Post on 30-Jan-2021
CURSO PÓS–GRADUAÇÃO LATO SENSU
MOBILIDADE E CIDADE CONTEMPORÂNEA
1. APRESENTAÇÃO
A passagem da cidade moderna para a contemporânea coloca como
uma das questões e desafios principais os problemas concernentes à
mobilidade. Estes se recolocam criticamente no debate e na produção
disciplinar do planejamento urbano e territorial, do urbanismo e da
arquitetura. Dadas a duração e a relativa inércia características da
disposição técnico-territorial das infraestruturas vis-à-vis a múltipla
interface que entretêm com todos os demais sistemas, e às mudanças
de ordem tecnológica, que desorganizam e reorganizam
polifonicamente o território contemporâneo, qualquer posição
setorial revela, cada vez mais, todo seu anacronismo.
É premissa teórica do curso a diferenciação e a mútua pressuposição
entre as noções de mobilidade, acessibilidade e transporte. Se a
primeira, parte intrínseca e indissociável da vida diária da cidade, diz
respeito às escalas e modos de deslocamento das pessoas e bens –
incluídas questões de exclusão social e degradação ambiental –; a
segunda implica a facilidade (tempo), a oportunidade (renda) e o
potencial (localização de atividades) inerentes ao deslocamento (em
nível macro e micro). Enquanto ao transporte
correspondem as redes de infraestruturas e assim, os investimentos,
por meio dos quais a mobilidade e a acessibilidade se efetuam. O
que os vinculam às políticas públicas e aos interesses e conflitos
conexos, que há muito têm privilegiado, senão estes próprios
interesses, mais o campo das demandas (sobretudo do tráfego
viário) que o das ofertas.
Portanto, com foco nas questões de mobilidade, acessibilidade e
transportes, seus requisitos, desdobramentos e implicações sociais,
ambientais, econômicas e territoriais, o tema da mobilidade —
entendido e trabalhado em registro de estrutura, forma e paisagem
— se apresenta como matéria e eixo central de indagação e
investigação, de experimentação e proposição metodológica e
conceitual, teórica e prática, deste curso de pós-graduação em
Urbanismo que a Associação Escola da Cidade – Arquitetura e
Urbanismo AECAU – passou a oferecer em 2018.
Formulado em cooperação acadêmica com o Curso de “Master en
Proyectación Urbanística” (MPU) do Departamento de Urbanismo i
Ordenación del Territorio da Universidad Politécnica de Cataluña
(UPC), este curso de especialização possibilita ao aluno obter a dupla
titulação - da Escola da Cidade (pós-graduação) e da UPC (máster).
Ademais o intercâmbio abre oportunidades multiculturais de
convivência e compartilhamento de experiências com alunos de
diferentes países que atendem ao European Postgraduate Masters
Programme in Urbanism, do qual a UPC, junto com outras três
relevantes universidades europeias (TU Delft, KU Leuven e IUAV
Veneza), é parte fundadora e força motriz.
2. OBJETIVOS DO CURSO
2.1. Objetivos gerais
De modo a refletir e potencializar os requisitos e objetivos da
cooperação acadêmica AECAU/MPU-UPC o programa do curso de
especialização Mobilidade e Cidade Contemporânea, à semelhança
de seu conveniado,
“(...) coloca ênfase especial na forma física das intervenções, em
relação à qual se consideram as outras dimensões do urbanismo
(econômicas, sociais, ambientais, técnicas, etc.). Portanto, os ateliês
baseados em exercícios de projetação urbanística - sobre casos
concretos em diferentes cidades e escalas-, constituem a espinha
dorsal do curso. Em torno desses ateliês se articulam distintas
disciplinas, que aportam amplos conhecimentos teóricos e
metodológicos sobre os processos de transformações urbanas e
territoriais. Além disso, durante todo o curso se abordam os
diferentes campos de ação da projetação urbanística, desde o
ordenamento do território até a concepção de projetos urbanos,
passando pelo planejamento urbano.”
