DEBATES Uma janela para a divulgação...

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FOLHA DIRIGIDA 10 a 16 de maio de 2012 2 CADERNO DE EDUCAÇÃO Um dos eventos paralelos será uma feira de Ciências com trabalhos de alunos Uma janela para a divulgação científica DEBATES | Conferência Mundial também será uma oportunidade de aproximar a sociedade das discussões em torno da Ciência Ildeu de Castro: “a Ciência e a Tecnologia estão em tudo que nos cerca” Mostra reunirá produção científica de estudantes Douglas Falcão: ainda é possível se inscrever na FemactRio+20 Brasileiros mais preocupados com o meio ambiente DALIANE CASTANHO ALESSANDRA MOURA BIZONI [email protected] De 13 a 22 de junho, o mundo vaiacompanhar,pormeio dasredes de informação e comunicação, os desdobramentos da Conferência das Nações Unidas sobre Desen- volvimento Sustentável, a Rio + 20, que será realizada no Rio. Mas, para além das decisões diplomá- ticas, o evento deve se transformar em uma oportunidade de apro- ximar a Ciência de diversos seg- mentos da sociedade, especial- mente crianças e jovens. É o que defende Ildeu de Cas- tro Moreira, professor do Insti- tuto de Física e do Programa de Pós-graduação em História da Ciência e das Técnicas e Episte- mologia da Universidade Fede- ral do Rio de Janeiro (UFRJ), diretor do Departamento de Po- pularização e Difusão da Ciên- cia do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (Mcti), membro do Conselho Nacional de Política Cultural e do Con- selho Técnico-Científico da Educação Básica da Coordena- ção de Aperfeiçoamento de Pes- soal de Nível Superior (Capes). Na última segunda, dia 7, Il- deu de Castro Moreira ministrou a palestra “A ciência na Rio+20 - um espaço de popularização do conhecimento”, durante o en- contro “Ciência em pauta: quí- mica e sustentabilidade”, promo- vido na Casa da Ciência da UFRJ, em parceria com o Museu da Vida (IOC/Fiocruz) e a Sociedade Bra- sileira de Química (SBQ). No encontro, que teve como um dos focos a divulgação científica, o diretor do Departamento de Po- pularização e Difusão da Ciên- cia do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (Mcti) lembrou que a Ciência tem a sua dimensão política, pois suas ati- vidades estão imersas na socie- dade brasileira. “Na Rio+20, haverá um gran- de encontro, com mais de 100 chefes de Estado. Representan- tes de diversas entidades da so- cie-dade civil e a comunidade ci- entífica, com especialistas de todo o mundo, estarão reunidos. E a sociedade precisa participar des- tas atividades. As pessoas devem tomar consciência de que a Ci- ência e a Tecnologia estão em tudo que nos cerca hoje. Por isso, elas precisam estar bem informadas para escolher como usá-las bem”, argumenta o físico. Membro do Conselho Técni- co-Científico da Educação Bási- ca da Capes, o educador foi além, assinalando que a Ciência não é neutra. Sua aplicação, bem como a sua divulgação, revela uma intenção política. E, por isso, para o professor da UFRJ, é preciso ter cuidado com informações dis- torcidas. “A Rio+20 é um momen- to importante para aproximar as pessoas da Ciência. Em uma so- ciedade democrática, os cidadãos devem escolher qual é a matriz de energia mais adequada. Mas, para que a escolha seja consci- ente, é preciso informação. Uma das lutas na conferência será, jus- tamente, pela ampla divulgação das informações, como aquelas sobre o clima, captadas por sa- télites dos países ricos que, na maior parte dos casos, retêm es- ses dados”, observa o cientista. E, na perspectiva de atrair es- tudantes para o evento, o edu- cador convoca escolas e profes- sores a participarem da Feira de Meio Ambiente, Ciência e Tec- nologia da Rio+20, a Femac- tRio+20, que será realizada no Ar- mazém 4, do Pier Mauá, de 13 a 15 de junho. Outro evento rele- vante na área acadêmica, salien- tou Ildeu de Castro, será o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inova- ção para o Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá 11 a 15 de junho, na Pontifícia Uni- versidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). “Ainda existem muitas polêmi- cas em torno do termo ‘economia verde’ que, para alguns, é uma maquiagem das grandes multina- cionais. O governo brasileiro in- siste no conceito de sustentabili- dade, privilegiando o equilíbrio entre os aspectos sociais, ambien- tais e econômicos. Essas discus- sões envolvem a Física, a Química, as Ciências Sociais. A Ciência deve ser uma discussão de todos. Fazer da Ciência um discurso que somente