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FRANCIELLE BARISON LEAL JACQUELINE A. TRIBULATO POLVANI
NICOLE BRUNA BRUNOZI
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS GERADOS PELO PIERCING BUCAL
Londrina 2012
FRANCIELLE BARISON LEAL JACQUELINE A. TRIBULATO POLVANI
NICOLE BRUNA BRUNOZI
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS GERADOS PELO PIERCING BUCAL
Monografia apresentada a Pós-graduação em Saúde Coletiva e da Família do Centro Universitário Filadélfia – UniFil como requisito parcial a obtenção do título de especialista. Prof.ª Orientadora: Ms Cybele Renata Trevisan e Silva
Londrina 2012
LEAL, Francielle Barison; POLVANI, Jacqueline A. Tribulato;BRUNOZI, Nicole Bruna. Considerações sobre os problemas gerados pelo piercing bucal. 2012. 27 p. Monografia (Especialização em Saúde Coletiva e da Família) - Centro Universitário Filadélfia – UniFil.
RESUMO O piercing bucal é frequente nos jovens que buscam sua participação em um grupo
ou se colocam diante de uma situação de risco. Os problemas gerados por essa
prática são muitos, como infecções, alteração na degustação, traumas dentais e
área bucal, entre outros. Este trabalho tem como objetivo apresentar os problemas
que o piercing bucal provoca, analisar o seu uso, verificar as possíveis complicações
que possa gerar e demonstrar alguns casos clínicos, encontrados na literatura, que
tiveram complicações com o uso desse objeto na boca. Trata-se de uma revisão
bibliográfica com coleta de informações por meio nas seguintes bases de dados:
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical
Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline). Diante do avaliado, dois
dos principais problemas identificados são: o desconhecimento dos danos que a
colocação do piercing bucal provoca, com orientação inadequada da higiene que
deve ser feita, e a resistência na retirada desse objeto na presença de algum
problema. A ação do cirurgião dentista, como promotor de saúde, pode contribuir
para uma diminuição dos danos causados pelo do uso de piercing bucal.
Palavras-chave: Piercing Corporal, Saúde Bucal, Saúde Pública
LEAL, Francielle Barison; POLVANI, Jacqueline A. Tribulato; BRUNOZI, Nicole Bruna. Considerations about the problems caused by oral piercing.2012. 26 p. Monografia (Especialização em Saúde Coletiva e da Família) - Centro Universitário Filadélfia – UniFil.
ABSTRACT
The oral piercing is frequently used among teenagers who looks for their participation
in a specific group or put themselves in a risky situation. The problems generated
from this practice are many, like infections, changes on the degustation, traumatism
on teeth and oral area, and others. This article has as objective to present the
problems that the oral piercing may cause, analyze its use, to verify possible
complications that it may generate and demonstrate some clinical cases, found on
literature, that had complications with the use of this object in the mouth. This is
about a bibliographic revision with a data collection using the following data bases:
Latino-American Literature and from Caribe in Health Ciencies (LILACS), Medical
Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline). By the presented subject
analyzed, two of the main identified problems are the lack of information about the
possible damages that the application of the piercing causes, in addition to the not
appropriated orientation about the hygiene that must to be done, and the resistance
about the removal of this object on the presence of any problem. The action of the
dental surgeon, as health promoter, can contribute to the reduction of the damage
caused by the use of oral piercing.
Key-words : Body Piercing, Oral Health, Public Health.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Desgaste dental ........................................................................................ 14
Figura 2 – Inflamação no local do piercing ................................................................ 15
Figura 3 - Inflamação no local do piercing ................................................................ 15
Figura 4 - Mucosa labial e pequeno queloide após a ................................................ 16
Figura 5 – Ausência de dentes .................................................................................. 16
Figura 6 – Recuo da gengiva .................................................................................... 17
Figura 7 - Traumatismo papilar na região lingual, ..................................................... 18
Figura 8 – Fratura da cúspide palatina ...................................................................... 18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 9
2.1 SAÚDE BUCAL ................................................................................................... 9
2.2 O USO DO PIERCING ...................................................................................... 10
2.3 COMPLICAÇÕES COM PIERCINGS ORAIS ................................................... 12
2.4 PIERCING BUCAL: CASOS CLÍNICOS ........................................................... 14
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 20
4 DISCUSSÃO..................................................................................................... 21
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 25
7 1 INTRODUÇÃO
O piercing é utilizado como forma dos jovens ou adolescentes
diferenciarem-se entre si. A moda, a postura, influência dos costumes e de
comportamentos das tribos são as principais causas de seu uso.
