Post on 20-Sep-2018
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 2
Parte III:
Abordagem Histórica da Economia
Brasileira
Capítulo 13:
Economia Agroexportadora
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 3
Agroexportação
• É a forma de inserção da economia brasileira
na economia mundial desde a época colonial,
passando pelo período imperial
• A República Velha é o momento de auge e
ruptura desta forma de inserção
• Cada período foi marcado por um produto que
dava dinâmica ao Balanço de Pagamentos e a
economia: ciclo do açúcar, do ouro, do café etc.
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 4
Vulnerabilidade das economias agroexportadoras
• alto peso do setor externo na economia
• A exportação é variável quase que exclusiva na determinação da renda nacional e de seu dinamismo
• Exportações: dependência de variáveis fora de controle das autoridades nacionais:
– demanda externa, oferta de países concorrentes, comercialização internacionalizada
C. Tavares: Modelo de desenvolvimento voltado para fora
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 5
Agroexportadores
• Exportação: variável
chave na determinação
da renda
• Pauta de exportação
base estreita, poucos
produtos primários
• importações base para
suprir consumo interno
• grande diferença entre
base produtiva e de
consumo
Centrais
• Exportação importante, mas Investimento interno também
• pauta de exportação não diferente de pauta de consumo
• importações atende parte do consumo
• proximidade entre base produtiva e de consumo
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 6
Pauta de Exportação Brasileira - 1900
Açúcar
6%
Borracha
15%
Café
65%
Outros
7%
Couros e Peles
2%Algodâo
3%
Fumo
2%
Fonte: Silva (1957)
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 7
Pauta de Importações - Brasil - 1902/1903
Farinha de Trigo
6%
Máquinas e
Ferramentas
5%
Outros
42%
Carvão de Pedra
6%
Manufaturas de
Ferro e Aço
6%
Bebidas
7%
Manufaturas de
Algodão
12%
Prod. Químicos e
farmaceuticos
3%
Arroz
3%
Charque
5%Trigo em grãos
5%Fonte: Silva (1957)
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 8
As oscilações de preços na economia cafeeira (1)
Preços do café nos Estados Unidos (1851 - 1908)
(USS por saca)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
1851 1856 1861 1866 1871 1876 1881 1886 1891 1896 1901 1906
FONTE: Delfim Netto, A (1966)
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 9
As oscilações de preços na economia cafeeira (2)
As oscilações se devem:
• às condições da demanda (mercado mundial),
– ou seja aos ciclos da economia mundial.
• às condições da oferta
– por exemplo geadas, pragas.
• à defasagem entre o plantio e a colheita do café.
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 10
Deterioração dos termos de troca (1)
• Termos de troca: relação entre os preços das
exportações e das importações de uma economia
• Segundo alguns autores existe a tendência dos
preços dos produtos agrícolas caírem frente as
manufaturas, existe assim uma tendência de
deterioração dos termos de trocas
• Se realmente houver tal tendência haverá uma
perspectiva de crescimento relativamente inferior
das economias agroexportadoras frente às outras
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 11
Deterioração dos termos de
troca (2) • A deterioração dos termos de troca pode
explicada dentre outros fatores por:
– elasticidade renda da demanda de produtos primários menor que 1 e elasticidade renda da demanda de produtos manufaturados maior que 1.
– mercado com características oligopolísticas para produtos manufaturados e mercado concorrencial para os produtos primários.
