Post on 23-Jun-2015
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OS MODOS DE NARRARCOM AUDIOVISUAL (WINCK)
O CINEMA CLÁSSICO HOLLYWOODIANO:normas e princípios narrativos (BORDWELL)
IUVA, Patricia de OliveiraDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
patiuva@yahoo.com.br
A NARRATIVA CLÁSSICA
PADRÃO CANÔNICO DE ESTABELECIMENTO DE UM ESTADO INICIAL DE COISAS QUE É VIOLADO E
DEVE SER RESTABELECIDO.
A TRAMA É COMPOSTA POR UM ESTÁGIO DE EQUILÍBRIO, SUA PERTURBAÇÃO, A LUTA E A ELIMINAÇÃO DO ELEMENTO PERTURBADOR.
O FINAL CLÁSSICO
POR UM LADO CONCLUSÃO LÓGICA DE UMA CADEIA DE EVENTOS, EFEITO FINAL DE UMA
CAUSA INICIAL.
POR OUTRO LADO PODE SER UM AJUSTE ESTRUTURAL MAIS OU MENOS ARBITRÁRIO, TAL COMO UMA NORMA EXTRÍNSECA QUE FORÇA O
FINAL FELIZ.
ver pg. 283
A NARRATIVA CLÁSSICA
De um modo geral a narração clássica tende a ser ONISCIENTE, possuir alto grau de
COMUNICABILIDADE e ser apenas moderamente AUTOCONSCIENTE.
A narração sabe mais do que qualquer um, esconde relativamente pouco e quase nunca reconhece que está se dirigindo ao público.
[universo diegético]
A NARRATIVA CLÁSSICA
A partir da forma de tratamento do TEMPO e do ESPAÇO, a narração clássica faz do mundo da
fábula um constructo internamente consistente, sobre o qual a narração parece intervir de fora.
A manipulação da mise-en-scene (personagens, iluminação, cenários, figurinos) cria um evento
pró-fílmico aparentemente independente, que se torna o mundo tangível da história, enquadrado e
registrado a partir do exterior. A NARRAÇÃO EM SIM
A NARRATIVA CLÁSSICA
FORNECE INDICAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DA TEMPORALIDADE, DA ESPACIALIDADE E DA LÓGICA (CAUSALIDADE, PARALELISMOS) DA HISTÓRIA, SEMPRE DE MODO A FAZER COM QUE OS EVENTOS À FRENTE DA CÂMERA SEJAM NOSSA PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÕES .
NARRATIVAS HOLLYWOODIANAS SÃO REDUNDANTES, A FIM DE QUE OS FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA SEJAM REITERADOS E O ESPECTADOR NÃO SE PERCA NO ENTENDIMENTO.
A NARRATIVA CLÁSSICA
(1) EM SEU CONJUNTO, A NARRAÇÃO CLÁSSICA TRATA A TÉCNICA CINEMATOGRÁFICA COMO UM VEÍCULO PARA A TRANSMISSÃO DE
INFORMAÇÕES SOBRE A FÁBULA PELA TRAMA.[Pg.291] CENA
(2) NA NARRAÇÃO CLÁSSICA, O ESTILO CARACTERISTICAMENTE ESTIMULA O ESPECTADOR A CONSTRUIR UM TEMPO E UM ESPAÇO DA AÇÃO DA FÁBULA QUE SEJA COERENTE E CONSISTENTE.
(3) O ESTILO CLÁSSICO CONSISTE EM UM NÚMERO ESTRITAMENTE LIMITADO DE DISPOSITIVOS TÉCNICOS ESPECÍFICOS ORGANIZADOS EM UM PARADIGMA ESTÁVEL E CLASSIFICADOS PROBABILISTICAMENTE DE ACORDO COM AS DEMANDAS DA TRAMA.
