Post on 05-Oct-2018
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
OS ASPECTOS PSICO-EMOCIONAIS RELACIONADOS AO ELEMENTO
MADEIRA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA - UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
SUELY BERNARDETE D’ALESSANDRO
FLORIANÓPOLIS, MARÇO DE 2009.
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
OS ASPECTOS PSICO-EMOCIONAIS RELACIONADOS AO ELEMENTO
MADEIRA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA - UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Trabalho de Conclusão de curso
apresentado para obtenção do grau
de pós-graduado em Acupuntura pelo
Centro Integrado de Estudos e
Pesquisa do Homem – CIEPH.
Orientadora: Emiliana Domingues da
Cunha da Silva
FLORIANÓPOLIS, MARÇO DE 2009.
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
OS ASPECTOS PSICO-EMOCIONAIS RELACIONADOS AO ELEMENTO
MADEIRA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA - UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Trabalho de Conclusão de curso
aprovado pela banca examinadora
para obtenção do grau de pós-
graduação em Acupuntura pelo
Centro Integrado de Estudos e
Pesquisa do Homem – CIEPH.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
PROF. EMILIANA DOMINGUES DA CUNHA DA SILVA
CIEPH – ORIENTADORA
______________________________________
PROF. MARCELO FABIÁN OLIVA – CIEPH
______________________________________
PROF. TÁTILA DE SOUZA BARCALA – CIEPH
FLORIANÓPOLIS, MARÇO DE 2009.
“Só aqueles que desfrutam de harmonia em suas almas conhecem a
harmonia que permeia toda a natureza. Quem quer que não tenha essa
harmonia interior sente, também, sua falta no mundo. A mente caótica vê
caos em toda parte. Como pode alguém saber o que é paz se nunca a
provou? Aquele que tem paz interior, entretanto, pode permanecer nesse
estado até em meio às discórdias que haja no seu exterior”.
(Paramahansa Yogananda)
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................x
LISTA DE TABELAS...................................................................................................xi
I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................13
1.1 PROBLEMA
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................14
1.2.1 Objetivo Geral ...........................................................................................14
1.2.2 Objetivo Específico ...................................................................................15
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................15
II . REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................16
2.1 A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ......................................................16
2.1.1 Yin e Yang ...............................................................................................17
2.1.2 Qi .............................................................................................................18
2.2 OS CINCO ELEMENTOS .................................................................................20
2.2.1 O Elemento Madeira ..............................................................................22
2.3 AS CINCO EMOÇÕES ......................................................................................24
2.3.1 A Alma Etérea - Hun ..............................................................................24
2.3.1.1 As Funções da Alma Etérea..........................................................25
2.3.1.2 Hun e a Doença.............................................................................27
2.3.1.3 Tratamento....................................................................................27
2.4 O FÌGADO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ..............................28
2.4.1 As Principais Funções do Fígado.............................................................28
2.4.1.1 Armazenar e regular o sangue ......................................................28
2.4.1.2 Aplainar e assegurar a regulação de Qi através de todo o
organismo ...................................................................................................30
2.4.1.3 Controlar os Tendões e Manifestar-se nas Unhas ..........................32
2.4.1.4 Ter Sua Abertura nos Olhos ..........................................................33
2.4.1.5 Abrigar a Alma Etérea (Hun).........................................................33
2.5 A PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO DO ELEMENTO MADEIRA..........34
2.5.1 A Personalidade do Tipo Madeira Yin ....... .........................................34
2.5.1.1 Combinação de Pontos .................................................................35
2.5.1.2 Explicação dos Pontos...................................................................35
2.5.2 A Personalidade do Tipo Madeira Yang...............................................36
2.5.2.1 Combinação de Pontos ..................................................................37
2.5.2.2 Explicação dos Pontos ...................................................................37
2.6 SINDROMES DO FÍGADO E DA VESICULA BILIAR...................................38
2.6.1 Estagnação do Qi do Fígado....................................................................39
2.6.1.1 Etiologia.........................................................................................39
2.6.1.2 Sintomatologia ...............................................................................40
2.6.1.3 Orientação Terapêutica ..................................................................40
2.6.1.4 Pontos de Acupuntura ....................................................................40
2.6.1.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................................41
2.6.2 Ascensão do Fogo no Fígado.....................................................................41
2.6.2.1 Etiologia...........................................................................................41
2.6.2.2 Sintomatologia.................................................................................41
2.6.2.3 Orientação Terapêutica ...................................................................42
2.6.2.4 Pontos de Acupuntura.....................................................................42
2.6.2.5 Relações com a Medicina Ocidental ..............................................42
2.6.3 Insuficiência de Sangue no Fígado .........................................................42
2.6.3.1 Etiologia.........................................................................................42
2.6.3.2 Sintomatologia ..............................................................................43
2.6.3.3 Orientação Terapêutica .................................................................43
2.6.3.4 Pontos de Acupuntura ...................................................................44
2.6.3.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................................44
2.6.4 Hiperatividade de Yang no Fígado ........................................................44
2.6.4.1 Etiologia ........................................................................................44
2.6.4.2 Sintomatologia ...............................................................................45
2.6.4.3 Orientação Terapêutica ..................................................................45
2.6.4.4 Pontos de Acupuntura ...................................................................46
2.6.4.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................................46
2.6.5 Vento Interno no Fígado .........................................................................46
2.6.5.1 Vento Produzido Pelo Yang do Fígado .........................................46
2.6.5.1.1 Etiologia .........................................................................46
2.6.5.1.2 Sintomatologia ...............................................................47
2.6.5.1.3 Orientação Terapêutica ..................................................47
2.6.5.1.4 Pontos de Acupuntura ....................................................47
2.6.5.1.5 Relações com a Medicina Ocidental ..............................48
2.6.5.2 Vento Produzido Pelo Calor Excessivo ........................................48
2.6.5.2.1 Etiologia ........................................................................48
2.6.5.2.2 Sintomatologia ..............................................................48
2.6.5.2.3 Orientação Terapêutica .................................................49
2.6.5.2.4 Pontos de Acupuntura ....................................................49
2.6.5.2.5 Relações com a Medicina Ocidental ..............................49
2.6.5.3 Vento Causado por Deficiência de Sangue do Fígado .................49
2.6.5.3.1 Etiologia ........................................................................49
2.6.5.3.2 Sintomatologia ..............................................................50
2.6.5.3.3 Orientação Terapêutica ................................................50
2.6.5.3.4 Pontos de Acupuntura ...................................................50
2.6.5.3.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................50
2.6.6 Frio Estagnado no Meridiano do Fígado ..............................................50
2.6.6.1 Etiologia ........................................................................................50
2.6.6.2 Sintomatologia ...............................................................................51
2.6.6.3 Orientação Terapêutica ..................................................................51
2.6.6.4 Pontos de Acupuntura ....................................................................52
2.6.6.5 Relações com a Medicina Ocidental ..............................................52
2.6.7 Calor-Umidade No Fígado e na Vesícula Biliar ....................................52
2.6.7.1 Etiologia .........................................................................................52
2.6.7.2 Sintomatologia ...............................................................................53
2.6.7.3 Orientação Terapêutica ..................................................................53
2.6.7.4 Pontos de Acupuntura ....................................................................53
2.6.7.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................................54
2.6.8 Deficiência da Vesícula Biliar ................................................................54
2.6.8.1 Etiologia ........................................................................................54
2.6.8.2 Sintomatologia ..............................................................................54
2.6.8.3 Orientação Terapêutica .................................................................55
2.6.8.4 Pontos de Acupuntura ...................................................................55
2.6.8.5 Relações com a Medicina Ocidental .............................................55
2.7 EMOÇÕES PREDOMINANTES DO ELEMENTO MADEIRA.......................55
2.7.1 A Raiva......................................................................................................56
2.7.1.1 O Equilíbrio da Raiva ....................................................................58
2.7.2 A Depressão..............................................................................................59
2.7.2.1 O Equilíbrio da Depressão..............................................................61
2.8 AS PATOLOGIAS FÍSICAS E EMOCIONAIS LIGADAS AO
DESEQUILÍBRIO DO ELEMENTO MADEIRA....................................................62
2.8.1 Bruxismo ....................................................................................................64
2.8.2 Cálculo na Vesícula Biliar ........................................................................64
2.8.3 Fibromialgia ..............................................................................................65
2.8.4 Hepatite ......................................................................................................65
2.8.5 Hipertensão ...............................................................................................66
2.8.6 Síndrome de Ménière ...............................................................................66
2.8.7 Problemas Oculares ..................................................................................67
2.8.7.1 Astigmatismo ..................................................................................67
2.8.7.2 Catarata ..........................................................................................67
2.8.7.3 Conjuntivite ....................................................................................68
2.8.7.4 Glaucoma ........................................................................................68
2.8.7.5 Miopia .............................................................................................69
2.8.7.6 Secura ou Lacrimejamento Excessivo dos Olhos ...........................70
2.8.8 Tendinite ....................................................................................................70
2.8.9 Torcicolo ....................................................................................................70
2.8.10 Considerações...........................................................................................71
III. METOLOGIA DE PESQUISA.............................................................................72
IV. CONCLUSÃO ........................................................................................................73
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................75
RESUMO
Para a Medicina Tradicional Chinesa as doenças são resultantes do desequilíbrio
energético do organismo. O desequilíbrio pode ser causado por fatores externos (como o
vento, o calor, o frio, a umidade, a secura) ou por fatores internos (as emoções). Cada
órgão do corpo (fígado, pulmão, rim, coração, baço-pâncreas) está relacionado a uma
emoção (raiva, tristeza, medo, alegria, pensamento obsessivo) e a um elemento
(madeira, metal, água, fogo ou terra). O presente trabalho é uma revisão bibliográfica
sobre o Elemento Madeira, seu órgão correspondente que é o Fígado e seus aspectos
emocionais. Os aspectos emocionais que envolvem o Fígado e o Elemento Madeira são
a raiva (e suas variações como ódio, irritabilidade, impaciência, mágoa, frustração), e a
depressão. Quando a função do Fígado é normal, o estado é de felicidade. Quando é
obstruída, gera frustração, depressão ou fúria. O foco de pesquisa está nas principais
funções do Fígado, nas emoções e nas características de personalidade relacionadas ao
Elemento Madeira. Descrevem-se aqui as características da Personalidade do Tipo
Madeira Yin e da Personalidade do Tipo Madeira Yang. A pessoa Tipo Madeira Yin
tende a ser tímida, insegura, indecisa e está constantemente em conflito acerca de si
mesma, tendo dúvidas sobre sua própria identidade e sobre o caminho a seguir na vida.
Já a pessoa do Tipo Madeira Yang tende a ser dominadora, e por vezes intolerante e
agressiva. Além de sua relação com o tipo de personalidade e com as emoções, as
principais funções do Fígado são armazenar e regular o sangue, assegurar a regulação de
Qi através de todo o organismo, contribuir para a digestão e assimilação dos alimentos,
influir na movimentação do Triplo Aquecedor e na liberação da Via das Águas,
controlar os tendões, manifestar-se nas unhas, ter sua abertura nos olhos e abrigar a
Alma Etérea (Hun). As síndromes do Elemento Madeira apresentadas são a Estagnação
do Qi do Fígado, a Ascensão do Fogo no Fígado, a Insuficiência de Sangue no Fígado, a
Hiperatividade de Yang no Fígado, o Vento Interno no Fígado, o Frio Estagnado no
Meridiano do Fígado, o Calor-Umidade no Fígado e na Vesícula Biliar e a Deficiência
da Vesícula Biliar. Todas essas síndromes podem causar uma diversidade de sintomas
como depressão, agitação, fadiga, distúrbios menstruais, cefaléia, vertigem, tontura,
tinido, pesadelos, problemas oculares, tiques musculares, cãibras, dificuldade de falar e
caminhar, abatimento, anorexia, vômito, náusea, gosto amargo na boca. Levantam-se
informações e possibilidades de tratamento para as emoções predominantes do
Elemento Madeira quando em desequilíbrio, que são a raiva e a depressão. Existem
algumas patologias relacionadas ao desequilíbrio do Elemento Madeira como bruxismo,
cálculo na Vesícula Biliar, fibromialgia, hepatite, hipertensão, síndrome de Ménière,
tendinite, torcicolo e problemas oculares.
Palavras Chaves: Medicina Tradicional Chinesa, Elemento Madeira, Fígado, Equilíbrio,
Desequilíbrio, Emoções.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Algumas das principais correspondências dos Cinco Elementos....................21
Tabela 2. Combinação de Pontos para o Tipo Madeira Yin............................................35
Tabela 3. Combinação de Pontos para o Tipo Madeira Yang.........................................37
Tabela 4. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Raiva.........................................59
Tabela 5. Tipos de Depressão relacionados ao Elemento Madeira.................................60
Tabela 6. Tipos de Depressão relacionados ao Elemento Madeira + Associações.........60
Tabela 7. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Depressão de acordo com
ROSS...............................................................................................................................61
Tabela 8. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Depressão de acordo com outros
autores..............................................................................................................................61
13
I. INTRODUÇÃO
O pensamento chinês nasceu da observação das relações existentes entre o
homem e seu meio ambiente. A observação destes fenômenos originou o conteúdo
filosófico que, transposto para o corpo humano, deu origem à teoria básica da Medicina
Tradicional Chinesa. De acordo com essa teoria, a doença é compreendida como um
estado de desarmonia, como um desequilíbrio na interação entre o corpo e o meio
ambiente. O tratamento do desequilíbrio consiste em resgatar a harmonia: a harmonia
que está dentro do indivíduo, entre o indivíduo e a natureza, e entre o indivíduo e o
meio social com o qual ele convive.
A teoria básica da Medicina Tradicional Chinesa é ampla, e é necessário
conhecê-la para que se possa compreender o pensamento que determina a forma de
tratamento realizada pela acupuntura. Envolve conceitos como Yin, Yang, Qi, Cinco
Elementos e estes são abordados de forma introdutória no presente trabalho. Em função
da amplitude destes e de muitos outros conceitos, fez-se necessário manter um foco
específico para esta revisão bibliográfica: o foco está no Elemento Madeira, que é um
dos Cinco Elementos, e nas emoções a ele associadas. O presente trabalho reúne
informações relacionadas a este elemento trazidas por diversos autores, bem como
algumas possibilidades de se buscar o equilíbrio emocional por meio do tratamento pela
acupuntura.
Como é crescente o número de pessoas que procura atendimento com queixa de
depressão, pode ser de grande contribuição o entendimento da depressão e de outras
emoções relacionadas sob o ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa. Há cinco
diferentes formas de depressão de acordo com a filosofia chinesa, e uma delas envolve o
Elemento Madeira e o Fígado. É bastante comum eles estarem diretamente relacionados
com a maior parte das pessoas que apresentam estados depressivos, embora não sejam
os únicos envolvidos em todos os tipos de depressão. Aqui o trabalho se desenvolverá
atendo-se somente aos aspectos emocionais associados ao tema.
1.1 PROBLEMA
Nos tempos atuais, especialmente em consultórios de psicologia, tem-se
observado uma crescente busca de tratamento por pessoas com queixas relacionadas à
depressão e a irritabilidade. Grande parte dessas pessoas diagnosticadas como
depressivas já faz uso de algum tipo de medicamento antidepressivo e busca a
psicoterapia com a finalidade de encontrar mudanças, respostas e alívio para seus
sentimentos desconfortantes.
Frente a essa crescente demanda, observa-se também que a busca por terapias
complementares ou alternativas tem sido frequentes, uma vez que muitas pessoas
recusam-se a fazer psicoterapia e/ou rejeitam o uso de medicamentos alopáticos.
Dentre algumas possibilidades de tratamento que têm por objetivo minimizar o
sofrimento humano, a acupuntura tem sido empregada como uma técnica da Medicina
Chinesa para o equilíbrio de aspectos emocionais como a depressão, observando-se
resultados satisfatórios na qualidade de vida dessas pessoas sem os efeitos colaterais
que muitas vezes envolvem o uso de medicamentos alopáticos empregados para esse
fim.
