DIDATICA SEGUNDO A TEORIA DO ENSINO DESENVOLVIMENTAL

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DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

Prof. José Carlos Libâneo

Universidade Pedagógica de Moçambique

Maxixe – Moçambique

Setembro de 2014

TÓPICOS DO CURSO

1. O professor de ensino superior: características profissionais. Objetivos e funções da Universidade. A formação de professores.

2. Conceitos básicos da didática: a mediação docente. Processo de ensino-aprendizagem. Princípios didáticos básicos.

3. Metodologia de ensino I - A atividade docente. A atividade de aprendizagem. Pensamento empírico e pensamento teórico-conceitual. A formação de conceitos. Atividade de estudo.

4. Metodologia de ensino II - Análise e organização do conteúdo, análise dos motivos do aluno, contextos socioculturais e institucionais de aprendizagem

5. A elaboração do plano de ensino.

6. Metodologias ativas para um ensino inovador. Ensino com pesquisa. Ensino por problemas. Ensino e tecnologias da informação e comunicação.

7. Projeto pedagógico-curricular.

Classe introdutória

a) Apresentação do curso. Apresentação dos alunos.• Sua formação inicial, onde trabalha, o que faz,

tema de pesquisa.

b) Minha proposta dos temas do curso

c) Slides: Opinião dos professores sobre características de professor universitário.

d) 10 grupos de 5 alunos cada um para:• Problemas semelhantes, problemas diferentes• Pertinência dos temas e sugestões.

TÓPICOS

1. Breve diagnóstico da docência no ensino superior2. O básico da didática: a mediação docente

- Objeto e conteúdo da didática

- Uma didática para promover e ampliar o desenvolvimento das capacidades intelectuais por meio dos conteúdos

- Ligando o conhecimento do conteúdo e conhecimento pedagógico do conteúdo

3. Metodologia de ensino: análise e organização do conteúdo, análise dos motivos do aluno, contextos socioculturais e institucionais de aprendizagem

4. A elaboração do plano de ensino

EXIGÊNCIAS ECONÔMICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS

OBJETIVOS

CURRÍCULO

ENSINO

AVALIAÇÃO

PLANEJAMENTO

PROJETO PEDAGÓGICO

PLANOS DE ENSINO

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO

PRÁTICAS DE GESTÃO

QUALIDADE COGNITIVA E OPERATIVA DAS APRENDIZAGENS

PONTOS-CHAVE

1. O professor universitário tem duas especialidades

2. Requisitos indispensáveis: conhecimento do conteúdo e conhecimento pedagógico-didático do conteúdo

3. Portanto, como ligar o conhecimento pedagógico ao conhecimento disciplinar

4. Didática: mediação dos conteúdos visando a formação de conceitos (habilidades intelectuais).

Missao da Educação Superior

(Decaração Munduial sobre Eduvcação Superrior no seculo XXI – Unesco – 1998)

1. Educatr e formar pdessoas altamente qualificadas, cidadãs e cidadaos respoonsáveis [...] incljuindo capacitaço0es peofissionjais [...] mediange cvursps que se afdapetem, constatemente às necessidades prresentes e futurasda sociedade;

2. Prover oportunidades para aprendizagedm permeanete;

3. Contribuir na proteção e conmsolidaçao dos valores da sociedade [...] c idfadania democrátivca [perspecgtivasd critivas e independentes, pefrsprcgibvas humanisgtas;

4. Implementar a pesquisa em todas as disciplinas, [...] a inyterdicipinaridade;

5. Reforçar os vínculos entre a educação superior e o mndo do trabalho e os outros setores da sociedade;

6. Novo paradigma da educação superiorquew tenha seu interesse centrado no estudante [...] o que exsigifrá a reforma ded currículos, utilização dde nobvos e apropriados metodos que

DEPOIMENTOS DE ALUNOS DA UCG

Bom professor é aquele que tem conhecimento, domínio da matéria.

Os professores do meu curso são profissionais que têm pouco conhecimento de didática, são competentes na sua área específica, mas não na área do magistério (80% das respostas).

Muitos professores conhecem muito bem sua matéria, mas não são educadores, não ligam para o aluno.

Bons professores são os que se empolgam com a matéria, mas não são donos da verdade.

DEPOIMENTOS DE ALUNOS DE UMA UNIVERSIDADE DO SUL DO PAÍS

O professor Pedro é o melhor porque ele transmite

para a gente o gosto que ele tem pela Matemática, ele nos mostra o prazer de aprender... Bom professor é aquele que domina o conteúdo,

escolhe formas adequadas de aprender a matéria e tem bom relacionamento com os alunos. O melhor professor é aquele que aborda os

assuntos relacionando-os com nossa experiência prática e incentiva os alunos a pesquisarem os assuntos da aula, sem obrigar o “decoreba” das aulas teóricas.

A formação fica prejudicada porque as aulas práticas se resumem ao estágio já no final do curso, não há interdisciplinaridade e não há didática e metodologia adequadas.

Na minha faculdade há professor que parece que gosta de se exibir, fala uma linguagem que ninguém entende.

Vejo avaliação como uma corda no pescoço pronta para ser puxada pelo professor e enforcar o aluno

Vejo avaliação como uma oportunidade de vingança do professor para com o aluno.

Gosto de professor que descomplica o complicado, fala em linguagem simples, é objetivo, ele se esforça para que os alunos compreendam o que está dizendo...

Os professores que mais me marcaram, até agora, foram aqueles que interferiram na minha forma de ver o mundo, nas relações. Isto foi fundamental para mim.

RESTRIÇÕES DE ALUNOS EM RELAÇÃO A PROFESSORES

Não ter domínio do conteúdo. Não explicar o conteúdo ou fazê-lo de forma inadequada. Usar inadequadamente os recursos ou usar somente um recurso. Não ser capaz de motivar os alunos - sua aula é monótona. Não se preocupar em verificar o que o aluno já sabe ou se ele está aprendendo. Não ter didática - apresentar limitações nos métodos e técnicas de aula.

Assumir atitude de superioridade ou ser autoritário. Não usar exercícios e exemplos ou fazê-lo de forma

inadequada. Não promover a interação com os alunos. Não variar a metodologia - Incentivar somente a

memorização. Selecionar e sequenciar os conteúdos de forma

inadequada. Não mostrar interesse na aula que está dando.

Ser inseguro em sala de aula ou gerar insegurança

nos alunos. Comunicar-se mal com os alunos. Falta de clareza - Dificultar a compreensão dos

alunos. Não ter domínio de classe. Não responder às perguntas dos alunos Não obedecer ao horário da aula - usar

inadequadamente o tempo. Não ter critérios coerentes de avaliação.

RESUMINDO: OS PROBLEMAS DO LADO DOS DOCENTES

• Muitos professores universitários, de fato, não têm nenhuma formação pedagógica; alguns têm o magistério como atividade secundária.

• Dar aulas por ensaio e erro, sem dominar metodologias adequadas para o perfil peculiar dos seus alunos.

• Ignorar o mundo dos alunos, sua práticas, seus valores, suas diferenças. Achar que quanto mais distância do aluno, melhor.

• Acreditar que o papel do professor é transferir conhecimento, tomar-se como único depositário do saber.

• Abusar da aula expositiva.• Agir em aula com a idéia de que a habilidade intelectual

mais importante do aluno é a memorização. Basta expor a matéria, porque o bom aluno é o que memoriza o que foi falado e depois repete nas provas. Acreditar que cabeça do aluno é como esponja.

• Dar atividade de pesquisa aos alunos apenas com a idéia de “reforço de conteúdo” (pesquisa na Internet, por ex.) e não como procedimento de ensino e para instrumentalizar os alunos a gerarem novos conhecimentos.

