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DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM
MOTORAS
PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
DESENVOLVIMENTOS E APRENDIZAGEM MOTORAS
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SUMÁRIO
1 PSICOMOTRICIDADE .................................................................................. 03
1.1 Conceitos e definições ............................................................................... 04
1.2 Distúrbios psicomotores ............................................................................. 12
1.2.1Instabilidade psicomotora ........................................................................ 13
1.2.2 Debilidade psicomotora ........................................................................... 14
1.2.3 Inibição psicomotora ............................................................................... 16
1.2.4 Lateralidade cruzada ............................................................................... 16
1.2.5 Imperícia .................................................................................................. 17
2. A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL................................ 18
2.1 A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil ........................... 20
2.2 O desenvolvimento motor infantil ............................................................... 22
3. PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CORPORAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 29
3.1 Trabalhando o corpo na educação infantil .................................................. 29
3.2 Os ambientes de aprendizagem e o caráter preventivo ............................. 30
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 37
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1. PSICOMOTRICIDADE
Da idade Média aos tempos atuais, a significação de corpo sofreu muitas
transformações, de negligenciado em função do espírito nos tempos de
Aristóteles e Descartes, a um objeto e fragmento do espaço residual, separado
do sujeito conhecedor.
Foi através do “primado científico” que o estudo do corpo adquiriu
importância e, a partir do século XIX, a necessidade de compreensão das
estruturas cerebrais fez com que a neurologia e a psiquiatria adquirissem a
liderança das pesquisas (FRANCO, 1997).
Deve-se a Dupré (1909) a criação do termo “psicomotricidade”, quando
introduziu os primeiros estudos sobre debilidade motora.
Henri Wallon, ao publicar em 1925 sua obra L'enfant Turbulent,
traduzido literalmente como criança turbulenta e em 1934, Les Origines du
Caratér Chez L'enfant (As origens do caráter na criança) iniciou uma das
pesquisas mais relevantes no campo do desenvolvimento da criança.
Sua obra impulsionou as primeiras tentativas de estudo das funções
psicomotoras, estudo no qual se sobressai Guilmain (s.d apud Fonseca, 1996),
que publicou uma obra clássica de grande impacto: Fonctions Psychomotrices
et Troubles du Comportement (Funções Psicomotoras e Transtornos do
Comportamento).
O papel da função tônica – sobre a qual repousam as atitudes, os
alicerces da vida mental – e da emoção – como meio de ação sobre e pelo
outro – nos progressos da atividade de relação, de acordo com Wallon, são
encarados como processos básicos da intervenção psicomotora (FRANCO,
1997).
A obra de Wallon influenciou, durante décadas, a investigação sobre o
desenvolvimento psicomotor das crianças, e essa influência alastrou-se a
vários campos de formação, seja psiquiátrica, seja psicológica e pedagógica.
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Para Wallon (1925) o movimento é a única expressão e o primeiro
instrumento do psiquismo. O alcance dessa dimensão do movimento e do
corpo da criança permite a esse autor apresentar uma concepção original da
evolução mental. Wallon disse, em 1929, que o desenvolvimento psicológico da
criança é o resultado da oposição e substituição de atividades que precedem
umas às outras. Wallon advoga a ação recíproca entre funções mentais e
funções motoras, tentando argumentar que a vida mental não resulta de
relações unívocas ou de determinismos mecanicistas. Para Wallon, a vida
mental está sujeita ao determinismo dialético de ambas as funções.
Wallon, por meio do conceito de esquema corporal, introduz dados
neurológicos nas suas concepções psicológicas, motivo que o distingue de
outro grande vulto da psicologia, Piaget, que muito influencia, também, a teoria
e a prática da Psicomotricidade (FRANCO, 1997).
1.1 Conceitos e definições
O objetivo da Psicomotricidade em linhas gerais é estudar o homem
através de seu corpo, na relação com o mundo interno e externo. É a relação
entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção.
O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o
psiquismo, que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa.
A palavra motriz se refere ao movimento, enquanto o psico, determina a
atividade psíquica em duas fases: a sócio-afetiva e cognitiva. Em outras
palavras, o que se quer dizer é que na ação da criança se articula toda sua
afetividade, todos seus desejos, mas também todas suas possibilidades de
comunicação e conceituação (ZEVALLOS, 2010).
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade define a Psicomotricidade
como a ciência que tem por objeto de estudo o homem por meio de seu corpo
em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo
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mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem
das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (SBP, 1999).
A Psicomotricidade é fundamental para que haja através do
desenvolvimento psicomotor consciência dos movimentos corporais integrados
e expressados com a emoção, que poderiam ser assim elencados:
1. Atenção.
2. Percepção.
3. Automatização.
4. Memória.
5. Sequência Lógica.
6. Ação.
7. Organização do pensamento.
Na psicomotricidade trabalhamos dois conceitos: funcional e relacional
- Conceito Funcional são as possibilidades percebidas através da ação
e da qualidade dos movimentos, integrando-os num tempo e espaço.
A psicomotricidade funcional é aquela que toma como referência o perfil
psicomotriz da criança, que é avaliado a partir de testes padronizados e utiliza-
se de métodos diretivos, não deixando espaço para a exteriorização da
expressão corporal. Já a psicomotricidade relacional diz respeito a uma
abordagem que se sustenta na ação do brincar. Esta abordagem utiliza-se de
métodos não diretivos, embora a atividade que se oferece deve seguir um
roteiro. Em outras palavras, uma sessão de psicomotricidade relacional deve
ter inicio, meio e fim (NEGRINE, 2002).
Os conceitos funcionais são:
- Coordenação:
A coordenação é instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. É a união
harmoniosa de movimentos, ela supõe integridade e maturação do Sistema
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Nervoso. Através de atividades corporais a criança progride e descobre o
mundo que a rodeia. A coordenação motora se divide em: Estática; Dinâmica
(global ou geral e manual) e Viso-motora.