Desta forma, com o propósito de pesquisar bibliograficamente a visão da
Medicina Chinesa sobre aspectos emocionais relacionados ao elemento Madeira,
formula-se a pergunta: “Como a Medicina Chinesa aborda os aspectos emocionais
relacionados ao elemento Madeira?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo geral abordar as emoções predominantes
relacionadas ao elemento Madeira, suas características e algumas patologias associadas.
1.2.2 Objetivo Específico
- Reunir em um único texto os aspectos emocionais relacionados ao elemento
Madeira na Medicina Chinesa segundo a percepção de diversos autores;
- Apresentar os aspectos emocionais, algumas patologias e a terapêutica que
envolve o Fígado e o elemento Madeira, de acordo com a Medicina Chinesa;
- Facilitar o acesso a informações relacionadas a questões emocionais
relacionadas ao elemento Madeira.
1.3 JUSTIFICATIVA
A intenção desta revisão bibliográfica é reunir em um só texto informações
obtidas através de pesquisa sobre as emoções associadas ao Elemento Madeira,
buscando assim a organização e o acesso facilitado a dados que possam contribuir para
o tratamento de pacientes pela acupuntura.
II. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Uma tradição tão valiosa baseia-se firmemente na convicção de que a
humanidade é uma parte importante da natureza e de que a saúde só pode ser obtida se o
homem reconhecer, clara e ativamente, esse fato. A doença é a incapacidade de viver
em harmonia com as leis da natureza e a contribuição mais apreciável do oriente diz
respeito ao campo de sua prevenção. A base filosófica da medicina oriental é o
Taoísmo, O Caminho da Vida, uma escola de pensamento cuja origem remonta aos
tempos pré-históricos. Seus princípios fundamentais baseiam-se na premissa de que
todos os fenômenos existem dentro de um espaço infinito, são recíprocos, relativos, e
todas as coisas contém energia ou vibração e encontram-se em perpétuo estado de
mudança (HILL e TARA).
Na China, há três mil anos, não havia microscópio para a detecção de bactérias
ou vírus, mas já era possível descrever a entrada de “agentes perversos externos”
causadores de doenças, como o vento-frio, vento-calor, dependendo dos sintomas
observados. Também não havia a classificação das doenças como é feita atualmente
pelos ocidentais, como a depressão, artrite, hipertensão. Assim os padrões de
funcionamento do corpo foram agrupados em torno dos cinco elementos: Água,
Madeira, Fogo, Terra e Metal. Além dos cinco elementos, dispõe-se dos oito princípios:
Yin e Yang, Profundo, Superficial, Vazio, Excesso, Frio e Calor. Os diagnósticos de
quadros clínicos e síndromes são realizados a partir da interação dos cinco elementos e
dos oito princípios (CAMPIGLIA, 2004).
De acordo com Wolfe (1992), um dos aspectos mais claros da Medicina Chinesa
é que ela nunca criou a divisão entre mente e corpo. O mental e emocional acompanham
determinados padrões de doenças, e espera-se que os sintomas emocionais respondam
ao tratamento da mesma forma que qualquer sintoma físico. Essa forma de ver o homem
faz da Medicina Chinesa um dos mais holísticos sistemas médicos disponíveis na
atualidade.
2.1.1 Yin e Yang
De acordo com MACIOCIA (1995), possivelmente o conceito de Yin e Yang é a
base mais importante da teoria e da prática da Medicina Chinesa. Representam
qualidades opostas e também complementares. Cada coisa ou fenômeno existe por si
mesmo ou pelo seu oposto. Além disso, um contém o outro: Yin contém a semente de
Yang e Yang contém a semente de Yin.
Os caracteres chineses para Yin-Yang relacionam-se ao lado escuro e ao lado
ensolarado de uma colina. O Yin indica o lado escuro, sombrio, enquanto o Yang indica
o lado ensolarado, luminoso. Da mesma forma, o Yang corresponde ao dia, à atividade,
e o Yin à noite, ao descanso. Ambos compõem um movimento cíclico em que um
interfere no outro e cede lugar ao outro: o dia cede lugar à noite, o verão ao inverno, o
crescimento à deterioração, a expansão à contração, o quente ao frio, a ascendência à
descendência, e vice-versa. Essa interação e alternância são as forças que regem todos
os fenômenos do universo, toda a modificação, todo o desenvolvimento e a deterioração
das coisas. O ponto principal da interdependência de Yin-Yang é que embora sejam
opostos, eles formam uma unidade e são complementares: um contém o outro; nada é
totalmente Yin ou totalmente Yang; Yang transforma-se em Yin e vive-versa
(MACIOCIA, 1996).
Os mesmos princípios Yin-Yang são utilizados para explicar a estrutura do
corpo humano, suas funções fisiológicas, as causas e a evolução das doenças, bem como
servem de guia para o diagnóstico e tratamento do indivíduo (AUTEROCHE &
NAVAILH, 1992).
Qualquer parte do corpo humano apresenta um caráter preponderantemente Yin
ou Yang. Deve-se ter em mente que esse caráter é relativo, como por exemplo, o tórax
(por ser mais alto) é Yang em relação a abdome, mas é mais Yin em relação à cabeça
(por ficar abaixo dela). Como regra geral, o Yang está relacionado à estrutura corpórea
superior, exterior, superfície póstero-lateral, costas e função. O Yin relaciona-se à parte
inferior, interior, superfície ântero-medial, frente e estrutura. (MACIOCIA, 1996).
Não há medicina chinesa sem Yin-Yang. Todo o sintoma e todo o processo
fisiológico podem ser analisados de acordo com essa teoria e, conseqüentemente, o
tratamento é enfocado em uma dessas quatro estratégias: tonificar o Yang, tonificar o
Yin, eliminar o excesso de Yang, eliminar o excesso de Yin (MACIOCIA, 1996).
Yin e Yang estão em fluxo e numa interação constante no homem e na natureza.
A saúde está no equilíbrio desse sistema, embora ele não seja estático. Se a relação é
harmoniosa no corpo, na natureza e na relação entre ambos, há o equilíbrio. Caso
contrário, há desconforto e desequilíbrio. A medicina chinesa enfatiza o relacionamento
entre o homem e seu meio ambiente, e leva isso em consideração para determinar as
causas, o diagnóstico e o tratamento das doenças.
A saúde depende do equilíbrio entre Yin e Yang, primeiro no corpo e depois no
universo inteiro. Este equilíbrio deve ser conservado, caso contrário surge a doença
(HILL e NEIL).
Enquanto houver movimento e transformação, há vida. Quando houver a
estagnação e a separação do Yin e do Yang, a vida não poderá prosseguir.
2.1.2 Qi
Designado pelos chineses, o Qi é o veículo através do qual o Yin e o Yang
atuam sobre todas as coisas. Ele indica a energia dinâmica, a força invisível presente em
todas as coisas. Encontramos Qi em todos elementos do reino mineral, vegetal, animal
ou específicos de ser humano, mas a proporção e a qualidade dessa energia variam
segundo os diferentes fenômenos. Quando uma pessoa é saudável e está em sintonia
com seu meio, seu Qi está em sintonia com aquilo que a rodeia. Pode-se dizer que o
objetivo da medicina oriental consiste em potencializar ao máximo a corrente
harmoniosa de Qi no corpo (HILL e TARA).
De acordo com MIN e DARELLA (2002), os filósofos chineses consideravam
que o Qi é a substância mais básica do mundo e que todos os objetos do universo são
formados pelo movimento e transformação de Qi. O homem é fruto da união do Qi do
Céu e da Terra, como foi citado em NEI JING, SU WEN, cap.25: “A união de Qi do
Céu e da Terra é chamado homem”.
Segundo MACIOCIA (1995), o Qi é uma energia que se manifesta
simultaneamente sobre os níveis físico e espiritual. É um estado constante de fluxo em
estados variados de agregação, isto é, quando o Qi se condensa a energia se transforma
e se acumula em forma física. Assim, há várias manifestações de Qi: do mais tênue e
rarefeito até o mais denso e duro. Sua forma se modifica de acordo com sua localização
e sua função, embora seja o mesmo Qi com “diferentes vestimentas”.
“Qi é a energia que circula nos Meridianos, é a chama
que mantém a vida e põe os seres em movimento. Qi é o próprio
movimento, é a força vital, é o fio condutor”. "Entre as várias
formas de apresentação do Qi, podemos citar o Qi dos alimentos
ou a energia dos alimentos, o Qi ancestral ou a energia herdada
dos pais, o Qi de defesa que impede o adoecimento, o Qi do
tórax, ligado à respiração, etc. Todos esses são qualidades da
mesma entidade, são funções dessa energia que está no corpo e
no universo, no microcosmo e no macrocosmo, que está em todos
os seres vivos (CAMPIGLIA, 2004, p.17).
Para WOLFE (1992), não há vida no homem se não houver o Qi. Quando o Qi
se junta é chamado de vida, quando se separa é chamado de morte. O fluxo de Qi é
chamado de saúde e o bloqueio de Qi é chamado de doença. Todo o movimento é
causado pelo Qi. Quando o Qi se concentra ele é chamado de matéria, e onde ele se
expande ele é chamado de espaço.
O adoecimento é o resultado de bloqueios que impedem o fluxo livre de Qi. O
fluxo é um processo contínuo, simultâneo, assim como o dia após a noite; o verão após
a primavera e o amor após a paixão. As nossas energias fluem, alteram, alternam e
coexistem (CREMA, 2000).
2.2 OS CINCO ELEMENTOS
Através da observação e da prática, os antigos chineses perceberam que a
madeira, o fogo, a terra, o metal e a água eram fundamentais na constituição da natureza
e essenciais para a manutenção da vida, pois representam os cincos estados de
mudanças naturais em que o alimento necessita da água e do fogo, a produção conta
com a madeira, que dá origem a todas as coisas, e tudo é utilizado pelo homem.
Conforme foram se aprofundando em conhecimento, idealizaram a teoria dos
Cinco Elementos, a qual associa as características dos cinco elementos da natureza, suas
relações recíprocas, as atividades e as mudanças que ocorrem entre eles. Assim o
desenvolvimento e as mudanças de todas as coisas e de todos os fenômenos são
resultantes do movimento contínuo, da intergeração e da dominância entre estes cinco
elementos. Para a Medicina Chinesa esta teoria aplica-se para explicar as características
fisiopatológicas dos órgãos internos e dos tecidos do corpo, as relações fisiopatológicas
entre eles, e as relações que se dão entre o corpo e as variações do meio ambiente. Serve
também como guia para o diagnóstico e para o tratamento de desequilíbrios e
enfermidades (CHONGHUO, 1993).
Assim como o Yin e Yang, a teoria dos Cinco Elementos é básica para a
Medicina Chinesa. Em chinês é denominada Wu Xing: Wu significa cinco e Xing
significa movimento, conduta, comportamento, processo. Desta forma a palavra
elemento deve ser entendida como uma qualidade dinâmica da natureza, um
movimento, e não como substância estática, passiva (CAMPIGLIA, 2004).
O SHANG SHU, escrito durante a Dinastia Ocidental Zhou (1000-771 a.C.)
disse: “Os cinco elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água umedece
em descendência, o Fogo chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada e
esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra permite a disseminação, o
crescimento e a colheita”. Pode-se perceber que os Cinco Elementos simbolizam
qualidades diversas e expressam o fenômeno natural (MACIOCIA, 1996).
De acordo com REQUENA (1990) cada elemento possui um aspecto Yin e um
aspecto Yang. Cada elemento corresponde a um órgão do corpo, a uma víscera, a um
tipo de sentimento, a um dos cinco sentidos, a um dos tecidos corporais, a uma direção,
a uma estação do ano, a um clima, a uma cor, a um sabor, a um odor. De acordo com
Maciocia (2006), podemos observar na tabela que se segue tanto estas como mais
correspondências possíveis de cada elemento a aspectos fisiológicos, emocionais e da
natureza:
Tabela 1. Algumas das principais correspondências dos Cinco Elementos
MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA
Sistema Yin fígado Coração baço pulmão Rim
Sistema Yang vesícula biliar Intestino
delgado
estômago Intestino
grosso
Bexiga
Emoções fúria Alegria preocupação tristeza Medo
Tecido tendões Vasos músculos pele Ossos
Órgãos dos sentidos olhos Língua boca nariz Ouvido
Clima vento Calor umidade secura Frio
Sabores azedo Amargo doce picante Salgado
Cores verde vermelho amarelo branco Preto
Estação primavera Verão (nenhuma) outono Inverno
Direção leste Sul centro oeste Norte
Estágio de
desenvolvimento
nascimento crescimento transformação colheita Estoque
Número 8 7 5 9 6
Planeta júpiter Marte saturno vênus Mercúrio
Yin-Yang Yang mínimo Yang máximo centro Yin mínimo Yin máximo
Animais peixe pássaros homem mamíferos cobertos com
conchas
Animais domésticos ovelha Ave boi cachorro Porco
Grão trigo Feijão arroz cânhamo Milhete
Sons grito Riso cantoria choro Gemido
Fonte: MACIOCIA
A lei básica desta teoria parte do princípio de que um elemento gera o outro,
cada elemento tem seu elemento controlador e tudo gira num círculo contínuo de
geração e controle mútuo. De acordo com esse raciocínio, a madeira gera o fogo, o fogo
gera a terra, a terra gera o metal, o metal gera a água, a água gera a madeira. Esta
relação é conhecida como “mãe e filho”. Já na relação de “controle” a madeira controla
a terra, a terra controla a água, a água controla o fogo, o fogo controla o metal, o metal
controla a madeira. A geração e o controle são aspectos inseparáveis e indispensáveis da
teoria dos cinco elementos. Outro aspecto desta teoria é a “contra-dominância”: aqui o
elemento que deveria dominar passa a ser dominado, como por exemplo, o metal que
controla a madeira passa a ser dominado por ela (XINNONG, 1999).
Na Medicina Tradicional Chinesa a classificação destes fenômenos é utilizada
para explicar tanto a fisiologia como a patologia do corpo humano. Cada órgão e víscera
pertence a um elemento e cada um é capaz de gerar e controlar outro. Assim, Gan
(Fígado) pertence à madeira e gera Xin (Coração), que pertence ao fogo, que gera Pi
(Baço), que pertence à terra e gera Fei (Pulmão), que pertence ao metal, que gera Shen
(Rim), que pertence à água e gera a madeira.
2.2.1 O Elemento Madeira
A Madeira é simbolizada também pela árvore, a árvore que, como a vida, evolui
em fases que vão desde o nascimento, o crescimento, o envelhecimento, a morte, à
transformação. Representa o universo com seus ciclos e sua regeneração, não só como
uma semente que cresce, se desenvolve, morre e se transforma, mas também com seus
ciclos associados às estações do ano, despindo-se das folhagens para enfrentar o
inverno, florindo na primavera. É o símbolo da sabedoria da natureza que por suas
inúmeras transformações acompanha as mudanças, permanecendo imortal. Por ter como
característica o crescimento vertical, a árvore representa a subida ao céu, a ascensão. É a
ligação entre a terra e o céu. Suas raízes mantêm contato com a terra, o subterrâneo e
interno, e seus galhos e suas folhas tocam o céu e o mundo externo. Assim pode-se
dizer que ela é a ligação entre o interior e o exterior, entre o inferior e o superior, entre o
inconsciente e o consciente. É o símbolo da relação (CAMPIGLIA, 2004).
De acordo com GHIRELLO e CHRISTENSEN, no Elemento Madeira a energia
vital sobe, cresce, ocupa espaço, procura abrir caminho para obter um lugar ao sol,
exatamente como uma árvore que brota na primavera. Analogicamente, o corpo humano
pode ser comparado a uma árvore em que os pés são as raízes, os membros são os
galhos e os ramos, e o tronco é o tronco. Madeira fluindo dentro do corpo proporciona
flexibilidade aos músculos e às articulações, faz com que os movimentos sejam firmes e
a postura ereta. Uma árvore não se curva com facilidade, pois tem suas raízes firmes no
chão: pode oscilar sob a pressão do vento e até vergar, mas dificilmente quebra.
