DEBATES Uma janela para a divulgação...

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FOLHA DIRIGIDA10 a 16 de maio de 20122 CADERNO DE EDUCAÇÃO

Um dos eventosparalelos será umafeira de Ciências comtrabalhos de alunos

Uma janela para a divulgação científicaDEBATES | Conferência Mundial também será uma oportunidade de aproximar a sociedade das discussões em torno da Ciência

Ildeu de Castro: “a Ciência e a Tecnologia estão em tudo que nos cerca”

Mostra reunirá produçãocientífica de estudantes

Douglas Falcão: ainda é possívelse inscrever na FemactRio+20

Brasileiros mais preocupados com o meio ambiente

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ALESSANDRA MOURA BIZONIalessandra.bizoni@folhadirigida.com.br

De 13 a 22 de junho, o mundovai acompanhar, por meio das redesde informação e comunicação, osdesdobramentos da Conferênciadas Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável, a Rio +20, que será realizada no Rio. Mas,para além das decisões diplomá-ticas, o evento deve se transformarem uma oportunidade de apro-ximar a Ciência de diversos seg-mentos da sociedade, especial-mente crianças e jovens.

É o que defende Ildeu de Cas-tro Moreira, professor do Insti-tuto de Física e do Programa dePós-graduação em História daCiência e das Técnicas e Episte-mologia da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ),diretor do Departamento de Po-pularização e Difusão da Ciên-cia do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti),membro do Conselho Nacionalde Política Cultural e do Con-selho Técnico-Científico daEducação Básica da Coordena-ção de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior (Capes).

Na última segunda, dia 7, Il-deu de Castro Moreira ministroua palestra “A ciência na Rio+20 -um espaço de popularização doconhecimento”, durante o en-

contro “Ciência em pauta: quí-mica e sustentabilidade”, promo-vido na Casa da Ciência da UFRJ,em parceria com o Museu da Vida(IOC/Fiocruz) e a Sociedade Bra-sileira de Química (SBQ). Noencontro, que teve como um dosfocos a divulgação científica, odiretor do Departamento de Po-pularização e Difusão da Ciên-cia do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti)lembrou que a Ciência tem a suadimensão política, pois suas ati-vidades estão imersas na socie-dade brasileira.

“Na Rio+20, haverá um gran-de encontro, com mais de 100chefes de Estado. Representan-tes de diversas entidades da so-cie-dade civil e a comunidade ci-entífica, com especialistas de todoo mundo, estarão reunidos. E asociedade precisa participar des-tas atividades. As pessoas devemtomar consciência de que a Ci-ência e a Tecnologia estão em tudoque nos cerca hoje. Por isso, elasprecisam estar bem informadaspara escolher como usá-lasbem”, argumenta o físico.

Membro do Conselho Técni-co-Científico da Educação Bási-ca da Capes, o educador foi além,assinalando que a Ciência não éneutra. Sua aplicação, bem comoa sua divulgação, revela umaintenção política. E, por isso, parao professor da UFRJ, é preciso tercuidado com informações dis-torcidas. “A Rio+20 é um momen-to importante para aproximar aspessoas da Ciência. Em uma so-ciedade democrática, os cidadãos

devem escolher qual é a matrizde energia mais adequada. Mas,para que a escolha seja consci-ente, é preciso informação. Umadas lutas na conferência será, jus-tamente, pela ampla divulgaçãodas informações, como aquelassobre o clima, captadas por sa-télites dos países ricos que, namaior parte dos casos, retêm es-ses dados”, observa o cientista.

E, na perspectiva de atrair es-tudantes para o evento, o edu-cador convoca escolas e profes-sores a participarem da Feira deMeio Ambiente, Ciência e Tec-nologia da Rio+20, a Femac-tRio+20, que será realizada no Ar-mazém 4, do Pier Mauá, de 13 a15 de junho. Outro evento rele-vante na área acadêmica, salien-tou Ildeu de Castro, será o Fórumde Ciência, Tecnologia e Inova-ção para o DesenvolvimentoSustentável, que acontecerá 11a 15 de junho, na Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio deJaneiro (PUC-Rio).

“Ainda existem muitas polêmi-cas em torno do termo ‘economiaverde’ que, para alguns, é umamaquiagem das grandes multina-

cionais. O governo brasileiro in-siste no conceito de sustentabili-dade, privilegiando o equilíbrioentre os aspectos sociais, ambien-tais e econômicos. Essas discus-sões envolvem a Física, a Química,as Ciências Sociais. A Ciência deveser uma discussão de todos. Fazerda Ciência um discurso quesomente poucos entendem é umaatitude anti-democrática”, acres-centa o docente do Programa dePós-graduação em História da Ci-ência e das Técnicas e Epistemo-logia da UFRJ.