2.2. Objetivos específicos
Constitui objetivo específico da Pós-graduação em Urbanismo:
Mobilidade e Cidade Contemporânea da AEC que os alunos que o
concluírem, sejam capazes de analisar as problemáticas urbanísticas
relativas aos sistemas de mobilidade e transportes coletivos urbanos,
em suas diferentes escalas e temas, nas técnicas e materiais, nas
relações e implicações mútuas que entretêm com os demais
sistemas e espaços urbanos e territoriais, e assim se capacitarem
para:
i) elaborar propostas de ordenamento e requalificação destes
espaços, articulando as possibilidades de intervenções físico-
espaciais e funcionais nas diversas escalas e temas propostos, de
acordo com as correlativas dimensões sociais, econômicas,
ambientais, de regulação e de gestão urbana;
ii) manejar as distintas escalas, em suas diferentes imbricações, que
participam do projeto urbanístico, tendo em vista investir uma
reflexão individual e fundamentada sobre as principais problemáticas
dos distintos campos de ação do urbanismo e da arquitetura
interessados aos sistemas de mobilidade.
3. COORDENAÇÃO
Marta Lagreca
Arquiteta e urbanista, é mestre (1999) e doutora (2008) pela FAUUSP,
com pós-graduação na ETSAB-UPC (1995-1996). Trabalhou em
algumas instituições públicas em São Paulo em diferentes cargos e
funções, tais como CDHU (Programa de Aluguel Social), SEHAB/HABI
(Programa de Moradias para Áreas Centrais) e SPUrbanismo
(Superintendente da Diretoria de Projetos Urbanos e Assessora da
Presidência). Trabalhou dez anos na Diagonal Transformação de
Territórios na coordenação e elaboração de diagnósticos, planos e
projetos urbanos e territoriais envolvendo planos de gestão e
ordenamento territorial, projetos de reconversão urbana, operações
urbanas, planos de habitação e outros, em diversos municípios
brasileiros, especialmente em Minas Gerais (quadrilátero ferrífero),
Rio de Janeiro (RJ), Vitória e mais onze municípios do Espírito Santo,
Teresina (Piauí), Altamira (Para), Corumbá (Mato Grosso do Sul), São
Luiz (Maranhão), etc. Atuou em outras gerenciadoras de projetos em
planos de recuperação urbano-ambiental em áreas de baixa renda
em São Paulo. Tem atuação em Moçambique e no Gabão.
Atualmente como sócia-diretora da Lagreca.Sales Arquitetos, tem
realizado consultoria em planos e projetos urbanos e territoriais tais
como: planos diretores, plano de centralidades, análises integradas,
anteprojetos em assentamentos precários. Tem coordenado TFGs,
pesquisas de iniciação científica e publicado artigos em livros e
revistas sobre experiências profissionais e acadêmicas (Programa de
Saneamento Ambiental e Urbano da Bacia do Guarapiranga 2000,
Projeto Contracondutas 2017, etc). É professora de Urbanismo na
Escola da Cidade desde 2004. Foi professora da FAUUSP –
Departamento de Projetos - entre 2016 e 2018.
Pablo Hereñú
Arquiteto e Urbanista (2001), Mestre (2007) e Doutor (2016) pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo-
FAUUSP. Sua dissertação de mestrado analisa os projetos elaborados
para o Vale do Anhangabaú ao longo da história. Sua tese de
doutorado discute a relação entre as infraestruturas de mobilidade e
o espaço urbano por elas produzido. É Professor de Projeto na Escola
da Cidade, São Paulo, desde 2003. É sócio diretor da empresa H+F
Arquitetos desde 2002.
Pedro M. R. Sales
Arquiteto e urbanista, formado pela FAU-USP (1980), é mestre (1992)
e doutor (1999) pela mesma instituição, com estágio de pesquisa na
ETSAB-UPC (1995,1996). Como arquiteto da Prefeitura da Cidade de
São Paulo (desde 1990) desenvolveu projetos arquitetônicos e planos
de operações urbanas. Como sócio-diretor da Lagreca.Sales
Arquitetos, tem realizado projetos de consultoria em estudos urbanos
e territoriais (concursos públicos, análises e planos de ordenamento
integrados). Professor da Escola da Cidade desde 2002, coordenou
pesquisas publicadas em artigos, capítulos de livros sobre projeto
urbano e dinâmicas e manifestações da cidade contemporânea (entre
outras, Reconversão de áreas obsoletas para o doutorado, Pos-it
cities para Centro Santa Mônica de Barcelona, 2009, e Cartografias
das Territorialidades Culturais para o Sesc São Paulo, 2017).