poucos entendem é uma atitude anti-democrática”, acres- centa o docente do Programa de Pós-graduação em História da Ci- ência e das Técnicas e Epistemo- logia da UFRJ. Ildeu de Castro informou, ain- da, que haverá ônibus para le- var alunos de escolas públicas para o Armazém 4 do Pier Mauá. Além disso, em breve, uma pá- gina eletrônica deverá estar no ar, com a programação completa dos eventos oficiais e paralelos da Rio+20. No momento, a atu- alização de conteúdos acontece no Grupo Pop Ciência Rio+20, no Facebook. As discussões sobre as políti- cas ambientais estão na pauta do dia da maior parte dos brasilei- ros e, por isso, a participação massiva da sociedade civil na Rio+20 é fundamental. É o que argumenta Ildeu de Castro Mo- reira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ci- ência do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (Mcti). Realizado pelo Instituto Brasi- leiro de Opinião Pública e Esta- tística (Ibope), a pedido da Con- federação Nacional da Indústria (CNI), o estudo “Retratos da So- ciedade Brasileira 2012: Meio Ambiente” revelou que o índice de brasileiros preocupados com o meio ambiente passou de 80%, em 2010, para 94%, em 2011. O levantamento também cons- tatou que o desmatamento é o problema ambiental que mais preocupa os brasileiros, citado por 53% dos entrevistados. Em segui- da, aparecem a poluição das águas, citada por 44% das pessoas, e o aquecimento global, com 30%. “O índice de preocupação do brasileiro com o meio ambiente é muito alto e tem crescido. Estu- dos revelam que, na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas não estão tão preocupadas com as questões ambientais. Alguns, se- quer, acreditam no aquecimento global”, explica Ildeu de Castro. Por outro lado, o levantamen- to revela que mais da metade dos entrevistados, 52%, estão dispos- tos a pagar mais por um produto ambientalmente correto. Além disso, quando há conflito entre a proteção ambiental e o cresci- mento econômico, o brasileiro acredita que a prioridade deve ser para a preservação ambiental. Em 2010, o percentual de en- trevistados que considerava a questão ambiental prioritária frente ao crescimento econômi- co era de 30%. Em 2011, esse índice saltou para 44%. “O bra- sileiro deseja que o progresso aconteça sem que haja danos ir- reversíveis ao meio ambiente”, acrescenta Ildeu de Castro. No entanto, a falta de informa- ção da sociedade sobre as ques- tões ambientais ficou evidenci- ada em alguns pontos, como no tópico sobre os fatores responsá- veis pelo aquecimento global. O percentual de pessoas que apon- tam a indústria como principal responsável pelo aquecimento global passou de 25%, em 2010, para 38%, em 2011. Porém, a prin- cipal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil é o des- matamento e não a indústria. Metodologia - Divulgado no último dia 4, o trabalho “Retra- tos da Sociedade Brasileira 2012: Meio Ambiente” entrevistou 2.002 eleitores acima de 16 anos em dezembro de 2011. A meto- dologia empregada permite ex- pandir as conclusões para toda a população. Essa foi a terceira edi- ção da pesquisa com foco no meio ambiente — a primeira foi apre- sentada em 2009. O levantamen- to se divide em três partes: “preo- cupação com o meio ambiente”, “mudanças climáticas” e “coleta seletiva de lixo e reciclagem”. Esse material está disponível na FO- LHA DIRIGIDA ONLINE. DIVULGAÇÃO Coordenador de Educação em Ciências do Museu de Astrono- mia e Ciências Afins (Mast), Douglas Falcão avisa a estudan- tes e professores dos ensinos fun- damental e médio que o prazo para inscrever projetos para a Feira de Meio Ambiente, Ciência e TecnologiadaRio+20,aFemactRio+20, terminanaterça,dia 15. A FemactRio+20 será um dos eventos paralelos à Rio+20, cujo foco será a divulgação científica. Suas atividades serão realizadas de 13 a 15 de junho, no Arma- zém 4 da Zona Portuária do Rio, no Pier Mauá. O edital seleciona 120 traba- lhos distribuídos por quatro ca- tegorias: “Iniciação à Pesquisa”, “Divulgação Científica”, “Incen- tivo à Pesquisa” e “Desenvolvi- mento Tecnológico”. As propos- tas podem ser trabalhos de estu- dantes ligados ao meio ambien- te, sustentabilidade, circulação nas grandes cidades, produção e consumo de energia, tratamento e destinação de lixo, prevenção de desastres naturais, tecnologia social e economia solidária. Em entrevista à FOLHA DIRI- GIDA, Douglas Falcão, responsável pela FemactRio+20, explica o objetivo da mostra, convocando professores e estudantes a apresentarem seus trabalhos