- Coordenação Estática
Realiza-se em repouso. É dada pelo equilíbrio entre a ação dos grupos
musculares antagonistas (competidor, opositor), estabelece-se em função do
tônus e permite a conservação voluntária das atitudes.
- Coordenação Dinâmica
Envolve movimentos amplos com todo o corpo e desse modo coloca
grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de
movimentos voluntários mais ou menos complexos e se realiza em movimento.
Coordenação Dinâmica Global ou Geral. Os exercícios de coordenação motora
contribuem também na elaboração do esquema corporal. A tomada de
consciência do corpo é necessária para a execução e controle dos movimentos
precisos que vão ser executados. Para ser bem desenvolvida, as atividades
devem ser progressivas começando das mais simples as mais complexas.
Coordenação Dinâmica Manual. Exige a participação das duas mãos no
movimento e são deste modo quase todos os atos que realizamos na nossa
vida diariamente. Todo ato de coordenação dinâmica manual leva implícita uma
prévia coordenação viso-motora.
Coordenação Viso-Motora. É o tipo de coordenação que se dá num movimento
manual ou corporal, que corresponde a um estímulo visual e que se torna
adequado positivamente a ele. Ela é importante porque ao estabelecer-se, vai
permitir os movimentos manuais bem coordenados.
- Postura.
- Tônus:
Uma tensão muscular existe em repouso como também em
movimento. A tonicidade pode se alterar para menos ou em excesso e nas
crianças hipotônicas o traçado é débil e as letras ficam mal acabadas ou
incompletas.
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O tônus é essencial para a pessoa adquirir movimentos manuais
coordenados. Se houver déficit no tônus a imagem sensorial dos movimentos e
as ações serão deficitárias.
O Tônus pode ser muscular, afetivo e mental.
- Tônus muscular é quando executa o movimento;
- Tônus afetivo refere-se ao estado de espírito apresentado e,
- Tônus mental é a capacidade de atenção no momento da ação.
- Equilíbrio:
O equilíbrio é a base de toda a coordenação dinâmica global.
Pode ser estático ou dinâmico.
O equilíbrio estático é mais abstrato e exige muita concentração e sob
controle facilita a aprendizagem.
O equilíbrio dinâmico depende da estruturação do esquema corporal e
da integração e perfeição dos mecanismos neuropsicomotores.
- Respiração:
A respiração passa por duas fases:
- ativa = inspiração
- passiva = expiração
A respiração se faz presente em todas as ações psicomotoras. Perceber
a respiração é compreender o movimento interno e externo na vida. O controle
da respiração e do corpo é fundamental para a construção do esquema
corporal.
- Esquema Corporal:
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O esquema corporal é estudado pela psicomotricidade e esta noção de
corporeidade é trabalhada a fim de manter o equilíbrio entre o corpo e a mente.
Sem este equilíbrio o processo de aprendizagem e/ou o desenvolvimento motor
fica comprometido. A criança percebe seu corpo através de todos os sentidos
como a audição, a visão, a lateralidade, a coordenação, a comunicação e a
orientação espacial, sendo que as práticas psicomotoras auxiliam na
organização da imagem corporal. Na psicomotricidade, a atividade motora
lúdica é fonte de prazer e através dela a criança poderá manifestar suas
habilidades e dificuldades (CHAZAUD, 1976).
Segundo Meur (1989) o esquema corporal é um elemento básico
indispensável para a formação da personalidade da criança, pois se refere à
formação do “eu”. No momento em que ele toma consciência de seu corpo, de
seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo em sua volta
desenvolve sua personalidade.
Para Oliveira (1997), o corpo é uma forma de expressão da
individualidade. A criança percebe o mundo a sua volta em função do próprio
corpo e isto significa que, conhecendo-o, ela terá maior habilidade para
diferenciar-se dos objetos circundantes, observando-os e manejando-os.
Cauduro (2002) ressalta que para uma boa elaboração do esquema
corporal, é necessário que a criança receba o máximo de estimulação para que
possa perceber e sentir o corpo. A criança só se sentirá bem à medida que seu
corpo lhe obedecer, em que ela poderá conhecê-lo e automonitorar seu
comportamento.
A organização do esquema corporal acontecerá paralelo à maturação
da criança. A evolução psicomotora é sinônimo de conscientização e de
conhecimento cada vez mais profundo sobre seu corpo. É com o corpo que a
criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza a sua
personalidade (LE BOULCH, 1987).
Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem
os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-
se e despir-se se torna difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a
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palavra e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de
uma palavra. As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem
partir de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema
mental que anteceda à aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos (MEUR,
1989).
Segundo Vayer (1971) apud Galhardo (2004), um esquema corporal
mal estruturado acarreta transtornos nas áreas motoras, perceptiva e social. Na
área motora, a criança pode apresentar dificuldades tais como coordenação
deficiente, lentidão e má postura. Na área perceptiva, pode ocasionar
dificuldades de estruturação espaço-temporal e, na área social, problemas nas
relações com outras pessoas originadas por perturbações afetivas.
- Lateralidade:
Para Negrine (2002), a lateralidade corporal se refere ao espaço interno
do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior
desembaraço, percebendo que este possui dois lados e que um é mais
utilizado que o outro. Embora a criança, quando bebê, utilize indiferentemente
os dois lados do corpo e as duas metades, é com a maturação do organismo
que ela vai estabelecendo sua preferência por um dos lados.
