Post on 01-Aug-2020
f reço 1500 Quinta feira,. 1 de Maio de 1958 Ano IV - No‘ 163
OI N F O R M A C A O *D C U L T U R A
P r op r i et ár i o, À d m i n i t í r a d o r e Edi t or
V . S . M O T T A P I N T O
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467------------------- --------------------------------M O N T I J O ----------------------- —
COMPOSIÇÃO Jfi IMKtESSAO — TIPOGRAFIA «GRAFEX» — TEUfiF. 026 ZI6 — MONTIJO
T r i n t á a n o s a o s e r v i ç o d a N a ç ã o
Fez no passado dia 317 ds Abril 30 anos que o Dr. Oliveira Salazar assumiu o iugar de Presidente do Conselho.
Comemorando o facto, realizaram-se em várias tarras do país sessões solenes a outras manifestações de home nagem.
«À Provincia» cumpre o dever de registar o acontecimento e de dirigir também as suas saudações ao iiustra Homem Público.
Victor CâmaraO g ra n d e p in tor da a c tu a lid ad e
P o r - L E A L D E Z É Z E R ED á h o j e a o n o s s o j o r n a l a
h o n r a d a s u a c o l a b o r a ç ã o , o
e s c r i t o r L e a l d e Z é z e r e ,
C u m p r i m e n t a m o - l o c o m
t o d o o a j e c t o e a g r a d e c e m o s ,
p e n h o r a d o s , a d i s t i n ç ã o q u e
c o n f e r i u a o s e m a n á r i o * A
P r o v i n c i a ».** *
Quem íor ao actual «Salão da Primavera» e demorar a vista pelas centenas de quadros, verificará, com desgosto, que as cores e talento neles aplicados, em grande parte, pouco têm de frescura primaveril, e mais parecem frutos de espíritos outonais ou sem experiência nas Artes P lásticas,.. E x p r e s s õ e s doentias, nebulosas, mortiças, amortalhadas em tintas farruscas raspadas das ruinas dalgum cemitério... Formas grotescas, caricatas, verdadeiro desacato às leis da anatomia, linhas desarmó- nicas e confusas. Continuamos a discordar do critério do júri, quanto à concessão dos prémios.
E lamentável a sensação do visitante, com medianos dotes de cultura e poder analíticos. O lh a .. . O lh a .. . e tem medo de dizer o que pensa. Ficou aturdido e desorientado com a famigerada Exposição Gulbenkian de negríssima m emória.-. Contudo, queremos' prestar homenagem à boa vontade de alguns e ao talento de ou- jros, como Eduardo Malta, Lázaro Lozano, S ilva Lino, Jaime Murteira, Ayres Feri r a , António Soares, Me- Q'na, Martins Barata, Rui * reto Pacheco, recusaram-se j* enviar o seu invulgar v ir tuosismo àquela feira de tolas v’aidades. . ,
Destacamos nestes ligeiros apontamentos o artista açoriano Victor Câmara que há lrès meses trabalha no amplo e elegante «atelier» de M a tame Valle, de quem pintou UlTI retrato magnificente, e
outro de seu filho Dr. Um- berto Valle. Os modelos pertencem à alta aristocracia e finança,.- É curioso vê-lo trabalhar. Sein qualquer espécie de esboço, em pinceladas largas e rápidas, começa a compor a fronte, os olhos, o rosto, o colo, o tronco, as mãos. E fá-lo com mestria extraordinária, pois, psicólogo arguto, sabe captar os ínfimos pormenores dos corpos e os segredos das almas. E se não está satisfeito, confia a barbicha preta, passa com a esponja pela figura e recom eça... Como amostra mandou para o Salão dois óleos esplendorosos, representando as Senhoras de Sá Nogueira e Romana. Au reolou o belo e nobre semblante da primeira com lu- zernas esmaecidas, coadas docemente pela janela. A segunda pontilhou-a de rubros candentes, carnais, aninhou-lhe nos olhos o fulgor das feiticeiras, velando o colo de cisne com finíssima e alvinitente echarpa.
Dois belíssimos retratos que têm provocado enorme sensação.
Não há dúvida que Victor Câmara, na próxima exposição individual, vai obter clamoroso êxito artístico e financeiro. Frisamos «financeiro», porque vegetam indivíduos neste planeta que julgam que os Artistas se alimentam com eflúvios do lu a r . . .
e lE m virtude dum a a varia
na m á q u in a de im p ressã o, o n o sso jo rn a l s a i hoje a p e n a s com quatro p á g in a s .
Do fa c to a p resen ta m o s a os n o sso s leitores e p r e za d o s a ssin a n te s a s m a io res d escu lp a s.
A P O N T A M E N T O SPor - Amaral Frazão
D I R E C T O f
Á L V A R O V A L E'O H
T E M P O £ J o
Contestei em tempos a afirmação de alguém que dizia que a natureza era inimiga do homem.
(Jm exemplo entre muitos: o homem, quando os anos o Vão afastando da mocidade e o aproximam da morte, Vai perdendo gradualmente Vigor, energia, lucidez de raciocínio. S e a natureza fosse sua inimiga, tirava-lhe de um só golpe tudo isso. Atirava-o bruscamente para a inutilidade, transformaVa-o repentinamente num farrapo. Era mais doloroso.
A escola do sofrimento é a melhor das escolas. As calamidades que os povos Vêm sofrendo, longe de lhes endurecer o coração, terão certamente a virtude de os tornar mais amigos da paz e melhores c o n s t ru to r e s duma civilização onde o ódio não tenha foros de cidade.
