusive
o nosso, a banana é uma das
frutas mais importantes do mundo,
tanto quanto à produção quanto à
comercialização. A origem da banana
no Brasil ainda é discutida pelos
cientistas e alguns acreditam que uma
espécie de banana já se encontrava
aqui à chegada dos portugueses. Mas
essa que hoje saboreamos trazida
por eles provavelmente veio da costa
mediterrânea ou da ocidental africana.
Em 1938, os compositores Braguinha
e Alberto Ribeiro fizeram uma crítica
bem humorada à empáfia americana
que denomina de “bananas republics”
os países da América Latina, com a
marchinha carnavalesca “Yes, nós temos
bananas”, o que é um fato, pois o Brasil
é o terceiro produtor de banana do
mundo, atrás da Índia e do Equador.
CitrinosSão muitas as espécies de laranjas,
tangerinas e limões que chegaram ao
Brasil com os portugueses logo depois
de seu descobrimento. Já eram plantadas
em Portugal, onde eram conhecidas
muito tempo antes dele existir como
país, introduzidas pelos árabes. Em uma
carta de Manoel da Nóbrega, de 1549,
na fundação da cidade de S. Salvador, há
referência a “cidras, laranjas e limões que
se dão em muita quantidade”.
CarambolaAverrhoa carambola
Originária provavelmente das Ilhas
Molucas ou da Ásia, a carambola foi
introduzida no Brasil em 1817, em
Pernambuco, vinda das Ilhas Maurício, e
daí espalhou-se por todo País. É também
uma árvore muito ornamental por sua
floração abundante mas nunca despertou
muito interesse da parte dos agricultores.
Hoje já aparece no comércio sofisticado e
é até utilizada em caipirinhas. Sua forma
estrelada enfeita qualquer prato.
MangaMangifera indica
Originária do Oriente, provavelmente de
uma região compreendida pela Índia e
pela Birmânia, a mangueira – uma das
frutas mais apreciadas em todo planeta
– graças aos descobridores portugueses
espalhou-se por todas as regiões
tropicais. Ocupa um lugar importante
em quase todo o mundo tropical,
principalmente na Índia, seu principal
produtor. Além de ocupar posição de
destaque em qualquer pomar brasileiro,
sua imponente figura – grande porte,
copa densa e floração abundante – fez
com que fosse também requisitada pelo
paisagismo de praças e jardins. Em Belém
do Pará, muitas ruas foram plantadas
com renques de mangueiras que hoje
formam verdadeiros túneis vegetais. No
Jardim Botânico do Rio, na Praça das
Mangueiras, alguns exemplares possuem
cerca de 180 anos!
Índia. Outra espécie muito saborosa, que
chegou junto da lichia ao Jardim, foi a
longana, em São Paulo mais encontrada
no comércio do bairro da Liberdade.
lembrar, nunca haviam perdido nenhuma batalha por toda Europa.
Às sete horas da manhã, a nau Príncipe Real (que levava a bordo
o Príncipe Regente, D. João VI; sua mãe, D. Maria – a Louca; e
os príncipes D. Pedro e D. Miguel) inflou suas velas,
deslizando rumo ao Atlântico, seguida pelas
outras três naus principais e pelo
restante da esquadra portuguesa.
No cais, além de muitos
cidadãos portugueses
assistindo a partida com
lágrimas nos olhos,
ficaram também os
60 mil exemplares da
Biblioteca Nacional
e o dinheiro retirado
dos cofres públicos
(que, segundo
alguns historiadores,
teria sido saqueado
pelos franceses logo
depois).
Após dois meses ao mar, as
naus portuguesas finalmente
atracaram em terras brasileiras.
O primeiro itinerário da nau Príncipe
Real foi Salvador (BA). Após passar pouco
mais de um mês no nordeste brasileiro, D. João VI
embarca novamente para o Rio de Janeiro, a nova sede do Reino
português.
Durante os 16 anos em que esteve no Brasil, a corte portuguesa
promoveu diversas mudanças, principalmente na cidade do
Rio de Janeiro, onde ficou instalada. Na visão portuguesa, a
colônia precisava de algumas obras urgentes, entre elas estradas,
escolas, tribunais, fábricas, bancos, moeda, comércio, imprensa,
OS feitOS de d. jOãO ViPor Denise Fernandes
O plano de mudar a capital do reino para o Brasil não era novo.
Em muitos outros períodos de crise, a transferência da corte
para a Colônia foi vista como uma proposta de solução. No
entanto, foi somente no final de 1807, quando as
tropas napoleônicas de fato entraram em
território português, deixando a Corte
entre a cruz e a espada (de um
lado, se mantivesse contato
com a Inglaterra, seria
invadida pela França; de
outro, se cedesse ao
bloqueio continental
promovido pela
França contra a
Inglaterra seria
atacada por
navios ingleses),
que o plano foi
definitivamente
colocado em prática.
Em uma manhã de
novembro, em 1807, após
uma decisão de última hora
do Príncipe Regente D. João VI,
o povo português pôde notar uma
movimentação incomum às margens do
Tejo: quatro navios acompanhados de dezenas
de outros barcos eram carregados com as bagagens da Família
Real e dos membros da gorda corte portuguesa. Pelas ruas de
Lisboa, circulava o boato de que a corte fugia devido à chegada
do exército napoleônico em território português. Embasbacados
de curiosidade e medo, os cidadãos portugueses simplesmente
assistiam o embarque daqueles que seriam os únicos que
poderiam defendê-los dos ataques daquelas tropas que, vale
72
mei
o am
bien
te
biblioteca, hospitais e comunicações mais eficientes. Assim, mal
chegara no Brasil, D. João VI já nomeou um novo ministério,
cujo principal foco deveria ser criar um novo país, merecedor do
título de capital da corte. Ainda em Salvador, o príncipe regente
havia decretado a Abertura dos Portos às Nações Amigas, o que
significava para o Brasil o fim, de fato, da condição de colônia,
uma vez que se extinguia o pacto colonial (no qual a colônia só
poderia comercializar com a Metrópole). No aspecto econômico,
outra medida importante tomada por D. João VI foi a concessão
de liberdade à Indústria e ao Comércio, antes proibidos no Brasil,
o que colaborou para a fundação de algumas indústrias em
território brasileiro.
No que se refere à educação e à cultura, as mudanças foram
ainda mais radicais: foram introduzidos no País o ensino leigo e
superior (D. João VI criou a primeira Escola Superior brasileira,
destinada ao estudo de Medicina; e outra, destinada ao estudo
de técnicas agrícolas). Ainda no âmbito cultural, foram criados
um laboratório de análises químicas, a Academia Real Militar,
a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Jardim Botânico e
o Real Teatro de São João. A Gazeta do Rio de Janeiro também
foi criada neste mesmo contexto de melhorias na cultura e
comunicação. Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino
Unido a Portugal e Algarves, o que acabou de vez com a condição
de Colônia desempenhada pelo Brasil (pelo menos do ponto de
vista burocrático).
