Economia de Empresas Apostila 1 Prof. Hélio Henkin Curso de Ciências Econômicas Faculdade de...

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Economia de EmpresasEconomia de EmpresasApostila 1Apostila 1

Prof. Hélio Henkin

Curso de Ciências EconômicasFaculdade de Ciências Econômicas

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

2005/1 Prof. Hélio Henkin 2

1. A empresa na ciência econômica: uma introdução em

perspectivas teóricas e históricas

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1.1 A empresa na teoria econômica

– A teoria da firma no contexto da ciência econômica moderna.

– A proposição de Demsetz: “do nascimento da moderna economia em 1776 a 1970, um período de quase 200 anos, somente dois trabalhos sobre a teoria da firma parecem ter alterado a perspectiva da profissão - Risco, Incerteza e Lucro, de Knight (1920) e A Natureza da Firma, de Coase (1937).”

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1.1 A empresa na teoria econômica

– Qual a razão desta reduzida dedicação ao estudo da firma? Fundamentalmente, isto é resultado da preocupação maior dos economistas com o sistema de preços, caracterizado pela firma representativa de Marshall e pelo leiloeiro de Walras.

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– O resultado foi a falta de consideração mais séria e rigorosa à firma como “instituição voltada a solução de problemas” (problem solving institution).

– O artigo de Coase é seminal, entre outras razões, por ter chamado a atenção para a ausência de uma teoria da existência da firma e da importância do fato de que há custo na operação (ou no uso) do mercado (como mecanismo de coordenação e alocação).

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– A questão básica de Coase é acerca da existência da firma. Está subjacente a esta questão a idéia de que mercado e firma são modos alternativos de organizar as mesmas transações. Em termos práticos, a questão se refere a “fazer-ou-comprar”.

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– A questão central proposta por Coase pode ser representada por duas perguntas fundamentais (duas perguntas gêmeas):1) Por que existe qualquer organização interna? 2) Por que toda a produção não é feita por uma única grande firma?

– As respostas iniciais de Coase foram: 1) Existe um custo para utilizar o mercado (o custo de transação); 2) Há retornos decrescentes do gerenciamento.

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– A falta de atenção ao artigo de Coase nas décadas seguintes e as imprecisões do tratamento dos custos de transação (ou dos custos implícitos na utilização do mercado ou da firma na organização da produção) contribuem para a existência de lacunas importantes na elaboração de uma mais completa teoria da firma.

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– O modelo de concorrência perfeita como descrição da função coordenadora do mercado (e as razões do seu tratamento insatisfatório à questão da firma).

– O modelo de competição perfeita tem muito a dizer sobre o sistema de preços, mas pouco a dizer sobre competição ou organização das firmas.

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– Isto se explica pela origem intelectual do modelo, localizada no século XVIII, no âmbito do debate entre mercantilistas e free traders. Este debate não era sobre a competição entre firmas ou sobre a organização das firmas, mas sobre o escopo apropriado da atuação dos governos sobre os assuntos dos países europeus.

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– A questão central era verificar a necessidade de uma planificação central para evitar condições econômicas caóticas. A visão de Smith, deixando um limitado papel ao estado, foi objeto de investigação mais rigorosa ao longo dos séculos XIX e XX, a qual resultou na formalização do modelo de concorrência perfeita.

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– Segundo Demsetz, este modelo se caracteriza pela completa abstração do controle centralizado da economia. O que é modelado é descentralização e não competição. Cada agente no modelo maximiza utilidade ou riqueza, independentemente das decisões ou da existência de outros agentes. As mesmas decisões decorrem dos mesmos preços e mesma tecnologia, sem a consideração de reações pessoais diante destes parâmetros.

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– Não se inclui neste modelo a perspectiva de se fazer coisas melhor do que outros fazem. Um comportamento maximizador impessoal como este não pode ser chamado de competição. Segundo Demsetz, o nome apropriado deveria ser descentralização perfeita.

– Em termos teóricos, a descentralização perfeita é realizada a partir da garantia de que autoridade ou comando não cumprem nenhum papel no processo de coordenação.

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– Os parâmetros que orientam as escolhas independem de uma autoridade ou comando central (são os hábitos e preferências, a tecnologia de produção, bem como os preços determinados de forma impessoal no mercado). Trata-se de um modelo que deduz as situações de equilíbrio a partir da extrema descentralização da propriedade de recursos.

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– Virtudes do modelo: facilidade de compreensão sobre como os preços orientam as decisões numa economia descentralizada; facilidade de análise dos impactos de mudanças exógenas (tarifas, alíquotas) ou de controle de preços.

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– Todavia, é um modelo que contribui pouco para a compreensão do funcionamento de uma economia de comando ou de de processos políticos que envolvam autoridade (exemplos: comportamento de partidos políticos, instituições legais voltadas ao controle da fraude, análise dos custos de operação do sistema de propriedade - tão fundamental à operação do próprio modelo).

– Estas lacunas são justificáveis, porque o objetivo real do modelo é o de investigar a alocação de recursos na ausência de autoridade ou comando central.

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– Um aspecto importante do modelo, especialmente para os estudos posteriores direcionados à teoria da firma, é a suposição de a firma faz as escolhas maximizantes num contexto de pleno e livre conhecimento das possibilidades de produção e dos preços.

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– Num modelo com estas características, torna-se difícil analisar o papel do gerenciamento, relativos a explorar possibilidades incertas e controlar recursos de forma consciente, onde os proprietários de recursos buscam o seu próprio interesse. Segundo Demsetz, a “firma”, neste modelo, é apenas um instrumento retórico para facilitar a discussão sobre o sistema de preços.

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– Neste modelo, as tarefas reais do gerenciamento ou administração empresarial, tais como identificar novas oportunidades de mercado, produtos e técnicas de produção e ativamente comandar as atividades dos empregados, não são consideradas porque há a suposição de que estas variáveis são conhecidas a um custo zero.

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– A única tarefa gerencial que parece subsistir neste modelo é a seleção das quantidades de insumos e produtos que maximizarão o lucro, dados os parâmetros de preços e tecnologia. Mas como, por hipótese do modelo, as informações necessárias a estas tarefas são obtidas sem custo, o mesmo ocorrendo para os cálculos necessários, então a tarefa de gerenciamento não implica nenhuma variação de produtividade entre diferentes firmas.

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– O custo de gerenciamento é zero e os recursos necessários às tarefas gerenciais são considerados não escassos (a única exceção é a hipótese da curva em U, que implica rendimentos decrescente da capacidade gerencial, o que implica que ela tem custos, porque é limitada; entretanto, esta é uma hipótese inconsistente com o modelo e deve ser considerada como exógena. Num mundo de livre informação sobre técnicas e preços, porque o tamanho da firma afetaria a capacidade gerencial ou empreendedora?)