Símbolo de fertilidade, quando adulta ela dá flores e frutos, e suas sementes espalham-
se para produzir novas árvores, vivendo então para sempre em seus descendentes. De
acordo com CAMPIGLIA (2004), quando a Madeira, a Terra e a Água estão em
equilíbrio proporcionam um bom funcionamento ao útero e aos ovários na mulher.
A Madeira em desequilíbrio faz com que o homem pise de mau jeito, torça o pé,
tropece e caia. “Se a raiz está fraca, o movimento encontra o chão ao invés do céu, e o
desenvolvimento de Madeira foi sabotado” (GHIRELLO e CHRISTENSEN, p.15). A
Madeira em equilíbrio faz com que o homem mantenha os pés firmes na terra, a postura
ereta, tenha direção, objetivo e crescimento durante a vida.
Os médicos chineses antigos associaram de maneira lógica a fisiologia e a
patologia dos órgãos e vísceras e dos tecidos do corpo com os fatores do meio ambiente
relacionados à vida. O Fígado e a Vesícula Biliar são, respectivamente, o órgão e a
víscera relacionados ao elemento Madeira.
“O Fígado gosta de estender-se livremente e tem o vigor
de subir e crescer, características estas similares à da Madeira.
O Fígado e a Vesícula Biliar estão relacionados interior-
exteriormente, as condições do Fígado determinam as dos
tendões; tem como abertura os olhos e não tolera a ira, por isso,
relaciona-se a Vesícula Biliar, os olhos, os tendões e a ira à
Madeira. Na natureza, na primavera venta muito, as plantas
germinam e tornam-se verdes, as frutas têm um sabor ácido, por
isso atribuem a primavera, o vento, a germinação, o verde e o
azedo à Madeira” (CHONGHUO, 1993, p.8).
Este método de analogias e similaridades sintetiza certas relações fisiológicas do
corpo e também as manifestações que podem se apresentar nas patologias. Se um
indivíduo, por exemplo, está com o rosto esverdeado, o olhar para frente e contraturas
dos membros, de acordo com os Cinco Elementos há uma relação entre esses sintomas e
a afecção hepática (CHONGHUO, 1993).
2.3 AS CINCO EMOÇÕES
Após o nascimento, em cada um dos cinco órgãos Yin (Zang) formados, aloja-se
uma parte do Shen no indivíduo. Cada órgão “abriga” um aspecto mental e espiritual
particular, e estes cinco aspectos reunidos formam o Espírito.
Esses aspectos mentais e espirituais na Medicina Chinesa são assim
denominados: Shen, Hun, Po, Yi e Zhi. Representam respectivamente: a Mente, a Alma
Etérea, a Alma Corpórea, a Inteligência e a Força de Vontade. Cada um deles faz parte
de um elemento e está contido em um órgão do corpo. O Coração abriga a Mente
(Shen), o Fígado abriga a Alma Etérea (Hun), o Pulmão abriga a Alma Corpórea (Po), o
Baço-Pâncreas abriga a Inteligência (Yi) e o Rim abriga a Força de Vontade (Zhi). Os
Cinco Órgãos Yin (Zang) são as bases fisiológicas do Espírito. Assim, o estado do Qi e
do Xue pode influenciar a Mente e o Espírito, o que chamamos de interdependência
somatopsíquica.
O Shen, Hun, Po, Yi e Zhi não são entidades separadas entre si. Elas fazem parte
de uma mesma estrutura psíquica e espiritual do indivíduo, com características que as
diferenciam, mas sem separá-las (CAMPIGLIA, 2004).
2.3.1 A Alma Etérea – Hun
Para os chineses, o ideograma Hun representa uma nuvem ou um fantasma que
fala, isto é, representa a comunicação, a instabilidade, a alma, o movimento sutil, o
espírito, a possibilidade de um indivíduo exprimir seu mundo interno para o externo,
sua capacidade de projetar seus pensamentos para fora (CAMPIGLIA, 2004).
Quando a criança nasce e dá o primeiro choro, quando começa a falar e a
conhecer o mundo, relacionando-se com o exterior, o Hun está ativo. No momento do
nascimento, o bebê passa por experiências sensoriais completamente novas, e estas têm
importância fundamental na dinâmica do Hun, uma vez que ele coordena a passagem do
mundo interior (uterino) para o mundo exterior. O primeiro choro e os olhos que se
abrem ao mundo pela primeira vez são funções do Hun. As experiências traumáticas de
parto (leves ou graves) são percebidas e armazenadas pelo Hun, formando assim um
arcabouço para a estrutura emocional. Podemos entender por experiências de parto
traumáticas desde excesso de estímulos como som, luz, ambiente frio, falta de contato
com o corpo materno, cesariana, até risco de vida (CAMPIGLIA, 2004).
Como o Hun é enraizado no Fígado, mais precisamente no Yin (e no Xue) do
Fígado, tem as características de movimento, ação, fluxo livre de energia, típico do
movimento Madeira (SANTOS, 2004).
O Hun gera os projetos e proporciona toda sua riqueza ao inconsciente. É uma
força dinâmica que desencadeia os impulsos necessários para iniciar uma ação. Tem
relação com o instinto hereditário, a força da palavra, as pulsões e as paixões. Como
controla a imaginação, desempenha um papel essencial em todo ato de criação,
permitindo a elaboração de uma estratégia (SANTOS, 2004).
Uma condição energética de deficiência do Hun reduz os impulsos, os desejos e
o entusiasmo, ocasionando um empobrecimento da imaginação e uma incapacidade
para conceber planos de ação futuros. E quando o Hun está perturbado por uma
condição de excesso, o sono é agitado com sonhos violentos ou pesadelos, os projetos
são excessivos e incoerentes, a imaginação é deslocada da realidade e as pulsões
incontroláveis (SANTOS, 2004).
2.3.1.1 As Funções da Alma Etérea
Segundo CAMPIGLIA (2004), as funções do Hun são:
1. Determinar a capacidade de planejar, traçar objetivos e metas;
2. Favorecer a capacidade de prever (premonições), pois o Hun percebe o fluxo de
energia antes que apareça no meio ambiente;
3. É responsável pela imaginação e linguagem;
4. Influenciar os sonhos e as fantasias. Quem tem Hun bem equilibrado é capaz de
manter seus sonhos sem perder a direção e sem se perder neles;
5. Ativar a capacidade de relacionamento, pois permite a comunicação, a expressão
de vontades e idéias;
6. Governa as pulsões de vida e movimento;
7. Tem a capacidade de ir e vir, o que possibilita projetar e receber as projeções dos
outros. Este movimento possibilita a interação com outro (movimento para fora),
seguido de recolhimento e interiorização. Quando esse movimento está
prejudicado, o indivíduo poderá ficar ensimesmado (preso em si mesmo) ou
focado somente no exterior (sem capacidade de introspecção);
8. Dá conotação emocional às experiências físicas, distinguindo entre o desprazer e
o prazer, fazendo um movimento em direção ao prazer;
9. Proporciona o movimento de tensão e relaxamento, o pulsar natural da energia
do corpo e da mente;
10. É responsável pela respiração nasal, representa o impulso da inspiração, ou seja,
é a energia que dá o movimento necessário à inspiração;
11. Dá movimento à mente, aliando pensamento e intuição: oferece uma percepção
não racional do meio ambiente através da sensibilidade e intuição;
12. Age na dinâmica do sono e vigília. Segundo o livro O Segredo da Flor de Ouro:
“De dia ele (Hun) mora nos olhos e de noite, no fígado. Morando nos olhos vê,
alojado no fígado, sonha”. Quando os olhos se fecham ao mundo exterior, eles
vêem o mundo interior.
13. É responsável pela memória inconsciente, já que está ligado ao inconsciente
pessoal e coletivo, aos sonhos, aos arquétipos, e armazena todas as experiências
desde a vida intra-uterina, parto, infância e atuais;
14. Tem a capacidade de enxergar e ver além dos significados aparentes, atribuindo
valores aos fatos;
15. O Hun canaliza a libido, isto é, é responsável pelo potencial humano de
transformar os impulsos em força e ação. Isto significa controlar os impulsos
primitivos, condicionando esta energia à construção da sociedade e suas regras,
e ao trabalho. Em desequilíbrio, o indivíduo pode se entregar à força desses
instintos, buscando satisfazer seus prazeres acima de tudo. Relações sexuais
ilimitadas, uso de drogas e bebidas são alguns exemplos desse desequilíbrio.
Quando o indivíduo recebe uma educação rígida, rigorosa, impondo-se muitas
limitações, o Hun terá seu movimento represado e refreado, podendo gerar doenças
físicas ou psíquicas.
Para lidar com os conteúdos inconscientes (Hun) que eventualmente possam vir,
a mente (Shen) tem que estar bem equilibrada. Quando o Hun e o Shen estão
desarmônicos e desequilibrados, a pessoa não consegue avaliar o sentido emocional dos
fatos, uma vez que é o Hun que dá significado às emoções (CAMPIGLIA, 2004).
2.3.1.2 Hun e a Doença
De acordo com CAMPIGLIA (2004), o Hun vem principalmente da interação do
pai com a criança, estabelecida três dias após o nascimento. Dele vem a vontade de
viver e de descobrir o mundo, e a mobilização da coragem. Algumas manifestações de
problemas com o Hun são desapego à vida, tendência suicida, pesadelo, terror noturno,
indecisão, sensação de sair fora de si durante o sono, sensação de estar flutuando e não
conseguir voltar ao corpo ou à realidade, ou não conseguir acordar, irritabilidade,
agressividade, raiva, frustração, hostilidade, baixa auto-estima, culpa, perda da
motivação e tédio.
O desequilíbrio do Hun pode levar ao desequilíbrio do Shen, gerando insônia,
confusão mental e diminuição da consciência de si e dos outros, podendo ver a si aos
outros de uma maneira mais fantasiosa do que realista (CAMPIGLIA, 2004).
2.3.1.3 Tratamento
De acordo com CAMPIGLIA (2004), exercícios de imaginação ativa e
visualização trabalham com a capacidade do Hun de fazer projeções e fantasias,
ajudando pessoas que estão presas a uma imagem a transformarem e darem rumo a seus
sonhos e pensamentos, liberando assim o fluxo de Qi estagnado.
2.4 O FÍGADO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
O Fígado está situado na região do hipocôndrio direito. Suas funções fisiológicas
energéticas são as de armazenar o sangue, controlar a dispersão, a drenagem e
determinar as condições dos tendões e dos ligamentos. O fígado relaciona-se aos cinco
sentidos da seguinte forma: abre-se nos olhos e reflete-se nas unhas (CHONGHUO,
1993).
Pode-se comparar o Fígado a um general do exército, pois ele é responsável por
todo o planejamento das funções do organismo, assegurando o fluxo suave e a direção
correta do Qi. Também contribui para a resistência do organismo contra fatores
patogênicos externos e é responsável por nossa capacidade de recuperar o Qi. Em bom
estado de saúde, o Fígado é a origem da coragem e da resolução, e influi em nossa
capacidade de planejar nossas vidas (MACIOCIA, 1996).
2.4.1 As Principais Funções do Fígado
2.4.1.1 Armazenar e regular o sangue
O Fígado armazena o sangue e regula a sua distribuição por todo o organismo,
acomodando o volume de sangue nas diversas partes do corpo. Esta distribuição varia
de acordo com as mudanças fisiológicas, como por exemplo, se a pessoa está em
repouso ou dormindo uma parte do sangue fica armazenada no Fígado; e se faz
exercícios, o sangue é expulso do Fígado para aumentar a quantidade de sangue
circulante nos músculos, mantendo assim as atividades normais (CHONGHUO, 1993).
“Durante o sono a quantidade de sangue necessária ao
organismo é fraca, um grande volume de sangue é então
armazenado no Fígado. Por ocasião de um esforço físico, o
Fígado propulsa o sangue que havia acumulado, a fim de atender
às necessidades acrescidas do organismo” (AUTEROCHE &
NAVAILH, 1992).
Quando o Sangue vai para os músculos durante atividade física, ele nutre e
umedece os músculos, capacitando-os para a atividade (MACIOCIA, 1996).
O Fígado conserva o sangue, o Coração o faz circular. Quando o homem está
ativo o sangue passa dentro dos vasos, quando o homem está em repouso o sangue volta
ao Fígado. É assim que o Fígado comanda o “mar de sangue”. É através dessa
alternância de retenção e propulsão do sangue, que o Fígado tem uma estreita relação
com os órgãos e tecidos de todo corpo (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
“Se o sangue do Fígado for insuficiente, teremos olhos
piscando, visão embaçada, vertigens, contração dos tendões e
dos músculos, rigidez articular, oligomenorréia ou amenorréia.
Se o Qi do Fígado “divagar”, haverá vômitos de sangue,
sangramento do nariz, metrorragia. Se a função de regulação
do Fígado estiver perturbada, o Qi circulará mal nos vasos
sanguíneos, o sangue ficará estagnado. Isso acarretará dores
pungentes, má circulação sanguínea com coágulos de sangue e
oclusões, sensação de bolas ou de amontoações no abdômen.
Se, ao contrário, houver grande irritação que fere o Fígado, o
Qi terá tendência a se elevar e o sangue o seguirá, causando
rosto vermelho, vômitos de sangue, epistaxe, hematêmese”
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 85-6).
Como o Fígado armazena e regula o volume de Sangue, acaba indiretamente
influenciando a resistência do organismo aos fatores patogênicos externos. A pele e os
músculos bem nutridos são capazes de resistir aos patógenos externos. Mal irrigados
pelo Sangue, ficarão mais vulneráveis. O Qi Defensivo e o Qi do Pulmão têm grande
importância nessa defesa, mas o envolvimento do Fígado não pode ser subestimado
(MACIOCIA, 1996).
2.4.1.2 Aplainar e assegurar a regulação de Qi através de todo o
organismo
Esta é a função mais importante do Fígado, e sua obstrução é o padrão mais
comum na prática. Na bibliografia chinesa, assegurar o “fluxo suave de Qi” significa
circular, liberar, fluir, dispersar, estender, afrouxar, relaxar, suavizar, deixar sair. Assim,
a função do fígado afeta a circulação da energia que percorre todo o corpo
(MACIOCIA, 1996).
Essa função atua na circulação e regulação do Qi, isto é, o Fígado assegura o
bom andamento e a facilidade nos movimentos e transformação do Qi, garantindo a
regulação das funções dos órgãos e vísceras (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
Essa função se manifesta em três direções:
a) Regulação dos sentimentos (espírito, emoções) – A atividade afetiva e mental é
uma das manifestações do Shen, portanto comandada pelo Coração, porém
mantém uma relação estreita com o Fígado. O estado de Qi do Fígado é
harmonioso e estável quando a função de “aplainar e regularizar” o Fígado é
normal (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
Quando a função é normal, o estado é de felicidade. Quando a circulação do Qi é
obstruída, haverá estados anormais do espírito e dos sentimentos, gerando
frustração emocional, depressão ou fúria repressiva. Opressão torácica, dor no
hipocôndrio e sensação de calombo na garganta são sintomas físicos que
acompanham este quadro. Nas mulheres, esta pode ser a origem da tensão pré-
menstrual, gerando irritabilidade, depressão e distensão mamária (MACIOCIA,
1996).
“Por outro lado, uma excitação do espírito vinda do
exterior, como melancólica ou raiva, pode suscitar
perturbações da função de “aplainar e assegurar a
regulação”, que causará patologias do tipo de:
desarranjo no estado do Qi do Fígado ou estagnação (Yu
Jie) do Qi do Fígado. Pode-se então dizer que:
“arrebatamento e raiva ferem o Fígado”” (AUTEROCHE
& NAVAILH, 1992, p.84).
b) Digestão e assimilação – Essa função de regulação atua sobre a digestão, de um
lado ajudando movimentos de subida e descida do Qi do Baço e do Estômago,
respectivamente, e de outro lado graças à formação de bile a partir do Qi
excedente do Fígado. Quando o Qi do Fígado flui, o estômago pode madurecer e
decompor os alimentos e o baço pode extrair o Qi dos alimentos (MACIOCIA,
1996).
