Post on 20-Oct-2018
CAPITULO 1
ADEVA – ASSOCIAÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS E AMIGOS
Fundada em: 09/08/1978
Diretor - Presidente atual: Markiano Charan Filho
Centro de Treinamento Mário Covas - Integrado à Escola Estadual Lasar Segall
End: Rua São Samuel,174,Vila Clementino,CEP 04120-030 São Paulo (SP)
Telefones: 11 5084-6693 / 5084-6695
E-mail: adeva@adeva.org.br
Site: http://www.adeva.org.br
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
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CAPITULO 2
ADEVA: HISTÓRICO E DIAS ATUAIS
Adeva (Associação de Deficientes Visuais e Amigos) é uma organização da
sociedade civil de interesse público, sem partido político e não possui fins
lucrativos atuando em São Paulo e cidades próximas.
A Instituição conta com associados que tem deficiência ou não. Trabalha com
projetos por meio da colaboração dos associados, doações, patrocínios,
parcerias, receita de eventos e produção de impressos em Braille.
A Adeva surgiu através de um grupo de doze pessoas no ano de 1975
informalmente, e no ano de 1978 passou a se constituir como pessoa jurídica .
Tinha como objetivo a busca e implementação de ideais por meio da educação
e do trabalho como também a convivência dos deficientes visuais com pessoas
que não possuem deficiência no intuito da queda do preconceito.
Em 1980 realizou trabalhos como ampliação de livros, cartilhas, apostilas e
gravação em fita magnética por meio de materiais técnicos e didáticos para
alunos da Rede Pública.
No ano de 1981 participou de alguns movimentos reivindicatórios estaduais e
nacionais com relação às pessoas com deficiência visual.
Já em 1982 trabalhou no encaminhamento de profissionais deficientes visuais
ao mercado de trabalho.
Em 1984 houve a criação da primeira Gestão do Conselho Estadual para
Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência (CEAPDC), órgão consultivo
autônomo que possui suporte administrativo do Governo do Estado de São
Paulo onde a Adeva teve participação fundamental.
No ano de 1985 em parceria com a Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas de Processamento de Dados (APPD), realizaram cursos de
informática para alunos do ensino público.
Já em 1987 a instituição apresentou para a Assembléia Nacional Constituinte
documento que continha sugestões relacionadas à garantia dos direitos dos
deficientes junto a Constituição de 1988. Também no mesmo ano trabalhou
fortemente na inserção de alunos formados pela Adeva como programadores
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de computador na Prodam (Companhia de Processamento de Dados do
Município do Estado de São Paulo).
Em 1991 ministrou a palestra “A Integração do deficiente por meio do mercado
de trabalho” em seminário na Escola Especial da Lapa, comunidades
religiosas, faculdades, associações, escolas, dentre outras instituições.
Já em 1995 realizou o trabalho de integração de deficientes visuais e não
deficientes na Associação Cristã de Moços (ACM/SP). No mesmo ano em
parceria com o Banco de Olhos de São Paulo teve inicio o “Programa Dia da
Visão” que consistia no trabalho com a comunidade relacionado à exposição de
materiais e equipamentos de uso de deficientes visuais, realização de exames
de acuidade visual, recebimento de córnea para o Banco de Olhos, palestras
de prevenção a cegueira e integração do deficiente visual junto à família e a
sociedade.
Já em 1997 surgiu na Instituição o primeiro jornal bimestral impresso em Braille
e em tinta – “Conviva” que transmite a filosofia da entidade tendo como tiragem
3.000 exemplares. Realizou também o curso piloto de culinária. Houve a
ampliação de cursos relacionados à reciclagem de profissionais na área de
informática com a parceria da Companhia Energética de São Paulo (CESP).
Neste mesmo ano também foram ministradas palestras de orientação junto aos
funcionários do Poupa Tempo.
Atualmente a instituição oferece os seguintes serviços e cursos:
Ofertas de emprego
Cursos com parcerias de empresas
Impressão de textos em Braille ou caracteres ampliados
Jornal Conviva em Braille, ampliado e a tinta
Eventos em geral
Sites com informações variadas através de conteúdos ligados aos
deficientes em geral.
Cursos sobre a criação de projetos e propostas relacionados à inclusão
do deficiente visual cujo público alvo são educadores culturais, sociais,
formais, designers, produtores de eventos, produtores culturais e
interessados.
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Palestras e treinamento para as empresas que vão receber deficientes
visuais em seu quadro de colaboradores.
Preparação de currículos e encaminhando para as empresas
Ensino fundamental nível 2 e ensino médio
Braille
Sorobã
Informática Básica e avançada (windows, word, internet, virtual vision,
jaws, excel, access, lógica de programação, cobol, HTML, javascript,
delphi, montagem e manutenção de micros, SQL-Banco de dados-
programando e administrando, formação de instrutores de informática e
rede de computadores).
Orientação e mobilidade
Educação para o trabalho
Relacionamento interpessoal
Qualidade no atendimento
Técnicas de atendimento telefônico
Vendas externas.
Liderança
Marketing Pessoal
Estenotipia
Matemática
Português
Inglês
Culinária
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CAPÍTULO 3
CONTEXTUALIZAÇÃO
O termo “deficiente” etimologicamente vem do Latim – “Efficcere” que significa
o ato de provocar resultados. O que não cabe dentro do histórico da deficiência
como um todo.
Deficiência visual compreende uma situação irreversível de diminuição da
visão, mesmo após tratamento clínico e ou cirúrgico e uso de óculos
convencionais. A pessoa com cegueira ou baixa visão tem restringida a sua
velocidade de trabalho, a orientação e a mobilidade. Essa deficiência é
classificada pela OMS em categorias que abrangem desde a perda visual leve
até a ausência total de visão. A adoção dessa classificação é recomendada
para que se possa ter uma maior uniformidade de dados estatísticos e estudos
epidemiológicos comparativos entre os diferentes países.
