Post on 18-Nov-2018
Aula Entrevista
Introdução ao tema!
Onde saber mais
Não confundir
Entrevista: rotina produtiva
Entrevista: tipo textual do gênero
Informativo
Por que essa confusão?
A entrevista é um dos instrumentos de pesquisa
do repórter. Trata-se do principal mecanismo e
técnica de captação de informação do jornalista.
Com os dados nela obtidos ele pode montar
uma reportagem de texto corrido, em que as
declarações são citadas entre aspas, ou pode
montar um texto tipo perguntas e respostas,
também chamado "pingue-pongue”
O que dizem os pesquisadores!
“A entrevista é uma técnica de obter
matérias de interesse jornalístico por
meio de perguntas e respostas“ (Luiz
Beltrão, em ‘A imprensa informativa; São
Paulo, Folco Masucci’)
(Medina, 2000: 08)
“A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é
uma técnica de interação social, de
interpenetração informativa, quebrando assim
isolamentos grupais, individuais, sociais; pode
também servir à pluralização de vozes e à
distribuição democrática da informação.”
Manual da Folha de São Paulo
É técnica quando propõe obter respostas pré-pautadas por um questionário; é diálogo quando pretende firmar-se como relação entre sujeitos;
“A maioria das notícias publicada no jornal têm entrevistas como matéria-prima. A finalidade de caracterizar um texto jornalístico como entrevista é permitir que o leitor conheça opiniões, idéias, pensamentos e observações de personagem da notícia ou de pessoa que tem algo relevante a dizer.”
Informação
x
opinião
Rotina produtiva/pré-entrevista Ping Pong
O que, quando, onde, quantos? Como, porque?
O fato A consequência
A informação A avaliação da informação
(opinião ou interpretação)
Obter dados, confirmar dados Entender os dados
Conhecer a história Conhecer a perspectiva do
entrevistado sobre a história
Não conheço a história, entrevisto
para descobrir
Conheço a história, entrevisto para
sanar as contradições, os buracos, os
pontos sensíveis
Tem o gancho marcado no lead Tem o gancho distribuído na cabeça
da entrevista e nas perguntas
Algumas tipologias
1. Como geradoras de matérias a– de rotina b- caracterizada 2. Quanto aos entrevistados a – individual b – de grupos 3 quanto aos entrevistadores a – pessoal (exclusiva) b – coletiva 4- quanto ao conteúdo a – informativa; b – opinativa c- ilustrativa ou biográfica
2) Entrevista enquete
3) Entrevista investigativa
4) Confrontação/polemização
5) Perfil humanizado
Entrevista
ORIGEM Mário Erbolato (Técnicas de
Codificação em Jornalismo-
Redação, Captação e Edição do
Jornal Diário". São Paulo: Ática,
1991) conta que as origens da
entrevista remontam a 1836,
quando James Gordon Bennet fez
perguntas a Rosina Townsend,
proprietária de um prostíbulo de
Nova York no qual ocorrera um
assassinato classificado, então,
como "sensacional". Ali ele já
anunciava que o sucesso de um
entrevista dependia mais do
repórter que do entrevistado.
Helen Jewett (18 de outubro,
1813 - 10 de abril de 1836)
foi uma prostituta Nova York,
cujo assassinato, juntamente
com o posterior julgamento e
absolvição de seu suposto
assassino, Richard P.
Robinson, gerou uma
quantidade sem precedentes
de cobertura da mídia.
Tipo difícil de produção
textual do
GÊNERO INFORMATIVO
Primeira dificuldade
Quem?
1ª Dificuldade: quem?
Não pode ser uma personalidade óbvia, que fala o
tempo todo.
Quanto menos aparecer em público, mais exclusividade dará a matéria.
Que tenha capacidade crítica de análise
As declarações são o melhor da entrevista, se não tiverem boas declarações, ficam mais fracas que uma matéria.
Abordagens inéditas de um assunto recorrente.
Quem não dá nomes aos bois, são chatos, sem graça.. não vale publicar.
2ª Dificuldade
O quê?
2ª Dificuldade: O quê?
Criar boas perguntas é o desafio de
qualquer repórter: conhecimento prévio
da fonte e intuição aguçada.