Por influência do ambiente social, a criança pode ser levada a utilizar
mais de um dos lados para atividades próprias da cultura e do meio. É durante
o crescimento e a aquisição de experiências dentro do ambiente social que se
define a dominância da lateralidade nas crianças, de forma natural. No entanto,
quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas
na orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre
seu lado dominante e o outro lado e incapacidade de seguir a direção gráfica,
ou seja, iniciar a leitura pela esquerda (MEUR, 1989).
- Relaxamento: é uma técnica física que auxilia em situações de estresse e
após o exercício físico ou tensão muscular para o corpo voltar ao seu estado
normal.
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-Orientação e Estruturação Espaço-Temporal:
A organização ou estruturação espacial, segundo Fonseca (1996), é a
tomada de consciência, pela criança, da situação de seu próprio corpo em um
determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da
orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e às coisas.
Segundo Bueno (1998), orientação ou estruturação temporal é a
capacidade de situar-se em função da sucessão de acontecimentos, da
duração dos intervalos, das renovações cíclicas de certos períodos e do caráter
irreversível do tempo.
Estas duas funções psicomotoras – orientação espacial e temporal –
são importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que
todo o corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em
um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à
organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória e às
experiências vivenciadas pelo individuo (NEGRINE, 2002).
Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela
má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança
necessita ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir
noção de coluna e fileira e combinar formas para fazer construções
geométricas (DE MEUR; STAES, 1991).
- Ritmo: são os movimentos que se repetem em intervalos regulares ou a
variação do movimento de maneira constante.
- Percepções: Segundo Meur (1989) as funções psicomotoras necessárias
para a organização da percepção envolvem o reconhecimento de esquema
corporal, a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal.
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Falamos dos conceitos funcionais, mas e os conceitos relacionais?
No Conceito Relacional a expressão vem através do corpo, há um
diálogo e uma comunicação entre outros corpos, revelando ser mais afetivo ou
mais agressivo, isso é a personalidade. Os conceitos relacionais facilitam a
relação entre esses corpos através dos desejos, das frustrações e ações.
O ponto fundamental da passagem da psicomotricidade funcional para a
psicomotricidade relacional é a utilização do brinquedo, do ato de brincar, da
liberdade de exploração dos objetos e da liberdade de expressão (CAUDURO,
2002).
O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que
integra o movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos
objetos, das posições, a imagem do nosso corpo e a palavra. Assim, torna-se
muito importante estimular o desenvolvimento psicomotor para que a criança
conscientize-se de seus movimentos corporais que expressam suas emoções e
suas descobertas (BUENO, 1998).
Conforme Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do
tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo.
A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento
de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e
os seus interesses. Essa abordagem constitui o interesse da educação
psicomotora, que para ser trabalhada, necessita que sejam utilizadas as
funções motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e sociomotoras.
Educação psicomotora é, então, a educação da criança através de seu
próprio corpo e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade e nas
possibilidades que apresenta em relação ao seu meio-ambiente. A educação
psicomotora atinge a criança na sua totalidade, pois através dela a criança
explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu
desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do
mundo que a cerca (LE BOULCH, 1987).
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Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental.
Nesse aspecto, as atividades psicomotoras propiciam para a criança uma
vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando um clima
afetivo entre professores e alunos, afastando os tabus e preconceitos que
influenciam negativamente as relações interpessoais. Neste sentido a
psicomotricidade é um meio de auxiliar a criança a superar suas dificuldades e
prevenir possíveis inadaptações, procurando proporcionar condições mínimas
para um bom desempenho escolar (LE BOULCH, 1987).
Segundo Negrine (2002), as aprendizagens psicomotoras são
representadas, do ponto de vista educacional, como o ato de fazer, mas a
execução de um gesto qualquer apresenta um componente cognitivo anterior, e
é esse componente que facilitará ou não a execução deste novo gesto.
Pode-se dizer que há uma relação entre a aprendizagem e as
funções psicomotoras, sendo necessário entender o desenvolvimento
destas funções assim como o desenvolvimento cognitivo, motor e
psicossocial do aluno.
As funções psicomotoras necessárias para a organização da percepção
envolvem o reconhecimento de esquema corporal, a lateralidade, a
estruturação espacial e a orientação temporal (MEUR, 1989).
Os conceitos relacionais são:
A expressão;
A afetividade;
A agressividade,
A comunicação;
O limite;
A corporeidade.
1.2 Distúrbios psicomotores
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Na evolução motora da criança ocorrem dois processos que se
complementam e se inter-relacionam, a diferenciação e a integração. Elas
acontecem de forma recíproca e simultânea, resultando em aumento de força,
de rapidez, de precisão e facilidade de movimento (SANTOS et al, 2007).
Uma evolução psicomotora normal permite à criança passar dos
movimentos globais aos mais específicos e do movimento espontâneo ao
movimento consciente.
O distúrbio psicomotor traz problemas na totalidade do indivíduo. Como
os distúrbios psicomotores e afetivos estão ligados, que se influenciam e se
reforçam mutuamente, as dificuldades afetivas refletem-se no comportamento,
criando novas dificuldades (SANTOS et al, 2007).
Não é necessária a presença de uma grave lesão orgânica para que se
instale um distúrbio de psicomotricidade. Ele pode se originar de uma disfunção
cerebral mínima, de um problema físico ou de um problema emocional.
Os sintomas mais característicos, além de problemas motores de maior
ou menor gravidade, são transtornos na área do ritmo, da atenção, do
comportamento, esquema corporal, orientação espacial e temporal, lateralidade
e maturação (retardos).