Esta prática não é recente, tem origem nas antigas civilizações, nas
mais variadas culturas e classes sociais e usado por povos da América, África,
Indonésia, Índia, Egito, estilistas e artistas londrinos, entre outros. A conotação do
uso do piercing, em outras épocas, tinha relação com a religião, com o sexo, a
estética e alguns tipos de rituais. Seu uso foi intenso na época hippie, nas décadas
de 1960 e 1970, a seguir pelos punks na década de 1990 e permanece até hoje.
Segundo Kernerman (1997), a palavra piercing vem da língua
inglesa e é derivada do verbo ¨pierce¨, que significa perfurar, assim, quando se
refere aos piercings significa dizer perfurações na pele para se colocar uma espécie
de brinco em diversos locais do corpo. Da mesma forma que a tatuagem, o piercing
é uma marca corporal, que perfura a pele e causa dor, embora possa ser removido
facilmente.
No Brasil, o uso do piercing provém de tribos amazônicas, que
furavam os lábios com gravetos para demonstrar a passagem da idade infantil para
a adulta, e também utilizado por seus integrantes para diferenciar as tribos umas das
outras.
Os piercings, normalmente, são colocados no umbigo, nariz, mamilo,
língua, lábios, órgãos sexuais, região frontal, além de outros. Na cavidade oral, ele é
colocado na língua e no lábio superior. Na região da face é usado, recentemente,
por ocidentais e colocado em locais inusitados como úvula, freio labial e dentes.
Não é comum encontrar informações sobre a colocação de piercing
corporal, mas, são inúmeras as orientações para prevenções de complicações
relacionadas com seu uso. No caso do piercing bucal algumas situações são
desfavoráveis para este uso, podendo-se elencar: a facilidade no acúmulo de restos
alimentares, reunião de bactérias, dificuldade de higienização, infecções, cicatriz
hipertrófica, retração gengival, problemas na fala e mastigação, fraturas e desgastes
dos dentes, além de ter relação com a ocorrência de câncer bucal e facilitar a
incidência de hepatite e AIDS.
8
Este trabalho tem como objetivos apresentar problemas que o
piercing bucal provoca; analisar seu uso, verificar as possíveis complicações e
apresentar alguns casos clínicos encontrados na literatura que tiveram complicações
com o uso desse objeto na região de boca.
9 2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SAÚDE BUCAL
Segundo Almeida (2011), mesmo a saúde bucal sendo de extrema
importância, não é sempre valorizada, principalmente pelo setor público. Para
Botazzo (1994), a saúde bucal deve direcionar-se para o social, na origem das
doenças bucais, e com organização de tecnologias que visem não a cura do
paciente na ótica da relação individual biológica, mas sim, a diminuição do controle
sobre os processos mórbidos tomados em sua dimensão coletiva. Mesmo com
profissionais e autores voltados para a educação dos cuidados básicos na
higienização bucal, não é sempre que se tem acesso a informações e orientações
adequadas, deparando-se com mensagens pouco claras
Vale mencionar que a saúde bucal faz parte da saúde do corpo, e
que se encontra relacionada a fatores econômicos, culturais e sociais. Na visão de
Porto (2002), a saúde bucal tem relação com a alimentação, a moradia, o trabalho, a
renda, o meio ambiente, o transporte e a informação, entre outros aspectos que
interferem na aproximação e acesso do paciente a este serviço. Desta forma, a
saúde pública deve se preocupar com a promoção do bem estar. Esse tipo de ação
deve e pode começar com a importância de se preocupar com propostas que
incluam o adolescente em suas ações.