• Avaliar aprendizagem só dando prova e nota

– Usar nota como instrumento de controle do comportamento do aluno, meio de estabelecer autoridade em relação ao aluno, de fazer pressão sobre o aluno

– Ainda existe a ideia de que bom professor é o que dá nota baixa e que reprova. Incoerência entre o ensinado e o avaliado.

• Dar pouca importância ao planejamento das aulas.

• Estar em um ou outro extremo: professores intransigentes, autoritários, excessivamente rigorosos, e professores condescendentes, que confundem práticas democráticas com tolerância e complacência.

• Usar TCI como se fosse uma inovação, mas sem mudar as formas de ensino “transmissivo”.

• Desvalorizar um importante papel de educador: a responsabilidade pela formação da personalidade dos alunos.

MUDANÇAS NOS ALUNOS

• De natureza cognitiva– Mudanças nos processos cognitivos e nos modos de aprender;

– Jovem multi-tarefa

– Predomínio da imagem sobre a palavra escrita

• De natureza valorativa e moral– Tendência a não se identificarem com os valores convencionais

da família, do estado, da igreja, da educação;

– Hedonismo, imediatismo

• Ampliação da diversidade social e cultural no ambiente universitário e nas salas de aula.

• Conflitos adolescência “precoce” X “vida de adulto” tardia, trabalho/estudo

Em relação ao estudo e à aprendizagem:

• Desconhecimento ou despreparo em relação às suas habilidades cognitivas.

• Falta de hábitos de estudo, ou hábitos inadequados.

• Dificuldade de formular perguntas, vergonha, medo de se expor, medo do professor.

• Aluno típico: copia-cola.• Desmotivação para as aulas.• Desorientação e isolamento dos alunos por parte

da instituição ou do professor.

ENSINO DE RESULTADOS

1) Objetivos de formação de competências operacionais

2) Ensino visando mudanças no modo de operar, fazer, aplicar

3) Formação para o desempenho no trabalho, no mercado

4) Competência operacional para a reprodução

5) Busca de resultados diretamente quantificáveis

6) Métodos de ensino para transmissão e armazenamento

7) Treinamento para responder provas e testes

8) Avaliação estandardizada, como medida de desempenho

9) Professor executor, tarefeiro

ENSINO DE FORMAÇÃO HUMANA E CIENTÍFICA

1) Objetivos de formação de competências cognitivas, afetivas, morais.

2) Ensino para pensar e atuar com autonomia

3) Formação para o desenvolvimento da personalidade e da reflexividade

4) Conhecimento para a transformação da realidade

5) Resultados não diretamente quantificáveis

6) Métodos visando o desenvolvimento de habilidades intelectuais por meio da atividade de estudo

7) Formação da atividade mental dos alunos

8) Avaliação do processo de formação de ações mentais (formação de conceitos)

9) Professor que promove o desenvolvimento mental dos alunos

O BÁSICO DA DIDÁTICA:

A MEDIAÇÃO DOCENTE

O modo de trabalhar pedagogicamente com algo depende do modo de trabalhar epistemologicamente com algo, considerando as condições físicas, cognitivas, afetivas, do aluno e o contexto sociocultural de aprendizagem em que vive.

Ens

ino A

prendizagem

FormaçãoProfessor Aluno

Saber

TRIÂNGULO DIDÁTICO

Tipos de professor

• Professor transmissor de conteúdo• Professor facilitador da aprendizagem• Professor-técnico• Professor-laboratório• Professor-comunicador• Professor mediador

O ESSENCIAL DA DIDÁTICA

ENSINO medeia Condições

por meio de:

- objetivos

- conteúdos

- métodos

- formas de organização

do ensino

Condições

Relação cognitiva aluno-matéria (Aprendizagem)

S O

Mediaçãocognitiva

Mediação didática

MEDIAÇÃO DIDÁTICA E MEDIAÇÃO COGNITIVA

29

MEDIAÇÃO COGNITIVA E MEDIAÇÃO DIDÁTICA

Mediação cognitiva:

o processo de mediação que liga o aprendiz ao objeto de conhecimento: S O

Mediação didática:

Intervenção de natureza didática com a finalidade de ajudar o aluno a dar sentido ao objeto de conhecimento.Processo que liga o formador à relação Professor S O

30

Reserva de energia emocional

NecessidadesDesejosMotivos

AFETIVIDADE

ZDR 1

ZDR 1

ZDR 1

ZDP

ZDP

ZDPZDR 2

ZDR 2

ZDR 2ZDR – Funções mentais amadurecidas

ZDP – Funções mentais em processo de maturação

Atuação do professor

Educação escolar

Interação entre processos externos e internos

Ensino-aprendizagem (instrução)

Objetivo: desenvolver capacidades mentais por meio dos conteúdos

Capacidades mentais: pensamento teórico-científico (pensar e atuar com conceitos)

Pensar: formar conceitos (procedimentos lógicos do pensamento: pensar e atuar com...)

Processo de ensino-aprendizagem (ações didáticas)

Atividade de estudo (incluindo motivos): atividade investigativa

Aprender é formar capacidades intelectuais por meio dos conteúdos, de modo a formar o pensamento teórico (pensar e atuar com conceitos).

O professor medeia, pelo ensino, a relação do aluno com a matéria visando a aprendizagem.

Aprender a pensar é formar conceitos significa que o aluno aprende elaborar e utilizar os conceitos como ferramentas mentais para lidar

com a realidade, com os outros, consigo mesmo.

Para que o aluno se aproprie dos meios adequados para formar conceitos é necessário colocá-lo numa atividade de estudo (por meio de tarefas

de aprendizagem).

Na atividade de estudo, as tarefas de aprendizagem devem favorecer a canalização dos motivos dos alunos para o conteúdo.

Os motivos e a formação da personalidade

• Para Davidov, a qualidade e o nível de aprendizagem dependem da orientação dos motivos dos alunos que, por sua vez, depende da forma e conteúdo das atividades de ensino. Desse modo, uma boa análise do conteúdo por parte do professor possibilita propor tarefas de aprendizagem para os alunos com suficiente atrativo para canalizar os seus motivos para o conteúdo.

• Em resumo:Na visão de Davidov, total

correspondência entre didática e epistemologia das disciplinas.

DIDÁTICA

A didática é a sistematização de conhecimentos e práticas referentes aos fundamentos, condições e modos e realização do ensino e da aprendizagem, visando o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos.

• UTCHÉNIE = estudo, aprendizagem, aprendizado, ensino, ensinamento

• OBUTCHÉNIE = processo da instrução, instrução,

processo transmissão/apropriação, ser ensinado

a) aprender com a intenção e orientação de alguém, num ambiente social de aprendizagem; unidade dos processos de ensino e aprendizagem;

b) atividade autônoma do aluno, orientada por adultos ou pares, implicando participação ativa na apropriação de conhecimentos.

ENSINO

Forma de organização intencional da atividade de aprendizagem. Mediação da relação ativa do aluno com o conteúdo.

Requer do professor:

domínio do conteúdo conhecimento pedagógico-didático do conteúdo (metodologias e

tecnologias) conhecimento dos contextos socioculturais de aprendizagem dos

alunos

Trabalho docente:

Desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos por meio dos conteúdos.

Assegurar a atividade intelectual do aluno. Ensinar a pensar por meio dos conteúdos.

APRENDIZAGEM:

processos de mudanças qualitativas mais ou menos estáveis na personalidade (modo de ser, de agir, de se relacionar com o mundo)

efetivados pela internalização de significados sociais, especialmente, conhecimentos, habilidades, valores,

por mediações culturais e interações sociais entre o aprendiz e outros parceiros,

as quais atuam no desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos indivíduos.

