RESENHA DAREDEVIL

A nova série Daredevil do Netflix, baseada na HQ “Homem sem Medo”, é sem dúvida um grande sucesso e uma das melhores séries da Marvel atualmente. Situada no atual MCU, o universo cinematográfico da Marvel, ela traz o ator Charlie Cox (que atuou recentemente como coadjuvante em A Teoria de Tudo) no papel de Matt Murdock - o próprio Demolidor.

Vincent D’Onofrio (Leonard do filme Full Metal Jacket) rouba acena atuando de forma magistral no papel de Wilson Fisk, o Rei do Crime de Hell’s Kitchen. Seu jeito de falar, baixo porém ameaçador, torna o personagem ainda mais diferenciado e apaixonante - um vilão que estoura miolos frequentemente mas teme falar em público. Se anilarsamos os personagens separadamente, percebemos uma grande semelhança entre o Rei e o Demolidor, um personagem que caminha na linha entre herói e vilão. Ambos possuem um amor quase fanático pela cidade e querem torná-la um lugar meu melhor de qualquer maneira.

A série se destaca da maioria das demais justamente por ir direto ao ponto. O Demolidor sempre foi um herói sombrio e a série retrata isso muito bem. A violência e a crueldade estão sempre presentes e, ao contrário de várias séries como Arrow e Flash, o drama e a origem do personagem são colocados em segundo plano em função da história e das cenas de ação. A série tem um ar muito mais adulto (mas sem deixar o humor de lado) que cai como uma luva, deixando qualquer outra série de super-heróis que já foi feita para trás.

A apresentação do passado deles de forma não-linear e a relação de Matt com catolicismo são outros pontos fortíssimos retratados. O passado é contado na forma de flashbacks e, como citado logo acima, isso deixa um espaço maior para o desenrolar da história e suas diversas cenas de ação e drama. Já em relação à religião, há momentos em que o personagem se encontra em meio a conflitos mentais e vai ao confessionário. Pelo fato de haver essa inserção do catolicismo, é possível relacionar o lado ficcional da série com o lado real da “fé católica”, algo inédito atualmente.

Durante um dos episódios vemos Matt Murdock defendendo um cliente no tribunal, e pode-se dizer que essa foi uma das cenas que mais nos impressionou durante toda a temporada. Os argumentos apresentados pelo advogado mostram que ele não é apenas alguém que usa os punhos: ele usa seu cérebro (e é possível ver que ele é muito bom nisso). Uma das poucas críticas que podemos fazer à série é a falta de exploração da representação jurídica dos personagens principais.

Há também uma cena notável no segundo episódio da série: a sequência de lutas filmada em um só take. Nos últimos minutos, vemos o Demolidor invadir um complexo para resgatar um jovem que havia sido sequestrado. Philip J. Silvera, o diretor de stunts, declarou que eles seguiram diretamente o script, que especificava que a cena deveria ser filmada sem cortes. Foram pouco mais de duas semanas pra planejar três minutos impecáveis, e você pode conferir o resultado fiinal com o vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=PJi6Ip9iVMU

Algo que podemos esperar é a participação de Matt Murdock em algum filme da Marvel. Aparentemente, ele não estará em Guerra Civil (2016), mas já é quase certeza que ele será incluído em Vingadores: Guerras Infinitas (2018-2019). Também pode-se esperar alguma perticipação dos outros defensores, que ainda ganharão séries próprias. Seria fantástico ver uma pequena participação do Punho de Ferro, Jessica Jones e Luke Cage.

Easter Eggs

(ALERTA DE SPOILER)

Como de costume, a Marvel adora salpicar referências em seu universo, e Daredevil não é uma exceção. Aqui estão alguns dos melhores easter eggs:

Ao final do sétimo episódio, podemos ver Stick conversando com um alguém de costas. Esse algúem seria Stone, do clã The Hand (A Mão) do qual Stick faz parte.

O ajudante de Fisk, que faz seus ternos resistentes, é Melvin Potter - o Gladiador. Nas cenas em sua oficina, pode-se observar seu símbolo e alguns desenhos do projeto de sua lâmina. Como combinado, ele promete produzir a roupa para Matt desde que o herói mantenha “Betsy” a salvo. Essa “Betsy” é Betsy Beatty, sua terapeuta - que nas HQs torna-se sua mulher.

Há alguns vestígios do universo compartilhado, como o fato de a cidade estar em “reconstrução” (pós-Vingadores) e uma matéria de jornal emoldurada no escritório de Urich.

Também há uma referência ao Serpente de Aço, inimigo do Punho de Ferro, nos pacotes do material produzido pela Madame Gao. O símbolo é a insígnia do vilão.

No ginásio em que Matt treina, vemos um pôster antigo de “Crusher versus Murdock”. Logo no começo, é citado que seu pai perde para esse tal Crusher. Trate-se de Carl “Crusher” Creel, oHomem-Absorvente que pode ser visto na série Agents of SHIELD

Em meio aos flashbacks do episódio Nelson X Murdock, vemos uma tal “garota grega” citada por Foggy. Esta seria Elektra, a ninja grega.

Em alguns momentos podemos ver referências explícitas, como “as máquinas tomarem controle do mundo” conforme citado por Foggy (Ultron, talvez?) e na seguinte cena em que James Wesley conversa com comparças russos:

A primeira temporada completa está liberada no Netflix, e recentemente foi anunciada uma segunda temporada, na qual podemos esperar ver novos e importantes personagens por Hell's

Kitchen como Elektra, o Tentáculo, Mecenário e o retorno do Rei do Crime, atualmente o melhor vilão construído nas séries.