Assim, para atingir boa parte da população em busca de medidas
preventivas, é necessária a promoção de projetos odontológicos e agentes que
disseminem ações para bons procedimentos higiênicos, transmitindo por meio de
técnicas, estratégicas de aprendizagem e prática de educação corporal. Conhecer
os riscos que o uso do piercing neste local pode contribuir para ampliar a boa
assistência odontológica.
10 2.2 O USO DO PIERCING
Segundo Canto et al. (2001), os egípcios costumavam usar este ornamento
como enfeite no umbigo; os romanos usavam o piercing nos mamilos; outros grupos
localizados perto do Pacífico sul, no pênis. É utilizado para diferenciar e chamar
atenção, situação que se mantem no comportamento do adolescente hoje. Os
jovens e adolescentes usam o piercing, como forma de busca, de se encontrar, de
satisfação e de afirmação no grupo.
A adolescência, o tema central que o jovem se depara, é o da ressignificação de sua identidade. O adolescente precisa lidar com as intensas mudanças físicas e psíquicas as quais terão, inevitavelmente, efeitos em sua inserção social, política e cultural. Portanto, a adolescência é uma idade da vida que reúne a experiência de rompimento em relação ao tempo infantil e o movimento em direção ao crescimento, a um tempo futuro. Esses movimentos psíquicos serão extremamente importantes no sentido de viabilizar o desprendimento do já vivido e o acesso àquilo que é desejado, mas também desconhecido e temido. Assim, é preciso renunciar, perder algo, para adentrar nesse novo território. (MACEDO; GOBBI; WASCHBURGER, 2009, p. 91)
Na tentativa de fugir do seu próprio “eu” interior, o jovem procura
utilizar meios para chocar os outros, encarregando estes de criarem uma
identificação, fato este que ele próprio tem medo; com isto, utiliza o piercing e a
tatuagem no processo, nessa transformação, nessa comunicação, da passagem do
corpo de criança para de adulto e, atualmente, este público procura uma
identificação própria. Almeida (2001) identifica esta atitude por existir poucos
recursos imaginativos diante aos muitos atos que os portadores de piercings podem
ter, assim, surge a busca da felicidade imediata conseguida por meio de
experiências intensas, mas ilusórias. Então, o usuário coloca diante da sua pele e de
seu corpo, um meio de se orientar esteticamente.
A região orofacial é local de interface entre as pessoas, completada
pela língua e lábios. Na época dos Astecas e Maias os grupos de classe mais alta
embelezavam estas partes com ouro; as mulheres africanas da tribo Makolo também
utilizavam adornos para os lábios colocando adornos como “pratos” nesta região
para atrair o homem. Índios da América Central e do Sul até hoje usam o piercing
nos lábios inferiores, e inovam colocando também nos lábios superiores. (CANTO et
al., 2001).
11
O piercing é como uma jóia, que na cavidade bucal pode ter forma
de pinos e argolas, compostos de aço cirúrgico inoxidável, de ouro amarelo ou
branco e outro metal nobre. Pode ser tirado quando oportuno ou desejado, pois
muitos são rosqueados e fáceis de serem removidos. É comum na colocação do
piercing na cavidade bucal não utilizar anestesia. Na língua usa-se um grampo ou
pinça para estabilizá-la, enquanto o furo é feito com uma agulha de tamanho igual
ou similar ao brinco que vai ser colocado. A cicatrização deste procedimento dura de
quatro a seis semanas, quando não há complicações. Os sintomas que comumente
ocorrem com este processo são: dor, inchaço, aumento do fluxo de salivação e/ou
lesões na gengiva.
O piercing é utilizado praticamente em todo corpo, com vários
modelos, tamanhos e materiais para agradar a todo público. Quando ele é
colocando na pele, as complicações são bem menores que quando colocado na
mucosa, porque este possui uma fisiologia mais complexa e bem vascularizada.
Quando colocados na língua, sua localização mais comum é a
região central; nos lábios pode ser visto em região superior, inferior, e nas laterais.
Atualmente, usa-se o piercing no freio lingual, úvula, mucosa e dentes (CERRI,
2001). Em razão da diversidade e problemas causados por este costume e
localização do piercing, muitos profissionais orientam os usuários sobre os riscos
desta prática a fim de evitar danos no local.