A NARRATIVA CLÁSSICA
ESSES TRÊS FATORES CONTRIBUEM COM BOA PARTE DA EXPLICAÇÃO DE POR QUE O ESTILO HOLLYWOODIANO PASSA RELATIVAMENTE DESPERCEBIDO. CADA FILME RECOMBINA NORMAS FAMILIARES EM PADRÕES PREVISÍVEIS, CONFORME AS EXIGÊNCIAS DA TRAMA. O ESPECTADOR RARAMENTE TERÁ DIFICULDADES PARA COMPREENDER OS ELEMENTOS DO ESTILO PORQE ESTÁ ORIENTADO NO TEMPO E NO ESPAÇO, E PORQUE AS FIGURAS ESTILÍSTICAS SERÃO INTERPRETÁVEIS À LUZ DO PARADIGMA EM 3 ATOS.
1. O ROTEIRO LINEAR EM 3 ATOS
FORMA NARRATIVA AUDIOVISUAL CLÁSSICA
UNIDADE NARRATIVA – desenvolve-se uma única ação à qual se subordinam ações secundárias
TRAMA – fragmentada numa sequência de eventos conflituosos, encadeados numa relação de causa e efeito
O ROTEIRO LINEAR EM 3 ATOS
Questão central = premissa dramática = aceleração programática da tecnologia narrativa audiovisual
PREMISSA DRAMÁTICA LINEAR – é contestada no desenrolar da narrativa e resolvida no final da mesma.
É o fio lógico que costura todos os fragmentos sequenciais da obra e lhes confere substância
argumentativa LINEAR, DIACRÔNICA e COERENTE.
Caracterização da Narrativa em 3 atos
a) Atuação de um sujeito (geralmente herói)
b) Ação no sentido de superar as adversidades para resolver a premissa
dramática (conflito)
Caracterização da Narrativa em 3 atos
A resolução da premissa dramática instaura uma unidade de sentido da narrativa de caráter silogístico de vertente aristotélica, traduzida no
drama audiovisual contemporâneo.
Obs: silogismo - argumentação lógica perfeitaTodo homem é mortal (premissa maior) Sócrates é homem (premissa menor)
Sócrates é mortal (conclusão)
NARRATIVA
Mensagem pré-programada, “cujos cânones não permitem que
nenhum dos agentes possa distanciar-se da premissa dramática dada, quer pela
afirmação, quer pela negação, sob pena de romper a estrutura
narrativa em 3 atos”
A estrutura em 3 atos
1º ATO – apresentação da premissa dramática e os objetivos das personagens,
pondo a trama em movimento
2º ATO – conflito de interesses antagônicos
3º ATO – o conflito é resolvido quando o protagonista alcança seus objetivos
A estrutura em 3 atos – design das relações
-Contextualização temporal
-Contextualização espacial
-Contextualização temática
-Contextualização de personagem
A estrutura em 3 atos
1º ato
centra a situação em uma linha argumentativa coerente, coloca em
marcha o relato e orienta o espectador para que o mesmo possa prosseguir o
filme
A estrutura em 3 atos
2º ato
a platéia é induzida para “dentro da trama”, os agentes dramáticos operam
a fim de que o protagonista trilha o caminho do “ser mais”
A estrutura em 3 atos
3º ato
a narrativa transita do estado de conflito para o estado de resolução do problema, posto difusamente no início e “experimentado” no desenrolar da
trama.
A estrutura em 3 atos
O EPÍLOGO
A platéia promove no seu íntimo a compleição do sentimentos
experimentados no decorrer da narrativa. Há aqui, neste momento,
convencimento e catarse, impostos pela narrativa.
A estrutura em 3 atos Desenvolvendo a CENA
As cenas são demarcadas por meio de critérios neoclássicos:
Unidade de tempoUnidade de espaçoUnidade de ação
E os limites da seqüência são indicados por pontuações padronizadas (fusão,
escurecimento, chicote, pontes sonoras)
A estrutura em 3 atos Desenvolvendo a CENA
A fase de introdução de uma cena envolve um plano que estabelece os personagens no tempo e no espaço.
À medida que os personagens interagem, a cena é segmentada em imagens mais próximas de ação e reação, enquanto o cenário, a iluminação, a música, a composição e os movimentos de câmera ajudam acentuar o processo
de formulação de objetivos, de luta, de decisão.
A cena geralmente finaliza com uma porção de espaço –uma reação facial, um objeto significativo- que fornece
uma transição para a próxima cena.