Os distúrbios são os seguintes:
1.2.1 Instabilidade psicomotora
É o tipo mais complexo e que causa uma série de transtornos pelas
reações apresentadas. Neste quadro predomina uma atividade muscular
contínua e incessante. As crianças com instabilidade psicomotora revelam:
Instabilidade emocional e intelectual;
Falta de atenção e concentração;
Atividade muscular contínua (não terminam as tarefas iniciadas);
Falta de coordenação geral e motora fina;
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Equilíbrio prejudicado, hiperatividade;
Altos e baixos em provas psicométricas e idade mental baixa nas provas
de desenho;
Deficiência na formulação de conceitos e no processo da percepção;
Discriminação de tamanho, orientação espaço-temporal, discriminação
da figura-fundo, etc.;
Alteração da palavra e da comunicação, atraso na linguagem e
distúrbios da palavra;
Alteração da função motora: atraso nos níveis de desenvolvimento motor
e na maturidade geral;
Alterações emocionais: são impulsivas, explosivas, destruidoras,
sensíveis, frustram-se com facilidade;
Características durante o sono: movimentam-se excessivamente
enquanto dormem, fazem movimentos rítmicos com o corpo ou a cabeça
no travesseiro, apresentam terror noturno;
Alterações no processo do pensamento: dificuldade para abstrair,
pensamento desorganizado, memória pobre, atenção deficiente;
Características sociais: têm dificuldade de adaptação a situações novas
e facilmente deixam-se influenciar por outras crianças;
Escolaridade: dificuldades na leitura, escrita e na aritmética (discalculia);
lentidão nas tarefas; dificuldade de copiar do vertical para o plano
horizontal (da lousa para o caderno);
Babam excessivamente quando pequenas, chupam o dedo, roem
unhas, têm dificuldade no controle dos esfíncteres e são de fácil
fatigabilidade; problemas disciplinares graves na família, na escola e na
sociedade.
1.2.2 Debilidade psicomotora
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A debilidade psicomotora caracteriza-se pela presença da paratonia ou
da sincinesia.
Paratonia é a persistência de uma certa rigidez muscular, que aparece
nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. Apresenta uma
deselegância geral na posição estática ou em movimento. A paratonia pode ser
observada por meio da comparação do comportamento motor da criança
paratônica com o de uma criança normal.
A Sincinesia é a participação de músculos em movimentos aos quais
eles são necessários. Ou seja, quando se coloca um objeto numa das mãos da
criança com debilidade motora e pede-se a ela que o aperte fortemente, sua
mão oposta também se fechará, assim como ficar num pé só, o que para ela é
impossível (SANTOS et al, 2007).
Nos estudos realizados, Santos et al (2007) observaram ainda
descontinuidade dos gestos, imprecisão dos movimentos nos braços e pernas;
dificuldades nos movimentos finos dos dedos.
Crianças com debilidade psicomotora apresentam:
Distúrbios de linguagem (articulação, ritmo e simbolização);
Hábitos manipuladores: enrolar o cabelo, chupar os dedos;
Tremores na língua, nos lábios ou nas pálpebras, bem como nos dedos
quando iniciam uma atividade ou fazem força com eles;
Disciplina difícil;
Atenção deficiente e coordenação motora pobre;
Dificuldade de realizar movimentos finos;
Afetividade e intelectualidade comprometidas (seu aspecto habitual não
é de sofrimento, mas de indiferença e apatia, confundido
frequentemente com o de deficientes intelectuais);
Sonolência maior que a de outras crianças;
Isolamento social e crises de birra ou de ansiedade ao enfrentarem
situações difíceis;
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Dificuldade na aprendizagem da leitura, escrita e aritmética.
1.2.3 Inibição psicomotora
Na inibição psicomotora ocorre a presença constante de ansiedade que
aparece através das sobrancelhas franzidas e cabeça baixa. Além disso
inibição psicomotora envolve:
Problemas de coordenação motora;
Distúrbios de conduta;
Distúrbios glandulares, de pele, circulatórios e tiques, além de enurese e
encoprese1;
Rendimento superior ao das crianças com debilidade psicomotora, mas
fracassam em provas individuais (exames, chamadas orais) por causa
da ansiedade (SANTOS et al, 2007).
1.2.4Lateralidade cruzada
A lateralidade cruzada acontece quando as dominâncias do indivíduo
não se apresentam do mesmo lado. Até os 18 meses é nítido o ambidestrismo,
ou seja, o uso indiscriminado de ambos os lados. A partir dos 2 anos é que a
criança define sua lateralidade.
Quando há dominância direita ou esquerda, não ocorre nenhuma
perturbação no esquema corporal, mas quando a lateralidade é cruzada, os 1 Evacuação intestinal parcial ou total na roupa fora da idade normal.
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distúrbios psicomotores são evidentes e resultam em deformação no esquema
corporal.
A lateralidade cruzada pode apresentar:
Mão direita dominante versus olho esquerdo dominante;
Mão direita dominante versus pé esquerdo dominante;
Mão esquerda dominante versus olho direito dominante;
Mão esquerda dominante versus pé direito dominante (SANTOS et al,
2007).
1.2.5Imperícia
Na situação de imperícia, o portador possui inteligência normal,
evidenciando apenas uma frustração pelo fato de não conseguir realizar certas
tarefas que requerem uma apurada habilidade manual.
Suas características são:
Dificuldade na coordenação motora fina;
Quebra constantemente objetos;
Letra irregular;
Movimentos rígidos;
Alto índice de fadiga.
Em sua maioria os distúrbios psicomotores apresentam dificuldades na
coordenação motora ampla e fina (SANTOS et al, 2007).
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2 A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo Almeida (2006), um bom trabalho de psicomotricidade na
escola básica precisa de uma junção de fatores: concepção, comportamento,
compromisso, materiais e espaços.
a)Concepção
Concepção quer dizer que todo trabalho precisa ser planejado, pois ao
contrário, durante a execução podem surgir inúmeros problemas, como de
condução, de direcionamento das práticas e perda do foco.