12 2.3 COMPLICAÇÕES COM PIERCINGS ORAIS
Alves et al. (2011) relatam que, nos últimos 30 anos, a quantidade
de fatores que se relacionam aos traumas dentários aumentou, concomitantemente
com suas variações de cunho oral, ambiental e comportamental. Constata-se que os
problemas que podem aparecer com os piercings são: edemas, hemorragia e
infecção; além de traumas na gengiva e mucosa, alterações no paladar e sabor,
excesso de saliva, mau hálito, quebras de dentes e mudança na fala, na mastigação
e na ingestão de alimentos sólidos. Problemas mais graves com o uso de piercing
lingual seriam: endocardite estreptocócica e tromboflebite do seio esfenóide. A
infecção pelo vírus da hepatite, HIV ou outras DST podem ocorrer por erros nos
procedimentos de esterilização.
Para Santiago et al. (2007) a ocorrência de edema local é motivada
pela intensa vascularização lingual, induzindo a sangramento, quando um desses
vasos é lesado no processo de colocação do objeto. O comprometimento das vias
aéreas pode ocorrer se o paciente aspirar o piercing. O trauma no dente gerado pelo
objeto pode atrapalhar a fala e a mastigação.
Na visão de Santiago et al. (2007), o piercing lingual tem alto risco
de infecção pela alta concentração de bactérias. Para os autores, os principais
riscos desta prática são: impedimento na fala, aspiração, infecção e respostas
alérgicas aos metais, dor, formação de cistos profundos, hematomas, neuromas, e
até septicemia.
Gusmão et al. (2011) acrescenta as seguintes complicações pelo
uso do piercing lingual: trauma nos tecidos moles, dor, sensibilidade dentinária,
trincas, lascas e fissuras no esmalte dentário, fratura de cúspide, abrasão e
alterações nos tecidos periodontais. A respeito dos tecidos periodontais, o piercing
lingual é fator de risco para alterações significativas, principalmente quando
associado ao labial no que tange a mobilidade dentária, recessão gengival,
abscessos. Há casos em que se identificou periodontite local em decorrência da
retenção do biofilme dental, com vários tipos de microrganismos aderidos no
material do piercing. Segundo Hubber, Terezhalmy e Moore (apud FEUSER;
MONTEIRO JUNIOR; ARAUJO, 2007, p. 46-47), complicações podem surgir com a
anestesia, formação de quelóide, parestesia, hipersensibilidade à peça colocada,
rejeição do piercing e distorção de imagens radiográficas.
13
O material do piercing e o tempo da colocação também podem ser
fatores de risco para severos danos aos tecidos da cavidade bucal. Scully e Chen
(apud FENATO; MIURA; BOLETA-CERANTO, 2010, p. 158) relataram que, após um
mês da cicatrização do local inserido o piercing, há dificuldade na pronúncia do
fonema “S”. Botchway e Kuc (apud SANTIAGO et al., 2007) descrevem que é
comum o piercing encontrar-se associado a costumes parafuncionais, levando a
fraturas dos dentes, em que no caso, o dentista deve indicar a retirada do piercing
oral para evitar mais complicações.
No caso de atletas, Ranalli e Rye (apud SANTIAGO et al.,
2007)notaram complicações com o uso do piercing na língua que geram, além das já
mencionadas, incontinência da salivação, sangramento prolongado, além da perda
de estrutura óssea. Desta forma, esses autores indicam a retirada definitiva ou
momentânea do objeto na prática esportiva.
Santiago et al. (2007) mencionam que, um dos principais problemas
encontrados, é a procura dos jovens por estúdios ou clínicas que colocam o piercing,
com profissionais que desconhecem os riscos, as técnicas,e, muitas vezes, não
sabem sobre a anatomia bucal, a função da língua, da musculatura bucal e das
artérias da região, bem como as condições da saúde do cliente. A recomendação
desses autores é que um profissional de saúde deva ser consultado antes da
colocação de qualquer objeto.
