Constituição de acervo para bibliotecas

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Apresentação da Mestre em Letras Ana Paula Cecato no Tessituras em 14/04/2014.

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Profª Me. Ana Paula Cecatohttp://descobrinhanca.blogspot.com

anacecato@gmail.com

Temas A política de leitura;A biblioteca e o contexto sociocultural

brasileiro;O mediador de leitura;O acervo literário;A escolha do acervo de LIJ: alguns critérios;Algumas indicações para constituição de

acervo;Referências.

Política de leitura

Política (do grego polis) – respeito à cidade, cidadania, como prática pelo bem comum.

Políticas – indicativo de que a diversidade de interesses, de possibilidades, de contextos nos convida, por conta do bom senso, a desenhar diferentes estratégias de promoção da leitura (YUNES, 2005, p.2)

“Urge criar, mais que planos, projetos e programas, uma articulação entre os agentes sociais públicos e privados, oficiais e particulares, que possam se mobilizar em favor da disseminação de práticas de leitura como condição para uma cidadania de fato.” (YUNES, 2005, p.2)

Ler pra quê? (YUNES, 2005)• Reconhecer essa prática como uma atividade que precede a

maioria das conquistas sociais dos integrantes de uma comunidade;

• A leitura literária excita nosso imaginário e organiza nossa narratividade, nossa capacidade de dizer e de nos dizer;

• Nos ensina a pensar com alguma autonomia e criticidade;• Melhorar nossa qualidade de estar no mundo e de nos

relacionar com os outros;• Compreender e dar sentido à nossa própria história e vida;• Celebrar nossa participação no discurso, na linguagem viva

que dá sentido ao mundo;• Ter informação, sensibilidade e capacidade crítica para

ganharmos segurança em nossa fala e de com ela melhorarmos as condições de convívio.

A biblioteca - pública, comunitária, escolar - e outros espaços onde a leitura acontece – salas de aula, cantinho da leitura, leitura ao ar livre – devem estar interligados em rede, a fim de que possam colaborar entre si, tecer estratégias de trabalho em conjunto, trocar experiências de mediação de leitura, formatar atividades de formação de novos mediadores....

A experiência do Tessituras – necessidade em formar mediadores para programas de leitura

A biblioteca e o contexto sociocultural brasileiro

Democratizar e universalizar a cultura letrada;Não esquecer que vivemos num país onde a maioria dos brasileiros

praticamente não participam de eventos de letramento antes da escola;

Investir em eventos de letramento em que a narrativa seja oralizada: saraus, contação de histórias;

Entender que a leitura é um processo que acontece gradativamente. Muitas vezes um pequeno leitor deseja leitura mais longas, e um adulto com pouca competência leitora, livros de literatura infantojuvenil, por exemplo;

Respeitar os interesses de leitura, mas também oferecer diversidade de obras, entre best sellers e livros que não estão em evidência no circuito;

“ler pode ser um meio para melhorar as condições de vida e as possibilidades de ser, de estar e de atuar no mundo (CASTRILLÓN, 2011, p.20)

A biblioteca e o mediador de leitura

O mediador de leitura é o agente que coloca o livro em contato com o leitor;

A mediação é uma intervenção, uma ação facilitadora, aproximação sensível, intelectual ou técnica. Ele tem o poder de influência, não de autoridade. O mediador são encarregados de acolher novos públicos, um animador do livro e da leitura. (RIDDER, 1999)

O perfil do mediador de leitura(adaptado de CASTRILLÓN, 2001)

1. Ser um leitorCrítico e reflexivo. Leitor da realidade e leitor

de livros que o ajudem a ler essa realidade. Nenhuma pessoa deve sucumbir às pressões da vida cotidiana e renunciar a melhorar sua condição como ser humano, algo para o qual a leitura contribui como forma de transcender e de superar uma sobrevivência imediatista.

2. Não se sentir inibido para escreverFazer uso da escrita não significa,

necessariamente, ser um artista. No entanto, a escrita é necessária para que ele possa pensar e colocar em ordem as suas ideias, registrando e comprovando seu trabalho, comunicando a outros sua experiência e também, de certa forma, superando-se. Escrever aumenta a confiança e a segurança em si mesmo.