Em crianças, as causas oculares mais comuns de perda visual são as de
origem infecciosa congênita, como a rubéola e a toxoplasmose, ou as doenças
adquiridas durante os primeiros meses de vida e as de causa hereditária. As de
origem cerebral estão associadas à sequelas neurológicas causadas
principalmente pela prematuridade, síndromes e malformações congênitas
associadas a múltiplas deficiências que, muitas vezes, sobrepujam a
importância da deficiência visual. No adulto, com o aumento da expectativa de
vida e a prevalência das doenças crônico-degenerativas – as quais aumentam
com a idade, as principais causas de perda visual são a retinopatia diabética, o
glaucoma e a degeneração muscular senil. A catarata é uma das principais
causas de cegueira no Brasil com mais de 70% dos casos. Segundo a OMS,
cerca de 1% da população mundial apresenta algum grau de deficiência visual,
mais de 90% destes encontram-se nos países em desenvolvimento. Nos
países desenvolvidos, a população com deficiência visual é composta por
aproximadamente 5% de crianças, enquanto os idosos são 75% desse
contingente.
Falar de baixa visão é diferente de falar em cegueira. Na cegueira, existe um
padrão único de resposta, ou seja, a pessoa não enxerga nada.
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Para entender o que se chama de baixa visão, há três padrões diferentes:
Primeiro: a pessoa pode ter uma alteração da transparência dos meios
óticos, ou seja, as estruturas que são transparentes podem perder a
transparência. Por exemplo: a perda da transparência do cristalino por
causa de uma catarata não operada ou uma cicatriz na córnea.
Segundo: cicatriz na região central da retina, na mácula ou fóvea para
onde converge a imagem, pode provocar um defeito no campo visual
que obriga a pessoa a posicionar a cabeça e o olhar de tal modo que a
visão seja jogada na área da retina que permanece viável.
Terceiro: fechamento do campo visual por doenças oculares, como o
glaucoma ou a retinose pigmentar. Nesse caso, a pessoa vai perdendo o
campo periférico até que só lhe resta a visão em tubo. Como
conseqüência, perde a orientação espacial e precisa realizar uma
varredura maior no ambiente para reconhecê-lo e localizar-se.
O critério de baixa visão segue esses três padrões de reposta, que são
diferenciados, porque dependem da alteração da acuidade visual ou de outras
funções como sensibilidade ao contraste, percepção das cores e intolerância à
luminosidade.
1.1 O Deficiente Visual Na História
Desde a antiguidade a cegueira e a baixa visão sempre foram consideradas
como algo de difícil compreensão, as pessoas eram vistas como incapazes,
eram maltratadas e muitas vezes eliminadas. Somente a partir de 200 anos
atrás é que se começou a perceber que as pessoas com baixa visão e cegueira
poderiam ser educadas e participarem ativamente da sociedade como um todo.
Na antiguidade o Egito era conhecido como o país dos cegos por ter uma
grande quantidade de pessoas com baixa visão e cegueira devido ao clima
quente e a poeira, e os médicos que cuidavam dessas pessoas ficaram
famosos na região mediterrânea.
No Japão desde os tempos mais remotos mantinham uma atitude positiva com
relação às necessidades das pessoas com deficiência visual no que diz
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respeito à independência e a auto-ajuda. Muitos cegos tornavam-se contadores
de histórias e historiadores, gravando na memória os anais do império e os
feitos sendo encarregados de perpetuarem assim as tradições milenares.
Em Roma, por exemplo, alguns cegos tornaram-se pessoas letradas,
advogados, músicos e poetas. Cícero orador e escritor romano aprendeu
Filosofia e Geometria com seu tutor cego que chamava-se Diodotus. Entretanto
a maioria vivia na penúria recebendo alimentos e roupas como esmola. Os
meninos eram escravos e as meninas tornavam-se prostitutas.
No século XII no Reino Unido foi mencionado um refúgio para homens cegos,
perto de Londres que foi aberto por Willian Elsing, pois os cegos eram
mendigos e viviam da caridade alheia.
Já na Idade Média surgiu a Lei “ The Poor Law Act” no ano de 1601 que previa
abrigo e suporte aos pobres, incapazes e cegos. Por mais 200 anos desta data
em diante, viveram em suas casas e instituições chamadas de “Asylums” e
contavam com algum suporte dos governantes.
Na Bíblia a cegueira é mencionada como falta de fé, pecado, ignorância e um
castigo enviado por Deus. A cura dos cegos nela é mencionada como a
remissão dos pecados e reflete o pensamento cultural da antiguidade em
relação à cegueira, tendo grande influência sobre artistas e escritores da época
e também de certa forma colaborando para o circulo vicioso do preconceito.
A história, as lendas, a literatura e a bíblia contribuíram para que se fosse
perpetuada as idéias negativas e mitos sobre a falta de visão na vida das
pessoas e na sociedade.
Vale ressaltar de que essas barreiras em sua grande maioria eram e são
construídas pela própria sociedade, traduzidas em sua linguagem para
descrever a deficiência pela cultura da normalidade.
Houve uma mudança significativa no século XIX mais precisamente no ano de
1825 através de Louis Braille que possibilitou o acesso dos cegos de todo o
mundo à cultura e educação por meio do Sistema Braille de leitura. De lá para
cá muito progresso tem sido alcançado no estudo das pessoas com deficiência
visual, desde serem tratadas não mais como doentes (conceito médico), até a
possibilidade da inclusão.
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Atualmente, há uma legislação específica que ampara as pessoas com
deficiência procurando concretizar o ideal de uma sociedade para todos. A
possibilidade legal é um grande ganho, mas a lei em si não garante a inclusão.
No Brasil, a atenção aos deficientes surgiu com o caráter de atendimento
elementar, nas áreas de educação e de saúde, desenvolvida em instituições
filantrópicas, evoluindo depois para o atendimento de reabilitação, sem
assumir, contudo, uma abordagem integradora desse processo e preservando,
na maioria dos casos, uma postura assistencialista.
Dentro da atuação legislativa que foi aderida tanto internacionalmente como
nacionalmente adequando-se as particularidades do país, seguem abaixo:
Convenções Internacionais: Nosso país aderiu à Declaração dos
Direitos do Homem e subscreveu duas Convenções Internacionais
realizadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela
Organização dos Estados Americanos, cujo objetivo era coibir qualquer
discriminação, distinção, exclusão que tinha como efeito a destruição ou
alteração da igualdade de oportunidades com relação ao emprego e
profissão, a adoção de medidas relacionadas à readaptação profissional
e emprego de deficientes, posicionamento dos Estados a cerca das
políticas de readaptação profissional. No Brasil foi promulgada pelo
Decreto Legislativo do Congresso Nacional n.51, de 25.8.89 e
promulgada pelo Decreto n.129, de 22.5.91. Passou a viger em 18.5.91
(um ano após sua reatificação pelo Brasil).