Estou convencido de que a moral, princípio basilar do equilíbrio do mundo, do respeito e da disciplina entre os homens, da colaboração entre as Nações, não está perdida. E não está perdida porque o homem, não há-de querer deixar de manter o direito à vida, o direito ao trabalho, o direito ao amor, o direito à liberdade.
Há um velho preceito que diz: «Não julgues ao de leve as acções dos outros; louva pouco e censura ainda menos; lembra-te de que, para bem julgar os homens, é preciso sondar as consciências e prescrutar as intenções.*
Os grandes financeiros, os grandes industriais, os grandes com erciantes-e alguns p e q u e n o s - pretendem apenas encher as b u r r a s . D ispondo de influência que o dinheiro sempre consegue, manejam nos bastidores com verdadeira perícia. Toda a gente se submete a essa in fluência, uns conscientemente, outros sem dar por tal.
È por isso que eu digo que o dinheiro não tem pá
tria. Quando se trata dum bom negócio, duma boa transação, por forma licita ou ilícita, o n e g o c i a n t e fecha os olhos ao sentimentalismo e não vê as desgraças e as misérias que pode Vir a causar.
Ninguém deve deixar de praticar uma acção má apenas por medo ou castigo.
As acções más não se praticam porque nào devem praticar-se. O hipotético castigo, quer seja o inferno quer seja a cadeia, é uma questão que não deve contar perante a consciência humana.
V E N T Cc a M
H i • O I&4
o a
A v id a nã o m e quer l 9 S O P o r con liecer-lh e o s i — É ta l qua l m u lh er r w —• ^ Se não se vê a d o ra d a ,M a s d ese ja ter no fu n d o Q u a lq u er co isa indesvenda da ..,
A vida não m e quer bem .P or conhecer the os se g re d o s , S e r á p or p a rec er intruso Q ue a nda a m a is neste va i-vem , O a será d a iron ia E do gosto que isso tem ,Que a v id a n ã o m e quer bem ?
M as o cep ticism o cresce P or a vida se r tão p ró d ig a A tra zer-n os até c á ;M as de avara que se torn a , F a z p en sa r que a não m erece
m osP or se n ega r em te d a r ,F p or m a is que cam in h em os S em p re h á a lg o p a ra a lcan çar.
A vida nã o m e quer bem Por con hecer-lhe os seg red o s...
Manuel Rovi&co
festas Populares de S. PedroD t 2 6 D E 1 I M K ) A 1 D E JU L H O
Já não faltam dois meses para as nossas Festas.
Estes dias, que nos separam da grande realização, passam-se num instante.
É tempo de cpmeçar «levantando o véu» e de ir dizendo alguma coisa do muito que se prepara.
Vamos hoje dizer ao público, portanto, quais as Ban das Musicais já contratadas e que abrilhantarão as Festas Populares de S . Pedro:
— Sociedade Filarmónica 1.° de Dezembro e Banda Democrática 2 de Janeiro, de Montijo; Sociedade P ro gresso e I-abor Samouquense, de S a m o u c o ; A c a d e m ia União e Trabalho, de S a r ilhos Grandes; Sociedade F i la rm ó n ic a Previdência, de Azeitão; Sociedade Filarm ónica Perpétua Azeitonense, de Azeitão; Sociedade F ila rmónica União Seixalense, do Seixal; Sociedade F ilarm ónica Democrática T im b re Seixalense, do Se ixa l; S o ciedade Filarm ónica Humanitária, de Palm eia; Sociedade Filarmónica Palmelense, de Palm eia; Sociedade Filarm ónica Amizade Visconde de A lcácer, A lcácer do S a l ; Ateneu Vilafranquense, de Vila Franca de X ira ; e Banda M u nicipal de Estremoz. Por este enunciado se v is lu m b ra , desde já, o que vai ser a colaboração musical durante os seis dias das Festas, havendo ainda que acrescentar-lhe a dos R a n c h o s Folclóricos,
sempre Valiosa e surpreendente.
Dentro em breves dias serão afixados os cartazes, que este ano se apresentam com aspecto inteiramente novo e sugestivo.
Podemos, pois, afirmar, que se aproxima o princípio da grande euforia montijense.
1.°de MaioEm tempos passados, que
o Passado diluiu e transformou em realizações, o dia 1." de M aio era consagrado às reivindicações das massas trabalhadoras e operárias.
Durante alguns anos esse dia assinalou-se por jornadas trágicas, entre as quais as de Paris e de Chicago se tornaram históricas.
O bom senso e também a força das c ir c u n s tâ n c ia s , transformaram em realidades a maioria dessas re iv ind icações, como era de toda a justiça humana.
No entanto, o hábito ficou e ainda hoje o 1.° de Maio soleniza o facto e serve de feriado para, algumas c las ses.
Saudamos essas massas trabalhadoras e operárias e afirmamos-lhes a nossa muita simpatia.
A P R O V IN C IA 5-958
M O N T U OHa Escola Técn ica d e M o n t i jo
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T r a bo l bo i p a r a amador es
f o t o g r a f i a s d ' fl r f e
f l p o r r l i i o i Fotoqráj i cos
R e p o r t a g e m F o t o g r á f ic a
R u a Bv l bdo P o l o , 1 1 - M O N I I j O
Os alunos e alunas brincavam no pátio, à hora do recreio.