Do ponto de vista arquitetônico, também houve algumas
importantes mudanças: quando chegou ao Brasil, D. João VI
detestou o estilo mourisco das janelas das casas cariocas que,
por serem de madeira e praticamente fechadas, lhes davam um
aspecto escuro, e mandou que fossem trocadas imediatamente
por vidraças. Assim, a chegada da Família Real no Brasil trouxe
importantes mudanças à colônia, tanto do ponto de vista
administrativo, quanto do ponto de vista artístico, cultural e
econômico, muitas delas podem ser notadas até hoje na cidade
do Rio de Janeiro e por todo o Brasil. •
EMBARQUE DE D. JOÃO VI, PRÍNCIPE REGENTE DE PORTUGAL, PARA O BRASIL, EM 27 DE NOVEMBRO DE 1807. PINTURA DE NICOLAS LOUIS ALBERT DELERIVE, 1807-1818.
Rua Antônio de Macedo Soares
Rua Conde de Porto Alegre
Rua João Álvares Soares
Even no Campo Belo
Rua Zacarias de Góis
Rua
Vol
ta R
edon
da
Rua
Gab
rielle
D´A
nnun
zio
Rua
Eds
on
Du Champ
Sophistic
Par
ticol
are
Gab
rielle
Rua
Vie
ira d
e M
orai
s
Av. Eng. Luís Carlos Berrini
Av. Vereador José Diniz
Av. J
orn.
Rob
erto
Mar
inho
Marginal Pinheiros
Cam
poB
elís
sim
o
Croqui de localização sem escala Informações: 3067-0000 - doublecampobelo.com.br
Breve lançamento
Foto do living do apartamento decorado Mezanino com previsão para futura instalação após habite-se.
Projeto arquitetônico: Königsberger Vannucchi
Apartamentos de 4 suítes - 293 m2
Varanda gourmet Lazer exclusivo com quadra de tênis
Visite decorado por Débora Aguiar Rua Conde de Porto Alegre, 869 - Campo Belo
O pé-direito é duplo. O conforto e a modernidade também. Conheça Double.
LPS Bras i l Consul tor ia de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1 .971 - Jard im Amér ica - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www. lopes.com.br - CRECI/SP nº J - 1 9 5 8 5 - S e c o v i : 9 5 5 . M e m o r i a l d e i n c o r p o r a ç ã o r e g i s t r a d o e m 2 9 / 2 / 2 0 0 8 , s o b o n º R 1 , n a m a t r í c u l a 1 9 0 . 7 6 9 d o 1 5 º C a r t ó r i o d e R e g i s t r o d e I m ó v e i s d a C a p i t a l .
10805_05 an Double 42x27.5.indd 1 3/12/08 3:04:16 PM
Rua Antônio de Macedo Soares
Rua Conde de Porto Alegre
Rua João Álvares Soares
Even no Campo Belo
Rua Zacarias de Góis
Rua
Vol
ta R
edon
da
Rua
Gab
rielle
D´A
nnun
zio
Rua
Eds
on
Du Champ
Sophistic
Par
ticol
are
Gab
rielle
Rua
Vie
ira d
e M
orai
s
Av. Eng. Luís Carlos Berrini
Av. Vereador José Diniz
Av. J
orn.
Rob
erto
Mar
inho
Marginal Pinheiros
Cam
poB
elís
sim
o
Croqui de localização sem escala Informações: 3067-0000 - doublecampobelo.com.br
Breve lançamento
Foto do living do apartamento decorado Mezanino com previsão para futura instalação após habite-se.
Projeto arquitetônico: Königsberger Vannucchi
Apartamentos de 4 suítes - 293 m2
Varanda gourmet Lazer exclusivo com quadra de tênis
Visite decorado por Débora Aguiar Rua Conde de Porto Alegre, 869 - Campo Belo
O pé-direito é duplo. O conforto e a modernidade também. Conheça Double.
LPS Bras i l Consul tor ia de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1 .971 - Jard im Amér ica - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www. lopes.com.br - CRECI/SP nº J - 1 9 5 8 5 - S e c o v i : 9 5 5 . M e m o r i a l d e i n c o r p o r a ç ã o r e g i s t r a d o e m 2 9 / 2 / 2 0 0 8 , s o b o n º R 1 , n a m a t r í c u l a 1 9 0 . 7 6 9 d o 1 5 º C a r t ó r i o d e R e g i s t r o d e I m ó v e i s d a C a p i t a l .
10805_05 an Double 42x27.5.indd 1 3/12/08 3:04:16 PM
BrASiLSABOreS dO
Por Lígia Prestes
FOTO
PAU
LO B
REN
TA
ANA LUIZA TRAJANO
seçã
o
7676
bras
ileir
os
Junte um pouco de amor pela terra, curiosidade por ingredientes
brasileiros e intimidade com as panelas. A isso, misture uma
missão: preservar a cultura de pratos tipicamente do Brasil sem
perder sua essência. Foi tudo isso que levou a jovem Ana Luiza
Trajano, com apenas 29 anos, a idealizar o projeto Sabores do
Brasil. O primeiro fruto do projeto foi o livro “Brasil a Gosto”,
com 172 páginas de poesias e imagens, resultado de uma viagem
de mais de seis meses pelos vários cantos do Brasil, visitando
47 cidades e provando mais de 300 receitas. Na companhia do
fotógrafo Alexandre Schneider, da ceramista Gisele Gandolfi e do
cinegrafista Giuliano Zanelato, Ana viajou pelo País à procura
de respostas à pergunta que não saía de sua cabeça: “Qual é
a receita do Brasil?”. E essa fascinante busca resultou em um
volume de imagens e belos poemas, indo além de um simples
livro culinário.
O segundo fruto do seu trabalho foi o restaurante, de mesmo nome
do livro, que está em uma pequena rua do Jardins. Completamente
diferente dos outros, o menu é recheado de pratos típicos – e
desconhecidos – de vários estados do Brasil, feitos a partir da mais
alta gastronomia. Outro ponto que diferencia o restaurante Brasil
a Gosto das outras casas brasileiras é a leveza das combinações
feitas por Ana. Mas não é apenas na cozinha que a jovem chef quer
perpetuar a comida brasileira. Ainda para este ano, ela prepara um
filme com imagens de sua longa viagem pelo Brasil, contando e
mostrando que a boa e saborosa culinária do Brasil vai bem além
da feijoada e do churrasco.
O que veio primeiro, o amor pelas panelas ou a idéia
de difundir a verdadeira comida brasileira?
Desde criança sempre gostei de cozinhar, mas a minha primeira
formação foi em Administração. Isso porque eu ia seguir o
caminho que minha família, proprietária de uma grande rede de
lojas, havia planejado. Fiz Administração porque há quatorze
anos, quando tive que escolher um curso universitário, a profissão
de chef de cozinha não existia. Não tinha grandes chefs. Entre
Engajada no propósito de difundir o que
há de mais rico na culinária brasileira,
Ana Luiza Trajano, a estrelada chef do
Brasil a Gosto, mostra o que uma viagem
de seis meses pelo País é capaz de oferecer.
BRASIL A GOSTO
BRASIL A GOSTO
BRASIL A GOSTO
BRASIL A GOSTO
78
bras
ileir
os
as aulas da USP, comecei a fazer alguns dos poucos cursos que
começaram a aparecer, e amava tudo aquilo. Levava meus amigos
da faculdade em casa e me deliciava em cozinhar para eles. Assim
que me formei, parti para a Itália, onde freqüentei o Italian
Culinary Institute for Foreign Professionals, em Piemonte e o
Istituto per la Promozione della Cultura Alimentare, em Milão.