Convenções Interamericanas: Declara assim que o termo deficiência
significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza
permanente ou transitória, toda diferenciação, exclusão ou restrição com
relação à deficiência será entendida como discriminação.
Legislação Nacional: A Previdência Social foi à pioneira na
preocupação com essas pessoas vinda dos compromissos
internacionais, especialmente assumidos com a OIT.
Prevê ela a habilitação e reabilitação profissional da pessoa com deficiência
(vale lembrar que a reabilitação profissional esteve presente na Consolidação
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das Leis da Previdência Social - CLPS e em seu Decreto Regulamentar n.
83.080/79, que atualmente faz parte da Lei n. 213/91).
A lei n. 7.853/89 que dispõe sobre o Apoio às Pessoas Portadoras de
Deficiência, foi editado o Decreto n. 3.298/99 que a regulamentou prevê o
estabelecimento de diretrizes, planos e programas destinados aos deficientes
onde serão encaminhados e adotados pelo Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE).
Foi criada através dessa lei a Coordenadoria para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência (CORDE).
O Decreto a partir daí conceituou a deficiência em cinco modalidades
diferentes, abriu oportunidade de apoio da Administração Púbica Federal,
promoção de ações preventivas de saúde e acidentes, garantia de acesso aos
estabelecimentos públicos e privados, bem como a educação e o mercado de
trabalho.
É importante salientar, que , com a promulgação da Lei n. 7.853/89 que deu
origem ao CORDE, criou também o CONADE, adotou propostas efetivas com
relação às providências em favor da pessoa com deficiência, outros órgãos da
Administração Pública foram envolvidos e coobrigados no apoio que a
legislação passou a exigir.
Foram envolvidos os seguintes Setores Públicos:
Ministério da Previdência e Assistência Social.
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Ministério da Justiça.
Secretária Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,
da Saúde, da Educação, do Trabalho e Emprego.
A Constituição Federal de 1988 trouxe uma série de dispositivos cujo objetivo é
o de proporcionar uma maior e destacada proteção e foi além disso através de
garantias como:
Cuidar da saúde e assistência pública.
Proteção e integração social.
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Promoção da integração ao mercado de trabalho.
Habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e promoção de
sua integração a vida comunitária.
No Decreto n. 5.904/06 regulamenta a Lei n. 11.126/05 o direito da pessoa com
deficiência visual o ingresso e permanência em ambientes de uso coletivo
acompanhada de cão-guia.
Com relação ao art. 61 do Decreto n. 5.296/04 favorece a autonomia pessoal,
total ou assistida no que diz respeito a ajudas técnicas referentes a
equipamentos ou tecnologia adaptados e/ou projetados.
Segundo a Lei n. 12.363/97 é obrigatório a utilização de cardápios impressos
em Braille em todos os estabelecimentos que comercializam refeições e
lanches.
A crescente urbanização e industrialização, sem os devidos cuidados com a
preservação da vida e do meio ambiente, gera o aumento de incapacidades.
Segundo o censo 2000 do IBGE, 24,5 milhões de pessoas, cerca de 14,5% da
população brasileira. Foram incluídas na pesquisa todas as pessoas que
apresentem alguma dificuldade de enxergar, de ouvir, de locomover-se ou tem
alguma deficiência mental. O conceito utilizado no censo, de limitação de
atividades, seguiu recomendações recentes da Organização Mundial da Saúde
e da ONU (Organização das Nações Unidas).
O dimensionamento da problemática da deficiência no Brasil, tanto em termos
qualitativos quanto quantitativos, é muito difícil em razão da inexistência quase
total de dados e informações de abrangência nacional, produzidos
sistematicamente, que retratem de forma atualizada a realidade do País nesta
área.
A situação da assistência à pessoa com deficiência no Brasil ainda apresenta
Visual 16.573.937
Motora 7.879.601
Auditiva 5.750.809
Mental 2.848.684
Física 1.422.224
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um perfil de fragilidade, desarticulação e descontinuidade de ações nas esferas
pública e privada. No âmbito assistencial, a maioria dos programas é bastante
centralizado e atende a um reduzido número de pessoas com deficiência, além
de não contemplar experiências comunitárias, e de seus resultados raramente
ser avaliados.
1.2 Preconceito
Além das influências dos fatores históricos, a forma como a mídia conduz a
figura do deficiente visual acaba infiltrando-se na vida das pessoas e
contribuindo na construção das imagens negativas e a manutenção do estigma.
O jornal britânico “The Guardian” que tem a preocupação com a justiça social e
a educação buscou 750 usos da palavra cegueira e classificou-os dentro do
significado literal e metafórico. O uso metafórico relacionava a cegueira à
ignorância, falta de sensibilidade, indiferença, violência e ausência de
inteligência crítica. Os poucos significados que não eram negativos se referiam
à justiça e ao amor.
A mídia contribuiu muito para alimentação do preconceito principalmente no
cinema e na televisão por meio de filmes que levam a figura das pessoas com
deficiência como defeituosos e monstros gerando o medo e a aversão. Estes
personagens em sua maioria aparecem com alguma deformidade física,
caracterizados como criminosos e também com uma grande deformidade na
alma. Destilam quase sempre ódio e rancor pelo destino que lhes foi traçado,
ou seja, trazem três preconceitos muito comuns na visão da maioria como
pessoas amargas devido ao seu destino, punição para o mal e pessoas que
sentem inveja das que não possuem deficiência e querem seu mal.
Nas décadas de 70 e 80 eram vistos como pessoas desajustadas e que não se
conformavam com a deficiência imposta pelas guerras e acidentes, isto é, a
culpa de seus males não era da sociedade e sim deles próprios e não no
ambiente restrito e nas atitudes preconceituosas que as pessoas tinham.