O primeiro está nos arquivos dos jornais,
o segundo requer sensibilidade para fazer
perguntas constrangedoras sem
constranger o entrevistado.
Bispo de MS que tinha
feito declaração
polêmica...
O senhor é virgem?
3ª Dificuldade
Editar
3ª Dificuldade: Editar
Metade do trabalho está na edição, a entrevista é um material bruto ... carente de lapidação. Organização lógica, sem alterar o dito. Além disso nunca haverá espaço suficiente. Faça mais perguntas que o necessário, selecione as melhores.
A transcrição na íntegra deve ser vista com parcimônia e dosada para mostrar o estilo de linguagem do entrevistado, como sotaque, cacoetes... dosada ela acrescenta personalidade ao entrevistado.
Caso Arnaldo Antunes
Nunca me reconheci tão pouco em uma entrevista. Nunca
abominei tanto um discurso colocado por terceiros em minha
boca. Um pequeno e bom exemplo desse procedimento: o
entrevistador me perguntou se eu já tivera relações
homossexuais. A resposta foi um sucinto "não". Resposta
publicada: "Nunca, nem mesmo em troca-troca quando eu era
criança". Essa espécie de adorno às declarações com fantasias e
fetiches do entrevistador se tornou procedimento usual na
edição da matéria de uma forma geral.
Réplica: (Ruy Granda)
A primeira passagem da entrevista mencionada por Arnaldo
Antunes, logo no início do seu texto, foi a homossexualidade.
Ele diz: O entrevistador me perguntou se eu já tivera relações
homossexuais. A resposta foi um sucinto não. A resposta
publicada: "Nunca, nem mesmo em troca-troca quando eu era
criança".(...). Arnaldo Antunes mente, como comprova a fita
numero 4 da entrevista. Resposta "não, nunca". Pergunta: Nem
quando criança, em troca-troca?", resposta: não, nem criança.
No aval da concordância expressa do entrevistado e em nome
da concisão as duas perguntas foram fundidas em uma só.
Não há nisso nenhum mistério condenável.
Regras de Edição (Folha de S.P) 1) Bom título, que deve destacar o aspecto mais interessante de tudo o que foi falado
com o entrevistado. Pode ser um aspecto sobre a personalidade do entrevistado ou
uma declaração expressiva dele.
2) Toda entrevista no formato pergunta e resposta exige um texto introdutório
pequeno (também conhecido informalmente como cabeça) , contendo informações
sobre o entrevistado (breve perfil) e um resumo sobre o que foi tratado na
entrevista (podendo conter algumas frases do entrevistado).
3) Após o texto introdutório, seguem as perguntas (feitas por você) e as respostas da
sua fonte . As respostas devem ser uma transcrição fiel da fala do entrevistado. Por
isso é fundamental (especialmente neste tipo de entrevista) a gravação.
4) Cuidado com os erros gramaticais, repetições típicas da linguagem falada (como
“né” e “daí”) e vícios de linguagem cometidos pelo entrevistado devem ser
retirados do texto e corrigidos, sempre que possível. A não ser que se queira
destacá-los. Se quiser destacá-los, use a palavra “SIC” (“assim”, do latim), que quer
dizer que a pessoa disse aquilo mesmo, por mais estranho que possa parecer. Mas é
melhor evitar essa prática.
Não mude o nível de linguagem do entrevistado. Se a linguagem dele é popular,
mantenha o estilo.
6) Tente preservar a ordem original em que as perguntas foram feitas, a não ser
que o entrevistado volte várias vezes aos mesmos assuntos. Nesse caso, tente
deixar próximas as respostas por temas.
7) Antes de cada pergunta sempre vem o nome do veículo de comunicação
(jornal, boletim, revista). A não ser em projetos editoriais especiais, como num
livro.
8) Antes de cada resposta, sempre vem o nome do entrevistado, sendo que, na
primeira resposta o nome completo deve ser escrito. Já nas outras respostas,
apenas as iniciais ou o nome mais conhecido da pessoa é grafado.
9) Se a resposta for muito longa, é preciso resumí-la , mantendo os pontos
essenciais.
9) Informações básicas (nome e idade do entrevistado, dados sobre sua
carreira profissional e seu estilo de vida) devem vir no texto introdutório e
não na forma de pergunta e resposta.