Joaquin Sabaté (Coordenador Associado - Convênio UPC)
Catedrático de Urbanismo, professor e investigador na Universidad
Politécnica de Catalunya (UPC), desde 1976. Doutor em Arquitetura
pela UPC, doutor honoris causa pela Universidad Nacional de Córdoba
(Argentina). Coordenador do Programa de Doutorado em Urbanismo
da UPC, do Mestrado de ‘Investigación en Urbanismo’, MBArch línea
Urbanismo; do Mestrado de ‘Proyectación Urbanística’, da European
Master of Urbanism e do Programa ‘ALFA’, da Comunidad Europea de
Gestión de recursos culturales como fundamento de planes de
desarrollo local. Autor de numerosos trabalhos e investigações de
planejamento urbanístico e territorial na Argentina, Brasil, Chile,
Espanha, Itália e Uruguai. Desde 1998 dirige numerosos trabalhos de
investigação e teses de doutorado sobre recursos culturais e parques
patrimoniais de profissionais e acadêmicos de diversos países.
Além dos professores coordenadores, o corpo docente, em 2018,
incluiu os seguintes professores: Prof. PHD Manuel Herce Vallejo
(UPC_BCN), Profª Drª Regina Meyer (FAU_USP), Prof. Dr. Milton
Braga (FAU/USP), Prof. Ms.Tácito P. Silveira (SPTRANS), Prof. Dr.
Vladimir Maciel (Coord. Curso Economia _Mackenzie), Profª
Doutoranda Katia Canova (FAU_USP e SPUrbanismo), Profª Drª
Marianna B. Al Assal (AECAU); e um número expressivo de
professores e pesquisadores convidados com a Profª Drª Sarah
Feldman (USP_São Carlos), Profª Drª Marta Bogéa (FAU_USP), Prof.
Dr. Fernando de Mello Franco (ex-secretário da SMDU _ PMSP), Prof.
Ms. Bruna Pizzol (MS, POLI_USP), Prof. Ms. Mateus Humberto
(Doutorando, POLI_USP), Profª Drª Karina Leitão (FAU_USP), Profª
Drª Paula Santoro (FAU_USP), Prof. Dr. Guilherme Wisnik (FAU_USP),
Prof. Dr. Luis Pompeo, Prof. Dr. Gabriel Figueiredo (POLI_FAU_USP),
Prof. Pedro Vada (Mestrando FAU_USP), Profª Ms. Marina Lacerda
(doutoranda UNICAMP), entre outros.
4. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO
• Carga horária - 360 horas.
• Nº de vagas – 50 (cinquenta vagas).
• Público-alvo: O curso destina-se a arquitetos e urbanistas,
geógrafos, sociólogos, engenheiros, artistas e demais interessados
no tema.
5. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO CURSO
O curso de Pós-Graduação Lato Sensu ‘Mobilidade e Cidade
Contemporânea’ está estruturado em três módulos correspondendo
cada um a uma escala de trabalho, quais sejam a local, a urbana e a
territorial, que se complementam com um quarto módulo de
preparação, orientação e elaboração de uma monografia de autoria
individual, cuja defesa e aprovação por meio de uma banca, deve ser
concluída no prazo de 90 dias após a finalização das disciplinas, e é
requisito obrigatório para a obtenção do certificado de conclusão
deste curso.
6. REGIME DIDÁTICO ESCOLAR
6.1. CRITÉRIOS:
• Critérios de seleção e admissão: avaliação curricular e apresentação
de documento comprobatório de conclusão de graduação.
• Aprovação nas disciplinas: Ter 75% de frequência nas aulas e nota
mínima igual a 7,0 (ou avaliação equivalente) nos exercícios de cada
módulo/disciplina.
• Para trancamento de matrícula: O aluno poderá trancar sua
matrícula a qualquer tempo e seu retorno ao curso estará
condicionado à análise de seu histórico escolar e à oferta de novas
turmas.