Quando voltei tinha uma missão muito forte de divulgar nossas
comidas. Eu sou neta de cearense, de mineiros e sou do interior,
então percebi que eu tinha um leque muito grande para trabalhar.
Porque eu vejo a gastronomia não só como uma receita e um
prato, foi a forma que eu encontrei para contar a história do
nosso País. Há muito o que se falar sobre um prato. Então eu
fiz esse trabalho de pesquisa porque eu precisava conhecer mais
dessa história que eu queria contar. E para aprender, precisava
conhecer hábitos, consumos e ingredientes. Mas antes de
começar a minha viagem, fiz algumas peregrinações por outras
cozinhas, como a do nobre restaurante Beccofino, em Florença.
Aqui no Brasil, aprendi muito com Sérgio Arno. Sempre soube que
eu queria divulgar o Brasil, mas antes da viagem, ainda não sabia
direito como seria a maneira.
Para conseguir viajar, eu fiz o projeto do livro juntando uma
equipe e buscando patrocinadores. Foi uma viagem que custou
150 mil reais e eu, no começo da minha carreira, não tinha
todo esse dinheiro. Consegui cadastrar o projeto na lei Rouanet
para obter recursos para viajar. O primeiro produto foi o livro,
logo depois o restaurante, que também gerou os insumos de
pesquisas para construção do cardápio. E agora, até o fim do ano,
estou lançando um filme sobre a cozinha brasileira, que terá 52
minutos.
Após conseguir levantar a verba para a viagem, como
foi a escolha do roteiro?
No meu roteiro, eu tracei algumas coisas macro e fiz um estudo
prévio do que eu queria ver. Só que tudo que recebi de material
era muito pouco e além disso tive que filtrar muita coisa. Então o
meu filtro se realizava nos mercados. Eu chegava lá, fazia amizade
com as pessoas e ia descobrindo outros lugares que valia a pena
a visita. A viagem inteira foi assim. Conheci o pessoal do Passo
a Passo, que fez o Brasil inteiro a pé, e que me davam auxílio
para achar os lugares. E minhas viagens de pesquisa continuam.
Ano passado fui para o Maranhão e Rio Grande do Sul e esse ano
pretendo ir para o Rio Grande do Norte.
BRASIL A GOSTO
Como você conseguiu juntar o restaurante ao centro
cultural?
Tudo aqui no restaurante tem um porquê. As pessoas comem
muito juntas, então é possível contar história quando você põe
um prato na mesa. Mas isso não era suficiente, o que eu queria
é que as pessoas viessem aqui no restaurante e tivessem uma
experiência de Brasil. Então por isso que havia a necessidade
de ter um projeto que fosse mais a fundo, que contasse mais
coisas. Todas as pessoas do atendimento do restaurante
contam as histórias dos pratos, dos ingredientes, da viagem e
com a programação cultural, consigo trazer artistas populares
para dar mais detalhes do Brasil. Nada melhor que as pessoas
que bebem da fonte para contar essas histórias para nós. Daí
eu faço um cardápio especial e uma sessão de fotos, então
cada vez mais o cliente que vem ao restaurante pode absorver
mais e mais sobre o Brasil.
Você vende artesanato no restaurante?
Sim, mas ao contrário do que as pessoas pensam, não são de
projetos sociais. O que temos aqui é artesanato e não projetos
sociais, que nem sempre mostram artesanato da terra. Faço
temporadas temáticas e todo o cenário do restaurante muda de
acordo com esse tema. E o artesanato faz parte deste resgate,
pois o artesão que produz essas peças faz disso sua vida e tem
a preocupação de perpetuar uma cultura. Os produtos brasileiros
que vendo aqui é com a intenção de manter a arte brasileira.
Se neste artesanato se consegue unir trabalhos sociais, melhor
ainda. Mas o meu trabalho é manter uma cultura. Por isso é claro
que me preocupo com a origem desses objetos artesanais. Não
vendo nada que seja feito à base de escravismo ou qualquer outra
forma ilícita de trabalho.
Por que você levou uma ceramista na viagem?
Justamente para desenvolver peças que tivessem a ver com o
menu e recriassem todo o clima que estava estudando. A cada
festival que acontece aqui, ela cria novos utensílios que têm a
ver com o tema em questão.
Há muitas frutas, e acredito que até diversos
alimentos, que não são típicas do Brasil, mas que já
foram incorporadas ao nosso cardápio, não é?
Os portugueses, africanos e indígenas foram os formadores
da alimentação brasileira. Então esses povos vieram para cá e
80
bras
ileir
os
modificaram sua gastronomia. Por exemplo, a base da doçaria
mineira é a mesma da portuguesa. Só que ela tem uma diferença
que já transmite a idéia de doces nacionais. Então essas frutas
foram incorporadas para a base da nossa alimentação. O Brasil é
na verdade vários países em um só, então não dá para falar de
uma gastronomia brasileira, você pode falar de uma raiz – que
é única – com interferência da comida portuguesa, indígena,
africana – como a baiana –, cada uma com peculiaridades.
Então não é possível fazer um prato brasileiro, apenas
um prato regional?
O que eu faço no restaurante é pegar ingredientes do Brasil
inteiro, então faço pratos que representem o país. Mas o prato
sempre terá uma identidade que se refere a alguma região ou
estado.
Dos lugares que visitou, qual achou mais rico?
É difícil dizer, porque cada um tem uma riqueza muito peculiar.
Mas a região Norte foi a mais desconhecida para mim. Me
apaixonei pelas ervas e frutas que lá encontrei. Também
desmistifiquei a idéia de que o peixe de água doce não era bom.
E onde você consegue esses ingredientes tão
regionais?
Como hoje São Paulo é a casa de todos os brasileiros, há boas
Casas do Norte, onde encontro diversos produtos. Ou alguns dos
amigos que fiz na viagem me mandam os ingredientes.
O brasileiro dá valor para a cozinha brasileira ou
ainda prefere os importados?
Quando se fala de grandes centros, as pessoas não dão valor para
a culinária do Brasil. Aqui em São Paulo há poucos restaurantes
de comida regional. Mas na verdade é uma mania que as
pessoas têm de não valorizar nada daqui, seja na educação, na
vestimenta, arte, ou no que for. Hoje o Brasil está na moda,
então a nossa gastronomia também está na moda. Já no interior
é o contrário, se valoriza muito a comida regional, pois ela
está sempre nas mesas. Além disso, as pessoas se importam em
guardar suas próprias culinárias. Hoje, essa “cozinha das casas”
está começando a ter uma maior valorização, aparecendo nas
universidades de gastronomia e nos restaurantes de grandes chefs.
Qual a visão de alimentação que você tinha antes de
viajar e a que tem agora?
Eu sempre tive para mim que a alimentação não é apenas aquilo
que você engole e sim o que alimenta a alma, aquilo que você
cheira, aquilo que se vê. O que ficou muito claro para mim depois
da viagem é que a comida brasileira vai além das panelas. Quando
eu quero conhecer a alimentação de um povo, eu tenho que
aprender muito mais do que como usar os ingredientes, tenho
que entender aquela cultura, aqueles hábitos. Esse é o principal
conhecimento que se deve ter para cozinhar bem. •
Serviço:Brasil a Gosto
Rua Prof. Azevedo do Amaral, 70 – Jardins – SP Tel.: (11) 3086-3565
www.brasilagosto.com.br | www.saberesdobrasil.com.br
82
bras
ileir
os
QUASe UM MUSeUPetróPOLiS,
iMPeriALUm dos acervos mais completos e bem conservados sobre o Brasil Imperial, a
cidade e o museu de Petrópolis também fazem parte da comemoração dos 200
anos da chegada da corte portuguesa em terras brasileiras.