O piercing dental, ao contrário do bucal, é um procedimento simples
e não oferece perigo à mucosa. Por ser de fácil remoção, tem-se a possibilidade de
retirá-lo a qualquer momento, sem deixar sequelas. Feuser, Monteiro Junior e Araujo
(2007) relatam que, na literatura, há poucos dados sobre as complicações do uso de
piercing dentário. Embora com menor frequência de complicações, o piercing nesta
localização deve receber cuidados adequados e acompanhado pelo cirurgião
dentista com a mesma atenção.
Segundo Fenato, Miura e Boleta-Ceranto (2010, p. 158 ):
A literatura especializada está repleta de relatos de casos nos quais a inserção do piercing produziu alterações em tecidos orais mineralizados e não mineralizados. É interessante notar que em casos de dores dentárias idiopáticas em pacientes que possuem piercing, o dentista deve relacionar a possibilidade de a etiologia ser decorrente a hábitos disfuncionais, como morder ou movimentar o ornamento.
14
Com o aumento do uso do piercing oral, nota-se cada vez mais
consequências que contra indicam uso do objeto no local.
2.4 PIERCING BUCAL: CASOS CLÍNICOS
Santiago et al. (2007)observaram que mais de 80% de pessoas
pesquisadas tiveram problemas com o piercing lingual. Constatou-se que eles
apresentavam: dor na região do piercing após os primeiros dias de sua colocação,
grande fluxo da saliva e o recuo da gengiva; o hábito de morder o objeto induzindo a
fratura dentária; hábito de colocar o piercing entre os dentes levando-os ao desgaste
incisal, principalmente dos incisivos centrais superiores. (Figura 1)
Figura 1 - Desgaste dental
Fonte: Santiago et al. (2007, p. 145)
Para Trindade, Guaré e Bonecker (2003), na investigação de
problemas causados pelo piercing bucal, verificaram que em um indivíduo, o local da
colocação do objeto ainda não estava cicatrizado após meses, e ainda apresentava
dor, edema e exsudato purulento locais, e mesmo com o uso de medicamentos, não
houve a resolução da cicatrização e o paciente temia a ocorrência de seqüelas
estéticas. Foi observada também uma pequena inflamação ao redor do piercing,
falha de epitelização do canal artificial criado no músculo orbicular do lábio inferior,
devido à presença de secreção de aspecto purulento e formação de crosta na pele
localizada exteriormente ao local da perfuração. (Figura 2)
15
Figura 2 – Inflamação no local do piercing1
Notou-se que o paciente estava com pouca sensibilidade no local, e
apresentava aumento de placa e inflamação gengival leve decorrentes da
dificuldade da manutenção da higiene. Convém mencionar que o adorno era feito de
um metal não nobre e que havia sido colocado em um local inespecífico e sem os
cuidados necessários de higiene. (Figura 3)
Figura 3 - Inflamação no local do piercing2
Diante do caso, foi recomendado para que o paciente retirasse o
piercing para evitar maiores problemas, ficando evidente a mucosa extraoral. (Figura
4)
1 Fonte: Trindade, Guaré e Bonecker (2003, p. 205) 2 Fonte: Trindade, Guaré e Bonecker (2003, p. 206)
16
Figura 4 - Mucosa labial e pequeno queloide após a remoção do piercing3
Além deste caso, Trindade, Guaré e Bonecker (2003) relataram
outro em que mesmo duas irmãs estando satisfeitas com o resultado após a
colocação do piercing, tiveram dificuldades de alimentação, fala e deglutição.
Gusmão et al. (2011) evidenciaram um caso de uma paciente que já
fazia uso do piercing há mais de 5 anos, e que na consulta com médico se queixou
de sangramento gengival e dor ao escovar os dentes e quando ingeria substâncias
geladas, quentes e ácidas. O piercing era de material semelhante a
politetrafluoretileno ou acrílico, e havia uma recuo da gengiva, cálculo dentário,
vestibularização de um dente, afastamento e ausência dos dentes ântero-superiores,
sem recomposição protética. (Figuras 5 e 6)
Figura 5 – Ausência de dentes4
3 Fonte: Trindade, Guaré e Bonecker (2003, p. 206) 4 Fonte: Gusmão et al. (2011, p. 45)
17
Figura 6 – Recuo da gengiva5
Para solucionar o caso, o cirurgião dentista sugeriu que a paciente
retirasse o objeto, explicando-lhe como deveria fazer a higiene bucal, raspagem e
alisamento corono-radicular para depois fazer cirurgia de enxerto para cobertura
radicular e recomposição protética (GUSMÃO et al., 2011).No caso, a paciente não
aceitou a retirada do piercing, o profissional aceitou sua decisão e fez somente
intervenção terapêutica básica, sendo indicada a visita a um profissional para
continuar com o tratamento. Em decorrência de problemas gerados pelo piercing, a
paciente procurou um especialista, em que recomendações foram feitas mas não
aceitas pela mesma, tal como a retirada do objeto, sendo assim, o profissional não
concordando coma negativa, fez um procedimento simples e básico, indicando-a a
outro profissional, uma vez que ela não concordou com as indicações do mesmo.