Ensino como mediacão (Vigotski)

Objeto

Mediaçõesculturais

Sujeito

Interiorização

Mas...

qual é o conteúdo da atividade de aprendizagem?

em que consiste a atividade de aprendizagem?

O conteúdo da atividade de aprendizagem é o conhecimento teórico-científico e as capacidades intelectuais associadas a esse conhecimento.

Pela atividade de aprendizagem nos apropriamos dos métodos e procedimentos de busca dos conceitos científicos e, desse modo, ocorrem mudanças no nosso desenvolvimento mental.

Conceitos científicos e desenvolvimento das capacidades intelectuais estão em relação mútua.

por meio do processo ensino-aprendizagem

Os meios socialmente desenvolvidos de lidar com o mundo dos objetos e transformá-los (especialmente os conhecimentos e os procedimentos investigativos da ciência e da arte) ...

... se convertem em meios de pensamento e atuação da própria atividade do sujeito que aprende.

Resultado da aprendizagem:

Interiorização de meios cognitivos para a pessoa lidar com a realidade, os outros, consigo mesmos.

QUATRO CARACTERÍSTICAS DO ENSINO

1. O básico do ensino é o processo de conhecimento pelo aluno, com a mediação do professor.

2. Aprender é desenvolver capacidades intelectuais, isto é, aprender é aprender a pensar.

3. As formas de ensinar dependem das formas de aprender.

4. O ensino tem, necessariamente, caráter intencional, de formação da personalidade dos alunos (desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral).

A aprendizagem deve ser ativa e participativa

• Não há aprendizagem que não seja ativa, a aprendizagem é do aluno, é com o aluno, o professor não penetra diretamente nesse processo do aluno se desenvolver. O professor organiza, faz mediações, põe os elementos que impulsionam a aprendizagem

Quatro requisitos:

• Como organizar o conteúdo.

• Motivação: como o conteúdo e os métodos e procedimentos que, correlatos a esse conteúdo, se tornam meios da atividade do sujeito.

• Como inserir as práticas socioculturais no processo de ensino-aprendizagem.

• Como organizar o ambiente social da sala de aula para que o aluno desenvolva uma atividade intelectual.

EnsinoMediação didática

AprendizagemMediação cognitiva

Contextos

InstrumentosConteúdos, métodos, procedimentos, recursos de ensino-aprendizagem

Conhecimento pedagógico-didático do conteúdo

Conhecimento do conteúdo

Estrutura conceitual da didática

Conteúdos

QUATRO QUESTOES PONTUAIS NA TEORIA DIDÁTICA:

a) A lógica dos saberes a ensinar, isto é, a relação do ensino com os conteúdos: este é um problema epistemológico.

b) A lógica dos modos de aprender dos alunos com base em seus processos cognitivos, afetivos, linguísticos, socioculturais, etc. Este é um problema psico-pedagógico.

c) As implicações dos contextos e práticas socioculturais e institucionais na aprendizagem.

d) A organização das situações didáticas e os meios do ensino, em que se une o epistemológico, o psico-pedagógico e o sociocultural. A didática orienta a organização do ambiente social para o desenvolvimento humano. Este é um problema didático.

O MODO DE PENSAR E ATUAR DIDÁTICO SUPÕE QUATRO TIPOS DE MÉTODOS:

1. Método geral do processo de conhecimento: positivista, fenomenológico, dialético, estruturalista...2. Métodos da cognição (processos internos da

aprendizagem e formas de aprendizagem do aluno, tais como a observação, a análise, a síntese, a abstração...)

3. Métodos particulares das ciências que servem de base à investigação e constituição do campo científico.

4. Métodos de ensino.

DIDÁTICA COMO DISCIPLINA E CAMPO DIDÁTICA COMO DISCIPLINA E CAMPO INVESTIGATIVO:INVESTIGATIVO:

Estudos acerca do processo instrucional que Estudos acerca do processo instrucional que orienta e assegura a unidade aprendizagem-ensino,orienta e assegura a unidade aprendizagem-ensino,

na relação com um saber,na relação com um saber,

em situações contextualizadas,em situações contextualizadas,

nas quais o aluno é orientado em sua atividade nas quais o aluno é orientado em sua atividade autônoma pelos adultos ou colegas para apropriar-se autônoma pelos adultos ou colegas para apropriar-se dos produtos da experiência humana na cultura, na dos produtos da experiência humana na cultura, na ciência, na arte,ciência, na arte,

visando o desenvolvimento humano (formação visando o desenvolvimento humano (formação intelectual e afetiva e formação da personalidade )intelectual e afetiva e formação da personalidade )

DIDÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO:

Uma didática para promover e ampliar o desenvolvimento das capacidades intelectuais por meio dos conteúdos

Aprender é formar capacidades intelectuais por meio dos conteúdos, de modo a formar o pensamento teórico (pensar e atuar com conceitos).

O professor medeia, pelo ensino, a relação do aluno com a matéria visando a aprendizagem.

Aprender a pensar é formar conceitos significa que o aluno aprende elaborar e utilizar os conceitos como ferramentas mentais para lidar

com a realidade, com os outros, consigo mesmo.

Para que o aluno se aproprie dos meios adequados para formar conceitos é necessário colocá-lo numa atividade de estudo (por meio de tarefas

de aprendizagem).

Na atividade de estudo, as tarefas de aprendizagem devem favorecer a canalização dos motivos dos alunos para o conteúdo.

DIDÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO

1. Ideia central: um ensino que promove e amplia o desenvolvimento mental e da personalidade dos alunos, por meio dos conteúdos.

2. Desenvolvimento mental significa desenvolver capacidades intelectuais, modos de pensar (operações mentais). Ou seja, formar conceitos teóricos apropriados de um objeto de estudo com base nos conteúdos e métodos de investigação da matéria.

3. O caminho para a formação de ações mentais está nos processos de investigação e constituição de uma ciência (aprender o processo de origem e desenvolvimento das coisas e acontecimentos). Daí, a relação mutua entre conteúdos e operações mentais.

4. O meio de captar os processos de investigação e procedimentos lógicos da ciência são os conteúdos e as operações mentais que lhe correspondem (o que define a atividade de aprendizagem).

5. Em síntese: para pensar e atuar com uma ciência, é necessário que o aluno se aproprie do processo real da gênese e desenvolvimento dessa ciência, ou seja, do caminho epistemológico dessa ciência.

OBJETIVO DO ENSINO-APRENDIZAGEM: desenvolvimento das capacidades intelectuais por meio dos conteúdos e das operações mentais que lhes correspondem.

CAMINHO DA APRENDIZAGEM:

• reprodução de operações mentais ligadas aos procedimentos lógicos e investigativos que deram origem ao conhecimento científico do qual deriva a matéria;

• Formação de conceitos (domínio dos procedimentos lógicos e investigativos da matéria).

• Aquisição de uma nova ação mental ou de um novo modo de uso de uma ação mental já adquirida.

• Interiorização de operações mentais (conceitos) como meios internos para lidar com a realidade.

por meio do processo ensino-aprendizagem

Os meios socialmente desenvolvidos de lidar com o mundo dos objetos e transformá-los (especialmente os conhecimentos e os procedimentos investigativos da ciência e da arte) ...

... se convertem em meios de pensamento e atuação da própria atividade do sujeito que aprende.

Resultado da aprendizagem:

Interiorização de meios cognitivos para a pessoa lidar com a realidade, os outros, consigo mesmos.

O ensino mais compatível com a aprendizagem que leva a pensar teoricamente sobre um conteúdo (pensar e atuar com conceitos) é aquele que articula dois processos em uma mesma ação:

a) a apropriação dos conteúdos e

b) o domínio de capacidades intelectuais (operações mentais) vinculadas a esse conteúdo.