Revista Veja/2003
Suzana Viera 2003
Veja: A ideia de seu marido vir a se interessar por uma mulher mais jovem a preocupa?
Suzana: ele se interessou por mim, meu bem. Acho que se um dia meu casamento entrar em crise não será pela diferença de idade.
VEJA: a senhora é mal-humorada no trabalho?
Suzana: não. Aliás, dificilmente fico mal-humorada. Eu me faço respeitar, mas não sou louca, meu bem.
Veja: Um salário como o seu garante um ótimo padrão de vida. Como usa seu dinheiro?
Suzana: Eu tenho um bom apartamento, uma casa de verão, um belo carro importado. Mas não sou de ostentar. Também faço um pouco de caridade. Assim como tem os invejosos, têm aqueles que acham que os artistas devem ser santos. Nunca fui santa, meu bem.
Entrevista
Folha de S. Paulo
Cabeça
O candidato Paulo Maluf, 69, fez da pregação contra o aborto uma das principais bandeiras da campanha.
Contraposto a declaração sua de 1989 -na qual dizia que o aborto deve ser "permitido em razões de estupro e do filho que vai nascer defeituoso"-, tergiversou ao repetir 23 vezes
uma frase: "Sou contra o aborto".
Maluf afirmou que irá "fechar as torneiras" do desperdício na prefeitura e se disse "um grande democrata". Ameaçou
"puxar a ficha" e pedir que os entrevistadores se retirassem de sua casa ao ter questionada sua relação com o prefeito
Celso Pitta. A seguir, os principais trechos da entrevista: (FERNANDO CANZIAN E PLÍNIO FRAGA)
Folha - Em 3 setembro de 1989, o sr. disse: "O aborto para mim deve ser permitido em razões de estupro e do filho que vai nascer defeituoso". Essa segunda parte é o projeto que Marta Suplicy votou a favor e o sr. critica. Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O sr. dizia que era a favor. Maluf - Sou contra o aborto. Sou contra o aborto. Folha - O sr. dizia naquela época que proporia um plebiscito "sui generis" para discutir o assunto. Só votariam as mulheres para decidir a legalização do aborto. O que é ainda mais amplo... Maluf - Sou contra o aborto.
Folha - O sr. mudou de posição, então? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Mas o sr. não era. Maluf - Dá licença, se você diz que precisava um plebiscito... Folha - Foi o sr. quem disse... Maluf - Então, sou contra o aborto. Folha - Mas o sr. não era. Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O sr. disse: "O aborto para mim deve ser permitido... Maluf - Sou contra o aborto. Folha -...em razão de estupro e do filho que vai nascer defeituoso". Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Nessa ocasião, o sr. não era? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Em 3 de setembro de 89, o sr. não era. Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O sr. não acha contraditório? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O sr. está fazendo um uso político do projeto da candidata Marta Suplicy da regulamentação do aborto em hospitais públicos, nos casos já previstos
em lei... Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Não é uma manipulação do sr.? Maluf - Dá licença? Sou contra o aborto. Folha - Mas não é uma manipulação? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Não é uma manipulação do sr. usar isso... Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O sr. não está respondendo. Maluf - Sou contra o aborto. Folha - O que mudou? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Não é uma contradição? Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Essa característica do sr. de... Maluf - Sou contra o aborto. Folha -...de não responder diretamente às questões... Maluf - Sou contra o aborto. Folha - Por que o sr. não responde diretamente às questões? Maluf - O que não é lícito nem ético é você querer colocar na minha boca coisas que não quero falar. Estou dizendo: "Sou contra o aborto". Folha - E há 11 anos? Maluf - Sou contra o aborto.
Como fazer a minha!
Bom humor
É prática usual entre entrevistadores mais
experientes usar a estratégia de começar a
entrevista com atitudes ou comentários
bem humorados para deixar o interlocutor
à vontade, referindo-se a um jogo
importante ou a algo curioso e de
conhecimento comum.
EX: Em 27 de junho de 1989, ao
entrevistar o candidato à Presidência da
República, Jô chamou a atenção para o
sapato Vulcabrás 752 que Paulo Maluf
usava e do qual era garoto-propaganda.
Ser direto
Repórteres de Veja ao entrevistar Pedro
Collor a quem a mãe, Leda, vivia pedindo
que fosse ao médico examinar a cabeça.
