Post on 08-Jul-2015
description
CEFALEIA NA PEDIATRIAAc. Henrique Mascioli FiorilloInterno – Faculdade de Medicina de Catanduva
CEFALEIA
Sintoma indicativo de patologias potencialmente
graves
Queixa frequente na pediatria (40,7 a 82,9%)
Prevalência aumenta proporcionalmente à idade
(7anos = 37%; 14anos = 69%)
Menores de 10 anos: gênero masculino
Adolescência: gênero feminino
Menos de 15% procuram especialista
Classificadas segundo Sociedade Internacional de
Cefaleia (SIC) em:
Primárias: não são decorrentes de doenças orgânicas
específicas de origem intracraniana ou sistêmica;
mais frequentes na pediatria; principais são
migrânea e tensional.
Secundárias: devidas a patologias de orgânicas
específicas, de origem intracraniana, ou devidas a
doenças sistêmicas.
MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
Manifestação álgica de moderada/forte intensidade,
frequentemente interferindo nas atividades cotidianas,
acompanhada ou não por sintomas gastrintestinais
(náuseas e vômitos), fotofobia, fonofobia e,
ocasionalmente, por manifestações neurológicas
transitórias (hemianopsia, parestesia, paresia, ataxia,
que caracterizam a aura).
5 – 10% de escolares e adolescentes.
Classificada em: enxaqueca com aura, sem aura e
outros tipos.
Quadro clínico diferente do adulto:
duração mínima de duas horas é pouco frequente,
acometimento bilateral,
região frontal
raramente, a criança consegue caracterizar a dor
como pulsátil, bem como definir a intensidade do
sintoma.
A fotofobia e a fonofobia, quando presentes, nem
sempre estão associadas.
Critérios da SIC para diagnóstico de enxaqueca sem aura em crianças: Presença de pelo menos dois dos seguintes critérios:
– localização unilateral; – dor de caráter pulsátil; – intensidade moderada ou severa (inibem ou impedem
atividades diárias); – agravada por exercícios físicos ou subir escadas.
Presença de pelo menos um dos sintomas, durante a crise dolorosa: – náusea e/ou vômitos; – fotofobia e fonofobia.
Pelo menos um dos seguintes critérios: – história e/ou exame físico geral e/ou neurológico não
sugerem outras causas de cefaléias; – história e/ou exame físico sugerem tais causas, mas foram
afastadas pela realização de exames complementares; – tais alterações estão presentes, mas as crises dolorosas
não apresentam relação temporal com as mesmas.
O Comitê de Cefaleia em Pediatria da Associação
para Estudos de Cefaleia apresentou uma
proposta de revisão dos critérios da SIC que
incluem:
duração de uma a 48 horas,
localização bifrontal, biparietal ou unilateral
fotofobia ou fonofobia não necessariamente
associadas.
Tipos de Migrânea:
Migrânea sem aura (enxaqueca comum)
Migrânea com aura (enxaqueca clássica)
Migrânea oftalmoplégica
Migrânea retiniana
Síndromes periódicas da infância que podem ser
precursoras ou estar associadas à migrânea
Complicações da migrânea
Distúrbio migranoso que não preenche os critérios
acima
Enxaqueca sem aura:
Mais frequente no paciente pediátrico
Habitualmente associada a sintomas
neurovegetativos (principalmente náuseas, vômitos e
dor abdominal).
Enxaqueca com aura:
Principalmente entre adolescentes,
Sintomas visuais geralmente precedem ou
acompanham o quadro doloroso e duram entre cinco
minutos a uma hora.
CEFALEIA TENSIONAL
Critérios da SIC:
Caráter contínuo
Pode limitar, mas não costuma atrapalhar as
atividades da criança
Dor em aperto ou em pressão
Geralmente bilateral
Duração entre 30 minutos e sete dias
Ausência de náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia
Diagnóstico de exclusão naquela criança com
quadro de cefaleia recorrente que não preenche
os critérios estabelecidos para a enxaqueca sem
aura.