É preciso haver objetivos claros para ter uma linha de pensamento a
seguir, senão, o professor corre o risco de perder a direção e no momento da
avaliação, principalmente, ele não consegue avaliar se o trabalho que executou
foi bom ou não.
b)Comportamento
O comportamento do professor que queira trabalhar com
psicomotricidade deve ser sempre de um observador, pois, como diz Almeida
(2006) é nas atividades diárias que este profissional vai introduzindo práticas
com objetivos psicomotores.
Ele também não pode esquecer que a motricidade deve caminhar lado a
lado com a afetividade, afinal, estes dois aspectos juntos é que formam a
concepção maior de um trabalho psicomotor. Portanto, o comportamento do
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professor é uma atitude que pode qualificar como desqualificar as relações
vividas nos ambientes educativos.
c)Compromisso
Embora muitas pessoas acreditem que o compromisso seja
questionável, concordamos com Almeida (2006) ao focar o compromisso do
profissional no sentido de aproveitar o tempo de trabalho, ou seja, ele planeja e
operacionaliza as práticas, assim, as ações se tornam mais claras e o trabalho
do professor fica limpo e consciente.
d )Materiais
Não há dúvidas de que os materiais são parte importante do trabalho
docente. Eles ampliam as ações, possibilitam que as crianças possam intervir e
se relacionar com objetos concretos, tornando o processo educativo mais
próprio, mais próximo e mais pertinente (ALMEIDA, 2006).
Quando se tem a concepção e o material, as coisas só podem funcionar,
mas lembremos que muitas vezes faltam os materiais, entretanto, o professor
pode tornar um espaço pobre em um rico ambiente educativo, do mesmo modo
que um espaço rico pode ser pobre em termos de ambiente educativo.
e) Espaços
O espaço é composto de estrutura física: salas, cadeiras, mesas,
armários, livros, quadros e todos os outros recursos físicos que podem existir
em um espaço, seja ele de educação formal (escola) ou de educação não
formal (clubes, comunidades, igrejas, etc.).
Mais uma vez podemos ter espaços ricos ou pobres, o que vai depender
da sua utilização e ainda da criatividade do professor.
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Os ambientes psicomotores educativos serão aqueles em que se busca
explorar cada ação desenvolvida ali. Toda e qualquer relação humana tem de
ser considerada porque a criança está em pleno momento de construção de
referências para ela e para o mundo. É neste momento em que a criança está
elaborando e apurando sua forma de olhar para o mundo e sua forma de o
conceber. Também é neste momento em que a criança está buscando qual é o
lugar dela no meio dos adultos e como os adultos vão abrindo espaços para
que ela possa ocupar (ALMEIDA, 2006).
2.1 A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil
Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio
corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem
da Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse
corpo, localizando-se no tempo e no espaço (CHICON, 1999).
O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir
de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em
comportamento significante. Desse modo, é necessário que toda criança passe
por todas as etapas em seu desenvolvimento.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a
formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades
lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança
desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do
comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental
de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando
seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a
aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na
conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo (LIMA;
BARBOSA, 2007).
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Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do
tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação
da criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio
corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus
interesses. A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam
utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois
assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas,
indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar
consciência de si mesma e do mundo que a cerca.
Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo,
que favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e
mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso
visando à formação da sua personalidade (BRASIL, 1998).
Algumas sugestões de exercícios psicomotores seriam: engatinhar,
rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os
lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados
(passeios ao ar livre), etc.
Pode-se afirmar, então, que a recreação, através de atividades afetivas
e psicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas,
expresso na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o
indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano (MONTEIRO,
2004).
Na educação infantil, a psicomotricidade, como estimulação aos
movimentos da criança tem como metas:
Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre
o corpo e o exterior (o outro e as coisas).
Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos
movimentos e da resposta corporal.
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Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos
através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e
imaginários.
Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas
capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção.
Ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da
pluralidade grupal.
Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser
valioso, único e exclusivo.
Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos
demais (ZEVALLOS, 2010).
2.2 O desenvolvimento motor infantil
O desenvolvimento humano focaliza o estudo científico de como as
pessoas mudam e também de como permanecem iguais, desde a concepção
até a morte. As mudanças são mais óbvias na infância, porém, ocorrem
durante toda a vida, sendo que os fatores que influenciam no desenvolvimento
são tanto internos (hereditários) quanto externos (ambientais) (PAPALIA e
OLDS, 2000).
O desenvolvimento ocorre em vários domínios – físico, cognitivo e
psicossocial – e as mudanças que ocorrem em cada uma destas esferas
afetam as demais. O desenvolvimento físico envolve as mudanças que
ocorrem no corpo, no cérebro, na capacidade sensorial e nas habilidades
motoras. O desenvolvimento cognitivo refere-se às mudanças que ocorrem
na capacidade mental, como a aprendizagem, a memória, o raciocínio, o
pensamento e a linguagem. O desenvolvimento psicossocial está
relacionado com a capacidade para interagir com o meio através das relações
sociais, que proporciona a formação da personalidade e a aquisição de
características próprias (PAPALIA e OLDS, 2000).
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Segundo Gallardo (2004), a infância é caracterizada por concentrar as
aquisições fundamentais para o restante do desenvolvimento humano, pois é
nessa etapa da vida que o indivíduo forma a base motora para a realização de
movimentos mais complexos futuramente. Neste momento é importante que a
criança tenha um bom acompanhamento no seu desenvolvimento físico,
cognitivo e psicossocial.
Papalia e Olds (2000) resaltam que as mudanças que ocorrem na
infância são mais amplas e aceleradas do que qualquer outra que venha a
ocorrer no futuro. Estes autores afirmam que dos três aos seis anos as
crianças vivem a segunda infância, período que corresponde aos anos pré-
escolares. Nesta fase, a aparência das crianças muda, suas habilidades
motoras e mentais florescem e sua personalidade torna-se mais complexa.