para a sociedade, que estará mobilizada na Rio+20. Para o educador, eventos desta natureza são importantes para atraircriançasejovensparaascarreiras científicas. FOLHA DIRIGIDA - QUAL É O OBJETIVO DA FEMACTRIO+20? Douglas Falcão - A FemactRio+20 tem a finalidade de envolver jo- vens e crianças de escolas públi- cas e particulares do ensino fun- damental e médio como atores protagonistas nos acontecimen- tos da história do tempo presen- te brasileiro na área de meio ambiente, ciência e tecnologia. Sabemos do potencial de criati- vidade do brasileiro e a melhor forma de estimular o exercício dessa criatividade é proporcionar condições para que ela apareça e seja compartilhada com outros jovens, adultos e crianças. As ins- crições foram prorrogadas até o dia 15 de maio. QUANDO E ONDE O EVENTO SERÁ REALIZADO? A FemactRio+20 vai acontecer no Armazém número 4 da Zona Portuária nos dias 13, 14 e 15 de junho juntamente com as mais variadas exposições e atividades de instituições brasileiras e do exterior. O Armazém 4 vai fun- cionar no período de 12 a 24 de junho. Tudo isso é fruto dos tra- balhos da Comissão Coordena- dora do Pop Ciência Rio+20. QUAL É A SUA EXPECTATIVA COM RE- LAÇÃO À PARTICIPAÇÃO DE ESTUDAN- TES E PROFESSORES? A Rio+20 é um evento muito es- perado, mas por mais que a divul- guemos, ainda há sempre muita dúvida de como uma escola pode participar. Eu falo aqui de uma participação não apenas como visitante de alguma atividade, mas como autores e autoras de suas próprias ideias. Então, pelo fato da FemactRio+20 ser uma dessas formas de participação, achamos que as escolas vão aproveitar para expor os seus trabalhos. QUAL LEGADO PEDAGÓGICO A RIO+20 PODE DEIXAR? A Rio+20 encontra uma socieda- de brasileira bem mais sensível às questões de meio ambiente e sus- tentabilidade do que a RioEco92. Um evento como esse deixa mar- cas no imaginário das pessoas. Tal- vez o principal legado para os pro- fessores, e principalmente para os estudantes, seja ver que essa ques- tão chegou para ficar e que ela traz em si todas as outras disciplinas organizadas por uma nova forma de pensar a nossa relação com tudo a nossa volta. A PARTIR DE SEU TRABALHO COMO COORDENADOR DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MAST, QUE PRÁTICAS O SENHOR RECOMENDA PARA DES- PERTAR O INTERESSE DOS ESTUDAN- TES POR CIÊNCIAS? Acho essa questão crucial para evitarmos que o Brasil se veja em uma situação desconfortá- vel na próxima década. Precisa- mos atrair as crianças e jovens para as carreiras científicas; por enquanto, parece que o que fa- zemos é uma grande seleção em larga escala para envolver ape- nas aqueles que, apesar de toda dificuldade e falta de estímulo, ainda persistem em se interes- sar por ciência. A ótica tem de mudar de seletiva para inclusi- va. Depois de 25 anos trabalhan- do com divulgação de ciência, vejo que a parceria entre a es- cola e outras instituições da sociedade, como museus e cen- tros de ciência, universidades e instituições de pesquisa, poderia ser um grande gerador de con- dições que levassem as crianças a manter a sua curiosidade epis- temológica ao longo dos anos de escolaridade. Muitos são os cientistas que valorizam as ati- vidades de divulgação de ciên- cia, mas ainda há uma grande demanda reprimida na área da divulgação da ciência; e o cien- tista brasileiro precisa se dar conta que tem um papel social a cumprir no Brasil de hoje, para garantirmos condições de con- tinuarmos a ter uma ciência de qualidade. NESSE SENTIDO, QUAL SERIA O MODO MAIS ATRAENTE PARA ABOR- DAR O CONTEÚDO DAS DISCIPLINAS DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS NA SALA DE AULA? Com relação ao estudante de hoje na sala de aula, abordagens que evidenciam a importância da ci- ência no cotidiano constituem um bom caminho. Outro fator importante é o envolvimento do estudante com atividades onde ele possa desenvolver a aprecia- ção estética pelo conhecimento. Sentir a satisfação de chegar a uma conclusão sobre um problema, formular uma questão, encontrar soluções para os problemas que criamos, pode ser fonte de gran- de satisfação pessoal. Esse sen- timento pode ser estimulado por meio de atividades na escola, visitas a museus de ciência, pa- lestras de cientistas em escolas, revistas de divulgação de ciência, vídeos de temática científica etc. SERVIÇO www.casadaciencia.ufrj.br. www.facebook.com/#!/pages/Pop- Ci%C3%AAncia-na-Rio-20/ 346935101985656 SERVIÇO www.folhadirigida.com.br SERVIÇO www.mast.br Fonte: CNI/Ibope