Por Lígia Prestes Fotos Cris Hammes
84
noss
a hi
stór
ia
PALÁCIO DE CRISTAL
QQuem anda pelas ruas arborizadas de Petrópolis logo sente a
importância histórica da cidade. Todos os 300 mil habitantes
sabem e têm enraizados em suas consciências as influências
do modo de vida da Corte Imperial do Brasil. Além de casas
tombadas, há diversos imóveis remanescentes do reinado de D.
Pedro I e II. Um desses lugares é o Palácio de Cristal, inaugurado
em 1884 e construído na França em estrutura pré-moldada de
ferro fundido, então coberta por cristal. O Conde d’Eu – marido da
Princesa Isabel – teve essa iniciativa graças ao seu envolvimento
com horticultura. Segundo historiadores, foi lá que a lei áurea foi
assinada. Hoje vidros substituem os cristais, exatamente como
antigamente, e o lugar é palco de diversos eventos artísticos e
culturais. A casa da Princesa Isabel também é um dos imóveis
que se pode contemplar. Apesar de estar fechada para visitas
– só é permitido passear nos jardins – a casa também tem sua
importância. Da casa da princesa pode ser avistada a Igreja São
Pedro de Alcântara, com seu estilo neogótico francês. O grande
destaque está na Capela Imperial, onde estão os restos mortais
de D. Pedro II, dona Teresa Cristina, Conde d’Eu e Princesa Isabel.
No entanto, a grande vedete da cidade é o Museu Imperial.
Construído entre 1845 e 1862 pelo Major Júlio Frederico Koeler, o
palácio foi construído para ser a casa de veraneio de D. Pedro II.
Originalmente, Petrópolis era a Fazenda do Córrego Seco que D.
Pedro I adquiriu em 1830, pretendendo nela construir um palácio.
Como a idéia não foi concretizada pelo primeiro imperador, seu
filho recebeu-a como herança e construiu o sonho do pai.
Um acervo brilhanteAs coleções históricas preservadas no museu fazem parte do
próprio processo de sua criação, por decreto governamental,
que mandou recolher ao Palácio de Petrópolis todos os objetos
significativos e representativos do período. Inúmeras peças foram
trazidas ao Museu Imperial transferidas de outros órgãos públicos
e museus – como o o Museu Histórico Nacional, a Biblioteca
Nacional, o Palácio do Itamaraty. Outras foram adquiridas
especialmente das mãos de colecionadores privados, ou em leilões,
e muitas foram doadas pelos beneméritos que se sucederam ao
longo de mais de meio século da vida da instituição, que foi
inaugurada em março de 1943 por Getúlio Vargas.
O acervo tem quase oito mil peças entre artesanatos, alfaias,
instrumentos musicais, esculturas, pinturas, prataria, porcelanas,
móveis, gravuras, viaturas, acessórios, mobiliários, entre outros.
Na sala de jantar, há mobílias de mogno carimbadas pelo
marceneiro e tapeceiro F. Lèger Jeansèlme Père Cie, fornecedor
PALÁCIO DE CRISTAL
86
noss
a hi
stór
ia
MUSEU IMPERIAL
CASA DA PRINCESA ISABEL
da Casa Imperial. Na Sala de Música, aconteciam os saraus e
recitais promovidos pelo Imperador, nos quais se reunia a corte,
os diplomatas e artistas nacionais e estrangeiros.
Entre os instrumentos musicais apresentados destacam-se uma
harpa dourada, de fabricação Pleyel Wolff, um “saltério” (um
tipo de cítara) do século XVIII, fabricado no Rio de Janeiro, e
uma “espineta”, instrumento de cordas da família do cravo, em
madeira dourada e policromada, fabricada em Lisboa em 1788.
Há também exposta a Coroa Imperial de D. Pedro II, uma das
peças mais valiosas das coleções nacionais. Para a confecção
não só da coroa mas do anel da sagração de D. Pedro II, foram
desmanchadas várias jóias de família. Depois de proclamada a
República, a Coroa Imperial foi guardada no Tesouro Nacional
onde permaneceu até 1943, quando foi transferida ao recém-
criado Museu Imperial, de onde, desde então, nunca saiu e ocupa
um lugar especial.
A Sala de Estado, como era chamada na época, era a sala mais
importante do Palácio. Nela o Imperador recebia os visitantes
ilustres e diplomatas em recepções formais. O trono, os espelhos
e os consoles vieram da antiga “Sala do Trono” do Paço de
São Cristóvão. O Palácio Imperial de Petrópolis, por ser uma
residência de veraneio e descanso, não possuía Sala do Trono.
Era no seu gabinete de trabalho que D. Pedro II encontrava
seu refúgio. Gostava tanto do lugar que, próximo à janela, é
possível observar um óculo de alcance que ele usava para ver o
céu. Também se vê nesse cômodo, em cima da mesa, o primeiro
telefone que trouxe para o Brasil após conhecer Graham Bell nos
Estados Unidos. Os quartos das princesas, ambos no fundo do
casarão, porém em lados opostos, têm uma decoração delicada. O
quarto da princesa Leopoldina possui mobiliário do século XVIII
estilo D. José I e algumas peças típicas do rococó português, em
jacarandá, feitas no Brasil.
Há também no museu um cofre de porcelana, biscuit e bronze
dourado – uma peça rara da manufatura de Sèvres – que
pertenceu ao príncipe François d’Orleans, cunhado de D. Pedro II.
O cofre tem cenas da vida do príncipe, que foi oficial da Marinha
Francesa, em placas de porcelana. Colares e brincos de esmeraldas
e rubis, que pertenceram a D. Leopoldina, e colar da Marquesa de
Santos, formado por ametistas e ouro, também podem ser vistos
por lá. Outras peças especiais como o traje e o cedro que D. Pedro
II usava na abertura da Assembléia Geral, a pena que a Princesa
Isabel usou para assinar a Lei Áurea e diversas carruagens fazem
parte do rico e conservadíssimo acervo do Museu Imperial.
88
noss
a hi
stór
ia
O acervo do Arquivo Histórico do museu é formado por
aproximadamente 100 mil documentos textuais. Destaca-se o
Arquivo da Casa Imperial do Brasil, doado ao Museu Imperial
pelo príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança, importante
fonte de estudo do período monárquico no Brasil. Trata-se de
documentos pertencentes à Família Real e Imperial. Os demais
arquivos – pertencentes a personagens ilustres que participaram
ativa e intimamente daquele regime – complementam o primeiro,
fornecendo, além de subsídios de caráter biográfico de seus
donos, valiosas informações para o estudo de aspectos da vida
política e administrativa do País. O Arquivo Histórico é ainda
detentor de uma rica fototeca que conta com aproximadamente
13 mil fotografias, entre originais e reproduções, tendo por
temas personalidades, fatos históricos, geográficos e sociais,
relacionados ao Período Monárquico e à formação do Estado do
Rio de Janeiro e, em especial, à cidade de Petrópolis e à Família
Imperial. Complementam o acervo iconográfico aproximadamente
duas mil gravuras de autores renomados e mais de 500 mapas e
plantas datados a partir do século XVI.
