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DEPÓSITOS DE FOSFATO SEDIMENTAR,
UMA ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DA FORMAÇÃO
BOCAINA, FAZENDA RESSACA-MS VERSUS GRUPO
ARARAS, FAZENDA SERRA AZUL-MT.
ii
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Paulo Speller
Reitor
Elias Alves de Andrade
Vice-Reitor
Marinêz Isaac Marques
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Carlos Antônio Dornellas
Diretor do Instituto de Ciências Exatas e da Terra
Rúbia Ribeiro Viana
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geociências
Jackson Douglas Silva da Paz
Chefe do Departamento de Recursos Minerais
iv
v
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N° 05
DEPÓSITOS DE FOSFATO SEDIMENTAR,
UMA ANÁLISE ESTRATIGRAFICA DA FORMAÇÃO
BOCAINA, FAZENDA RESSACA-MS VERSUS GRUPO
ARARAS, FAZENDA SERRA AZUL-MT.
Autora: Alessandra de Sousa Rosa
Orientador: Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Departamento de Geologia da Faculdade de Geologia da Universidade Federal de Mato
Grosso, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Geociências, Área de Concentração: Petrogênese/Recursos Minerais
CUIABÁ 2008
vi
Universidade Federal de Mato Grosso – http://www.ufmt.br Instituto de Ciências Exatas e da Terra – http://www.ufmt.br Curso de Geologia – http://www.ufmt.br Departamento de Recursos Minerais – http://www.ufmt.br Programa de Pós-Graduação em Geociências – ppgec@cpd.ufmt.br Campus Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó 78.060-900 – Cuiabá, Mato Grosso Fone: (65) 3615-8000 – Fax: (65) 3628-1219 – E.mail: – http://ufmt.br Os direitos de tradução e reprodução são reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.
Depósito Legal na Biblioteca Nacional Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação – SISBIB – Universidade Federal de Mato Grosso
Rosa, Alessandra de Sousa. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca -
MS Vesus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT [manuscrito]. / Alessandra de Sousa Rosa – 2008
xiv, 67 f.; il. Color. (Contribuições às Ciências da Terra, série 1, vol. 1, n. 1).
Orientador: Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra. Faculdade de Geologia. Departamento de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Geociências.
Área de Concentração: Petrogênese/Recursos Minerais 1. Geologia – Dissertação. 2. Faixa Paraguai – Dissertação. 3. Grupo Corumbá – Dissertação. 4.
Grupo Araras – Dissertação. 5. Rochas Fosfáticas. CDU: .....
vii
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha
família, meu maior tesouro,
meus pais Samuel e Iraides,
Venâncio, a luz da minha vida
e meus queridos Alessandro
& Zilda.
"Não poríamos a mão no fogo pelas nossas opiniões: não temos assim tanta certeza delas. Mas talvez nos deixemos queimar por inteiro para podermos ter e mudar as nossas opiniões."
[Friedrich Nietzsche]
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Agradecimentos
De forma simples porem sincera gostaria de externar meus agradecimentos aos envolvidos no
cumprimento de mais uma importante etapa da minha vida. Etapa esta desenvolvida nas dependências
da Universidade Federal de Mato Grosso, uma instituição pela qual nutro grande carinho e respeito,
onde recebi o apoio de outras instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível
Superior – Capes, a Fundação de Apoio a Pesquisa de Mato Grosso – FAPEMAT (processo
0726/2006), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico - CNPq (processo 474220/006-0)
e a Universidade de São Paulo-USP. Sou grata pelos ensinamentos de todos os docentes e a agradável
companhia dos colegas, onde através de empolgantes discussões, tive a oportunidade de observar
diversos pontos de vista a fim de formar o meu próprio. Citar nomes por vezes é complicado, pois se
corre o risco de esquecer alguém, por isso sempre tentei expressar minha gratidão no convívio diário, e
se assim não o fiz, peço perdão, mais não posso deixar de expressar minha gratidão a algumas pessoas
que estiveram muito próximas neste percurso, contribuindo sobremaneira para a construção deste
trabalho.
Ao Prof. Dr. Gerson Souza Saes, pela atenção e pelo fornecimento de bibliografia na área de
sedimentologia, sempre um socorro acessível.
Sou grata pelos momentos de pausa e pelas inesquecíveis viagens. Agradeço as queridas
Gisely pela sua alegria; Maria Elisa pelo seu exemplo de bem viver; Rosilene pela companhia que
nunca me faltou; Eudinéia pelo seu inesgotável sendo de humor, Elaine, minha adorável companheira
de campo e cujo precioso auxilio nos momentos de finalização deste trabalho foi essencial para a
realização do mesmo, além do impagável Marcos Maciel, Fânio, Jeane, entre outros. Sou grata
também a todos os professores do programa, aqui representados pela Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar,
cujo entusiasmo em disseminar o conhecimento é uma de suas características mais marcantes e
também a todos os técnicos responsáveis pelos laboratórios e secretarias.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, na pessoa da coordenadora Profa. Dra.
Rúbia Ribeiro Viana, alem dos membros da banca examinadora, pelas contribuições que certamente
virão.
Ao caro Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, que após anos de orientação tornou-se
mais que um mestre, um amigo, alguém que respeito e admiro.
Gostaria de agradecer ainda aos amados Alice e Wanderly pelo apoio e amizade destinados a
mim nestes últimos meses.
E um agradecimento mais que especial a minha família, meu maior e melhor presente divino.
Agradeço pela compreensão, apoio emocional e financeiro. Sou imensamente feliz por ter como
referência um lar terno e muito alegre, “Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso de um lar”
(Spencer W. Kimball).
x
Sumário Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xii Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiv Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvi
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 1 1.1-APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................................................................... 1 1.2-OBJETIVOS.............................................................................................................................................................. 2 1.3-LOCALIZAÇÃO E ACESSOS................................................................................................................................ 2 1.4-MATERIAIS E MÉTODOS DE TRABALHO...................................................................................................... 4
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................................................... 6
DEPÓSITOS DE FOSFATO ............................................................................................................................................. 6 2.1-O ELEMENTO FÓSFORO.................................................................................................................................... 6 2.2-FONTES DE FOSFORO E FOSFATOGENESE ............................................................................................... 6 2.3-DEPÓSITOS PRIMÁRIOS..................................................................................................................................... 9
Depósitos de Afiliação Magmática ...............................................................................................................................9 Depósitos de Origem Sedimentar................................................................................................................................10 -Depósitos de Metafosforito........................................................................................................................................11
2.4-DEPÓSITOS DE FOSFATO DE ORIGEM SECUNDÁRIA .......................................................................... 11 2.5-IMPORTANTES DEPÓSITOS DE FOSTATO................................................................................................. 12
COMPLEXO FOSFÓRIA (PHOSPHORIA COMPLEX)..........................................................................................12 DEPÓSITO PERNAMBUCO PARAÍBA..................................................................................................................12 DEPÓSITO ROCINHA..............................................................................................................................................14
CAPÍTULO 3 ......................................................................................................................................................................... 16
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL .................................................................................................................... 16 3.1-UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS QUE COMPÕEM A FAIXA PARAGUAI NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ........................................................................................................................................................ 18
GRUPO CUIABÁ.......................................................................................................................................................19 FORMAÇÃO PUGA..................................................................................................................................................19 GRUPO CORUMBÁ..................................................................................................................................................20 GRUPO JACADIGO..................................................................................................................................................27
3.2-UNIDADES ESTRATIGRAFICAS QUE COMPÕEM A FAIXA PARAGUAI NO ESTADO DE MATO GROSSO......................................................................................................................................................................... 30
GRUPO CUIABÁ.......................................................................................................................................................30 FORMAÇÃO BAUXI.................................................................................................................................................32 FORMAÇÃO PUGA..................................................................................................................................................33 GRUPO ARARAS......................................................................................................................................................33 GRUPO ALTO PARAGUAI......................................................................................................................................34
CAPÍTULO 4 ......................................................................................................................................................................... 40
CONTEXTO GEOLÓGICO DAS ÁREAS PESQUISADAS.................................................................................... 40 4.1-FAZENDA RESSACA-FORMAÇÃO BOCAINA .............................................................................................. 40
FÁCIES DE MUDSTONES DOLOMÍTICOS ESTRATIFICADOS, ASSOCIADOS À ESTROMATÓLITOS LLH. ............................................................................................................................................................................40 FÁCIES DE FLAKSTONES......................................................................................................................................41 FÁCIES DE PSÓIDES RUDSTONES.......................................................................................................................42 FÁCIES DE MUDSTONES DOLOMÍTICOS COM INTERCALAÇÕES DE SILEXITOS...................................43 FÁCIES DE MICROFOSFORITO.............................................................................................................................44
4.2-FAZENDA SERRA AZUL-GRUPO ARARAS ................................................................................................... 47 FORMAÇÃO GUIA...................................................................................................................................................48 FORMAÇÃO NOBRES..............................................................................................................................................49
CAPÍTULO 5 ......................................................................................................................................................................... 54
AMBIENTES DEPOSICIONAIS, UMA BREVE INTERPRETAÇÃO DAS FÁCIES ....................................... 54
xi
CAPÍTULO 6 ......................................................................................................................................................................... 59
RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................................................................... 59
CAPÍTULO 7 ......................................................................................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................... 61
ANEXOS FICHA DE APROVAÇÃO ARTIGO CIENTÍFICO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIENCIAS
xii
Lista de Figuras
Figura 1.1: Mapa de localização e acessos a área de estudo na porção sul da Faixa Paraguai (Fazenda Ressaca), modificado de Justo et al. 1999........................................................................................ 3
Figura 1.2: Mapa de localização e acessos a área de estudo na porção norte da Faixa Paraguai (Fazenda Serra Azul), modificado do Mapa Político, Rodoviário e Estatístico de Mato Grosso, edição 2004. ............................................................................................................................................ 4
Figura 1.3: Imagem LANDSAT da área norte (MT), banda para uso e ocupação do solo. Escala 1:100.000...................................................................................................................................... 5
Figura 2.1: Esquema de deposição das fácies da Formação Bocaina (modificado de Boggiani 1990).. 8
Figura 2.2: Forma de ocorrência de complexos carbonatíticos. Mapa do Complexo alcanino-carbonatitico de Araxá-MG de da Silva 1986 (Fonte: Biondi 2003)................................................. 10
Figura 3.1: Mapa geológico regional da Faixa Paraguai. Modificado de Alvarenga (1993). ............. 16
Figura 3.2: Coluna estratigráfica esquemática da Faixa Paraguai no estado de Mato Grosso, modificado de Alvarenga (1988). ................................................................................................. 18
Figura 3.3: Foto mostrando calcário com intercalações de pelitos da Formação Tamengo. .............. 24
Figura 3.4: Foto de afloramento da Formação Guaicurus (estrada Bodoquena-Bonito). ................... 26
Figura 3.5: Foto mostrando contato entre os calcários da Formação Tamengo (abaixo da linha pontilhada) e os pelitos da Formação Guaicurus afloramento na estrada Bodoquena-Bonito. ............ 27
Figura 3.6: Perfil esquemático do Grupo Jacadigo, modificado de Godoi (2001). ........................... 28
Figura 3.7: Fotos da Formação Serra Azul, A: Clasto de dolomito presente na camada de diamictito basal. B: Camada de siltito de cor amarela. C: Contato entre a camada de siltito e a camada argilosa de topo. ........................................................................................................................................... 37
Figura 3.8: Foto mostrando estratificação cruzada em arenito da Formação Raizama. ..................... 38
Figura 3.9: Foto mostrando marcas de onda nos litoarenitos da Formação Diamantino.................... 39
Figura 4.1: Fotos de estromatólitos da Formação Bocaina em afloramentos da Fazenda Ressaca. .... 41
Figura 4.2: Fotos da fácies de flakestones da Formação Bocaina.................................................... 41
Figura 4.3: Foto mostrando ocorrência de psóids na Formação Bocaina (retirada de Justo et al. 1999)................................................................................................................................................... 42
Figura 4.4: Fotos de psóids de tamanho maior em afloramento na Fazenda Ressaca........................ 43
Figura 4.5: Foto mostrando intercalações de silexito em mudstone dolomítico................................ 43
Figura 4.6: Fotos da fácies de rocha fosfática da Formação Bocaina. Acima fosforito da Fazenda Ressaca, abaixo, calcário (parte mais clara) inserido na camada de fosforito de cor negra................. 45
Figura 4.7: Fotos da camada de rocha fosfática do perfil Fazenda Ressaca. .................................... 46
Figura 4.8: Perfil esquemático dos litotipos encontrados na Fazenda Ressaca-MS com resultados de P2O5 total (%) para amostras coletadas na fácies de rochas fosfáticas.............................................. 46
Figura 4.9: Fotos de afloramentos de calcário da Formação Guia. A esquerda calcário maciço aflorando em dolina, a direita, calcário com laminas de argila e boudins de chert............................. 49
Figura 4.10: Fotos de estrutura de dissolução por águas meteóricas Lapiás, nos calcários da Formação Guia ........................................................................................................................................... 49
Figura 4.11: Fotos de brechas dolomiticas que ocorrem na Formação Nobres................................. 50
Figura 4.12: Foto de estromatólito colunar na Formação Nobres.................................................... 51
xiii
Figura 4.13: Fotos de ocorrência de brecha arenítica na região de Marzagão, topo da Formação Nobres. A esquerda observa-se impregnação por oxido de ferro, conferindo a rocha cor avermelhada, a direita observa-se impregnação por óxido de manganês (cor preta). ................................................ 52
Figura 4.14: Coluna estratigráfica mostrando os litotipos do Grupo Araras encontrados na área da Fazenda Serra Azul-MT............................................................................................................... 53
Figura 5.1: Coluna estratigráfica do Grupo Corumbá mostrando as fácies descritas na Fazenda Ressaca. (Modificado de Boggiani 1998) ...................................................................................... 56
Figura 5.2: Coluna estratigráfica das unidades encontradas na Fazenda Serra Azul-MT e circunvizinhanças, (Modificada de Rosa 2005).............................................................................. 58
xiv
Lista de tabelas Tabela 3.1: Síntese das fácies da Formação Cadiueus, retirada de Boggiani (1998). ........................ 21
Tabela 3.2: Síntese das fácies da Formação Cerradinho, retirada de Boggiani, (1998). .................... 22
Tabela 3.3: Síntese das fácies da Formação Bocaina, retirada de Boggiani, (1998). ......................... 23
Tabela 3.4: Tabela mostrando a distribuição das fácies da Formação Tamengo sobre o Cráton Amazônico e Faixa Paraguai. ....................................................................................................... 25
Tabela 4.1: Resultados analíticos de 27 amostras coletadas em um dos perfis realizados na Fazenda Ressaca-MT e 03 coletadas aleatóriamente.................................................................................... 47
xv
Resumo Depósitos de Fosfato sedimentogênicos assumem grande importância no cenário da
exploração mineral do mundo, de onde se produz a maior parte deste elemento destinado a insumo
agrícola e, de um modo geral, estes depósitos apresentam-se com grandes dimensões.
Descobertas relativamente recentes de ocorrências de fosforito atribuído ao período
Neoproterozóico revelam que, em termos de área potencial para fosfato dessa idade, novas descobertas
possam vir a ocorrer. Um importante alvo deste estudo é a unidade carbonática da Faixa Paraguai. Esta
faixa representa uma seqüência de sedimentos e meta sedimentos deformados e metamorfisados
durante o evento tectônico Brasiliano/Pan-Africano (~600Ma), tendo sido desenvolvida no final do
Neoproterozóico, na borda sudeste do Cráton Amazônico. No estado de Mato Grosso do Sul está
representada por rochas da Formação Puga e dos grupos Corumbá e Jacadigo, e no estado de Mato
Grosso, pelas rochas do Grupo Cuiabá, formações Bauxi e Puga e grupos Araras e Alto Paraguai.
Durante a execução deste trabalho realizou-se perfis geológico numa área que registra uma
considerável ocorrência de rocha fosfática na Formação Bocaina, pertencente ao Grupo Corumbá e
localizada na Fazenda Ressaca, a norte de Bonito, sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul. Nesta
área cinco fácies sedimentares foram descritas, (i) Fácies de mudstones dolomíticos estratificados,
associados a estromatólitos LLH, (ii) Fácies de flakstones, (iii) Fácies de psóides rudstones, (iv)
Fácies de mudstones dolomíticos com intercalações de silexitos e (v) Fácies de microfosforito, onde
se observaram características estruturais típicas de um ambiente deposicional de uma planície de maré,
sujeita a correstes marinhas ascendentes.
Com o objetivo de correlacionar estas informações e buscar prováveis locais favoráveis a
ocorrência de rochas fosfáticas na porção norte da faixa, realizaram-se perfis geológicos no Grupo
Araras na Fazenda Serra Azul, localizada a norte do Vilarejo Marzagão pertencente ao município de
Nobres, estado de Mato Grosso. Nesta segunda área de estudo foram identificadas as formações Guia,
formada essencialmente por calcários e a Nobres, composta por dolomitos com brechas areníticas no
topo.
Apesar de inúmeras similaridades encontradas entre as porções sul (Grupo Corumbá) e norte
(Grupo Araras) da Faixa Paraguai, tais como litologia, estruturas e ambiente de sedimentação,
ocorrências de rochas fosfatas não foram encontradas na área norte.
xvi
Abstract
Sedimentary phosphate deposits are important in the mineral exploration cenary on the world.