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FOLHA DIRIGIDA10 a 16 de maio de 20122 CADERNO DE EDUCAÇÃO

Um dos eventosparalelos será umafeira de Ciências comtrabalhos de alunos

Uma janela para a divulgação científicaDEBATES | Conferência Mundial também será uma oportunidade de aproximar a sociedade das discussões em torno da Ciência

Ildeu de Castro: “a Ciência e a Tecnologia estão em tudo que nos cerca”

Mostra reunirá produçãocientífica de estudantes

Douglas Falcão: ainda é possívelse inscrever na FemactRio+20

Brasileiros mais preocupados com o meio ambiente

DALIAN

E CASTANH

O

ALESSANDRA MOURA [email protected]

De 13 a 22 de junho, o mundovai acompanhar, por meio das redesde informação e comunicação, osdesdobramentos da Conferênciadas Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável, a Rio +20, que será realizada no Rio. Mas,para além das decisões diplomá-ticas, o evento deve se transformarem uma oportunidade de apro-ximar a Ciência de diversos seg-mentos da sociedade, especial-mente crianças e jovens.

É o que defende Ildeu de Cas-tro Moreira, professor do Insti-tuto de Física e do Programa dePós-graduação em História daCiência e das Técnicas e Episte-mologia da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ),diretor do Departamento de Po-pularização e Difusão da Ciên-cia do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti),membro do Conselho Nacionalde Política Cultural e do Con-selho Técnico-Científico daEducação Básica da Coordena-ção de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior (Capes).

Na última segunda, dia 7, Il-deu de Castro Moreira ministroua palestra “A ciência na Rio+20 -um espaço de popularização doconhecimento”, durante o en-

contro “Ciência em pauta: quí-mica e sustentabilidade”, promo-vido na Casa da Ciência da UFRJ,em parceria com o Museu da Vida(IOC/Fiocruz) e a Sociedade Bra-sileira de Química (SBQ). Noencontro, que teve como um dosfocos a divulgação científica, odiretor do Departamento de Po-pularização e Difusão da Ciên-cia do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti)lembrou que a Ciência tem a suadimensão política, pois suas ati-vidades estão imersas na socie-dade brasileira.