Gusmão et al. (2011) relatam outro caso com uma jovem que se
queixava de dor e sangramento na gengiva. Após o exame, constatou-se lesão
traumática na papila gengival, na região lingual. Na imagem radiográfica identificou-
se espessamento do ligamento periodontal nos dentes envolvidos e reabsorção da
crista óssea alveolar no padrão horizontal na distal. (Figura 7)
5 Fonte: Gusmão et al. (2011, p. 45)
18
Figura 7 - Traumatismo papilar na região lingual, espessamento do ligamento periodontal na região ântero- inferior, e reabsorção da crista óssea alveolar no padrão horizontal 6
O material do piercing era politetrafluoretileno ou acrílico, colocado
há um ano, e os sintomas apareceram após 90 dias da colocação. A paciente
comentou que tirava quando incomodava e depois o recolocava. Foi recomendado
que o piercing fosse retirado, o que não foi aceito pela mesma. Então, a orientação
foi de como fazer a higiene, seguida de raspagem corono-radicular e suspensão do
colutório à base de álcool, que ela já fazia uso há algum tempo.
Alves et al. (2011) relatam o caso de uma paciente, com piercing
lingual de metal, que procurou o cirurgião dentista por quebrar o dente ao ingerir um
alimento sólido. No exame bucal, percebeu-se uma fratura da cúspide palatina (parte
coronária mais próxima ao palato) e exposição da dentina, o que justificava a queixa
de sensibilidade local pela paciente. (Figura 8)
Figura 8 – Fratura da cúspide palatina7
6 Fonte: Gusmão et al. (2011, p. 46)
7 Fonte: Alves (et al., 2011, p. 61)
19
Neste caso, o cirurgião dentista explicou à paciente que havia
acúmulo de placa bacteriana, lesão dos tecidos gengivais adjacentes, possibilidade
de infecção e fratura de outro dente. A conduta seria o reparo de cerâmica no dente
(a lesão não foi muito profunda) e a remoção da joia. Diante das desvantagens que
o adorno causava, a mesma aceitou a retirada. Um acompanhamento foi feito e a
restauração foi um sucesso, tanto em relação aos dentes quanto à língua. (ALVES
et al., 2011).
20 3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa que, para o
levantamento dos dados na literatura, realizou busca de artigos publicados no
período de 2003 a 2011 em que foram encontrados para pesquisa 15 deles que
pudessem contribuir para o estudo. Com utilização das seguintes bases de
pesquisa: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS);
Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline). Foram utilizados,
para busca dos artigos, os seguintes descritores: piercing corporal, saúde bucal e
saúde pública.
Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram:
artigos publicados em português e inglês; artigos na íntegra que retratassem a
temática referente ao uso de piercing bucal e artigos publicados e indexados nos
referidos bancos de dados nos últimos oito anos. Tanto a análise quanto a síntese
dos dados encontrados nos artigos possibilitaram observar, descrever, analisar os
dados e reunir o conhecimento produzido.
21 4 DISCUSSÃO
Após a identificação dos inúmeros riscos pela colocação do piercing
bucal, o cirurgião dentista deve recomendar a retirada do objeto diariamente e
limpeza com detergente e álcool. A limpeza da língua é feita com escova dentária e
bochecho com anti-séptico. A dificuldade de movimentá-la livremente também pode
ser encontrada, por isso, deve-se fazer exercícios com a mesma ao perceber
qualquer alteração, com troca do objeto de metal por outro mais leve. Deve-se ficar
atento e procurar sempre um especialista caso identifique mudanças funcionais ou
físicas localizadas.