Logo ao primeiro golpe de vista denotavam saúde e alegria num <à vontade» bem expressivo.
A Escola recebia com esplêndida euforia o jornalista que ali se deslocara para uma visita de cumprimentos e para uma entrevista de sensacional importância.
Recebido no seu gabinete de trabalho, o ilustre D ire ctor acolhe também o jornalista no mesmo ambiente s íV dio e agradável, sem protocolos e cerimónias, numa lógica compreensão de intuitos que sensibiliza.
E logo o sr. Dr. hugénio Lopes de Morais Cardigos, se coloca incondicionalmente ao dispor do sacramental interrogatório, mostrando íntima satisfação pela presença da Imprensa naquele templo de. Instrução e de Cultura.
— V .a Ex .a já conhecia M o n t i jo , não é verdade?— perguntamos de entrada, como prefácio dos assuntos que iamos abordar.
— Há talvez oito anos; mas, num sentido mais profundo, de há dois anos a esta parte, depois que me casei e aqui fixei a minha vida.
— E diga-me, sr. Director, pelo conhecimento que tem da nossa terra, acha que ela, na verdade, precisava desta Escola Técnica e a merecia?
— Absolutamente. A importância Comercial e Industrial de Montijo não só a justifica como até a impunha. A sua influência na parte c o m e rc ia l é indiscutível; e na parte industrial, ainda que menor, dado que as principais indústrias locais exigem « e s p e c ia liz a d o s ,» fora do âmbito desta Escola, também será, no entanto, de aproveitamento.
E agora me recordo,— diz o ilustre Director como numa visão r á p id a dos factos — , que ela poderá igualmente trazer benefícios aos que pretenderem um dia integrar-se nos cursos da Base Aérea N .° 6 , com suas instalações a pouca distância desta vila.
Por todos estes motivos, e ainda porque há-de necessariamente concorrer para a progressiva elevação cultural de Montijo, a sua E s
cola Técnica teve oportuna e justíssima criação.
— E a frequência, sr. D irector, é animadora ? — interrogamos, muito interessados.
— Muito a n im a d o ra . A Escola tem neste momento 106 alunos, dos quais 54 transitaram doutros estabelecimentos de ensino. Veja que, se outras enormes van tagens não tivesse, bastava o quanto estas 54 crianças e suas famílias lucraram em comodidades e economias para justificar a sua existência !
Espero, entretanto, que para o próximo nno lectivo esse número se aproxime dos 200.
E diga-me ainda, sr. D irector : De que constam, nesta altura, os ensinamentos ministrados pela sua Escola Técnica ?
— Agora, de início, trata-se dum curso preparatório de dois anos, extremamente importante para os futuros cursos. Sabemos, p o ré m , que o âmbito escolar será desenvolvido e alargado em diplomas a legislar. Actualmente, os alunos frequentam aulas de trabalhos manuais, de ciências, de canto coral, e doutras disciplinas adequadas. Repare que até têm uma espécie de jornal escolar, onde colaboram com suas iniciativas e com toda a liberdade de acção, o que nos serve também para o estudo das vocações. . .
— Efectivamente tínhamos reparado num exemplar afixado no átrio, mas não julgávamos que tivesse tamanha amplitude.
E mais uma pergunta ainda, sr. Director : E está satisfeito com o comportamento dos seus alunos ?
— Não tenho a menor razão de queixa. Bem v ê : eu e o demais pessoal docente convivemos com os alunos como em família, pelo que a nossa missão educativa se exerce p e rm an en tem en te . Como lhe mostrei há pouco, até temos uma sala própria onde reunimos em conjunto, se discutem iniciativas e se tomam deliberações.
Ao finalizar a nossa ent r e v i s t a , — mais conversa deliciosa do que entrevista— , o sr. Dr. E u g ê n i o L o p e s
d e M o r a i s C a r d i g o s espraiou - -se depois em considerações
m* (Dlteetmde ordem pedagógica, falou acerca de t e s t e s , da co-edu- caçâo e doutros assuntos do maior interesse cultural e instrutivo, numa verdadeira prelecção do maior requinte.
Saímos muito reconhecidos pelas atenções que nos dispensou, trazendo no espírito a certeza de que a Escola Técnica de Montijo tem na sua Direcção o professor eleito, o t h e r i g t h
m a n i n t h e r i g t h p l a c e que ambicionávamos.
Os alunos e alunas continuavam no seu recreio, despreocupados, entregues aos devaneios da sua mocidade, en q u an to o jornalista, ao retirar, bendizia a hora em que o sonho da nossa terra se transformara naquela realidade sublime.
M Ú S I C A( C o n t i n u a ç ã o d a ú l t i m a p á g . )
pai começou a dar-me licões de solfejo e piano. Em face da minha vocação, meu pai decidiu encorajá-la e desenvolvê-la ao máximo. Em breve senti o desejo de re ger uma orquestra, e como não tinha outras, d ir ig ia .., orquestras in v is ív e is ...
Em face disso, seu pai resolve proporcionar ao filho essa oportunidade e Roberto rege então, pela primeira vez, uma orquestra italiana duma companhia de ópera que passa em t o u r n ê e , em Bayonne, no sul da França. As esperanças confirmam-se, pois, perante o auditório e a responsabilidade do momento ; Roberto conserva o seu sangue frio, a sua presença rítmica, o seu instinto das tonalidades, afirmando desta sorte uma autoridade precoce, e aos dez anos já possui a bagagem dum jovem de dezoito anos.