“Na Rio+20, haverá um gran-de encontro, com mais de 100chefes de Estado. Representan-tes de diversas entidades da so-cie-dade civil e a comunidade ci-entífica, com especialistas de todoo mundo, estarão reunidos. E asociedade precisa participar des-tas atividades. As pessoas devemtomar consciência de que a Ci-ência e a Tecnologia estão em tudoque nos cerca hoje. Por isso, elasprecisam estar bem informadaspara escolher como usá-lasbem”, argumenta o físico.

Membro do Conselho Técni-co-Científico da Educação Bási-ca da Capes, o educador foi além,assinalando que a Ciência não éneutra. Sua aplicação, bem comoa sua divulgação, revela umaintenção política. E, por isso, parao professor da UFRJ, é preciso tercuidado com informações dis-torcidas. “A Rio+20 é um momen-to importante para aproximar aspessoas da Ciência. Em uma so-ciedade democrática, os cidadãos

devem escolher qual é a matrizde energia mais adequada. Mas,para que a escolha seja consci-ente, é preciso informação. Umadas lutas na conferência será, jus-tamente, pela ampla divulgaçãodas informações, como aquelassobre o clima, captadas por sa-télites dos países ricos que, namaior parte dos casos, retêm es-ses dados”, observa o cientista.

E, na perspectiva de atrair es-tudantes para o evento, o edu-cador convoca escolas e profes-sores a participarem da Feira deMeio Ambiente, Ciência e Tec-nologia da Rio+20, a Femac-tRio+20, que será realizada no Ar-mazém 4, do Pier Mauá, de 13 a15 de junho. Outro evento rele-vante na área acadêmica, salien-tou Ildeu de Castro, será o Fórumde Ciência, Tecnologia e Inova-ção para o DesenvolvimentoSustentável, que acontecerá 11a 15 de junho, na Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio deJaneiro (PUC-Rio).

“Ainda existem muitas polêmi-cas em torno do termo ‘economiaverde’ que, para alguns, é umamaquiagem das grandes multina-

cionais. O governo brasileiro in-siste no conceito de sustentabili-dade, privilegiando o equilíbrioentre os aspectos sociais, ambien-tais e econômicos. Essas discus-sões envolvem a Física, a Química,as Ciências Sociais. A Ciência deveser uma discussão de todos. Fazerda Ciência um discurso quesomente poucos entendem é umaatitude anti-democrática”, acres-centa o docente do Programa dePós-graduação em História da Ci-ência e das Técnicas e Epistemo-logia da UFRJ.

Ildeu de Castro informou, ain-da, que haverá ônibus para le-var alunos de escolas públicaspara o Armazém 4 do Pier Mauá.Além disso, em breve, uma pá-gina eletrônica deverá estar noar, com a programação completados eventos oficiais e paralelosda Rio+20. No momento, a atu-alização de conteúdos aconteceno Grupo Pop Ciência Rio+20,no Facebook.

As discussões sobre as políti-cas ambientais estão na pauta dodia da maior parte dos brasilei-ros e, por isso, a participaçãomassiva da sociedade civil naRio+20 é fundamental. É o queargumenta Ildeu de Castro Mo-reira, diretor do Departamento dePopularização e Difusão da Ci-ência do Ministério da Ciência eTecnologia e Inovação (Mcti).

Realizado pelo Instituto Brasi-leiro de Opinião Pública e Esta-tística (Ibope), a pedido da Con-federação Nacional da Indústria(CNI), o estudo “Retratos da So-ciedade Brasileira 2012: MeioAmbiente” revelou que o índicede brasileiros preocupados como meio ambiente passou de 80%,em 2010, para 94%, em 2011.

O levantamento também cons-tatou que o desmatamento é oproblema ambiental que maispreocupa os brasileiros, citado por53% dos entrevistados. Em segui-da, aparecem a poluição das águas,citada por 44% das pessoas, e oaquecimento global, com 30%.