Especializada em História, a Biblioteca do Museu Imperial abriga
livros que relatam principalmente a fase do Brasil no Período
Imperial, história de Petrópolis e artes em geral.
Seu acervo, constituído basicamente por doações, conta hoje
com aproximadamente 40 mil volumes em suas diversas formas –
livros, jornais, revistas, folhetos, artigos de periódicos, etc.
200 anos e muitas comemorações comsonhos e travessiasApesar de não ter uma ligação direta com D. João VI – a não ser
claro por algumas telas do Rei português e por sua descendência
– o Museu Imperial inaugurou, no final de fevereiro, duas
exposições que comemoram o bicentenário da chegada da Família
Real no porto do Rio de Janeiro. Travessias – relatos trágico-
marítimos da passagem do Atlântico pela corte portuguesa
e outros navegantes – e Sonhos – os projetos e feitos de um
príncipe clemente e inteligente, que queria ficar no Brasil para
sempre – são as duas exposições que ficam até final de julho.
Fazem parte do projeto O Império de João, conjunto de eventos
que o museu fará ao longo de 2008 em homenagem aos 200 anos
da chegada de D. João VI e da corte portuguesa ao Brasil. Na
inauguração dessas exposições, o Coral Municipal de Petrópolis,
especialmente para a ocasião, incluiu em seu repertório peças do
Padre José Maurício, um dos principais compositores da época.
AMBIENTES E PEÇAS DA FAMÍLIA IMPERIAL CONSEVADOS NO MUSEU IMPERIAL.
O evento O Império de João prevê ainda, entre outras iniciativas
além das exposições, o lançamento de um DVD com toda a
documentação e iconografia referente a D. João VI e do projeto
Cadernos de Marcos, com a compilação da obra completa de
Marcos Portugal, professor de música de D. Pedro I e pioneiro da
música de concerto no Brasil.
Para a exposição Travessias, além de uma imensa reprodução da
tela de Nicolas Louis Albert Delerive logo na entrada do pavilhão,
sobre o embarque de D. João VI para o Brasil, o cenógrafo
Pedro Girão, um dos talentos que faz o carnaval da Imperatriz
Leopoldinense, criou um navio cenográfico onde o público pode
experimentar duas viagens. A primeira é a travessia do Atlântico
feita por D. João VI, então príncipe regente de Portugal; sua
mãe, a rainha dona Maria, a Louca; sua mulher, Carlota Joaquina;
seus filhos e a nata da nobreza e do clero português. A outra é a
realizada por um navio negreiro. “Esta exposição além de contar
detalhes da travessia, também mostra a formação do povo, a
miscigenação e a cultura híbrida que temos hoje no Brasil, e
que contou com a contribuição específica de um contingente
fortíssimo de escravos e africanos que para cá vieram. Por
isso os dois lados – a corte e os escravos – estão lado a lado
no mesmo barco aqui na exposição”, explica Maurício Vicente
Ferreira Júnior, chefe do setor de museologia do Museu Imperial.
Responsável pela curadoria das duas exposições e diretora da
instituição, Maria de Lourdes Parreiras Horta resolveu mesclar as
duas viagens para lembrar que, no momento em que D. João VI
atravessava o Atlântico para fugir de Napoleão e dar sobrevida
à sua coroa, o Rio de Janeiro já tinha se transformado no maior
porto escravagista das Américas.
Travessias foi baseada em dois documentos raros que fazem parte
do acervo do Museu: um relato biográfico até hoje inédito do
Visconde do Rio Seco, nobre português que organizou a viagem
de D. João VI; e outro do reverendo Pascoe Granfell Hill, chamado
Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro, que dispõe sobre a
missão da marinha britânica, que ele acompanhou em meados do
século XIX para a captura de um navio que transportava escravos
para o Brasil.
O navio cenográfico está instalado no Pavilhão das Viaturas,
edifício localizado nos jardins do Museu, e que foi dividido em dois.
Uma parte tem peças que lembram a viagem dos portugueses
– retratos da nobreza, baú de correspondências do Príncipe
Regente, objetos de uso cotidiano e documentos raros como
A luz da liberal arte da cavalaria, livro do final do século XVIII
90
noss
a hi
stór
ia
PEÇAS DA EXPOSIÇÃO “SONHOS” E DO ACERVO LEGADO PELA FAMÍLIA IMPERIAL.
dedicado a D. João VI, com gravuras de Gaspar Fróes, que dá
ensinamentos de cavalaria artística. Há também os códices
secretos de Carlota Joaquina, compilação em quatro volumes
de cartas da princesa para parentes e amigos, na qual podem
ser lidas suas tramas contra D. João VI e as críticas ferozes
que dirigia a Napoleão. Do outro lado, peças que lembram
a travessia dos escravos, as condições precárias como eram
tratados e a herança cultural que a chegada deles trouxeram para
o Brasil: roupas, instrumentos de orixás, batas e alguns objetos
usado para castigos. Outro grande destaque são os retratos de
negros feitos no século XVI por fotógrafos como Marc Ferrez,
que receberam molduras sofisticadas, semelhantes àquelas dos
retratos da nobreza portuguesa.
“Sonhos conta quem foi D. João VI e o que sua chegada propiciou
e, mais tarde, o que suas ações propiciaram ao País. Essa
exposição tenta discutir um pouco sobre o homem D. João VI
com as dificuldades e contingências sofridas, mas também os
feitos e aquilo que ele produziu. E não só sonhos, mas também
pesadelos e aspirações, em uma linguagem metafórica mesmo”,
explica Maurício. Instalada dentro de uma das salas do Museu,
a mostra tem uma tenda cenográfica que ocupa o ambiente,
lembrando a tenda do “beija-mão”, montada no porto no
momento do desembarque de D. João VI, para que a Família Real
fosse saudada pela elite do Rio. A exposição mostra, além dos
feitos do monarca, imagens que se referem ao Jardim Botânico,
à Biblioteca Nacional, à Casa da Moeda, à Imprensa Oficial e
à Academia Real de Belas Artes, entre outras realizações. Além
disso, algumas peças pessoais de D. João VI estão expostas.
A principal delas é uma camisola de cambraia usada por ele.
Segundo a diretora Maria de Lourdes, a inscrição na peça “Deus fez
imperador do Ocidente ao Príncipe Regente para sempre” confirma
a idéia de que a Família Real já tinha planos de vir para o Brasil.
Também faz parte da mostra uma réplica da coroa de D. João VI.
A Exposição Sonhos mostra o homem que foi
D. João VI, as dificuldades e contingências
que passou e os feitos que realizou.
ACIMA A COROA DE D. JOÃO, NO MEIO A CAIXA DE CORRESPONDÊNCIA REALE ABAIXO A CAMISOLA DO MONARCA PORTUGUÊS
Serviço:Museu Imperial
Rua da Imperatriz, 220 – Centro – Petrópolis – RJ | Tel.: (24) 2237-8000
De terça a domingo, das 11h às 18h. (Bilheteria fecha às 17h30)
92
noss
a hi
stór
ia
Sustentabilidade:
CAC: 0800 704 87 83 www.otis . com
O elevador ecologicamente correto.