Como o aparecimento de problemas bucais com o uso do piercing é
frequente, pode-se recorrer a terapia medicamentosa, que inclui analgésicos,
antibióticos e antiinflamatórios. A restrição alimentar e a dificuldade de mastigação
promovem debilidade do organismo e depressão do sistema imunológico do
paciente. Outro problema que deve ser relevado é a dificuldade na fala, fazendo com
que o paciente tenha alterações nos sons e fonemas. Tanto na fala quanto na
mastigação, por mobilidade excessiva da língua e lábios, o piercing pode colaborar
ou causar pequenos ferimentos na mucosa oral e em região de palato, o que ajuda a
agravar o quadro. (SANTIAGO et al. , 2007).
Nos casos de dificuldade para se alimentar, a orientação é ingerir
alimentos pastosos ou batidos.
Para Gusmão et al. (2011), os desgastes e traumas provenientes do
comprometimento da mastigação podem surgir, o que levaria a uma mudança nos
hábitos bucais induzidos pelo objeto, com a ocorrência de várias reabsorções
ósseas por danificar a implantação de elementos dentais e principalmente da
estética do paciente.
Segundo Trindade, Guaré e Bonecker (2003), no caso de pacientes
que praticam esporte, o uso do piercing deve ser evitado, já que lesões, ferimentos
ou perda de dente podem ocorrer com impacto, choques ou contato direto. Em
muitos casos, o reparo só pode ser feito por meio de cirurgias plásticas corretivas e
colocação de próteses dentárias.
Deve-se destacar que o tipo de material e o tempo de uso do
piercing podem contribuir significativamente com o grau de severidade do problema
bucal. Quanto mais tempo de uso, maior o dano, segundo os relatos encontrados na
22 literatura.
Gusmão et al. (2011)ressaltam que as mudanças que o piercing
lingual promove nos tecidos periodontais é um fato comprovado e discutido diante
várias análises de profissionais, em que se observa retenção do biofilme dental
sobre o material até uma periodontite localizada. Nota-se, nesses casos, um grave
recuo da gengiva no uso concomitantemente do piercing labial e o lingual, e em
muitos casos o tratamento não é efetivo porque o paciente não quer retirar o adorno.
Foram identificados jovens com alta incidência de fratura nos
dentes; muitos tiveram complicações como inchaço e/ou infecção, dor ou
sensibilidade, sangramento ou hematoma; e desgaste dental, mesmo sendo menos
frequente que o recuo da gengiva porque a gengiva geralmente sofre um estímulo
constante, por exemplo, o piercing no lábio inferior, na maior parte do tempo, está
em contato com o tecido gengival dos dentes anteriores, enquanto com relação aos
dentes, a fratura ou desgaste depende mais da intensidade do impacto. (ALVES et
al., 2011).
Em uma pesquisa feita na Nova Zelândia, em 2007, encontrou-se
associação do uso do piercing no corpo com a característica social, personalidade e
comportamento sexual, em que acreditam que perfurar o corpo é uma expressão
corporal de si próprio. Esta pesquisa identificou, também, que a renda e a taxa de
desemprego não tem relação com o uso do piercing, mas as meninas com o adorno
se mostraram mais negativas emocionalmente e com maior baixa autoestima, e que
tiveram mais de 5 parceiros sexuais no ano anterior, além de relação homossexual,
se comparadas às que não tinham piercing. O uso deste adorno é muito utilizado
pelas meninas para parecerem mais velhas e “experientes”. Nos homens a
associação do objeto não foi tão significativa. (ALVES et al., 2011).
Pesquisas observadas por Fenato, Miura e Boleta-Ceranto (2010)
denotam alterações histológicas nas áreas da mucosa bucal que antes havia
piercing. Nestes casos, os objetos poderiam ser agentes provocadores de traumas
na etiologia dos cânceres bucais. No caso deste público, a associação do tabagismo
e ingestão de bebidas alcoólicas pode contribuir, ao longo do tempo, a incidência de
lesão de potencial cancerígeno. Espírito Santo et al (2007) descrevem que o
piercing bucal pode ter relação como causa de câncer. Sempre deve-se verificar,
também, o uso de piercing e o tabagismo, pois como fatores associados podem
acelerar o surgimento de lesões malignas.