Tipos de Cefaleia Tensional:
Cefaleia do tipo tensional episódica
Cefaleia do tipo tensional crônica
Cefaleia do tipo tensional que não preenche os
critérios acima
OUTRAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS
Cefaleia em salvas e hemicrania paroxística crônica
Cefaleia em salvas
Hemicrania paroxística crônica
Distúrbio semelhante à cefaleia em salvas que não preenche os
critérios acima
Cefaleias diversas não associadas à lesão estrutural
Cefaleia idiopática em facada
Cefaleia por compressão externa
Cefaleia por estímulo frio
Cefaleia benigna de tosse
Cefaleia benigna do esforço
Cefaleia associada à atividade sexual
TRATAMENTO
Episódio agudo de enxaqueca
Identificação dos fatores desencadeantes
Eliminação da cefaleia após uma ou duas horas.
Se a medicação utilizada inicialmente não for
plenamente eficaz, deve-se considerar sua repetição
ou iniciar uma possível medicação de “resgate”, com o
objetivo de eliminar a dor após 4 horas
Tratamento Profilático
Número de crises é frequente (maior do que duas
crises por mês)
Ou quando as crises são incapacitantes
(acompanhada de vômitos recorrentes, ou rebelde às
medicações comumente utilizadas na fase aguda),
levando a criança a receber sistematicamente
medicação por via parenteral.
Drogas profiláticas:
Β – bloqueadores (propranolol)
Bloqueadores de Canais de Cálcio (flunarizina)
Antiepilépticas (divalproato de sódio)
Antidepressivas (amitriptilina)
Anti-serotoninérgicas (ciproheptadina, pizotifeno)
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
Cefaleia associada a trauma craniano
Cefaleia associada a distúrbios vasculares
Cefaleia associada a outros distúrbios intracranianos não vasculares
Cefaleia associada à substância ou sua retirada
Cefaleia associada à infecção não cefálica
Cefaleia associada a distúrbio metabólico
Cefaleia ou dor facial associada a distúrbio de crânio, pescoço, olhos,
orelhas, seios paranasais, dentes ou outras estruturas
Neuralgias cranianas, dor de tronco nervoso e dor da deaderentação
Cefaleias não classificável
Apenas 5% das cefaleias recorrentes em crianças
são secundárias à doença orgânica.
Neoplasias cerebrais:
Tumores sólidos mais frequentes na infância.
Causa infrequente de cefaleia na infância (pequena
incidência de neoplasia nessa faixa etária).
Evolução crônica e progressiva.
Acometimento no período matutino
Exacerbações relacionadas a mudanças na posição da
cabeça, tosse ou manobra de Valsalva.
Vícios de refração:
Esforço contínuo exercido pelo músculo ciliar após
longos períodos de esforço visual.
Região frontal
Bilateral
Melhora após curto período de repouso visual
Diagnóstico
História clínica, exame físico e exames
complementares variando conforme etiologia.
Importante: aferição de PA (secundária a hipertensão
renovascular) e exame neurológico!
Tratamento e Prognóstico
Individualizados para cada caso
REFERÊNCIAS
Abu-Arefeh I, Russell G. Prevalence of headache and migraine in
schoolchildren. BMJ 1994;309:765-9.
Barea LM, Tannhauser M, Rotta NT. An epidemiologic study of headache
among children and adolescents of southern Brazil. Cephalalgia 1996;16:545-9.
Mortimer MJ, Kay J, Jaron A. Epidemiology of headache and childhood
migraine in an urban general practice using Ad Hoc, Vahlquist and IHS
criteria. Dev Med Child Neurol 1992;34:1095-101.
Sillanpää M. Changes in the prevalence of migraine and other headaches
during the first seven school years. Headache 1983;23:15-9.
Mortimer MJ, Kay J, Gawkrodger DJ, Jaron A, Barker DC. The prevalence of
headache and migraine in atopic children: an epidemiologic study in general
practice. Headache. 993;33:427-31. Comitê AD HOC da Sociedade Brasileira de Cefaléia. Recomendações para o
tratamento da crise migranosa. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(2A):371-89.