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– O modelo de perfeita descentralização (conhecido como concorrência perfeita) pressupõe ausência de coordenação gerencial substantiva. Tem o mérito da compreensão do funcionamento do sistema de preços em condições de extrema descentralização (a mão invisível de Adam Smith), ao lado da fragilidade em analisar a coordenação gerencial. Isto implica dizer que a teoria da firma, capítulo dos livros-texto de microeconomia, não é propriamente uma explicação do funcionamento da firma como organização.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 23

– Conforme Demsetz, a compreensão da firma pode ser aprimorada com o reconhecimento de que a tarefa gerencial é um recurso escasso empregado num mundo em que o conhecimento é incompleto e sua obtenção é onerosa.

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– Tanto Knight quanto Coase incorporam esta dimensão da relação entre firma, gerenciamento e custo da informação ou do conhecimento.

– Em Knight, a firma é uma instituição desenvolvida para obter uma eficiente proteção ao risco da atividade empreendedora, com base na idéia de aversão ao risco e conhecimento oneroso.

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– Em Coase, o tema central é o da relevância do custo de transacionar e de gerenciar para explicar o desenvolvimento da firma (a teoria é conhecida como a teoria dos custos de transação). Em ambos os casos, estão presentes custos de informação, de forma importante.

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– O conceito de governança (ou estrutura de governança): a forma ou tipo de arranjo organizacional através dos quais se realiza um conjunto de operações.

– A governança do mercado: caracterizada pela descentralização e pelo sistema de preços.

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– A governança da firma: caracterizada pelas relações hierárquicas.

– A correlação entre governança e estrutura legal.

– A aplicação do termo governança a outras temas: concessão de serviços públicos, controle monetário, clubes de futebol, logística de exportação, entre outros.

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– Custo de transação: custos da governança através do mecanismo de mercado.

– Custo de gerenciamento: custos da governança através da organização interna da firma.

– A questão básica proposta por Coase: por que as firmas emergem como instituições viáveis se o modelo de descentralização perfeita demonstra amplamente a eficiência alocativa dos preços em mercados impessoais?

2005/1 Prof. Hélio Henkin 29

– A resposta de Coase: a busca de eficiência (ou a maximização do lucro) leva a substituição do mercado pela firma se o custo de usar o mercado é maior do que o custo de gerenciar (organizando internamente as atividades produtivas).

– Esta é condição formal que define a extensão da firma: a verticalização ocorre até que os custos marginais de transação e de gerenciamento se igualem.

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• A igualdade entre os custos marginais define uma fronteira entre, de um lado, os recursos que serão gerenciados pela firma e, de outro lado, os recursos cuja utilização será orientada pelos preços nos mercados.

• Esta comparação entre custos de transação e de gerenciamento tem sido o foco conceitual da teoria dos custos de transação nas suas diversas aplicações.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 31

• Dificuldades na utilização dos conceitos para analisar a substituição entre firmas e mercados:

– Custo de transação não são eliminados quando a firma realiza internamente uma maior parte do processo de transformação dos insumos e matérias-primas, porque a aquisição destes deve ser feita no mercado. De forma análoga, comprar produtos mais acabados no mercado não elimina custos de gerenciamento, pois a firma que está vendendo estes produtos pode estar produzindo internamente de forma significativa, incorrendo em custos de gerenciamento.

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– Portanto, a pergunta correta, no âmbito do problema de Coase, não é se o custo de transação é maior ou menor do que o custo de gerenciamento, mas se a soma dos custos de transação e gerenciamento na organização interna é maior ou menor do que a soma dos custos de transação e gerenciamento incorridos quando se compra no mercado;

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– Por outro lado, mesmo quando o custo de transação for zero e toda a produção for realizada através de operações no mercado, com produtores independentes individualizados, ainda assim há um custo de gerenciamento, pois cada indivíduo planeja e executa a sua produção e isto implica um custo de gerenciamento (a não ser que custo de gerenciamento fosse definido de forma a representar apenas o custo de lidar com outras pessoas).

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– Isto significa que as decisões de “fazer-ou-comprar” não estão associadas de forma restrita a uma dicotomia entre custo de transação e custo de gerenciamento, mas entre somas de custo de transação e gerenciamento (associadas a cada modo de organizar a produção de um determinado produto).

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– A importância da existência de economia de escala do gerenciamento: mesmo se o custo de transação for zero, organizar a produção na firma (ou verticalizar) pode ser conveniente, se houver economias de escala significativas no gerenciamento.

– Impactos das novas tecnologias (produção, organização, informação) sobre as decisões “fazer-ou-comprar.”

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– Num contexto mais realístico, em que os custos de gerenciamento, transação e produção são todos positivos, a decisão de “fazer-ou-comprar” (ou a escolha do “mix” organizacional) depende das somas alternativas de todos estes custos (associadas a cada “modo” de coordenar a produção.

– Uma firma comprará insumos no mercado se o preço do insumo, que reflete os custos de produção dos vendedores, somado aos custos de transação e transporte, forem menores do que o custo de produzir o insumo internamente.

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– A ênfase proposta por Demsetz é diferente daquela proposta pelos autores da teoria dos custos de transação. Segundo estes, a firma é substituída pelo mercado quando os custos de transação são menores (ou, inversamente, o mercado é substituído pela firma quando os custos de transação são maiores)..

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– Segundo Demsetz, a forma de gerenciar é que muda. Se os custos de transação se elevam, o gerenciamento da firma implicará maior integração vertical.

– Se os custos de transação se elevam, o gerenciamento implicará menor integração vertical. Esta ênfase implica admitir que sempre há gerenciamento (o que significa romper com o paradigma da descentralização perfeita e da impessoalidade, mesmo quando todas as firmas são constituídas apenas por um indivíduo, produtor independente).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 39

– Não é realista, como muitos autores fazem ao utilizar a teoria dos custos de transação, supor que todas as firmas podem produzir bens ou serviços com a mesma qualidade ou produtividade.

– Ou, em outras palavras, uma firma e o mercado (que inclui outras firmas) não são substitutos perfeitos (segundo Demsetz, a razão está no custo de informação.).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 40

– Mesmo que os custos de transação fossem zero e o custo de gerenciamento fosse positivo, poderia ser conveniente para a firma internalizar a produção, se os seus custos de produção fossem menores do que qualquer outra alternativa. Ao contrário do que supõe o modelo de concorrência perfeita, a informação não é perfeita nem livre.

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– A diferença entre firmas importa muito. Uma determinada firma pode não ser capaz de replicar a soma do que é realizado independentemente por um conjunto de firmas, por razões que não estão ligadas a custo de transação ou de gerenciamento.