Todos os aspectos do desenvolvimento – físicos, cognitivos e psicossociais –
continuam interligados. À medida que os músculos passam a ter controle mais
consistente, as crianças podem atender mais suas necessidades pessoais,
como a higiene, e o vestir-se, ganhando, assim, maior senso de competência e
independência.
Para Pérez (1994), o período pré-escolar é a época da aquisição de
habilidades motoras básicas, sendo que os movimentos fundamentais são
considerados verdadeiros núcleos cinéticos. Esta capacidade para mover-se
cada vez de forma mais autônoma está relacionada com diversos fatores,
como a maturação neurológica, que permite movimentos mais completos, e o
crescimento corporal, que vai permitir maior possibilidade de domínio do corpo,
facilitando o movimento e a disponibilidade para realizar atividades motoras.
O período pré-escolar é o mais importante na formação da pessoa. É
quando ela constrói os principais instrumentos interiores de que se servirá,
primeiro de modo inconsciente e depois com progressiva consciência, para se
relacionar com a chamada realidade exterior. Pode não parecer aos olhos dos
adultos, mas esta é seguramente a fase mais decisiva da vida. O tempo todo a
criança age descobrindo, inventando, resistindo, perguntando, retrucando,
refazendo, socializando-se. Neste momento, é importante que a criança tenha
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um bom acompanhamento no seu desenvolvimento físico, cognitivo e
psicossocial (CURTISS, 1988).
A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde
que a criança passa a ter contato com o mundo. Na interação com o meio físico
e social, a criança passa a se desenvolver de forma mais abrangente e
eficiente. Isto significa que a partir do envolvimento com seu meio social são
desencadeados diversos processos internos de desenvolvimento que
permitirão um novo patamar de aprendizagem (BONAMIGO et al, 1982).
A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das
instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas
experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, o conhecimento a
respeito do mundo que a cerca (BONAMIGO et al, 1982).
De acordo com Le Boulch (1987), o desenvolvimento de uma criança é o
resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as
pessoas com quem convive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas
e emocionais. O corpo, portanto, é sua maneira de ser. É através dele que ela
estabelece contato com o ambiente, que se engaja no mundo, que compreende
o outro. Todo ser tem seu mundo construído a partir de suas próprias
experiências corporais, sendo assim, a criança terá maior habilidade para se
diferenciar e para sentir estas diferenças, pois é através dele que ela
estabelecerá contato com o meio, interagindo em nível psicológico, psicomotor,
cognitivo e social. Nesse sentido, através das experiências de aprendizagem, a
criança constrói seu esquema corporal e amplia seu repertório psicomotor,
adquirindo autonomia e segurança (OLIVEIRA, 1997).
As mudanças com relação ao desenvolvimento motor proporcionam uma
contínua alteração no comportamento ao longo da vida, que acontece por meio
das necessidades de tarefa, da biologia do indivíduo e do ambiente em que ele
vive. Ele é viabilizado tanto pelo processo evolutivo biológico quanto pelo
social. Desta forma, considera-se que uma evolução neural proporciona a
evolução ou integração sensório-motora, que acontece por meio do sistema
nervoso central (SNC) em operações cada vez mais complexas (FONSECA,
1988).
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Em cada idade o movimento toma características significativas e a
aquisição ou a aparição de determinados comportamentos motores tem
repercussões importantes no desenvolvimento da criança. Cada aquisição
influencia na anterior, tanto no domínio mental como no motor, através da
experiência e da troca com o meio (FONSECA, 1988).
Neste sentido, a escola tem um papel muito importante como facilitadora
das aprendizagens, estimulando o desenvolvimento integral da criança através
do trabalho em torno de desafios, fazendo com que ela explore, crie e
desenvolva sua habilidade com o objetivo de expandir seu potencial. Deste
modo, proporciona um meio para que a aprendizagem possa ocorrer,
colaborando para a formação do individuo em cada fase de seu
desenvolvimento (CURTISS, 1988).
A Educação Física, enquanto uma disciplina presente no currículo da
escola, adquire um papel importantíssimo na medida em que pode estruturar o
ambiente adequado para a criança. Ela pode oferecer experiências que
resultam numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento integral do
aluno, desenvolvendo suas habilidades motoras e sua sociabilização, sendo
assim possível trabalhar o corpo harmoniosamente nos seus aspectos físico,
cognitivo e psicossocial (BONAMIGO et al, 1982).
Segundo estudos de Willrich, Azevedo e Fernandes (2008) o
desenvolvimento motor é considerado como um processo sequencial, contínuo
e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma
enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos
simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente
organizadas e complexas.
Inicialmente, acreditava-se que as mudanças no comportamento motor
refletiam diretamente as alterações maturacionais do sistema nervoso central.
Hoje, porém, sabe-se que o processo de desenvolvimento ocorre de
maneira dinâmica e é suscetível a ser moldado a partir de inúmeros estímulos
externos (TECKLIN, 2002).
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A interação entre aspectos relativos ao indivíduo, como suas
características físicas e estruturais, ao ambiente em que está inserido e à
tarefa a ser aprendida são determinantes na aquisição e refinamento das
diferentes habilidades motoras (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).
Sabe-se que o surgimento de movimentos e seu posterior controle
ocorrem em uma direção céfalo-caudal e próximo-distal, porém este processo
não se apresenta de forma linear, incluindo períodos de equilíbrio e
desequilíbrio. Apesar disso, costuma cumprir uma sequência ordenada e até
previsível de acordo com a idade (BURNS; MACDONALD, 1999; RATLIFFE,
2000).
Diversos fatores, porém, podem colocar em risco o curso normal do
desenvolvimento de uma criança. Definem-se como fatores de risco uma série
de condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de
déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança (MIRANDA;
RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003).