Os conhecimentos de um indivíduo e suas ações mentais (abstração, generalização, etc.) formam uma unidade. Segundo Rubinstein, “os conhecimentos (...) não surgem dissociados da atividade cognitiva do sujeito e não existem sem referência a ele”.

Portanto, é legítimo considerar o conhecimento, por uma parte, como o resultado das ações mentais que implicitamente abarcam o conhecimento; de outra, como um processo pelo qual se pode obter esse resultado, em que se expressa o funcionamento das ações mentais.

Conseqüentemente, é totalmente aceitável usar o termo “conhecimento” para designar tanto o resultado do pensamento (ou reflexo da realidade), quanto o processo pelo qual se obtém esse resultado (ou seja, as ações mentais). Todo conceito científico é, simultaneamente, uma construção do pensamento e um reflexo do ser e um procedimento da operação mental (Davydov, 1988).

O modo de trabalhar pedagogicamente com algo depende do modo de trabalhar epistemologicamente com algo, considerando as condições físicas, cognitivas, afetivas, do aluno e o contexto sociocultural de aprendizagem em que vive.

Destaca-se a importância do papel desempenhado pela matriz epistemológica da disciplina ensinada no processo de mediação didática, e as formas pelas quais os professores participam/realizam esse processo (Monteiro, p. 25)

Meirieu:

• “nenhum conteúdo existe fora do ato que permite pensá-lo, da mesma forma que nenhuma operação mental pode funcionar no vazio”.

• Ou seja, a formação de ações mentais supõe os conteúdos, pois as ações mentais estão já presentes nos processos investigativos e procedimentos lógicos da ciência ensinada.

• O que importa é a capacidade do professor de traduzir os conteúdos de aprendizagem em procedimentos de pensamento. Isto é, colocar os alunos em uma atividade mental, em uma seqüência de operações mentais, onde possa operar com conceitos.

A formação de capacidades intelectuais (operações mentais) se dá pela formação de conceitos.

Conceito: representação mental de um objeto ideal ou real no nosso pensamento por meio de abstrações.Reúne as características, atributos, propriedades, comuns a uma classe de objetos, as quais sinalizam um conceito.

A formação de conceitos começa pela abstração, por meio dos signos ou palavra. Estes são os meios pelos quais formamos nossas operações mentais (ou seja, a abstração).

O conceito é um instrumento simbólico, uma ferramenta do nosso pensamento. Ou seja, uma faculdade do pensamento para fazer mediação cognitiva no nosso conhecimento da realidade. Captamos a realidade pelo nosso pensamento i.e., pensando e atuando pelos conceitosPelo conceito, adquirimos consciência das coisas.

Para Davídov, o conceito – enquanto modo geral de acesso ao objeto – vai se formando nos processos investigativos e procedimentos lógicos do pensamento que possibilitam a aproximação do objeto para constituí-lo como objeto de conhecimento.

Se colocado nesse caminho, o aluno adquire um método teórico geral, ou seja, o conceito, cuja internalização possibilita a resolução de problemas concretos e práticos.

Aprender:

É adquirir um modo geral de ação mental, isto é, um procedimento mental de aplicar um conceito geral para situações particulares. Ou seja: conhecimento teórico.

Para isso:a)Análise e organização do conteúdo.b)Análise dos motivos dos alunos para face a

conexão entre o conteúdo e os motivos.c)Análise do contexto das práticas sociais.d)Metodologias de ensino adequadas.

Atividade de aprendizagem:

• Altitude teórica ante a realidade aquisição de un método teórico geral visando solução de problemas concretos e práticos

• Emprego de meios apropriados para adquirir conhecimentos teóricos

garantir motivos para a aprendizagem

Trata-se de formar um conceito científico, para atuar e pensar com ele, como meio da atividade do sujeito.

Para isso, fazer análise do conteúdo: identificar o princípio geral – uma relação geral básica que caracteriza o conceito (conceito nuclear).

A definição desse conceito nuclear pressupõe buscar a gênese do seu desenvolvimento (isto é, o processo histórico de sua constituição por meio dos métodos e procedimentos de investigação da ciência ensinada).

O estudante se apropria desse processo, internalizando métodos e estratégias gerais cognitivas da ciência ensinada.

CÉLULA:

Célula é a estrutura morfofuncional básica (ou seja, mais geral) de constituição de organismos vivos, composta de três elementos essenciais:núcleo, citoplasma e membrana. A relação entre esses elementos supõe variações influenciadas por fatores naturais, sociais, ambientais, que podem afetar essa estrutura .

EM RESUMO...Na atividade de estudo, os alunos se apropriam dos

procedimentos investigativos com os quais os cientistas trabalharam, para se chegar à constituição de um objeto de estudo.

Os alunos, ao aprenderem um conteúdo, devem reconstruir, no seu pensamento, esses procedimentos investigativos. A formação de conceitos (capacidades intelectuais) vai acontecendo pelo mesmo processo investigativo que deu origem a um objeto científico.

O aluno aprende realmente um objeto quando aprende, também, as ações mentais ligadas ao objeto, isto é, os modos mentais de lidar com esse objeto, de pensar e agir com ele pelos procedimentos lógicos do pensamento.

Para isso, o aluno precisa ser colocado numa atividade de estudo por meio de tarefas de investigação.

Para promover o desenvolvimento mental do aluno, o professor não pode apenas comunicar os conteúdos. É necessário que ajude os alunos a reconstituírem o caminho investigativo da matéria para obter, pela investigação, a apreensão desses conteúdos.

Ou seja, professor organiza tarefas colocando os alunos numa situação de busca cientifica.

As perguntas, as questões, as hipóteses, - formas pelas quais o professor instiga a atividade mental do aluno – devem refletir a lógica do percurso investigativo do qual o objeto está carregado. Desse modo, o professor vai ajudando o aluno a trabalhar mentalmente com o objeto, captando seu conceito mais abrangente, para depois aplicá-lo em situações mais particulares e especificas.

O caminho didático

O CAMINHO DIDÁTICO

Com base no Programa da disciplina: conteúdos, objetivos esperados (expectativas de aquisições conceituais e de desempenho):

1) Organização das noções-nucleares (Mapa conceitual – conceitos-chave)

– Princípio geral básico que unifica esses conceitos (Objetivo mais e mais geral a atingir: a generalização esperada para retirar dela deduções para situações particulares)

– Aquisições conceituais esperadas

3) Identificação das operações mentais (capacidades intelectuais) a desenvolver – Explicitar o que é desejável que os alunos internalizem: conceitos a

serem utilizados como ferramentas mentais.

4) Situações-problema e tarefas de aprendizagem

5) Avaliação formativa e somativa em relação à interiorização de conceitos (formação de ações mentais).

O professor medeia, pelo ensino, a relação do aluno com a matéria visando a aprendizagem. Aprender é formar capacidades intelectuais por meio dos

conteúdos, aprender a pensar.

Aprende-se a pensar formando conceitos, usando os conceitos como ferramentas mentais para lidar com a realidade.

A atividade de aprendizagem requer pensar, raciocinar, investigar e agir com o modo próprio de pensar, raciocinar, investigar e agir da ciência ensinada.

Para que o aluno se aproprie dos meios adequados para formar conceitos é necessário colocá-lo numa atividade de estudo (tarefas de aprendizagem

ligadas a motivos).

Na atividade de aprendizagem é necessário propor tarefas capazes de canalizar os motivos dos alunos para o conteúdo.

Meirieu:

• “nenhum conteúdo existe fora do ato que permite pensá-lo, da mesma forma que nenhuma operação mental pode funcionar no vazio”.

• Ou seja, a formação de ações mentais supõe os conteúdos, pois as ações mentais estão já presentes nos processos investigativos e procedimentos lógicos da ciência ensinada.