– – Cada firma é um conjunto de arranjos e

compromissos, envolvendo tecnologia, pessoas e métodos, que estão contidos no conjunto de informações especificamente associado a esta firma, o qual não pode ser facilmente alterado ou imitado. Os componentes deste conjunto incluem custos de transação, mas estes não são os únicos.

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A teoria neoclássica da empresa

• Aspectos internos (estrutura interna) são desconsiderados

• A empresa como uma “black box”• A empresa como função de produção• Problema da empresa é eficiência na

escolha da cesta de fatores/insumos e na cesta de produtos

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A teoria neoclássica da empresa

Razões para a vigência do enfoque neoclássico da empresa (cf. Hart (1995)

• Qualidade da formalização matemática, geral e elegante;

• Utilidade para analisar a reação da firma diante de mudanças exógenas no ambiente, tais como impostos, preços dos fatores, salários etc.

• Utilidade para analisar interação estratégica entre oligopolistas, relacionando o grau de concentração na indústria e o nível de produção e preços;

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A teoria neoclássica da empresa

• Se a troca no mercado gera eficiência e bem-estar social (com pressupostos de racionalização e informação perfeita), por que parte das transações são internalizadas?

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A teoria neoclássica da empresa

• Por que os sistemas capitalistas não são caracterizados predominantemente por um amplo conjunto de produtores independentes operando nos mercados?

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O problema da existência da empresa:

A formulação de Coase• Qual a natureza da empresa?• Quais são os limites da empresa?• O que determina o escopo horizontal

da empresa?• O que determina o escopo vertical da

empresa?

Perguntas não respondidas pela teoria neoclássica da empresa

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O problema da existência da empresa: a formulação de Coase

• O escopo horizontal: deseconomias de escala determinam o limite superior de produção potencial da empresa

• Mas quais são as fontes das deseconomias?

• Por que não replicar a planta, se houver custo médio crescente na produção?

• Teoria tradicional é teoria da planta e não da empresa

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O problema da existência da empresa: a formulação de Coase

COMPONENTESMATÉRIAS

PRIMASSISTEMAS MONTAGEM DISTRIBUIÇÃO

SERVIÇOS DE SUPORTE: contabilidade, assessoria jurídica, finanças, processamento, sistemas de informação, planejamento estratégico, recursos humanosTRANSPORTE E ARMAZENAMENTO

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O problema da existência da empresa: a formulação de Coase

• O escopo vertical: o que determina o número de estágios do processo de produção que serão internalizados na organização interna da empresa?

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O problema da existência da empresa: a formulação de Coase

• A teoria tradicional apenas sustenta que a especialização e divisão do trabalho gera economias de escala que justificam a internalização de atividades ou estágios produtivos.

• Pergunta: por que as transações entre os estágios sucessivos não poderiam ser feitas usando a coordenação do sistema de preços (mercados)?

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O problema da existência da empresa: a formulação de Coase• Proposição 1: empresas e mercados são

modos alternativos de coordenação das transações inerentes ao sistema econômico

• Mercado: coordenação por sistema de preços (incentivo)

• Empresa: coordenação por autoridade (comando)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 52

O problema da existência da empresa: a formulação de Coase• Proposição 1: empresas e mercados são

modos alternativos de coordenação das transações inerentes ao sistema econômico

• Com a suposição de que as trocas no mercado levam à minimização de custos e exaustão dos ganhos de comércio (eficiência produtiva e alocativa, por que então existem empresas?)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 53

O problema da existência da empresa: a formulação de Coase• Proposição 2: há custos de utilizar o

mecanismo de mercado que são economizados através da utilização do mecanismo de comando na empresa

• Qual a natureza destes custos?• O que determina o limite de integração

vertical? • Quais são os custos da organização

interna?

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A investigação sobre a natureza da firma e o desenvolvimento da teoria dos custos de transação

• Williamson: transações, incerteza, comportamento oportunista, especificidade de ativos, estruturas organizacionais de governança das transações (leitura do texto original)

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A decisão de fazer ou comprar (make or buy)

MATÉRIAS

PRIMAS

INSUMO B PRODUTO A CLIENTE

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A decisão de fazer ou comprar (make or buy)

• Modos de organização alternativos:

– Mercados “spot”– Contratos de longo prazo– Integração vertical

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A decisão de fazer ou comprar (make or buy)

• Modos de organização alternativos:

– Mercados “spot”: a quantidade e o preço do insumo são determinados no mercado. Os termos de troca são determinados a cada transação.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 58

A decisão de fazer ou comprar (make or buy)

• Modos de organização alternativos:

– Contratos de longo prazo: os termos de troca entre produtores de A e fornecedores de B são determinados em um contrato (preços e quantidades), que governarão as presentes e as futuras transações

2005/1 Prof. Hélio Henkin 59

A decisão de fazer ou comprar (make or buy)

• Modos de organização alternativos:

– Integração vertical: a produção de B é integrada à produção de A (in-house)

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SPOT MARKETS

• Vantagens:

1) Eficiência adaptativa;2) Minimização de custo;3) Realização de economias de escala.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 61

SPOT MARKETS

• Vantagens:

1) Eficiência adaptativa:Variações no preço do insumo ou na demanda pelo insumo provocarão alterações (respectivamente) na quantidade e no preço do insumo, garantindo a realização do excedente máximo

2005/1 Prof. Hélio Henkin 62

SPOT MARKETS

• Vantagens:

2) Minimização de custos:

- dado que a firma é o “residual claimant” (absorve a renda líquida da empresa), internalizando os benefícios marginais de investimento em redução de custo;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 63

SPOT MARKETS• Vantagens:

2) Minimização de custos:

Exemplo: Lucro (q, e) = p.q - c(q,e) - eonde e= investimento ou esforço de reduzir

o custoA hipótese de maximização do lucro leva a:d c(q*,e*)/de = -1. Neste ponto o

investimento para reduzir o custo é maximizado, pois dc/de<0.

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SPOT MARKETS

• Vantagens:

3) Economias escala:

Se há economias de escala, é vantajoso fazer outsourcing quando a escala de utilização do insumo é menor do que a correspondente à escala ótima mínima (esta é uma razão da especialização, a la A. Smith)

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Implicação das fontes das vantagens dos Spot Markets

• Se a fonte está associada a adaptação e minimização de custo, quando estas não forem facilmente viabilizadas (por ser onerosa a troca de fornecedor) então haverá limites para os ganhos da troca. Se houver algo que ligue (“tranca”) o comprador ao fornecedor, então haverá incentivos à integração (em algum grau);

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Implicação das fontes das vantagens dos Spot Markets

• A situação de relação “ligada” ou “trancada” ocorre quando há investimentos específicos à relação, formando especificidade de ativos;

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Especificidade de ativos

• Quando a realização do potencial de ganhos de troca exige investimentos específicos, que “customizarão” o suprimento para um determinado comprador, surgem duas possibilidades:– há um custo adicional da customização;– o uso alternativo do ativo propicia um

valor inferior ao valor investido;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 68

Especificidade de ativos

• O custo do investimento específico é um custo irrecuperável (sunk costs);

• A existência dos investimentos específicos representa um incentivo a uma relação de longo prazo.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 69

Especificidade de ativos

• Especificidade de ativos físicos;

• Especificidade de localização;

• Especificidade de recursos humanos;

• Ativos dedicados.