Most of the phospate used in agricultrure comes from sedimentary deposits. In general they show
expressive dimentions. Recent phosphorite finding are related to the Neoproterozoic period showing
that in terms of potential area for phosphate in that age, new findings are likely to occur. An important
target of this study is the carbonatic unit of the Paraguay belt. This belt represents a sequence of
sediments and meta sediments deformed and metamorphosed during the Brasilian / Pan African
tectonic event (~600Ma) that was developed during the end of the Neoproterozoic, in the southeastern
edge of the Amazonian Craton. In the Mato Grosso do Sul state it is represented by rocks of the Puga
formation and the units of the Jacadigo and Corumba groups, and in the Mato Grosso state, the
Paraguay belt is represented by the rocks of the Cuiaba group, Bauxi and Puga formations and the
Araras and Alto Paraguay group. During the execution of this work geological profiles were studied in
na área that show a phosphotitc rock from the Bocaina Formation, from the Corumbá Group, located
at the Ressaca farm, north of the Bonito city, shoutwestern of the Mato Grosso do Sul state. Five
sedimentary facies were described in this area: (i) Layered dolomitic mudstones facies, associated
with LLH stromatolites, (ii) Flakstones facies, (iii) Rudstones psoids facies, (iv) Dolomitic mudstone
with sílex intercalation fácies and (v) Microphosphorite facies, where noted typical structural
characteristic of a tidal flat environment with upwelling of deeper oceanic water. In order to correlate
the information between the Paraguay belt in the Mato Grosso do Sul and Mato Grosso states, and
looking for phosphate occurrence in northern portion of the belt, geological profiles were carried out
in the Araras group in the Serra Azul farm, located north of the Marzagão thowship, municipality of
Nobres, Mato Grosso state. In this second area of study were identified limestones of the Guia
formation and dolostones with sandsones breccias in the top of the Nobres formation. Despite many
similarities found between the southern portions (Corumba Group) and north (Group Araras) portions
of the Paraguay belt, such as lithology, structures and sedimentary environment, occurrences of
phosphatic rocks were not found in the north area of the belt.
.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
1
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1-APRESENTAÇÃO DO TEMA
Atualmente depósitos de fosfato sedimentar têm despertado grande interesse por suas grandes
dimensões, e também pelo fato de produzirem a maior parte do fosfato usado no mundo como insumo
agrícola.
Um grande número de ocorrências de fosforito atribuído ao período compreendido entre o
Neoproterozóico e o Cambriano pode evidenciar que, este intervalo de tempo representa o maior
evento de fosfatogênese que teve lugar no planeta.
Muitas descobertas relativamente recentes revelam que, em termos de área potencial para
fosfato dessa idade, novas descobertas possam vir a ocorrer. Neste contexto existem áreas no Brasil
que poderão ser exploradas graças aos avanços do conhecimento geológico e das técnicas de pesquisa,
que nos últimos anos, têm permitido abrir novas perspectivas, facilitando a prospecção de depósitos de
fosfato associados a sedimentos marinhos, principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás e
Tocantins, nas rochas dos grupos Bambuí e Una, e em Mato Grosso do Sul, nas rochas do Grupo
Corumbá, onde já são conhecidas ocorrências importantes.
No Estado do Mato Grosso do Sul as primeiras notícias de fosfato no Grupo Corumbá datam
de 1976, através de levantamento geoquímico na Serra da Bodoquena, realizado pela DOCEGEO
(Justo 1999). Em abril de 1997 a CPRM, através do Programa de Insumos Minerais para Agricultura-
PIMA, iniciou trabalhos de prospecção neste estado, na região da Serra da Bodoquena, nos
metassedimentos do Grupo Corumbá, onde foram encontradas importantes ocorrências de fosforito
com teores acima de 30% de P2O5.
Em Outubro de 2000, como continuidade do PIMA, a CPRM publica o relatório do Projeto
“Fosfato da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul”, mostrando dados levantados na ocorrência da
Fazenda Ressaca, a maior camada de fosforito observada atualmente no Grupo Corumbá.
Mato Grosso tem ocupado um espaço de grande destaque no circuito internacional por ter se
tornado nos últimos anos, um dos maiores produtores mundiais de grãos. Apesar de ser detentor da
maior parte de áreas favoravelmente agricultáveis do país, Mato Grosso enfrenta problemas com o
solo destas regiões, em sua maior parte solos do cerrado, que apesar de possuírem características
físicas propicias para o plantio, necessitam de correção química para aumento da fertilidade. Como o
insumo necessário para correção de solo não é produzido no estado, tem-se a necessidade de trazê-lo
de outros pólos produtores, onerando assim seu custo.
Com a descoberta de depósitos de fosfato em Mato Grosso os custos com a produção agrícola
diminuiriam, uma vez que insumos minerais tão importantes para o desenvolvimento desta atividade
poderiam ser produzidos localmente, dispensando os custos com transporte.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Várias similaridades geológicas entre as unidades que compõe a Faixa Paraguai vêm sendo
observadas ao longo do tempo, por este motivo, estudos de correlação entre as porções norte e sul são
altamente justificáveis.
1.2-OBJETIVOS
Objetiva-se com este trabalho apresentar uma síntese sobre a formação de depósitos de fosfato
sedimentogênico no contexto geológico regional da Faixa Paraguai nos estados de Mato Grosso do Sul
e Mato Grosso e apresentar dados referentes a perfis realizados em unidades do Grupo Corumbá, na
Fazenda Ressaca em Mato Grosso do Sul e no Grupo Araras, na Fazenda Serra Azul, no estado do
Mato Grosso.
1.3-LOCALIZAÇÃO E ACESSOS
Duas áreas de estudo foram enfocadas neste trabalho, uma na porção sul da unidade
geotectônica conhecida como Faixa Paraguai, e a outra na porção norte da mesma. A primeira área
localiza-se na Fazenda Ressaca, a norte do município de Bonito e nas proximidades do município de
Bodoquena, extremo sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul. Compreende um retângulo de
orientação preferencial norte-sul.
O acesso pode ser feito a partir da cidade turística de Bonito, pela rodovia estadual MS-178,
que parte da BR-267 e liga os municípios de Jardim e Bodoquena, sendo asfaltada somente no trecho
Jardim-Bonito (Figura 1.1).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
3
Figura 1.1: Mapa de localização e acessos a área de estudo na porção sul da Faixa Paraguai (Fazenda Ressaca), modificado de Justo et al. 1999.
A segunda área de trabalho localiza-se na Fazenda Serra Azul, a Norte do Vilarejo de
Marzagão e mais precisamente no atual Distrito de Bom Jardim, ambos pertencentes à porção Centro
Oeste do município de Nobres, estado de Mato Grosso. Compreende um retângulo de orientação
preferencial leste-oeste (Figura 1.2).
O acesso se faz a partir da capital Cuiabá por via asfaltada, através da rodovia estadual MT
251, em direção a Usina Hidrelétrica de Manso. Em seguida o acesso é feito por via não pavimentada,
MT 351, até o Distrito de Marzagão, sendo que a partir deste ponto utilizou-se de diversas estradas
vicinais para cobrir a área de estudo.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 1.2: Mapa de localização e acessos a área de estudo na porção norte da Faixa Paraguai (Fazenda Serra Azul), modificado do Mapa Político, Rodoviário e Estatístico de Mato Grosso, edição 2004.
1.4-MATERIAIS E MÉTODOS DE TRABALHO
O trabalho em questão foi executado em três etapas distintas, sempre integradas, compostas
por uma série de procedimentos rotineiros em trabalhos geológicos, sendo as mesmas sucintamente
descritas abaixo:
Levantamento prévio: Nesta etapa foi realizado um levantamento bibliográfico, onde se
procurou reunir trabalhos anteriores sobre a Faixa Paraguai, tanto de maneira regional quanto
especificamente sobre o entorno das áreas alvo. Para a área localizada no estado de Mato Grosso do
Sul utilizou-se do relatório do Projeto Programa de Avaliação Geológico-Econômica de Insumos
Minerais para Agricultura no Brasil-PIMA-GO/TO/MT/MS, executado pela CPRM-Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais, como referência para locação dos perfis. Já para a área localizada no
estado de Mato Grosso, utilizou-se das cartas topográficas SD-21-Z-B IV e SD-21-Z-A-VI (Caiana e
Praia Rica respectivamente), confeccionadas em convênio IBGE - SUDAM no ano de 1975 e
trabalhos de fotointerpretação utilizando fotos aéreas em escala 1:50.000 e imagem LANDSAT para
uso e ocupação do solo (Figura 1.3), aproveitados de uma pesquisa anteriormente realizada na área
(2004) onde de posse desses dados, gerou-se mapas base para melhor desenvolvimento dos trabalhos
em campo.
Levantamentos em campo: Esta fase do trabalho consistiu em duas etapas de campo, uma na
área sul (MS) e outra na área norte (MT), intercaladas com análise dos dados coletados. A primeira
etapa foi realizada na Fazenda Ressaca, nas proximidades do município de Bodoquena, com o objetivo
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
5
de melhor entender e caracterizar uma ocorrência de rocha fosfática na Faixa Paraguai, a fim de
determinar propriedades diagnósticas para prospectar este tipo de rocha na porção norte desta faixa. A
segunda etapa consistiu na realização de perfis nas proximidades do Vilarejo de Marzagão, na área e
entorno da Fazenda Serra Azul, com o objetivo de buscar semelhanças litoestratigráficas com a área da
Fazenda Ressaca e identificar prováveis ocorrências de rochas fosfatadas. Diversos perfis foram
realizados e referenciados com GPS (Globo Position System). Nestes pontos foram feitas descrições
de características como litologia e estruturas, além de relações de contato e dimensão da camada. Para
estudo mais apurado, foram coletadas amostras e efetuadas medidas de atitude utilizando-se de bússola
geológica Brunton.
Trabalhos de gabinete: Na fase final do trabalho, os dados foram integralizados, gerando
interpretações litológicas, sedimentares e estruturais das áreas onde os estudos foram realizados, sendo
apresentadas como uma proposta de colunas estratigráficas (Figuras 5.1 e 5.2) construídas com o
auxílio do software Corel Draw X3, da Corel Corporation e Corel Corporation Limited. Foram
confeccionadas seções delgadas a partir de amostras selecionadas no Laboratório de Laminação da
UFMT e descritas utilizando microscópio binocular de luz polarizada da marca Olympus® BX41 do
Laboratório de Microscopia da mesma instituição. Análises químicas foram realizadas no Laboratório
Agro Análises, localizado em Cuiabá-MT, apresentando resultados para P2O5-Total%; P2O5--Acido
Cítrico%; P2O5-CNA%; CA %; S %; Fe%; Mg % (Tabela 4.1).
Figura 1.3: Imagem LANDSAT da área norte (MT), banda para uso e ocupação do solo. Escala 1:100.000.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
CAPÍTULO 2 DEPÓSITOS DE FOSFATO
Neste capitulo é feita uma abordagem sobre a generalidade dos Depósitos Fosfáticos, com
ênfase especial aos de origem sedimentar, além de uma apresentação teórica sobre o elemento fósforo
e seus principais aspectos conceituais.
Citam-se ainda exemplos de importantes depósitos fosfáticos como o Complexo Phosphoria, o
depósito da Faixa Costeira Pernanbuco-Paraíba e o depósito Rocinha.
2.1-O ELEMENTO FÓSFORO
O Fósforo é um elemento químico de símbolo P, número atômico 15 e massa atômica igual a
31 u. É um sólido na temperatura ambiente, sendo que seu nome deriva do grego phós, “luz”, e
phóros, “transportador”, em alusão a sua capacidade de brilhar no escuro (fosforescência). Sua
descoberta é atribuída ao alquimista e comerciante alemão Henning Brand, que obteve o elemento ao
destilar uma mistura de urina e areia na procura pela pedra filosofal, em 1669 na cidade de Hamburgo.
É um não-metal multivalente pertencente à série química do nitrogênio (grupo 15 ou 5 A) que se
encontra na natureza combinado, formando fosfatos inorgânicos, inclusive nos seres vivos. Não é
encontrado no estado nativo porque é muito reativo, oxidando-se espontaneamente em contato com o
oxigênio, emitindo luz.
Em 1771 J. G. Gahn e C. W. Scheele isolaram grandes quantidades de fósforo ao misturarem
cinza de osso, carbono e areia. Durante os 135 anos subseqüentes, a utilização do fósforo esteve
restrita apenas a fins medicinais. Somente em 1906 H. Harden e W. J. Young descobriram as
propriedades do fósforo como um elemento essencial na fermentação do açúcar, daí em diante passou
a ser conhecido. o papel central do fósforo (na forma de fosfato) nos processos de transferência de
energia na biosfera, como um nutriente essencial.
A utilização do fósforo como fertilizante foi inicialmente proposta em 1840 pelo químico
alemão J Liebig, mas foi J. Lawes que, baseado em fosfatos, desenvolveu o primeiro fertilizante em
1842, a partir da dissolução de fosforitos em H2SO4.
O Fósforo (na forma de fosfato) é um elemento primordial na natureza, pois, graças a sua alta
potencialidade para efetuar ligações químicas, este elemento é capaz de transferir energia entre os
diferentes tipos de níveis de vida na biosfera e as partes não vivas. Além de ser um nutriente essencial
nos processos reguladores da produtividade biológica.
2.2-FONTES DE FOSFORO E FOSFATOGENESE
O fósforo não se encontra livre na natureza em nenhuma de suas variedades, mas em
combinações constitui 0,12% da composição da crosta terrestre. As matérias-primas a partir das quais
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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se extrai o fósforo são fundamentalmente os fosfatos de metais alcalino-terrosos encontrados em
depósitos de rochas fosfatadas, sendo que a maioria pertence ao grupo da apatita, representado pela
fórmula Ca5 (F, Cl, OH) (PO4)3.
As principais fontes de fosfato primário estão relacionadas á atividade hidrotermal e a
alteração de basaltos submersos nas zonas adjacentes às dorsais meso-oceânicas. No entanto, este
fósforo primordial é em grande parte, assimilado por óxidos-hidróxidos de ferro gerados na própria
atividade hidrotermal e na alteração dos basaltos (Follmi 1996). A contribuição do vulcanismo
continental, especialmente no que diz respeito à geração de carbonatitos hospedeiros de apatita é
pobremente quantificado no que se refere ao ciclo exogênico do fósforo, mas pode ser importante em
uma escala local a regional.
Assim, a ação intempérica sobre rochas sedimentares e ígneas continentais é a grande
responsável pelo fornecimento de fosfato para as bacias oceânicas. Mantos intempéricos constituem
reservatórios temporários de fosfato, nos qual tornam-se biodisponíveis (Follmi 1996).
O fósforo é um elemento essencial por participar das moléculas de DNA e RNA responsáveis
pela transmissão das características genéticas, além de serem os compostos de fósforo os principais
manipuladores de energia nas células vivas. O fósforo é liberado dos reservatórios por erosão natural e
filtração, e através da mineração e do uso como adubo pelo homem. Parte do fósforo é aproveitada
pelas plantas na forma de fosfatos no solo, entrando, assim, na parte viva do ecossistema. Pode passar
através de vários níveis tróficos antes de retornar ao solo por decomposição. Grande parte do fosfato
carregado pela água ou escavado dos depósitos na rocha é eventualmente levado pelo mar. O homem e
suas atividades mineradoras aceleram este processo.
Uma vez no mar, pode ser utilizado em ecossistemas marinhos ou depositado em sedimentos
marinhos rasos ou profundos, sendo que 95 % do fosfato é associado a detritos, dos quais 40 % são
partícula orgânicas. Fosfatos orgânicos e inorgânicos dissolvidos representam uma pequena
quantidade (por volta de 10-25 µg/l). Um dos principais responsáveis pelo transporte de fosfatos
sólidos inorgânicos são óxidos-hidróxidos de ferro, que ocorrem principalmente na forma de
agregados coloidais. Transformações de partículas sólidas para fases dissolvidas e vice-versa: ocorrem
durante o transporte fluvial devido às mudanças de oxi-redução durante soterramento temporário, em
sítios de sedimentação aluvial, e conseqüente retrabalhamento.
Eventualmente, uma parcela de fosfatos é transferida para bacias oceânicas profundas na
forma de agregados de matéria orgânica e partículas inorgânicas. No entanto, uma representativa
parcela destes nutrientes, é remobilizada por correntes oceânicas profundas: intermediárias e
reintroduzidos na zona fótica por processos de ressurgência, onde serão reutilizados pelos
ecossistemas marinhos. Apenas uma pequena fração (cerca de 5 %) é removida dos oceanos a partir do
soterramento de sedimentos, seja ela na forma de fosfatos orgânicos ou de fosfatos inorgânicos,
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
adsorvidos na estrutura de óxidos-hidróxidos de ferro e manganês, ou incorporados a minerais
fosfáticos autigênicos.
A teoria dominante para explicar o aporte de fósforo nos taludes e nas áreas mais externas da
plataforma é a de atuação de correntes marinhas ascendentes (upwelling) originárias das porções mais
profundas, frias e ricas em fosfato dissolvido dos oceanos (Figura 2.1). Porém, existem várias
evidências, a nível global, de que esta teoria não é aplicável a todos os depósitos fosfáticos marinhos.