23
Trindade, Guaré e Bonecker (2003) relatam que o processo
cicatricial causa desconforto. Há preocupação quanto a possibilidade de ocorrer
queloide e uso de antibióticos várias vezes ao dia. A incidência da placa bacteriana
próxima ao piercing pode contribuir com uma leve gengivite localizada. É comum em
pouco tempo, três a quatro meses, o indivíduo recorrer a mais de um tratamento
para combater alguma complicação pelo uso do objeto.
Para esses autores, também, o uso do piercing para fins estéticos
pode ter um efeito contrário quando colocado na região bucal. É comum ficarem
cicatrizes ou ocorrer formação de quelóides depois de sua retirada, com reparo
somente pela cirurgia plástica. Assim, pode-se dizer que a cicatrização do tecido
depois de ser colocado o piercing, acaba por vezes “enterrando¨ o objeto. A
orientação é para que o mesmo não seja retirado durante o período de cicatrização,
pois o organismo reage como se fosse um corpo estranho, exigindo uma cirurgia
para reparação do quadro. O cirurgião dentista deve estar preparado para essas
situações, a fim de tomar as medidas adequadas para cada situação.
Fenato, Miura e Boleta-Ceranto (2010) descrevem que a colocação
do piercing pode gerar alergia localizada, em razão do material do objeto não ser
biocompatível, com aparecimento de eritema e edema ou até obstrução das vias
aéreas grave, situação conhecida como choque anafilático.
No caso de aspiração do piercing, pode haver obstrução das vias
aéreas e trauma, com o sangue chegando aos pulmões.
Gusmão et al. (2011) acrescentam que há correlação entre a prática
clínica e a literatura, quando se identifica vários problemas motivados pelo uso do
piercing bucal. Muitos danos são intensos e o tratamento não recupera o local ou a
situação original. Problemas sistêmicos são raros, mas podem surgir, tais como
infecções por fungos, vírus, bactérias, Angina de Ludwig e mudanças dos níveis de
leucócitos, que apareceriam durante o processo de inflamação decorrente de
técnicas inadequadas de colocação do objeto.
24 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, considera-se que o piercing na região oral traz
problemas significativos aos tecidos periodontais, bucais, ao paladar, além de
problemas como infecções, halitose, entre outros. Traumas de pequeno porte
gerados pelo piercing podem ser crônicos e provocar problemas periodontais,
infecções e fraturas dentais.
As complicações ocorrem pelas características do local em que será
colocado, e os processos de higienização antes, durante e depois de qualquer
perfuração.
O cirurgião dentista pode encontrar uma situação em que, quando
há um problema bucal proveniente da colocação do piercing, a retirada do objeto
não ser pelo paciente, mesmo que se tenha visualização e sintomas dos problemas
causados. Deve-se considerar que a mudança de comportamento e atitude em
adolescentes é complexa e há a necessidade de se estar preparado para situações
que exigirão acolhimento e destreza em cada tipo de atendimento.
O paciente precisa estar orientado que, a visita ao cirurgião dentista
antes e depois da colocação do adorno, é importante para possíveis orientações
sobre as consequências que podem surgir. O paciente tem a orientação adequada
para cada complicação.
Os ¨pierciers¨ devem estar aptos para realizar tal processo,
orientados por meio de curso preparatório sobre técnicas de biossegurança, controle
de infecções, higienização, além de cuidados com a orientação ao paciente do pós-
operatório, lembrando-o que se trata de um procedimento invasivo.
A participação do cirurgião dentista, assim como de toda a equipe de
envolvida na saúde do adolescente, pode contribuir na prevenção de qualquer tipo
de agravo. O objetivo é fazer com que o adolescente chegue a fase adulta sem
diminuir sua plenitude de bem viver. Capacitar e sensibilizar profissionais sempre
será uma ferramenta eficaz de trabalho.
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