• Para obtenção de certificado: Ter 75% de frequência nas aulas e
aproveitamento com nota mínima igual a 7,0 (ou avaliação
equivalente) nos exercícios que compõem a estrutura curricular do
curso e no trabalho individual de conclusão do curso, no formato de
monografia. A monografia deverá vincular os temas abordados no
decorrer do curso com questões de interesse individual do estudante
e deverá ser entregue em 02 vias impressas, sendo a 1ª para o
professor orientador e a outra para a biblioteca. Também é
imprescindível a entrega em versão eletrônica para arquivo. O prazo
máximo para a entrega da monografia é de até 90 dias após o
enceramento das atividades presencias do curso.
7. METODOLOGIA
A metodologia do curso ‘Mobilidade e Cidade Contemporânea’ tem
como fundamento ampliar o conhecimento crítico e fortalecer a
capacidade analítica e prática (análise propositiva) acerca do projeto
urbano e territorial em temas afeitos aos sistemas de mobilidade na
Cidade Contemporânea, em suas diversas escalas e implicações,
notadamente as de natureza técnica, social e ambiental, por meio de
aulas expositivas, seminários e conferências, e exercícios
desenvolvidos em ateliês de projeto.
Aulas expositivas ou conferências: aulas (ou parte delas) nas quais
professores e profissionais especialistas convidados apresentam
casos e experiências de interesse para curso, promovendo o
enriquecimento do debate sobre conteúdos pertinentes ao tema
central.
Seminários: apresentação, reflexão e discussão das pesquisas do
grupo de estudantes, sobre os diversos temas pertinentes à
mobilidade e à cidade contemporânea. Visa à promoção da troca de
experiências entre os estudantes e ao enriquecimento do repertório
teórico e prático do trabalho de ateliê ou das monografias
individuais.
Leituras programadas e pesquisa bibliográfica: discussão de textos
relevantes e orientação das pesquisas individuais (monografias).
Orientação em Ateliê de projeto: apoio crítico para o
desenvolvimento de ensaios de projetação urbana e territorial em
grupos, atividade que dispõe da maior carga horária no curso.
8. PERÍODO E PERIODICIDADE
O curso tem a duração de 12 meses (Agosto 2019 a Julho de 2020)
Horário: Quintas e sextas, das 18h30 às 22h30.
9. PROGRAMA DAS DISCIPLINAS
Este curso de Pós-Graduação Lato Sensu está estruturado em quatro
módulos e seu conteúdo está organizado nas disciplinas (inclusive
orientação da monografia), cujas ementas vêm a seguir resumidas:
MÓDULO 1 —MOBILIDADE E LUGAR (Coord. Prof. Dr. Pablo Hereñú)
DISCIPLINA L1: ARQUITETURAS DA MOBILIDADE
Responsável: Prof. Dr. Pablo Hereñú
Descrição: Todo projeto de infraestrutura de mobilidade é
necessariamente um projeto urbano multifuncional e seu impacto na
cidade é, invariavelmente, grande. Isso vale tanto para a implantação
de uma nova linha de Metrô, quanto para a instalação de um elevador
urbano. A setorização do planejamento e do projeto dessas
infraestruturas é a principal responsável pelas abordagens limitadas
ou equivocadas e pelos insucessos urbanos por elas produzidos.
A natureza multidisciplinar, multiescalar e abrangente dessas
intervenções, demanda uma capacidade de articulação que é própria
do campo da arquitetura. A arquitetura se apresenta, portanto, como
a disciplina mais apta a coordenar o planejamento e desenvolvimento
desses projetos. A experiência paulistana nesse campo, no entanto,
apresenta uma coleção de intervenções inadequadas que produziram,
em sua maior parte, a desarticulação das dinâmicas envolvidas e a
consequente deterioração do espaço urbano. Construir uma crítica
consistente e sistematizada dessa experiência, assim como discutir os
exemplos paradigmáticos da experiência contemporânea
internacional, são os objetivos desta disciplina.