Dentre as principais causas de atraso motor encontram-se: baixo peso
ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, infecções
neonatais, desnutrição, baixas condições socioeconômicas, nível educacional
precário dos pais e prematuridade.
Quanto maior o número de fatores de risco atuantes, maior será a
possibilidade do comprometimento do desenvolvimento (EICKMANN; DE LIRA;
LIMA, 2002).
De tudo que discorremos acima, podemos inferir que o movimento é
importante para o desenvolvimento humano porque:
Somente o desenvolvimento perceptivo-motor correto garantirá a criança
uma concepção mais ajustada sobre o mundo externo que a rodeia.
Dificuldades de aprendizagem simbólica (representação do mundo de
forma verbal, escrita e teleológica), refletem uma deficiente integração
das noções espaço e tempo que são fundamentais para a organização
do sistema sensório-motor da criança.
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Qualquer aprendizagem escolar, quer se trate de leitura, escrita ou de
cálculo (lógico-matématica) é, fundamentalmente, um processo de
relação perceptivo-motora.
A garantia de um pleno desenvolvimento preceptivo motor por parte da
criança, oferecerá condições para favorecer o amadurecimento e
depuramento de suas estruturas cognitivas. É pelo comportamento
perceptivo-motor que a criança aprende o mundo do qual faz parte.
O desenvolvimento global da criança depende (apoia-se) no
comportamento perceptivo-motor, o qual exige como condição variadas
oportunidades de aplicação: a exploração lúdica, o controle motor, a
percepção figura-fundo, integração intersensorial (sentidos), noção de
corpo, espaço e tempo, etc. (PALAFOX, 2003).
Ao relacionar desenvolvimento mental infantil com desenvolvimento
motor queremos pontuar que isto significa que a criança tem que ser capaz de
controlar seu próprio corpo. Disso também depende sua saúde física e mental,
afinal é através do corpo que a criança brinca e ganha recursos adequados
para sua sociabilidade, garantindo sua independência e ainda contribuindo
para que tenha um bom conceito de si mesma.
Na mobilidade corporal atuam um conjunto de músculos que fazem parte
da ação coordenada do tipo voluntário, nesta ação observa-se o
amadurecimento das estruturas neurais, dos ossos, tendões e alguns tecidos
corpóreos que juntos desencadeiam a coordenação motora. Porém isso não
significa que devamos pressionar a criança para que realize movimentos
prematuros; porque isso poderia desencadear uma série de efeitos
desfavoráveis que poderiam acabar por deixar a criança retraída, cheia de
temores e tensões.
O papel da família, escola e de todos os adultos que cuidam da criança
do decorrer de seu desenvolvimento é de suma importância, pois, a
estimulação precoce incentiva essa cadeia muscular a adquirir destreza e
reflexos (LEITE, 2007).
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O desenvolvimento motor é observado desde o terceiro mês de
gestação, quando o feto começa a movimentar membros inferiores e
superiores, depois no quarto mês observamos os famosos “pontapés” dos
quais as mamães se referem.
A coordenação dinâmica global e o equilíbrio são resultados de uma
sintonia perfeita entre ações musculares em repouso e em movimento.
A tomada de consciência do corpo requer a atuação de habilidades
cognitivas específicas, por esse motivo o desenvolvimento motor no decorrer
dos primeiros anos de vida da criança, está em estreita relação com a
inteligência, pois geralmente a criança que apresenta uma dificuldade motora,
pode sofrer um atraso no seu desenvolvimento intelectual (LEITE, 2007).
O equilíbrio efetua-se através de exercícios para o equilíbrio dinâmico e
estático. A postura constitui o padrão motor básico que garante a posição do
corpo em seu equilíbrio energético respeitando o centro de gravidade. Existem
conexões correspondentes a mecanismos de autorregulação entre cerebelo e
os centros superiores do córtex cerebral onde se encontram os esquemas de
conduta motora mais diferenciados. Por esse motivo a postura básica deve ser
respeitada em qualquer movimento.
De acordo com indicações de Condemarin (1989 apud Leite, 2007), os
exercícios para o desenvolvimento da coordenação dinâmica global são
realizados com a finalidade de aperfeiçoar o automatismo corporal. Entre estes
exercícios a autora cita: a marcha, engatinhar, arrastar-se, marcha sobre uma
barra de madeira, exercícios que promovam o equilíbrio estático e dinâmico, o
balancin, a cama elástica, pular corda, jogar bola, relaxamento, flexões entre
outros.
A falta de habilidades na criança é resultado de uma variedade de
fatores, como: estado físico, constituição somática, grau de inteligência,
oportunidade para desenvolver controle muscular e incentivo para conseguir
esse desenvolvimento.
Algumas causas podem ser as responsáveis pela deficiência do
desenvolvimento motor, podemos citar: as de origem neurológica, deficiência
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no controle dos esfíncteres, problemas de parto, meio ambiente, atraso na
educação de hábitos de higiene, todas essas variáveis resultam em problemas
de ordem emocional podendo variar desde a timidez até alterações de conduta
e formação de personalidade.
Com o acompanhamento de profissionais ligados às áreas de
movimentação corporal, a habilidade pode melhorar muito em termos de
velocidade, firmeza e força (LEITE, 2007).
3 PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CORPORAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 Trabalhando o corpo na educação infantil
São inúmeras as atividades que podem ser desenvolvidas com crianças
para prevenir ou reeducá-la.
Iremos aprofundar este assunto na apostila de jogos e brincadeiras, mas
aqui cabem algumas propostas.
As atividades de mímica e dramatização podem ser utilizadas para um
maior autoconhecimento, seja do próprio corpo como de suas emoções. O
trabalho realizado com crianças com dificuldades de aprendizagem tem
enfatizado a necessidade de deixá-las vivenciar sensações de rigidez e de total
relaxamento, principalmente no caso de crianças que possuem instabilidade
motora em diversos níveis (SANTOS et al, 2007).