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O Problema de Holdup

• Seja

• A = empresa fornecedora do input A• B = empresa compradora de A e

produtor de B (produto final)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 71

O Problema de Holdup

• Ca = Custo de produzir o input A• Ca = F + TVA• onde

› F = custo fixo para produzir A› TVA = custo variável para produzir A

2005/1 Prof. Hélio Henkin 72

O Problema de Holdup

• R = receita esperada de vender o produto final B

• TVB = custo variável de produzir B exceto o custo de produzir A

• T = custo adicional de obter um outro fornecedor que não A

2005/1 Prof. Hélio Henkin 73

O Problema de Holdup

• V = ganhos de troca entre A e B• V = R - TVA - TVB• V = é o excedente operacional

que pode ser dividido entre as duas empresas após F ter sido comprometido

2005/1 Prof. Hélio Henkin 74

O Problema de Holdup

• Em caso de descontinuidade da relação de suprimento, quais são as melhores alternativas para as duas empresas?– A empresa A pode vender o seu

equipamento por S no mercado de usados– A quase-renda de A é (F-S), que é o

benefício de continuar no negócio. (F-S) é o sunk-cost, coberto pela quase-renda, neste caso

2005/1 Prof. Hélio Henkin 75

O Problema de Holdup

• Em caso de descontinuidade da relação de suprimento, quais são as melhores alternativas para as duas empresas?– A empresa B deveria despender F mais T

(seja terceirizando ou produzindo internamente)

– O retorno de B passa a ser (V-F-T);– A diferença de retorno entre manter a

relação é a quase-renda de B: retorno de não mudar (V-F) e retorno ao mudar (V-F-T).

– Portanto, a quase-renda de B é igual a T.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 76

O Problema de Holdup

• Em caso de descontinuidade da relação de suprimento, quais são as melhores alternativas para as duas empresas?

– O excedente alternativo (outside surplus) é o excedente agregado que é gerado se a relação termina: O = (V-F-T)+S. O primeiro termo é o retorno de produzir na nova condição. O segundo é o valor da venda do ativo específico.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 77

O Problema de Holdup

• A decisão de manter ou mudar

– A vantagem das duas empresas em manter a relação é dada pela diferença entre V (o ganho de troca ex-post dentro da relação) e O (o ganho fora da relação).

– Por definição, esta diferença é a quase-renda total (“agregada”): Q = (F-S)+T.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 78

O Problema de Holdup

• A decisão de manter ou mudar

– Se ( F-S) - a quase-renda do fornecedor - for igual a zero (F=S), e se T(a quase-renda do comprador) for igual a zero, então não há vantagens numa relação de longo-prazo e não haveria problemas de holdup. As empresas podem facilmente encontrar outros parceiros, sem custo adicional. Não há custo irrecuperável na produção do input.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 79

O Problema de Holdup

• A decisão de manter ou mudar

– Mas se (F-S) >0 e T>0 (e portanto Q>0), então há vantagens de manter a relação e as duas partes estão “locked in” (the relationship).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 80

O Problema de Holdup

• A decisão de manter ou mudar

– Romper a relação destruiria ganhos potenciais de troca equivalentes à quase-renda. (Ou, diminuiria os ganhos de troca da relação no montante equivalente à quase-renda). Por definição, a quase-renda é a diferença entre ficar e não-ficar no negócio, isto é, o que se ganha para cobrir os custos irrecuperáveis (no caso específico, o “custo irrecuperável” de B é T).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 81

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– A criação de quase-renda (ou a existência de quase-renda) propicia um incentivo à renegociação e à apropriação de quase-renda da outra parte no contrato.

– Exemplo: após a compra de F e a celebração do contrato, B pode propor a A pagar apenas S+TVB + $1,00, ao invés de pagar F = TVB (pode alegar queda na demanda, por exemplo....).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 82

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– Se A recusa, sua alternativa é ganhar S. Se aceita, ganha S + $1,00!

– Se aceita, a perda é (F-(S+1)).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 83

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– Mas A pode também holdup B, dizendo que seus custos aumentaram e que somente pode fornecer o input a um preço (F + T + TVB - $1,00). Se B recusa, sua alternativa é obter o input ao preço (F+T+TVB). Se aceita, gasta (F+T+TVB - $1,00). Se aceita, então, gasta menos (equivalente a $1,00)!

2005/1 Prof. Hélio Henkin 84

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– Mas, aceitando, A tem uma perda na sua quase-renda de (T - $1,00).

– Nos dois casos, a ameaça está baseada em retirar a quase renda do outro menos $1,00. Isto é, marginalmente a outra parte continua melhor na relação em relação a sair. Mas em ambas as ameaças, há perdas consideráveis em relação ao que foi negociado ex-ante.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 85

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– Se uma relação contratual de longo-prazo é estabelecida - em decorrência de vantagens comparadas à situação de estar fora desta relação - então surge espaço para o comportamento oportunístico de qualquer parte do contrato, que buscará apropriar parcela substancial da vantagem que a outra parte tem em estar na relação (esta vantagem é a quase-renda desta parte!)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 86

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– O problema de holdup refere-se à situação em que o comportamento oportunístico ex-post pode ameaçar expropiar a quase-renda de uma das partes (e se, bem sucedido, promover uma redistribuição das quase-rendas).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 87

O Problema de Holdup

• Holdup e incentivo ex-post à apropriação de quase-renda

– A redistribuição dependerá do poder de barganha de cada parte. O poder de barganha está associado à existência de alternativas. Quem tem mais alternativas, tem maior poder de barganha.

– Quanto mais fácil for reutilizar os ativos, maior o poder de barganha ou menor a vulnerabilidade à ameaça e comportamento oportunístico.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 88

O Problema de Holdup

• Especificidade temporal

– Ocorre quando o tempo de performance é crítico.