O Gen2 protege o meio ambiente, ao mesmo tem-po em que reduz os custos operacionais e au-menta a confiabilidade do sistema
A máquina selada e as cintas planas de aço reves-tidas de poliuretano não requerem lubrificação, economizando - em média - 5 litros de óleo por elevador ao ano
Redução de até 40% do consumo de ener-gia, graças à máquina sem engrenagem e ao seu controle com acionamento VVVF (tensão e fre-quência variáveis)
Menor vibração transmitida ao edifício, resultando em um ambiente mais silencioso
Por não haver a casa de máquinas, economiza grande es-paço no topo dos edifícios, podendo este espaço ser direcionado para construção de uma área de lazer ou de mais um andar de apartamentos ou escritórios
Todos os esforços do elevador são transmitidos ao fundo do poço, ocasionando menores custos estruturais de construção
Elevador Gen2 da Otis, presente no Cristo Redentor - uma das sete maravilhas do mundo. Projeto aprovado pelo Ibama.
O elevador sem casa de máquinas Gen2 é uma inovação de-
senvolvida e patenteada pela Otis que transformou a indústria
de elevadores, substituindo o tradicional cabo de aço de tração
por uma flexível cinta plana de aço revestida de poliuretano.
Cinta flexívelde poliuretano
Proteção ambiental:
Outros benefícios:
Maior segurança, confiabilidade e durabilidade:
A cinta de aço revestida de poliuretano é até 20% mais leve, dura até 3 vezes mais e possui mais fios de aço que um cabo de tração convencionalA máquina compacta sem engrenagem pode ser até 70% menor em tamanho e 50% mais eficiente, manten-do-se o mesmo coeficiente de segurança que máqui-nas convencionais com engrenagem
OTI-0308-0012-anuncioCristoRevEvenmag.indd 1 3/25/08 8:46:10 AM
A Evenmag visita três apartamentos do Condomínio Horizons – um projeto do
arquiteto Jonas Birger construído pela Even – e conta como três casais e
suas famílias escolheram viver. Com uma planta que valoriza a área social, a
decoração de três apartamentos do Condomínio Horizons apresenta idéias
inovadoras de acordo com a visão de cada proprietário.
Apartamento de Alessandra e HenryJá no hall de entrada do apartamento do casal Alessandra e Henry
com a filhinha Isabella, a sensação é de muito capricho. A parede
lateral forrada por um espelho reflete arranjos de orquídeas
em vidros transparentes que estão sutilmente iluminados, bem
como a tela de Ilca Braggion. Nota-se que o vão da entrada foi
ampliado para receber uma alinhada porta pivotante.
A primeira impressão que se tem, ao entrar, é a de um ambiente
muito claro e aconchegante. Alessandra é arquiteta e, junto da
sua sócia Eliana, projetou todo o mobiliário. As duas escolheram
tons claros e neutros para combinar com o uso de fibras naturais,
o que garantiu a total integração nos três ambientes que criaram
para o espaço do living, cujo piso é revestido em perobinha e
arrematado por um rodapé de MDF em laca branca.
idÉiAS de decOrAçãOtrÊSAPArtAMentOS iGUAiS
Por Maria Christina KeatingFotos Paulo Brenta
jeito
eve
n de
mor
ar
94
Henry, exímio cozinheiro, adora preparar pratos especiais e receber os amigos em volta da mesa em aço projetada pela dupla de arquitetas e
executada pela empresa do pai de Alessandra. As cadeiras antigas foram revestidas com tecido floral e, para marcar esse recanto, um painel
de palhinha natural foi aplicado na parede de fundo. Sobre ele, mais duas telas de Ilca Braggion, artista plástica mãe de Alessandra.
Para fugir da decoração tradicional e não pendurar uma tela sobre o sofá, as arquitetas criaram um painel de laca branca com iluminação
embutida para apoiar flores preservadas, produzindo assim um cenário romântico. O sofá de chenile está ladeado por duas poltronas de ratan,
reforçando o conceito do uso de fibras naturais.
Nas janelas e nas portas, que dão para a grande parte central do
condomínio, foram utilizadas persianas rolô em tecido rústico,
arrematadas nas laterais por cortinas transparentes com desenho
floral e que proporcionam uma luz suave ao living durante o dia.
Para a noite, o projeto de luminotécnica valoriza telas e objetos
através de iluminação ora pontual ora difusa, obtida por circuitos
elétricos independentes.
O lavabo, que faz parte do living, recebeu forração em tecido de
linho floral e um espelho antigo, do acervo da moradora. O piso e
a bancada em mármore branco são opções oferecidas pela Even.
Consultores e Fornecedores
Projeto: AE Arquitetura-Alessandra Braggion e Eliana Toledo.
Marcenaria: AE Arquitetura.
Tapetes: Avanti.
Cortinas: De Angelis.
Mesa de jantar e acessórios inox: Sergio Braggion.
Tecido cortina e forração do lavabo: Kauany.
Iluminação: Ligth Center.
Objetos de decoração: Cecília Dale, Home Marche.
Telas: Ilca Braggion.
Nada convencional, uma peça com formato em “L”, confeccionada
em laca branca, abraça dois espaços, servindo de aparador para
sala de jantar e de console para a de estar, além de ab rigar a
adega climatizada. Espelhos, com arremates de perobinha do
campo, foram colocados revestindo a parede na parte superior
desse móvel, dando sensação de amplitude.
Para curtir filmes em família ou com os amigos, elas projetaram
um móvel com prateleiras, também em laca branca e perobinha
do campo, para receber o home theater e objetos de decoração.
Para o conforto da platéia, dois sofás ladeiam a mesa de centro
retangular. Completam esse ambiente banquinhos de ratan, um
baú antigo e um vaso com bambu mossô também preservado.
jeito
eve
n de
mor
ar
96
Apartamento de Edson e CristinaEdson e Cristina, dentistas de profissão, queriam um lugar
acolhedor e tranqüilo onde pudessem receber amigos para jantar
ou para um bate-papo informal.
Há um ano e quatro meses no Condomínio Horizons, o casal, que
já morou na Zona Norte, está muito feliz com a nova moradia
e o bairro. Eles mesmos foram atrás de revistas, exposições de
decoração e lojas de móveis para ter referências na hora de
escolher a decoração de seu apartamento. Escolheram otimizar os
espaços sem perder a sensação do conforto e buscar um ambiente
sóbrio com toque de refinamento nos detalhes, mas onde não se
perdesse a identidade da família. E esse objetivo foi conseguido
com sucesso.
Para o hall de entrada, a idéia do casal foi a de causar uma
sensação intimista e por isso escolheram um tom escuro de bordô
para as paredes, que também receberam espelhos e uma prateleira
de vidro de apoio para objetos de decoração.
madeira escurecida, tem como pano de fundo um painel forrado
com papel de parede e arrematado por duas colunas de gesso.
Entre essas colunas, duas prateleiras de vidro apresentam a
coleção de xícaras antigas de Edson – herança de família – e
outras garimpadas em viagens. Na mesma altura da mesa, outra
prateleira, agora em madeira, também serve de aparador. A
parede lateral revestida com espelho ajuda a ampliar a sensação
de profundidade do ambiente.
Para a iluminação o casal pediu auxílio profissional, que resultou
em spots embutidos no forro rebaixado. Essas luminárias criam
focos de luz e mantêm um clima acolhedor durante a noite.