Uma má regulação da digestão/assimilação acarretará os sintomas de um
Qi de Fígado estagnado (peito e flancos inchados, caráter violento e irritável), e
os de um Qi de Estômago que não desce (eructações, vômitos, náuseas e
regurgitação ácida), e os de um Qi de Baço que não sobe (ventre intumescido e
distendido e diarréia).
“Todas essas manifestações estão encerradas nas
síndromes “Qi do Fígado lesa o Estômago” (Gan Qi Fan
Wei) ou “Fígado e Baço em desarmonia” (Gan Pi Bu
He)” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 85).
c) Movimentação do Triplo Aquecedor e liberação da via das águas – Quando o
Fígado “aplaina e assegura a regulação”, ele comanda a movimentação do Triplo
Aquecedor, tornando livre a via das águas. Em caso de disfunção, o Qi circulará
mal nos meridianos e nos vasos, podendo suscitar obstrução na via das águas,
que causarão: edemas, hidropisias e ascite.
“Aquele que sofre da água do Fígado, tem o ventre
engrossado, não pode por si mesmo virar de lado,
tem dor no ventre sob as costelas” (AUTEROCHE
& NAVAILH, 1992, p. 85).
2.4.1.3 Controlar os tendões e manifestar-se nas unhas
A capacidade para atividades físicas e de movimento está relacionada ao estado
dos tendões. Para que os tendões movam-se livremente, são necessários o
umedecimento e a nutrição do sangue do Fígado. Quando o sangue do Fígado é
abundante, os tendões serão umedecidos e nutridos, garantindo o movimento dos
músculos e das articulações. Quando o Sangue do Fígado for deficiente, podem ocorrer
contrações e espasmos, extensão ou flexão debilitada, tremores, parestesias, câimbras e
debilidade dos membros. O SIMPLE QUESTIONS (cap. 1) diz: “Quando o Qi do
Fígado (Gan) declina, os tendões não podem se movimentar” (MACIOCIA, 1996).
Se o patógeno Calor agredir os líquidos orgânicos e o sangue, o sangue não
poderá mais alimentar os tendões e as aponevroses musculares. É a síndrome: “Vento
do Fígado agita o interior”, caracterizada por: espasmos e convulsões dos membros,
tremores das mãos ou dos pés, câimbras e opistótonos. “O Su Wen (cap. 74) explica:
“Todos os acessos em que se cai com ofuscação da vista, pertencem ao Fígado, todos
os acessos com rigidez do corpo pertencem ao Vento” (AUTEROCHE & NAVAILH,
1992, p. 86).
A unha é o tendão modificado, portanto, relacionado ao Fígado. Por isso, as
alterações patológicas do Fígado refletem-se freqüentemente nas unhas. Se o Sangue do
Fígado for suficiente, as unhas apresentam-se rosadas, flexíveis, saudáveis, brilhantes e
claras; se o Sangue do Fígado está insuficiente, os tendões estão mal nutridos, por isso
as unhas tornam-se pálidas, secas, moles, delgadas e quebradiças (CHONGHUO, 1993).
“Os tendões “móveis como o vento” estão
associados ao Fígado, o qual dá brilho às unhas. A
quantidade de sangue do Fígado se repercutirá no
estado das unhas” (AUTEROCHE & NAVAILH,
1992, p. 86).
2.4.1.4 Ter sua abertura nos olhos
Os olhos estão ligados a todos os órgãos internos, mas o Fígado, que rege o
armazenamento do Sangue, tem um vaso em relação com o sistema ocular, o que faz
com que mantenha uma relação privilegiada com os olhos (CHONGHUO, 1993).
“O Su Wen (cap.10) diz: “O Fígado recebe o Sangue e assim
podemos ver”. O Ling Shu (cap. 17) diz: “ O Qi do Fígado vai
até os olhos. O Fígado funciona bem, então podemos discernir
as 5 cores”. “A visão depende então essencialmente da
contribuição dada pelo sangue e o Yin do Fígado”
AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 86).
Se o sangue do Fígado estiver suficiente, a visão será boa. Se o Sangue do
Fígado está insuficiente, aparece a visão borrosa ou a nictalopia; se o Fogo do Fígado
sobe, os olhos tornam-se vermelhos, edemaciados e aparece dor ocular (CHONGHUO,
1993). Se o Vento do Fígado agitar o interior, os olhos podem ser desviados e revulsos;
se o meridiano do Fígado tiver Vento-Calor, os olhos estão vermelhos e podem coçar
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.4.1.5 Abrigar a Alma Etérea (Hun)
A alma etérea, ou Hun em chinês, é o aspecto mental-espiritual do Fígado. A
alma etérea é uma energia sutil, não material, que após a morte sobrevive ao corpo e flui
de volta ao mundo. Considera-se que ela influencie o planejamento e o sentido de
direção que uma pessoa dá para a sua vida. O estado de confusão mental e a falta de
rumo podem ser comparados à alma etérea que vaga sozinha no tempo e no espaço
(MACIOCCIA, 1996).
2.5 A PERSONALIDADE DO INVÍDUO DE ELEMENTO MADEIRA
O elemento madeira é ligado ao movimento e ao desenvolvimento, e tem a raiva
como emoção predominante quando em desequilíbrio. São pessoas que não gostam de
ficar paradas e que diante de fatores que as impeçam de agir podem se tornar irritadas
ou nervosas. Gostam de trabalhar para o bem comum, para os outros, pelos outros e não
gostam de trabalhar sozinhas. São geralmente respeitadas por sua conduta ética e moral,
e capazes de sacrifícios em prol do bem comum. Possuem capacidade de olhar para o
futuro, planejar, tomar decisões, agir e crescer com o tempo. Confiantes e impulsivas,
não têm medo de arriscar. Líderes naturais, são pessoas decididas, expansivas,
competitivas, ousadas, combativas, comumente encontradas em cargos de direção.
Dinâmicas, criativas e imaginativas, têm aversão à quietude e gosto por esportes,
viagens e movimento (SANTOS, 2004).
2.5.1 A Personalidade do Tipo Madeira Yin
De acordo com SANTOS (2004), o tipo Madeira em um pólo Yin apresenta uma
grande energia contida, o que faz com que, apesar de todo o seu potencial, a pessoa não
se expresse abertamente e não realize tudo o que poderia. Ela tende a conter o que
deveria colocar para fora. Podem ocorrer sintomas depressivos ligados à frustração e à
raiva dissimulada, explosões momentâneas ou “implosões” gerando doenças
psicossomáticas. É uma pessoa capaz de grandes atos quando consegue colocar sua
energia para fora, mas em geral não o faz com tanta facilidade quanto o Madeira Yang.
Para ROSS (2003), a pessoa do tipo Madeira Yin está constantemente em
conflito acerca de si mesma, tendo dúvidas sobre sua própria identidade e em relação ao
caminho que deve seguir na vida. Tímida, insegura e indecisa, é facilmente
influenciável e pode ser dominada pelos demais. É comum o tipo Madeira-Yin
apresentar Deficiência do Qi do Rim, levando-a a ter pouca força pessoal e pouco senso
do self.
Em primeiro lugar é necessário que este indivíduo desenvolva a própria força
interior e a segurança, resistindo, em conseqüência disso, à invasão dos outros,
estabelecendo seus próprios limites. Como tratamento, é preciso fortalecer o centro Dan
Tian, pois assim a energia circula pelo corpo, ampliando o sentido de limites. É
importante também desenvolver e usar a intuição, para que assim se possa superar a
tendência à hesitação e ao adiamento de resoluções (ROSS, 2003).
2.5.1.1 Combinação de Pontos
De acordo com ROSS (2003) a combinação de pontos que deve ser utilizada
para o Tipo Madeira Yin:
VC4 TA4 VB40 BP6 E36 Tonificar
VC14 VB13 Harmonizar
Alternar com: VG4 B19 B23 B48 Tonificar
2.5.1.2 Explicação dos Pontos
Tabela 2. Combinação de Pontos para o Tipo Madeira Yin
PONTOS NOME
CHINÊS
UTILIZAÇÃO
VC4 Guan Yuan Fortalece aspectos mentais, estabiliza emoções, trata depressão decorrente
da Deficiência (ROSS). Fortalece o corpo e a mente, trata a ansiedade
derivada de Deficiência do Yin e o medo noturno (MACIOCIA). Amnésia,
sonhos excessivos (MARTINS E GARCIA).
TA4 Yang Chi Remove o excesso de Vento e Calor, move a Estagnação do Qi (ROSS).
Tonifica o Qi original em todas as patologias crônicas, fornece Qi nos
estados de cansaço (MACIOCIA).
VB40 Qiuxu Promove a força mental relacionada com a Vesícula Biliar: caráter e
tomada de decisão. (MARTINS E GARCIA). Depressão, dificuldade de
concentração, memória fraca, dificuldade de deambulação (CAMPIGLIA).
Trata incerteza sobre si mesmo e a timidez decorrente da Deficiência de Qi
da vesícula Biliar (ROSS).
BP6 San Yin Jiao Insônia, cansaço crônico, tristeza, letargia, amnésia, neurastenia,
preocupação (MARTINS E GARCIA). Regula a mente e as emoções, alivia
a depressão, a frustração, a raiva reprimida, a irritabilidade, a labilidade
emocional, alivia o sofrimento associado à irritação intensa da pele
(ROSS). Diminui a tensão pré-menstrual e os estados de ansiedade
(CAMPIGLIA).
E36 Zusanli Fortalece o Qi de todo o corpo. Labilidade crônica decorrente de doenças,
constituição debilitada, fadiga por excesso de trabalho e velhice. É o melhor
ponto para a melhora generalizada de força, saúde e resistência a doenças
(ROSS). Aumenta a energia essencial. Anorexia, distúrbios mentais,
irritabilidade, neurastenia, neurose, estupor, depressão, mania, gritos
histéricos, tontura, insônia, fraqueza geral (MARTINS E GARCIA).
Distúrbios mentais, irritabilidade, neurastenia, neurose, estupor, depressão,
mania, gritos histéricos. Acalma a mente, restaura o sono (LIAN, CHEN,
HAMMES e KOLSTER).
VC14 Ju Que Acalma a mente. Por relaxar o diafragma, ajuda a diminuir a ansiedade, os
pensamentos repetitivos e obsessivos. Confusão mental, doenças mentais
(CAMPIGLIA). Ansiedade, palpitações, insônia, doenças mentais, alegria
excessiva, distúrbios de memória, esquizofrenia, depressão, medo, angústia
(LIAN, CHEN, HAMMES e KOLSTER). Acalma a mente e trata
alterações digestivas de origem emocional (MACIOCIA).
VB13
Bem Shen
Paranóia, esquizofrenia (CAMPIGLIA). Alucinações, pensamentos
repetitivos, mania, confusão, ciúme, desconfiança e medo (SANTOS).
Sentimentos persistentes e irracionais de ciúme e suspeita, ansiedade
decorrente de preocupação constante, pensamentos obsessivos. Ajuda a
limpar a mente para uma vida emocional feliz (MACIOCIA).
VG4 Ming Men
Falta de vitalidade, depressão, debilidade crônica (mental e física),
(CAMPIGLIA).
B19 Danshu Trata problemas externos: decisões e julgamentos que transformam os
planejamentos internos em ação externa (ROSS).
B23 Shenshu Estimula a mente, fortalece a força de vontade, estimula o espírito de
iniciativa, alivia a depressão (MACIOCIA). Medo, labilidade emocional
(ROSS).
B48 Yang Gang Decisões (ROSS).
2.5.2 A Personalidade do Tipo Madeira Yang
Para ROSS (2003), o tipo madeira Yang é uma pessoa que tem uma tendência a
ser raivosa, agressiva, dominadora, podendo até ser violenta. Pode ser intolerante com
as pessoas inseguras e lentas, e não levar em consideração as necessidades dos outros.
Quando se sente impedida, pode se tornar impaciente, frustrada e deprimida. Mesmo
sendo uma pessoa vigorosa, pode se sentir insegura.
De acordo com SANTOS (2004), pode tornar-se uma pessoa ambiciosa e
apressada em atingir os objetivos que se impõem, fazendo mil coisas ao mesmo tempo e
se frustrando por não dar conta de tudo.
É necessário que a pessoa deste tipo desenvolva calma interior e diminua seu
ritmo, tornando-se consciente de que a vida não pode ser atropelada e que tudo acontece
em seu devido tempo. Precisa planejar e tomar decisões sem estar movida pelas
pressões internas. Deve cultivar o relaxamento, desenvolver a intuição e a harmonia,
deixando de lado a impaciência e o estresse interno. Deve aprender a levar em
consideração as outras pessoas, superando o egoísmo e desenvolvendo a compaixão. É
preciso ter calma no lugar da raiva, ter paciência no lugar da impaciência, observação
no lugar do julgamento, e aceitar que existem períodos sem ação e sem mudanças tanto
internas quanto externas (ROSS, 2003).
2.5.2.1 Combinação de Pontos
De acordo com ROSS (2003) a combinação de pontos que deve ser utilizada para o
Tipo Madeira Yang:
VG20 Yin Tang CS8 F2 R1 Sedar
F8 R6 Tonificar
2.5.2.2 Explicação dos Pontos
Tabela 3. Combinação de Pontos para o Tipo Madeira Yang
PONTOS NOME
CHINÊS
UTILIZAÇÃO
VG20 Baihui Depressão, fadiga mental, insônia, perda dos sentidos. Estimula a memória
e tem ação calmante (CAMPLIGLIA). Acalma as emoções e desobstrui a
mente. Desejo de chorar, ansiedade, esquizofrenia (MARTINS E
GARCIA). Inquietação, hiperatividade, mania (MACIOCIA).
Yin Tang -
Ponto Extra
Yin Tang Acalma e clareia a mente, sensação de cabeça pesada, agitação psíquica,
perturbação mental, obnubilação, pesadelos (MARTINS E GARCIA).
Insônia, ansiedade, depressão, fadiga mental (CAMPIGLIA). Torpor.
Alivia a dor e ativa as extremidades da parte superior do corpo (LIAN,
CHEN, HAMMES e KOLSTER). Tranqüiliza e alivia a ansiedade
(MACIOCIA).
CS8
Laogong Acalma a mente, elimina o Fogo do Coração nas situações crônicas com
sintomas mentais (MACIOCIA). Alivia o estresse mental, clareia a mente.
Tristeza, perda do controle emocional, psicose, distúrbios mentais, mania,
agitação (MARTINS E GARCIA).
F2 Xing Jian Acalma a mente (MARTINS E GARCIA). Transtorno mental,
irritabilidade, raiva (CHONGHUO). Aumenta a autoconfiança e a auto-
afirmação, firmeza e determinação para colocar limites na influência
exercida pelos outros (ROSS).
R1 Yong Quan Clareia a mente, recupera a lucidez e restaura a consciência. Histeria,
letargia, (MARTINS E GARCIA). Ansiedade severa (MACIOCIA).
Agitação, psicose, mania, perda dos sentidos. Diminui os desejos
incontroláveis (CAMPLIGLIA).
F8 Ququan Acalma a mente. Esquizofrenia, histeria (MARTINS E GARCIA).
R6 Zhaohai Psicose, neurastenia, histeria (MARTINS E GARCIA). Fortalece a vontade
(MACIOCIA). Acalma a mente (ROSS).
2.6 SÍNDROMES DO FÍGADO E VESÍCULA BILIAR
O Fígado tem como funções armazenar o sangue e assegurar o movimento suave
do Qi através de todo o organismo. Também é responsável pela capacidade de recuperar
o Qi e contribuir para a resistência do organismo contra os fatores patogênicos externos.
Ele gosta de estender-se livremente e odeia a estagnação (MACIOCIA, 1996).