• O tema é objeto de controvérsia entre os economistas
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 12
Evolução dos termos de troca brasileiros 1850 - 19941930 = 100
0
50
100
150
200
250
300
1850 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Fonte: dados básicos IBGE e IPEAdata
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 13
Os ciclos e os impactos sobre a
economia
Fases de ascensão (queda) do preço internacional do café
Impactos positivos (negativos) sobre o restante da economia
Cresce (diminui) a lucratividade na atividade cafeeira
Boa parte dos lucros (não) são reinvestidos no próprio setor
Aumenta (diminui) o volume de emprego
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 14
A ação do governo e as crise da
economia agroexportadora
• Possibilidades de ação do governo nos
momentos de queda dos preços:
A. Desvalorização cambial.
B. Política de valorização do café.
• Estes mecanismos eram eficientes no curto
prazo para proteger a cafeicultura mas
tinham efeitos negativos a longo prazo
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 15
A desvalorização cambial em
uma economia agroexportadora
• A vantagem é que a desvalorização cambial mantinha em moeda nacional a rentabilidade da cafeicultura e o nível de emprego
• Mas gerava dois tipos de problemas:
– a desvalorização cambial “escondia” os sinais dados pelo mercado (tendência de superprodução de café).
– a desvalorização cambial encarecia todos os produtos importados desta economia (socialização das perdas).
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 16
A política de valorização do café
• A política de valorização do café consistia em reter parte da oferta na forma de estoques.
• Esta política se assemelha a práticas atuais de regulação dos mercados agrícolas por meio de:
Política de preços mínimos – o governo estabelece preços mínimos na safra, a partir dos quais ele adquire e estoca produtos.
Estoques reguladores - estocar na safra para “desovar” os estoques na entresafra, evitando aumentos excessivos de preços na entresafra
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 17
Preços
Preço de liberação
de estoques
Preço mínimo
Tempo
Preçonormal
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 18
Os problemas com a estocagem
de café
• A expectativa é que houvesse nos anos
seguintes uma reversão da oferta de café, mas
esta reversão se mostrava cada vez mais difícil
à medida em que a estocagem ia ocorrendo.
A política acentuava a tendência à
superprodução e outros países também eram
indiretamente incentivados a plantar café.
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 19
A superprodução e a crise da economia cafeeira em 1930
• Com a manutenção da rentabilidade da economia cafeeira, os recursos convergem para esta atividade levando à superprodução.
• Em 1930, dois elementos se conjugaram: A produção nacional era enorme
A economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história.
• Consequências:
Preços despencaram.
o governo passou a queimar parte dos estoques.
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 20
Indústria e economia
agroexportadora
• A fragilização do modelo agroexportador traz à tona a necessidade da industrialização.
• A industrialização brasileira teve início no final do século XIX mas foi a partir da década de 30 que passou a ser meta de política econômica.
• Antes de 1930 as indústrias existentes surgiram nas “franjas” da economia cafeeira, de acordo com as necessidades de atender a um mercado consumidor incipiente
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 21
As Origens da Indústria
Brasileira (1) • Duas correntes procuram explicar a origem
da indústria no período agroexportador:
– teoria dos choques adversos – a indústria surgiu como uma resposta às dificuldades de importar produtos industriais em determinados períodos (I GM e Depressão de 30).
– industrialização induzida por exportações – a indústria crescia nos momentos de expansão da economia cafeeira (expansão da renda e do mercado consumidor).
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 22
Fases de expansão do setor exportador
Aumento de divisas
Investimento industrial pela importação de máquinas.
Crises do setor exportador
Dificuldade de importação de bens de consumo
incentiva a produção nacional.
Ocupação da capacidade instalada e aumento da
produção
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 23
As Origens da Indústria
Brasileira (2)
• A origem do capital industrial é um
vazamento do capital cafeeiro e ela surge
para atender as necessidades da economia
cafeeira.
• De acordo com o censo industrial de 1920, os
produtos têxteis, alimentícios e bebidas,
respondiam por mais de 60% do valor da
produção industrial no país.
Parte III Capítulo 13 Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. 24
Estrutura da produção industrial - Brasil 1919
têxteis
29%
roupas e calçados
9%
produtos alimentícios
21%
bebidas
6%
fumo
5%
madeira e móveis
7%
outros bens de
consumo
7%produtos de metal
4%
mineral não metálico
6%
equipamentos de
transporte
2%
outros - bens de
produção
4%
Bens de Produção
16,6 %
Bens de Consumo
83,4%
Fonte: dados em Baer
(1995)