O móvel em estilo clássico, que já pertencia ao casal, serve para
guardar louça e talheres e, junto do quadro do artista acadêmico
Vincenzo Cencin, conferem sobriedade à parede principal do living.
Para o lavabo, Edson e Cristina optaram por revestir a parede
frontal com pastilhas de vidro em tons de azul e branco e
arrematá-la com rodameio de mármore branco espanhol, o mesmo
usado na bancada e no piso.
FornecedoresMesa de jantar, cadeiras e poltronas: Villa Marinho. | Home Theater, movele aparador: marceneiro. | Tapetes: Leroy Merlin. | Iluminação: Lustres Yamamura.
Sofá: La Barca. | Pastilhas de vidro: Vidrotil.
Em contraste, a porta de entrada foi pintada em laca branca e
demarcada por três painéis horizontais. Da mesma forma, aqui no
hall já se pode sentir o conceito inspirador para todo o trabalho
de interiores.
Os dois interessados proprietários escolheram um piso uniforme
para todo o living, um porcelanato bege de origem espanhola,
ampliando a sensação de espaço e integrando os três usos: jantar,
estar e home theater.
Com um desenho de Edson, um marceneiro executou um móvel
baixo em madeira embuia escura que define o espaço onde a TV de
plasma é o centro das atenções. Esse recanto é também um lugar
especial para os dois filhos adolescentes curtirem filmes e jogos,
confortavelmente instalados em um amplo sofá em chenile bege.
Na sala de estar, um sofá em veludo marrom, acompanhado por
cortinas do mesmo tom, acentua a sobriedade do ambiente e está
harmonizado por uma tela de cores fortes e contrastantes, de autoria
da artista plástica Cristina Ipólito, conhecida de longa data do casal.
No espaço do jantar, a mesa quadrada para oito pessoas, em jeito
eve
n de
mor
ar
98
Apartamento de Patrícia e SandroPatrícia e Sandro já haviam utilizado os serviços da AE
Arquitetura em seu apartamento anterior e também na
decoração de sua empresa, uma agência de marketing
e eventos. Para o seu novo apartamento, desejavam a
integração total do espaço social e que fosse usado um
material inusitado.
jeito
eve
n de
mor
ar
100
O uso da pedra mineira em paginação canjiquinha – que reveste
o hall de entrada e a parede principal do living – foi o material
escolhido e é o toque de rusticidade que contrasta com o
acetinado do piso de taco de madeira amêndola e das paredes
pintadas em branco off white, utilizado para a integração dos
espaços. Os rodapés de MDF em laca branca têm 20 cm de altura
e são complementados pelo rodateto na mesma medida, um
truque que dá a impressão do pé direito ser mais alto. A idéia
da porta pivotante também se fez presente no hall de entrada,
onde a pedra mineira antecipa a idéia eleita para a decoração do
apartamento. A parede lateral, forrada por espelho, é uma opção
bem sucedida repetida aqui.
Para formar o recanto da sala de jantar, painéis em tecido floral
teflonado, divididos em três módulos, acompanham a mesma
modulação do espelho bisotê da parede ao lado e que reflete todo
o ambiente. Os móveis da sala de jantar já eram do apartamento
anterior do casal: uma mesa retangular com tampo de vidro e
cadeiras, agora repaginadas com capa de linho. O toque clássico e
moderno foi obtido pelo lustre de design italiano em cristal.
jeito
eve
n de
mor
ar
102
Na sala de estar, um sofá em chenile – que veio do antigo
apartamento – está ladeado por duas mesinhas revestidas de
espelho, material também usado no painel da sala de jantar e sobre
o aparador fixado na parede de pedra. Acima do sofá, destaca-se
uma simpática tela de Ilca Braggion, peça preferida de Patrícia.
Executado em laca branca, o móvel que ampara a TV de plasma
de 42’’ também abriga uma lareira elétrica. Nas laterais inferiores,
portas retráteis escondem equipamentos de som e vídeo. Dois
confortáveis sofás ladeiam a mesa de centro.
O forro de todo living foi rebaixado para conter iluminação com
spots embutidos com lâmpadas AR70 e dicróicas, com circuitos
elétricos independentes, que garantem efeitos de luz.
No lavabo, o papel de parede floral cor de água é refletido nas
paredes de vidro do piso. A bancada em laca com auto brilho e
branca sustenta uma cuba inox e o espelho colocado sobre um
painel também em laca finaliza o conjunto.
Consultores e FornecedoresProjeto: AE Arquitetura - Alessandra Braggion e Eliana Toledo. | Marcenaria: AE
Arquitetura. | Tapetes: Fio sobre Tela. | Cortinas: De Angelis. | Persianas rolo: Caran Uniflex.
Varões e tecidos para cortina: Kauany. | Iluminação: Light Center. | Sofá, mesa de jantar,
mesa de centro, poltronas: Breton. | Objetos de decoração: Cecília Dale, Home Marche.
Telas: Ilca Braggion. | Acessoorios inox: Sergio Braggion.
�0
�5
�2�5
�7�5
�9�5
�1�0�0
�A�n� � �n�c�i�o� �P�a�g� �D�u�p�l�a
�s�e�x�t�a�-�f�e�i�r�a�,� �2�7� �d�e� �j�u�l�h�o� �d�e� �2�0�0�7� �1�7�:�0�8�:�1�7
�0
�5
�2�5
�7�5
�9�5
�1�0�0
�A�n� � �n�c�i�o� �P�a�g� �D�u�p�l�a
�s�e�x�t�a�-�f�e�i�r�a�,� �2�7� �d�e� �j�u�l�h�o� �d�e� �2�0�0�7� �1�7�:�0�8�:�1�7
Empreendimentos em São Paulo
AcOMPAnhe O AndAMentO dO SeU eMPreendiMentO - ABriL 2008AcOMPAnhe O AndAMentO dO SeU eMPreendiMentO - ABriL 2008Empreendimentos em São Paulo
Participação: Concord
Participação: Ecoesfera
BOULEVARD S. FRANCISCO • Rua Dr. Cândido Mota Filho, 81 • Vila São Francisco
BREEZE • Rua Jorge Americano x Pres. Antônio Cândido • Alto da Lapa
ACQUA AZULI • Rua Santa Virginia, 247 • Tatuapé
ECOLIFE • Rua Valson Lopes, 70 • Cidade Universitária
