CYRO, O TRANSFIGURADOR DO ÓBVIO Biografia visual por Liana Timm.

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CYRO, O TRANSFIGURADOR DO ÓBVIO

Biografia visual por Liana Timm

Exposição no Memorial da América Latina São Paulo – SP/set-nov 2001

O espaço da Biblioteca Victor Civita, no Memorial da América Latina, em São Paulo, mostrou-se ideal para a Biografia Visual criada por Liana Timm; destacando-se sobremodo entre os tantos locais por onde a exposição itinerou.Os grandes painéis, dispostos em articulações harmônicas com a amplitude das curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer, tiveram sua beleza realçada. Essa montagem propiciou uma dinâmica inusitada à circulação dos visitantes, à sua apreciação de imagens e textos. As fotos que seguem dão uma idéia do espetáculo visual que levou a exposição a permanecer aberta bem mais do que a temporada prevista.

Vitrine com exemplares da obra completa de Cyro Martins

Visita Monitorada : conversando sobre a exposição

Tendo visto uma panorâmica da exposição,

propõe-se a leitura de quadro por quadro,

conforme a ordem dada por Liana Timm,

com os respectivos textos de Cyro Martins

selecionados e apresentados pela artista.

CYRO, O TRANSFIGURADOR DO ÓBVIO

Ensaio visual livre por LIANA TIMM, criado para as comemorações de CYRO MARTINS 90 ANOS - 1998 -

Exposição no Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

A presente exposição documental, sobre a vida e obra de Cyro Martins, revitaliza esta importante figura da cultura do Rio Grande do Sul a seu molde. Pinça os mais significativos momentos e dizeres de sua vida e obra, enfatizando a sabedoria de quem transfigurava o óbvio, elevando-o à categoria de surpreendente e novo. Mostra, no espontâneo deixar-se buscar pela vida, seu jeito de usufruí-la. Revela, na valorização do simples, o segredo que torna sempre exitosa a comunicação entre autor e leitor, a empatia entre semelhantes e a interação dos afetos.

Ao aprofundar meus conhecimentos sobre Cyro Martins descobri quanto ele era claro em objetivos. Queria, ao lançar mão de palavras, idéias e imagens, transformá-las em desejos e fantasias possíveis. Daí o seu carisma, a sua diferença. Além de escritor, era um sabedor na prática, das necessidades, possibilidades e dificuldades humanas. Um contorno disso define o seguinte pensamento: O sonho é muitas vezes covarde na realização dos desejos.

Cyro mostrou, sem condescendência, mas com a delicadeza que lhe era peculiar, quanto somos responsáveis por: vez que outra irmos ao encontro das nossas visões, as dos fantasmas evanescentes que ficaram para trás e as que ainda nos fascinam abrindo clareiras nos esconderijos do porvir.

Liana Timm, arquiteta e artista plástica- 1998

“Entre o público e o artista, em especial entre o leitor e o ficcionista, deve ser mantida uma certa faixa de ambigüidade, e o digo seguindo a mesma linha de conceito de “ambigüidade poética” de William Empson, para deixar margem à fantasia do leitor. Porque é preciso não esquecer que nos sustentamos principalmente à custa de fantasias”. (Cyro Martins)

“Minha literatura regionalista não é saudosista. Ela tem um sentido de protesto. Fala do gaúcho que foi uma figura de grande destaque histórico, mas marginalizado pela evolução natural dos fenômenos sociais, econômicos e políticos”. (CM)

"Permaneço na condição de escritor bissexto, pois toda a minha literatura é feita no rabo das horas". (CM)

"É assim que vemos o artista, o escritor, como órgão social, cuja função precípua consiste em elaborar e transmitir, esteticamente, experiências subjetivas e impressões sensoriais provindas do mundo exterior, mas transfiguradas pela projeção". (CM)

"O destino é nosso, inteiramente, desde as raízes, isto é, desde o substrato pulsional que desencadeia a ação, para o bem ou para o mal. É nosso o nosso destino. Nós o fazemos. Esta é uma idéia própria da psicanálise, que foge do pensar comum, sempre inclinado, nas suas concepções do mundo e da vida, a desfazer a clivagem existente entre o ideal e a realidade, em especial quando se ocupa do futuro". (CM)

"...aquele estado de espírito sutil, elástico e envolvente que aproxima as criaturas, pela simpatia. Pairando acima das ideologias preconceituais, essa sabedoria deverá ensinar os homens a contornar o destino. Para tanto, necessiat o homem primordialmente, do conhecimento de si mesmo, para não passar a existência inteira, repetindo os erros que, de cada vez, lhe fecham as portas do êxito". (CM)

"O perigo de crescer, vivenciado na infância, consiste numa sensação de estranheza contínua em relação a si mesmo e às solicitações cada vez mais fortes que a vida vai trazendo. Crescer é, pois, um processo de perder e integrar. Não há crescimento inteiramente pacífico. Este é um dado concernente às vicissitudes da condição humana". (CM)

"Os estudos psicanalíticos de obras de ficção e de arte em geral, que se restringem à busca dos conteúdos pulsionais, numa perigosa simplificação, correm o risco grave de se monotonizarem, pela repetição dos eternos achados". (CM)

FICHA TÉCNICA

Composição da mostra:Painel 1: Abertura – “Cyro, o transfigurador do óbvio”Painel 2: “O perigo de crescer”Painel 3: “Minha literatura”Painel 4: “Escritor bissexto” Painel 5: “Eternos achados” Painel 6: “É nosso o nosso destino”Painel 7: “A fantasia do leitor”Painel 8: “Escritor órgão social”Painel 9: “As portas do êxito”

Criação: Liana Timm – arquiteta e artista plástica – a partir de fotos do acervo do CELP Cyro Martins , com

textos de autoria de Cyro Martins

Técnica: computação gráfica em reprodução a laser sobre papel, montada em painéis tipo poster

Apresentação em PPoint, por Scientific Post – São Paulo (SP)

Fotos da exposição e coordenação geral: Maria Helena Martins

Realização: CELP Cyro Martins

São Paulo, abril de 2006