— Qual foi a ópera que regeu ?
— A abertura do «Barbeiro de Sevilha».
A nossa pergunta de quais foram as orquestras que depois dirigiu, Roberto contesta-nos :
— A primeira foi a O rquestra da S o c i é t é d e s C o n -
c e r t s d u C o n s e r v a t o i r e , numa récita re a liz a d a na Sala Pleyel, em Paris, sob o patrocínio do Presidente da República Francesa, e mais tarde a mesma orquestra, no Teatro dos Campos Elísios, daquela mesma cidade.
Os críticos mais severos confessam-se vencidos pelo talento de jovem, chamando- -lhe «um músico autêntico . A partir de então, diante de Roberto Benzi abre-se uma porta de par em par, uma carreira excepcional, através de várias actuações como
BeliscõesE m v o l t a d o j a r d i m z i n h o
D a P r a ç a C i n c o d e O u t u b r o ,
— T ã o b o n i t o e e n g r a ç a d i n h o ,
A c h e i r a r a v e r d e - r u b r o ! — , A n d a g e n t e i n s a t i s f e i t a ,
S e m p r e a d a r s u a p i a d a . . . S ã o o s « m e s t r e s d e o b r a
f e i t a - » ,
O s t a i s q u e n ã o f a z e m n a d a ,
— F i c a v a m e l h o r a s s i m ,
P o r a q u i e r a m e l h o r .
N ã o g o s t o d e s t e j a s m i m ,
E n ã o g o s t o d e s t a f l o r .
F i c a t o r t o d e s t e l a d o
E d a l i n ã o v a i d i r e i t o .
E r a m e l h o r e m q u a d r a d o ,
F i c a v a m a i s e s c o r r e i t j . . ,— D e v i a t e r s a r a m a g o
h . u m r e p u x o n o c e n t r o .
E d e v i a t e r u m l a g o
C o m m u i t o s p e i x i n h o s
| d e n t r o . . .
E a s s i m , p o r a i t o r a ,
V ã o d a n d o s u a s e n t e n ç a .
P õ e m d e f e i t o s n a F l o r a
E m o s t r a m g t a n d e s a b e n ç a .
M a s d e t o d o s o p r i m e i r o
F o i u m q u e e s t a v a i n d i g n a d o
C o m o s b a n c o s d e p e d r a f r i a .,— G a s t o u - s e m u i t o d i n h e i r o ,
E c o m q u a l q u e r t a b o a d o
M u i t o m e l h o r s e f a z i a !
<í O m u n d o r a l h a d e t u d o ,
T e n h a o u n ã o t e n h a r a z ã o . . . d
C h a m a s s e m o c a b e ç u d o ,
T u d o f a n a u m v i s t ã o 1
— M u i t o b o m s e n s o é p r e c i s o
P a r a a t u r a r q u e m n ã o t e m
[ síso. . .
Homem ao mar
maestro, dirigindo sucessiv a m e n te as Orquestras Collonne, a da S o c i é t é d e s
C o n c e r t s d u C o n s e r v a t o i r e ,
a da Guarda Republicana, de Paris, a L o n d o n S y m -
p h o n i c O r c h e s t r a , de Londres e a P h i l a r m o n i c O r
q u e s t r a da mesma cidade, a S in fó n ic a , de Madrid, a T o n h a l l e , em Zurique, a Orquestra S u i s s e R o m a n d e ,
em Genebra, a O r c h e s t r e
N a t i o n a l l e B e l g e , em Bru- xellas, a Orquestra, da Rádio Turim, a da Rádio de Estocolmo, a Orquestra Real de Copenhague, a Sinfoina de Oslo, a da Rádio de F r a n k t u r t , a Orquestra Sinfónica de Caracas, na Venezuela, a Nacional de Lima, no Perú, a Orquestra Nacional de Bogotá, na Colômbia, depois a da Algéria, e finalmente Roberto vem a Lisboa reger a Orquestra Sinfónica de Madrid e da Emissora Nacional, no Cinema São Luís, a convite da Sociedade de Concertos.
— Qual é o género de música que prefere? perguntei-
— Se bem que eu goste de toda a música, adoro a mú' sica portuguesa e tenho uma paixão muito pariicular pelo vosso fado, que já tive o
prazer de d irig ir:— os fados de Rey Colaço o os de Ru}' Coelho.
Aqui termina, pois, caros leitores, a nossa página de hoje, dedicada à música. L "
m u s i q u e a d o u c i t l e s m o e u f f '
segundo diz o provérb io francês, e eis uma razão mais para que volvamos 0
( C o n t i n u a n a p á g i n a 3 )
m e l h o r e s
t in ta s
p a r a t in g i r e m c a s a
D E P O S I T O G E R A L :
C d S â A r t i , L . DA
Àv. Manuel da M a ia , 1 9 - À
U S B 0 A Telef. 49 312
i- 5-95.8 A P R O V IN C IA 3
A G E N D A
E L E G A M EM O N T J O
AniversáriosA B R IL
— No dia 25 a menina Maria L í dia Pinho Vieira, afilhada da nossa dedicada assinante sr.a D. Laura Bernardes.
— No dia 30, Manuel João de J e sus Mocho, irmão do nosso redactor desportivo Luciano Mocho.
— No dia 30, a s r .a D. Maria Augusta Fernandes dos Santos Futre, esposa do nosso prezado assinaute sr. José Paulo da Silva Futre.