– Exemplos:• o valor depende do prazo de entrega

(jornais);• a produção ocorre em série (exemplo: T & A)• o produto é perecível (vegetais);• o custo de armazenamento é alto (energia

elétrica, gás natural).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 89

O Problema de Holdup

• O problema de holdup e a coordenação da produção

– Quando há problema de holdup, a utilização de spot markets não é adequada (pois não há punição para o comportamento oportunístico);

2005/1 Prof. Hélio Henkin 90

O Problema de Holdup

• O problema de holdup e a coordenação da produção: contratos

– Um contrato não seria um mecanismo baseado em mercado, capaz de alinhar os incentivos e promover eficiência adaptativa?

– Incluindo sanções, os incentivos ao comportamento oportunístico seriam atenuados.

– Incluindo contingências, a adaptação a mudanças seria considerada.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 91

O Problema de Holdup

• O problema de holdup e a coordenação da produção: contratos

– Exemplo: se um subcontratante eleva a demanda por um insumo, o subcontratado pode exigir que este aumento seja acompanhado de um aumento do preço (mesmo que o custo marginal seja constante).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 92

O Problema de Holdup

• O problema de holdup e a coordenação da produção: contratos

– Mas não seria a solução um contrato que estabelecesse uma regra de de custo = preço marginal e de determinação da quantidade pelo comprador? Trata-se de um cost-plus contract (plus refere-se a lucros normais). Este contrato propiciaria eficiência adaptativa.

– Mas ainda assim, haveria problemas, pois há incentivos para o fornecedor superestimar os seus custos.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 93

O Problema de Holdup

• Contratos completos e contratos incompletos

– Contrato Completo: nunca precisará ser revisado ou modificado; é aplicável, pois a corte judiciária terá elementos para promover o enforcement do contrato, de forma que as partes deverão cumprir o contrato, incluindo as sanções em caso de não performance. Um contrato completo governa uma relação de troca de forma não ambígua.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 94

O Problema de Holdup

• Contratos completos e contratos incompletos

– Custos de transação: são os custos de negociar, celebrar e aplicar acordos. Se os custos de transação são nulos, todos os contratos seriam completos e, pelo teorema de Coase, todos os acordos seriam eficientes e os ganhos de troca seriam exauridos!

2005/1 Prof. Hélio Henkin 95

O Problema de Holdup• Contratos completos e contratos

incompletos.

– Mas - no mundo real - os custos de transação não são nulos! Eles envolvem:

• Custos de antecipar contingências e adaptação;• Custos de fazer acordo para cada contingência;• Custo de elaborar o contrato de forma adequada e

clara, para que sua interpretação seja viabilizada (inclusive pela corte judiciária).

• Custo de monitoramento (assimetrias) Ex: VEM -presença de engenheiros da companhia aérea.

• Custos de enforcement (ex: honorários, depósitos judiciais).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 96

O Problema de Holdup• Contratos completos e contratos

incompletos

– Como há custos de transação, os contratos são incompletos:

• Haverá contingências não previstas e lacunas contratuais.

• Haverá problemas de interpretação da linguagem e dos termos do contrato, de modo que será difícil especificar e medir a performance (e será difícil para a corte avaliar as obrigações).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 97

O Problema de Holdup

• Contratos completos e contratos incompletos

– Como há custos de transação, os contratos são incompletos:

• Haverá contingências não previstas e lacunas contratuais.

• Haverá problemas de interpretação da linguagem e dos termos do contrato, de modo que será difícil especificar e medir a performance (e será difícil para a corte avaliar as obrigações).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 98

O Problema de Holdup

• Contratos completos e contratos incompletos

– Quanto mais complexas as transações e quanto mais incertezas houver, mais elevados são os custos de transação;

– Quanto mais complexas as transações e quanto mais incertezas houver, maior a propensão a haver contratos incompletos.

– Quando os contratos são incompletos, os incentivos são alinhados de modo imperfeito e há espaço para o comportamento oportunístico.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 99

O Problema de Holdup• Contratos completos e contratos

incompletos

– Num mundo de contratos incompletos:

1) As empresas procurarão firmar contratos mais complexos, para antecipar problemas de holdup

2) O problema de holdup levará a custos de renegociação de contrato;

3) Há custos de promover ou prevenir o holdup (recursos produtivos podem se dedicar a isto, o que tem valor privado - redistribuição de excedente - mas não tem valor social - nada é produzido).

4) Falhas na renegociação provocarão queda no excedente produzido (trocas não exauridas)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 100

O Problema de Holdup• Contratos completos e contratos

incompletos

– Num mundo de contratos incompletos:

5) As empresas poderão elevar seus investimentos ex-ante, procurando evitar a dependência de um único fornecedor; pode haver, em decorrência, redução de economias de escala e perda em eficiência produtiva;

6) Subinvestimento: as empresas poderão reduzir seus investimentos em ativos específicos, procurando investir em ativos de propósito geral; isto gerará ineficiência. Nos dois casos, há perdas nos ganhos de troca. O problema do subinvestimento ocorre porque o holdup elimina a condição de residual claimant. A firma não captura na margem todos os ganhos criados pelo investimento.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 101

O Problema de Holdup

• Contratos completos e contratos incompletos

– O contrato de longo prazo busca minimizar o problema de holdup. Mas ele também pode ser fonte de holdup! Na medida em que cria rigidez no tratamento de contingências, e na medida em que há erros ou inadequações verificadas ex-post, manter o contrato pode ser vantajoso para uma das partes e criar um problema de holdup. (Ex: contratos pelo IGP-M, dolarizado).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 102

O Problema de Holdup

• Subinvestimento em Ativos Específicos e Holdup

– Seja S fornecedor de um input– Seja p o preço acertado ex-ante entre

comprador e vendedor.– Seja C = c(e) + e;

• C = custo de produção do input• e = investimento em ativo específico à relação• dc/de < 0

2005/1 Prof. Hélio Henkin 103

O Problema de Holdup

• Subinvestimento em Ativos Específicos e Holdup

– Seja o lucro do fornecedor π = p - c (e) - e – Se o produtor espera com certeza

receber p, então o esforço de investimento será dado por:

• (-dc(e*)/de) = 1 (ou seja, -dc(e*) = de)• esta expressão indica que o benefício marginal

em redução de custo iguala o custo de fazer e.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 104

O Problema de Holdup

• Subinvestimento em Ativos Específicos e Holdup

– A quase renda do vendedor é dada por• q = p - c(e) (receita menos custos recuperáveis)• Se o comprador está apto a se apropriar de

metade da quase-renda, então o pagamento esperado para o fornecedor é : ph = p - ((p-c)/2) = (p+c)/2

• Os lucros do fornecedor são: πh = (p-c(e)) /2 - e• Qual é, nesta situação de holdup, o nível de

investimento em ativo específico que maximiza o lucro?