• O que importa é a capacidade do professor de traduzir os conteúdos de aprendizagem em procedimentos de pensamento. Isto é, colocar os alunos em uma atividade mental, em uma seqüência de operações mentais, onde possa operar com conceitos.

Um critério para se chegar à formação de um conceito autenticamente científico é quando seu conteúdo, por meio de certas ações intelectivas, em particular a reflexão, expressa certas relações genéticas iniciais, ou a “célula” de um determinado sistema de objetos em desenvolvimento. Sobre a base desta célula, se pode deduzir mentalmente, por este conceito, todo o processo do desenvolvimento do sistema dado. Ou seja, o pensamento e os conceitos teóricos analisam os processos de seu desenvolvimento.

(Davídov)

Conteúdo: Evolução das espéciesObjetivo Geral: Relação entre natureza e vida animal e adaptação ao

ambiente: porque espécies animais se adaptam a mudanças em seu habitat, enquanto outros não se adaptam e morrem.

Transformação do objetoExplorar contrastes, problemas e conflitos:

1) As explicações e descrições conflitantes da origem e do desenvolvimento dos animais e dos seres humanos.

2) O contraste entre os animais do deserto de Kalahari (África) e os animais da Groenlândia, e os problemas que surgiriam se os hábitats dos animais fossem intercambiados.

3) O contraste entre a vida animal na Dinamarca e a vida animal na Groenlândia e no deserto de Kalahari.

4) O problema de sobrevivência que surgiu quando a lebre polar foi levada para as ilhas Feroé.

5) Os problemas que ocorreriam se os répteis fossem levados do deserto para a Groenlândia.

6) Os problemas que ocorreram quando um grupo de chimpanzés foi levado para uma ilha na Estônia.

7) O contraste nas condições de vida do lobo entre o inverno e o verão, e os problemas que ocorreriam se uma ou outra estação desaparecesse.

AÇÕES DOCENTES EM FUNÇÃO DE OBJETIVOS DIDÁTICOS

- O acolhimento do professor, ou seja, formular um objetivo didático (um problema);

- A transformação das condições do problema (objeto ou situação) con o propósito de identificar a relação geral do objeto de estudo;

- A modelação (materialização) das relaciones identificadas em forma concreta, gráfica e por medio de letras;

- A transformação do modelo da relação geral, de forma a estudar suas propriedades intrínsecas;

- A estruturação do sistema dos problemas particulares que se resolvem no modo geral;

- O controle da execução das ações precedentes; - A avaliação da aprendizagem do método geral cono

resultado da solución de um problema de aprendizagem.

Ações de aprendizagem, segundo Davídov

a) Transformação dos dados da tarefa a fim de revelar a relação universal do objeto estudado.

Para desenvolver a atividade de aprendizagem, primeiramente, professor e alunos devem descobrir a relação universal do objeto, entendida como essência, núcleo, a “base genética”, fonte de todas as características e particularidades do “objeto integral”. É a primeira atividade de aprendizagem.

b) Modelação da relação diferenciada em forma objetivada, gráfica ou literal.

Corresponde à modelação da relação universal, núcleo ou essência, precisamente identificada, diferenciada ou caracterizada.

c) Transformação do modelo da relação para estudar suas propriedades em “forma pura”.

A terceira ação visa analisar o objeto em suas peculiaridades, dificilmente perceptíveis no “objeto real”. Daí o termo utilizado por Davidov “em forma pura”. Depreende-se que a relação universal, nuclear ou essencial pertence ao objeto e se manifesta em suas particularidades, mas nem todas as particularidades do objeto constam da referida relação universal, núcleo ou essência.

d) Construção do sistema de tarefas particulares que podem ser resolvidas por um procedimiento geral.

À medida que os estudantes transformam o modelo da relação universal, nuclear ou essencial e resolvem as tarefas, vão construindo um “procedimiento geral de solução de tarefas particulares de aprendizagem”. Estas ações de aprendizagem, propostas por Davidov, possibilitam aos estudantes descobrirem a origem dos conceitos, uma vez que analisam o “núcleo” ou essência do objeto; o porquê, o como e o para quê, do conceito e a que casos particulares se dirige. Trata-se de um movimento envolvente, que motiva os alunos a participarem do processo de investigação embrionária do conceito, desde as suas origens e suas manifestações e aplicações a diversos e diferentes casos ou situações particulares.

As ações e operações de aprendizagem relacionam-se con as “condições da tarefa” e estas, con a “finalidade” ou meta da “tarefa de aprendizagem”. Tudo con a mediação do professor, que aos poucos se afasta para que os alunos alcancem uma aprendizagem independente, autônoma. E isto se dá à medida que eles, os alunos, executam e solucionam as tarefas, assimilando o conteúdo e formando conceitos.

e) Controle da realização das ações anteriores.

A quinta ação proposta implica relacionar ações e condições da tarefa de aprendizagem con outras ações de aprendizagem e, con isto, poder rever o procedimiento operacional, as conexões, e redirecionar ações para que haja uma correta e coerente execução no âmbito das ações.

f) Avaliação da assimilação do procedimiento geral cono resultado da solución da tarefa de aprendizagem dada.

Esta ação permite análise sobre: a) a assimilação do procedimiento geral de solución de tarefas de aprendizagem, ou seja, se está de fato ocorrendo referida assimilação e, se está ocorrendo, em que sentido e alcance. b) os resultados das ações de aprendizagem, ou seja, se estão de acordo con os objetivos, e em que sentido e alcance.

Trata-se de uma avaliação que vai além da simples constatação; envolvendo análise minuciosa, qualitativa (que convive con o aspecto quantitativo, sem antinomia), tanto da assimilação do procedimiento geral de solución de tarefas, quanto do fim a que se dirigem as ações de aprendizagem; além de informar sobre o êxito ou não de resolución de tarefas de aprendizagem.

Um critério para se chegar à formação de um conceito autenticamente científico é quando seu conteúdo, por meio de certas ações intelectivas, em particular a reflexão, expressa certas relações genéticas iniciais, ou a “célula” de um determinado sistema de objetos em desenvolvimento. Sobre a base desta célula, se pode deduzir mentalmente, por este conceito, todo o processo do desenvolvimento do sistema dado. Ou seja, o pensamento e os conceitos teóricos analisam os processos de seu desenvolvimento.

(Davídov)

Conteúdo: Evolução das espéciesObjetivo Geral: Relação entre natureza e vida animal e adaptação ao

ambiente: porque espécies animais se adaptam a mudanças em seu habitat, enquanto outros não se adaptam e morrem.

Transformação do objetoExplorar contrastes, problemas e conflitos:

1) As explicações e descrições conflitantes da origem e do desenvolvimento dos animais e dos seres humanos.

2) O contraste entre os animais do deserto de Kalahari (África) e os animais da Groenlândia, e os problemas que surgiriam se os hábitats dos animais fossem intercambiados.

3) O contraste entre a vida animal na Dinamarca e a vida animal na Groenlândia e no deserto de Kalahari.

4) O problema de sobrevivência que surgiu quando a lebre polar foi levada para as ilhas Feroé.

5) Os problemas que ocorreriam se os répteis fossem levados do deserto para a Groenlândia.

6) Os problemas que ocorreram quando um grupo de chimpanzés foi levado para uma ilha na Estônia.

7) O contraste nas condições de vida do lobo entre o inverno e o verão, e os problemas que ocorreriam se uma ou outra estação desaparecesse.

Trata-se de formar um conceito científico, para atuar e pensar com ele, como meio da atividade do sujeito.

Para isso, fazer análise do conteúdo: identificar o princípio geral – uma relação geral básica que caracteriza o conceito (conceito nuclear).

A definição desse conceito nuclear pressupõe buscar a gênese do seu desenvolvimento (isto é, o processo histórico de sua constituição por meio dos métodos e procedimentos de investigação da ciência ensinada).