MAIO
— No dia 3, o nosso estimado assinante em Lisboa, sr. Alfredo Gil de Matos.
— No dia 5, o sr. António T av ares Correia, pai da nossa prezada assinante sr.a L). Carmina Oliveira Correia, residentes em Odivelas.
— No dia 6 , a sr.a D. Maria Alice Brissos Palhais, filha do nosso dedicado assinante sr. Fernando de Brissos.
— No mesmo dia, a s r .a D. Maria Jú l ia da Costa Almeida, avó do nosso prezado assinante sr. João da Costa Cartaxo.
— No mesmo dia, a menina Maria Julieta Pinho Moreira, aflhada do nosso estimado assinante sr. Américo Jo sé da Silva.
A p e l o .De Nili e Bèlinha recebemos
dez escudos, em selos, destinados ao doente do Caramulo, sr. Carlos Luís Cardeira.
Confessamo-nos muito gratos pelo gesto.
lunfa Nacional
dos Produtos Pecuários
Campanira Lanar de 19S8
SenhorDirector do Jornal «A Província»
Sendo de interesse para a L a voura, levamos ao conhecimento de V. que pelo Ministério da Economia, foi publicada no «Diário do Governo», uma portaria determinando que a campanha lanar de 1958 se regule pelas normas que vigoraram no ano de 1952 e que constam da portaria n.° 12.831, de 25 de Maio de 1949, pelo que agradecemos o obséquio da sua divulgação.
Á G R À D K I M f N T OA família de Raúl Alexandre
Madrugo, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que se dignaram acompanhá-lo à sua última morada.
/ l l t i ú e í i(Continuação da p á g in a 2)
nosso olhar para uma arte tão bela, embora através destas jjuas crianças cuja predestinação fez delas dois imediatos senhores da batuta, s°bretudo numa época em
os campos arrelvados do ‘utebol atraiem mais público
que as salas de concerto011 os teatros líricos, onde o povo fazia a sua cultura mu- S|cal e por isso, como dizem °s Iranceses, através do pro- ',(írbio que acima cito, os ostumes eram muito mais
Ca|mos, mais elevados.
i n f o r m a ç ã o d o Q ^ ^
Secretariado Pa ro q u ia l --------- ■ ■ ........................................... 1
d e M o n t i j o G r a n d e F e s t i v d l d e G i n a s t a
A G E A D A
U T I L I T Á R I A
SOBRE CINEMA
5.» feira, 1; «DEUS L H E PA GUE». País de Origem - A RGEN TINA. Género - Drama. Principais intérpretes; Ariuro de Cordoba e Zully Moreno.
E n r e d o :— Acusado de ter r o u bado uma grande empresa e desapossado de um seu projecto, um indivíduo é preso. Solto da prisão, faz-se mendigo. Adquire, assim, uma grande fortuna e consegue posição social brilhante. Acaba por comprar a empresa que o mandara prender.
A p recia ção estética: — In terpretação e realização boas.
A p recia çã o m o ra l; — Cenas de grande dramatismo. P A R A A D U L T O S.
Estreado no cinema Odéon em iíí) de Março de 1958.
Sábado, 3; .A VOZ DA SAUDADE».
Nos nossos arquivos não constam quaisquer apontamentos s jb r e este film e .
Domingo, 4; «O COBARDE», País de Origem - E. U. A. Género- Drama. Principais intérpretes: Virginia Leith e William Holden.
E n r e d o : — Um oficial, s o b r e quem recaía uma acusação in justificada, oferece-se para pilotar um foguetão, em substituição do c o mandante da base. Isso leva-o a salvar a vida deste e doutros, pois descobrira deficiências importantes no aparelho. Deste modo o seu nome fica ilibado do labéu infa- mante.
A p r e c i a ç ã o e stética : — T é cnica perfeita, Excelente realização. bom desempenho.
A p reciação m ora l: - Sem in convenientes. PARA TODOS.
Estreado no cinema Império em18 de Novembro de 1957.
3.a feira, 4; «A A U SEN TE». País de Origem - MÉXICO. G é n e r o -D ram a. Principais intérpretes: Arturo de Cordoba e Rosita Q uintana.
E n red o : — Jorge, cuja mulher lhe fora infiel e mais tarde morre num desastre de automóvel, resolve fundar um asilo com o seu nome para que sua filhinha veja sempre, na sua, mãe, um exemplo verdadeiro. E grande o seu desgosto. A perceptora escolhida para a sua filha ajuda-o na sua missão. Apaixonam-se e casam.
A p recia ção e s t é t i c a : — Boa realização. Interpretação equilibrada.
A p recia ção m oral: Grandeintensidade dramática. F ilm e Para A D U L T O S.
Estreado no cinema Odéon em4 de Dezembro de 1957.
Telefone 026 576
7 ?ata â&ai Cfata^taflai
Fofo Montijense
É já no próximo dia l t do corrente, p e l a s 15,30, que na Praça de Toiros se realiza esse Grande Festival, com 180 atletas em desfile.
Este espectáculo, inédito em Montijo, está despertando o maior entusiasmo entre a massa desportiva e entre quantos nutrem a maior simpatia por estas demonstrações de cultura física.
Farão a sua apresentação as Classes do Clube Desportivo de Montijo, e haverá exibições das classes representativas do «Fu te bol Clube Barreirense».
Eis o respectivo
PROGRAMA1.» P A R T E
1 — Desfile dos atletas.2 — Classe Mista Infantil - F. C. B.