“O índice de preocupação dobrasileiro com o meio ambienteé muito alto e tem crescido. Estu-dos revelam que, na Europa e nosEstados Unidos, as pessoas nãoestão tão preocupadas com asquestões ambientais. Alguns, se-quer, acreditam no aquecimentoglobal”, explica Ildeu de Castro.

Por outro lado, o levantamen-to revela que mais da metade dosentrevistados, 52%, estão dispos-tos a pagar mais por um produtoambientalmente correto. Alémdisso, quando há conflito entrea proteção ambiental e o cresci-mento econômico, o brasileiroacredita que a prioridade deve ser

para a preservação ambiental.Em 2010, o percentual de en-

trevistados que considerava aquestão ambiental prioritáriafrente ao crescimento econômi-co era de 30%. Em 2011, esseíndice saltou para 44%. “O bra-sileiro deseja que o progressoaconteça sem que haja danos ir-reversíveis ao meio ambiente”,acrescenta Ildeu de Castro.

No entanto, a falta de informa-ção da sociedade sobre as ques-tões ambientais ficou evidenci-ada em alguns pontos, como notópico sobre os fatores responsá-veis pelo aquecimento global. Opercentual de pessoas que apon-tam a indústria como principalresponsável pelo aquecimentoglobal passou de 25%, em 2010,para 38%, em 2011. Porém, a prin-cipal fonte de emissão de gasesdo efeito estufa no Brasil é o des-matamento e não a indústria.

Metodologia - Divulgado noúltimo dia 4, o trabalho “Retra-tos da Sociedade Brasileira 2012:Meio Ambiente” entrevistou2.002 eleitores acima de 16 anosem dezembro de 2011. A meto-dologia empregada permite ex-pandir as conclusões para toda apopulação. Essa foi a terceira edi-ção da pesquisa com foco no meioambiente — a primeira foi apre-sentada em 2009. O levantamen-to se divide em três partes: “preo-cupação com o meio ambiente”,“mudanças climáticas” e “coletaseletiva de lixo e reciclagem”. Essematerial está disponível na FO-LHA DIRIGIDA ONLINE.

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Coordenador de Educação emCiências do Museu de Astrono-mia e Ciências Afins (Mast),Douglas Falcão avisa a estudan-tes e professores dos ensinos fun-damental e médio que o prazopara inscrever projetos para aFeira de Meio Ambiente, Ciência eTecnologia da Rio+20, a FemactRio+20,termina na terça, dia 15.

A FemactRio+20 será um doseventos paralelos à Rio+20, cujofoco será a divulgação científica.Suas atividades serão realizadasde 13 a 15 de junho, no Arma-zém 4 da Zona Portuária do Rio,no Pier Mauá.

O edital seleciona 120 traba-lhos distribuídos por quatro ca-tegorias: “Iniciação à Pesquisa”,“Divulgação Científica”, “Incen-tivo à Pesquisa” e “Desenvolvi-mento Tecnológico”. As propos-tas podem ser trabalhos de estu-dantes ligados ao meio ambien-te, sustentabilidade, circulaçãonas grandes cidades, produção econsumo de energia, tratamentoe destinação de lixo, prevençãode desastres naturais, tecnologiasocial e economia solidária.

Em entrevista à FOLHA DIRI-GIDA, Douglas Falcão, responsávelpela FemactRio+20, explica oobjetivo da mostra, convocandoprofessores e estudantes aapresentarem seus trabalhos para asociedade, que estará mobilizada naRio+20. Para o educador, eventosdesta natureza são importantes paraatrair crianças e jovens para as carreirascientíficas.

FOLHA DIRIGIDA - QUAL É O OBJETIVODA FEMACTRIO+20?Douglas Falcão - A FemactRio+20tem a finalidade de envolver jo-vens e crianças de escolas públi-cas e particulares do ensino fun-damental e médio como atoresprotagonistas nos acontecimen-tos da história do tempo presen-te brasileiro na área de meioambiente, ciência e tecnologia.Sabemos do potencial de criati-vidade do brasileiro e a melhorforma de estimular o exercíciodessa criatividade é proporcionarcondições para que ela apareça eseja compartilhada com outrosjovens, adultos e crianças. As ins-crições foram prorrogadas até odia 15 de maio.