DISCIPLINA L2: UTOPIAS DA MOBILIDADE
Responsável: Prof. Dr. Pablo Hereñú
Descrição: A disciplina pretende analisar os ensaios utópicos derivados
da investigação do potencial de transformação do espaço urbano
condensado nas novas técnicas de mobilidade desenvolvidas no
contexto da revolução industrial, destacadamente a partir da segunda
metade do século XIX. Em um curto período de tempo, foram
viabilizadas para utilização em grande escala, técnicas de mobilidade
urbana inéditas até então, como o trem, o automóvel e o elevador. No
processo de assimilação das possibilidades oferecidas por essas novas
técnicas, os ensaios utópicos desempenharam papel importantíssimo
no sentido de criar um imaginário coletivo capaz de preparar
gradualmente a sociedade para as radicais transformações urbanas
que estariam por vir.
DISCIPLINA L3: TÉCNICAS DE MOBILIDADE E SEUS ESPAÇOS URBANOS
Responsável: Prof. Dr. Pablo Hereñú
Descrição: Os sistemas infraestruturais relacionados à mobilidade
desempenharam, ao longo da história das cidades, papel
determinante na configuração de suas formas físicas e espacialidades.
As diferentes técnicas de mobilidade utilizadas pela humanidade
condicionaram as possibilidades espaciais de todas as cidades
construídas, de Ur à Nova Iorque. Essa associação é tão forte que o
próprio conceito de cidade representado como cruzamento de
caminhos pode ser observado tanto em antigos ideogramas chineses
quanto em hieróglifos egípcios. As grandes transformações espaciais
urbanas ao longo da história sempre estiveram ligadas ao
desenvolvimento técnico de novas infraestruturas, que se acumulam e
se sobrepõem produzindo no espaço urbano uma colcha de retalhos
em permanente mutação.
A partir desse filtro, a disciplina se propõe a analisar exemplos de
espaços urbanos produzidos por diferentes tipos de infraestruturas,
buscando identificar suas particularidades e seu potencial para a
produção de novos espaços urbanos.
DISCIPLINA L4: Debates sobre Mobilidade e Cidade Contemporâneas
Responsável: Prof. Dr. Pablo Hereñú
Descrição: A disciplina se organiza a partir de uma série de encontros
nos quais convidados de diversas áreas debaterão assuntos
relacionados à Mobilidade e Cidade Contemporâneas.
ATELIÊ AL: QUESTÕES DA ARQUITETURA DA MOBILIDADE
Responsáveis: Prof. Dr Pablo Hereñú e Profª Drª Marta Lagreca ou
Prof.Dr Pedro Sales
Descrição: O ateliê pretende desenvolver projetos que enfrentem a
dimensão local das infraestruturas de mobilidade,
independentemente de sua escala de abrangência no território. Nesse
sentido, infraestruturas metropolitanas de transporte público, grandes
infraestruturas para o automóvel ou infraestruturas de escala local são
temas igualmente pertinentes, assim como as ações de transformação
e/ou refuncionalização do legado infraestrutural existente em cidades
como São Paulo.
MÓDULO 2 — MOBILIDADE E CIDADE (Coord Prof. Dr Pedro M.R Sales)
DISCIPLINA C1: MOBILIDADE E TRANSPORTE COLETIVO URBANO -
POLÍTICAS PÚBLICAS INTEGRADAS
Responsável: Prof. Ms. Tácito Pio da Silveira
Descrição: A revisitação crítica dos planos urbanos para São Paulo sob
a ótica do desenvolvimento dos sistemas de mobilidade e dos
transportes lança a possibilidade de aclarar as principais dimensões e
temas que articulam e integram aspectos técnicos e políticos da
mobilidade com os demais sistemas que constituem e operam a
cidade e suas transformações. Nessa perspectiva, a disciplina
organiza-se segundo módulos de aulas expositivas e debates
abordando os seguintes temas:
O transporte urbano como componente de planos de
desenvolvimento urbano no século XX: uma visão crítica das políticas
setoriais.
Desenvolvimentos recentes na política de transporte de São Paulo: o
surgimento do tema da mobilidade urbana.
A Política Nacional de Mobilidade Urbana: o novo marco legal da
mobilidade e sua influência nos planos diretores.