Naquela entrevista, segundo os
repórteres, a primeira pergunta foi: "O
Senhor se considera louco?".
O senhor é ladrão? (Marcelo Tas)
Desentendido
Em determinados casos, o experiente Alexandre Garcia usa outra estratégia que exige muito domínio da situação:
”Eu me finjo de bobo, que não sei das coisas, para que o entrevistado sinta-se mais forte, superior a mim e seguro de si. Nessa situação ele fica mais à vontade, revela mais coisas e abre a guarda. É aí que eu entro”
Alexandre diz que age assim porque, na sua opinião, o entrevistado tem
medo do jornalista, pois uma entrevista publicada pode gerar muitas consequências.
Orientações Estadão
Pergunte primeiro se pode: Posso gravar? Posso
fotografar?
Buscar as informações prévias sobre o entrevistado
Faça um roteiro: não uma camisa de força
Na dúvida: senhor ou senhora!
Ouça de verdade!
Não dispute com entrevistado
Reconheça o limite: o jornalista deve buscar
informações relevantes, mas deve se perguntar qual o
sentido da entrevista, porque da pergunta, a quem
interessa.
Desconfie da memória..
Estadão
Saber ler sinais corporais, silêncios,
relutâncias é fundamental
Saber a hora de retomar o tema, quando
o entrevistado foge do assunto -
(condução)
Demonstre interesse pelo que está sendo
dito
Não apresentar impaciência, discordância
ou simpatia entusiasmada.
Orientações da Folha
Levante sempre o máximo de informações sobre o
entrevistado e o tema que ele vai tratar.Em seguida, reflita
sobre o objetivo a que pretende chegar. O melhor
caminho é redigir perguntas tão específicas quanto
possível. Perguntas muito genéricas resultam em
entrevistas tediosas.
Folha a) Marque a entrevista com antecedência;
b) Informe o entrevistado sobre o tema e a duração do
encontro;
c) Grave a entrevista para poder reproduzir com absoluta
fidelidade eventuais declarações curiosas, reveladoras ou
bombásticas;
d) Vista-se de modo adequado a não destoar do ambiente em
que será feita a entrevista, para não inibir ou agredir o
entrevistado;
e) Faça perguntas breves, diretas, que não contenham
resposta implícita;
f) Identifique contradições, mencione pontos de vistas
opostos e levante objeções sem agredir o entrevistado;
g) Não deixe de abordar temas considerados "sensíveis" pelo
entrevistado. Faça perguntas diretas e ousadas. Insista quantas
vezes achar necessário se o entrevistado se recusar a
responder a alguma pergunta;
h) Registre essa recusa se for significativa;
I) O entrevistado tem o direito de retificar ou acrescentar
declarações. Se for relevante, o repórter pode registrar as
duas versões (original e posterior).
Outras recomendações
Evitar perguntas fechadas
O repórter deve responder brevemente se o entrevistado
pedir a opinião dele
Ao ouvir uma resposta-bomba, o repórter não deve revelar
entusiasmo
Não se deve usar exclamações para comentar as respostas
("puxa! "..."quem diria!"..."não me diga!".)
As perguntas podem ser de esclarecimento ("quantos
operários foram demitidos?"), de análise ("que motivos a
empresa deu para as demissões?"), de ação ("o que o
sindicato pretende fazer agora?");
Perguntas muito longas podem complicar a vida do
repórter se o entrevistador pedir que ele repita;
Não se deve misturar várias perguntas ao mesmo
tempo ("qual seu nome, idade, trabalho atual e a
situação do seu bairro?");
Perguntas muito amplas confundem o entrevistado
("como o Sr. vê a situação da humanidade de Adão
até nossos dias?");
O entrevistado deve ser alertado para o fim da
entrevista ("agora uma última pergunta"..."para
terminar"...."o Sr. gostaria de acrescentar mais alguma
coisa?")
Tarefa para casa
Livro “sobre entrevistas” de Stela Caputo
(59 a 68).
Fazer resumo de cada uma das dicas e ver
a que acha mais inusitada e por que?
Exercícios
Pensarmos em dois nomes possíveis para
entrevista
Um pelo personagem
Um pelo tema
Dizer qual o foco e duas perguntas