Ildeu de Castro informou, ain-da, que haverá ônibus para le-var alunos de escolas públicaspara o Armazém 4 do Pier Mauá.Além disso, em breve, uma pá-gina eletrônica deverá estar noar, com a programação completados eventos oficiais e paralelosda Rio+20. No momento, a atu-alização de conteúdos aconteceno Grupo Pop Ciência Rio+20,no Facebook.

As discussões sobre as políti-cas ambientais estão na pauta dodia da maior parte dos brasilei-ros e, por isso, a participaçãomassiva da sociedade civil naRio+20 é fundamental. É o queargumenta Ildeu de Castro Mo-reira, diretor do Departamento dePopularização e Difusão da Ci-ência do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti).

Realizado pelo Instituto Brasi-leiro de Opinião Pública e Esta-tística (Ibope), a pedido da Con-federação Nacional da Indústria(CNI), o estudo “Retratos da So-ciedade Brasileira 2012: MeioAmbiente” revelou que o índicede brasileiros preocupados como meio ambiente passou de 80%,em 2010, para 94%, em 2011.

O levantamento também cons-tatou que o desmatamento é oproblema ambiental que maispreocupa os brasileiros, citado por53% dos entrevistados. Em segui-da, aparecem a poluição das águas,citada por 44% das pessoas, e oaquecimento global, com 30%.

“O índice de preocupação dobrasileiro com o meio ambienteé muito alto e tem crescido. Estu-dos revelam que, na Europa e nosEstados Unidos, as pessoas nãoestão tão preocupadas com asquestões ambientais. Alguns, se-quer, acreditam no aquecimentoglobal”, explica Ildeu de Castro.

Por outro lado, o levantamen-to revela que mais da metade dosentrevistados, 52%, estão dispos-tos a pagar mais por um produtoambientalmente correto. Alémdisso, quando há conflito entrea proteção ambiental e o cresci-mento econômico, o brasileiroacredita que a prioridade deve ser

para a preservação ambiental.Em 2010, o percentual de en-

trevistados que considerava aquestão ambiental prioritáriafrente ao crescimento econômi-co era de 30%. Em 2011, esseíndice saltou para 44%. “O bra-sileiro deseja que o progressoaconteça sem que haja danos ir-reversíveis ao meio ambiente”,acrescenta Ildeu de Castro.

No entanto, a falta de informa-ção da sociedade sobre as ques-tões ambientais ficou evidenci-ada em alguns pontos, como notópico sobre os fatores responsá-veis pelo aquecimento global. Opercentual de pessoas que apon-tam a indústria como principalresponsável pelo aquecimentoglobal passou de 25%, em 2010,para 38%, em 2011. Porém, a prin-cipal fonte de emissão de gasesdo efeito estufa no Brasil é o des-matamento e não a indústria.

Metodologia - Divulgado noúltimo dia 4, o trabalho “Retra-tos da Sociedade Brasileira 2012:Meio Ambiente” entrevistou2.002 eleitores acima de 16 anosem dezembro de 2011. A meto-dologia empregada permite ex-pandir as conclusões para toda apopulação. Essa foi a terceira edi-ção da pesquisa com foco no meioambiente — a primeira foi apre-sentada em 2009. O levantamen-to se divide em três partes: “preo-cupação com o meio ambiente”,“mudanças climáticas” e “coletaseletiva de lixo e reciclagem”. Essematerial está disponível na FO-LHA DIRIGIDA ONLINE.

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LGAÇÃO

Coordenador de Educação emCiências do Museu de Astrono-mia e Ciências Afins (Mast),Douglas Falcão avisa a estudan-tes e professores dos ensinos fun-damental e médio que o prazopara inscrever projetos para aFeira de Meio Ambiente, Ciência eTecnologia da Rio+20, a FemactRio+20,termina na terça, dia 15.

A FemactRio+20 será um doseventos paralelos à Rio+20, cujofoco será a divulgação científica.Suas atividades serão realizadasde 13 a 15 de junho, no Arma-zém 4 da Zona Portuária do Rio,no Pier Mauá.

O edital seleciona 120 traba-lhos distribuídos por quatro ca-tegorias: “Iniciação à Pesquisa”,“Divulgação Científica”, “Incen-tivo à Pesquisa” e “Desenvolvi-mento Tecnológico”. As propos-tas podem ser trabalhos de estu-dantes ligados ao meio ambien-te, sustentabilidade, circulaçãonas grandes cidades, produção econsumo de energia, tratamentoe destinação de lixo, prevençãode desastres naturais, tecnologiasocial e economia solidária.

Em entrevista à FOLHA DIRI-GIDA, Douglas Falcão, responsávelpela FemactRio+20, explica oobjetivo da mostra, convocandoprofessores e estudantes aapresentarem seus trabalhos para asociedade, que estará mobilizada naRio+20. Para o educador, eventosdesta natureza são importantes paraatrair crianças e jovens para as carreirascientíficas.

