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AVALIAÇÃO DO FLUXO DE CALOR NO SOLO, TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE E ALBEDO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOXOTÓ-PE ATRAVÉS DE IMAGENS
TM - LANDSAT-5
Tiago Henrique de Oliveira¹, Josiclêda Domiciano Galvíncio¹, Maria do Socorro B. de Araújo¹, Rejane Magalhães de M. Pimentel², Bernardo Barbosa da Silva³
¹Departamento de Ciências Geográficas – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Av. Acadêmica Hélio Ramos, s/n, Cidade Universitária, CEP: 50.670-901 Recife – PE.
²Departamento de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Rua Manoel de Medeiros, s/n. Dois Irmãos, CEP: 52.171-900 Recife – PE.
³Unidade A. de Ciências Atmosféricas – Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Av. Aprígio Veloso, 882 – Bodocongó, CEP: 58.109-970 Campina Grande, PB.
thdoliveira5@gmail.com; josicleda@hotmail.com; socorro@ufpe.br;
pimentel@db.ufrpe.br; bernardo@dca.ufcg.edu.br
RESUMO A Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó (UP8), inserida no semi-árido nordestino, situa-se na porção central do estado de Pernambuco e oeste do estado de Alagoas, perfazendo uma área de aproximadamente 9.752,71 km2. Corriqueiramente a região sofre com os efeitos danosos decorrentes dos longos períodos de estiagem, elevando os valores da temperatura observada pelas estações meteorológicas. Os equipamentos mais utilizados convencionalmente fornecem apenas uma leitura pontual da temperatura e a implantação desses equipamentos em amplas áreas tornaria esse tipo de medição muito oneroso. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estimar através de técnicas de sensoriamento remoto o albedo, a temperatura da superfície e o fluxo de calor no solo na Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó, através de imagens do satélite Landsat 5 dos dias 09-05-1987 e 15-05-2001. Para isto, foi empregado parte do algoritmo SEBAL, passando pelas seguintes etapas: Calibração Radiométrica, Reflectância, Albedos Planetário e da Superfície, Transmissividade Atmosférica, NDVI, SAVI, IAF, Emissividades, Temperatura da superfície, Radiações de onda longa e curta descendente, Radiação de onda longa ascendente, Saldo de Radiação e Fluxo de calor no solo. Através das datas estudadas, verificou-se um aumento nos valores da temperatura da superfície e do albedo em algumas áreas das microbacias Riacho Gravatá, Coité, Saquinho e Rio Moxotó, o que pode ser explicado pelas diversas atividades antrópicas que as mesmas encontram-se submetidas. Já as microbacias Riacho do Mel, Poço do Ferro e Pocinho apresentaram diminuição do albedo e da temperatura da superfície. Já o Fluxo de calor no solo apresentou uma considerável diminuição nessas mesmas microbacias (ver se é isso mesmo)s fluxos inferiores à 55.00W/m² que passou a apresentar valores superiores a 55.01 W/m². Através dos anos estudados verificou-se um aumento na temperatura à superfície, albedo e fluxo de calor no solo na bacia do Moxotó, com acerto de 94% quando comparados aos valores das estações meteorológicas. Palavras-chaves: Fluxo de calor no solo, Temperatura da superfície, Albedo. ABSTRACT The Hydrological basin of the Moxotó River (UP8), inserted in the northeastern semi-arid in the central portion of the Pernambuco State and west of Alagoas State, in an area of approximately 9.752,71 km2. Repeatedly, the region shows damage effects as a result of long periods without rain promoting the elevation of the temperature which was detected by the meteorological stations. The equipments most used conventionally supply only a punctual reading of the values of temperature; the introduction of these equipments in large areas would make this very expensive type of measurement. In this context, the objective of this work was to estimate, through techniques of remote sensing, the values of albedo, the surface temperature and the flow of heat in the ground with espatialized values for the hydrological basin of the Moxotó river through images of the satellite Landsat 5 of the dates 09-05-1987 e 15-05-2001. There was employed part of the algorithm SEBAL using the next stages: radiometric calibration, reflectance, planetary albedo and to the surface, atmospheric transmissivity, NDVI, SAVI, IAF, emissivities, surface temperature, low long and short waves radiations, high long wave radiation, balance of radiation and flow of heat in the ground. Through the studied dates, an increase was observed in the values of temperature to the surface and albedo in some areas of the microbasins Riacho Gravatá, Coité, Saquinho and Rio Moxotó, which can be explained by several anthropic activities which occur in these areas. The microbasins Riacho do Mel, Poço do Ferro and Pocinho showed reduction in the values of albedo and temperatures to the surface. The flow of heat in the ground showed a considerable reduction in the lower flows
to 55.00W/m² and presented values higher to 55.01 W/m². Comparing the data of elevation in the temperature to the surface, albedo and flow of heat in the ground in the basin of the Moxotó with those obtained in the meteorological stations, a hit of 94% was found. Key-words: Temperatures to the surface, Flow of heat in the ground, Albedo.