Os modos de transporte urbano: tecnologias aplicáveis e a
concepção de um sistema integrado, includente e sustentável
DISCIPLINA C2: MOBILIDADE E PROBLEMAS URBANO-AMBIENTAIS
EMERGENTES
Responsável: Prof. Dr. Pedro M.R. Sales
Descrição: A disciplina procura discutir as propostas de mobilidade
com que planos e projetos urbanos formulados nos últimos vinte anos
procuram responder às questões —persistentes e emergentes— que
pautaram a busca de novos caminhos para um mais seguro,
sustentável e equitativo futuro (ONU. Agenda 21, Rio Summit, 1993).
Aos problemas persistentes e sempre renovados de crescimento
urbano, mudanças nos padrões familiares, número crescente de
residentes urbanos que vivem em favelas e assentamentos informais
e o desafio de fornecer serviços urbanos se ligaram tendências mais
recentes que passam a desafiar a governança e as finanças das
cidades contemporâneas, como mudanças climáticas, a exclusão e a
crescente desigualdade, a crescente insegurança e o aumento da
migração internacional. (ONU. United Nations Human Settlements
Programme, 2016).
Assim, com o objetivo de avaliar o peso dos sistemas de mobilidade
urbana e suas alternativas no enfrentamento das questões
emergentes com que se defrontam as cidades, a ideia é trazer para a
discussão, e mediação com a realidade dos planos/projetos das
cidades brasileiras, pelo menos dois modelos “continentais”
formulados nos últimos vinte anos, como por exemplo, o europeu
(apresentado pelo projeto francês da Le Grand Paris de la
agglomeration parisienne) e o norte americano (do ‘new urbanism”,
do “TOD” e do “urbanism in the age of climate change”).
DISCIPLINA C3: PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES E
ACESSIBILIDADE
Responsáveis: Profª MS Bruna Pizzol e Profª Tainá A. Bittencourt
Descrição: Por que planejar o transporte urbano? Os deslocamentos
urbanos são gerados pela necessidade das pessoas de se engajarem
fisicamente em atividades relacionadas às diferentes dimensões da
vida cotidiana e que são distribuídas espacial e temporalmente. A
partir de uma visão de futuro para as cidades, o processo de
planejamento busca equilibrar esta demanda com a oferta de
transportes, por meio da provisão de uma malha viária e de redes de
transporte público de alta, média e baixa capacidade. Busca-se
planejar sistemas que contemplem uma mobilidade mais sustentável
e permitam interações sociais e espaciais que promovam melhor
qualidade de vida para os seus usuários, com redução de tempos de
viagem e alternativas financeiramente viáveis. A disciplina
apresentará o processo de planejamento e modelagem de
transportes a partir de uma abordagem conceitual introdutória, bem
como da realização de laboratórios práticos com elaboração,
visualização e análise de dados espaciais e não-espaciais em Excel e
QGIS, de acordo com os seguintes conteúdos:
Processo de pesquisa e planejamento de transportes: Relações
causa-efeito entre uso e ocupação do solo e transportes; Interações
entre os transportes motorizados, individual e coletivo; Pesquisas de
coleta de dados (Pesquisa Origem e Destino do Metrô de SP),
Princípios estatísticos e de análises espaciais.
Modelo 4 Etapas – Geração e Distribuição de viagens: Bases de
dados (demográficos e socioeconômicos); Modelos de produção e
atração de viagens, com previsão de demanda (regressão linear);
Modelos de distribuição de viagens, pelo método gravitacional;
Estimativas de custo generalizado.
Modelo 4 Etapas – Divisão modal e Alocação de viagens: Fatores que
influenciam a escolha do modo, com base na função utilidade e no
modelo Logit; Fatores que influenciam a escolha de rota, a partir dos
métodos de alocação para transporte individual e transporte
coletivo; Calibração do modelo.
Novas perspectivas no planejamento de transportes: Métodos de
coleta de dados para além do censo e da pesquisa origem-destino;
Tecnologias aplicadas ao transporte (ITS); Manipulação de big data;
Acessibilidade para além do transporte.