Prof. Ribeiro da Costa.3 — Classe de meninas - F. C. B.
Prof . 3 D. Maria Emília Rosália.4 — Classe de meninos - F. C. B.
Prof. Ribeiro da Costa.5 — Classe de homens - C D. M.
Prof. Cotta Dias.
2.a P A K T E
6 — Classe de Raparigas-F. C. B. Prof.a D. Maria Emília Rosália.
1 — Classe Mista Infantil C.D.M. Prof. Cotta Dias.
8 — Classe de Rapazes - F. C. B. Prof. Ribeiro da Costa.
9 — Classe de Senhoras - F. C. B. Prof.a D. Maria Emília Rosália.
10 — Classe de Homens - F. C. B. Prof. Ribeiro da Costa.
As c l a s s e s femininas serão acompanhadas ao piano pela dís-
«A Província» - N.® 163 - 1 '5/1958
A n ú n c i oPelo Ju izo de Direito da Comarca
de Montijo, e l .a secção, se faz saber, que se acha designado o dia 16 de Maio, pelas 10 horas, para a arrematação, em l . a praça, e em hasta pública, à porta do Tribunal desta conaarca, dos bens móveis penhorados, nos autos de execução sumária que Joaquim Jacinto , casado, ferroviário, residente na vila do Barreiro, desta comarca move contra o executado Jo sé de Jesus, comerciante, residente na mesma vila, desta comarca, para haver do dito executado a quantia exequenda de QUATRO M IL ESCUDOS.
Bens a arrematarUma balança «A V ER Y » número
novecentos e vinte A, em estado de nova com o peso de 15 quilos, e uma medidora de azeite marca «avery» número mil cento e seis, tambéin em estado de nova.
M O N T IJO , 18 de Abril de 1958
O chefe de secção a) A n tón io P a ra ca n a
V E R I F I Q U E I :
O Ju iz de Direito, a) Ilid io B ord a lo S o a res
S A N F E R D A
SEDE 11 ARMAZÉNSLISBOA, Rua de S. Julião, 41 -1.° ||| mODTIJO, Rua da Bela Vista
A E R O M O T O R S A N F E R o moinho que resistiu ao ciclone — F E R R O S para construções, A R A M E S , A R C O S , etc.
C IM E N T O P O R T L A N D , T R IT U R A Ç A O de a lim entos para gados
R IC tN O B E L G A para /adubo de batata cebola, etc.C A R R IS , V A G O N E T A S e todo o m aterial para Ca
minho de FerroA R M A Z É N S D E R E C O V A G E M
tinta Professora D. Maria Virgínia Figueira,
E de prever, portanto, um autêntico êxito ao Festival.
Fazemos sinceros votos para que tudo decorra segundo os desejos dos realizadores, a quem cumprimentamos pela bela in iciativa.
Classe feminina de ginástica
Começou já a funcionar, no G inásio do C. D. M., a classe de ginástica para senhoras, sob a direcção da distinta prof.* D. Maria Emília Rosália. — Diplomada pelo I. N. E. F.,
O horário de funcionamento é oseguinte : 2.'' e 4/ feiras, das19,20 às 20,15.
Convidam-se todas as senhoras interessadas a assistirem às referidas aulas.
Peregrinaçãoa Fátima
Nos próximos dias 12 e 13 de Maio, a Casa das Vergas, de Montijo. organiza uma peregrinação ao Santuário de Fátima, a qual parte às 5,30 de Montijo, no 1 .® dia, regressando no dia seguinte pela tarde.
Tanto na ida como na volta há paragens nas Caldas, na Batalha, em Alcobaça, na Nazaré, na Marinha Grande, e em Vila Franca, com visitas a Fábricas e locais turísticos.
Relatório da Gerência
Municipal de 1957Da Câmara Municipal recebemos
um exemplar deste Relatório, o que muito agradecemos.
Como sempre, far-lhe-emos as nossas referências e considerações, o que não fazemos já neste nú mero de «A Província» por falta absoluta de espaço, proveniente do acidente tipográfico que noutro lugar noticiamos.
Trespassa-seD R O G A R I A - F E R R A G E N S
ou qualquer ramo. Tem habitação. Serve para S ta n d .
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Precisa-seEmpregada de 15 a 16 anos. Informa na Rua da Bela Vista, 63
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local, em conta, vende-se.Trata-se R. Correeiros 105 107
Lisboa, telef. 24527.
Trespassa-se— M ERCEAR IA , no Montijo. Resposta a esta redacção.
Vende-se— Uma fundição de todos os
metais.Resposta a esta redacção.
farmdcios de Serviço
5 .* - f e i r a , 1 — M o d e r n a
6. ’ - f e i r a , 2 — H i g i e n e
S á b a d o , 3 — D / o g o
Domingo, 4 — G i r a l d e s2 ." - f e i r a , 5 — M o n t e p i o
3.“ - f e i r a , 6 — M o d e r n a4.* - f e i r a , 7 — H i g i e n e
Boletim Raligioso
Culto CatólicoM ISSA S
5.a-feira, às 8,30 e 9 h.6 ,a-feira, às 9 e 19 h.Sábado, às 8,30 e 9 h.Domingo, às 8 , 10, 11,30 h.,
Terço e bênção, às 18,30 e 19 h., na Igre ja Paroquial, Devoção do mês de Maria;às 9, h. no Afonsoeiro; e 11,30 h, na Atalaia.