Figura 2.1 Esquema de deposição das fácies da Formação Bocaina (modificado de Boggiani 1990).
Para alguns destes depósitos, as principais fontes de fósforo foram provenientes dos
continentes tendo os rios como alimentadores. Para Stamatakis (2003) esta hipótese é suportada pela
(i) presença de horizontes fosfatizados que encaixam estes depósitos, (ii) pelo desenvolvimento de
depósitos fosfáticos associados a massas cratônicas e (iii) pela geração de fosfatos onde correntes de
ressurgência estão ausentes.
A influência antrópica e seu impacto sobre o ciclo do fósforo ainda são controversos, mas
dados experimentais mostram que o input de fósforo dos rios para os ambientes marinhos duplicaram
após a era industrial. A utilização de grandes quantidades de fertilizantes fosfáticos na agricultura é o
principal responsável por este excessivo aumento, o que em curto prazo pode conduzir a um
desequilíbrio ecológico, nos ambientes marinhos, e em longo prazo, produzir alterações no clima.
O termo fosfogênese refere-se aos processos fundamentais que conduzem a incorporação do
fósforo em moléculas de fosfato (P2O5). Para Hiatt e Budd (2001) os processos de formação de fosfato
(fosfogênese), no geral, envolvem a liberação do elemento fósforo através da quebra de matéria
orgânica pela atividade bacterial, e a subseqüente precipitação de carbonato fluorapatita como o
mineral francolita. A profundidade limite para ocorrer a reação de quebra da matéria orgânica pela
atividade microbial é a de 500 metros abaixo do assoalho marinho. Van der Zee et al. (2002) citam
também a possibilidade de formação de P2O5 a partir da redução de óxidos de ferro e a subseqüente
liberação do fósforo adsorvido a sua estrutura.
Condições óxidas a sub-oxidas podem ser pré-requisitos favoráveis, mas não são,
necessariamente, uma condição para fosfogênese. Pois, apesar do aumento da solubilidade dos
fosfatos e da alcalinidade, fosfogênese é ainda viável em sedimentos anóxicos, especialmente se
partículas fosfáticas pré-existentes ou matéria orgânica ricas em fosfato estão presentes.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Fosfatos podem então precipitar-se no assoalho oceânico, ou próximo, em sedimentos
lamosos, ricos em matéria orgânica. No entanto, acredita-se que para ocorrer a concentração destes
preciptados (peletes e grãos nodulares e na forma de oóides) em camadas de fosforitos um
subseqüente retrabalhamento deve ocorrer. Os peletes fosfáticos são principalmente detritos fecais de
organismos como peixes, vermes e crustáceos (Pecey, 1985 in Stamataki 2003).
Podem ser considerados depósitos de fosfato toda concentração dessa substância, cujas
reservas geológicas possuam interesse econômico nas condições atuais.
Basicamente existem dois tipos de depósitos de fosfato na natureza, os depósitos fosfáticos
primários e os secundários.
Os minérios de fosfatos originados de sedimentos marinhos estão localizados nos Estados
Unidos, sudeste do México, Marrocos, noroeste do Saara e Oriente Médio. Já os minérios de fosfatos
originários de depósitos ígneos estão presentes na África do Sul, Rússia, Finlândia e Brasil, entre
outras áreas.
2.3-DEPÓSITOS PRIMÁRIOS
Constituem os depósitos de Afiliação Magmática e depósitos de Origem Sedimentar.
Depósitos de Afiliação Magmática
Define-se os Depósitos de Fosfato de Afiliação Magmática, aqueles cuja mineralização é
representada por concentrações anômalas de apatita macrocristalina e está geneticamente ligada a
atividade de caráter magmatogênico. Estes depósitos têm manifestações variadas, em função do tipo
de atividade magmática, ou simplesmente ao tipo de rocha ao qual estão ligados (Amaral, 1997).
No Brasil, cerca de 80% das jazidas de fosfatados naturais são em geral, de origem ígnea com
presença acentuada de rocha carbonatítica e minerais micáceos com baixo teor de P2O5, enquanto que
em termos mundiais esse percentual está em torno de 17%. Depósitos de origem ígnea, oriundos de
rochas alcalinas (carbonatitos), ocorrem nas regiões de Catalão em Goiás, Araxá e Patrocínio em
Minas Gerais, Jacupiranga em São Paulo, Anitápolis em Santa Catarina, Planalto da Serra em Mato
Grosso, entre outros.
De modo geral estes depósitos apresentam-se como pequenas intrusões de formas ovaladas,
fenetizando a rocha encaixante (Figura 2.2).
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 2.2: Forma de ocorrência de complexos carbonatíticos. Mapa do Complexo alcanino-carbonatitico de Araxá-MG de da Silva 1986 (Fonte: Biondi 2003).
Depósitos de Origem Sedimentar
Assim são denominados aqueles depósitos cuja formação se acha diretamente ligada ao tipo de
ambiência paleogeográfica envolvida, influenciada, de alguma forma, por correntes marinhas, taxa de
sedimentação e processos químicos, biológicos e até mesmo climáticos (Amaral, 1997).
Atualmente rochas fosfáticas têm sido interpretadas como originadas em ambientes costeiros
sujeitos a correntes marinhas ascendentes (upwelling), com base em modelo inicialmente proposto por
Kazakov (1937). Através destas correntes marinhas, águas profundas e frias, ricas em fosfato
dissolvido, atingem zonas costeiras rasas (Figura 2.1) onde a formação dessas rochas ocorre através de
complexos processos sedimentares e diagenéticos, associados à intensa atividade biológica, propiciada
pelo aporte de nutrientes (Boggiani, 1998).
Em regiões mais profundas dos oceanos, superiores a 200m, onde a água é muito fria, e onde
existe o desenvolvimento intenso de assembléias biológicas, carapaças carbonáticas e fosfáticas de
organismos planctônicos afundam após a sua morte. Esta água, mais fria e ácida é mais propicia a
dissolução de CO2 e apatita [Ca2(PO4)3F], levando ao enriquecimento em fosfato e gás carbônico.
Correntes ascendentes conduzem esta água talude acima, até o topo da plataforma continental,
onde é aquecida. Com o aumento da temperatura e diminuição da pressão ocorre a desgaseificação,
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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liberando o CO2 pela reação 2H++CO3=› CO2+H2O. Esta reação consome ainda o H+, provocando um
aumento do pH do ambiente, tornando a água mais alcalina, onde a apatita, menos solúvel neste tipo
de ambiente se precipita, formando camadas de microfosforitas (Biondi, 2003).
Se esse processo se mantiver ativo por longo período de tempo, camadas espessas e contínuas
de sedimentos fosfáticos serão produzidas.
Ambientes modernos comparáveis são encontrados na costa do Peru e Chile (Burnett, 1977) e
da Namíbia (Slansky, 1980). Estas regiões são caracterizadas pela ascensão de águas frias, ricas em
nutrientes, provindas de regiões oceânicas profundas, onde o teor de fosfato atinge valores cinco vezes
superiores ao das águas oceânicas superficiais. Constituem áreas de intensa proliferação de vida,
especialmente fitoplâncton, onde a matéria orgânica possibilita a concentração de fosfato (Cook,
1976).
Estes depósitos de origem sedimentar são quase que exclusivamente marinhos, são ainda, os
mais importantes em número, volume de minério e participação na produção mundial. Seus teores são
freqüentemente superiores a 20 ou 30% de P2O5. O minério que lhes é peculiar corresponde a um
composto químico constituído de fosfato de cálcio, fluoreto de cálcio e carbonato de cálcio, do tipo
genérico: nCa3(PO4)2 mCaF2 KCaCO3, o que se denomina de fosforita (Smirnov, 1976). Geralmente
ele se apresenta com textura peletal ou nodular, mas pode eventualmente ocorrer com textura siltico-
argilosa (Cook, 1976).
As rochas encaixantes desses depósitos, bem como a matriz não fosfática e eventuais
intercalações delgadas do minério, são de natureza litológica e petrográfica variadas (Cook, 1976).
-Depósitos de Metafosforito
Conforme o próprio nome indica, denomina-se metafosforito, um fosforito que tenha sido
metamorfizado. Evidentemente sua tipologia vai variar em função da intensidade do processo
metamórfico a qual foi submetido. De acordo com Nash (1984), na maioria dos casos o fósforo parece
ser relativamente imóvel durante o metamorfismo, e o seu conteúdo nas rochas metamórficas reflete a
abundância nas rochas originais.
2.4-DEPÓSITOS DE FOSFATO DE ORIGEM SECUNDÁRIA
Também conhecidos como depósitos residuais, são aqueles formados por derivação de
depósitos ou fontes primárias de material fosfático. Dividem-se em dois tipos, os residuais zoógenos e
os residuais meteóricos (Amaral, 1997), sendo que os primeiros resultam de acumulações de
excrementos de aves e animais de hábitos cavernícolas, e os meteóricos são aqueles cuja concentração
de minério resulta da atuação de agentes de metereorização.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
2.5-IMPORTANTES DEPÓSITOS DE FOSTATO
COMPLEXO FOSFÓRIA (PHOSPHORIA COMPLEX)
O Complexo Fosfória (Phosphoria Complex) trata-se de uma sucessão de diversas litologias,
fosforitos, siltito: cherts, carbonatos e evaporitos, depositadas na margem ocidental da América do
Norte durante o Permiano. Esses depósitos contêm o equivalente a 5-6 vezes o volume total de fósforo
presente nos oceanos atuais cerca 6,4 x 1016 gP/ano (Hiatt & Budd, 2001) ou, segundo Follmi, (1996),
seis mil anos de influxo de fosfato reativo se considerarmos as taxas atuais que são de 5,7 x 1012
gP/ano.
Este complexo depositou-se em uma bacia do tipo forelanl, em ambiente de mar raso, em uma
paleolatitude de cerca de 20° N. Esse mar foi parcialmente separado do Oceano Pantalassa por um
sistema de arco de ilhas. Esteve conectado a norte por um paleoalto, pelas antigas rochosas ao sul e
por bacias evaporíticas ao leste. Os depósitos deste Complexo estendem-se por milhares de
quilômetros ao longo dos estados do Wyoming, ldaho oriental, sudoeste de Montana e norte de Utah.
O CF é composto por três seqüências limitadas por discordâncias, sendo que fosfatos, na
forma de francolitas, ocorrem através das três seqüências, mais os fosforitos estão concentrados nos
membros Meade Peak e Retort da Formação Fosfória e nas duas seqüências superiores. Essas unidades
ricas em fosforitos têm sido interpretadas como picos de ressurgência costal no Mar Fosfória. O
membro Meade Peak representa uma cunha de sedimentos, espessada mar adentro, com depocentro
situado no sudeste do estado de Idaho. Para leste, o membro Meade Peak interdigita-se com folhelhos
verdes e carbonatos, que gradam para red beds e, eventualmente, evaporitos no Wyoming central.
Fosfatos nessa unidade ocorrem em fosforitos suportados pelo grão, siltitos dolomíticos,
carbonatos e arenitos. Tipos de grão fosfáticos incluem peloides, oóides, bioclastos e intraclastos.
Valores de ô 18O em amostras fosfáticas do CF variam de 20,2 a 13,7 (± 0,5) ‰ SMOW, com
os menores valores nos depósitos de águas mais rasas e os valores mais altos para os depósitos de água
profunda, bacia adentro. Desta forma mostrando que as variações no trend de ô 180 não estão
relacionadas a diagênese e sim as diferenças de paleotemperatura da água do mar entre as áreas
próximas aos continentes, mais quentes, e áreas mais distais da bacia, mais frias. Paleotemperaturas
para o Mar Fosfória assumem valores entre l4-42 °C (± 3,5 °C) com principais temperaturas, sobre a
paleoplataforma, situadas entre 34-37°C. (Lima, 2005).
DEPÓSITO PERNAMBUCO PARAÍBA
Importantes depósitos de fosfato sedimentogênico localizam-se nas zonas costeiras
setentrional e meridional dos estados de Pernambuco e Paraíba respectivamente, na Bacia Sedimentar
que leva o nome destes estados.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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A Bacia Sedimentar Pernambuco-Paraíba situa-se na região costeira destes estados e na
margem leste do Rio Grande do Norte. De idade cretácica-paleocênica, cuja evolução tectono-
geológica está diretamente relacionada à formação do Atlântico-Sul, possui uma área total de cerca de
30.000 km2, dos quais cerca de 8.000 km2 estão situados na parte emersa.
Os limites da bacia de Pernambuco-Paraíba são o Lineamento Pernambuco ao sul, que a
separa da bacia de Sergipe-Alagoas, o Alto de Touros ao norte, separando-a da bacia Potiguar, e o
sistema de falhas de borda, a oeste, que a separa do embasamento formado por rochas metamórficas da
Província Borborema.
O embasamento cristalino desta bacia é constituído essencialmente por metamorfitos com
idade entre 500 e 600Ma, cujos tipos litológIcos mais comuns são xistos, gnaisses, calcários
cristalinos, quartzitos, anfibolitos e granitos. Em seguida, a estratigrafia desta bacia é representada
pelo Grupo Paraíba, onde se distingui uma porção inferior (Seqüência Clástica Basal) dividida em
duas fácies que se interdigitam; uma continental representada por arenitos, folhelhos e argilas
(Formação Beberibe) e uma outra marinha, constituída por arenitos carbonáticos (Formação
Itamaracá); e outra seqüência superior, (Seqüência Carbonática Superior) constituída de duas
formações eminentemente carbonáticas; a Formação Gramame, indicativa de uma fácies transgressiva,
e a Formação Maria Farinha, de caráter regressivo.
A mineralização fosfática é pertencente à Formação Beberibe, que apresenta biomicritos
argilosos com intercalações de margas e argilas cinzentas. Subdivide-se em três fácies: supra-
mesolitoral, fosfática e calcária (Beurlen, 1967). Atinge 5m dos quais mais de 2/3 são ocupados pela
fácies Calcaria, sendo datada no Maestrichtiano, com base no conteúdo fossilífero.
Representa a instalação definitiva do regime transgressivo, sendo o ambiente deposicional
desta unidade marinho de águas quentes, calmo e relativamente pouco profundo.
A Fácies Fosfática é representada por um horizonte de fosforito, mais ou menos contínuo, cuja
espessura varia de alguns centímetros a um máximo de 4m. Litologicamente é constituída por um
sedimento fosfático argilo-arenoso, pouco carbonático ou destituído de carbonatos, de cor creme e
friável, normalmente com teores em P2O5 <10% e sobrejacentes aos arenitos friáveis continentais da
Formação Beberibe.
Petrograficamente, o fosforito é constituído de uma fase detrítica, onde o cimento é argiloso,
raramente fosfático (Kegel, 1955) e uma fase química ou bioquímica, constituída principalmente de
elementos fosfáticos como moldes internos de microfósseis, grãos, nódulos, pseudo-oó1itos e pellets
(Tinoco, 1971).
Menor et at. (1977) sugerem que a fosfatogênese se efetuou sobre uma plataforma estreita,
rasa, com mergulho suave, onde predominavam águas quentes, agitadas, com profundidades inferiores
a 50m, que mantinham uma comunicação franca com o oceano.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
A principal importância econômica registrada na Bacia Pernambuco-Paraíba diz respeito ao
fosfato e ao calcário, que foram explorados até quase sua exaustão econômica desde o início da década
de 1980. A área do depósito compreende os municípios de Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassú.
O horizonte de fosforito é capeado por sedimentos com espessuras diversas, raramente
atingindo a casa dos 50m. Ele ocorre sob duas condições litofaciológicas: fosforito friável e fosforito
com forte diagênese, das quais só o primeiro tipo apresenta interesse econômico, não só por uma
maior potência, como pelo seu índice mais elevado de anidrido fosfórico.
Na base da Formação Barreiras, encontra-se uma zona resultante do retrabalhamento da zona
fosfática original, pela lixiviação e dissolução da fase carbonática in situ ou acumulação mecânica
desta, resultando em um sedimento detrítico com cimento argiloso algo fosfático.
Os condicionamentos geológicos enquadram-se no modelo clássico de sedimentação fosfática
relacionada a correntes oceânicas ascendentes, ricas em nutrientes.
DEPÓSITO ROCINHA
O deposito da Rocinha, localizado na porção ocidental do estado de Minas Gerais, é
considerado por alguns, o mais importante deposito de fosfato brasileiro. Descoberto em 1970, este
depósito possui reservas estimadas em 415 milhões de toneladas, para teores que variam de 10 a 15%
de P2O5.
Segundo Da Rocha Araújo et al. (1992), quatro litofácies podem ser reconhecidas na região da
mina Rocinha: (1) fácies ardósia; (2) fácies de transição; (3) fácies xisto fosfáticos e; (4) fácies
glauconita xisto. Fosfatos podem ser observados nas três últimas fácies, entretanto, apenas as fácies 2
e 3 apresentam teores significativos.
A fácies ardósia possui cerca de 100 metros de espessura. Sua parte superior é formada por
xistos carbonáticos com poucas intercalações de mármores dolomíticos. A parte inferior é
caracterizada pela alternância de ritmitos xistosos e metassiltitos feldspáticos.