Segundo CHONGHUO (1993), uma perturbação na função de drenagem pode
acarretar a estagnação de Qi do Fígado e Estase do Sangue, causando sintomas como
distensão, opressão e dor, depressão, irritabilidade e diversas doenças oftalmológicas
(que são em grande parte decorrentes das alterações patológicas do Qi do Fígado, já que
sua abertura encontra-se nos olhos). A função da drenagem do Fígado e da Vesícula
Biliar regula a digestão e a função do Baço/Pâncreas e do Estômago. Portanto, a
disfunção nessa drenagem pode afetar também as funções do Baço/Pâncreas e do
Estômago, manifestando-se pelas alterações na recepção, na digestão e na assimilação
dos alimentos.
O Fígado está relacionado com a Vesícula Biliar e sua manifestação exterior é
feita através das unhas, que são uma extensão dos tendões. O movimento de Vento
interno, ou seja, quando o “Qi do vento agita o interior”, aparecem sintomas como:
enjôos, vertigens, convulsões, contrações e problemas tendino-musculares.
Conforme AUTEROCHE & NAVAILH (1992), as doenças do Fígado podem
ser divididas em dois tipos: as Síndromes de Deficiência (Vazio), que representam uma
insuficiência do Yin e do Sangue do Fígado, e as Síndromes de Plenitude que são
compostas pelas perturbações provocadas pelos agentes patogênicos Calor e Umidade, e
pela energia do Fogo que está em excesso. Contudo, as Síndromes onde o “Yang do
Vento agita o interior e perturba a parte superior do corpo” pertencem à categoria do
que se manifesta como Plenitude, mas que de fato é Deficiência. Em outras palavras, “a
síndrome do vento interno que sobe e agita é primariamente uma síndrome de
deficiência que se manifesta externamente pelo excesso” (CHONGHUO, 1993, p.286).
2.6.1 Estagnação do Qi do Fígado
2.6.1.1 Etiologia
É causada na maioria dos casos pela depressão. A ira e a depressão podem lesar
o Fígado. Quando o Fígado perde a sua função de drenagem e sua natureza de estender-
se livremente ocasiona a depressão (CHONGHUO, 1993).
Quando o indivíduo torna-se deprimido (com sintomas de suspiros freqüentes e
opressão torácica) e esse estado perdura, o Fígado irá se congestionar e ele se tornará
irritável. “A raiva acumulada ou contida acarreta um distúrbio na função de drenagem-
descongestão” do Fígado”(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p.346).
A estagnação de Qi causa a obstrução dos meridianos, de modo que aparece, no
trajeto do meridiano do Fígado, dor e distensão nas regiões do tórax, no hipocôndrio,
nos seios e no abdômen (CHONGHUO, 1993). “As dores no peito, dos flancos, dos
seios, do baixo-ventre, são a expressão das estagnações e nodosidades do Qi no
meridiano do Fígado” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p.346).
As doenças da Energia do Fígado podem influenciar o Sangue, a estagnação de
Qi pode levar à estase de Xue e a alterações nos meridianos Vaso Concepção e Chong
Mai. Com isso podem ocorrer distúrbios na menstruação. A Energia do Fígado que sobe
anormalmente se reúne com a mucosidade na garganta e ambas formam um nódulo que
obstrui e se se retiver no pescoço formam o bócio (CHONGHUO, 1993). “O Qi eleva-
se em sentido contrário, as mucosidades podem aglomerar-se, e suscitar bolas na
garganta e no pescoço” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p.346).
Se a afecção prolonga-se e se houver a reunião da estagnação de Energia com a
estase de sangue, podem formar-se massas tumorais no abdômen (CHONGHUO, 1993).
2.6.1.2 Sintomatologia
Os indivíduos com estagnação de Qi do Fígado podem se tornar depressivos,
irritáveis, ter opressão torácica que se alivia ao suspirar, dor e distensão no tórax, no
hipocôndrio, nos seios e no abdômen, dismenorréia, distúrbios na menstruação,
sensação de algo obstruído na garganta que não pode ser engolido nem vomitado, bócio,
nodulações na nuca, intumescimento do pescoço e massas no ventre e abdômen.
Apresentam pulso em corda (CHONGHUO, 1993).
2.6.1.3 Orientação Terapêutica
Para eliminar a Estagnação deve-se drenar o Fígado. Para se dissolver o nó na
garganta deve-se normalizar a circulação de Energia (regular o Qi) eliminando a
Mucosidade. Para tratar o bócio é necessário regular a circulação de Energia. Para as
massas abdominais deve-se estimular a circulação de Xue (vivificar o Sangue) e
amolecer o que está duro (CHONGHUO, 1993).
2.6.1.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: TA6, VG20, Yintang, Si Shen Cong, B17, B18,
B19, B51, F2, F3, F6, F13, F14, VB20, VB34, E18, E34, E36, CS6, CS7, BP6, C5, C7,
VC10, VC17
2.6.1.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: neurose,
hepatite crônica, hepatite com hepatomegalia, faringite, colecistite crônica, dismenoréia
e perturbações menstruais (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.2 Ascensão do Fogo do Fígado
2.6.2.1 Etiologia
É proveniente da estagnação e das nodosidades do Qi do Fígado que se
transformam em Fogo. Esse Fogo eleva-se, é o que se chama: “Todo excedente do
Fígado se transforma em Fogo” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 347).
De acordo com CHONGHUO (1993), o Fogo do Fígado que sobe até a cabeça
causa cefaléias, vertigens, tinidos, às vezes surdez, rosto, orelhas e olhos vermelhos. O
Fogo estagnando-se no trajeto do meridiano faz sentir ardor nas costas; se o Fogo sobe
junto com a energia da Vesícula Biliar manifesta-se gosto amargo na boca e secura na
boca e garganta. Se o Fogo sobe excessivamente causa irritabilidade, nervosismo,
perturbações no sono e pesadelos. Em caso mais grave, acarretará a mania e a loucura.
O Fogo faz divagar o Sangue e pode lesar os vasos sanguíneos ocasionando
hemorragia na parte superior do corpo. O Fogo consome os líquidos orgânicos causando
a constipação e a urina amarela escura ou avermelhada (CHONGHUO, 1993). “A
obstipação e as urinas amarelo escuro expressam a agressão do Fogo aos líquidos
orgânicos” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 348).
2.6.2.2 Sintomatologia
O indivíduo com ascensão do fogo no meridiano do Fígado apresenta cefaléia,
vertigens, tinidos, rubor, olhos vermelhos, gosto amargo na boca, secura na garganta,
dor e ardor nas costas, agitação, irritabilidade, nervosismo, insônia, pesadelos,
hemoptise, epistaxe, escarros com sangue, constipação, urina avermelhada ou amarela
escura, língua vermelha com saburra seca, amarela e grossa. Apresenta pulso em corda e
rápido (CHONGHUO, 1993).
2.6.2.3 Orientação Terapêutica
De acordo com CHONGHUO (1993), o tratamento é sedar o Fogo do Fígado.
Para AUTEROCHE & NAVAILH (1992), é refrescar e dispersar o Fogo do Fígado.
2.6.2.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: BP6, R1, R3, B2, VG20, VG23,VB2, VB8,
VB9, VB20, VB34, VB38, VB43, F2, F3, F8, IG4, TA3, TA5, TA17, CS6, CS8, C7,
E36
2.6.2.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: hepatite
infecciosa aguda, hipertensão arterial, colecistite aguda, pancreatite aguda, conjuntivite
aguda, doenças de Ménière, hemorragia das vias digestivas superiores, hipertireoidismo
e psicose maníaco-depressiva (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.3 Insuficiência de Sangue no Fígado
2.6.3.1 Etiologia
Segundo CHONGHUO (1993), a insuficiência de sangue no Fígado é causada
pela produção de sangue insuficiente, pela hemorragia ou pela doença prolongada que
lesa o Sangue do Fígado.
Pela insuficiência de Sangue, este não sobe o suficiente para a cabeça e o
cérebro fica mal irrigado, por isso o rosto torna-se opaco acarretando tontura, vertigens,
tinidos e língua pálida. O Sangue quando não é suficiente não nutre os olhos, por isso
ficam secos, a visão fica turva, a pupila embaçada e a visão crepuscular deficiente.
Pela deficiência de Sangue produz-se o Vento interno aparecendo então o
intumescimento dos membros, as convulsões e os tiques musculares. “Os membros
estarão parestesiados, haverá contrações musculares e as massas musculares estarão
animadas por movimentos vermiculares” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 349).
Pela má nutrição dos tendões, as unhas ficam descoradas e moles.
A insuficiência de Sangue faz com que não se preencha os vasos sanguíneos,
por isso o indivíduo apresenta pulso fino. Com o “mar de sangue” vazio, haverá
menstruação pouco abundante ou ausente. O Sangue não sendo suficiente para acalmar
a mente provoca os distúrbios do sono. “O sono será perturbado e haverá abundância
de sonhos” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 349).
2.6.3.2 Sintomatologia
Os indivíduos com Insuficiência de Sangue no Fígado apresentam: rosto opaco,
tontura e vertigem, distúrbios do sono, tinidos como o cantar de cigarras, olhos secos,
visão turva, hesperanopia, intumescimento dos membros e convulsões, tiques
musculares (espasmos dos meridianos dos tendões), unhas descoradas e moles,
menstruação pouco abundante e amenorréia. Apresentam língua pálida e pulso fino
(CHONGHUO, 1993).
2.6.3.3 Orientação Terapêutica
Conforme AUTEROCHE & NAVAILH (1992) deve-se alimentar e fortalecer o
Sangue do Fígado, tonificando-o.
2.6.3.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: VC4, IG4, R3, R7, BP6, BP9, BP10, E36, B15,
B17, B18, B20, B21, B23, F8, F13, VG9, VG20, Yintang, Si Shen Cong
2.6.3.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: anemias,
neuroses, doenças oculares provenientes de falta de vitamina A, hepatite crônica, cirrose
hepática, hipertensão arterial, menstruação irregular e síndrome climatérica
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.4 Hiperatividade de Yang do Fígado
2.6.4.1 Etiologia
Na maioria dos casos a Hiperatividade de Yang do Fígado é causada pela
deficiência de Yin do Fígado e dos Rins que não podem controlar o Yang do Fígado de
modo que se torna hiperativa e sobe (CHONGHUO, 1993). Em outras palavras,
“Quando o Yin do Fígado e dos Rins está Vazio, não pode controlar o Yang do Fígado.
Este, em excesso relativo, torna-se demasiado forte e se eleva em sentido contrário”
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 350).
Outra causa deve-se a fatores emocionais como a ira, a depressão, a ansiedade,
que produzem a estagnação de Qi que pode converter-se em Fogo, e este consome e
esgota os líquidos do Sangue, assim o Yin não pode mais controlar o Yang
(CHONGHUO, 1993).
“É preciso notar, entretanto, que a aparência da doença está
no excesso de Yang, porém a realidade está no Vazio de Yin. É
por isso que essa síndrome tem também os nomes de “Yin
Vazio, Yang forte demais” ou de “Yin Vazio, Fígado
acalorado” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 350).
A deficiência de Yin do Fígado e dos Rins leva a hiperatividade de Yang e este,
quando não controlado, sobe até a parte superior do corpo. Assim provoca cefaléia,
tontura, vertigem, tinidos, dor e distensão na cabeça, rosto e olhos avermelhados e
irritabilidade.
Com a deficiência de Yin, o Yang perde o controle e a mente perde a nutrição e
“o Yin não pode alimentar o Shen” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 350). A
desarmonia entre o Yin e o Yang ocasiona palpitações e amnésia, insônia e distúrbios
no sono.
O Fígado governa as condições dos tendões e os Rins determinam a dos ossos.
Com a insuficiência de Yin, o Fogo move-se aleatoriamente e conseqüentemente os
tendões e os ossos perdem a nutrição, ocasionando a lombalgia e a fraqueza nos joelhos.
A língua vermelha-escura e o pulso em corda, fino e rápido são sintomas da
deficiência de Yin e excesso de Fogo e, da hiperatividade de Yang do Fígado
(CHONGHUO, 1993).
2.6.4.2 Sintomatologia
Os indivíduos com Hiperatividade de Yang do Fígado apresentam tontura e
vertigens, tinidos, dor e distensão na cabeça, cefaléias momentâneas, rosto inchado e
vermelho, olhos avermelhados, irritabilidade, insônia, distúrbios do sono, amnésia,
palpitações, lombalgia e fraqueza nos joelhos. Apresentam língua vermelha escura e
pulso em corda, fino e rápido (CHONGHUO, 1993).
2.6.4.3 Orientação Terapêutica
Deve-se nutrir o Yin, acalmar o Fígado e sedar o Yang (AUTEROCHE &
NAVAILH, 1992).
2.6.4.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: E9, VC22, IG17, P7, BP10, B18, B23, R3, R6,
R7, BP4, BP6, BP10, VB20, VB25, VB34, VB38, F2, F3, F6, F8, F14, VG20.
2.6.4.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: neurose,
doenças oftálmicas e hipertensão arterial (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.5 Vento Interno do Fígado
Os movimentos musculares, os tiques, os espasmos, a tontura, a vertigem e
as convulsões que se manifestam durante a evolução de uma doença são provocados
pelo Vento do Fígado. As três síndromes mais comuns são: o Vento produzido pelo
Yang do Fígado, o Vento proveniente do excesso de Calor e o vento produzido pela
deficiência de Sangue do Fígado (CHONGHUO, 1993).
2.6.5.1 Vento Produzido Pelo Yang do Fígado
2.6.5.1.1 Etiologia
De acordo com CHONGHUO (1993), o Vento é produzido pela falta de controle
de Yang devido à perda de Yin excessivo do Fígado e dos Rins. “O Yang torna-se forte
demais e produz o Vento” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 351). Como diz Lin
Zhen Zhi Nan (1796): “O Vento interno é convertido pela Energia Yang do corpo”.
O Vento (Yang) agita-se fazendo o Fogo nascer. O Vento e o Fogo elevam-se
com muita força, por isso acarreta cefaléia, tontura, vertigem com instabilidade postural,
intumescimento nos membros, tiques musculares, convulsões e dificuldade na fala, que
são os sintomas de movimento do Vento. Este Vento sobe e se torna excessivo na parte
superior do corpo, o Yin é deficiente e manifesta-se na parte inferior, por isso que o
andar é cambaleante e inseguro. O excesso de Vento (Yang em plenitude) faz com que
os líquidos orgânicos se queimem e convertam-se em Mucosidade. Se o Yang sobe
junto com o Vento e com a Mucosidade, provoca agitação da mente, manifestada pelo
desmaio súbito. Se o Vento e a Mucosidade penetram e percorrem os canais de Energia
causam distúrbios na circulação da Energia e do Sangue, razão pela qual observa-se o
desvio dos olhos e da boca, rigidez da língua, hemiplegia e os trismos (CHONGHUO,
1993).
2.6.5.1.2 Sintomatologia
O indivíduo apresenta vertigem, perda de equilíbrio, às vezes com
impossibilidade de ficar de pé, cefaléia aguda, intumescimento e tremores nos membros,
agitação involuntária das mãos e dos pés, dificuldade em falar e caminhar. Se desmaiar
subitamente com a rigidez da língua e trismos, desvio da boca e dos olhos e apresentar
hemiplegia, se deve à lesão do Vento, ou seja, a apoplexia. Esses indivíduos apresentam
língua vermelha, pulso em corda e fino (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p.351).
2.6.5.1.3 Orientação Terapêutica
Segundo MACIOCIA (1996) e AUTEROCHE & NAVAILH (1992), deve-se
nutrir o Yin do Fígado, acalmar o Yang do Fígado e eliminar o Vento.
2.6.5.1.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: TA17, B12, B17, B18, VG16, VG20, F2, F3,
F8, F13, F14, VB20, VB25, VB34, IG4, IG11, CS6, BP6, R3, R7.
2.6.5.1.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: insolação,
acidentes vasculares cerebrais e hipertensão arterial (AUTEROCHE & NAVAILH,
1992).