Hoje a mídia tem mostrado muito a questão da superação, onde essas pessoas
tornam-se profissionais bem sucedidos, mas não é a forma correta ainda
porque transmite a visão de um problema emocional de aceitação. Isto quer
dizer que o fracasso ou a superação é individual deixando de levar em
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consideração os fatores sociais relacionados ao estigma, a limitação, a
discriminação e falta de oportunidades impostas pela sociedade.
1.3 Terminologia
Dentro deste contexto vale notar alguns termos muito utilizados por
profissionais, que contraria a verdadeira face da inclusão e que são
pronunciados frequentemente.
Classe normal: O termo correto é classe comum ou classe regular, pois
todos somos iguais perante a Constituição e os Diretos Humanos.
Inválido: Esta palavra possui o significado de pessoa sem valor sendo
utilizada desde a antiguidade até o final da segunda guerra mundial.
Pessoa normal: Termo correto é pessoa com deficiência; pessoa não
deficiente. A normalidade com relação às pessoas é um conceito
ultrapassado e questionável.
Portador de deficiência: O termo correto é pessoa com deficiência.
Entre 1986 e 1996 tornou-se um termo muito utilizado aqui no Brasil e
popular. A deficiência não é algo que se porta como algum objeto, ou
seja, não se pode carregar a deficiência e deixá-la quando bem
entender.
Visão Subnormal: O termo correto utilizado hoje é baixa visão.
Vale ressaltar de que não há um único termo correto e definitivo, ou seja, em
cada época se utiliza termos diferentes cujo significado tem haver com os
valores, evolução e relacionamento com as pessoas com deficiência.
Alguns princípios básicos relacionados aos movimentos históricos e atuais que
chegaram ao termo “pessoas com deficiência” seguem abaixo:
Não esconder ou tentar camuflar a deficiência.
Não aceitar o consolo ou a falsa idéia de que todo mundo possui alguma
deficiência.
Mostrar a realidade da deficiência dentro da dignidade de cada pessoa.
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Valorização das diferenças.
Combate ao neologismo.
Defesa da igualdade entre as pessoas.
Encontrar nas diferenças os direitos que lhes são pertinentes e tomar as
medidas especificas para com a sociedade e o Estado.
Percebemos aqui claramente que alguns termos ainda perpetuam com força
menor e tendem a desaparecer conforme a evolução abre portas para uma
nova condição de vida.
1.4 O Deficiente e o Mercado de Trabalho
No ano de 1991 foi criada a lei de cotas nº. 8213 que estabelece as empresas
com mais de 100 funcionários, uma cota que vai de 5% a 10% de
colaboradores com deficiência em seu quadro. Isso fez com que fosse gerada
uma grande polêmica em relação à cultura e adaptação das empresas e seus
funcionários a essa nova era.
Seguem os seguintes critérios:
Segundo a classificação da OMS das deficiências.
Comprovação da caracterização da deficiência por meio de laudo
médico que pode ser emitido por médico do trabalho da empresa ou
outro médico, atestando enquadramento legal do (a) empregado (a) para
integrar a cota, de acordo com as definições estabelecidas na
Convenção nº. 159 da OIT, Parte I, art. 1; Decreto nº. 3.298/99, arts. 3º e
4º, com as alterações dadas pelo art. 70 do Decreto nº. 5.296/04. O
laudo deverá especificar o tipo de deficiência e ter autorização expressa
do (a) empregado (a) para utilização do mesmo pela empresa, tornando
pública a sua condição.
Certificado de Reabilitação Profissional emitido pelo INSS.
Sendo desta maneira as empresas têm que se adaptarem com prazos
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estabelecidos pelo Ministério do Trabalho onde a punição para o não
cumprimento da lei será uma multa que varia de R$5.000,00 à R$30.000,00 por
deficientes não admitidos.
Segundo a Delegacia Regional do Trabalho no ano de 2001 havia 73.760
pessoas com deficiência empregadas, já no ano de 2008 ocorreu um aumento
de 12% com a contratação de 6.842 profissionais. Em paralelo foi promulgado
pelo Governo do Estado a qualificação profissional, mais acessibilidade, dentre
outras ações, em parceria com o Município, Estado e Distrito.
No ano de 2008 a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2008) mostrou
que a inclusão de pessoas com deficiência ainda continua a ser um desafio
para a sociedade, pois mesmo com o programa de aprendiz estendido menos
de 1% das 130 mil pessoas que fazem parte das cidades estão empregadas.
A reserva do mercado de trabalho foi à opção encontrada para atender ao
preceito constitucional de proteção e garantia (Inciso II, do art. 23), e o de
proteção e integração das pessoas com deficiência (Inciso XIV do art. 24).
Em dezembro de 2004 é que se editou o Decreto n. 5.296/04 que regula o
direito à acessibilidade e as comunicações sociais para os deficientes,
revogando menções do Decreto n. 3.298/99 apesar da Lei n. 7.853/89.
Cabe ao Setor Público Federal a responsabilidade na manutenção desse
programa de integração e inclusão social, econômica e profissional da pessoa
com deficiência.
As grandes diretrizes e provisões devem vir diretamente do Poder Público
Central por meio de projetos e programas e os meios disponíveis para colocá-
los em prática.
Referente ao Decreto Regulamentar da Lei dos Deficientes dispõe que todas
as instituições públicas e privadas que ministram educação profissional
deverão obrigatoriamente oferecer cursos profissionalizantes as pessoas com
deficiência.
CAPÍTULO 4
14
DEPOIMENTOS
Depoimento da Vice - Presidente da Associação Brasileira de Deficientes Visuais e Amigos – Adeva
Nome: Sandra Maciel
Formação: Direito pela PUC de São Paulo
Ocupação: Programadora Analista, Prodesp
E-mail: sandra@adeva.org.br
Telefone: (11) 5084-6693
End: Rua São Samuel,174,Vila Clementino,CEP 04120-030 São Paulo (SP)
“Meu Nome é Sandra Maciel, minha deficiência é hereditária. Eu tenho o que
se chama Osiogenese Imperfecta, é uma má formação congênita dos ossos e
essa doença costuma atingir também a visão. Então eu tinha tanto problema
físico como problema visual desde a infância.