A fácies de transição possui de 25 a 30 metros de espessura, exibindo características
intermediárias entre a ardósia e os xistos fosfáticos. É composta de xistos acinzentados com finas
camadas de metadolomitos fosfáticos que alternam laminações claras e escuras. Abundância de
argilominerais e pirita microscristalina são uma das características desta fácies.
A fácies de xistos fosfáticos tem 50 metros de espessura. Consiste na alternância de camadas
amarelo-acinzentadas, milimétricas a centimétricas, localmente piríticas, xistos quartzos e xistos
fosfáticos homogêneos (12 a 21 % de P2O5), cinza a negros. Os argilominerais que acompanham a
apatita são ismectitas, clorita ismectitas e ilitas.
A fácies glauconítica é livre de carbonatos e é caracterizada por xistos amarelo-amarronzados
mostrando raras camadas milimétricas de apatita e glauconita. A glauconita aparece como grãos livres.
O conteúdo de P2O5 é de cerca de um por cento.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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O minério extraído é argiloso e, relativamente enriquecido em hidróxidos de ferro.
Comercialmente é utilizado diretamente na produção de cana-de-açúcar, a partir de concentrados
obtidos por flotação, ou tratado com ácido sulfúrico, para a produção de fertilizantes (Da Rocha
Araújo et al. 1992).
A relação entre as fácies sedimentares deste depósito indicam uma transição lateral, ao longo
da borda externa de uma plataforma, passando de deposição terrígena em um ambiente restrito, para
condições dominantes de mar aberto (Da Rocha Araújo et al. 1992).
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
CAPÍTULO 3 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
O contexto geológico regional no qual a área de estudo está inserida é domínio tectônico da
Faixa Paraguai (Figuras 3.1 e 3.2).
Figura 3.1: Mapa geológico reg ional da Faixa Paraguai. Modificado de Alvarenga (1993).
A Faixa Paraguai representa uma seqüência de sedimentos e meta sedimentos deformados e
metamorfisados durante o evento tectônico Brasiliano (~600Ma), a deformação e o grau de
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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metamorfismo sofrem variações em direção ao Cráton Amazônico, tendo sido desenvolvida no final
do Neoproterozóico, na borda sudeste do mesmo. Esta faixa constitui uma unidade geotectônica de
destaque na região central do continente sul-americano, estendendo-se no Brasil pelos estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, e por países como Bolívia e Paraguai, bordejando pelo lado oriental, o
Cráton Amazônico e o Bloco Rio Apa (Boggiani e Alvarenga 2004).
Pode ser dividida em três domínios estruturais individualizados e separados por falhas inversas
subverticais (Almeida 1984 e Alvarenga & Trompette 1993) (I) Zona Estrutural Interna, intensamente
dobrada e metamorfizada na fácies xisto verde, com intrusões graníticas; (II) Zona Estrutural Externa,
dobrada com pouco ou nenhum metamorfismo; e (III) Coberturas sedimentares de plataforma, em
parte contemporâneas, e estruturalmente onduladas, falhadas mas não metamorfizadas.
A Faixa Paraguai encontra-se em parte, encoberta por depósitos sedimentares fanerozóicos das
bacias do Paraná, Parecis e Pantanal.
A primeira proposta de uma divisão estratigráfica para as rochas da Faixa Paraguai foi
elaborada por Evans (1894), que caracterizou as Ardósias (filitos) Cuiabá, Calcários Araras e Arenitos
Raizama. Diversos trabalhos posteriores foram realizados, porém em âmbito local, em partes da
cobertura cratônica e em partes da faixa, como Almeida 1945, 1954, Maciel 1959, Oliveira 1964 e
Vieira 1965. Almeida (1964, 1965, 1968) propôs as primeiras idéias concernentes à estratigrafia e à
evolução orogenética de todas as rochas da Faixa Paraguai, estabelecendo novas unidades (Formação
Puga, Grupo Jangada, Formação Bauxi e Formação Diamantino). Trabalhos de mapeamento geológico
sistemático executados pelo DNPM e pela CPRM (Figueiredo & Olivatti 1974, Ribeiro Filho &
Figueiredo 1974, Ribeiro Filho et al. 1975, Nogueira & Oliveira 1978, Corrêa et al. 1979, Luz el al.
1978, 1980), geraram um importante arquivo de dados geológicos regionais.
Recentes sínteses da estratigrafia e tectônica, englobando toda a faixa foram propostas por
Almeida (1984) e Alvarenga (1990). Alvarenga & Saes (1992) e Alvarenga & Trompette (1993)
sugeriram uma subdivisão informal para a faixa em quatro unidades: Unidade Inferior, Unidade Média
Turbiditica Glaciogenética, Unidade Média Carbonatada e Unidade Superior (Fig. 3.2). Uma nova
unidade glacial é identificada sobreposta aos carbonatos do Grupo Araras (Figueiredo et al. 2004,
Rosa 2005, Alvarenga et al.2007).
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 3.2: Coluna estratigráfica esquemática da Faixa Paraguai no estado de Mato Grosso, modificado de Alvarenga (1988).
3.1-UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS QUE COMPÕEM A FAIXA PARAGUAI NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Quanto à Faixa Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul, com base em marcantes diferenças
entre estilos tectônicos e tipos faciológicos (Boggiani et al. 1993) distinguem-se duas zonas paralelas
de direção N-S, denominadas por Almeida (1984) de Brasilides metamórficas e Brasilides não-
metamórfica, individualizadas no Estado de Mato Grosso (Alvarenga 1988) como zona interna e zona
externa, respectivamente.
Segundo Boggiani (1990), a zona externa é estruturalmente caracterizada por camadas
horizontais a pouco deformadas com dobras abertas e flexurais. Na Serra da Bodoquena limita-se a
oeste por discordância erosiva com gnaisses e xistos do Complexo Metamórfico Alto Tererê e a leste
por contatos tectônicos com unidades da zona interna, que se apresentam mais intensamente
deformadas com dobras isoclinais e falhas inversas.
Alvarenga & Saes (1992) utilizando a subdivisão para Faixa Paraguai em quatro fácies de
Alvarenga (1988 e 1990) caracterizam a unidade inferior, que aflora nas proximidades de Corumbá,
como formada pelo Grupo Jacadigo e pela Formação Puga, a unidade carbonatada formada pelas
rochas reagrupadas no Grupo Corumbá (Formações Bocaina e Tamengo). Além da zona externa da
faixa, esta unidade está exposta na zona de cobertura cratônica, não sendo observada na região de
Corumbá.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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GRUPO CUIABÁ
O Grupo Cuiabá ocupa parte significativa da folha Corumbá tendo suas melhores exposições
ao longo das rodovias BR - 262 (Aquidauana/Miranda), MS - 738 (Aquidauana/Bonito) e MS - 339
(Miranda/Morraria).
Na porção oeste, os litotipos do Grupo Cuiabá foram colocados sobre os do Grupo Corumbá,
através de contato por falhas contracionais. Na parte leste o contato é discordante com os sedimentos
das formações Furnas e Aquidauana, sendo recobertos a norte pelos sedimentos da Formação Pantanal
(Godoi et al. 1999).
Predominam no Grupo Cuiabá quartzo micaxistos, seguidos de filitos com intercalações de
mármores, quartzitos, metaconglomerados e metabasitos. No trecho Miranda-Aquidauana ocorrem as
seqüências de micaxistos, quartzitos e intercalações de mármores formando um conjunto dobrado em
anticlinais e sinclinais apertadas com direções entre N30°-70°W, com mergulhos entre 20° e 30° para
o quadrante nordeste, que configuram a estruturação geral da unidade, estruturação e litologias essas
também observadas no perfil Bonito-Aquidauana.
Por outro lado, a seção Miranda-Bodoquena-Morraria, inicia-se com o domínio dos micaxistos
que gradam a filitos cinza-acetinados e filitos com intercalações de mármores e, finalmente mármores
microcristalinos, cinza escuros, consideravelmente espessos, em cujo sítio, os registros tectônicos
estão representados por amplos sinclinais e anticlinais lançados tectonicamente sobre o Grupo
Corumbá a oeste (Godoi et al. 1999). Os mármores são, sobretudo calcíticos, de composição química
adequada às especificações da indústria cimenteira, razão pela qual foi instalada uma mina, atualmente
em exploração (Grupo Camargo Corrêa), em Bodoquena-MS.
Segundo Godoi et al. (1999) as ínfimas deformações e o insignificante metamorfismo do
Grupo Corumbá permitem admitir que seus litotipos desenvolveram-se posteriormente, e em tendo o
Grupo Corumbá idade neoproterozóica, datada por meio de fósseis, de no mínimo 700Ma, pode-se
posicionar o Grupo Cuiabá no Mesoproterozóico, sendo encontrada continuidade ao norte da Estrutura
Paraguai.
FORMAÇÃO PUGA
A Formação Puga (Maciel 1959), foi definida no morro do Puga, situado à margem direita do
rio Paraguai nas proximidades de Porto Esperança, no município de Corumbá-MS, a partir da
constatação de ocorrência de tilitos com espessura de 100m, subjacentes aos dolomitos da Formação
Bocaina.
É formada da base para o topo por arenitos que transicionam de arcoseanos a orto-quartzíticos,
ambos mal classificados, quase sempre alterados, de cor amarelada, contendo, por vezes, intercalações
centimétricas a métricas de arenitos de cor cinza, e granulação fina em matriz silto-argilosa. Acima
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
dessa seqüência, em geral, assentam-se paraconglomerados cinza, contendo predominantemente
clastos de quartzo, gnaisses e carbonatos, em matriz argilo-silto-arenosa.
Em consonância com a interpretação geral dada ao Grupo Corumbá pelo seu conteúdo
fossilífero (Zaine, 1991), admite-se que os sedimentos Puga tenham se depositado no Proterozóico
Superior.
GRUPO CORUMBÁ
O termo “Corumbá Limestone” deve-se a Evans (1894), cabendo a Corrêa et al. (1976) a
discriminação do arranjo estratigráfico mais utilizado, o qual consiste na subdivisão destes litotipos em
quatro formações, da base para o topo: Puga, Cerradinho, Bocaina e Tamengo.
Destacam-se outros trabalhos como Lisboa (1909) que englobou os calcários da região de
Corumbá e os que ocorrem na serra da Bodoquena em uma mesma unidade que denominou “Série
Bodoquena". Dorr II (1945) mudou o termo Série para Formação Corumbá. Almeida (1945)
conservou a designação “Série Bodoquena” e dividiu este conjunto de rochas em dois grupos:
Bocaina, inferior, constituído principalmente por dolomitos, e Tamengo, superior, formado por
calcários calcíticos, folhelhos, siltitos e arenitos. Maciel (1959) propôs a denominação Formação
Puga, para os tilitos descritos na base do morro homônimo, sotopostos a margas e dolomitos,
considerando-os de origem glacial, e formando a base da “Série Corumbá”.
Almeida (1965) reconsidera o nome Corumbá para a “Série Bodoquena" e adota a
denominação de Grupo, subdividindo-o em quatro formações, sendo elas da base para o topo:
Cerradinho, Bocaina, Tamengo e Guaicurus. Reconheceu ainda a existência da Formação Puga, sem,
todavia, incluí-la no Grupo Corumbá.
Olivatti (1976) sugeriu a unificação dos grupos Corumbá e Alto Paraguai, sendo o nome
Corumbá mantido por ser mais antigo, e relacionou da base para o topo, às formações: Puga,
Cerradinho, Bocaina, Araras, Raizama e Diamantino. Del'Arco et al. (1982), concluíram que, apesar
das semelhanças das seqüências de ambos, os grupos Alto Paraguai e Corumbá deviam ser
considerados separadamente. Descreveram então, Grupo Corumbá como formado por quatro unidades
individualizadas da base para o topo: Puga, Cerradinho, Bocaina e Tamengo.
Zaine (1991) colige importantes dados pertinentes ao contexto temporal e paleoambiental dos
grupos Corumbá e Jacadigo, os quais representaram importante contribuição ao melhor entendimento
da geologia regional.
Das propostas de subdivisão estratigráfica do Grupo Corumbá, a de Boggiani (1998), baseada
em Almeida (1965) será a utilizada neste trabalho por ser considerada a mais adequada. Esta subdivide
o Grupo Corumbá em cinco Formações Cadiueus, Cerradinho, Bocaina Tamengo e Guaicurus.
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Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Formação Cadiueus
Foi originalmente definida por Almeida (1965) como um conjunto de sedimentos
conglomeráticos e arcoseanos sobreposto ao embasamento gnáissico-granitico, com exposições
restritas a borda oeste do Planalto da Bodoquena, ao norte de Morraria e seção tipo nas escarpas a
nordeste do posto indígena Alves de Barros.
Almeida (1965) estimou a espessura desta formação em pelo menos 300m, e demonstrou a
existência de dois grandes ciclos de sedimentação conglomerática. O primeiro inicia-se com
conglomerados polimíticos, com clastos angulosos de granito, gnaisse, biotita-xisto, quartizito,
anfibolito e outras rochas do embasamento aflorantes na redondeza. O tamanho dos clastos é variado,
em geral imersos em uma matriz arenosa arcoseana grossa, micácea.
Para o topo os conglomerados transicionam para camadas mais espessas de arenitos e passam
para folhelhos roxos.
Três fácies foram identificadas por Boggiani (1998), a de conglomerados polimíticos, a de
arcóseos grossos e a de folhelhos roxos (Tabela 3.1).
Tabela 3.1: Síntese das fácies da Formação Cadiueus, retirada de Boggiani (1998).
Fácies Descrição Estruturas sedimentares
Ambiente de deposição
folhelhos roxos folhelhos de cor roxa com micas
detríticas nos planos de
acamamento
laminada lacustre oxidante
arcóseos grossos grãos angulosos de quartzo e feldspato
maciça leques aluviais (fan-deltas)
ortoconglomerado polimítico
sustentação por clastos de litologias
diversas
maciça e gradação inversa
leques aluviais (fan-deltas)
O contexto observado de variação lateral e vertical das fácies na Formação Cadiueus permite
associá-la a depósitos de leques aluviais (Boggiani 1998). A presença destes tipos de deposito é
apontada como evidência direta da ocorrência de intensa atividade de falhas numa bacia sedimentar
(McPherson et al. 1987). Com o avanço do corpo aquoso, teria acontecido o afogamento dos leques e
formação de fan-deltas, cujos depósitos sub-aquosos encontram-se representados nas fácies da
Formação Cerradinho (Boggiani, 1998).
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Formação Cerradinho
Almeida (1965) caracterizou essa formação como constituída de arenitos, siltitos, argilitos,
calcários, dolomitos e camadas de silexitos, podendo apresentar arcóseos e até conglomerados. Ao
contrário da Formação Cadiueus, sotoposta, predominantemente terrígena, a Formação Cerradinho
apresenta grainstones com laminações cruzadas.
As fácies da Formação Cerradinho ocorrem em área geográfica relativamente maior que as da
Formação Cadiueus, ocorrendo expostas ao longo da rodovia Bonito-Fazenda Baía das Garças, a oeste
da sede da Fazenda Serradinho, e na estrada que liga a Vila Gaúcha á região de Três Morros.
Esta unidade é constituída pela fácies de arcóseos finos a médios e de folhelhos
transicionando, para o topo, para as fácies de grainstones com laminações cruzadas, com variação
lateral das fácies (Tabela 3.2).
Segundo Boggiani (1998), a análise conjunta das fácies da Formação Cerradinho, permite
interpretá-las como depósitos de fan-deltas no conceito revisado de McPherson et al. (1987).
Nos fan-deltas do Grupo Corumbá, os leques aluviais são representados pelas fácies da
Formação Cadiueus, com depósitos constituídos por sedimentos resultantes de fluxos gravitacionais na
base e suspensão no topo, enquanto que as fácies subaquosas, incluindo as de planície de maré,
constituem a Formação Cerradinho.
Tabela 3.2: Síntese das fácies da Formação Cerradinho, ret irada de Boggiani, (1998).
Fácies Descrição Estruturas sedimentares
Ambiente de deposição
grainstones com laminação cruzada
clastos de carbonato tamanho areia e grãos de quartzo esparsos
laminações cruzadas e laminações tipo espinha de peixe
planície de maré
folhelhos pacotes métricos laminação plano paralela
água profunda (abaixo do nível de
base de ondas normais)
arenitos com laminas de argilito
espesso pacote de alternância de
arenitos e argilitos
heterolíticas e laminações cruzadas
planície de maré
arcóseos finos a médios
granulometria areia fina a média, grãos
angulosos, coloração avermelhada
maciça a raras estratificações
cruzadas
litorâneo, retrabalhamento distal dos leques
aluviais
Posterior a sedimentação das Formações Cadiueus e Cerradinho prosseguiu intenso processo
de peneplanização, provavelmente em condições semi-áridas, originando extensa superfície aplainada
em rochas do embasamento, sobre a qual teria se dado a sedimentação predominantemente dolomítica
da Formação Bocaina.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Formação Bocaina
A Formação Bocaina, com espessuras de 30 a 80 m, é caracterizada por Boggiani (1998) como
sendo composta por dolomitos com gradativa predominância de silexitos no topo, além de rochas
fosfáticas e abundantes estruturas estromatoliticas.
O contato inferior dos dolomitos da Formação Bocaina é erosivo e estes ocorrem depositados
diretamente sobre o embasamento gnáissico-granitico. Apresentam-se também posicionados
diretamente sobre os diamictitos da Formação Puga, através de contato erosivo, como observado no
Anticlinal Anhumas, na estrada que liga Bonito a Gruta do Lago Azul. O contato com a Formação
Cerradinho não é descrito (Boggiani 1998).
