Carta-resposta ao candidato á direção em 2008 [fascistóide]

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8/2/2019 Carta-resposta ao candidato á direção em 2008 [fascistóide]

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meios de abertura e é esta abertura que o movimento estudantil historicamente defende; já queestamos no meio do processo eleitoral, cabe lembrar que os estudantes e os funcionários valem,cada setor, 15% dos votos, a despeito de somarem 53.428 pessoas (6.837 funcionários e 46.591estudantes) no interior da universidade; ao passo que os professores, mesmo somando somente3.354 pessoas, equivalem a 70% dos votos válidos. (NOTA: dados extraídos do Portal UNESP:http://www.unesp.br/perfil/perfil.php)

Mas o discurso do prof. Heraldo é tão preconceituoso e malfadado, que o coloca nacontramão até mesmo dos capitalistas de hoje; porque a ordem da vez para a universidade é se abrir,atender aos pobres, formá-los aos montes, com baixos custos e em pouco tempo. A UNESP, por exemplo, cobrará “apenas” R$ 25,00 de inscrição no vestibular este ano para estudantes de escola pública; a UNICAMP dá pontos extras no vestibular para alunos de escola públicas, para negros eindígenas; até mesmo a sacrossanta USP apresentou ano passado o INCLUSP, programa deinclusão social em seu vestibular. Nas Universidades federais não é diferente: ReformaUniversitária, PROUNI, REUNI. Agora o capitalismo quer uma universidade que forme técnicosespecializados; é o que o mercado pede à universidade; neste contexto, desmonta-se o tripé-padrãoda universidade (ensino-pesquisa-extensão); deverá haver universidades de ensino e universidadesde pesquisa. Dado isso, o futuro da UNESP – por sua estrutura multicampi e forte presença no

interior paulista – nos já sabemos: universidade de ensino. Com seu tolo e infundado preconceito, odiscurso do prof. Heraldo é desprezível até para os capitalistas. E até mesmo ele admitiu nunca ter ido a moradia, não sabendo nem mesmo aonde ela se localiza!

 Nessa série de motivos vêem-se porque as demandas de assistência estudantil costumamsofrer tanto desprezo: porque a universidade não foi feita para os pobres. Simplesmente! Aquelesque nela adentram devem possuir condições sócio-econômicas para se manter sem trabalhar; devemser, em outros termos, ricos. Mas os pobres nunca souberam exatamente disso; e, em sua teimosia,adentraram cada vez a universidade; lutaram pelos seus direitos constitucionais, de educação pública, gratuita e de qualidade; lutaram pelo pleno acesso á coisa pública; lutaram por condiçõesde permanência na universidade, isto é, moradia estudantil, bolsas-auxílio, bolsas-acadêmicas,restaurante universitário, bibliotecas, laboratórios, etc. Mas a luta nunca termina, e as velhas

estruturas e os antigos objetivos lançam longe suas raízes e seus efeitos; lutar hoje é tão essencialquanto antes: lutar contra os velhos tabus, os antigos preconceitos e as antigas, e sempre novas,tramóias. A partir disso entende-se melhor qual o preconceito que o discurso do prof. Heraldocegamente reproduz, pois não constando o atendimento aos pobres nos fundamentos dauniversidade, não pode estar em seus meios ou fins. E, talvez, possamos tê-lo não como pré-conceito, mas pós-conceito, balizados nas próprias estruturas e no histórico da universidade.

Com este entendimento dos fatos, a Assembléia Extraordinária do estudantes da Moradiaconsidera o prof. Heraldo Lorena Guida persona non grata, não tanto por sua pessoa, mas pelo queela representa em termos de projeto de universidade e de sociedade. A Assembléia explicita aosestudantes, professores e funcionários desta FFC que suas dependências estão sempre abertas atodos aqueles que queiram conhecê-la e, se for o caso, se desfazer de seus preconceitos, ou,

vislumbrar melhor o pós-conceito. Além disso, esta Assembléia, de acordo com os dispositivos quelhe são próprios, convoca uma Assembléia Geral dos Estudantes da FFC UNESP-Marília, visandodiscutir o ocorrido, entender-lhe nos meandros e deliberar pelas ações.

Moradia Estudantil da UNESP-Marília

Marília, 1 de setembro de 2008