(...) Comecei a estudar por causa disso um pouco tarde demais, lá pelos onze,
doze anos e fui estudar numa classe na Fundação Dorina, numa classe
especializada em dupla deficiência, deficiência mental e deficiência física no
meio de adultos. Porque devido a minha deficiência física não sabiam como,
em que escola me colocar. Ficaram com medo de me colocarem em uma
classe normal e as crianças me derrubarem e tal (...), para minha assim
digamos desibinição, integração social não foi uma coisa interessante. Porque
além de tudo, eu era a única criança da sala. Isso me tornou uma criança muito
tímida, muito inibida e só uns anos mais tarde é que eu fui me integrando mais
e fui superando essas deficiências da comunicação, da sociabilização. Então
eu fiz alfabetização na Dorina, depois eu fui para uma classe normal no Grupo
Escolar Pedro Vos onde eu terminei o primário com a ajuda de uma classe de
recursos. Pra mim foi uma experiência muito válida. Eu acho que é a formação
ideal para o deficiente visual.
(...) Porque colocar o deficiente visual numa classe normal sem dar os recursos
necessários não é integração, embora hoje em dia se chame isso de
integração, mas isso não é integração.
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O Ginásio e o Colegial eu fiz no Caetano de Campos, depois me formei em
Direito na PUC . Fiz também o curso de Programação de Computador e fui
trabalhar na Prodesp como programadora de computador. Depois trabalhei
também Citibank na mesma função e trabalhei também na Prodam e na Cesp
aonde eu sou funcionária até hoje na parte de análise de sistemas.
(...) Precisa ver a convivência dos dois lados e isso foi o que me faltou. Então
até os vinte e poucos anos como eu não convivi com os deficientes eu me
integrei socialmente eu acho que relativamente muito bem, mais eu não
percebia a minha superproteção pela minha família. Eu não percebia que eu
podia ser uma pessoa independente, eu que eu podia sair sozinha, que eu
podia estar podendo fazer as atividades de dentro de casa, da vida diária, que
eu podia trabalhar dentro de casa, eu não percebia que eu podia fazer porque
eu não via os outros deficientes fazer.
(...) comecei a conviver no próprio Caetano de Campos, eu comecei a fazer
amizades com os deficientes que freqüentavam lá e pude ir a casa deles, na
companhia deles eu pude ver tudo que eles tendo menos visão, porque tinha
uma visão parcial, tudo que eles faziam, se locomoviam, que eles andavam
sozinhos pela cidade, que faziam café (risos) e fui percebendo tudo isso, fui
querendo fazer isso também e isso assim foi pra mim uma coisa importante na
minha vida. Talvez eu encarasse isso na época como se eu tivesse nascendo
de novo.
Então coincidiu com a minha vida na faculdade, com meu curso de
programação e meu primeiro emprego. Mas senti nos primeiros tempos a falta
de credibilidade por parte do empresariado, por falta da chefia, fui colocada por
interferência política através da própria chefia da empresa, não pelos chefes
diretos que tinham que acreditar no meu trabalho.
(...) o chefe novo fez uma grande dispensa dos funcionários e aproveitou e
meteu na leva todos os deficientes juntos (risos), depois recebeu uma ordem
da presidência da empresa que mandassem os deficientes de volta na área.
Daí eu aproveitei para mostrar que o deficiente não trabalha só pelo salário
embora precise do salário, mas que ele quer realmente trabalhar, então lavei
minha alma (risos) dizendo que eu aproveitava pra ser realmente mandada
embora porque eles não acreditavam no meu serviço e que realmente eu tinha
sido dispensada e não iria aceitar voltar atrás.
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Sai da empresa e fui para o mercado de trabalho batalhar. Não tinha noção de
como era realmente difícil, percorrendo São Paulo todo durante nove meses,
período pra nascer mesmo (risos). Fui a milhares de empresas mandei
currículo para várias empresas, cheguei a fazer testes em várias empresas e
recebendo recusas, e essas recusas as mais variadas possíveis...
Durante essa experiência toda eu e minha amiga jornalista, prima dos meus
amigos deficiente visuais, resolvemos escrever um artigo pra coluna “São
Paulo Pergunta” do Jornal Tarde, escrevemos uma carta bem irônica em que a
gente escrevia meu tipo físico, minha altura, meu peso, minha deficiência
visual, as visitas que eu tinha feito as empresas, as desculpas que eu tinha
ouvido e no fim eu perguntava, fechando a reportagem, que o direito ao
trabalho não era um direito de todo brasileiro reconhecido pela própria
Constituição.
Depois desse artigo eu passei a ser reconhecida na rua (risos), as pessoas me
paravam para me perguntar se eu era a pessoa que tinha escrito aquela carta
no Jornal da Tarde. Após essa reportagem as desculpas das empresas
começaram a variar...
Até que enfim consegui ser aceita no Citibank e soube conversando com
colegas que a minha carta estava fixada na sala do computador do grande
porte e que eu tinha realmente entrado numa seleção de quarenta pessoas, e
que dessa seleção só eu tinha entrado.
(...) descobri também que o que eu queria ter de independência era muito difícil
eu ter em casa depois de toda a superproteção que eu sempre tive.
Eu comprei uma pequenina Kit perto do Citibank fui morar sozinha, optei pelo
tratamento de choque (risos) e depois dessa reportagem comecei a me
interessar pelo problema do deficiente, da integração no mercado de trabalho
de ir atrás de leis que protegessem a colocação profissional do deficiente.
Começamos a fazer projetos de leis, na [época a gente mandava nosso
projeto para o senador Franco Montoro que apresentava no Congresso e
começamos a procurar empresas, a procurar jornais, começamos a trabalhar
nessa área um grupo em 1975...
Esse grupo acabou parando suas atividades durante u ano, depois voltou a se
reunir e chegamos à conclusão que realmente deveríamos fundar uma pessoa
jurídica para que nós pudéssemos ir atrás dos nossos ideais de integrar o
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deficiente visual na sociedade, principalmente através da educação e do
trabalho e também da convivência entre deficientes e não deficientes para
derrubar os preconceitos. Então surgiu a Adeva – Associação de Deficientes
Visuais e Amigos em 1978 a Adeva nasceu pequena, era um grupo de doze
pessoas amigas deficientes visuais e não deficientes, pessoas inclusive que
trabalhavam comigo no Citibank. A primeira sede da Adeva foi na minha kit,
sem recursos financeiros nenhum, eram todos voluntários, todos dando
máximo de si, muitos empregados e outros não, mas colocamos inclusive
deficientes visuais no mercado de trabalho principalmente na área de
informática...