obra
em
foco
106
Para mais informações, acesse www.even.com.br
Participação: Tishman Speyer
Participação: JCR Construção Civil Ltda. CAMPO BELÍSSIMO • Rua Volta Redonda, 270 • Campo Belo
CONCETTO • Rua Dr. Homem de Melo, 1180 • Perdizes
DUO • Rua Prof. Frederico Herman Junior x Nicolau Gagliard • Alto de Pinheiros
CLUB PARK SANTANA • Rua Ataliba Leonel, 1716 • Santana
108
IN CITTÀ • Alameda dos Guaiós x Av. Indianópolis • Moema
INSPIRATTO • Rua Mourato Coelho, 716 • Pinheiros
ESPECIALE • Rua Franco da Rocha, 336 • Perdizes
ILUMINATO • Rua Francisco Cruz, 284 • Chácara klabin
obra
em
foco
108
Para mais informações, acesse www.even.com.br
Participação: Yuny
Participação: MBIGUCCI
PLAZA MAYOR • Av. Imperatriz Leopoldina x Rua Mergenthaler • Alto da Lapa
PARTICOLARE • Rua Volta Redonda x Rua Zacarias • Campo Belo
WINGFIELD • Rua Pinto Gonçalves, 85 • Perdizes
SPAZIO DELL’ ARTE • Rua Lupércio Miranda, 1776 • Santo André
Participação: Tishman Speyer
santacruz
VERTE ACLIMAÇÃO • Rua Pires da Mota, 979 • Aclimação
VIDA VIVA SANTA CRUZ • Av. do Cursino x Rua Tupanaci, 77 • Santa Cruz
THE GIFT • Rua Luiz Correa de Melo x Luis Seraphico Júnior • Granja Julieta
VITÁ • Rua Carlos Weber, 87 • Alto da Lapa
obra
em
foco
110
Empreendimento no Rio de Janeiro
RESERVA DO BOSQUE • Estrada dos Três Rios, 1721 • Freguesia
tatuapé
Para mais informações, acesse www.even.com.br
Participação: W3 Engenharia
mooca
VIDA VIVA TATUAPÉ • Rua Guaraciba • Tatuapé
VIDA VIVA VILA MARIA • Rua do Imperador, 1585 • Vila Maria
VIDA VIVA MOOCA • Rua Canuto Saraiva, 280 • Mooca
EMPREENDIMENTO BAIRRO TELEFONE VAGA
S
DORM
ITÓR
IOS
SUÍT
ES
TERR
AÇO
PISC
INA
BRIN
QUED
OTEC
A
SALÃ
O DE
FES
TAS
ESPA
ÇO G
OURM
ET
SALÃ
O DE
JOG
OS
LAN
HOUS
E
SALA
DE
GINÁ
STIC
A
SPA/
DESC
ANSO
QUAD
RA
SALA
DE
CINE
MA
QUAD
RA D
E TÊ
NIS
Arts Ibirapuera 3057.3437 4 4 4
Azuli Vila Mariana 5581.0222 2 4 1
Boulevard Vila SãoFrancisco
3714.0705 2/3 3/4 1/2
Breeze Alto da Lapa 3831.4684 3/4/5 4 2
CampoBelíssimo
Campo Belo 5044.7295 3/4 4 2/4
Club ParkSantana Santana 6972.0224 4 4 4
Concetto Perdizes 3466.3836 2 3 1
Du Champ Campo Belo 3067.0000 4 3/4 3/4
Duo Alto de Pinheiros
3816.1055 4/5 4 4
Ecolife Cidade Universitária
3067.0000 1/2 3 1
Especiale Perdizes 3877.0593 4/5 4 4
Gabrielle Campo Belo 3067.0000 4 3/4 3/4
Grand ClubSão José
Vila Ema(12)
3021.01312/3 4 2
Icon Itaim 3842.1032 2/3 3 2
Iluminatto ChácaraKlabin
5084.2034 3/4 4 2
In Città PlanaltoPaulista
5072.4840 3/4 4 2
Inspiratto Pinheiros 3037.7568 2/4 4 2/3
L`EssenceCampolim
Campolim(15)
3234.61443/4 3/4 2/3
Morumbi Trend Morumbi 3079.6044 1 1 1
Particolare Campo Belo 5531.2609 5/7 4 4
guia
eve
n
GUiA de eMPreendiMentOSUm guia para facilitar a sua escolhaUm guia para facilitar a sua escolha
GUiA de eMPreendiMentOS
112
Para mais informações, acesse: www.even.com.br
EMPREENDIMENTO BAIRRO TELEFONE VAGA
S
DORM
ITÓR
IOS
SUÍT
ES
TERR
AÇO
PISC
INA
BRIN
QUED
OTEC
A
SALÃ
O DE
FES
TAS
ESPA
ÇO G
OURM
ET
SALÃ
O DE
JOG
OS
LAN
HOUS
E
SALA
DE
GINÁ
STIC
A
SPA/
DESC
ANSO
QUAD
RA
SALA
DE
CINE
MA
QUAD
RA D
E TÊ
NIS
Personale Campo Belo 5092.7262 3 4 2
Plaza Mayor Alto da Lapa 3466.3820 2/3/4 2/3 2/3
Reservado Bosque
Freguesia(21)
3526.00002 4 2/3
ReservaGranja Julieta
GranjaJulieta
5183.9759 3/4 4 3/4
SPA - Spazio Dell`acqua
Vila da Serra(31)
3541.21113 4 2
Terrazza Mooca Mooca 3067.0000 2 4 2
The Gift GranjaJulieta
3466.3820 4 4 2/4
The View Brooklin 5505.1729 2 3/4 1/2
Up Life Recreio(21)
3526.0003311.1600
1/2 2/3 1
Verte Aclimação 3277.3108 3/4 4 2
Vivre Alto da BoaVista
3067.0000 2 3/4 1/2
Vida VivaButantã Butantã 3766.5368 2 3/4 1
Vida VivaFreguesia do Ó
Freguesiado Ó
3991.2919 1/2 3 1
Vida Viva Mooca Mooca 3067.0000 1/2 3 1
Vida VivaSanta Cruz Santa Cruz 3067.0000 2 3/4 1/2
Vida VivaSão Bernardo Baeta Neves 4122.1501 2 3/4 1
Vida Viva Tatuapé Tatuapé 3067.0000 1/2 3/4 1
Vida VivaVila Maria Vila Maria 3067.0000 1/2 3 1
Villaggio Monticiello Vila da Serra
(31)3264.9049
4 4 4
Vitá Araguaia Freguesia(21)
3526.00001/2 2/3 1
Wingfield Perdizes 3868.2469 3 4 2
ipiranga
Projeto arquitetônico: Jonas BirgerPerspectiva artística da vista aérea da praça central
Rua Tabor, 647 / Informações: 3067-0000 - plazamayoripiranga.com.br LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955.
Imagine uma praça exclusiva, com paisagismo de Benedito Abbud inspirado na Indonésia.
25.700 m2 de terreno no meio do Ipiranga, onde você vive cercado por beleza natural
e tem qualidade de vida a qualquer hora do dia. Mais de 50 itens de lazer - Apartamentos
de 236, 188 e 140 m2 - 4 suítes ou 4 dormitórios. Decorados por Débora Aguiar
Breve lançamento
ipiranga
Projeto arquitetônico: Jonas BirgerPerspectiva artística da vista aérea da praça central
Rua Tabor, 647 / Informações: 3067-0000 - plazamayoripiranga.com.br LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - CEP: 01427-002 - São Paulo-SP - Fone: (11) 3067-0000 - www.lopes.com.br - CRECI/SP nº J-19585 - Secovi: 955.
Imagine uma praça exclusiva, com paisagismo de Benedito Abbud inspirado na Indonésia.
25.700 m2 de terreno no meio do Ipiranga, onde você vive cercado por beleza natural
e tem qualidade de vida a qualquer hora do dia. Mais de 50 itens de lazer - Apartamentos
de 236, 188 e 140 m2 - 4 suítes ou 4 dormitórios. Decorados por Débora Aguiar
Breve lançamento
www.kitchens.com.brCentral Kitchens de Informações 0800 11 41 42
Even Kitchense . Uma parceria de sucesso.