2.6.5.2 Vento produzido pelo Calor Excessivo
2.6.5.2.1 Etiologia
Deve-se ao excesso de Calor que queima o Canal do Fígado, ou o calor que lesa
o Pericárdio (Circulação-Sexo).
O Calor excessivo consome os líquidos orgânicos, por isso manifesta-se pela
febre alta e pela sede. O excessivo Calor queima o meridiano do Fígado de modo que os
tendões não estão mais sendo alimentados e estão agitados pelo Vento, por isso
aparecem as convulsões, a rigidez da nuca, a atonia, os olhos voltados para cima. Se o
calor penetrar no pericárdio, o Shen do Coração fica perturbado, ocasionando agitação
na mente e irritabilidade. Quando os orifícios do Coração ficam obstruídos ocorre o
desmaio e a perda dos sentidos (CHONGHUO, 1993).
2.6.5.2.2 Sintomatologia
Os indivíduos com o Vento provocado pelo calor excessivo apresentam febre
alta, agitação, sede, convulsões, rigidez na nuca, olhos voltados para cima, atonia e
perda de consciência (CHONGHUO, 1993). Apresentam a língua vermelha com saburra
amarela, “muitas vezes salpicada de pontos vermelhos” (AUTEROCHE & NAVAILH,
1992, p.352). Pulso em corda e rápido.
2.6.5.2.3 Orientação Terapêutica
Deve-se sedar o Calor e esfriar o Fígado, acalmar o Vento. Nos pacientes com
desmaio deve-se recuperar a consciência.
2.6.5.2.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: VB20, VB39, TA17, VG14, VG16, VG20,
VG26, CS8, E36, E38, BP6, C6, ID3, ID7, ID8, B12, B38, F2, F3, F6, IG4, IG11,
VC24, pontos Xuan.
2.6.5.2.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: meningite,
encefalite, epilepsia, convulsões acompanhando as hipertermias das doenças infecciosas
e eclampsia (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.5.3 O Vento causado pela Deficiência de Sangue do Fígado
2.6.5.3.1 Etiologia
Segundo CHONGHUO (1993), pela insuficiência de sangue os tendões
encontram-se mal nutridos ocasionando o aparecimento do vento interno. “A
insuficiência de Sangue do Fígado não permite a manutenção normal dos
tendinomusculares (Jin Mai: meridianos e tendões), o que provoca os
movimentos anormais” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 353). O cérebro,
os olhos, o rosto não são suficientemente irrigados, o que acarreta vertigens,
diminuição da acuidade visual e rosto opaco. Essa síndrome também é chamada
de “O Vento Vazio agita o interior”. Os sintomas são semelhantes às
manifestações clínicas da Insuficiência de Sangue do Fígado.
2.6.5.3.2 Sintomatologia
Vertigens, rosto macilento, amarelado, diminuição da acuidade visual, face
dorsal das mãos entorpecidas, às vezes câimbras brutais nas mãos e nos pés, massas
musculares agitadas por breves sobressaltos, trismo. Apresentam língua pálida com
pouca saburra e pulso em corda e fino (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.5.3.3 Orientação Terapêutica
Deve-se alimentar o Sangue e suprimir o Vento.
2.6.5.3.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: VG16, VG20, VG26, TA17, IG4, R3, BP6,
BP10, E36, F3, F8, F13, B12, B17, B18, B20, B23, B43, VB20, VB34, VB38, CS6,
Yintang, Si Shen Cong.
2.6.5.3.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: anemia, doenças
consumptivas crônicas, seqüelas de encefalite, movimentos anormais (coréia, atetose,
convulsões, tiques, mioclonia, fibrilação), doenças do sistema nervoso central e tetania
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.6 Frio Estagnado no Meridiano do Fígado
2.6.6.1 Etiologia
A causa essencial para o Frio estagnar no meridiano do Fígado é uma agressão
pela invasão do frio perverso exógeno que provoca a estagnação de Qi e Sangue do
meridiano do Fígado. “O Frio pela sua natureza Yin suscita a coagulação e a
estagnação do Fígado” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 354).
Quando o Frio fica retido no meridiano do Fígado, o Qi e o Sangue ficam
estagnados, por isso ocasiona a sensação de peso, distensão e dor abdominais, dor nos
testículos, e como o frio tem natureza de vasoconstrição leva à contração do escroto. A
Energia e o Sangue circulam com maior fluidez no Calor e, no Frio estagna-se, por isso
a dor é agravada no frio e é aliviada com o calor.
O Frio estagnado no meridiano do Fígado evita que a Energia Yang seja
distribuída, por isso sente-se o frio no corpo e nos membros. A saburra branca e
escorregadia, pulso profundo, em corda ou retardado são sintomas da dor provocada
pelo Frio.
Observa-se o Frio retido no Canal de Energia do Fígado, na hérnia provocada
pelo Frio e como a sua característica de dor é igual àquela causada pela penetração do
intestino delgado no escroto, é denominada também de “estagnação dolorosa do Qi do
Intestino Delgado” (CHONGHUO, 1993).
2.6.6.2 Sintomatologia
O indivíduo com o Frio estagnado no meridiano do Fígado apresenta dores e
sensação de peso no baixo ventre, podendo se estender às partes genitais. A pele dos
testículos pode estar encolhida. A dor é exacerbada pelo frio a acalmada pelo calor e
tem sensação de frio no corpo e nos membros. Apresenta saburra branca e escorregadia,
pulso profundo em corda ou retardado (CHONGHUO, 1993).
2.6.6.3 Orientação Terapêutica
Aquecer o Fígado e dispersar o Frio.
2.6.6.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: R3, VC1, VC2, VC3, VC4 , VG4, BP6, BP9,
F1, F2, F3, F5, F6, F11, F14, E29, E30, B18, B23, B60, San Jiao Jiu.
2.6.6.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: dismenorréia,
varicocele, hérnias inguinoscrotais e doenças referentes aos testículos e afins
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.7 Calor-Umidade No Fígado e na Vesícula Biliar
2.6.7.1 Etiologia
Segundo CHONGHUO (1993) podem ter as seguintes causas: pela invasão da
Energia perversa do Calor-Umidade; pela ingestão excessiva de álcool ou de alimentos
gordurosos ou açucarados que se transformam em Calor e Umidade ou pela disfunção
do Baço-Pâncreas e do Estômago que provoca o aparecimento de Umidade Interna que
se estagna e se converte em Calor e, a Umidade associando-se a este Calor provoca a
lesão do Fígado e da Vesícula Biliar.
A Umidade e o Calor acumulados no Fígado e na Vesícula Biliar perturbam a
função de “drenagem-descongestão”, por isso, manifesta-se a dor nas costas. O Qi da
Vesícula Biliar sobe causando o gosto amargo na boca. A disfunção de subida e de
descida do Baço Pâncreas e do Estômago (função de transporte-transformação) leva ao
quadro de anorexia, vômitos, náuseas, distensão abdominal e alterações na defecação. A
bile acumulada pela Umidade-Calor transborda-se para o exterior razão pela qual
observam-se a pele e os olhos amarelos.
Se o fator patogênico é retido em Shaoyang, pode causar a alternância de frio e
de febre; se a Umidade-Calor invade a parte inferior do corpo causa a oligúria com a
urina avermelhada.
Como o meridiano do Fígado circunda os órgãos sexuais percorrendo os
genitais, a Umidade-Calor vai descendo pelo Canal de Energia, explicando o eczema no
escroto, a distensão, a dor e calor nos testículos. Na mulher ocorre o prurido nos
genitais externos e leucorréia amarela com cheiro fétido.
2.6.7.2 Sintomatologia
O indivíduo apresenta dor e distensão nas costas, flancos e lados inchados e
dolorosos, fadiga, abatimento, gosto amargo na boca, anorexia, náusea, vômito,
distensão abdominal, alteração na defecação, urina escassa e avermelhada. Às vezes o
corpo e os olhos podem ficar amarelos, pode ter febre e calafrios alternados. No homem
pode aparecer eczema ou edema nos testículos, bem como inchaço, dor, sensação de
calor e prurido. Na mulher pode aparecer leucorréia amarela com cheiro fétido e prurido
nos genitais externos. Apresenta-se saburra amarela e pegajosa, pulso em corda e
rápido (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992, p. 355).
2.6.7.3 Orientação Terapêutica
Dispersar o Calor-Umidade, drenar o Fígado e fazer a circulação na Vesícula
Biliar.
2.6.7.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: B18, B19, IG4, IG11, VG9, VG14, VC3, VC6,
VC10, VC12, E29, BP1, BP3, BP6, BP9, R10, R12, VB24, VB26, VB34, VB37, VB40,
F2, F3, F5, F8, F9, F10, F13, F14.
2.6.7.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: hepatite,
icterícia, orquite, vaginite, cervicite, eczema nos órgãos genitais e doenças venéreas
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.6.8 Deficiência da Vesícula Biliar
2.6.8.1 Etiologia
De acordo com CHONGHUO (1993) a estagnação de Energia provocada pela
depressão ocasiona o aparecimento de Umidade que se transforma em Umidade-Calor,
por isso a Vesícula Biliar falha na sua função de drenar e o Estômago falha na sua
função de descer.
O meridiano da Vesícula Biliar tem seus colaterais na cabeça e nos olhos que
são atingidos pela Mucosidade causando a tontura, a vertigem e as ofuscações. A
Vesícula Biliar é uma víscera pura e estando acometida pela Mucosidade perde sua
tranqüilidade, por isso o indivíduo mostra-se irritado e agitado, sofrendo de insônia e de
palpitações. A obstrução da Mucosidade causa a disfunção na drenagem da Vesícula
Biliar, por isso a Energia não pode circular livremente resultando na sensação de
opressão torácica que se alivia ao suspirar. “As náuseas e os vômitos são a
manifestação da perturbação da função “descida” do Estômago” (AUTEROCHE &
NAVAILH, 1992, p.359).
2.6.8.2 Sintomatologia
O indivíduo apresenta tontura e vertigem, ofuscações da vista, gosto amargo na
boca, vômitos e náuseas, repugnância, agitação, insônia, palpitações cardíacas (de
medo), intranqüilidade, sensação de opressão torácica que se alivia ao suspirar
Apresentam saburra amarela e pegajosa, pulso em corda e escorregadio.
2.6.8.3 Orientação Terapêutica
Sedar o Calor, eliminar a Mucosidade, recuperar a função do Estômago e fazer
descer o Qi contracorrente.
2.6.8.4 Pontos de Acupuntura
Pontos de acupuntura utilizados: TA4, VB13, VB20, VB24, VB34, VB37,
VB40, VB43, F2, F3, F5, CS6, E8, E40, VC4, VC6, VC12, R3, R7, B19, B67.
2.6.8.5 Relações com a Medicina Ocidental
Essa síndrome pode ser encontrada nas seguintes enfermidades: hipertensão
arterial, síndrome climatéria e neuroses (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).
2.7 EMOÇÕES PREDOMINANTES DO ELEMENTO MADEIRA
Quando o Fígado está em harmonia, com um bom funcionamento, e seu Qi flui
livremente, o estado emocional do indivíduo é de felicidade, bom humor, e suas
emoções são expressas livremente (MACIOCIA, 1996). Para PÉREZ, uma vez que o
Fígado tem como características o movimento, a ação e o fluxo livre de energia, seu
equilíbrio faz com que a pessoa seja capaz de planejar, traçar objetivos e metas na vida,
expressar suas vontades e idéias, e manter ativa sua capacidade de relacionamento. Se a
realidade impõe muitas limitações, o Elemento Madeira terá seu movimento refreado,
represado, e pode posteriormente desenvolver doenças tanto em seu aspecto físico
quanto emocional (CAMPIGLIA, 2004).
Este elemento também está associado à intuição, à imaginação e ao lado direito
do cérebro. A intuição dá a noção clara dos principais caminhos a se seguir na vida, e
pode propiciar a sensação de estar ou não no caminho correto em relação a uma
iniciativa específica. Quando se perde a conexão entre a intuição, o planejamento e a
tomada de decisão, a vida pode tornar-se cheia de dificuldades e frustrações (ROSS,
2003).
Para a Medicina Chinesa as emoções (raiva, frustração, tristeza, preocupação,
medo, etc.) são as causas de doenças quando são excessivas ou prolongadas, tornando-
se estímulos contínuos que perturbam a Mente, a Alma Etérea e a Alma Corpórea. Um
estado temporário de raiva, por exemplo, não gera doença, entretanto se o individuo
sente-se constantemente irritado mediante uma determinada situação da vida durante
muitos anos, essa emoção seguramente irá perturbar a Mente e afetar seu organismo.
As emoções excessivas provocam doenças porque alteram o equilíbrio entre os
órgãos internos e a harmonia do Qi e do Sangue. Este é o motivo que faz do estresse
emocional uma causa importante de doença, pois prejudica diretamente os órgãos
internos. Por outro lado, quando os órgãos internos estão em desequilíbrio, o estado
emocional também é afetado. Assim podemos dizer, por exemplo, que quando o
individuo sente-se constantemente irritado mediante uma determinada situação ou em
relação a uma pessoa em especial, esse estado emocional pode fazer com que o Yang do
Fígado suba, desequilibrando o órgão. De forma oposta, se o Yin do Fígado for
deficiente (talvez por fatores alimentares) e causar ascensão do Yang do Fígado, a
pessoa pode tornar-se irritável o tempo todo (MACIOCIA, 1996).
Quando em desarmonia, as emoções predominantes do Elemento Madeira são a
raiva e a depressão. Elas afetam e são afetadas pelo Fígado.
2.7.1 A Raiva
A fúria ou a raiva é uma emoção que deve ser amplamente interpretada,
incluindo-se nela os estados emocionais como a irritabilidade, a frustração, o ódio, o
ressentimento, a raiva reprimida, a indignação, a mágoa, a animosidade e a amargura.
Até certo grau a agressividade é uma emoção altamente necessária para a sobrevivência
do indivíduo e sua adaptação social. De acordo com CAMPIGLIA (2004), a
agressividade construtiva impulsiona novas idéias, a vontade de construir e crescer. O
indivíduo incapaz de expressar a agressividade não consegue conquistar seu espaço
pessoal e sucumbe perante a vontade dos outros e frente às adversidades da vida. Já a
raiva (ira) é uma manifestação extrema da agressividade que leva à desarmonia interna e
à destrutividade.
“...fúria, ressentimento, fúria contida, irritabilidade,
frustração, ódio, indignação, animosidade, ou amargura.
Qualquer um desses estados emocionais pode afetar o
Fígado (Gan), e se persistir por muito tempo, pode causar
a Estagnação do Qi do Fígado (Gan) ou do Sangue (Xue),
aumentando o Yang do Fígado (Gan) ou atiçando o Fogo
do Fígado (Gan)” (MACIOCIA, 1996, p.165).
A Estagnação do Qi do Fígado, a Estagnação do Sangue e o aumento do Yang
do Fígado são três desequilíbrios que ocorrem comumente em decorrência das
alterações emocionais anteriormente descritas. A raiva reprimida causará a Estagnação
do Qi do Fígado, e a raiva expressa causará a ascensão do Yang do Fígado ou a
queimação do Fogo do Fígado.
A raiva, em seu sentido amplo, faz o Qi aumentar e muitos sintomas se
manifestarão na cabeça e no pescoço, tais como cefaléia (um dos sintomas mais
comuns), tontura, zumbido, manchas vermelhas na parte frontal do pescoço, rubor
facial, sede, língua vermelha e gosto amargo na boca.
Além de sintomas observados na região da cabeça e do pescoço, O SIMPLE
QUESTIONS diz no capítulo 39: “A fúria faz o Qi aumentar e causa o vômito de
sangue e diarréia” (MACIOCIA, 1996, p.166). Ela provoca o vômito de sangue porque
aumenta o Qi e o Fogo do Fígado, e causa a diarréia pelo fato do Qi do Fígado invadir o
Baço. Desta forma pode-se perceber que além das reações agressivas envolverem
alterações da energia do Fígado, podem também afetar o Baço (Pi) e o Estômago (Wei):
é a Estagnação do Qi do Fígado invadindo o Estômago e o Baço. Esta é uma condição
bastante comum encontrada em familiares que, furiosos, discutem problemas durante as
refeições, tornando esses momentos propícios a brigas e discussões.