Depois com a época da microinformática podemos ampliar a Adeva com os
nossos cursos, podemos durante o governo de Mário Covas com sua ajuda
criar o Centro de Treinamento Mário Covas e que damos cursos principalmente
na área de informática, mas também na área de Marketing, atendimento ao
público, cursos de reabilitação, de comportamento, de educação para o
trabalho. Todos esses cursos são dados no Centro de Treinamento Mário
Covas que hoje está dentro do Colégio Lasar Cegal na rua São Samuel 174,
na Vila Clementino / Vila Mariana.
(...) A primeira coisa é lembrar que a lei de cotas tem quinze anos e só agora
que o Ministério do Trabalho começou a cobrar que as empresas estão
lembrado de abrir as portas e ainda com muita relutância, e com muita
descrença. Então nosso pedido as empresas é que acreditem, que capacitem,
que dêem oportunidade, que não queiram só cumprir a lei de cotas, mas
aproveitem a lei de cotas pra ter bons funcionários, pra realizar os eficientes
deixando que eles trabalhem, que façam carreira, que eles possam se
desenvolver, que eles possam fazer cursos, que eles possam aprender, subir
mais em suas careiras, como qualquer pessoa normal.
E que os deficientes se capacitem, que não se acomodem, que cada vez
queiram mais, que procurem os cargos mais altos pra subir em suas carreiras.
Mas para realização pessoal e não só por ambição financeira, sentir que pode
colaborar com essa sociedade, e que são parte da sociedade. Que o
desenvolvimento do nosso país também dependem deles, que eles se sintam
seres completos...
Porque só estando entre os melhores que poderão provar nosso valor”.
18
Depoimento do Presidente da Associação Brasileira de Deficientes Visuais e Amigos – Adeva
Nome: Markiano Charan Filho
Formação: Ocupação: E-mail: markiano@adeva.org.br
Telefone: (11) 5084-6693
End: Rua São Samuel,174,Vila Clementino,CEP 04120-030 São Paulo (SP)
“Atualmente sou Diretor Presidente e meu papel é fazer todas as funções de
presidente representando a entidade, ajudar a equipe de coordenação, ir em
busca de parceiros fazendo toda a parte externa de relacionamento, enfim,
esse é o papel que o presidente da entidade tem que fazer.
(...) Nem toda a empresa quer cumprir a legislação, tem empresas infelizmente
que não levam a sério e agora as dificuldades é fazer as pessoas acreditarem
no potencial da pessoa com deficiência visual.”
Depoimento do Diretor Suplente da Associação Brasileira de Deficientes Visuais e Amigos – Adeva
Nome: Edvando dos Santos Araújo
Formação: Cursando Direito pela Universidade Ibirapuera
Ocupação: E-mail: edvando@adeva.org.br /
Telefone: (11) 5084-6693
End: Rua São Samuel,174,Vila Clementino,CEP 04120-030 São Paulo (SP)
“Meu nome é Edvando da Silva Araujo. Contarei um pouco da minha história
aqui na Adeva.
Iniciei no ano, se não me falha a memória, em 2001 onde fui voluntário por
nove meses. Depois passei a fazer parte da equipe ativamente, ou seja, sendo
remunerado mas de forma, como a entidade depende de recursos, doações,
19
então quando entrava o recurso eu recebia.
(...) Até que surgiu oportunidade dos cursos de informática, fiquei como monitor
de Windows e em seguida surgiu a CPM Braxis a qual eu comecei a trabalhar
efetivamente com registro em carteira a empresa me cedeu para que eu
pudesse desenvolver o trabalho aqui na Adeva...
Comecei a participar dos departamentos, logística, cultura, são departamentos
no caso voltados para a Associação de Deficientes Visuais da Adeva. Também
ministrei curso de Windows e fui convidado para parte da Diretoria, isso desde
o ano passado. Atualmente sou Diretor Suplente e hoje participo também do
curso de Word, faço um pouco de tudo o que é possível.
Esse é um pouco do Edvando aqui na Adeva, só para registrar também sou
deficiente total, curso Direito na Universidade Ibirapuera, tenho vinte es sete
anos e agradeço pelo espaço que estão dando para a Adeva de fazer parte
desse trabalho e estamos sempre à disposição.
(...) Porque um dos meios de fazer parte da Sociedade é o trabalho e ser um
cidadão por completo. A Adeva foi tudo o que eu precisava porque estava em
busca do meu primeiro emprego. Busquei um pouco a minha estabilidade
profissional voltada a Adeva, porque no inicio não conhecia e depois passeia a
conhecer, a saber lidar com situações, como atender aos alunos, pessoas de
Universidades como está acontecendo agora no caso da Marcia, e hoje
consegui conquistar o meu sonho que era fazer parte da Adeva sendo
efetivado e ser de uma empresa que pudesse me direcionar para a Adeva
para eu desenvolver meu trabalho com registro.
Como toda a ONG a gente precisa de recursos e foi um meio que a gente
viabilizou naquela época para resolver esse necessidade,
(...) Em termos de futuro é poder cada vez mais crescer para poder direcionar
isso para a Adeva. Para melhorar a vida de cada pessoa que chega aqui sem
nenhum objetivo, sem um sonho, achando que naufragou com qualquer
expectativa, motivar à moçada, o idoso, a pessoa que está realmente
desiludida e que possam se desenvolver da melhor forma possível.”
CAPÍTULO 5
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PARACER TÉCNICO
Para que possamos entender as ligações entre as Teorias Fordista e Taylorista
junto ao mercado de trabalho com relação ao deficiente visual devemos ter em
mente alguns conceitos históricos para que assim possamos compreender
seus efeitos na sociedade atual.
2.1 Fordismo na Sociedade
O fordismo é um sistema racional de produção em massa que acabou
transformando a indústria automobilística. Sua visão era de que a produção em
massa gerava automaticamente o consumo em massa.