A Formação Bocaina é marcada pela variação lateral de fácies, dispostas por grandes
extensões (Tabela 3.3).
Tabela 3.3: Síntese das fácies da Formação Bocaina, retirada de Boggiani, (1998).
Fácies
Descrição
Estruturas Sedimentares
Ambiente de Deposição
Psoid rudstones Ooids > 2 mm, córtex concêntrico
Costeiro (baixios oolíticos)
Rochas fosfáticas
Microfosforitos maciços,
estromatólitos e laminações algáceas
fosfatizados
Maciça e estromatoliticas
costeiro sujeito a upwellings
Dolomitos estromatolíticos
laminações algáceas, estromatólitos
bulbosos e colunares
maciça, laminada e estromatolítica
inframaré
Mudstones alternados com silexitos
camadas centimétricas de
mudstones dolomíticos
alternadas com camadas de silexito
incolor
Estratificação plano-paralela
inframaré
Flakestones
brecha carbonática com clastos na forma
de placas
placas imbricadas tepees
intra e supramaré
Mudstones dolomíticos
estratificados
estratificação plano-paralela (1-2 cm de
espessura)
Estratificação plano-paralela
inframaré
Estromatólitos LLH
espesso pacote basal de estromatólitos com
laminação ligada lateralmente (LLH) formando pseudo-
colunas
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Formação Tamengo
Esta formação é caracterizada por calcários calcíticos carbonosos de marcante cor preta, por
vezes dolomíticos, com teores de MgO inferiores a 5%. São freqüentes as intercalações de folhelhos
carbonosos, alternados em sucessões rítmicas (Fig. 3.3). Em sua base estão posicionados quartzo
arenitos e expressiva brecha sedimentar com clastos de litologia diversificada (calcário, dolomito,
silexito, fosforito). Em níveis médios e superiores, esta unidade apresenta abundantes ocorrências de
fósseis metazoários (Boggiani, 1998).
As exposições da Formação Tamengo e os espessos pacotes de filitos e ardósias da Formação
Guaicurus, exposto na porção oriental do planalto da Bodoquena, no domínio da Faixa de dobramento,
foram mapeados como Grupo Cuiabá por Correia et al. (1976, 1979), Nogueira e Oliveira (1978) e
Araújo et al. (1982). Utilizando o critério de semelhanças litológicas, e a descoberta da ocorrência de
Cloudinas em metacalcários, considerados nos referidos mapeamentos como Grupo Cuiabá, Boggiani
(1998) interpreta que esses metassedimentos dobrados e deformados constituem extensão lateral do
Grupo Corumbá, retomando a definição original de Almeida (1965), o que implica estender os limites
com o Grupo Cuiabá para leste do comumente apresentado.
Figura 3.3: Foto mostrando calcário com intercalações de pelitos da Formação Tamengo.
A Formação Tamengo exibe variação faciológica lateral, entre as exposições sobre o cráton e
as deformadas na Faixa de dobramentos (Tab.3.4). Sobre o Cráton Amazônico há maior diversidade
de fácies e predomínio das fácies de ooids grainstones e de ritmitos (mudstones/folhelhos carbonosos),
onde se concentram os fósseis de Couldina e Corumbella. Para leste, ocorrem apenas as fácies de
ritmitos e as de mudstones. Na transição entre o cráton e a faixa, predominam a fácies de oóids
grainstones (Boggiani, 1998).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Tabela3.4: Tabela mostrando a distribuição das fácies da Formação Tamengo sobre o Cráton Amazônico e Faixa Paraguai.
Cobertura Cratônica
Fácies de rudstones com Cloudina
Fácies de oncoid rudstones
Fácies de ooid grainstones
Fácies de ritmitos
(mudstones/ritmitos)
Fácies de margas carbonosas
Fácies de mudstones calcíticos pretos
Fácies de rudstones com clastos arredondados
Fácies de brechas intraformacionais
Fácies de quartzo arenitos
Transição
Fácies de ooid grainstones
Faixa Paraguai
Fácies de mudstones calcíticos pretos
Fácies de ritmitos
(mudstones/ritmitos)
A brecha intraformacional da base da Formação Tamengo representa acentuado rebaixamento
do nível do mar que teria propiciado a formação da plataforma com quebra de talude, onde a brecha
teria se depositado. Subseqüente elevação do nível do mar teria propiciado deposição de espessos
pacotes de ritmitos fossiliferos, com intercalações de camadas de fosforitos. Estes ritmitos teriam se
depositado em condições pelágicas e periplataformais, em ambiente francamente oceânico (Boggiani
1998).
Assim, segundo Boggiani (1998), os ambientes de sedimentação da Formação Tamengo
teriam se desenvolvido num contexto de declive (talude) com passagem brusca de ambientes de águas
rasas, situados a oeste, para águas profundas, oceânicas, a leste. Apesar da relação da Formação
Tamengo com a unidade subjacente não ser facilmente visualizada, é de se esperar variação lateral
entre as mesmas.
No caso da sedimentação da Formação Tamengo, não se sabe ao certo se os organismos
contribuíram para a sedimentação pelágica autóctone da mesma forma que ocorre na sedimentação
pelágica da moderna, constituída de vasas de foraminíferos e de radiolários e por pelotinhas fecais.
A dolomitização ocorreu preferencialmente na fácies de oóids grainstones, através de
processos de substituição epigenética (Boggiani, 1998).
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Formação Guaicurus
A Formação Guaicurus, originalmente descrita por Almeida (1965), é constituída por espesso
pacote de folhelhos posicionados do topo do Grupo Corumbá (Fig. 3.4). Suas exposições ocorrem à
leste do Planalto da Bodoquena, onde o relevo aplainado e a cobertura detritica dificultam a análise
estratigráfica.
Figura 3.4: Foto de afloramento da Formação Guaicurus (estrada Bodoquena-Bonito).
Boggiani (1998) destaca a ocorrência de apenas uma fácies sedimentar, constituída por
folhelhos. Apesar de ser a única litologia identificada, esta unidade é diferenciada entre as demais que
constituem o Grupo Corumbá, pela sua espessura de centena de metros.
Esse espesso pacote pelítico que recobre os calcários (Fig. 3.5) indica que não existiam mais
as condições necessárias para a formação de rochas carbonáticas. Tal mudança pode ser explicada pela
ocorrência de maior aporte terrígeno na bacia.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Figura 3.5: Foto mostrando contato entre os calcários da Formação Tamengo (abaixo da linha pontilhada) e os pelitos da Formação Guaicurus afloramento na estrada Bodoquena-Bonito.
GRUPO JACADIGO
São de longa data as primeiras citações sobre este grupo como a feita por Fonseca (1880) In:
Godoi et al. (2001), que observou depósitos constituídos por óxidos de ferro e manganês capeando
rochas ígneas em Urucum, próximo à cidade de Corumbá. O mesmo foi denominado de Série Jacadigo
por Lisboa (1909). Almeida (1945) subdividiu a série em dois grupos: Urucum inferior, a qual
denominou de “Brécia do Urucum” e a superior, de “Arenito Conglomerático Ferruginoso", que mais
tarde, foram reconhecidos como formações, pelo mesmo autor, sendo renomeadas de Formações
Urucum e Santa Cruz.
Oliveira & Moura (1944) reconheceram a Formação Urucum como basal e propuseram a
denominação de Formação Raizama para a unidade superior. Barbosa (1949), Barbosa e Oliveira
(1978) e Corrêa et al. (1976), que consideraram o Jacadigo sotoposto aos sedimentos clasto-
carbonatados do Grupo Corumbá, mantiveram as denominações de formações Urucum e Santa Cruz e
adotaram o termo Grupo Jacadigo.
O Grupo Jacadigo é constituído por uma seqüência sedimentar clástica, na base, e clasto-
química, com intercalações de camadas de minério de ferro e manganês, no topo (Figura 3.6).
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 3.6: Perfil esquemático do Grupo Jacadigo, modificado de Godoi (2001).
Formação Urucum
Esta formação tem a sua seção-tipo na morraria do Urucum, a sul da cidade de Corumbá,
apresentando-se aflorante em todo o maciço. Possui contato tectônico com o Complexo Rio Apa, com
as rochas do Grupo Amoguijá e com a Suíte Intrusiva Alumiador, além de contato por discordância
erosiva com a Suíte Vulcânica Ácida Serra da Bocaina (Godoi et al. 2001).
É constituída predominantemente por uma seqüência de sedimentos terrígenos clásticos
imaturos com variação granulométrica de fina a muito grossa, passando por microconglomerados até
conglomerados propriamente ditos (Fig. 3.6). Os litótipos predominantes são arenitos finos
silicificados, por vezes friáveis e quase sempre ferruginosos. Nos níveis mais argilosos, as
deformações resultantes do tectonismo produzem rochas semelhantes a filitos.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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A fácies conglomerática contém matriz areno-argilosa envolvendo seixos pouco trabalhados
de quartzo e de rochas vulcânicas e/ou intrusivas da Supersuíte Amoguijá e do Complexo Rio Apa.
Feldspatos detríticos conferem caráter arcoseano aos sedimentos (Fig. 3.6). O acamamento não é
percebido (Godoi et al. 2001).
Paraconglomerados foram identificados na base desta formação, em áreas restritas as quais
foram interpretadas por Barbosa & Oliveira (1978), como tilito, sendo correlacionadas à Formação
Puga, do Grupo Corumbá. As estruturas sedimentares mais notáveis são as estratificações gradacional
e cruzada.
Corrêa et al. (1976) propuseram ambiente de caráter misto, em bacia plataformal marginal,
tectonicamente instável, outros autores consideram preponderante o ambiente continental para a sua
deposição. Assim Godoi et al. 2001 interpretam o ambiente de deposição da Formação Urucum como
continental, com esporádicas e tênues transgressões marinhas, de âmbito restrito. Os níveis de arcóseo
com granocrescência indicam progradação, provavelmente resultante de tectonismo na área-fonte.
Formação Santa Cruz
Essa formação foi definida por Almeida (1945) na morraria do Urucum. É responsável pelas
elevações que formam o maciço do Urucum, em função direta da alta resistência de seus litotipos aos
processos erosivos. Sua espessura nessa morraria chega a 420m (Almeida 1945), e na morraria Mutum
(Bolívia) atinge cerca de 230m.
Apresenta contato gradacional com a Formação Urucum que lhe é sotoposta e localmente é
recoberta por sedimentos quaternários. Os litotipos que a compõem são sedimentos clásticos
vermelhos que se sobrepõem aos arcóseos conglomeráticos do topo da Formação Urucum. A
seqüência começa com arenitos arcoseanos de granulação fina a média, em camadas centimétricas,
bem estratificadas, exibindo níveis de cimento jaspilítico ou hematítico alternados, e apresentando
localmente, estratificações cruzada e plano-paralela. Seguem-se em sentido ao topo e com freqüência
cada vez maior, intercalações de camadas de jaspilito hematítico e hematita, até a ocorrência da
primeira camada de óxido de manganês da morraria do Urucum. Ocorrem, subordinadamente,
camadas lenticulares de arcóseo ferruginoso, siltito, arenito quartzoso, arenito conglomerático,
jaspilito e jaspilito conglomerático (Fig. 3.6).
Destaca-se a chamada “Camada nº1”, descrita por Dorr II (1945) no morro Urucum, que
possui notável continuidade, aparecendo nas morrarias São Domingos, Santa Cruz, na parte sul da
morraria do Rabichão e nas morrarias Tromba dos Macacos e Jacadigo. Sua espessura varia de 20cm a
6m. Na morraria Santa Cruz, em área pertencente à Mineração Corumbaense S.A., por exemplo, foram
observadas quatro camadas.
Esta formação possui uma singularidade, clastos caídos (dropstones) de origem glacial
(Barbosa & Oliveira 1978) ocorrem preferencialmente associados às camadas de manganês. Walde et
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
al. (1980) mencionam a existência de matacões de três metros de diâmetro, caoticamente dispersos na
seqüência ferrífera. Os clastos caídos variam de grânulos a matacões, com graus de arredondamento
muito variáveis. São de litologias variadas, com predominância de granitóides. Os diversos
pesquisadores que estudam a Formação Santa Cruz têm-se preocupado com o ambiente de
sedimentação dos seus litotipos, questão que representa um dos pontos cruciais para se entender o
paleoambiente de deposição da bacia. Não há, até o presente, uma opinião consensual sobre a gênese
dos depósitos de ferro e manganês, nem dos sedimentos detríticos que lhes intercalam. Algumas
evidências, entretanto, parecem claras, tais como: sedimentação química para o Fe e Mn, em ambiente
calmo, e subsidência lenta e gradativa da bacia Jacadigo, durante a deposição em ambiente com
marcantes diferenciações climáticas (Godoi et al. 2001). Uma das propostas mais aceita é a de Walde
et al. (1980), que sugerem um ambiente epicontinental, com influências glaciais periódicas, quando da
deposição dos sedimentos da Formação Santa Cruz.
As rochas que compõem a Faixa Paraguai acham-se em parte encobertas por sedimentos
fanerozóicos dos Grupos Paraná e São Bento além de Coberturas Cenozóicas (Figura 3.1).
3.2-UNIDADES ESTRATIGRAFICAS QUE COMPÕEM A FAIXA PARAGUAI NO ESTADO DE MATO GROSSO
GRUPO CUIABÁ
Os trabalhos científicos sobre o Grupo Cuiabá foram iniciados pelo Conde Francis de
Castelnau em 1850 (In Barros et al 1982) e posteriormente por Evans (1894), seguidos por Almeida
(1948, 1954, 1964, 1965a, 1974, 1984, 1985); Vieira (1965); Figueiredo et al. (1974); Ribeiro Filho et
al. (1975); Olivatti (1976); Nogueira et al. (1978). Luz et al. (1980) reconheceram a existência de oito
subunidades, englobando inclusive, aquelas definidas por Almeida (1964) e Guimarães & Almeida
(1972), todas mapeáveis na escala de 1:50.000. Barros et al. (1982) conservaram o Grupo Cuiabá
como uma unidade litoestratigráfica não divisível, apesar de admitir a existência de algumas das
unidades litoestratigráficas mapeadas por Luz et al. (1980), além de Alvarenga (1985 e 1988) e
Alvarenga & Trompette (1992), que propõem que o Grupo Cuiabá seja enquadrado em uma Unidade
Inferior, caracterizado pela grande quantidade de filitos grafitosos associados a filitos, quartzitos e
dolomitos, e Unidade Média turbidítica glaciogenética, entre outros trabalhos.
O Grupo Cuiabá possui uma espessura superior a 4.000m (Almeida, 1965), sendo que os seus
metamorfitos ocupam a quase totalidade da Depressão Cuiabana, estando limitado na extremidade
oeste pelas rochas da Província Serrana e a leste pela borda da Bacia do Paraná e de norte para o sul
abrange as folhas SD-21-Y-D, SD-21-ZC, SD-21-Z-A e SD-21-Z-B (Barros et al. 1982). Constitui a
associação litológica mais antiga da Faixa Paraguai, de idade proterozóica (Almeida, 1967), com seção
basal ainda não conhecida e com marcantes contatos com rochas mais novas em toda borda leste da
Província Serrana. É atribuído a um contexto de bacia de mar profundo num ambiente tectonicamente
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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ativo (Almeida 1964, Luz et al. 1980, Barros et al. 1982) e sob influência glacial (Alvarenga 1988 e
1990, Alvarenga & Trompette 1992 e Alvarenga & Saes 1992).
O Grupo Cuiabá caracteriza-se pela grande quantidade de filitos, quartzitos e dolomitos, com
cor geralmente vermelha e amarela, variando a cinza-esverdeado quando menos alterados. São
dominantemente paraconglomerados e filitos conglomeráticos, com intercalações subordinadas de
metaparaconglomerados, metarcóseos grossos, médios e finos, metassiltitos e filitos. Os calcários
apresentam coloração cinza-escuro, ponteados às vezes de manchas brancas, a granulação varia de
afanítica a fanerítica média (Luz et al. 1978).
Luz et al. (1980) trabalhando em escala de semi-detalhe no Projeto Coxipó, deram um grande
passo na evolução do conhecimento geológico do Grupo Cuiabá. Em duas fases distintas, separaram
com base em critérios litoestratigráficos, o grupo em oito subunidades, correspondendo a:
Subunidade 1– constitui a porção mais basal, composta de filitos sericíticos (mais
amplamente distribuídos), filitos e metarenitos. Tais rochas apresentam-se intensamente dobradas,
fraturadas e foliadas. Seu contato de topo é gradacional para a subunidade 2.
Subunidade 2– é constituída de metarenitos arcoseanos, metarcóseos em espessos bancos,
metarenitos calcíferos, filitos grafitosos e mármores calcíticos. Apresenta contato gradacional para a
subunidade 3, além de contatos tectônicos por falhas normais, inversas e de empurrão.
Subunidade 3– apresenta a maior diversidade litológica: filitos, filitos conglomeráticos,
metaconglomerado, quartzitos, metarenitos, metarcóseos, metacalcários, filitos calcíferos e filitos
hematíticos, sendo que as rochas desta subunidade apresentam-se meso e microdobradas. Contato
gradacional e tectônico no topo com a subunidade 4.