INTRODUÇÃO
A Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó (UP8), inserida no semi-árido nordestino, situa-se na
porção central do estado de Pernambuco e oeste do estado de Alagoas, perfazendo uma área de,
aproximadamente, 9.752,71 km2 (figura 1). Frequentemente, esta região está sob os efeitos danosos
decorrentes dos longos períodos de estiagem, elevando os valores da temperatura observados nas
estações meteorológicas. Os equipamentos mais convencionalmente utilizados fornecem, apenas, uma
leitura pontual dos valores de temperatura; a implantação desses equipamentos em amplas áreas
tornaria esse tipo de medição muito oneroso. Baldocchi & Mayers (1998) afirmam que as trocas de
energia na interface vegetação-atmosfera que ocorrem por meio dos componentes do balanço de
radiação e dos fluxos de calor sensível e calor latente à superfície são essenciais para uma modelagem
climática e hidrológica, sendo a magnitude desses fluxos, e suas variações em períodos menores que
um dia, muito importantes na calibração de modelos climáticos e hidrológicos.
Figura 1. Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó.
Em intervalos maiores, essas grandezas também são utilizadas em modelos de impactos
climáticos globais resultantes de interações fisiográficas da superfície. Segundo Gates (1965) e citado
por Oliveira & Leitão (2000), os vegetais absorvem cerca de 50% da radiação de ondas curtas
incidentes e 97% da radiação de ondas longas proveniente da atmosfera. A razão entre as radiações de
ondas curtas refletidas e incidentes é denominada coeficiente de reflexão ou albedo. O coeficiente de
reflexão de uma superfície vegetada varia ao longo do período diurno, em função do ângulo de
elevação do Sol e ao longo do ciclo de desenvolvimento da planta, em função do grau de cobertura
vegetal, tipo e estado de umidade do solo, condições de umidade do ar e da quantidade e tipo de
cobertura de nuvens (Blad & Baker, 1972; Leitão, 1989; Azevedo et al., 1990). Robinove et al. (1981)
afirmam que uma seqüência de imagens albedo pode ser usada para mostrar mudanças na superfície.
Ainda, segundo o mesmo autor, o aumento no albedo é primeiramente devido ao aumento do solo
exposto, e a diminuição no albedo é inicialmente devido ao aumento da umidade do solo e ao aumento
na densidade da vegetação. Segundo Leitão (1989), enfatizado por Gash & Shuttlewart, 1991; Pinker,
1982; Stewart, 1971; Rijks, 1967; os valores de albedo decrescem à medida que o Sol se eleva, e
atinge valores máximos próximos ao nascer e por do sol e, mínimos, em torno do meio-dia. Já o albedo
de uma superfície vegetada pode variar de acordo com o ângulo de elevação do Sol, o tipo de
vegetação, as condições de umidade do ar e da superfície, a umidade e tipo solo, além da quantidade e
do tipo de nuvens (Blad & Baker, 1972; Leitão, 1989; Azevedo et al., 1990). Neste contexto, o
objetivo deste trabalho é estimar, através de técnicas de sensoriamento remoto, os valores do albedo,
temperatura da superfície e fluxo de calor no solo, com valores espacializados na bacia hidrográfica do
rio Moxotó, mediante imagens do satélite Landsat 5 dos dias 09-05-1987 e 15-05-2001 e verificar
possíveis mudanças na bacia.