A estrutura em 3 atos
Se no primeiro ato a premissa dramática está condensada, em estado potencial e hipotético, no segundo ela transita para
sua atualização, pelo litígio retórico entre forças contraditórias. No terceiro, finalmente, a premissa se realiza em
termos de comprovação da tese que a narrativa pretendia demonstrar.
ANÁLISE - MATRIX
DO PROTAGONISTA?
Neo (Sr. Anderson) durante o dia é um operador de sistemas e à noite um hacker. Personagem cuja angústia vem do fato de saber que algo está errado em sua vida, mas ele não sabe o quê. Neo é um personagem movido pela busca de maior controle sobre a sua vida. Tal busca, já no início do filme, toma forma na pergunta:
"O que é a Matrix?".
ANÁLISE - MATRIX
DA PREMISSA DRAMÁTICA ?
Trata-se de um jovem que deseja eliminar suas dúvidas a respeito de sua própria vida e tomar controle da mesma, mas percebe-se envolto numa outra realidade, uma realidade imposta/construída pela Matrix. Aqui começa a luta para compreensão e superação desse mundo dominado pelas Máquinas.
ANÁLISE - MATRIX
DOS OBSTÁCULOS ?
Centram-se na dúvida se Neo conseguirá superar as leis impostas pela Matrix e assumir o comando (conflitos internos – suas dúvidas/descrença; conflitos externos – os agentes, Cypher o traidor, as máquinas). A tensão é sempre reforçada pela dúvida de se ele é ou não o Escolhido.
ANÁLISE - MATRIX
DA RESOLUÇÃO?
A resolução vem com a afirmação de Neo, o protagonista, de que ele vai libertar as pessoas dominadas pela Matrix. Nesse ponto Neo se afasta da cabine telefônica que estava falando e alça vôo.
2. O ROTEIRO NÃO-LINEAR CONTEMPORÂNEO
Os artistas contemporâneos voltam-se para os ideais de informalidade,
desordem, indeterminação de resultados
2. O ROTEIRO NÃO-LINEAR CONTEMPORÂNEO
FORMA NÃO SEQÜENCIAL DE ORGANIZAÇÃO DA NARRATIVA.
O ESPECTADOR ESTÁ LIBERADO DA OBRIGATORIEDADE DE UM LEITURA LINEAR.
O PARADIGMA DA DIVISÃO EM 3 ATOS FOI HEGEMÔNICO DURANTE O SÉCULO XX.
Contexto de obras não lineares
• Busca de inovações na linguagem audiovisual (movimentos/escolas neo-realismo italiano, nouvelle
vague, o novo cinema alemão, cinema novo no Brasil.
•Movimentos sociais e políticos dos anos 60 e 70
•A partir dos anos 80 – tecnologia [vídeo, televisão]
NARRATIVAS NÃO-LINEARES
FORMULAÇÃO DE PREMISSAS DRAMÁTICAS MAIS FLUIDAS OU IMPLÍCITAS.
UMA CENA NÃO PRECISA, NECESSARIAMENTE REMETER À PRÓXIMA
PODE HAVER SALTOS DESCONEXOS DE TEMPO E ESPAÇO, CORTES ABRUPTOS DE RACIOCÍNIO
NARRATIVAS NÃO-LINEARES
TIPO DE ROTEIRO QUE DERIVA EM PRODUTOS CUJOS RUMOS DA NARRATIVA SOFREM INTERFERÊNCIA DO PÚBLICO OU ENTÃO FORMULAÇÃO DE CONCLUSÕES
POUCO PREVISÍVEIS.
NARRATIVAS NÃO-LINEARESclassificação a partir das premissas dramáticas (pg.58)
1. Ordenações horizontaisEx: Iñarritu, BABEL
2. Ordenações VerticaisEx: Gus Van Sant, ELEFANTE
3. Ordenações conceituais Ex: Christopher Nolan, Amnésia
3. O ROTEIRO INTERATIVO DA MULTIMÍDIA
TECNOLOGIAS DIGITAIS
INTERATIVIDADE
REDE
USUÁRIO COMUM PRODUTOR DE ROTEIROS
3. O ROTEIRO INTERATIVO DA MULTIMÍDIA
O autor de audiovisuais interativos “há de conceber sua obra de maneira reticular, arborescente e relacional, em estreita
parceria com as ferramentas de síntese e com os usuários.