Muitas pessoas do tipo Madeira suprimem a raiva e a irritação porque temem as
conseqüências de sua expressão ou porque consideram uma atitude incorreta. Querem
parecer agradáveis, bondosas, cuidadosas. Mas suprimir a raiva pode causar desde
cefaléia à síndrome do colo irritável, infarto e Acidente Vascular Cerebral. Um certo
grau de raiva pode ser útil para estabelecer limites, sobretudo no tipo Madeira-Yin que
se torna condescendente e permite ser dominado pelos outros (ROSS, 2003).
De acordo com MACIOCIA (1996), é importante observar que algumas vezes a
raiva pode encobrir emoções como a culpa, o medo, a fraqueza, o complexo de
inferioridade ou o não gostar de ser controlado. Nesses casos o que deverá ser tratado
não está relacionado diretamente à raiva, e sim à emoção subjacente.
Para CAMPIGLIA (2004), outras causas associadas ao desequilíbrio da Madeira
que provocam a manifestação da agressividade descontrolada são os chamados “Fatores
Externos” que são, por exemplo, os locais superpopulosos, as situações que envolvem
violência, poluição ambiental, excesso de barulho, dor, uso de drogas e álcool. A maior
causa social da agressividade é a frustração e é um dos mais importantes fatores de
adoecimento do Fígado.
A irritabilidade, as reações agressivas e as alterações do humor podem ser
tratadas pela acupuntura com bons resultados, restabelecendo-se o fluxo livre de Qi e
das emoções. Incluir a prática regular de exercícios físicos pode ser de grande valia
(CAMPIGLIA, 2004).
2.7.1.1 O Equilíbrio da Raiva
O equilíbrio dessa alteração abre novas percepções e caminhos, uma vez que a
energia anteriormente empregada na raiva restabelecerá seu fluxo e será aproveitada de
outras formas. Para MACIOCIA (1996), a contraparte da Raiva, em termos de energia
mental, é a força, o dinamismo, a criatividade e a generosidade. A mesma energia que é
dissipada em crises de Raiva pode ser utilizada para se atingir objetivos de vida. Desta
forma, se o sangue do Fígado for abundante o indivíduo será destemido e decidido.
Tabela 4. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Raiva
Pontos e
Combinações
Nome em Chinês Utilização
R1 + F1 Yang Quan + Da
Dun
Raiva (ROSS).
F3 Tai Chong
Fúria reprimida, irritabilidade, tensão nervosa, raiva
(CAMPIGLIA). Acalma a mente, sentimentos de frustração
intensa e fúria reprimida, tensão decorrente do estresse
(MACIOCIA).
B18 Gan Shu Raiva, frustração, depressão, falta de intuição e de capacidade
de fazer planos (ROSS).
R1, VG20, F2
Disp, + R6
Ton, + F1 S
Yang Quan, Bai
Hui, Xing Jian,
Zhao Ha, Da Dun
Raiva violenta, agressividade, irritabilidade com inquietação
(ROSS).
VB44 Zu Qiao Yin Irritabilidade (CAMPIGLIA). Acalma a mente e a agitação
derivada do Fogo do Fígado (MACIOCIA).
F2 Xing Jian Transtorno mental irritabilidade, raiva (CHONGHUO).
2.7.2 A Depressão
De acordo com MACIOCIA (2006), embora o estado depressivo possa estar
associado a uma aparente tristeza, a depressão associada ao Elemento Madeira se dá em
decorrência da raiva reprimida ou do ressentimento, e é comum ter origem em um
ressentimento prolongado em relação a algum membro da família. Suas principais
características são as perdas de direção, de objetivos, e a ausência de sonhos e
conquistas.
Quando um indivíduo não consegue encontrar o caminho que deve seguir na
vida, e como conseqüência não consegue expressar todo seu potencial criativo e
expressivo, torna-se deprimido e frustrado. A mesma coisa ocorre quando perde contato
com sua própria intuição e como resultado toma decisões inadequadas. As pessoas do
tipo Madeira são muito suscetíveis às situações em que se sentem impedidas diante de
situações da vida, e com freqüência elas mesmas criam tais situações (ROSS, 2003).
A Depressão está associada com Deficiência, Estagnação ou Excesso. Na
Deficiência não existe energia suficiente para sentimentos positivos e na Estagnação o
fluxo de energia e das emoções está bloqueado. Em caso de Excesso a depressão está
associada à agressividade e depressão maníaca.
Um tipo particular de depressão está associado a alterações da energia do Fígado.
De acordo com ROSS (2003), na Depressão relacionada ao Elemento Madeira o
indivíduo apresenta o seguinte quadro:
Tabela 5. Tipos de Depressão relacionados ao Elemento Madeira
Síndrome Sinais e sintomas
Deficiência Qi do
Fígado
Dúvidas sobre si mesmo, incerteza, falta de confiança, falta de auto-afirmação,
dificuldade de impor limites, permitindo que os outros invadam ou dominem.
Estagnação Qi do Fígado Frustração, sensação de estar bloqueado na vida de maneira geral, bloqueio na
auto-expressão e na criatividade, pressão interna e desejo de agir, mas incerto
sobre o caminho a tomar na vida.
Excesso
Fogo no
Fígado/Estagnação do
Qi do Fígado
É uma alternância entre o Excesso e a Estagnação do Qi do Fígado. Comum
apresentar ora a repressão emocional e ora a expressão de sentimentos: raiva e
violência. Álcool e menstruação exacerbam essas características.
Fonte: ROSS, 2003
De acordo com ROSS (2003), a Depressão decorrente de dois ou mais sistemas
de órgãos é uma ocorrência comum na prática clínica. A combinação freqüentemente
encontrada que envolve o Fígado é a de Deficiência de Fígado e do Rim associadas.
Outras duas ocorrências comuns são a combinação da Deficiência e da Estagnação do
Qi do Fígado, e a Depressão e labilidade emocional do período pré-menstrual, que se
deve à estagnação do Qi do Fígado e a Hiperatividade do Yang do Fígado. Suas
características estão listadas na tabela que se segue.
Tabela 6. Tipos de Depressão relacionados ao Elemento Madeira + Associações
Deficiência de Fígado e Rim associadas Falta de iniciativa, falta de afirmação, objetivos
pouco definidos, incerteza sobre a própria identidade
e qual caminho seguir na vida.
Deficiência e Estagnação do Qi do Fígado
associadas
Falta de planejamento e decisões insensatas criam
problemas e levam à depressão com sentimento de
obstrução e incapacidade de vislumbrar uma
maneira de sair das situações embaraçosas criadas.
Estagnação do Qi do Fígado e Hiperatividade do
Yang do Fígado.
Depressão e labilidade emocional do período pré-
menstrual.
Fonte: ROSS, 2003
2.7.2.1 O Equilíbrio da Depressão
O equilíbrio da Depressão se dá quando torna possível ao indivíduo tomar
decisões, ter confiança em si mesmo, manter um objetivo de vida e fazer planos. Assim
a energia mental é direcionada para propósitos criativos e satisfatórios.
O tratamento da Depressão de acordo com ROSS (2003) se dá da seguinte
forma:
Tabela 7. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Depressão de acordo com
ROSS
Síndromes Sinais e sintomas Combinação de
pontos ROSS
Nome em Chinês
Deficiência Qi
do Fígado
Dúvidas sobre si mesmo, incerteza, falta de
confiança, falta de auto-afirmação,
dificuldade de impor limites, permitindo que
os outros invadam ou dominem.
VG20, VC4, VB13,
VB40, TA4, R3
Ton.
Bai Hui, Guan
Yuan, Ben Shen,
Qiu Xu, Yang Xi,
Tai Xi
Estagnação Qi
do Fígado
Depressão e frustração, sente-se bloqueado
pelas circunstâncias, gosto pelo movimento
e aversão em ficar parado, talvez zangado ou
irritável.
VC6, VC17, F1, F3,
F14, CS1, CS6
Disp.
Qi Hai, Tan Zhong,
Da Dun, Tai Chong,
Qi Men, Tian Chi,
Nei Guan
Excesso
Fogo no
Fígado +
Estagnação do
Qi do Fígado
Alternação entre depressão, agressividade e
raiva, alternação de raiva reprimida com
raiva expressa.
F2, F14, CS8 Disp;
VG20, VC6, BP6
H;
Para raiva: R1 Disp
+ F1
Xing Jian, Qi Men,
Lao Gong, Bai Hui,
Qi Hai, San Yin
Jiao, Yang Quan,
Da Dun
Ton = Tonificação / Disp = Dispersão / H= Harmonização / M= Moxa Fonte: ROSS, 2003
De acordo com outros autores:
Tabela 8. Combinação de Pontos para o Equilíbrio da Depressão de acordo com
outros autores Pontos e
Combinações
Nome em Chinês Utilização
F3 Tai Chong Depressão, fúria reprimida. (CAMPIGLIA)
VB36 Wai Qiu Depressão, ressentimento (CAMPIGLIA).
F3 + IG4 Tai Chong +
Hegu
Estabiliza o Hun, acalma a mente. Astenia mental, depressão
(CAMPIGLIA).
E36 Zusanli Depressão e mania, cansaço, fadiga, distúrbios mentais
(MARTINS E GARCIA).
B15 + B18 +
B20 + C7 +
E40
Xinshu, Ganshu,
Pishu, Shenmen,
Fenglong
Doença depressiva, acalma o coração e a mente, elimina a
estagnação (CHONGHUO).
VB40 Qiu Xu Indecisões, depressão, dor no peito e hipocôndrio (CAMPIGLIA).
Facilita a tomada de decisões difíceis (MACIOCIA).
VB17 Zheng Ying Dá suporte ao psiquismo, ajuda na depressão (CAMPIGLIA).
VG20 Bai Hui Depressão, melancolia, apatia, esgotamento mental, inquietação,
esquecimento (SANTOS). Desordens mentais (CHONGHUO).
2.8 AS PATOLOGIAS FÍSICAS E EMOCIONAIS LIGADAS AO
DESEQUILÍBRIO DO ELEMENTO MADEIRA
Toda a psicopatologia, de alguma forma, envolve o comprometimento do
elemento Madeira. A Madeira simboliza o crescimento, o desenvolvimento, a visão de
mundo e os relacionamentos. Toda doença psíquica envolve dificuldade de
relacionamento com o meio ambiente, de clareza, de visão da realidade interna e externa
interferindo nos relacionamentos pessoais e na expressão das emoções. Além disso, o
Fígado é o órgão responsável pelo livre fluxo das emoções (CAMPIGLIA, 2004).
Segundo CAMPIGLIA (2004), o Fígado conecta-se com os olhos e é
responsável pela neuromuscularidade. O bom funcionamento da Madeira depende muito
de seu desenvolvimento na primeira infância, especialmente nos primeiros dias após o
parto. É na amamentação que a criança começa a desenvolver o contato com o mundo
externo, pois a mãe sinaliza as emoções para o bebê, e estas são captadas pelo contato e
pelo olhar. O bebê olha para a mãe e para o seio enquanto mama, apresentando no início
uma visão embaçada que vai se tornando nítida com o passar do tempo. Seu campo de
visão vai se ampliando quando é capaz de fixar a cabeça, sentar, engatinhar, ficar em pé,
andar, realizando movimentos cada vez mais complexos.
“O Fígado fornece Sangue para o sistema ocular e entra em
contato com os olhos por seu trajeto interno. Além disso,
algumas pessoas do tipo Água-Madeira, cujas emoções
predominantes são o medo e a raiva, podem, pela tentativa de
expressar suas agressividades e de dominar os outros com os
olhos, precipitarem problemas oculares para si” (ROSS, 2003, p.
430).
O Fígado estará plenamente desenvolvido aos sete anos de idade. Até esta idade
a criança sempre precisa ter o olhar dos pais ou de um adulto por perto. Sem a
referência de um adulto a criança poderá perder o foco e o contato consigo mesma, ou
também com a realidade externa. A falta de afeto da mãe, a ausência de interesse e do
olhar dos pais durante seu desenvolvimento podem ser a causa de uma alteração
emocional permanente (CAMPIGLIA, 2004).
Praticamente todas as doenças psíquicas envolvem alterações na energia do
Fígado, mas as alterações são mais pronunciadas na paranóia, nos delírios, no transtorno
bipolar, na depressão reativa, na depressão ansiosa e em todas as reações agressivas.
Como a raiva é a emoção do Fígado, seu desequilíbrio causa a agressividade patológica,
isto é, a raiva expressa de forma destrutiva. A frustração é o determinante da
agressividade e um dos fatores mais importantes de adoecimento do Fígado. A
frustração nem sempre resulta em agressividade: a resignação, a depressão reativa ou o
desespero também podem ser resultantes da frustração (CAMPIGLIA, 2004).
“(...) alternação de depressão com Excesso se encontra na
alternação entre a depressão da Estagnação do Qi do Fígado,
a raiva e a violência do Fogo do Fígado. É comum esse quadro
ser uma alternação entre a repressão emocional e a expressão
dos sentimentos. Esta pode ser uma característica geral da
Madeira, o tipo que pode ficar exacerbado por fatores como
álcool ou menstruação” (ROSS, 2003, p. 449).
O tratamento dos distúrbios psíquicos da Madeira propicia bons resultados, pois
restabelece o fluxo livre de Qi e das emoções. Associando-se exercícios físicos à
acupuntura é possível estabilizar a depressão ansiosa, a irritabilidade, as reações
agressivas e as alterações de humor. Já os resultados são limitados quando se trata da
paranóia, psicose e delírio, uma vez que são alterações mais profundas e
comprometedoras (CAMPIGLIA, 2004).
Seguem exemplos de algumas patologias relacionadas ao Fígado e possíveis
associações com alguns aspectos emocionais:
2.8.1 Bruxismo
Caracteriza-se por ranger os dentes à noite, durante o sono, descarregando a
tensão vivida durante o dia. Pode ser feita uma analogia com “estar mordido”:
agressividade impotente, desejos de morder não reconhecidos, dentes como ferramenta
de agressividade, trincar os dentes, cerrar os dentes. Como parte do tratamento, a pessoa
deve tornar-se consciente de sua própria agressividade e reconciliar-se com ela,
aprendendo então a defender-se, a mostrar os dentes, a golpear, a morder, não se deixar
dominar pelas dificuldades, desenvolver tolerância à frustração e reconhecer a
agressividade como principio vital, integrando-a à sua vida (DAHLKE, 1996). Na
Medicina Chinesa é caracterizado pela Estagnação de Qi do Fígado e sua emoção
subjacente é a mágoa e a frustração.
2.8.2 Cálculo na Vesícula Biliar
A Vesícula Biliar conserva a bílis produzida pelo fígado. Quando há um
bloqueio energético, isto é, quando a energia não flui adequadamente, há tendência à
solidificação, criando-se sedimentações e cálculos. Os cálculos na Vesícula são
impulsos fossilizados de agressividade, isto é, energias agressivas contidas que se
agregam e petrificam. Quando se dá a cólica devida ao cálculo, o individuo é obrigado a
dar vazão ao que não ousou antes (através de movimentação intensa e gritos) e a energia
estagnada volta a fluir (DAHLKE & DETHLEFSEN, 1983). De acordo com
MACIOCIA (1995), os cálculos na Vesícula Biliar são uma forma extrema de Umidade.
São formados por um longo período a partir da Umidade sob a ação de vaporização e
fermentação do Calor. Assim são sempre considerados como manifestação de Umidade-
Calor ou Fleuma.
2.8.3 Fibromialgia
É caracterizada por provocar dores generalizadas nos músculos, tendões e
ligamentos, além de fadiga. As dores podem se manifestar por períodos de horas ou até
de dias, meses ou permanentemente, em áreas diversas ou mais localizadas do corpo.