MATERIAL E MÉTODO
Neste estudo foram utilizadas duas imagens do Mapeador Temático do satélite Landsat 5,
composta por sete bandas espectrais, gratuitamente obtidas no site do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE). A passagem do satélite pela bacia hidrográfica ocorreu nos dias 09 de maio de 1987
e 15 de maio de 2001, na órbita e ponto 215/66. Para o pré-processamento das imagens de satélite e
aplicação dos índices escolhidos foi utilizado o programa Erdas Imagine 9.3 (licença do Departamento
de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE). A montagem final do layout
foi feito no programa ArcGIS 9.3 (licença do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE). Foi
empregado parte do Algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance Algorithm for Land), desenvolvido
por Win Bastiaanssen (1995), o qual tem sido utilizado em diferentes países. A metodologia
empregada seguiu Silva et al. (2005a) e Bastiaanssen et al.(1998a; 1998b), a qual consiste em:
2.1 Calibração Radiométrica
Consiste no cômputo da radiação espectral em cada banda ( λiL ), em que o número digital (ND)
de cada pixel da imagem é convertido em radiância espectral monocromática. A equação utilizada é a
proposta por Markham e Baker (1987) (Eq. 1):
ND255
abaL iiiλi
(1)
em que a e b são as radiâncias espectrais mínima e máxima ( 112 µmsrWm ), ND é a intensidade do
pixel (numero inteiro compreendido entre 0 e 255) e i corresponde as bandas (1, 2, ... e 7) do satélite
Landsat 5. Os coeficientes de calibração utilizados são os apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Descrição das bandas do Mapeador Temático (TM) do satélite Landsat 5 com os correspondentes
intervalos de comprimento de onda, coeficientes de calibração (radiância mínima – a e máxima – b) e
irradiâncias espectrais no topo da atmosfera (TOA).
Bandas Comprimento de Onda (µm)
Coef. de Calibração )µmsr(Wm 112
a b
Irradiância Espectral no Topo da Atmosfera
)µm(Wm 12 Banda 1 (azul) 0,45 – 0,52 -1.500 152.100 1957
Banda 2 (verde) 0,52 – 0,60 -2.800 296.800 1829
Banda 3 (vermelho) 0,63 – 0,69 -1.200 204.300 1557
Banda 4 (IV-próximo) 0,76 – 0,79 -1.500 206.200 1047
Banda 5 (IV-médio) 1,55 – 1,75 -0.370 27.190 219,3
Banda 6 (IV-termal) 10,4 – 12,5 1.238 15.600 -
Banda 7 (IV-médio) 2,08 – 2,35 -0.150 14.380 74,52
2.2 Reflectância
Esta foi definida como sendo a razão entre o fluxo de radiação refletida e o fluxo de radiação
incidente, obtida segundo a equação (Allen et al., 2002):
rλi
λiλi d.cos.k
L.πρZ
(2)
onde λiL é a radiância espectral de cada banda, λik é a irradiância solar espectral de cada banda no
topo da atmosfera 12 µm(Wm , Tabela 1), Z é o ângulo zenital solar e rd é o quadrado da razão entre
a distância média Terra-Sol (ro) e a distância Terra-Sol (r) em dado dia do ano (DSA).
2.3 Albedo planetário (αtoa)
O albedo não corrigido (Eq. 3) é obtido através da combinação linear das reflectâncias
monocromáticas, qual seja:
754321toa 0,011ρρ0,033ρ0,157ρ0,233ρ0,274ρ0,293α (3)
onde 54321 ρ,ρ,ρ,ρ,ρ e 7ρ são os albedos planetários das bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 7.