O método de trabalho baseia-se na familiarização da tarefa rotinizada e que
não exigia muito das habilidades manuais tradicionais, isto é, quase não se
tinha o controle do projeto, ritmo e organização do processo produtivo do
operariado.
O paradoxo que reinava sobre o método no que diz respeito as relações de
trabalho era o controle do poder da classe operária através dos sindicatos. Vale
ressaltar que o poder adquirido pelo sindicato giravam em torno das questões
meramente sociais e não políticas.
Nas décadas de 70 e 80 houve uma reestruturação econômica social e política
que proporcionou novas experiências nos campos da organização industrial,
vida social e política. Inicia-se a partir daí a transição do fordismo para o pós-
fordismo ou acumulação flexível.
A principal característica do pós-fordismo ou acumulação flexível foi a
contraposição do paradigma fordista, ou seja, a rigidez foi substituída pela
flexibilidade.
Deu-se a criação dos trabalhos temporários, parciais e subcontratos, alterando
o antigo modo de regulação do trabalho.
A diferença principal é que no fordismo o trabalhador não participava de todo o
21
processo de fabricação, já no pós-fordismo ocorre o contrário ( junção dos
aspectos manuais e intelectuais do trabalho).
2.2Taylorismo na Sociedade
Taylorismo é um método de produção onde o trabalhador perde a autonomia e
a criatividade. Consiste no planejamento e controle do tempo e movimento em
que os trabalhadores executam suas atividades.
A finalidade desse método baseado em experimentações sistemáticas de
tempo e movimento que sendo descobertos seriam somente repassados aos
trabalhadores que só executariam as tarefas que já se encontravam definidas.
Outro fator de extrema importância dentro do método taylorista é a quebra da
tradição do processo produtivo e dos conhecimentos adquiridos pelos
trabalhadores que é substituído pelas políticas gerenciais, ou seja, a separação
da concepção (cérebro / patrão) da execução (produção / operariado).
Justamente por esta razão que as tarefas não podem ser conduzidas pela
tradição do trabalhador e sim estudadas, classificadas e sistematizadas por
cientistas do trabalho (gerência científica).
Os princípios básicos da administração cientifica taylorista são:
Redução do saber operário complexo para o estudo do tempo de cada
tarefa e assim chegando ao tempo necessário de cada operação;
Deve-se então juntar o conhecimento tradicional e classificá-lo, tabular e
reduzir os mesmos através de regras e assim formular as leis e as regras a
serem seguidas pelo operariado.
O objetivo deste princípio é a separação das especialidades do trabalhador do
processo de trabalho dependendo apenas das políticas gerenciais.
Selecionar cientificamente, treinar, ensinar e aperfeiçoar cada
trabalhador (antigamente era o operário que escolhia a função que ia
exercer);
O trabalho intelectual dirigi-se ao departamento de planejamento sendo
22
assim tirado do operariado, ou seja, a ciência do trabalho nunca deve estar
em posse do funcionário.
É demonstrado claramente neste principio o domínio do capital sobre o
trabalhador com uma imposição padronizada.
Cooperar gentilmente com cada operário para que assim possa articulá-
lo junto as ciências de trabalho aplicada, ou seja, obter o controle de
todos os detalhes da execução da tarefa;
Deve-se ressaltar que só será aceita a opinião do trabalhador caso venha a
acrescentar algo depois de ser testado o método de trabalho;
O objetivo desse principio é que não haja uma luta de classes dentro de
todo o processo de trabalho.
Manter a separação das atividades e responsabilidades entre direção e
operariado;
Taylor propõe que para cada três operários, um membro da direção divida
as tarefas e as responsabilidades, instruindo a todos da equipe de como
fazer e o tempo de execução da tarefa, isto é, a divisão eqüitativa do
trabalho.
O metodologia taylorista mostra que o controle e a administração do tempo
dentro da sociedade é eficaz em todos os sentidos.
2.3Liberalismo / Neoliberalismo
O liberalismo defini-se como uma corrente de pensamento político que tem
como objetivo defender a liberdade individual através do exercício dos direitos
e das leis.
Os princípios que fundamentavam o liberalismo é a transparência, os direitos
individuais e civis (especialmente o direito à vida), à liberdade, à propriedade,
eleições livres e a igualdade de leis e de direitos para todos da sociedade.
Já o neoliberalismo tinha uma proposta feita por economistas franceses,
alemães e norte-americanos que se voltava para a adaptação dos princípios do
liberalismo clássico junto às exigências de um Estado regulador e
assistencialista.
23
2.4Keynesianismo
É uma teoria econômica elaborada pelo inglês John Maynard Keynes que
consiste em uma organização político-econômica que se opõe as concepções
neoliberalistas que se fundamentam na afirmação do estado como agente do
controle da economia, e que tem por objetivo a condução do emprego. Ambas
tiveram uma influência significativa na renovação das teorias clássicas e na
reformulação política do livre mercado.
2.5 Criação dos Sindicatos
Na Revolução Industrial do século XVIII a tecnologia deu um salto mundial,
criou-se muitos instrumentos industriais e com ela como conseqüência o capital
substituiu o homem. Isto quer dizer que onde vários trabalhadores
desenvolviam a mesma tarefa, diminuíam-se os números dos mesmos e com
isso ocasionavam a demissão de muitos deles.
Aumentando o número de trabalhadores desempregados, começou a se
baratear a força de trabalho e acabou surgindo a medicância, aumentou a
prostituição, a marginalização e a miséria. A partir daí iniciou-se o processo de
associativismo, ou seja, cooperação entre os trabalhadores.
Foi através desse processo que surgiu o sindicato com o objetivo de reivindicar
os direitos trabalhistas e as condições de trabalho. Foi com a formação dos
sindicatos que os trabalhadores passaram a compreender seus direitos, ou
seja, passaram a tomar consciência da exploração do homem e da luta de
classes existentes no mundo capitalista.
2.5 Deficiente Visual X Mercado de Trabalho
A empresa é uma instituição que tem por objetivo gerenciar o capital e trabalho
na produção dos bens e serviços que vão gerar as mercadorias. É através
24
desse processo que ela assegura a valorização do capital, o acumulo e sua
reprodução tendo então na mais-valia um instrumento de lucros.