Subunidade 4– é constituída de metaconglomerados petromíticos com raras intercalações de
filitos e metarenitos. Veios de quartzo ausentes. Contato de topo e de base gradacionais e não
raramente de natureza tectônica.
Subunidade 5– é constituída por filitos e filitos sericíticos, metarcósios, quartizitos e meta-
microconglomerados. Apresenta contatos transicionais e tectônicos com as subunidades 3, 4 e 7.
Subunidade 6– composta de filitos conglomeráticos, metarenitos, quartzitos e mármores
calcíticos impuros. Encontra-se num elevado estágio de arrasamento. Seu contato com a subunidade 7
é transicional.
Subunidade 7– constitui-se quase que completamente por metaparaconglomerados, existindo
raras intercalações de filitos e metarenitos. Faz contato transicional com a subunidade 8 no Distrito de
Guia.
Subunidade 8– na denominada Sinclinal da Guia é composta essencialmente de mármores
calcíticos e dolomitos, margas e filitos sericíticos. Seu contato com a unidade inferior é transicional.
Neste grupo ocorreram no mínimo dois eventos deformacionais, o primeiro representado por
uma foliação S1 configurada por uma clivagem ardosiana. Esta foliação S1 freqüentemente paralela ou
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
subparalela ao acamamento original da rocha (S0) foi posteriormente dobrada, desenvolvendo uma
nova foliação axial (S2) às vezes do tipo clivagem de crenulação, bem observadas nas rochas mais
pelíticas (Barros et al.1982).
FORMAÇÃO BAUXI
De idade Neoproterozóica, a Formação Bauxi é representada por sedimentos
penecontemporâneos ao Grupo Cuiabá.
Os primeiros trabalhos sobre a Formação Bauxi foram feitos por Vieira (1965), que a
denominou como sendo uma seqüência de quartzitos de granulação média a muita fina com
estratificação em leitos decimétricos. Esta seqüência foi encontrada na vila chamada Bauxi, origem de
sua denominação.
Almeida (1965) reconheceu a Formação Bauxi, caracterizando sua parte inferior como
depósito de drifts, passando a predominar mais para o topo arenitos mais ou menos feldspáticos, muito
bem estratificados, às vezes com estratificação de ambiente aquoso, e seixos isolados. Englobou esta
unidade litoestratigráfica no Grupo Jangada, por ele proposto, com as formações Acorizal, Engenho,
Bauxi e Marzagão, considerando que o mesmo está posicionado sobre o Grupo Cuiabá, concluindo
que esta formação representa um extenso depósito periglacial, com variadas fácies: fluvioglacial,
glaciolacustre e talvez glaciomarinho em sua parte inferior.
Posteriormente, Figueiredo et al (1974) subdividiram esta formação em membro inferior,
constituído por metassiltitos, com intercalação de metarcóseos e metagrauvaca; e superior, constituído
por metarenitos ortoquartzíticos, com níveis conglomeráticos e concluiu ainda, que esta formação
poderia constituir o topo do Grupo Cuiabá, o que lhe confere um ambiente marinho de plataforma,
nerítico a costeiro, podendo inclusive sugerir uma regressão marinha.
Ribeiro Filho et al. (1975) reconheceram a existência do membro Inferior da Formação Bauxi
na Serra do Tombador, observando a existência de uma discordância angular entre as rochas deste
membro, que se apresentavam pouco dobradas e sem foliação metamórfica, e os metassedimentos do
Grupo Cuiabá, com uma foliação subvertical bem desenvolvida e com dobras mais fechadas.
Alvarenga & Saes (1992) descrevem que a Formação Bauxi pertence à Unidade Média,
Turbidítica Glaciogenética (Figura 3.2).
Litologicamente é definida por diamictitos com clastos variados, intercalados por camadas de
siltitos, quartzitos e conglomerados, depositadas sob influência glacial, posteriormente deformadas
com fraturamentos intensos, que tornam suas rochas quebradiças, além de dobras amplas e abertas.
Sem evidências de discordância, a passagem é lateral.
Coelho & Santos (2004), em trabalhos de mapeamento geológico na escala 1:50.000,
identificaram a Formação Bauxi na região do Marzagão, sendo composta por pacotes de argilitos
siltosos, lamitos e siltitos
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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FORMAÇÃO PUGA
Abrangendo toda a Faixa Paraguai acha-se a Formação Puga, estratigraficamente em contato
superior com a Formação Araras (Alvarenga, 1988).
As primeiras referências a cerca da Formação Puga estão contidas no trabalho de Evans
(1894), que observou afloramentos de rochas conglomeráticas, englobando-as no que denominou de
“Cuyabá Slates”. Essa formação foi definida por Maciel (1959) para denominar os tilitos que afloram
no Morro do Puga (nas proximidades de Corumbá-MS).
Na Província Serrana a denominação Puga foi inicialmente utilizada por Oliveira (1964) e
seguida por Vieira (1965), sendo consagrada na literatura geológica com os trabalhos de Ribeiro Filho
e Figueiredo (1974), Figueiredo et al. (1974), Ribeiro Filho et al. (1975) e Luz et al. (1978), para
denominar os paraconglomerados cinza esverdeados e roxos com seixos, blocos e matacões de outras
rochas em matriz com variação argilo-arenosa.
A partir de Barros et al. (1982) e Del ‘Arco et al. (1982), passou-se a utilizar a denominação
Moenda em substituição a Formação Puga, devido a grande distância que separa a seção-tipo no
Morro do Puga e a Província Serrana, argumento também utilizado por Almeida (1965) para
denominá-la de Formação Marzagão. Segundo Barros et al. (1982) essa formação é facilmente
identificada em quase toda área da Província Serrana.
Alvarenga & Saes (1992) descrevem a Formação Puga como pertencente à Unidade Média,
Turbidítica Glaciogenética, (Fig 3.2) com base na sua característica de sedimentação proximal,
intermediária e distal.
Litologicamente é marcada pela presença de paraconglomerados petromíticos com matriz
grauvaqueana argilo-arenosa a grossa com clastos distribuídos caoticamente pela matriz, sendo estes
de vários tamanhos, podendo atingir até matacões, de composições variadas (quartzo, sílex, feldspatos,
calcários, granitos e rochas básicas).
As rochas desta formação foram depositadas a partir de grandes geleiras, sendo posteriormente
deformadas (Ribeiro Filho et al. 1975, Barros et al. 1982).
Nas proximidades da área de estudo esta unidade compõe-se de litoarenitos de cor vermelha
arroxeada com matriz argilosa a areno-siltosa e diamictitos de cor vermelha constituídos por clastos de
quartzito, gnaisses, granitos, arenitos, rochas carbonáticas e básicas, angulares e subarredondados,
dispersos em uma matriz argilo-arenosa (Coelho & Santos 2004).
Além das Formações Bauxi e Puga, as rochas carbonáticas e detríticas dos Grupos Araras e
Alto Paraguai também integram a Zona Externa dessa faixa dobrada.
GRUPO ARARAS
Exposto na porção norte e nordeste da Faixa Paraguai, na Serra das Araras, abrangendo
também o Cráton Amazônico em Cáceres e a Sinclinal da Guia a noroeste de Cuiabá, está o Grupo
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Araras. Este foi submetido a dobramentos de grande amplitude, durante o Ciclo Brasiliano, sendo
submetido a metamorfismo dinâmico de baixo grau gerando a fácies xisto verde apenas em planos de
falhas e deslizamentos intraestratal.
Constituí-se por uma extensa plataforma carbonática subdividida em uma Unidade Inferior
Carbonatada Calcífera, e Unidade Superior Carbonatada Dolomítica, composta por inúmeras fácies:
maciça, oolítica, oncolítica, psolítica, concreções magnesíferas, calcários betuminosos, estromatolitos,
margas, brechas intraformacionais. (Boggiani et al. 1998).
Almeida (1964a) engloba os carbonatos em Grupo, sugerindo a possibilidade de estas rochas
serem subdivididas em uma formação inferior, com predomínio de calcários calcíticos, e outra
superior, dolomítica. Tal divisão foi efetuada por Hennies (1966), denominando as de Formação Guia
e Formação Nobres respectivamente, incluindo as rochas da sinclinal da Guia.
Os carbonatos Araras foram englobados na categoria de formação por Figueiredo et al. (1974)
e Barros et al. (1982) e inseridos no Grupo Alto Paraguai depois de constatada passagem gradativa
para os arenitos da Formação Raizama.
Alvarenga (1988) subdividiu as unidades basais, criando assim uma unidade carbonatada
média, formada por calcários e dolomitos da então Formação Araras na Província Serrana, e calcários
e dolomitos com pelitos laminados subordinados, da Fácies Guia, na área metamórfica do grupo
Cuiabá.
A sedimentação do Grupo Araras é basicamente química, ocorrendo na porção pericratônica, e
nas partes distais, sedimentos pelíticos químicos da Fácies Guia.
Boggiani (1998) correlaciona às formações Araras e Fácies Guia, e define a Formação Araras
como não correlata ao Grupo Corumbá.
Nogueira (2003) traz novamente a proposta de Grupo Araras, subdividindo-o em quatro
formações que se seguem da base para o topo: i) Formação Mirassol do Oeste, constituída por
dolomitos microcristalinos e microbialitos dolomíticos; ii) Formação Guia, que consiste de calcários
microcristalinos, folhelhos e brechas subordinadas, algumas vezes betuminosos; iii) Formação Serra
do Quilombo, constituída por dolomitos, dolarenitos e brechas; e iv) Formação Nobres, encerrando
com dolomitos, arenitos e pelitos com níveis de sílex, sendo recobertos pelas rochas siliciclásticas da
Formação Raizama, do Grupo Alto Paraguai. Correlacionou estratigraficamente estas litologias com as
do Grupo Corumbá.
GRUPO ALTO PARAGUAI
As primeiras informações sobre o Grupo Alto Paraguai foram feitas por Almeida (1964) que
denominou um conjunto de serras paralelas da Província Serrana e reconheceu na mesma, uma
seqüência de rochas de idade pré-siluriana com mais de 3.000m de espessura, a qual, por suas
características litológicas distintas, foi separada em três formações, da base para o topo: Raizama,
Sepotuba e Diamantino.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Novamente Almeida (1965) abordou o Grupo Alto Paraguai, ratificando na sua constituição às
formações Raizama, Sepotuba e Diamantino, a presença de uma discordância erosiva entre a
seqüência carbonatada da Formação Araras e os sedimentos detríticos arenosos da Formação Raizama.
Almeida (1968) caracterizou o Grupo Alto Paraguai como um estágio estrutural superior do
miogeossinclíneo Paraguai–Araguaia, representado por uma sedimentação psamítica e pelítica, em
maior parte vermelha, com caráter molassóide, continental em sua parte superior.
Figueiredo et al. (1974) propuseram a redefinição do Grupo Alto Paraguai de Almeida (1964)
passando a constituir-se, da base para o topo, das seguintes formações: Puga, Araras, Raizama e
Diamantino baseados no fato de que estas formações mostram deposição continua, assim, estes autores
adotaram a conservação do conjunto de rochas da Província Serrana com a denominação de Grupo
Alto Paraguai.
Olivatti (1976), Oliva (1979) e Montavão & Bezerra (1980) colocam o Grupo Alto Paraguai e
o Grupo Corumbá como uma mesma unidade. Em 1982, Del´Arco et al. colocam como duas entidades
distintas.
Rosa et al. (2005) e Figueiredo et al. (2005) propõem uma nova configuração para o Grupo
Alto Paraguai, retirando a então Formação Araras e incluindo a recentemente descoberta Formação
Serra Azul.
Formação Serra Azul
Através de mapeamento geológico sistemático no ano de 2004 foi identificada uma nova
unidade, a Formação Serra Azul. A seção tipo desta formação localiza-se na Fazenda Sete Estrelas, em
um corte de estrada de acesso para a Fazenda Eneida, subida da Serra Azul. Aflora com camadas de
direção aproximada NE, mergulhando com ângulo médio para NW. Essa unidade apresenta uma
espessura de 250 a 300 metros, onde o contato inferior, com os carbonatos do Grupo Araras é do tipo
erosivo, e superior, com a Formação Raizama, é do tipo gradacional.
Duas fácies distintas compõem a Formação Serra Azul, a base é composta por um pacote de
70 metros de diamictito maciço, com clastos esparsos de tamanhos variados dispersos em uma matriz
de composição argilosa a argilo-siltosa, de cor marrom avermelhada, sendo rochas carbonáticas,
cristalinas, chert e arenito os clastos mais comumente encontrados, em geral distribuídos na superfície
(Rosa, 2005).
Quanto a composição dos clastos, os menores, cerca de 3 a 5cm, em geral são de rochas menos
resistentes como arenitos finos a médios e siltitos. Os clastos de maior tamanho são em geral, de
rochas cristalinas, que são mais resistentes, como granitos, gnaisse e rocha básica e de quartzitos,
medem de 8cm até matacões de 30cm. Os de rochas carbonáticas variam desde fragmentos medindo
cerca de 3cm até seixos de 6 a 8cm, sendo de calcários e dolomitos (Figura 3.7 a), alguns apresentam
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
silicificação parcial ou total, sendo encontrados ainda, fragmentos com estruturas estromatolíticas. São
observados ainda clastos de chert e arenito ferruginoso (Rosa, 2005).
A forma dos clastos é variada, vai desde um arredondamento bom a muito bom, com
esfericidade alta, a angulosos, com baixa esfericidade, sendo encontrados ocasionalmente seixos
facetados e estriados.
A seção mais de topo, através de um contato gradacional, (Figura 3.7 b e c), possui espessura
de 220 metros. É composta por um pacote de sedimentos pelíticos, variando de silte a argila, sempre
intercalados por porções de areia fina.
À medida que se caminha para o topo da camada, observa-se um aumento na granulação da
rocha, passando gradualmente para silte com intercalações de areia fina, essas intercalações tornam-se
cada vez mais freqüentes em direção a unidade sobreposta, sugerindo uma granocrescência ascendente
e um contato tipo concordante, não sendo ainda caracterizado devido a depósitos de talus da formação
suprajacente.
A caracterização desta unidade foi realizada através de diversas etapas de campo, durante a
realização de trabalho de conclusão de curso no ano de 2004, incluindo uma excursão do projeto IGCP
478, com especialistas em depósitos glaciais de diferentes países.
Esse pacote glacial foi correlacionado a glaciação de Gaskiers de idade aproximada de 580
Ma., comum na maioria das Faixas de sedimentação do final do Neoproterozóico em todo mundo.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Figura 3.7: Fotos da Formação Serra Azul, A: Clasto de dolomito presente na camada de diamictito basal. B: Camada de siltito de cor amarela. C: Contato entre a camada de silt ito e a camada arg ilosa de topo.
Formação Raizama
As primeiras referências às rochas desta unidade litoestratigráfica foram, reportadas pelo
Conde Francis Castelnau em 1850, (In: Almeida 1964) durante sua visita a Serra do Tombador. Em
seguida tais rochas foram descritas por Evans (1894), que as denominou de Raizama Sandstone.
Posteriormente Almeida (1964), em contribuição à geologia da Província Serrana, reconheceu nela o
pacote de arenitos posicionado imediatamente acima dos calcários Araras, o qual constituía, portanto,
a base do Grupo Alto Paraguai.
A partir de década de 70, ocorreu uma grande contribuição aos conhecimentos acerca desta
unidade, a partir dos trabalhos de autores como Guimarães & Almeida (1972), Corrêa & Couto (1972),
Figueiredo et al. (1974) e Luz et al. (1978), os quais acrescentaram novos conhecimentos à unidade
litoestratigráfica e estenderam sua área de ocorrência, mas basicamente concordando com os trabalhos
mais antigos de maior relevância, como os de Almeida (1964) e Vieira (1965). Posteriormente
Alvarenga & Saes (1992) propuseram uma nova compartimentação estratigráfica onde a Formação
Raizama é posicionada na Unidade Superior da Faixa Paraguai.
A Formação Raizama é litologicamente composta por arenitos ortoquartzíticos
conglomeráticos, intercalados com camadas de arenitos arcoseanos finos a grossos, onde é possível
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
identificar estratificações cruzadas e marcas de onda e intercalações de siltitos e folhelhos. De idade
cambriana, sendo observado contato do tipo gradacional na parte inferior, na Serra Azul e contato do
tipo discordante na porção superior, nas serras Azul, Dourada e do Tombador. Podem também nesta
formação, serem observados os dobramentos que ocorreram durante o evento do Ciclo Brasiliano.
(Ribeiro Filho et al. 1975).
Mapeamentos geológicos realizados na escala 1:50.000 na região de Marzagão revelam essa
unidade ser composta por espessos pacotes de arenito arcoseano estratificado (Figura 3.8) e
conglomerados (Coelho & Santos 2004 e Figueiredo & Ganzer 2004).
Figura 3.8: Foto mostrando estratificação cruzada em arenito da Formação Raizama.
Formação Diamantino
A primeira citação para os arcóseos de Diamantino coube ao conde Francis de Castelnau
(1850 In Almeida 1964). Posteriormente, Cícero de Campos (1909 In Leme 1911) foi o primeiro
geólogo a observar que o Grês de Diamantino constituía a formação imediatamente superior aos xistos
do rio Tarumã e, portanto completamente diferente dos greses dos Parecis.