2005/1 Prof. Hélio Henkin 105

O Problema de Holdup

• Subinvestimento em Ativos Específicos e Holdup

– A maximização de lucro implica:

• 0 = -dc(e)/2.de - 1 • Logo -dc(eh)/de = 2. • Como dc/de<0, isto implica que quanto maior e,

menor o custo. Para maximizar o lucro, o investimento não precisa ir até o ponto em que dc/de =-1. Portanto, o investimento será menor do que na situação sem holdup.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 106

O Problema de Holdup

• Subinvestimento em Ativos Específicos e Holdup

– Exemplo:• Seja c(e) = F/e;• dc(e)/de = - F/e2.• Na situação 1, dc(e)/de = -1. Logo, - F/e2 = -1.

Teremos, então, e = F(1/2)

• Na situação 2, dc(eh)/de = -2. Logo, - F/e2 = -2. Teremos,

• então, eh = (F/2) (1/2) < e. Portanto, confirma-se que há subinvestimento em ativos específicos quando há problema de holdup.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 107

O Problema de Holdup• Neste enfoque, o investimento específico é

sensível (negativamente) à expectativa de comportamento oportunístico (e também à “autopercepção” do poder de barganha do agente vis-a-vis o outro contratante);

• O problema de holdup existe potencialmente para ambas as partes. Mas quanto maior o valor dos investimentos em ativos específicos à relação de um agente (em proporção ao seu capital), maior sua vulnerabilidade ao holdup.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 108

O Problema de Holdup

• Se a expectativa de holdup é muito elevada, a tendência é de redução dos investimentos específicos. Ao longo do tempo, esta pode ser uma situação que estimule a integração vertical.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 109

A integração vertical sob o enfoque dos custos de transação

e custos de organização

2005/1 Prof. Hélio Henkin 110

Custos de Transação

1) Custo de descobrir quais são os preços relevantes para se estabelecer determinadas escolhas;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 111

Custos de Transação

2) Custos de negociar e concluir um contrato separado para cada transação que ocorre no mercado;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 112

Custos de Transação

3) Dificuldades para estabelecer especificações no suprimento de bens e serviços em contratos de longo prazo;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 113

Determinantes “organizacionais” do tamanho da empresa

1) Quanto menor for o custo de “organização” e mais lento for o aumento de custo à medida que se aumenta a quantidade de transações organizadas;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 114

Determinantes “organizacionais” do tamanho da empresa

2) Quanto menor for a ocorrência de erros no processo de coordenação por parte do “entrepreneur” e menor o crescimento de erros quanto a organização aumenta;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 115

Determinantes “organizacionais” do tamanho da empresa

3) Quanto menor for o preço da oferta de fatores da produção para as empresas que aumentem de tamanho;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 116

Hipóteses comportamentais

• Comportamento oportunístico

• “Racionalidade limitada”

2005/1 Prof. Hélio Henkin 117

Taxonomia dos contratos

• Contrato clássico: busca facilitar a troca ou transação através da ênfase em duas características básicas:

1) Autonomia (do contrato), no sentido de que os termos do contrato não se relacionam com fatos que estão além da transação presente;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 118

Taxonomia dos contratos

• Contrato clássico: busca facilitar a troca ou transação através da ênfase em duas características básicas:

2) As contingências futuras relevantes estão previstas no contrato;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 119

Taxonomia dos contratos

• Contrato neoclássico: contrato que introduz flexibilidade através da presença de uma terceira parte (arbitragem), evitando o litígio e propiciando a perspectiva de continuidade ou completude do contrato.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 120

Taxonomia dos contratos

• Contrato relacional: contrato que inclui um amplo conjunto de normas que vão além daquelas centradas na transação ou nos processo imediatamente ligados a ela, implicando uma espécie de “mini-sociedade” e uma característica de maior adaptabilidade às contingências

2005/1 Prof. Hélio Henkin 121

Dimensões críticas das transações

1) Incerteza

2) Freqüência

3) Nível de investimentos específicos à transação

2005/1 Prof. Hélio Henkin 122

Freqüência das transações

1) Única

2) Ocasional

3) Recorrente

2005/1 Prof. Hélio Henkin 123

Grau de investimentos específicos à transação

1) Investimentos não específicos

2) Investimentos mistos

3) Investimentos específicos

2005/1 Prof. Hélio Henkin 124

Quadro de exemplos de transações quanto aos critérios propostos

FREQÜÊNCIA INVESTIMENTO NÃO-ESPECÍFICO

INVESTIMENTO MISTO

INVESTIMENTO ESPECÍFICO

OCASIONAL Aquisição de equipamento standard

Aquisição de equipamento customizado

Construção de uma fábrica

RECORRENTE Aquisição de produto intermediário standard

Aquisição de produto intermediário customizado

Suprimento localizado de produto intermediário em estágios sucessivos

2005/1 Prof. Hélio Henkin 125

Estruturas de governança das transações

• Formas organizacionais e contratuais

2005/1 Prof. Hélio Henkin 126

Tipo de Transação Tipo de estrutura de governança

Ocasional com investimento não específico

Regência pelo mercado; contratação clássica

Recorrente com investimento não específico

Regência pelo mercado; contratação clássica

Ocasional com investimento misto

Regência trilateral: contrato neoclássico

Recorrente com investimento misto

Regência trilateral: contrato neoclássico

Ocasional com investimento específico

Regência Bilateral: contratação relacional

Recorrente com investimento específico

Regência unificada: integração vertical

2005/1 Prof. Hélio Henkin 127

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Langlois e Robertson (L & R): proposição de uma teoria da firma como (i) parte de um enfoque dinâmico sobre o papel das instituições e (ii) como um enfoque de longo prazo que tende a complementar, ampliar e englobar o enfoque da teoria dos custos de transação

• Uma teoria dinâmica das business institutions (“organizações de negócios”)

• Filiação: pós-Marshalliana; neoshumpeteriana

2005/1 Prof. Hélio Henkin 128

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• A Nova Economia Institucional: foco na natureza e no papel das instituições sociais (reconhecida com os Prêmios Nobel de Economia para Coase e para North)

• A firma como parte de um subconjunto das instituições sociais: business institutions (instituições econômicas ou de negócios)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 129

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Business institutions: o largo conjunto de estruturas organizacionais, que vai da firma (como business organization) até os “mercados”;

• BI são parte das instituições legais, mas aqui se trata de mais do que a questão dos direitos de propriedade e do arcabouço legal que define as BI

2005/1 Prof. Hélio Henkin 130

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Na teoria geral das instituições, destaca-se a idéia de padrões recorrentes de comportamento: rotinas, convenções e hábitos.