QUANDO E ONDE O EVENTO SERÁREALIZADO?A FemactRio+20 vai acontecer noArmazém número 4 da ZonaPortuária nos dias 13, 14 e 15 dejunho juntamente com as maisvariadas exposições e atividadesde instituições brasileiras e doexterior. O Armazém 4 vai fun-cionar no período de 12 a 24 dejunho. Tudo isso é fruto dos tra-balhos da Comissão Coordena-dora do Pop Ciência Rio+20.

QUAL É A SUA EXPECTATIVA COM RE-LAÇÃO À PARTICIPAÇÃO DE ESTUDAN-TES E PROFESSORES?A Rio+20 é um evento muito es-perado, mas por mais que a divul-guemos, ainda há sempre muitadúvida de como uma escola podeparticipar. Eu falo aqui de umaparticipação não apenas comovisitante de alguma atividade, mascomo autores e autoras de suaspróprias ideias. Então, pelo fatoda FemactRio+20 ser uma dessasformas de participação, achamosque as escolas vão aproveitar paraexpor os seus trabalhos.

QUAL LEGADO PEDAGÓGICO ARIO+20 PODE DEIXAR?A Rio+20 encontra uma socieda-de brasileira bem mais sensível àsquestões de meio ambiente e sus-tentabilidade do que a RioEco92.

Um evento como esse deixa mar-cas no imaginário das pessoas. Tal-vez o principal legado para os pro-fessores, e principalmente para osestudantes, seja ver que essa ques-tão chegou para ficar e que ela trazem si todas as outras disciplinasorganizadas por uma nova formade pensar a nossa relação com tudoa nossa volta.

A PARTIR DE SEU TRABALHO COMOCOORDENADOR DE EDUCAÇÃO EMCIÊNCIAS DO MAST, QUE PRÁTICAS OSENHOR RECOMENDA PARA DES-PERTAR O INTERESSE DOS ESTUDAN-TES POR CIÊNCIAS?Acho essa questão crucial paraevitarmos que o Brasil se vejaem uma situação desconfortá-vel na próxima década. Precisa-mos atrair as crianças e jovenspara as carreiras científicas; porenquanto, parece que o que fa-zemos é uma grande seleção emlarga escala para envolver ape-nas aqueles que, apesar de todadificuldade e falta de estímulo,ainda persistem em se interes-sar por ciência. A ótica tem demudar de seletiva para inclusi-va. Depois de 25 anos trabalhan-do com divulgação de ciência,vejo que a parceria entre a es-cola e outras instituições dasociedade, como museus e cen-tros de ciência, universidades einstituições de pesquisa, poderiaser um grande gerador de con-dições que levassem as criançasa manter a sua curiosidade epis-temológica ao longo dos anosde escolaridade. Muitos são oscientistas que valorizam as ati-vidades de divulgação de ciên-cia, mas ainda há uma grandedemanda reprimida na área dadivulgação da ciência; e o cien-tista brasileiro precisa se darconta que tem um papel sociala cumprir no Brasil de hoje, paragarantirmos condições de con-tinuarmos a ter uma ciência dequalidade.

NESSE SENTIDO, QUAL SERIA OMODO MAIS ATRAENTE PARA ABOR-DAR O CONTEÚDO DAS DISCIPLINASDAS ÁREAS DE CIÊNCIAS NA SALADE AULA?Com relação ao estudante de hojena sala de aula, abordagens queevidenciam a importância da ci-ência no cotidiano constituemum bom caminho. Outro fatorimportante é o envolvimento doestudante com atividades ondeele possa desenvolver a aprecia-ção estética pelo conhecimento.Sentir a satisfação de chegar a umaconclusão sobre um problema,formular uma questão, encontrarsoluções para os problemas quecriamos, pode ser fonte de gran-de satisfação pessoal. Esse sen-timento pode ser estimulado pormeio de atividades na escola,visitas a museus de ciência, pa-lestras de cientistas em escolas,revistas de divulgação de ciência,vídeos de temática científica etc.

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Fonte: CNI/Ibope