FOLHA DIRIGIDA - QUAL É O OBJETIVODA FEMACTRIO+20?Douglas Falcão - A FemactRio+20tem a finalidade de envolver jo-vens e crianças de escolas públi-cas e particulares do ensino fun-damental e médio como atoresprotagonistas nos acontecimen-tos da história do tempo presen-te brasileiro na área de meioambiente, ciência e tecnologia.Sabemos do potencial de criati-vidade do brasileiro e a melhorforma de estimular o exercíciodessa criatividade é proporcionarcondições para que ela apareça eseja compartilhada com outrosjovens, adultos e crianças. As ins-crições foram prorrogadas até odia 15 de maio.

QUANDO E ONDE O EVENTO SERÁREALIZADO?A FemactRio+20 vai acontecer noArmazém número 4 da ZonaPortuária nos dias 13, 14 e 15 dejunho juntamente com as maisvariadas exposições e atividadesde instituições brasileiras e doexterior. O Armazém 4 vai fun-cionar no período de 12 a 24 dejunho. Tudo isso é fruto dos tra-balhos da Comissão Coordena-dora do Pop Ciência Rio+20.

QUAL É A SUA EXPECTATIVA COM RE-LAÇÃO À PARTICIPAÇÃO DE ESTUDAN-TES E PROFESSORES?A Rio+20 é um evento muito es-perado, mas por mais que a divul-guemos, ainda há sempre muitadúvida de como uma escola podeparticipar. Eu falo aqui de umaparticipação não apenas comovisitante de alguma atividade, mascomo autores e autoras de suaspróprias ideias. Então, pelo fatoda FemactRio+20 ser uma dessasformas de participação, achamosque as escolas vão aproveitar paraexpor os seus trabalhos.

QUAL LEGADO PEDAGÓGICO ARIO+20 PODE DEIXAR?A Rio+20 encontra uma socieda-de brasileira bem mais sensível àsquestões de meio ambiente e sus-tentabilidade do que a RioEco92.

Um evento como esse deixa mar-cas no imaginário das pessoas. Tal-vez o principal legado para os pro-fessores, e principalmente para osestudantes, seja ver que essa ques-tão chegou para ficar e que ela trazem si todas as outras disciplinasorganizadas por uma nova formade pensar a nossa relação com tudoa nossa volta.

A PARTIR DE SEU TRABALHO COMOCOORDENADOR DE EDUCAÇÃO EMCIÊNCIAS DO MAST, QUE PRÁTICAS OSENHOR RECOMENDA PARA DES-PERTAR O INTERESSE DOS ESTUDAN-TES POR CIÊNCIAS?Acho essa questão crucial paraevitarmos que o Brasil se vejaem uma situação desconfortá-vel na próxima década. Precisa-mos atrair as crianças e jovenspara as carreiras científicas; porenquanto, parece que o que fa-zemos é uma grande seleção emlarga escala para envolver ape-nas aqueles que, apesar de todadificuldade e falta de estímulo,ainda persistem em se interes-sar por ciência. A ótica tem demudar de seletiva para inclusi-va. Depois de 25 anos trabalhan-do com divulgação de ciência,vejo que a parceria entre a es-cola e outras instituições dasociedade, como museus e cen-tros de ciência, universidades einstituições de pesquisa, poderiaser um grande gerador de con-dições que levassem as criançasa manter a sua curiosidade epis-temológica ao longo dos anosde escolaridade. Muitos são oscientistas que valorizam as ati-vidades de divulgação de ciên-cia, mas ainda há uma grandedemanda reprimida na área dadivulgação da ciência; e o cien-tista brasileiro precisa se darconta que tem um papel sociala cumprir no Brasil de hoje, paragarantirmos condições de con-tinuarmos a ter uma ciência dequalidade.

NESSE SENTIDO, QUAL SERIA OMODO MAIS ATRAENTE PARA ABOR-DAR O CONTEÚDO DAS DISCIPLINASDAS ÁREAS DE CIÊNCIAS NA SALADE AULA?Com relação ao estudante de hojena sala de aula, abordagens queevidenciam a importância da ci-ência no cotidiano constituemum bom caminho. Outro fatorimportante é o envolvimento doestudante com atividades ondeele possa desenvolver a aprecia-ção estética pelo conhecimento.Sentir a satisfação de chegar a umaconclusão sobre um problema,formular uma questão, encontrarsoluções para os problemas quecriamos, pode ser fonte de gran-de satisfação pessoal. Esse sen-timento pode ser estimulado pormeio de atividades na escola,visitas a museus de ciência, pa-lestras de cientistas em escolas,revistas de divulgação de ciência,vídeos de temática científica etc.

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Fonte: CNI/Ibope