Por meio de Almeida (1964) foi possível distinguir muito bem a existência das duas unidades
litoestratigráficas com contatos gradacionais entre folhelhos da Formação Sepotuba e os arcóseos da
Formação Diamantino, limitando a área de ocorrência desta última nas bordas do Planalto dos Parecis,
entre as vizinhanças da cidade de Diamantino (Morro Vermelho) e até Arenápolis. Vieira (1965) não
reconheceu a mapeabilidade destas duas unidades litoestratigráficas propostas por Almeida (1964) no
caso, Sepotuba e Diamantino, optando assim pela existência de uma única formação, qual seja,
Diamantino.
Hennies (1966) estendeu a Formação Diamantino mais para leste, nos domínios já conhecidos
no trabalho de Almeida (1964). Os autores Corrêa & Couto (1972) também reconheceram a Formação
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Diamantino, entre Diamantino e Arenápolis, limitando-a a norte pelos basaltos Tapirapuã e a sul pelos
folhelhos da então Formação Sepotuba.
A partir de Figueiredo et al. (1974), os trabalhos que se sucederam, de Ribeiro Filho et al
(1975), Olivatti & Ribeiro Filho (1976) e Olivatti et al (1976) mantiveram a conceituação de
Formação Diamantino.
Nos trabalhos executados por Barros et al (1982), verificou-se a validade da conceituação de
Almeida (1964) para aquelas unidades litoestratigráficas, assim como do prolongamento de sua
continuidade física para leste do Estado de Mato Grosso, relatado por Hennies (1966).
Composta basicamente pela intercalação de arcóseos finos, siltitos e folhelhos, finamente
estratificados, calcíferos intercalados por bancos de arcósios, mostrando estratificações cruzadas de
pequeno porte e marcas de ondas (Alvarenga, 1984), sendo possível identificar os esforços nos quais
as rochas desta formação foram submetidas durante o Ciclo Brasiliano. Os contatos são gradacionais
na parte inferior e na faixa superior por discordância erosiva angular com o Grupo Paraná (Alvarenga,
1984).
Na região de Marzagão essa unidade está representada por litoarenitos argilosos (Figura 3.9)
(Coelho e Santos 2004).
Figura 3.9: Foto mostrando marcas de onda nos litoarenitos da Formação Diamant ino.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
CAPÍTULO 4 CONTEXTO GEOLÓGICO DAS ÁREAS PESQUISADAS
4.1-FAZENDA RESSACA-FORMAÇÃO BOCAINA
Boggiani (1988) caracterizou a Formação Bocaina como sendo composta por dolomitos com
gradativa predominância de silexitos no topo, além de rochas fosfáticas e abundantes estruturas
estromatolíticas.
Boggiani (1998) descreve ainda o contato inferior como erosivo, depositado diretamente sobre
o embasamento gnáissico-granitico, não observando o contato superior como a Formação Serradinho.
Uma das características marcantes da Formação Bocaina é a grande variação lateral de fácies,
por vezes em relativas pequenas distâncias, como na área da pesquisa, o que dificulta a correlação
entre estas.
No perfil descrito na Fazenda Ressaca foram identificadas e individualizadas cinco fácies
sedimentares, associando sua descrição a trabalhos anteriormente realizados na Formação Bocaina:
FÁCIES DE MUDSTONES DOLOMÍTICOS ESTRATIFICADOS, ASSOCIADOS À ESTROMATÓLITOS LLH.
Fácies composta por mudstones dolomíticos com estratificação plano paralela contínua,
associados a estruturas estromatolíticas.
Inicialmente tem-se um nível de mudstones dolomíticos de cor rósea a esbranquiçada, onde se
observam estratos regulares de 1 a 2 cm de espessura com continuidade lateral. São observados ainda
pequenos veios (cm) de sílica e pequenos geodos. Em seção delgada notam-se concentrações de mica
em determinados níveis.
Seguindo no perfil, aparece um nível com abundantes estruturas estromatolíticas, seguido de
um nível de mudstones dolomíticos de cor cinza escuro e com laminação plano-paralela. Esta
estratificação é conferida por uma intercalação de material mais fino e de cor mais esbranquiçada, em
lâminas de no máximo 1 cm de espessura. Em seção delgada observa-se uma diferença textural, ora
micrítica ora grumosa.
Ao final deste intervalo, observa-se a ocorrência de estromatólitos pseudo-colunares (Figura
4.1), possuindo cerca de 10 cm de largura e com aproximadamente 30 cm de altura. Pode-se observar
também a presença de pequenos geodos preenchidos por cristais bem formados de quartzo hialino de
cerca de 1 cm.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Figura 4.1: Fotos de estromatólitos da Formação Bocaina em afloramentos da Fazenda Ressaca.
FÁCIES DE FLAKSTONES
O termo flakestone é largamente empregado na designação de brechas carbonáticas que
possuem intraclastos na forma de finas placas com bordas angulosas, quase geométricas (Shinn et al.
1965, Tucker 1992).
Boggiani 1998 afirma que estas flakstones são comuns na base da Formação Bocaina,
encontradas em diversas localidades no Planalto da Bodoquena associados à mudstones estratificados.
Na área da Fazenda Ressaca esta brecha apresenta fragmentos angulosos de tamanhos
variados, sendo que os maiores chegam a 6 cm, cimentados por uma matriz carbonática rósea (Figura
4.2).
O grau de retrabalhamento da rocha é relativamente baixo, ocorrendo apenas deslocamento
das placas sem que houvesse mistura de materiais litologicamente diferentes.
Em lâmina observa-se uma matriz texturalmente micrítica.
Figura 4.2: Fotos da fácies de flakestones da Formação Bocaina.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
FÁCIES DE PSÓIDES RUDSTONES
Psóides são grãos revestidos de forma esférica que possuem diâmetro superior a 2 mm (Peryt
1983, Sweet & Knoll 1989).
Boggiani (1998) descreve a ocorrência desta fácies de forma pontual ao longo do limite entre a
cobertura cratônica e a Faixa Paraguai, e como sendo encontrada desde a sul de Bonito, na Mineração
Bodoquena, até ao norte de Corumbá, na Baía do Castelo, totalizando uma faixa de exposição
descontínua de mais de 500 km de comprimento.
No perfil da Fazenda Ressaca observa-se a ocorrência de psóides de 2 a 4 mm de comprimento
e 2 mm de largura em média, bem selecionados, silicificados e sem matriz, muito semelhantes ao
descritos pelo autor acima citado (Figura 4.3).
Neste mesmo perfil pode-se observar também a ocorrência de psóides de tamanho bem maior,
cerca de 3 cm de comprimento do eixo maior por 1cm de largura, apenas parcialmente silicificados
(Figura 4.4). Esta fácies é descrita na porção intermediária, e não como topo da Formação Bocaina
(como descrito por outros autores), pois este não foi observado no perfil Ressaca.
Figura 4.3: Foto mostrando ocorrência de psóids na Formação Bocaina (ret irada de Justo et al. 1999).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
43
Figura 4.4: Fotos de psóids de tamanho maior em afloramento na Fazenda Ressaca.
FÁCIES DE MUDSTONES DOLOMÍTICOS COM INTERCALAÇÕES DE SILEXITOS
Este intervalo é marcado na base por dolomitos maciços de cor cinza, parcialmente
silicificados seguidos de intercalações de silexitos de cor branca, freqüentes até o topo (Figura 4.5).
As camadas de silexito são relativamente pequenas (5 cm no máximo) e ocorrem coincidentes
com os planos de estratificação, em limites bem definidos.
Em lâmina observa-se a forma microcristalina da sílica.
Quando fortemente intemperizada esta rocha possui cor marrom avermelhado, onde se pode
observar a lixiviação do carbonato restando a sílica, conferindo a rocha um aspecto poroso.
Figura 4.5: Foto mostrando intercalações de silexito em mudstone dolomítico.
Neste intervalo é comum observar a presença de feições estromatolíticas não classificáveis.
Ao final do intervalo observa-se uma rocha mais brechóide, provável final da camada.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
FÁCIES DE MICROFOSFORITO
Fosforitos são sedimentos que incluem significativas porções de minerais fosfáticos
autigênicos e biogênicos. Microfosforito é uma rocha fosfática com predominância do mineral
fluorapatita de granulometria fina.
Folini (1996) estipula um limite de presença de 18% de P2O5 para definir uma rocha como
fosfática, no entanto, alguns autores utilizam limites de até 10% de P2O5.
Boggiani (1998) identificou a presença de rocha fosfáticas na Formação Bocaina desde
camadas centimétricas até lentes espessas. Este mesmo autor caracteriza o corpo fosfático nas
proximidades do perfil pesquisado como sendo formado por estromatólitos laminados e colunares,
com teores de P2O5 de até 35%. Boggiani et al. (1993) identificam ainda microfosforitos na forma de
massas disformes associados a estromatólitos em Porto Morrinhos.
No perfil realizado na Fazenda Ressaca (Figura 4.8) observou-se a presença de microfosforitos
estratificados marcados por intercalações de lâminas mais claras e mais escuras, nas proximidades do
nível anteriormente descrito.
Observou-se ainda a presença de um microfosforito de cor cinzenta e texturalmente mais
arenoso, seguido de um microfosforito microbrechado (Figuras 4.6 e 4.7).
No final do perfil, e provável topo da camada, observa-se que a rocha possui cor preta, sendo
que em alguns blocos soltos percebe-se silicificação, tornando a rocha semelhante a um chert negro
(Figura 4.6), com estrutura vesicular, além de estruturas estromatolíticas (Figura 4.8).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
45
Figura 4.6: Fotos da fácies de rocha fosfática da Formação Bocaina. Acima fosforito da Fazenda Ressaca, abaixo, calcário (parte mais clara) inserido na camada de fosforito de cor negra.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 4.7: Fotos da camada de rocha fosfática do perfil Fazenda Ressaca.
Figura 4.8: Perfil esquemático dos litotipos encontrados na Fazenda Ressaca-MS com resultados de P2O5 total (%) para amostras coletadas na fácies de rochas fosfáticas.
Análise química realizada em amostras de microfosforitos da área alcançou-se resultados de
até 49% de P2O5 total, com 6,19% de P2O5 - Ac. Cítrico e 0,0060% de P2O5 – CNA. Os resultados das
amostras permaneceram numa média de 46% de P2O5 total (Tabela 4.1).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
47
Tabela 4.1: Resultados analíticos de 27 amostras coletadas em um dos perfis realizados na Fazenda Ressaca-MT e 03 coletadas aleatóriamente.
4.2-FAZENDA SERRA AZUL-GRUPO ARARAS
O Grupo Araras está exposto na porção norte e nordeste da Faixa Paraguai, na Serra das
Araras, abrangendo também o Cráton Amazônico em Cáceres e a Sinclinal da Guia a noroeste de
Cuiabá, estado de Mato Grosso.
Boggiani (1998) correlaciona a então Formação Araras e Fácies Guia, e define estas rochas
como não correlatas ao Grupo Corumbá.
RESULTADOS ANALITICOS
AMOSTRA P2O5-
TOTAL% P2O5--Ac.
Citr% P2O5-
CNA% CA % S % Fe%
Mg % LITOLOGIA
FR-01 0,136 0,0032 0,0009 10 0,126 0,224 10,5 CAL FR-02 0,099 0,0027 0,0007 8 0,028 0,357 8 CAL FR-03 0,088 0,0023 0,0007 12 0,008 0,068 10 CAL
FR-04-A 0,035 0,0012 0,0003 12 0,005 0,041 10,5 DOL FR-04-B 0,028 0,0009 0,0004 11,5 0,007 0,045 8,5 DOL
FR-05 0,088 0,0024 0,0009 10,5 0,015 0,074 10 DOL FR-06 0,023 0,0012 0,0004 12 0,004 0,033 9,5 DOL FR-07 0,034 0,0012 0,0004 11 0,003 0,033 11,5 DOL FR-08 0,047 0,0015 0,0004 11,5 0,004 0,031 11,5 DOL FR-09 0,021 0,0009 0,0004 10 0,004 0,029 10 DOL FR-10 0,109 0,0026 0,001 9 0,017 0,205 9,5 DOL
FR-11-A 0,013 0,0007 0,0003 3,2 0,026 0,402 1,55 DOL c/ Ox.Fe FR-11-B 0,013 0,0009 0,0003 0,65 0,024 0,342 0,2 DOL c/ Ox.Fe
FR-12 0,018 0,001 0,0004 10 0,012 0,066 11 BRX FR-13 0,037 0,0017 0,0006 10 0,009 0,071 10 DOL FR-14 0,022 0,0015 0,0004 8 0,028 0,424 7 BRX FR-15 0,015 0,0015 0,0004 10,5 0,009 0,086 10,5 BRX FR-16 0,013 0,0012 0,0006 10,5 0,005 0,051 11 DOL SICIF. FR-17 0,016 0,0015 0,0004 10,5 0,008 0,074 10,5 DOL SICIF. FR-18 0,037 0,0018 0,0006 10,5 0,003 0,051 11 CAL FR-19 0,029 0,0013 0,0003 10,5 0,008 0,022 11 CAL FR-20 15,114 0,0121 0,0017 11,5 0,01 0,173 7,5 DOL SICIF. FR-21 3,93 0,0066 0,0012 10,5 0,017 0,083 10,5 FOSF-I FR-22 43,83 4,08 0,0042 14,5 0,066 0,108 0,25 FOSF-I FR-23 45,72 5,894 0,0054 14,5 0,029 0,317 0,03 FOSF-I FR-24 48,365 5,97 0,0054 15 0,012 0,163 0,04 FOSF-I FR-25 49,12 6,197 0,006 16 0,019 0,099 0,02 FOSF-I AR-IV 19,648 1,36 0,0021 13 0,017 0,065 6,5 FOSF-II AR-I 45,795 6,272 0,0062 15 0,007 0,201 0,3 FOSF-II
AR-III 47,609 5,668 0,0053 15 0,03 0,088 0,07 FOSF-II LEGENDA: CAL- CALCARIO; DOL-DOLOMITO; BRX-BRECHA (FLAKSTONE) FOS F-I-
FOSFORITO DO PERFIL ; FOS F-II-FOSFORITO COLETADO ALEATORIAMENTE- Ox. Fe-OXIDO DE FERRO; S ILIC- SILICIFICADO
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Nogueira (2003) propôs o Grupo Araras, baseado na indicação inicial de Almeida (1964)
subdividindo em quatro formações que se seguem da base para o topo: i) Formação Mirassol do
Oeste , constituída por dolomitos microcristalinos e microbialitos dolomíticos; ii) Formação Guia,
que consiste de calcários microcristalinos, folhelhos e brechas subordinadas, algumas vezes
betuminosos; iii) Formação Serra do Quilombo, constituída por dolomitos, dolarenitos e brechas; e
iv) Formação Nobres , encerrando o pacote com dolomitos, arenitos e pelitos com níveis de sílex,
sendo recobertos pelas rochas siliciclásticas da Formação Raizama, do Grupo Alto Paraguai.
Correlacionou estratigraficamente estas litologias com as do Grupo Corumbá.
Neste trabalho utiliza-se a denominação de Grupo Araras (Almeida, 1964), dividido em duas
Formações (Hennies, 1966), Guia e Nobres.
A idade da Formação Araras é Vendiana Superior (Zaine, 1991), de acordo com fósseis da
fauna Ediacara identificados por Fairchild (1978) e Walde et al. (1982) no Grupo Corumbá,
correspondente desta segundo Almeida (1964), e andar Varangiano-Marinoano datado a partir de
isótopos estáveis de C por Nogueira et al. (2003); ou entre 590 e 550Ma por Pinho et al. (2003).
Babinski et al. (2006) encontrou a idade Pb/Pb 627 +- 32Ma (confiabilidade de 95%) para o Grupo
Araras em Mirassol d´Oeste MT.
FORMAÇÃO GUIA
As rochas que integram a Formação Guia distribuem-se geomorfologicamente na área em
regiões de relevo rebaixado, sendo que afloramentos são raros por se tratarem de rochas altamente
solúveis por águas meteóricas, tendo sido, quase que totalmente transformadas por processos
pedogenéticos, desenvolvendo um clássico relevo cárstico. Suas melhores exposições localizam-se nas
paredes de dolinas profundas em meio às pastagens (Figura 4.9) e em um único morrote localizado no
extremo sudoeste da área.
A litologia está representada essencialmente por calcários de cor cinza escuro, maciços na
base e intercalados com laminas centimétricas de argila vermelha (Figura 4.9) que se tornam mais
constantes em direção ao topo.
Podem ser observadas estruturas de deformação budins de chert (Fig. 4.9) e estruturas de
dissolução, lapiás (Fig. 4.10), pequenos veios preenchidos por calcita, além da ocorrência de calcita
impura de cor preta e planos de dissolução denominados estilolitos.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
49
Figura 4.9: Fotos de afloramentos de calcário da Formação Guia. A esquerda calcário maciço aflorando em dolina, a d ireita, calcário com laminas de argila e boudins de chert.
Figura 4.10: Fotos de estrutura de dissolução por águas meteóricas Lapiás, nos calcários da Formação Guia
Sua relação de contato com as unidades sotoposta e sobreposta não foi observada. No entanto
Nogueira (2003) descreve o contato basal com a Formação Puga como abrupto com lobos de
sobrecarga, enquanto que Ribeiro Filho et al. (1975) o descrevem como gradacional. Na área de
estudo o contato superior com a Formação Nobres é interpretado por Figueiredo & Ganzer (2004)
como sendo gradacional.