3. Ser curioso, com desejo de explorar, de pesquisarAinda que não seja obrigatoriamente um

pesquisador, deve buscar novas mudanças e soluções.

4. Ser bem informadoProcurar fontes diversificadas, não bastar-se

suficientemente com a informação que lhe oferecem os meios de comunicação.

5. Que se assuma como ser ético“Capaz de comparar, de avaliar, de intervir,

de escolher, de decidir, de romper” (FREIRE, 1997, p.32)

O acervo (gêneros)

O que diferencia um livro literário de um não-literário?

Livro Literário Livro não-literário

Não tem compromisso de transmitir algum conhecimento formal

Tem compromisso de transmitir algum conhecimento formal. Ex.: livro sobre técnicas de pintura.

É arte, pois supõe um trabalho de construção de linguagem simbólica (tanto em ilustrações quanto em texto)

Não é arte, pois não apresenta um trabalho de construção de linguagem simbólica

Livros para a infânciaNão-literários:Livro-brinquedo (de jogos, 3D, de banho, de

pano, aquisição de linguagem);Paradidáticos;Biografia.

Literários:Os livros para a infância são um gênero híbrido

entre texto e imagem (cfme Gláucia de Souza);Narrativas - mitos, fábulas, lendas, contos

populares – narrativas orais; novelas, contos - narrativas autorais;

Poesia - parlendas, trava-línguas, quadras populares, adivinhas, cantigas, cordel – poesia oral; formas fixas ou livres - poesia autoral;

Teatro;Livro de imagem;Histórias em Quadrinhos.

Livros para a juventudeLivros não literários:Paradidáticos;Livros de jogos (RPG) e de filmes;Biografias.

Literários:Apresentam ilustrações, mas, muitas vezes, em

menos número que os livros para a infância;Narrativas - mitos, fábulas, lendas, contos

populares – narrativas orais; novelas, romances, contos, crônicas - narrativas autorais ;

Poesia - parlendas, trava-línguas, quadras populares, adivinhas, cantigas, cordel – poesia oral; formas fixas ou livres - poesia autoral;

Teatro;Livro de imagem;Histórias em Quadrinhos, Graphic Novels,

Zines,...

Livros não-literáriosAssuntos para público iniciante ou

especializado: política, sociologia, filosofia, linguística, economia, arquitetura, medicina, artes visuais,...

Biografias;Livros-jogos (RPG).

Livros literáriosComo os estudos da Teoria da Literatura

nos apresentam, a literatura está divida em três grandes gêneros: o narrativo (novela, romance, conto, crônica, epopeia), o lírico (poesia de formas fixas ou livre), e o dramático (teatro, comédia ou drama).

A escolha do acervo de LIJ: alguns critérios

Critérios utilizados pelos pareceristas do PNBE (dados de 2005)

Linguagem literária;Pertinência temática;Ilustração;Projeto gráfico-editorial.

(conforme pesquisa de ANDRADE & CORRÊA, url*)

Os argumentos dos pareceristas (itens 1 e 2)

Movimento de leitura do leitor;Inscrição da obra na cultura e na tradição

literária;Recursos linguísticos utilizados;Estilo do autor;Valores éticos.

1. Movimento da leitura do leitorO texto:Conduz;Mobiliza;Convida;Permite a fruição.

2. Inscrição da obra na cultura e na tradição literáriaTradição em geral;Tradição brasileira;Tradição da cultura popular.

3. Recursos linguísticos para produzir sentidos literáriosEstrutura textual global (coerência, coesão e

progressão);Semântica/sonoridade da palavra;Linguagem cotidiana e literária;Figuras de linguagem;Gêneros (hibridismo);Registros formal e informal.