O estudante se apropria desse processo, internalizando métodos e estratégias gerais cognitivas da ciência ensinada.

CÉLULA:

Célula é a estrutura morfofuncional básica (ou seja, mais geral) de constituição de organismos vivos, composta de três elementos essenciais:núcleo, citoplasma e membrana. A relação entre esses elementos supõe variações influenciadas por fatores naturais, sociais, ambientais, que podem afetar essa estrutura .

Para isso:

a) Análise e organização do conteúdo

b) Análise dos motivos

c) Análise do contexto e práticas socioculturais

d) Seleção das metodologias de ensino

ANÁLISE E ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO

1. Identificar as relações gerais básicas que dão suporte ao conteúdo (fazer um zoom, isto é, aproximações sucessivas).

2. Identificar os conceitos básicos (mapas conceituais): os conceitos como ferramentas mentais para deduzir relações particulares de uma relação abstrata.

3. Propor tarefas de aprendizagem em que a relação geral aparece em problemas específicos, em casos particulares (uso de materiais, experimentos, problemas...)

4. Domínio do modo geral pelo qual o objeto é construído, implicando os modos de atividade anteriores aplicados à investigação dos conceitos a serem interiorizados.

Uma boa análise do conteúdo favorece formular tarefas de aprendizagem para os alunos, com suficiente atrativo para canalizar os motivos dos alunos para o conteúdo.

• SOLO - Porção da superfície terrestre onde se anda, se constrói, se planta...

• SOLO - Parte superficial e inconsolidada da terra arável, a qual inclui matéria orgânica e vida bacteriana que favorecem o desenvolvimento das plantas.

• SOLO (Pedologia) - Matéria orgânica ou mineral inconsolidada aflorante, que mostra os efeitos dos fatores genéticos e ambientais a que foi submetida, tais como clima (incluindo efeitos de temperatura e água) e macro e microorganismos, condicionados pelo relevo, atuando no material inicial durante um período de tempo.

A Geografia é uma a ciência social (...) que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) o espaço produzido pelo homem. Ao estudar certos tipos de organização do espaço, procura compreender as causas que deram origem às formas resultantes das relações entre sociedade e natureza. Para entender essas, faz-se necessário compreender como os homens se relacionam entre si

(Helena C. Callai, 1998).

Geografia é uma ciência que estuda o espaço produzido e reproduzido pela sociedade ao longo da História. Ou seja, é o estudo do espaço geográfico, entendendo por espaço “um conjunto de formas contendo cada qual frações da sociedade em movimento”

(Lana de S. Cavalcanti, 1998).

(A disciplina Geografia) tem como objetivo primordial “o entendimento das diferentes territorialidades produzidas pela humanidade. (...) Entender as diferentes paisagens produzidas pelos seres humanos, ou a atual organização territorial do mundo, é o principal papel da ciência geográfica. (Ou seja), auxiliar as pessoas a construírem entendimentos da lógica da organização espacial dos mais diferentes lugares, para neles viverem com melhor qualidade de vida”.

(Ângela M. Katuta, 2002)

Motivos do aluno: - Estado interno que ativa e dirige nossos pensamentos e ações para

os objetivos.- Razões que as pessoas se dão para justificar suas ações, mas

escolher determinadas coisas e não outras.

Para o professor considerar os motivos dos alunos:

- Ter clareza das mudanças que deseja promover na personalidade do aluno, isto é, no meu modo de ser e de agir

- Levar em conta os interesses dos alunos, seu preparo para aprender a matéria, sua atitude em relação ao estudo, à vida etc.

- Os motivos que trazem de suas práticas socioculturais- Os que o professores ajudam a criar, porque motivos são, também,

sociais- Conteúdos e atividades que se tornem motivos para os alunos na

atividade de estudo.

.

ESTRUTURA DA ATIVIDADE HUMANA

Contextos socioculturais e institucionais

Desejo - Necessidade Motivos Objetivos Condições (situação

concreta)

JOSÉ CARLOS LIBÂNEO

Atividade Atividade Ações Ações Operações Operações

Tarefas de aprendizagemTarefas de aprendizagem

A atividade humana é um processo psicológico que satisfaz uma necessidade do indivíduo em seu intercâmbio com a realidade, impulsionada por motivos, os quais direcionam a atividade para um objeto. Deste modo, os motivos determinam a orientação concreta de uma atividade para um objeto, ou seja, o objeto se converte em motivo da atividade. Não há atividade sem motivos (Leontiev, 1978, p. 82)

Desejo e necessidades

Ação

Motivo (ação dirigida a um objeto, estimula o sujeito a executar a ação dirigida ao objetivo)

Objeto (objetivo)

Satisfação de necessidades

Novas necessidades, novos objetivos

Metodologias de aula

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO GERAL

1a. Etapa

Motivação e Orientação da atividade (os alunos recebem explicações sobre os objetivos da ação, problemas, atividades e pontos de referência)

– Preparação, tomada de consciência do objetivo da atividade, razões da atividade de aprender esse conteúdo.

– Retomada das ações mentais já formadas e proposição da base orientadora de novas ações.

– O que o aluno precisa estudar e fazer.– Que condições são necessárias para o estudo conteúdo. Ou seja: o que

precisa ser feito, e as condições de fazê-lo.

2a. Etapa

Formação de conceitos por meio de operações práticas, concretas (exemplos concretos, exercícios, solução de problemas). O objetivo é desenvolver a capacidade de fazer generalizações conceituais (das leis gerais para os casos particulares).

– Análise e organização do conteúdo, em consonância com os motivos dos alunos.

– Estudo do conteúdo, partindo de conceitos centrais, do princípio ou regra geral para a solução de problemas.

– Estabelecer relações entre conceitos, identificar manifestações particulares das leis gerais para chegar aos conceitos científicos.

– Aplicar numa situação-problema: fazer funcionar os conceitos numa situação particular.

– Domínio do procedimento geral de construção do objeto estudado.

Conceito = um conjunto de procedimentos para deduzir relações particulares de uma relação abstrata. Procedimentos lógicos do pensamento.

3a. Etapa

Formação de conceitos no plano da linguagem (oral ou escrita). Através de conflitos cognitivos, desenvolver ações cognitivas individuais e grupais de enfrentamento do problema.

– Raciocínio em voz alta: expressão verbal do conteúdo, verbalização do conceito.

– Aplicar o princípio geral para situações particulares. Esforço de generalização.

– O aluno formula sua compreensão dos conceitos e procedimentos em relação a um problema, a uma análise, a uma argumentação.

4a. Etapa

Interiorização dos conceitos: os conceitos se transformam em conteúdos e instrumentos do pensamento.

– Capacidade de operar mentalmente com os conceitos, aprender a lidar praticamente com os conceitos internalizados.

– Enfrentamento prático com o objeto de estudo: situações de aprendizagem mais complexas que propiciam aos alunos a aplicação de conceitos.

– Capacidade de antecipar ações– Propor situações de aprendizagem mais complexas que

envolvam a iniciativa e a criatividade do estudante

ENSINO COM PESQUISA

• Ensino baseado em problemas, metodologia de projetos: o conhecimento é adquirido no processo da atividade cognitiva no contexto da situação-problema.

• Resolução de tarefas cognitivas baseadas em problemas, visando intervenção ativa nos processos mentais dos alunos. Atividade de investigação como processo cognitivo.

• Visa ajudar o aluno a compreender o caminho da investigação que se percorre para a definição do objeto de estudo e a internalizar as ações mentais correspondentes. Reconstruir na mente o caminho percorrido pelo investigador.

• Pesquisa: modo de apropriação de conhecimentos e modo de desenvolver competências cognitivas (processos mentais). Possibilita relação ativa dos conteúdos com a realidade, ajudando na motivação.