DISCIPLINA C4: FIGURAS: DISCURSO, OLHAR, JOGO E MOVIMENTO
Responsável: Prof. Dr. Pedro M.R. Sales
Descrição: Ao permear e arrastar traços da expressão e da técnica
que cada agenciamento urbano pressupõe, “figuras” de linguagem,
quase conceituais (pois não suficientemente abstratas), dão a ver e
falar sobre as condições e lógicas, os materiais e as relações que
marcam, caracterizam e diferenciam os diversos agenciamentos. Esta
disciplina procura revisitar as diversas figuras (ou quase conceitos)
que orientaram o imaginário e a realização das diversas
configurações espaciais, sociais, políticas, culturais da cidade
ocidental. Busca também indagar, a partir delas e de suas variações
e mudanças, as imbricações, o sentido e o peso específico que o
movimento — ou, mais especificamente, a mobilidade — tem no
discurso e na prática do urbanismo, sobretudo em tempos de
passagem da cidade moderna para a contemporânea.
ATELIÊ 2: PLANO REFERÊNCIA
Responsáveis: Prof. Dr. Pedro Sales, Profª Drª Marta Lagreca
Descrição: Uma das marcas territoriais, premissa ou consequência, da
contemporaneidade é a desativação e o esvaziamento das funções
originárias das grandes infraestruturas portuárias, ferroviárias,
industriais que, a seu tempo, constituíram verdadeiros laboratórios
dos espaços da modernidade, ocupando grande parte das vezes
posições centrais na estrutura urbana. Por conseguinte, o processo de
reconversão, renovação, reocupação e reativação destes grandes
espaços tornados obsoletos e/ou redundantes pelas mudanças
econômicas, principalmente de cunho tecnológico, é parte
constituinte/fundante do renovado interesse pela cidade. O grande
número de casos de projetos urbanos realizados mundo afora,
particularmente expressivo nas décadas de 1980 e 1990, bem como a
crise de 2008, permitiu conformar uma massa crítica consistente
sobre o tema. É a partir dela, embora brevemente revisitada, que o
ateliê pretende construir ensaios projetuais — ou planos de
referência de intervenção e ordenamento urbano —, tendo como
recorte e foco as áreas suscetíveis à transformação urbana de
terrenos vazios ou subutilizados (mediantes operações urbanas,
eixos de transformação, projetos de intervenção urbana etc). Os
temas referidos constituem pauta primordial da transformação da
cidade de São Paulo no século XXI.
MÓDULO 3 — MOBILIDADE E TERRITÓRIO (Coord. Profª Drª Marta Maria Lagreca de Sales)
DISCIPLINA T1: AS INFRAESTRUTURAS DE MOBILIDADE NA
CONSTRUÇÃO DO TERRITÓRIO URBANIZADO: PLANEJAMENTO E
PRÁTICAS
Responsável: Prof. Dr. Manuel Herce
Descrição: O curso busca refletir e discutir sobre a importância das
diferentes infraestruturas na construção das cidades e do território, e
suas inter-relações. Com isso, pretende-se entender um pouco
melhor o território estruturado pelas redes, os desafios do urbanismo
atual, e os métodos de análise e eficácia das redes de infraestruturas
(entre elas as de transporte).
A disciplina desenvolve também uma análise crítica da setorização do
planejamento e projeto das infraestruturas de mobilidade. Realiza
ainda uma aproximação aos métodos de planejamento e projeto
urbano e territorial levados a cabo no século XX e finaliza com uma
abordagem das infraestruturas como possibilidade de reequilíbrio do
território.
DISCIPLINA T2: ECONOMIA URBANA E DOS TRANSPORTES - DO
PREÇO DO SOLO AO DESAFIO DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA
METROPOLITANA DOS TRANSPORTES URBANOS
Responsável: Prof. Dr. Vladimir Fernandes Maciel
Descrição: A disciplina de Economia Urbana e dos Transportes busca
trazer para a formação dos alunos o aspecto da escassez da terra
urbana e a formação do seu preço por parte do mercado imobiliário,
de modo que intervenções na infraestrutura de transportes causam
necessariamente alteração no preço do solo e, muitas vezes, efeitos
secundários indesejados (como gentrificação e segregação
socioespacial).
Além disso, a disciplina faz uma discussão aplicada e comparativa a
partir da Região Metropolitana de São Paulo, mostrando os padrões
de deslocamento, o perfil territorial dos movimentos pendulares e
suas consequências no padrão fragmentado de gestão de política de
transportes metropolitanos.