Culto EvangélicoHorário dos serviços religiosos
na Igreja Evangélica Presbiteriana do Salvador — Rua Santos Oliveira,4 - Montijo.
D o m in g o s — Escola domiriical, às 1 0 horas, para crianças, jovèna e adultos. Culto divino, às 11 e2 1 horas.
Q u a rta s-fe ira s —.Culto ab re viado, com ensaio de cânticos re l i giosos, às 2 1 horas.
S e x t a s - fe ir a s — Reunião de Oração, às 21 horas.
No segundo domingo de cada mês, celebração da Ceia do Senhor, mais vulgarmente conhecida por Eucarística Sagrada Comunhão.
Ig reja P entecostal, Rua A le x a n d r e H erculano, 5-A - M ontijo.
D o m in g o s: — Escola Dominical, às 11,30 h.; Prègação do Evangelho, às 2 1 h.
Q uin ta s f e i r a s : - - Prègação do Evangelho, ás 21 h.
Espectáculos
CINEMA T E A T R O
JOAQUIM DE ALMEIDA
5.a feira, 1; (Para 17 anos), Uma reposição sensacional que não necessita de réclam o: «Deus lhe Pague»; no p rogram a: complementos c u r t o s e Cine Jornala.° 484.
Sábado, 3 ; (Para 12 anos), A bela comédia-dramática alemã em A gfacolor: «A Voz da Saudade», um f i lm e alegre e sentimental com Cristine kaufmann ; no program a: complementos curtos e Imagens de Portugal n .° 136.
Domingo, 4 ; (Para 12 anos) Matinée às 15,30 - Soirée às 21,30.O f ilm e em Warnerscópio e War- nercolor : «O Cobarde», com W illiam Holden, Lloyd Nolan, e Virgínia Leith ; no programa : com plementos curtos.
2.a feira, 5 ; (A ’s 18 horas) M atin ée in fa n til com os film e» cómicos: «Duplo Triunfo», «Grandes Pândegos», e «Diabruras de Bucha e Estica».
3.a feira, 6 ; (Para 17 anos) Arturo de Cordoba e Rosita Quintana, no film e : «A Ausente»; uma película sublime, emotiva, romântica, e humana. No program a: complementos curtos e Noticiário Universal n.° 131.
Balança Exacta— VEN DE. Praça da República
75 - M ONTIJO.
4 A P R O V IN C IA 1 -5.958
U m a p á g i n a d e M ú s i c a $Nem só de pão vive 0
homem, mas também de recordações e, se recordar é viver, quão grato nos é, por vezes, folhearmos 0 álbum secreto dos nossos mais belos momentos vividos e rev iver e s s a s recordações, esses momentos deliciosos através das milhentas entrevistas que fizemos com artistas de grande nome que deixaram no seu rasto, na sua passagem pela nossa terra, uma auréola de magnificência arlístiça.
Vem hoje a talho de foice a música, essa bela dádiva de Deus. E ao folhear 0 meu ca d e rn o de apontamentos,
I T Á L I A , país
anotados no decorrer dns minhas lides jornalísticas nos bastidores dos teatros, dos e s tú d io s cinematográficos, ou das «caixas» dos circos, atraiu hoje a minha atenção a velha Itália com todo 0 seu cortejo de cantores e de músicos italianos, e até portugueses ilustres que ali foram um dia buscar os ensinamentos grandiosos dos seus colegas na Arte e na latinidade. E se bem me lembro, a minha primeira entrevista foi com o nosso grande Tomás Alcaide, alentejano de rija têmpera que, no Scala de M ilão, recebeu 0 baptismo da arte do bel- -canto e nesse capítulo deu cartas em Portugal e no mundo inteiro, nas suas múltiplas actuações.
M as, volvamos 0 nosso olhar para os pequenos : — Giannella de Marco, que entre nós actuou com êxito no Coliseu dos Recreios, como maestrina, e Roberto Benzi que, igualmente como maestro, regeu uma orquestra no Teatro de S . Luís. Do meu contacto com ambos recordo com encanto esses dois meninos prodígios, italianos que, entre nós, deixaram uma recordação indelével, não só pelo talento, como até pela lhaneza do seu espírito de pequenos artistas mas com As grandes.
Isso pertence um pouco já ao passado, dirá 0 leitor, talvez com certa razão; mas, nem por isso 0 recordar nestas singelas linhas que vão evocar as suas entrevistas desmerecerá de q u a lq u e r modo, nem 0 valor desses então «garotos», mas senhores da batuta, nem, quiçá, 0 interesse do trabalho que aqui reproduzo.
Imagine 0 leitor que está
confortavelmente s e n ta d o num «fauteil» de determinado teatro, — um teatro imaginário que deixo à vossa escolha, e deixe que 0 pano de boca se erga para lhe apresentar estes momentos retrospectivos que um dia v iv i.
— E is a mais jovem e mais
GIANNELLA
DE
MARCO
linda maestrina do mundo — Giannella de Marco 1
Um «chasseur» de fardeta escura coriduz-me ao quarto número um, no Hotel A v e nida Palace, de Lisboa, onde vou entrevistar Giannella de Marco que actuou entre nós, no Coliseu dos Recreios, de Lisboa e do Porto, onde veio reger a Orquestra Filarmónica de Madrid, composta de 90 figuras.