Pouca coisa foi mudada quando o assunto é o modelo de administração, pois
muitos comportamentos empresariais estão arraigados na cultura brasileira que
seguem os modelos fordista e taylorista que são acima de tudo autoritários.
Todas essas teorias do trabalho estão voltadas para o planejamento,
organização, comando, coordenação das atividades e o controle da
performance.
Como conseqüência há uma exploração do trabalho e aumento da mais-valia.
Isso ocorre devido as seguintes condições:
Linha de comando formal.
Colaboradores e materiais com lugares definidos.
Equidade no que diz respeito ao tratamento, mas que não seja
necessariamente idêntico.
Manutenção do emprego somente para colaboradores muito bons.
A empresa acima de tudo.
Com isso ocorre a divisão do trabalho, a hierarquia, uniformização do controle
e competência profissional baseada na ascensão da carreira.
De conformidade com a Constituição de 1988 estão assegurados os direitos da
pessoa com deficiência em campos e aspectos diferentes. Este conceito tem
evoluído com o passar dos tempos acompanhando as mudanças ocorridas na
sociedade junto as conquistas dessa população.
Posteriormente outros programas a nível mundial e nacional foram sendo
integrados e somados para que viesse a ser cumprido o que consta na
Constituição de 1988 e em outros documentos internacionais.
Com o passar dos tempos a prática da inclusão vem sendo substituída pela
prática da integração que nada mais é do que inserir todas as pessoas na
sociedade conforme suas necessidades. Neste conceito não se admite uma
25
sociedade em meio a preconceitos, discriminações, barreiras sociais, culturais
ou pessoais. Tudo isso leva então a possibilidade de se ter acesso dentro de
suas necessidades aos serviços públicos, bens culturais e produtos
provenientes do avanço social, político, econômico e tecnológico da sociedade.
Neste contexto é que a diversidade cultural vem a adotar um enfoque que
consiste na criação de um ambiente organizacional que permita o
desenvolvimento do potencial da pessoa com deficiência junto a realização dos
objetivos da empresa. Não é um pacote fechado para a resolução de todos os
problemas até porque lidar com o diferente causa impacto nas pessoas e no
ambiente, ou seja, esta inserção necessita ainda de muitos ajustes entre
empresa e colaborador. Justamente para isso é que são criadas práticas dentro
das políticas empresarias que consequentemente trabalham os valores
culturais tornando assim o diálogo mais produtivo.
A dificuldade de colocação profissional com relação ao deficiente visual é pela
crença de uma maioria ao se considerar que uma deficiência afeta todas as
funções do indivíduo. O que agrava mais a situação é fato de não conhecerem
as diversas atividades que podem ser realizadas dentro de suas limitações e
receiam assim automaticamente as dificuldades de integração com o grupo de
trabalho, teme a ocorrência de acidentes e o que mais assombra é a
preocupação com o custo das adaptações e aquisições de equipamentos
especiais.
Outro fator que merece ser mencionado é o fato da acessibilidade aos espaços
tanto privados como públicos e urbanos que em sua maioria não é respeita a
Lei de Acessibilidade nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 que menciona
aspectos abaixo:
Estabelece normas e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade
reduzida.
Utilização com segurança e autonomia dos espaços e equipamentos
urbanos no que diz respeito as edificações e transportes, sistemas e
meio de comunicação.
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Em contrapartida a maioria das empresas respondem com os seguintes fatores
como um muro para conter o que consideram como invasão aos seus
preceitos:
Liberdade de escolha de seus funcionários.
Gastos que poderiam ser evitados com relação a capacitação ou
adaptação de seus sites e colaboradores.
Reestruturação dos conceitos das relações humanas.
Isso quer dizer que a tomada de qualquer decisão de certa forma forçada
gera uma invasão em sua cultura empresarial, mexe com a liderança, que
gera uma comunicação fragmentada criando assim o conflito. Vale
ressaltar que o conflito só aparece quando os interesses se colidem ou há
alguma mudança que mexe com a zona de conforto de cada um.
O mercado de trabalho segue atualmente uma linha de exigência muito
grande que visa somente o ganho de lucro através da mão-de-obra barata
e menor investimento possível para sua qualificação, ou seja, profissionais
já especializados. Isso claro que não beneficia a maior parte dos
deficientes visuais devido aos seus históricos que levaram a paralisação de
suas atividades sociais e consequentemente sua qualificação profissional e
estudos.
Tudo isso afeta de forma negativa a sua entrada ou permanência no
mercado de trabalho, pois a cultura que permeia as empresas seguem uma
linha ultrapassada no que diz respeito as relações humanas e os efeitos
que elas sendo utilizadas de forma inteligente e competente produzem um
resultado positivo seja nas pessoas com deficiência ou pessoas que não a
possuem.
Outro fator considerável é muitas vezes posterior a sua entrada na
empresa, ou seja, são as chamadas barreiras invisíveis que dificultam o
contato natural com os deficientes de forma geral sendo reguladas pelos
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estereótipos, tabus, idéias míticas e preconcebidas generalizando assim
comportamentos e condutas pessoais que acaba criando figuras
imaginárias que não comportam a individualidade de cada um.
No modelo capitalista que estamos vivendo atualmente o mercado de
trabalho luta de todas as formas para que sejam eliminados ou amenizados
os impactos que as leis que favorecem as pessoas com deficiência sejam
cada vez menos “opressoras” e mais fáceis de serem dribladas ou
atendidas segundo suas próprias necessidades e interesses.
É justamente por isso que a Lei ao mesmo tempo em que beneficia
também dificulta a entrada no mercado de trabalho para os deficientes
visuais, pois acaba que dando vazão de certa forma para que a as
empresas tenham a possibilidade de escolha que mais lhe for favorável.
Mas é dentro desta perspectiva que o deficiente visual deve buscar dentro
do sistema uma forma de capacitação profissional e ampliação de seus
estudos para que assim possa concorrer de forma igualitária no mercado
de trabalho.
CAPÍTLO 6
28
FOTOS E GRAVURAS
Cartazes colados pela Instituição enfatizando sua missão e o que
saiu mídia.
FOTOS E GRAVURAS
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