ENSINO POR PROBLEMAS

1. Apresentação do tópico de conteúdo

2. Problematização

3. Contextualização

4. Aulas teóricas exploratórias

5. Pesquisa individual

6. Produção individual

7. Discussão coletiva crítica e reflexiva

8. Produção coletiva

9. Produção final

10.Avaliação coletiva e individual

Produção final

Avaliação individual e coletiva

Apresentação e discussão de um tópico do conteúdo

Problematização Contextualização

Aulas teóricas exploratórias

Pesquisa individual

Produção individual

Discussão coletiva, crítica e reflexiva

Produção coletiva

APRENDIZAGEM

METODOLOGIAS ATIVAS

• Discussão em classe (aprendizagem colaborativa)• Seminário (prática investigativa e discussão)• Aprendizagem baseada em problemas• Metodologia da problematização• Aprendizagem por projetos• Metodologia do estudo de caso• Portfólios• Contrato didático• Comunidade de aprendizagem • Comunidade de investigação

Conhecimento do conteúdo e conhecimento pedagógico do conteúdo

Usualmente, o conhecimento profissional costuma organizar-se em torno dos conteúdos das diversas disciplinas, sendo relegados a um segundo plano aqueles saberes e habilidades mais relacionados com a atividade docente. De tal modo isto é assim que, por exemplo, muitos professores do nível médio tendem a se ver mais como especialistas disciplinares do que como docentes.

No entanto, e apesar do dito anteriormente, todos os professores desenvolvem inevitavelmente um conhecimento tácito relacionado aos processos de ensino-aprendizagem que, em grande medida, orienta e dirige sua conduta em sala de aula (ARIZA e TOSCANO, 2001, p. 61).

... estes dois componentes do conhecimento profissional dos professores de conteúdos específicos, ou seja, o saber acadêmico e disciplinar e o saber-fazer tácito, “possuem características epistemológicas claramente diferentes”. O primeiro baseia-se na lógica científica da disciplina e, com frequência, está pouco relacionado a contextos históricos, sociológicos e metodológicos da produção científica; o segundo, ao contrário, é um conhecimento tácito, pouco reflexivo, baseado na lógica do pensamento cotidiano, pouco relacionado com os conceitos e teorias das ciências da educação (ARIZA e TOSCANO, p. 62). Falta, portanto, aos professores o conhecimento pedagógico fundamentado.

Para isso, os autores recomendam aos professores especialistas em conteúdos específicos outro tipo de saber profissional: um conjunto de conhecimentos teórico-práticos de caráter integrador a partir de quatro dimensões: a dimensão científica (a disciplina vista desde as perspectivas lógica, histórica, sociológica e epistemológica), a dimensão psicopedagógica (as questões de ensino e aprendizagem implicadas no ensino de uma disciplina), a dimensão empírica (os saberes da experiência própria e dos demais professores), a dimensão integradora (as didáticas específicas integrando as três dimensões anteriores (Id., p. 66)

PORTANTO, juntar na profissão de professor o conhecimento do conteúdo e o conhecimento pedagógico-didático do conteúdo

a) Não pode existir separação entre os conteúdos e os procedimentos de pesquisa próprios da ciência ensinada

b) Os conhecimentos da disciplina devem ser estruturantes do conhecimento pedagógico do conteúdo

c) O ensino do conhecimento disciplinar requer elementos pedagógicos, os quais devem ser buscados nos conteúdos

ELEMENTOS DO CONHECIMENTO PEDAGÓGICO E DISCIPLINAR (Contribuição de Lee Shulman)

a) Dominar as estrutura lógicas da matéria, os princípios da organização conceitual: o que na matéria é essencial, o que é periférico.

b) Identificar, na sua matéria, as capacidades intelectuais (conceitos, ações mentais) mais importantes, a serem desenvolvidas.

c) Desenvolver atividades e experiências que estimulam, envolvem e melhoram a aprendizagem ativa e a compreensão dos alunos;

d) Ter conhecimento das representações sobre o conteúdo existentes na tradição científica;

e) Procurar saber as concepções trazidas pelos alunos em relaçao ao conteúdo, assim como a relação do aluno com o conteúdo.

f) Ter conhecimento de metodologias e procedimentos de ensino, especialmente metodologias ativas.

g) Ter conhecimento dos objetivos da educação.h) Procurar saber os contextos socioculturais e

institucionais em que vivem os alunos.

Relações do estudante como conhecimento (motivos)

Conhecimento

das

práticas

socioculturais

e institucionais

Campoda

didática

Conhecimento

didático do

conteúdo

Conhecimento

do

conteúdo a ser

ensinado

Conhecimento

CurricularPlanejamento

e uso de

material

didático

SABERES DOCENTES COM BASE NA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

1. Conhecimento do conteúdo

2. Domínio da metodologia de ensino: conhecimento epistemológico e didático do conteúdo

3. Conhecimento dos motivos dos alunos

4. Conhecimento das práticas socioculturais que atuam na atividade pedagógica

5. Características pessoais e profissionais do professor

O planejamento de ensino

REQUISITOS DA ATIVIDADE DE ENSINO

1.   Conhecimento profundo dos conceitos centrais e leis gerais da disciplina, bem como dos seus procedimentos investigativos (e como surgiram historicamente na atividade científica).

2.   Saber avançar das leis gerais para a realidade circundante em toda a sua complexidade.

3.  Saber escolher exemplos concretos e atividades práticas que demonstrem os conceitos e leis gerais de modo mais transparente.

  

4. Iniciar o estudo do assunto pela investigação concreta (objetos, fenômenos, visitas, filmes), em que os alunos vão formulando relações entre conceitos, manifestações particulares das leis gerais, para chegar aos conceitos científicos.

5.  Criação de novos problemas (situações de aprendizagem mais complexas, com maior grau de incerteza que propiciam em maior medida a iniciativa e a criatividade do estudante).

Plano de ensino

Identificar o núcleo conceitual da matéria (essência, principio geral básico) e as relações gerais básicas que a definem e lhe dão unidade. Este núcleo conceitual contém a generalização esperada para que o aluno a interiorize, de modo a poder deduzir relações particulares da relação básica identificada.

Buscar a gênese e os processos investigativos do conteúdo, de modo a identificar ações mentais, habilidades cognitivas gerais a formar no estudo da matéria.

Construir a rede de conceitos básicos que dão suporte a esse núcleo conceitual, com as devidas relações e articulações.

Formular tarefas de aprendizagem, com base em situações-problema, que possibilitem a formação de habilidades cognitivas gerais e específicas em relação à matéria.

Prever formas de avaliação para verificar se o aluno desenvolveu ou está desenvolvendo a capacidade de utilizar os conceitos como ferramentas mentais.

Plano de ensinoObjetivo Geral

Conteú-

dos

Objetivos Especí-ficos

(conceitos como ferra-mentas mentais)

Desenvolvimento metodológico

(Tarefas de aprendizagem)

1. Motivação e orientação da atividade de aprendizagem.

2. Formação de conceitos por meio de operações práticas.

3. Formação de conceitos no plano da linguagem (oral e escrita).

4. Interiorização de conceitos: habilidades de operar mentalmente com os conceitos.

Avalia-ção

O formato do plano de ensino é o convencional. Mas o conteúdo dos tópicos muda:

a) Objetivo geral: a relação geral básica, o núcleo conceitual.

b) Conteúdos: organizados com base na lógica da relação entre conceitos. Conteúdos não apenas como “informação” mas como indutor de ações mentais.

c) Objetivos específicos: desdobramento do objetivo geral, na forma de “operações mentais a desenvolver”: comparar, cotejar, investigar, identificar, deduzir, fazer induções, pensamento divergente, estabelecer relações, etc.

d) Desenvolvimento metodológico: o quer fará o professor, o que farão os alunos

e) Avaliação: não só “somativa”, mas “formativa”. Não avaliamos a informação memorizada, mas o uso do conteúdo como instrumento para pensar os objetos e fenômenos. Avaliar é verificar se o aluno desenvolveu ou está desenvolvendo a capacidade de utilizar o conceito como ferramenta mental. Aplicação de ações mentais.