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Para trabalhar a coordenação motora ampla global temos o movimentar-
se livremente, sentir-se à vontade, como por exemplo, arrastar-se no chão,
passar por baixo de cadeiras, rolar de lado como se a criança descesse uma
ladeira. Andar: normal por cima de objetos colocados no chão; engatinhar; e
pular. Corridas: livres; revezamento de obstáculos; amarelinha; jogos de bola
(lançar e apanhar).
Para a coordenação motora fina, os movimentos exigem dissociação
digital fina. As atividades podem ser: misturar vários canudos coloridos
cortados em pedaços, pedindo que os separe pela cor; enfiar objetos finos e
furados em um barbante; recortar figuras e fazer colagens; cópia de um trecho
escolhido.
Para a coordenação motora digital, que são os movimentos puros em
que prevalece a atividade digital, com escassa participação de deslocamento
manual, temos as atividades de separar fichas conforme a cor; jogo de varetas;
dobradura de papel.
3.2 Os ambientes e aprendizagem e o caráter preventivo
Todo ambiente, sem exceção, é um espaço organizado segundo certa
concepção educacional, que espera determinados resultados. Há sempre um
arranjo ambiental, mesmo que isso se traduza na existência de uma sala com
pouco mobiliário e poucos objetos e brinquedos ou uma sala atulhada de
berços dispostos lado a lado.
No caso das creches ou escolas de educação infantil, o ambiente
deveria ser considerado como um campo amplo de vivências e explorações,
zona de múltiplos recursos e possibilidades para a criança reconhecer objetos,
experiências, significados de palavras e expressões, além de ampliar o mundo
de sensações e percepções (OLIVEIRA, 2010).
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Esse ambiente funciona como um recurso de desenvolvimento e, para
isso, ele deve ser planejado pelo educador, parceiro privilegiado de que a
criança dispõe.
A criança, desde cedo, reconhece o espaço físico ou atribui-lhe
significações, avaliando intenções e valores que pensam ser-lhe próprios. Daí a
importância de organizar os múltiplos espaços de modo que estimulem a
exploração de interesses, rompendo com a mesmice e o imobilismo de certas
propostas de trabalho de muitas instituições de educação infantil.
O que importa verificar não são as qualidades ou os aspectos do
ambiente, mas como eles são refratados pelo prisma da experiência emocional
da criança e atuam como recursos que ela emprega para agir, explorar,
significar e desenvolver-se (OLIVEIRA, 2010).
Fonseca (1996) destaca o caráter preventivo da psicomotricidade,
afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma
“propedêutica das aprendizagens escolares”, especialmente, a alfabetização.
Para o autor as atividades desenvolvidas na escola como a escrita, a
leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, o grafismo, e enfim, os
movimentos estão ligados à evolução das possibilidades motoras e as
dificuldades escolares estão, portanto, diretamente relacionadas aos aspectos
psicomotores. Todavia, a Psicomotricidade, não pode ser analisada fora do
comportamento e da aprendizagem, e este, para além de ser uma relação
inteligível entre estímulos e respostas, é antes do mais, uma sequencia de
ações, ou seja, uma sequencia espaço-temporal intencional.
Se tomarmos a definição de Hutardo2 (1991, p. 91) para
Psicomotricidade, temos como justificar a ação do professor que, ao apropriar-
se dos recursos psicomotores, poderá promover práticas psicomotoras com
caráter preventivo.
2 Ciência da educação que enfoca a unidade indivisível do homem (constituída pelo soma e
psique), educando o movimento ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções intelectuais.
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Essa ação difere da reeducação, prática que normalmente ocorre no
campo da clínica psicomotora. A intervenção preventiva acontece na medida
em que dá condições à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente.
As práticas psicomotoras realizadas como atividades regulares no
cotidiano da instituição de educação infantil favorecem o desenvolvimento
psicomotor da criança, tendo nesse caso um caráter preventivo (IMAI, 2005).
Um exemplo de prática psicomotora preventiva pode ser visto quando
oferecemos as condições favoráveis para o desenvolvimento psicomotor de
uma criança ameaçada pela vida sedentária que leva em seu lar. Esse fato tem
se tornado cada vez mais comum nos grandes centros. Essa situação pode ser
justificada pelos avanços tecnológicos em nossa sociedade que oferecem
muitas vezes diversão e recreação com o mínimo de esforço físico.
Para muitas crianças, o espaço escolar é, talvez, o único lugar no qual
irão passar várias horas de seu dia brincando, com segurança, em grandes
áreas, tendo contato com areia, parque e interagindo com outras crianças.
Nesses contextos educativos, elas terão, muitas vezes, as condições
favoráveis para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo, psicológico,
motor e, em especial, no campo psicomotor (IMAI, 2005).
A educação infantil necessita de professores com uma formação ampla
em diversas áreas do conhecimento: cognitiva, psicológica, motora,
neurológica e psicomotora, para atender às necessidades de sua clientela.
Esse profissional tem hoje um grande desafio, superar as barreiras impostas
pelo despreparo em lidar com situações que exigem conhecimentos em áreas
específicas, que outrora não se acreditava serem de seu domínio. A ação
educativa preventiva pode contribuir para diminuir ou mesmo solucionar
possíveis dificuldades durante o processo de desenvolvimento psicomotor,
impedindo que essas dificuldades possam comprometer as futuras
aprendizagens escolares (IMAI, 2005).
Enfim, o conhecimento aliado à prática e experiência do profissional,
certamente conduzirá a mudanças significativas em sua prática psicomotora
com caráter preventivo.
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ANEXO
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Fonte: ECKERT (1993, p.230-231).