4. EstiloHumor;Poesia;Simplicidade;Delicadeza, leveza, suavidade e singeleza;Agilidade;Ludicidade;Fluidez;Irreverência.

A presença da escolaDescrição crítica a modos escolares de leitura

literária (sem preocupações didáticas, sem tom moralizante, sem dimensão instrumental/funcional/ servil/ pragmática, sem lição/intenção de ensinar);

Utilização de enunciados tipicamente escolares (trabalho com...., formação de leitor, enriquecimento de vocabulário);

Descrição prescritiva da mediação escolar desejável da leitura do aluno (pertinente ao leitor autônomo, importância da mediação do professor).

O que é um bom livro infantil?Antes de tudo, deve considerar o repertório, o interesse e

o propósito do leitor;Como mediadores, o texto deve aproximar o leitor do

prazer estético e propor “uma educação do olhar”;Deve permitir ao leitor a construção de sentidos a partir

da leitura;O essencial é que as produções cativem com o recurso à

fantasia, por seu caráter mágico, pela valorização das sensações e emoções que os transporta para o mundo da imaginação, edificado pelas imagens e símbolos do texto literário. (MARTHA, 2011, p.50)

O livro inserir-se num campo de produção cultural para a criança.

O livro infantil como objeto cultural*

Elementos externos ao texto verbal(capa, contracapa, orelhas, paratextos, informações contextualizantes dos autores, fonte, papel, ilustrações, projeto gráfico);

Elementos internos (estruturais como foco narrativo, verossimilhança, linguagem, caráter de experimentação, intertextualidade, relação com outras lggs, rompimento de clichês e modelos, ambiguidade e pluralidade de significação da lggm literária, adequação do discurso das personagens avariáveis como tempo e espaço no mundo narrado);

Jogo de sentidos – diálogo entre palavras e imagens –Literatura Infantil é um gênero híbrido.

(*De acordo com MARTHA, 2011, p.49-53)

Indicações para constituição de acervoCatálogo FNLIJ para a Feira do Livro Infantil

de Bolonha (Itália)http://www.fnlij.org.br/site/publicacoes-em-pdf/catalogos-de-

bolonha/item/541-cat%C3%A1logo-fnlij-para-feira-de-bolonha-2014.html

Uni, duni, ler – Guia de leitura para bebês (envio em pdf)

Lista de referência Biblioteca Moacyr Scliar (envio em pdf)

Bibliografia Brasileira de LIJ Online http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/acervos_especiais/lit__infantojuvenil/index.php?p=11564

PNBE – Programa Nacional da Biblioteca Escolarhttp://www.fnde.gov.br/programas/biblioteca-da-escola/biblioteca-da-

escola-apresentacao

Catálogos FNLIJhttp://www.fnlij.org.br/site/o-que-e-a-fnlij/acoes/item/9-publica

%C3%A7%C3%B5es.html

Livros com temática de culturas africanashttp://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com.br/

Editais do MINchttp://www.cultura.gov.br/editaisEstão abertos 4 Editais da Diretoria de Livro,

Leitura, Literatura e Bibliotecas no âmbito do PNLL

Especialistas em LIJTeresa Colomer;Daniel Goldrin;Nelly Novaes Coelho (Brasil);Regina Zilberman (Brasil);Peter Hunt;Yolanda Reyes;Marisa Lajolo (Brasil);João Luis Ceccantini (Brasil);Vera Teixeira de Aguiar (Brasil);Maria da Glória Bordini (Brasil).

ReferênciasANDRADE & CORRÊA. Os critérios dos

especialistas para os livros literários a serem lidos na escola. Disponível em: <32reuniao.anped.org.br/arquivos/trabalhos/GT10-5871--Int.pdf>

CASTRILLÓN, Silvia. O direito de ler e de escrever. São Paulo: Pulo do Gato, 2001.

OLIVEIRA, Ieda de. O que é qualidade em literatura infantil e juvenil? Com a palavra, o educador. São Paulo: DCL, 2011.

RIDDER, Guido de. Médiateurs du livre: animateurs ou missionnaires? (traduzido por Verbena Maria Rocha Cordeiro)

YUNES, Eliana. Políticas públicas de leitura: maneras de fazé-las. Disponível em <www.cerlalc.org/revista_noviembre/pdf/n_art01_p.pdf>