FORMAÇÃO NOBRES
A Formação Nobres, unidade superior do Grupo Araras (Figura 4.14) é de composição
predominantemente dolomítica. Este nível é constituído na área basicamente por dolomitos, dolomitos
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
parcial ou completamente silicificados, brechas dolomiticas e dolomitos ooliticos silicificados. Três
fácies distintas foram individualizadas.
Fácies de dolomitos silicificados:
Na base deste nível encontra-se dolomito de cor cinza esbranquiçado, maciço, não sendo
observada nenhum tipo de laminação ou outra estrutura primária.
Este dolomito maciço passa gradualmente para um dolomito parcialmente silicificado, com
níveis de chert e alguns geodos, onde se identifica o inicio de um processo de grande silicificação,
aparecendo um dolomito intensamente silicificado, praticamente substituído por sílica amorfa.
Fácies de brechas dolomíticas associadas a estromatólitos
Trata-se de uma rocha de estrutura brechada, contendo fragmentos angulosos de dolomito,
medindo de 3 mm a 2 cm, em uma matriz dolomítica (Figura 4.11). Apresenta-se silicificada, com o
desenvolvimento de venulações e pequenos geodos preenchidos por quartzo e calcita recristalizada.
Em porções onde a silicificação é apenas parcial, observa-se que os fragmentos são maiores, em média
4 a 5 cm, e a matriz permanece a mesma.
Figura 4.11: Fotos de brechas dolomiticas que ocorrem na Formação Nobres.
Logo acima a essas brechas, encontram-se estruturas de bioconstruçào do tipo estromatólitos
colunares cilíndricos (Figura 4.12), que em algumas porções apresentam silicificação parcial.
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
51
Figura 4.12: Foto de estromatólito colunar na Formação Nobres.
Em direção ao topo deste nível, tem-se a presença de um dolomito oolitico silicificado.
Aparecem ainda freqüentes intercalações milimétricas de arenito fino, marcando passagem gradacional
para o próximo nível identificado na área.
Fácies de brechas areníticas
As intercalações de arenito fino em meio aos dolomitos passam a uma camada de arenito
feldspático de cor rosa, com laminação plano paralela. Seguido de arenitos ooliticos e psolíticos com
impregnação por óxido de ferro, tal impregnação aumenta à medida que se aproxima uma rocha
arenítica brechada e ferruginosa.
Estas brechas apresentam-se totalmente impregnadas por óxido de ferro, conferindo uma cor
vermelha escuro, com variação para tons de laranja, e em outras porções, apresenta impregnação por
óxido de manganês (Fig. 4.13). A matriz é arenosa, os fragmentos são angulosos e medem em torno de
2 a 4cm a maioria (Fig. 4.13), chegando a conter fragmentos de até 10 a 15 cm. A composição dos
fragmentos é de arenito, silexito e rocha carbonática.
Os níveis de brechas são identificáveis na paisagem por constituírem um relevo de morros
abaulados capeados por lateritas, onde se desenvolve um solo vermelho. Esta cobertura é representada
por níveis de Ferro e Manganês.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 4.13: Fotos de ocorrência de brecha arenítica na região de Marzagão, topo da Formação Nobres. A esquerda observa-se impregnação por oxido de ferro, conferindo a rocha cor avermelhada, a d ireita observa-se
impregnação por óxido de manganês (cor preta).
Já ao topo deste intervalo é observado um arenito fino muito ferruginoso, gradando para uma
intercalação de arenito ferruginoso e arenito livre de impregnação por oxido de ferro. O contato com a
unidade superior não foi observado. Estima-se uma espessura aproximada de 1800 metros para o
Grupo Araras na área do trabalho (Fig. 4.14).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
53
Figura 4.14: Coluna estratigráfica mostrando os litotipos do Grupo Araras encontrados na área da Fazenda Serra Azul-MT.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
CAPÍTULO 5 AMBIENTES DEPOSICIONAIS, UMA BREVE INTERPRETAÇÃO DAS
FÁCIES
Na Faixa Paraguai, a deposição de suas unidades iniciou-se com uma fragmentação
continental, gerando o rifting do Supercontinente Pannotia no período Neoproterozóico III. Ainda nas
fases iniciais de abertura do supercontinente ocorreram eventos de Glaciação Global, Snowball Earth,
termo dado à teoria que tenta explicar a ocorrência dessas glaciações que atingem oceanos e
continentes, estendendo-se até baixas latitudes (Kirschvink 1992, Hoffman et al. 1998, Hoffman &
Schrag 2002, Nogueira 2003).
A rápida deglaciação destes eventos de Snowball Earth ocasionaram a transferência de
dióxido de carbono atmosférico para o oceano, resultando na rápida precipitação de carbonato de
cálcio, produzindo uma capa de carbonato observada globalmente (Hoffman et al. 1998).
O termo fácies sedimentar foi introduzido inicialmente por Steno (1669), embora seu uso
moderno venha de Gressey (1838), que o empregava para designar a soma total dos aspectos
litológicos e palentológicos de uma unidade estratigráfica. Assim, entende-se como definição de
fácies, um conjunto de feições que caracterizam uma rocha sedimentar.
Para a interpretação ambiental é importante definir a associação de fácies, uma vez que uma
dada fácies pode ocorrer em diversos ambientes distintos.
O Grupo Corumbá de maneira geral marca uma grande transgressão marinha sob uma
superfície aplainada decorrente do fim de uma glaciação.
A Formação Bocaina é marcada pela ocorrência de intensa dolomitização, a qual também
estaria associada à silicificação que passa a predominar em direção ao topo. Outra característica é a
relativa ausência de terrígenos, restritos a esparsas concentrações de grãos e grânulos de quartzo bem
arredondados, observados na base da unidade (Boggiani, 1998).
No perfil descrito na Fazenda Ressaca, identificou-se a existência de cinco fácies sedimentares
(Figura 5.1), com características diagnósticas de deposição em uma planície de maré, onde a ação das
ondas foi quase insignificante, com o desenvolvimento de estruturas biogênicas. Esta planície
transicionaria para a plataforma marinha, onde estaria sujeita a correntes ascendentes (upwelling).
A contínua laminação presente na fácies de mudstones dolomíticos é uma evidência de
equilíbrio entre as condições de fluxo e deposição, ou seja, ambiente calmo e raso.
Sob estas condições de águas calmas e pouco energéticas, teriam se desenvolvido os
estromatólitos LLH. A observância destas estruturas organosedimentares em praticamente todo o
perfil é mais uma evidencia da calmaria que por vezes prevalecia no ambiente.
Quanto à intensa dolomitização existente na área, acredita-se que essa seja posterior, por
substituição. Vários autores concordam que algumas condições básicas são necessárias para a
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
55
dolomitização, entre elas a permeabilidade da rocha, pressões diferenciais que permitem a
movimentação de fluidos através dos poros e suprimento continuo de íons de magnésio e cálcio.
No caso da Formação Bocaina, este fluxo contínuo de água do mar através dos sedimentos
estaria diretamente relacionado ao degelo glacial.
A silicificação observada na área, marcada pela intercalação de silexitos em mudstones
dolomíticos, também indica condições de origem diagenética, provavelmente precoces, na interface
água/sedimento. Esta sílica teria se concentrado através de ciclos de evaporação ao final da
sedimentação.
A sílica originada em ambientes diagenéticos tem sido relacionada à lixiviação de poeira
silicosa em ambientes desérticos para águas subterrâneas (Waugh, 1970a e b), ou através da
espelitização de lavas basálticas no assoalho oceânico (Sowthgate, 1986).
Brechas tipo flakestones indicam um sutil aumento de energia do ambiente, onde ocorreria
retrabalhamento e uma rápida cimentação. Fraturas decorrentes de variação térmica, causando
expansão e contração da rocha, teriam sido preenchidas por sedimentos, causando um fraturamento em
forma de polígonos.
Já a fosfatogênese teria sua origem ligada a influência de correntes ascendentes. Estas
correntes marinhas ricas em nutrientes são oriundas de regiões mais profundas e frias, que ao
atingirem zonas costeiras são aquecidas e formam rochas fosfatadas, através de complexa diagênese
(este processo é mais amplamente discutido no capítulo que aborda os depósitos de fosfato).
Sobre a presença de psóides na área, Tucker & Wright (1990) dizem que a correta
interpretação paleoambiental de um depósito oolitico depende da análise das características
associadas, uma vez que somente a estrutura oolítica não diagnostica um determinado ambiente.
Os psóides observados no perfil da Fazenda Ressaca provavelmente foram formados durante
um período de águas mais agitadas, para que os grãos permanecessem em suspensão, a fim de serem
revestidos, devido precipitações químicas oriundas da liberação de CO2.
A presença de psóides marinhos é amplamente registrada em carbonatos do neoproterozóico,
sendo descrito por vários autores e sendo denominados de giant oóids.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 5.1: Coluna estratigráfica do Grupo Corumbá mostrando as fácies descritas na Fazenda Ressaca. (Modificado de Boggiani 1998)
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
57
O Grupo Araras que na área da Fazenda Serra Azul está disposto estratigraficamente acima
da Formação Puga e abaixo das unidades do Grupo Alto Paraguai (Figura 5.2), depositou-se em um
ambiente plataformal restrito, numa extensa e plana rampa coberta por um mar raso, em um estágio
pós-glacial.
Durante a deposição do intervalo calcítico (Formação Guia), provavelmente houve uma
predominância de um substrato sedimentar mole, inconsolidado, devido ainda a trangressão marinha,
impossibilitando assim ocupação efetiva do ambiente por organismos incrustadores e bioconstrutores.
A partir de um evento de máxima inundação inicia-se um período progradacional, ocorrendo a
sedimentação da Formação Nobres, concomitante a uma colonização do ambiente e possivelmente,
uma maior disponibilidade de CO2 com uma maior atividade de CaCO3 num ambiente de plataforma
rasa a costeiro protegido pelos recifes estromatolíticos, porém com ampla circulação de água.
Segundo Scofin (1987), a partir de uma maior disponibilização de CO2 e aumento de
temperatura, ocorre um aumento na atividade de CaCO3 no ambiente, o qual possibilita cimentação de
crostas duras (hardgrounds) no fundo da plataforma, viabilizando assim, a colonização do fundo, tanto
por organismos livres nadantes, como por organismos bioconstrutores.
A constante presença de brechas intraformacionais indica repetidas variações do nível do mar,
em um sistema continuo de transgressões e regressões.
O topo do Grupo Araras na área de estudo, composto por brechas areníticas, teve sua origem
no início do sistema regressivo, o qual deu origem à deposição das unidades do Grupo Alto Paraguai.
Este intervalo recebeu importante contribuição de material detrítico, gerando ambiente essencialmente
oxidante. Com o avanço da progradação, a sedimentação terrígena deposita-se cada vez mais para o
interior da bacia estabelecendo-se na área uma deposição num ambiente costeiro a marinho raso.
Rosa A.S. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Formação Bocaina, Fazenda Ressaca - MS versus Grupo Araras, Fazenda Serra Azul-MT.
Figura 5.2: Coluna estratigráfica das unidades encontradas na Fazenda Serra Azul-MT e circunvizinhanças, (Modificada de Rosa 2005).
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
59
CAPÍTULO 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área na qual este trabalho foi realizado insere-se no domínio tectônico da Faixa Paraguai. As
unidades que a compõem depositaram-se ainda no período Neoproterozóico, sendo dobradas e
metamorfizadas durante o evento tectônico conhecido como Brasiliano-Panafricano (~600 Ma). Esta
faixa bordeja a sudeste o Cráton Amazônico e estende-se no Brasil pelos estados de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, além de países como a Bolívia e o Paraguai. Apresenta-se dividida, com base em
características estruturais em duas zonas, Interna e Externa, e com base em características
deposicionais em quatro unidades: Unidade Inferior, Unidade Média Turbiditica Glaciogenética,
Unidade Média Carbonatada e Unidade Superior.
As Faixas de dobramentos Neoproterozóicas despertam grande interesse científico por serem
detentoras de registros de mudanças climáticas e biológicas, além de resguardarem bens minerais de
grande potencial econômico. Esse interesse vem se intensificando pela Faixa Paraguai, a partir dos
trabalhos do Grupo de Pesquisa de Recursos Minerais de Mato Grosso, com o objetivo de buscar
unidades que indiquem essas mudanças, a fim de correlacioná-las com outras que melhor as registram.
Durante a execução de um destes trabalhos na porção norte da Faixa Paraguai (região do vilarejo
Marzagão-MT) no ano de 2004, observou-se grandes semelhanças litoestratigráficas com uma área em
particular, localizada na porção sul desta faixa (Fazenda Ressaca-MS).
Com o objetivo de prospectar áreas favoráveis à ocorrência de rochas fosfáticas no estado de
Mato Grosso, assim como ocorre na extensão da Faixa Paraguai no Mato Grosso do Sul, realizou-se a
pesquisa que culminou neste trabalho. Em vista da extensão da Faixa Paraguai e a complexidade de
suas unidades geológicas, quaisquer trabalhos que se destinem a um detalhamento estratigráfico, com
enfoque a interpretação dos ambientes e processos deposicionais, contribuirão para um melhor
entendimento da compartimentação e evolução tectono-sedimentar das rochas dessa faixa dobrada.
Anúncios a respeito da ocorrência de fosfato na Serra da Bodoquena datam desde 1976, em
levantamentos geológicos realizados pela DOCEGEO. Boggiani em 1990 adaptou a distribuição das
diferentes fácies sedimentares do Grupo Corumbá ao modelo proposto por Kazakov (1937), colocando
em evidência um histórico geológico deposicional que ajudou no entendimento da origem dos
fosforitos desta região. Em 1997 a CPRM retoma trabalhos de prospecção nesta região, tomando como
base alvos que já estavam sendo pesquisados desde 1980. Em 2000 a CPRM publica o relatório do
Projeto “Fosfato da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul”, mostrando dados levantados na
ocorrência da Fazenda Ressaca.
Durante a execução da pesquisa deste trabalho, várias amostras foram coletadas nos perfis e
em diferentes tipos litológicos, onde análises apresentaram os resultados da tabela 4.1.
Rosa A.R. 2008. Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da Form. Bocaina, Faz. Ressaca-MS versus Grupo Araras, Faz. Serra Azul-MT.
O conjunto de amostras FR-21 a FR-25 e AR-I a AR-IV, correspondem a uma rocha
fosfatada, composta por mineral do grupo da apatita, provavelmente flúorpatita. Possui variações entre
uma rocha mais arenosa e uma intensamente silicificada com estruturas laminadas, vesicular e
brechóide, além de associação com estromatólitos. Em seção delgada observou-se tratar de um
microfosforito laminado.
Esta camada de rocha fosfática está disposta estratigraficamente acima de uma fácies de
mudstones dolomíticos associados a silexitos e abaixo de quartzo arenitos pertencentes a Formação
Tamengo, sendo que, como indicativo litoestratigrafico para prospecção de áreas potenciais para estas
rochas em outros locais da Serra da Bodoquena pode-se utilizar a presença de brechas
intraformacionais com clastos de fosforitos associados aos referidos quartzo arenitos da base da
Formação Tamengo.
Este mesmo princípio diagnóstico foi utilizado durante a execução de perfis na porção norte da
Faixa Paraguai, nas unidades do Grupo Araras encontradas na Fazenda Serra Azul, onde se tem a
presença de dolomitos silicificados com estruturas muito semelhantes as encontrada na Fazenda
Ressaca e também brechas areníticas na transição para os quartzo arenitos da Formação Raizama.
A grande ocorrência de sedimentos ferruginosos, incluindo camadas de ferro e manganês no
topo do Grupo Araras na Fazenda Serra Azul pode indicar a existência de ambiente deposicional,
correlacionável ao que depositou o Grupo Jacadigo na Faixa Paraguai no Estado de Mato Grosso do
Sul.
Nos perfis realizados na Fazenda Serra Azul, os teores de P2O5 estão sempre inferiores a 2%,
Os teores mais elevados estão posicionados em situação que se correlaciona ao topo da Formação
Bocaina no Estado de Mato Grosso do Sul. Não existe ainda a possibilidade de se falar em
concentrações de P2O5 susceptíveis à formação de depósitos deste elemento no Grupo Araras. No
entanto, teores mais elevados de P2O5 estão ocorrendo com relativa consistência em sedimento
ferruginoso na região de Mirassol D’Oeste e Tabuleta ao norte da Faixa Paraguai no Estado de Mato
Grosso.
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CAPÍTULO 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Petrogênese/Recu rsos Minerais, Vol. 1, 67 p.
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Ficha de Aprovação
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: TÍTULO: Depósitos de Fosfato Sedimentar, Uma Análise Estratigráfica da
Formação Bocaina, Fazenda Ressaca-MS versus Grupo Arara, Fazenda Serra
Azul-MT
AUTOR: Alessandra de Sousa Rosa
ORIENTADOR: Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho
Aprovada em: PRESIDENTE: Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho Prof. Dr. Detlef Hans-Gert Walde Prof. Dr. Gerson Souza Saes Cuiabá, 25 de novembro de 2008