A LÓGICA DO PLANO DE ENSINO (I):O NÚCLEO DO PROBLEMA DIDÁTICO

Ciência e método da ciência

Análise do conteúdo + Motivos do aluno

Conteúdos/Objetivos

Ensino que promove as competências cognitivas e a personalidade do aluno

Tarefas de aprendizagem

Aprendizagem

A LÓGICA DO PLANO DE ENSINO (II):CONTEÚDOS + AÇÕES MENTAIS + MOTIVOS

a) Os conhecimentos e as ações mentais formam uma unidade visando a formação do pensamento teórico-científico (isto é, pensar por conceitos).

b) Conceitos são instrumentos simbólicos, ferramentas do pensamento. Dominar instrumentos simbólicos significa:

- compreender e dominar as operações mentais correspondentes aos conceitos;

- aprender a fazer uso consciente desses instrumentos simbólicos em situações particulares (fazer deduções).

c) Necessidade de análise e organização do conteúdo em consonância com os motivos dos alunos.

HABILIDADES INTELECTUAIS

CONHECIMENTOS

1 2 3 4 5 6 7

1. Observação

2. Comparação

3. Classificação

4. Definição

5. Explicação, exemplificação

6. Argumentação

7. Valoração

8. Formulação de hipóteses

9. Análise

10. Síntese

11. Solução de problemas

Pensamentoteórico

Conceitos científicos

Definição por abstração

Pensamentoempírico

Conceitosespontâneos

Vinculados à realidade concreta, à

experiência da práticacotidiana

RELAÇÕES ENTRE CONCEITOS CIENTÍFICOS E ESPONTÂNEOS

(Adaptado de Núñez, 2009, p. 46; Vygotsky)

Zona de desenvolvimiento próximo (iminente)

Y Z (estágio atual) (ZDP)

X (capacidade potencial)

Com a atuação do professor na ZDP

Y Z

X Atividade de

Aprendizagem (tarefa)

ZDR 1

ZDR 1

ZDR 1

ZDP

ZDP

ZDPZDR 2

ZDR 2

ZDR 2ZDR – Funções mentais amadurecidas

ZDP – Funções mentais em processo de maturação

Situação 1

Aluno A

Y Z

em relação ao X

Aluno B

Y Z

X

Situação 2

Aluno A

Y Z

X

Aluno

Y Z

X

Três fases da história da didática e das didáticas

Primeira: Em Comênio e Herbart há uma teoria geral do ensino (didática “geral”) aplicada a todas as matérias, sem preocupação com as particularidades epistemológicas das disciplinas.

Segunda: consolidação das metodologias específicas das ciências ensinadas, com relevância à dimensão epistemológica dos saberes (às vezes dispensando o fundamento pedagógico-didático);

Terceira: busca da unidade teórico-científica entre a didática e as didáticas específicas (desejada por uns e rejeitada por outros).

“cada metodologia específica desenvolve seu perfil mas, em razão de muitas questões comuns, conhecimentos gerais, tarefas, etc., está relacionada com as demais metodologias e à didática geral” (Klingberg, p. 33).

Os didatas franceses• Didática: o estudo dos processos de ensino e

aprendizagem em sua relação imediata com os conteúdos dos saberes a ensinar, com a organização das situações didáticas e a escolha dos meios de ensino.

• Preferência pela designação “didáticas”.

• Visão de pedagogia e didática na França:

(A pedagogia é) “tudo o que diz respeito à arte de conduzir e de realizar a aula (...) o exercício desta arte e a reflexão sobre seus recursos e seus fins. (...)

As didáticas dizem diz respeito à arte ou ao modo de ensinar as noções próprias a cada disciplina, incluindo dificuldades próprias a um domínio numa disciplina” (Cornu, Vergnioux, p. 10).

• Develay: “A didática pensa a lógica das aprendizagens a partir da lógica do saber (e sua epistemologia) e a pedagogia pensa a lógica das aprendizagens a partir da lógica da sala de aula" (Cf. Le Roux, 1997, p. 10).

• Ao mesmo tempo, se o ensino se dirige à aprendizagem dos alunos, o saber científico precisa converter-se em saber a ser ensinado, pelo que as ciências precisam passar uma por transposição didática.

Para os didatas franceses:

O método didático supõe o método científico próprio das disciplinas ensinadas, mas no sentido de que “o primeiro não deve ser acrescentado nem substituído pelo segundo; ele busca os objetos elementares e as formas de aplicação do segundo para tornar-se acessível: o método didático é a imaginação do método científico”.

Teoria do ensino desenvolvimental

VASILI DAVÍDOV:

• O conteúdo da atividade de aprendizagem é o conhecimento teórico-científico e as capacidades intelectuais associadas ao conhecimento;

• O conhecimento pedagógico do conteúdo está diretamente ligado ao conhecimento do conteúdo;

• O domínio do conhecimento pelo professor implica captar a estrutura conceitual desse conhecimento seus procedimentos investigativos e seus resultados;

• O conhecimento pedagógico-didático tem duas dimensões: a epistemológica e a psico-pedagógica

A teoria de ensino de Davidov

• Ensino desenvolvimental - o ensino que promove e amplia o desenvolvimento mental e o desenvolvimento da personalidade (capacidade de pensar e operar com conceitos).

• Para superar uma didática que forma o pensamento apenas empírico, propõe um ensino que resulte no pensamento teórico o qual, com base em abstrações e generalizações, busca as relações gerais do fenômeno, as contradições, as relações e conexões entre os fenômenos, para captar a sua essência, de modo a ultrapassar os limites da experiência sensorial imediata. Trata-se de um tipo de pensamento assentado no método da reflexão dialética.

• O conhecimento teórico-científico ou o pensamento teórico-científico refere-se à capacidade de desenvolver uma relação principal geral que caracteriza um conteúdo e aplicar essa relação para analisar outros problemas específicos desse conteúdo. Esse processo produz um número de abstrações cuja finalidade é integrá-las ou sintetizá-las como conceitos.

• O conceito – enquanto modo geral de acesso ao objeto – vai se formando nos processos investigativos e procedimentos lógicos de pensamento que permitem a aproximação do objeto para constituí-lo como objeto de conhecimento. Esses processos investigativos são encontrados na história da ciência ensinada.

• Na linguagem da dialética materialista os conceitos são um conjunto de procedimentos mentais para deduzir relações particulares de uma relação abstrata. Para mais além do entendimento convencional de “teórico” como o saber especulativo, Davidov considera conhecimento teórico ao mesmo tempo como produto do desenvolvimento histórico e processo mental.

• Conhecimento teórico são, então, as categorias mentais que tornam possível lidar com os objetos de conhecimento da realidade, ou seja, um procedimento lógico da mente, isto é, conceitos gerais possíveis de serem aplicados a situações particulares.

• O método teórico geral de cada ciência está expresso nos princípios lógico-investigativos que lhe dão suporte, os quais, por sua vez, indicam o caminho didático para a formação dos conceitos pelos alunos.

• Para Davidov, para compreender um conceito é preciso reconstituir o modo como ele surgiu, o modo geral como o objeto é construído.

Isso implica em captar o caminho já percorrido pelo pensamento científico, na investigação da ciência-matéria de ensino, como forma de interiorização de conceitos e aquisição de métodos e estratégias cognitivas.