• Na teoria dinâmica das BI, Langlois e Robertson propõem uma perspectiva similar: a forma mais elementar de uma BI é a rotina produtiva, um padrão habitual de comportamento que incorpora o conhecimento tácito e skill-like

2005/1 Prof. Hélio Henkin 131

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Nelson e Winter: utilização da noção de rotina como base para uma teoria evolucionária da estrutura setorial e do crescimento econômico;

• Mas o tratamento da Nova Economia Institucional às questões organizacionais foi pioneiramente realizado com base na TCT;

• O enfoque de Langlois-Robertson é uma tentativa de tratar a questão da organização pelo enfoque evolucionário das “economic capabilities”

2005/1 Prof. Hélio Henkin 132

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• O tema das BI transcende a esfera de interesse teórico. Muito do debate sobre política industrial dos anos 90 e do início do século XXI é implicitamente um debate acerca de padrões e estruturas organizacionais.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 133

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Apesar da recorrência dos temas sobre regime regulatório e política governamental, também há o tema das BI está presente no debate: quais são os padrões de organização mais capazes de propiciar inovação e crescimento econômico? Grandes empresas verticalizadas são uma forma superior às redes flexíveis de firmas especializada, ou vice-versa? Os padrões institucionais, por exemplo, do Japão, são superiores a outros padrões em outros países?

2005/1 Prof. Hélio Henkin 134

A firma como instituição de coordenação de recursos e capacitações/competências

• Antecedentes: Adam Smith, Alfred Marshall, Schumpeter;

• G. B. Richardson, Edith Penrose, Alfred Chandler, Richard Nelson, Sidney Winter, Brian Loasby, David Teece, Morris Silver.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 135

Panorama da teoria da firma

• A TCT (segundo L & R) vê as instituições (BI) como respostas ótimas a problemas de incentivo;

• Embora a TCT também admita a importância do problema de coordenação de recursos (por exemplo, quando fala de especificidade de ativos), o foco principal está em aspectos de comportamento que impedem o mercado de prover a melhor solução para o problema de coordenação.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 136

Panorama da teoria da firma

• Observação (HH): parece necessário definir melhor os conceitos de “coordenação”, “coordenação de recursos”, “coordenação efetiva” impedida por aspectos de “comportamento”.

• Langlois: a TCT “mainstream” explica a firma como uma solução de um jogo tipo “dilema do prisioneiro”; neste jogo, o problema é menos de informação (pois realmente os jogadores têm informação sobre as alternativas e pay-offs) do que de incentivo.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 137

Panorama da teoria da firma

• Observação (HH): parece necessário definir melhor os conceitos de “coordenação”, “coordenação de recursos”, “coordenação efetiva” impedida por aspectos de “comportamento”.

• Langlois: a TCT “mainstream” explica a firma como uma solução de um jogo tipo “dilema do prisioneiro”; neste jogo, o problema é menos de informação (pois realmente os jogadores têm informação sobre as alternativas e pay-offs) do que de incentivo.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 138

Panorama da teoria da firma

• A escolha da estrutura de governança - nos termos propostos por Williamson - é um problema de alinhamento de incentivos e superação do comportamento oportunístico.

• Conforme L & R, na formulação de Williamson a razão de ser da firma não está na coordenação em si (como tal), mas na habilidade de prover coordenação quando incentivos divergentes entre compradores e vendedores e entre agentes e principais impedem a operação eficiente e smooth do mercado

2005/1 Prof. Hélio Henkin 139

Panorama da teoria da firma

• Ainda conforme Langlois, a TCT não examina detidamente a razão pela qual a coordenação é necessária

• Para L & R), a coordenação eficiente dos recursos não apenas permite eficiência operacional na produção e distribuição de produtos e serviços nos sistemas produtivos existentes, mas também é de vital importância para usos estratégicos que requerem nova (e incerta) combinação de recursos.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 140

Panorama da teoria da firma

• Neste linha de raciocínio, as BI e, de modo especial, as firmas têm valor porque elas podem prover esta função de coordenação e não a mera função de alinhamento de incentivos. Num mundo de incerteza fundamental, no qual as capacitações e conhecimento diferem entre os diferentes atores, esta função de coordenar o emprego dos recursos pode ser mais importante do que a de resolver problemas de incentivo (e oportunismo?).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 141

Panorama da teoria da firma

• L & R estão propondo uma abordagem que complementa e amplia a perspectiva teórica da firma, enfatizando a relação entre incerteza, mudança tecnológica e a necessidade de coordenação dos recursos.

• HH: esta é uma perspectiva que - além de não ser excludente com a TCT e o problema dos incentivos, como propõem os próprios L & R - associa coordenação com comando estratégico;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 142

Panorama da teoria da firma

• HH: tanto ou mais do que um problema de coordenação (no sentido de ajustar e compatibilizar), parece estar implícito na perspectiva dinâmica de L & R que a firma tem valor porque propicia direcionamento estratégico em condições de incerteza e mudança econômica e tecnológica

• HH: direcionamento estratégico implica definir o mercado-alvo (geografia, segmentos de mercado consumidor), analisar a concorrência efetiva e potencial, fazer a escolha de produtos e processos, entre outros aspectos

2005/1 Prof. Hélio Henkin 143

Panorama da teoria da firma

• L & R: O repertório de rotinas em uma organização (ou rede de organizações) forma o conjunto de capabilities (competências) da organização ou rede de organizações

• A la Shumpeter: 1) as organizações que criam e utilizam competências superiores apresentam uma melhor performance; 2) o processo competitivo é o processo em que surgem e são testadas novas competências

2005/1 Prof. Hélio Henkin 144

Panorama da teoria da firma

• L & R: Este processo competitivo (no enfoque shumpeteriano) é complexo e sujeito a circunstâncias históricas; mas há algumas (poucas) generalizações teóricas que se podem fazer para prever que alguns tipos de BI terão mais probabilidade de ser bem sucedidas do que outras, em várias circunstâncias.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 145

Panorama da teoria da firma

• Aspectos críticos na determinação da forma apropriada de BI: 1) a natureza da mudança econômica com a qual a instituição se confronta; 2) a estrutura existente de competências (capabilities) relevantes, incluindo o conteúdo substantivo destas competências e a estrutura organizacional que as utiliza no processo competitivo.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 146

Panorama da teoria da firma

• Aspectos críticos na determinação da forma apropriada de BI: (1)

• Um padrão típico de mudança na história das BI:

– surgimento de uma inovação sistêmica, que traz o potencial de criação de novo valor através de um novo produto, ou redução de preço, ou retorno crescente para os provedores de inputs;

– o sucesso desta inovação sistêmica requer mudança simultânea em vários estágios da produção

– mas isto pode implicar a obsolescência antecipada de ativos

– e pode implicar a necessidade de competências não em uso na produção corrente

2005/1 Prof. Hélio Henkin 147

Panorama da teoria da firma• Um padrão típico de mudança na história das BI:

– e pode implicar a necessidade...– se as competências existentes estão sob diferentes

propriedades (e coordenadas por mecanismos de mercado), surge a rationale para a existência da firma;

– neste cenário, a firma surge porque ela pode - de forma mais “barata” - redirecionar, coordenar e criar novas competências para fazer a inovação funcionar;

– A firma - com o controle mais concentrado do que na regência de mercado - pode contornar a relutância dos detentores dos ativos vítimas da “destruição criativa” e também os custos de transação dinâmicos de informar e persuadir novos provedores de insumos com as necessárias competências;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 148

Panorama da teoria da firma

• Um padrão típico de mudança na história das BI:

• Exemplos de mudanças econômicas com inovações sistêmicas:

– sistemas de refrigeração (indústria de alimentos);– redução do custo de transporte;– microprocessadores;– sistemas operacionais;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 149

Panorama da teoria da firma

• Um padrão típico de mudança na história das BI:

– A formação da produção em larga escala seria, então, um caso concreto explicado por uma teoria ou visão shumpeteriana da integração vertical (mas uma teoria empreendedora e estratégica)

– A firma contorna os custos dinâmicos de transação, com o controle central do processo de reconversão das competências (ou realocação), quando esta realocação é onerosa

2005/1 Prof. Hélio Henkin 150

Panorama da teoria da firma

• Mas, diferentemente de Shumpeter e outros autores, L & R sustentam que a superioridade da firma em relação a outras alternativas organizacionais não é permanente. Quando a oportunidade de empreender não exige mudança sistêmica ou quando as necessárias novas competências estão acessíveis no mercado, a rationale da firma enfraquece.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 151

Panorama da teoria da firma

• O nível dos custos de transação e o valor relativo das competências mantidas pelas firmas tendem a decrescer ao longo do tempo, pois o conhecimento vai se difundindo.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 152

Panorama da teoria da firma

• As pessoas podem encontrar caminhos para eliminar obstáculos ao funcionamento regular dos mercados, e outras firmas podem adquirir competências e rotinas que antes eram tácitas, através de procedimentos de tentativa e erro. Assim, se no estágio inicial das inovações sistêmicas as competências acabam sendo concentradas na firma, a maturidade da inovação induz ou permite a especialização de funções

2005/1 Prof. Hélio Henkin 153

Panorama da teoria da firma

• Além disso, em muitas circunstâncias, a padronização (standardization) cria economias externas de escopo, que substituem a coordenação centralizada das competências complementares (como no caso dos sistemas modulares, presentes na indústria dos sistemas stereofônicos ou dos computadores pessoais IBM-compatíveis). Com isto, os produtores de componentes tornam-se mais especializados e promovem melhorias de forma independente.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 154

Panorama da teoria da firma

• O “outro lado da moeda” de ver a firma como um conjunto de competências, hábitos e rotinas é admitir que também as firmas padecem de inércia institucional, revelando-se eventualmente incapazes de reorientação estratégica e abrindo espaço para as pequenas empresas inovadoras.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 155

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Questões principais a tratar:

– O propósito das firmas (organizações) (o porquê das firmas)

– As dimensões das firmas (organizações): escala e escopo

2005/1 Prof. Hélio Henkin 156

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– As firmas e outros tipos de organização são constituídas por duas partes distintas (mas cambiáveis)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 157

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– Primeira parte: núcleo intrínseco (intrinsic core), constituído por elementos que apresentam sinergia idiossincrática, são inimitáveis e não concorrentes ou contestáveis.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 158

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– As capacitações no núcleo intrínseco não são duplicáveis, adquiríveis ou vendáveis, pois elas se combinam de forma a gerar um resultado único superior ao que seria obtido se cada elemento do núcleo intrínseco fosse utilizado separadamente

2005/1 Prof. Hélio Henkin 159

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma

• Argumento básico:

– O restante da organização (a segunda parte) é constituído por capacitações complementares ou auxiliares, que são contestáveis ou podem não ser únicas.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 160

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma

• Argumento básico:

– A fronteira da organização corresponde ao grau de internalização das capacitações complementares

2005/1 Prof. Hélio Henkin 161

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– A fronteira da organização, neste sentido, dependerá:

1) dos custos de produção relativos (isto é, das forças das capacitações próprias da organização em relação àquelas que podem ser adquiridas no mercado;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 162

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– A fronteira da organização, neste sentido, dependerá:

2) nos custos de transação e governança respectivamente englobados nas situações de produzir internamente ou adquirir externamente as capacitações

2005/1 Prof. Hélio Henkin 163

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– Tanto o núcleo intrínseco quanto as capacitações complementares (e os custos de transação prevalecentes) modificam-se ao longo do tempo, pois são alterados e redistribuídos pelo processo de criação e difusão de conhecimento;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 164

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– É o conhecimento que dá suporte estrutural ou cria e recria a estrutura sobre a qual assentam as partes constituintes da organização (o núcleo intrínseco e as capacitações complementares)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 165

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– A longo prazo, a fronteira da organização pode se alterar, na medida em que esta “aprende” e pode modificar as valores relativos das capacitações auxiliares e dos custos de transação e governança.

2005/1 Prof. Hélio Henkin 166

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• Argumento básico:

– Outra possibilidade importante, a longo prazo, diz respeito à erosão do núcleo intrínseco da organização, à medida em que outras organizações adquirem o conhecimento que antes era tácito ou proprietário (através de métodos de busca por tentativa e erro)

2005/1 Prof. Hélio Henkin 167

Essência de um modelo dinâmico evolucionário da

firma• A relação entre estratégia e fronteira

da organização:

– Estratégia defensiva: proteção diante do comportamento oportunístico (para garantir fluxo regular de suprimento de inputs);

– Estratégia ofensiva: criação de novas capacitações, especialmente as idiossincráticas;

2005/1 Prof. Hélio Henkin 168

Observações

• Apesar de L & R não destacarem, a dinâmica de criação e (erosão) dos núcleos intrínsecos depende da estratégia implementada (e, portanto, da dinâmica da concorrência).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 169

Observações

• Apesar de L & R não destacarem, a dinâmica de criação e (erosão) dos núcleos intrínsecos depende da estratégia implementada (e, portanto, da dinâmica da concorrência).

2005/1 Prof. Hélio Henkin 170

Observações

• Neste sentido, estratégia e estrutura estão correlacionadas: a estratégia influencia a estrutura (pois “atribui” valor competitivo ex-ante aos elementos que formarão o núcleo intrínseco e também “escolhe” defensivamente o nível de capacitações auxiliares que serão internalizadas) .....

2005/1 Prof. Hélio Henkin 171

Observações

• ...e a estrutura condiciona a estratégia, pois a criação de novas competências depende das condições iniciais (o núcleo intrínseco e as capacitações auxiliares existentes)