DISCIPLINA T3: CARTOGRAFIAS DA MOBILIDADE Responsável: Profª Drª Marta Maria Lagreca de Sales
Descrição: O Estatuto da Metrópole - LEI Nº 13.089, de janeiro de
2015, reestabelece o planejamento e a possibilidade de
desenvolvimento urbano integrado e de gestão Inter federativa,
recuperando uma escala de planejamento e gestão do território
perdida nos anos 1980. Visando a enfrentar este desafio a disciplina
traça um percurso sobre o desenvolvimento das macro metrópoles
contemporâneas com ênfase em São Paulo. Inicia por uma
atualização dos temas e figuras metropolitanos contemporâneos em
cenários de transformações estruturais, suas continuidades e
rupturas, os aspectos de mobilidade e acessibilidade, o desafio do
planejamento e da gestão metropolitanas. Traz um histórico da
formação do território metropolitano, das lógicas de transformação,
expansão e consolidação da metropolização, processos de
periferização do crescimento demográfico e socioespacial. E termina
com a nova etapa do percurso metropolitano - dinâmicas
emergentes e reorganização dos sistemas de mobilidade
metropolitana e usos do solo. Para, por fim, propor metodologias de
abordagem do planejamento da gestão interfederativa do território
metropolitano, com ênfase nos sistemas de mobilidade e usos do
solo.
ATELIÊ 3: MOBILIDADE E CIDADES EM REDE
Responsáveis: Profª Drª Marta Lagreca, Prof.Dr.Pablo Hereñu e
Prof.Dr.Pedro Sales
Descrição: O Ateliê Mobilidade e cidades em rede enfoca as
inovações possibilitadas pelo desenvolvimento da logística de
transportes, pelos sistemas de infraestrutura e pela tecnologia da
informação e da comunicação. O novo uso extensivo do território
permite uma reconceituação das cidades gerando novas questões
como regiões policêntricas, novas centralidades, novas
aglomerações urbanas, clusters de cidades, cidades aeroportos etc.
O Ateliê de Projetos pretende discutir e elaborar hipóteses para
alguns desses casos na macrorregião metropolitana de São Paulo, a
partir dos insumos aportados nas aulas teóricas.
MÓDULO 4 — MONOGRAFIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À METODOLOGIA CIENTÍFICA
Responsáveis: Profa. Dra. Marta Lagreca, Prof. Dr. Pablo Hereñú, Prof.
Dr. Pedro Sales (Apoio Metodológico: Profª Drª Marianna Boghosian
Al Assal)
Descrição: Parte do quarto bimestre do curso é reservada à
elaboração de um projeto ou trabalho de pesquisa vinculado aos
temas abordados, a ser desenvolvido individualmente. O trabalho
contará com a orientação ou co-orientação de professores das duas
instituições conveniadas – AECAU e UPC – e será acompanhado de
discussões coletivas através de seminários e apresentações
pautadas.
O termo monografia designa um tipo especial de trabalho científico.
Considera-se monografia aquele trabalho que concentra sua
abordagem em um assunto específico, em um determinado
problema, tendo este, um tratamento pormenorizado e analítico, o
emprego de técnicas de pesquisa, estudo, levantamento de
bibliografias pertinentes ao tema, delimitação do principal objeto de
estudo e disposição de capítulos em consonância direta com o
assunto escolhido, que deve ser criteriosamente selecionado, tendo
em vista a possibilidade de aprofundamento e levantamento de
informações pertinentes. A Monografia não deve ser considerada
como uma pesquisa, em seu elementar sentido, mas sim em um
estudo que visa levantar uma conclusão pertinente e passível de
contribuição teórica nos campos científicos, sociais e tecnológicos
relevantes na contemporaneidade.
10. BIBLIOGRAFIA
AA. VV. Highway Capacity Manual. U.S. Department of Commerce,
Washington 1965.
ALLEN, Stan. Points+lines: Diagrams and Projects for the City. New
York: Princeton Architectural Press, 1999.
ALEXANDER, Christopher. Sistemas que generan sistemas (formas
que generan funciones). En la Estructura del medio ambiente;
Tusquets, Barcelona 1971.
ANDRADE, Vitor; LINKE, C. Cunha. Cidades de Pedestres: a
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