Dumaloireza deslumbrante e d u m a graciosidade que encanta 0 mais insensível dos jornalistas, a maestrina recebe-me, não com 0 protocolo dos artistas adultos, mas com a graciosidade da sua infância, ou seja, diferentemente da maneira como se apresenta perante 0 público, quando, de batuta em riste, dirige as suas óperas e os seus concertos sinfónicos.
— Gosta de Portugal ? — perguntámos.
— Sim . Imenso.— Porquê ?— Porque a sua paisagem
me recorda a minha Itália querida, e ta m b é m pelo acolhimento encantador que 0 público português me dispensou.
— Quantas actuações conta no seu activo ?
— M ais de 700, nos principais países do m undo: Itália, Inglaterra, Espanha, Argentina, Brasil, França, e 0 vosso encantador Portugal.
— Quer citar-me os títulos de algumas das óperas que já regeu ?
— Com todo 0 gosto. E Giannella começa a desfolhar 0 seu corolário m usica l: Traviata, Boémia, Madame Butterfly, Aida', Tosca, Lucia di Lamermoor, R ig o le t to ,
U m a r t i g o d e
Aníbal AnjosPalhaços, Cavalaria Rusti- cana, Carmen, Fausto, Don G iovanni, Trovador, Gua- rany, Amigo Fritz, Ressurreição, Avé Maria, Barbeiro di Sevig lia, Don Pasqualle, Norma, Orfeu e Eurídice, Otello, Manon e Mefistófe- les, sem falar em muitíssimos concertos também.
— A propósito : — Constou-me qualquer coisa a respeito da sua actuação na Aida. O que há de verdade nesse caso ?
nos outros países, quando, exactamente, Verdi é 0 meu compositor preferido. Então pedi que essa ópera fosse incluída na minha actuação no seu país.
— Está contente ?— Muitíssimo. Os empre
sários portugueses são tão simpáticos que logo concordaram com 0 meu pedido e por isso lhes estou muito grata, pois foi para mim 0 sucesso que eu há muito esperava, por me sentir com capacidade para 0 fazer. É uma recordação e um favor que eu nunca poderei esquecer que devo aos portugueses.
O n 08B0 c o la b o r a d o r A n ib a l k n jo e en trevista n d o o jovem m aestro R O B E R T O B E N Z I, q u a n d o ele n o s visitou.
— Sim , de facto, no meu contrato com Portugal existia uma condição «sina qua non» de eu reger a ópera Aida, pelo facto de me ser vedado regê-la em Itália è
Calorosamente ovacionada nos principais teatros líricos do mundo, só assim se compreende a frase de Sua San tidade Pio X II para a jovem artista (nove anos apenas),
Y O S H U R T
E>Oh DIAFonte de Saúde e Energia
P r e p a r a d o s o b c o n t r o l e c i e n t í f i c o
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BIOLACTA - 1 , LUÍS flUOUStOL I S B O A -
1,15-1BT e l e f . 7 7 5 0 2 7
q u an d o da sua primeira co m u n h ã o , em Rom a: — «Este anjo loiro, enviado de D e u s» .. .
Depois, G ia n n e l l a de Marco conta-nos as suas melhores recordações até então, acontecidas no decorrer da sua carreira artística:
— E com 0 seu ar cândido e sereno, a «garota», para quem a batuta não tem segredos, diz-nos na singeleza nata da sua maneira de ser:
— A visita a Sua Santidade e 0 ter tido a honra de reger na presença de Sua Excelência 0 Senhor Presidente da República Portuguesa. Pena é que só tivesse sabido da sua presença alguns momentos antes do espectáculo, pois gostaria de ter ensaiado ■d «Portuguesa», para a reger eu própria.
M as Giannella, uma vez largada a b a tu ta , é uma criança perfeita, que se interessa pelas bonecas e que faz travessuras.como as demais. •>
A propósito conta-nos ali que ela receou, no Jardim Zoológico de . Lisboa, dar uma moeda de cinquenta cenfavos ao elefante, dizendo : — Não, nâo. E se ele me levar a m ão?
Mas, em compensação, não hesitou em saltar a ve- dação^da jaula dos leões, porlfquerer à v iva força fazer-lhes festas.
Vejamos, em contrapartida 0 que a seu respeito disse 0 «Diário de Notícias», do Rio de Janeiro : — «0 Teatro Nacional superlotado aplaudiu Giannella de Marco delirantemente, fasc inado pela sua graça infantil que contrasta com a sua atitude de seriedade e compostura, em cena». «A Noite», da mesma c id a d e , relata : ~ M ilagre do subconsciente? Fenómeno de intuição musical ? Reincarnação de Mozart ou Haydn ? ! Não se sabe, nem se consegue sabê-lo. Sabemos, e isto nos basta, que ela é maravilhosa.
Ouvindo 0 jovem maestro
R O B E R T O B í N Z IItaliano de descendência,
embora nascido em Marselha, em 12 de Dezembro de 1937, 0 jovem Maestro Ro- berto Benzi, com a sua cabeleira r e v o l t a , de olhar franco e maneiras de verdadeiro g e n t l e m a n , recebeu-me com uma afabilidade desconcertante na sala de visitas do Hotel Borges, em Lisboa.
— Como n asce u a sua vocação para a música e sobretudo para chefe de orquestra ?
— Educado num meio mu- sical, pois meu pai é director duma escola de músic3' em Biella, na Itália, des® os primeiros anos que demonstrei um ouvido infalí\’e e uma memória auditiva taj) pronunciada que, desde 1 I idade de quatro anos,
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