Comumente podem vir associados outros sintomas: alterações quantitativas e
qualitativas do sono, cefaléia, parestesias, problemas de memória e concentração,
irritabilidade e depressão. Há diminuição de serotonina e aumento de
neurotransmissores como reação do organismo quando está sob intensa situação
dolorosa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fibromialgia). Na Medicina Chinesa é
caracterizada como Síndrome Bi de Vento e Deficiência de Qi do Fígado. De acordo
com Pérez, quando o Fígado está enfermo aparecem alterações na extensão dos tendões,
parestesias e espasmos musculares. Também alterações na emotividade, depressão,
ansiedade, irritabilidade e melancolia.
2.8.4 Hepatite
A capacidade desintoxicante do fígado pressupõe a capacidade de avaliar e
discriminar o que é venenoso do que não é. Assim, problemas hepáticos sugerem a
dificuldade de distinguir o que é útil do que é inútil, do que é nutrição e o que é veneno.
Quando não se é capaz de avaliar o que serve e o que não serve, surge o problema de
“cometer excessos”, de se ter grandes fantasias, buscar ideais altos demais. E o fígado
adoece em função dos excessos: excesso de comida, de gordura, bebida, drogas, etc. É
uma reação física contra a falta de moderação.
O fígado gera e distribui energia. A pessoa que sofre do fígado sofre
conseqüentemente a perda da força vital e dessa energia, tendendo à melancolia e
depressão. Perde a vontade em todos os âmbitos relacionados à vida e compensa esse
problema através do excesso. Através da doença, a pessoa aprende a ser moderada, a
dar à vida a orientação correta, a encontrar um objetivo, uma orientação para o que lhe é
próprio. Aprende a distinguir conscientemente o que lhe é salutar e o que lhe é nocivo
(já que a dose é que faz o veneno). Desenvolve a paciência e o controle no que se refere
ao excesso de bebida, alimentação, sexo. Essa condição é evidente quando se refere à
hepatite (DAHLKE & DETHLEFSEN, 1983). De acordo com ROSS (2003),
caracteriza-se como Síndrome de Calor e Umidade no Fígado.
2.8.5 Hipertensão
Estar sob pressão e excitação prolongadas: ser pressionado, viver
permanentemente à beira de um conflito sem apresentar uma solução, não assumir,
continuar uma situação de provação e disposição defensiva, situação básica repleta de
tensão pela expectativa e pela excitação interior, agressividade obstruída, hostilidade
reprimida, fuga para atividade exterior, desvio. Como parte do tratamento, ao invés de
manter uma pressão prolongada deve-se buscar a decisão do conflito, colocando a força
na solução. Cuidar da descontração após uma discussão, reconhecer sua própria raiva e
soltar a pressão no lugar certo. Pessoas que se limitam a escutar devem cuidar de sua
comunicação e procurar responder com maior rapidez e no momento correto
(DAHLKE, 1992). De acordo com CHONGHUO (1993), uma das causas da
hipertensão arterial é pela desarmonia entre o Yin e o Yang do Fígado e dos Rins.
Quando sua causa é o Calor Excessivo do Fígado, é acompanhada de dor de cabeça,
olhos avermelhados, angústia, irritabilidade, constipação e rubor facial. Quando é
causada por Deficiência de Yin do Fígado e dos Rins, está associada à vertigem, tinido,
lombalgia, lassidão nos membros inferiores, palpitação, insônia. Para Pérez ( ), em
essência pode-se considerar a hipertensão como Plenitude da Energia do Coração,
embora as causas possam ser diversas. Uma das causas é a aceleração do Yang do
Fígado (de origem fundamentalmente psíquica). O stress, por exemplo, produz uma
sensação de tensão interna que pode resultar em alterações nos órgãos quando não é
equilibrado através de exercícios físicos (movimento de músculos e tendões). Pode estar
associada a sintomas como cefaléia, agitação, irritabilidade, secura na boca, face
vermelha.
2.8.6 Síndrome de Menièri
É uma afecção da orelha interna com distúrbios da audição e do equilíbrio.
Consiste em crises periódicas de vertigem, surdez e zumbidos nos ouvidos. A vertigem
pode vir acompanhada de náuseas, vômitos e incapacidade para se levantar. Sob o ponto
de vista da Medicina Chinesa, o principal fator é a Hiperatividade do Yang do Fígado.
No caso de zumbidos nos ouvidos e surdez, o tipo excesso está associado com Fogo no
Fígado e Vesícula Biliar (ROSS, 2003).
A pessoa afetada sente vertigens de algo referente à base de sua vida. Esta base é
oscilante e pouco confiável, e a qualquer momento o chão ameaça ser retirado de forma
súbita sob seus pés. O que se deve aprender através destes sintomas é entregar-se às
oscilações até o ponto em que se torne claro que a vida consiste de altos e baixos e que é
necessário abdicar ao controle exagerado e escutar a própria voz interna, buscando um
caminho próprio (DAHLKE, 1992).
2.8.7 Problemas Oculares
As informações e a energia fluem do ambiente externo para o olho, mas as
pessoas podem não gostar do que estão vendo e a partir daí tentar limitar suas
percepções. Pelo hábito de diminuir seu campo perceptivo, é possível que comecem
também a diminuir gradativamente a profundidade da visão, bem como seu campo e
nitidez (ROSS, 2003).
2.8.7.1 Astigmatismo
Não há formação de nenhum foco preciso, pois os raios de luz não se deixam
enfeixar em um ponto. O olhar é enviesado e a visão do mundo distorcida. Como parte
do tratamento, deve-se buscar desenvolver uma visão ampla das situações, abstraindo-se
de uma concentração fortemente densa (DAHLKE, 1992).
2.8.7.2 Catarata
O cristalino se turva, e conseqüentemente a visão perde a nitidez. Quando se
perde a nitidez dos contornos, o mundo perde seu caráter agressivo na névoa da visão
difusa que se tem dele. Não ver bem significa ficar a uma distância apaziguadora do
meio ambiente. A catarata é como uma persiana que se fecha para que o indivíduo não
precise ver o que não deseja (DAHLKE & DETHLEFSEN, 1983).
O hábito de entorpecer a percepção, evitando os detalhes desagradáveis,
cansativos e ameaçadores da vida, faz com que a pessoa prefira viver envolta em uma
névoa, sem participação na vida. Isso pode resultar no aumento do obscurecimento da
visão Alem de sua associação com a Deficiência de sangue no Fígado, é também
caracterizada por Deficiência de Jing do Rim (ROSS, 2003).
2.8.7.3 Conjuntivite
A conjuntivite mostra, como todas as inflamações, a existência de um conflito.
Produz dor nos olhos e só encontra alívio quando fechados. É assim que o indivíduo
fecha os olhos para o conflito ao invés de enfrentá-lo (Dahlke & Dethlefsen, 1983).
Aquele que faz uso do fluxo ocular para expressar ódio, raiva, amargura ou para
exercer domínio sobre os outros, pode criar uma pressão no interior do olho que resulta
em conjuntivite ou glaucoma. Caracterizada por Umidade-Calor no Fígado e na
Vesícula Biliar, em combinação com Umidade e calor na área da cabeça (ROSS, 2003).
2.8.7.4 Glaucoma
Provocado pelo excesso de pressão no interior do olho, acarreta a diminuição
crescente do campo visual, levando a uma visão em túnel. O indivíduo perde a visão
mais ampla e mantém apenas o aspecto da realidade que quer ver. O que está subjacente
ao aumento da pressão ocular é a pressão psíquica das lagrimas contidas (DAHLKE &
DETHLEFSEN, 1983). Aquele que faz uso do fluxo ocular para expressar ódio, raiva,
amargura ou para exercer domínio sobre os outros, pode criar uma pressão no interior
do olho que resulta em glaucoma ou conjuntivite (ROSS, 2003).
Para CHONGHUO (1993), é a Estagnação da Energia do Fígado que se converte
em Fogo, e este por sua vez produz o Vento Interno que sobe junto com o Fogo para
turvar a vista. Outra causa do glaucoma é pela fadiga excessiva que consome a
Essência, levando á Hiperatividade do Yang ocasionado por esta fadiga.
2.8.7.5 Miopia
A miopia está ligada aos olhos e ao discernimento. É um distúrbio típico da
juventude no qual há uma tendência a enxergar seu estreito círculo. Há uma falta de
visão de conjunto e de perspicácia, só vendo o que está mais próximo a seu próprio
nariz.
“(...) se as pessoas estiverem interessadas apenas em si mesmas
e restringirem a área de suas percepções à área imediatamente
ao seu redor, essa atitude pode levar á restrição da profundidade
da visão e agravar a miopia” (ROSS, 2003, p.430).
A pessoa está na frente das árvores altas e não tem a percepção da floresta. Há
uma imagem desvanecida do mundo, recusando-se a ver o mundo como ele é.
Delineamentos imprecisos de tudo o que está distante, razão pela qual a visão do destino
é trazida cada vez mais para perto de si. Egocentrismo. Como parte do tratamento,
concentrar-se no que está junto e próximo ao invés de se lançar em teorias idealistas
sobre a salvação do mundo; resolver os problemas no próprio ambiente de vida
(DAHLKE, 1992). Para CHONGHUO (1993), além dos fatores hereditários, a miopia
surge nas pessoas que trabalham e lêem com freqüência em ambientes escuros. Os olhos
são manifestações externas do Fígado e da essência dos órgãos internos. Se os órgãos
internos estão danificados pela fadiga, levam à Deficiência da Energia do Fígado e à
debilidade da Energia Essencial, e como conseqüência, os olhos não podem ver à
distância.
2.8.7.6 Secura ou Lacrimejamento Excessivo dos Olhos
Quando o fluxo dos olhos fica bloqueado, no caso de retenção das lágrimas
frente a uma situação pesarosa, os ductos lacrimais podem ser atingidos, resultando em
secura ou lacrimejamento excessivos (ROSS, 2003). De acordo com MACIOCIA
(1995), é caracterizada por Deficiência de Sangue do Fígado, isto é, quando o Sangue
do Fígado é deficiente, os olhos não serão nutridos ou umedecidos, de maneira que não
poderão ver muito bem.
2.8.8 Tendinite
A inflamação dos tendões normalmente deriva do esforço excessivo e de
pequenos movimentos de contração repetidos, tal como ocorre, por exemplo, ao tricotar
ou digitar. Não é a atividade em si que provoca problemas, mas sim o fato de ser
executada de forma contraída ao invés de relaxada. É bastante comum a pessoa não ter
consciência do quanto está contraída. Assim, uma atividade que poderia ser realizada
de forma relaxada acaba por ser realizada sob excesso de esforço contraindo-se a
musculatura. A pessoa acometida pela tendinite deveria se tornar consciente de sua
atividade a ponto de reconhecer seu sentido mais profundo, sua emoção e a intenção
relacionada a esta atividade. Os músculos contraídos revelam resistência, e é preciso
descobrir contra o que esta resistência se dirige antes que o conflito inconsciente
inflame os tendões (DAHLKE, 1992). Caracterizada como Síndrome Bi, termo que de
acordo com CHONGHUO (1993) significa obstrução: a invasão de fator patogênico
exógeno provoca a obstrução de energia e do Sangue, causando dor, intumescimento e
dificuldade de movimento.
2.8.9 Torcicolo
A postura ereta da cabeça faz com que a pessoa encare de frente os desafios e as
exigências do mundo: olho a olho. Quando se vira a cabeça, há a fuga a esse confronto,
desviando-se daquilo que não quer enfrentar (DAHLKE & DETHLEFSEN, 1983). De
acordo com CHONGHUO (1993), é uma lesão dos tendões cervicais que pode ser
causada pela má postura, má circulação de Energia devido a um ataque de Vento-Frio
na região da nuca e do dorso. Para ROSS (2003), a tensão muscular dos ombros e
pescoço é decorrente da Estagnação do Qi do Fígado nos músculos.
2.8.10 Considerações
De acordo com DAHLKE & DETHLEFSEN (1983), faz-se necessário
abandonar a idéia de que todo tipo de sintoma que gera limitação “é uma perturbação
desagradável que se tem de afastar tão depressa e despercebidamente quanto
possível”(p.148). O que deve ser feito é permitir que o sintoma perturbe o modo
habitual de vida da pessoa, uma vez que essa pode ser a oportunidade para ela
apreender daí o que está se manifestando de forma subjacente através do sintoma. Desta
maneira é que a doença pode tornar-se um caminho que leva à cura e a uma percepção
mais elevada.
III. METODOLOGIA DE PESQUISA
Foi realizado neste trabalho uma revisão bibliográfica através de pesquisas em
livros, monografias, apostilas e materiais de internet relacionados à Medicina
Tradicional Chinesa.
IV. CONCLUSÃO
A presente revisão reúne aspectos importantes sobre as questões emocionais que
envolvem o Elemento Madeira, bem como propõe possíveis tratamentos por
acupuntura.
A bibliografia disponível referente exclusivamente aos aspectos emocionais com
foco na Medicina Chinesa ainda é escassa, e o que pode ser notado é que parte dos
autores pesquisados não faz referência a questões emocionais, outros o fazem de
maneira parcial, e uma minoria refere-se de forma um pouco mais abrangente a este
tema.
Dessa maneira, reunir todos esses dados em um único texto faz com que se torne
uma fonte de pesquisa rápida, uma vez que a pessoa interessada no assunto possa ter
aqui condensadas as informações essenciais que teria que buscar em várias fontes
diferentes.
As emoções propriamente ditas não são causadoras de doenças, a não ser quando
se tornam intensas ou permanecem por um longo período de tempo. Assim podem
propiciar o adoecimento, gerando desarmonia nos órgãos e vísceras. Do mesmo modo,
os órgãos e as vísceras quando em desarmonia, podem influenciar nas emoções e na
maneira de perceber a realidade.
A busca da Medicina Chinesa é resgatar a harmonia e o equilíbrio do organismo
em seu meio. O êxito de qualquer forma de curar baseia-se no domínio dos princípios
teóricos e da prática clínica, assim como na compaixão, no dom da cura e na
compreensão das pessoas. Na acupuntura a combinação eficaz de pontos está baseada
na diferenciação das síndromes, no entendimento da personalidade e das necessidades
do paciente (ROSS, 2003).
O tipo de personalidade de cada indivíduo impõe a ele certas características e
certos temas com os quais terá que aprender a lidar. Quando a pessoa trabalha com esses
temas de maneira positiva, assimila sua lição, reconhece, expressa e desenvolve suas
habilidades naturais. Poderá sentir muita satisfação interior, mesmo que durante o
processo de desenvolvimento tenha que superar muitas dificuldades. Se suas habilidades
naturais não forem reconhecidas ou usadas, pode ocorrer uma crescente pressão interior
de descontentamento, e que poderá manifestar-se como doença. Dessa forma, encontrar
as verdadeiras habilidades, desenvolver a força interna e a perseverança para ir em
busca de seus ideais ou realizar as mudanças necessárias para que se possa viver de
acordo com eles, é uma das formas de viver em equilíbrio.
Na busca de seus ideais algumas pessoas podem estabelecer metas fora da
realidade, trabalhar em excesso para alcançá-las e acabar adoecendo.
Há várias combinações de pontos de acupuntura adequados a diferentes tipos de
personalidade e a uma variedade de questões emocionais, e que podem ser de grande
auxílio ao desenvolvimento pessoal. Para MACIOCIA (1996), a acupuntura apresenta
uma influência profunda sobre os problemas emocionais e mentais, mas com limitações
quando se refere a problemas graves de ordem mental. Nestes casos a acupuntura
poderá oferecer maior auxílio quando combinada com o trabalho de um psicoterapeuta.
Através desta revisão bibliográfica, baseada na experiência de alguns autores,
encontramos explicações e aplicações da Medicina Chinesa para a busca do equilíbrio
das emoções relacionadas ao Elemento Madeira, isto é, a raiva, a depressão, a
irritabilidade, a frustração, a criatividade. A acupuntura favorece o equilíbrio sistêmico
do indivíduo e sua eficácia é demonstrada através destes estudos, trazendo o
reconhecimento de seus resultados satisfatórios relacionados a aspectos emocionais.
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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