2.4 Transmissividade Atmosférica
Em condições de céu claro, pode ser obtida como em Allen et al. (2002):
z2.100,75τ 5sw
(4)
onde Z corresponde a altitude de cada pixel (m). Como a área apresenta uma grande variação de
altitude foi necessária a utilização de um Modelo Digital de Elevação (MDT) da área.
2.5 Albedo da superfície (α)
O albedo à superfície é o albedo corrigido dos efeitos atmosféricos:
2sw
ptoa
ταα
α
(5)
onde pα é a radiação solar refletida pela atmosfera, variando entre 0,025 e 0,04. Bastiaanssen (2000)
afirma que o valor mais recomendado para o SEBAL seja o de 0,03, e swτ é a transmissividade
atmosférica, obtida para condições de céu claro em função da altitude de cada pixel, por equação
proposta por Allen et al. (2002).
2.6 NDVI
O Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (Normalized Difference Vegetation Index - NDVI) é
obtido através da razão entre a diferença das refletividades do infravermelho próximo ( IV ρ ) e do
vermelho ( V ρ ), e a soma das mesmas:
VIV
VIV
ρρρρNDVI
(6)
onde IV ρ e V ρ correspondem, respectivamente, às bandas 4 e 3 do Landsat 5 – TM. O NDVI atua
como um indicador sensível da quantidade e da condição da vegetação verde. Seus valores variam de -
1 a +1. Para superfícies com alguma vegetação o NDVI varia de 0 e 1; já para a água e nuvens o NDVI
geralmente é menor que zero.
2.7 SAVI
Foi utilizado o índice de vegetação ajustado por solo (Soil Adjusted Vegetation Index – SAVI)
introduzindo um fator no NDVI para incorporar o efeito da presença do solo, mantendo-se o valor do
NDVI dentro de -1 a +1, seguindo Heute (1988). Esse índice é calculado pela equação:
)ρρ(L)ρL)(ρ(1SAVI
VIV
VIV
(7)
onde piv e pv correspondem, respectivamente, às bandas do infravermelho próximo e do vermelho e L
é constante, cujo valor mais frequentemente usado é 0,5 (Accioly et al., 2002; Boegh et al., 2002;
Silva et al., 2005a).
2.8 IAF
O índice de área foliar é definido pela razão entre a área foliar de toda a vegetação por unidade
de área utilizada por essa vegetação. Este índice é um indicador de biomassa de cada pixel da imagem
sendo calculada por equação empírica proposta por Allen et al. (2002):
0,910,59
SAVI0,69lnIAF
(8)
2.9 Emissividades
Para a obtenção da temperatura da superfície é utilizada a equação de Planck invertida, válida
para um corpo negro. Como cada pixel não emite radiação eletromagnética como um corpo negro, é
necessário introduzir a emissividade de cada pixel no domínio espectral da banda termal NBε , qual
seja: 10,4 – 12,5 µm. Por sua vez, quando do cômputo da radiação de onda longa emitida por cada
pixel, deve ser considerada a emissividade no domínio da banda larga 0ε (5 – 100 µm). Segundo Allen
et al. (2002), as emissividades NBε (Eq. 9) e 0ε (Eq. 10) podem ser obtidas, para NDVI > 0 e IAF < 3,
segundo:
IAF0,003310,97ε NB (9)
IAF0,010,95ε0 (10)
Para pixels com 3IAF , 0,98εε 0NB . Para corpos de água (NDVI < 0), no caso do lago de
Sobradinho e do leito do Rio São Francisco, Silva & Cândido (2004) utilizaram os valores de NBε
0,99 e 0ε 0,985, conforme Allen et al. (2002).
2.10 Temperatura da Superfície
Para a obtenção da temperatura da superfície ( sT ) são utilizados a radiância espectral da banda
termal λ,6L e a emissividade NBε obtida na etapa anterior. Dessa forma, obtém-se a temperatura da
superfície (K) (Eq. 11) pela seguinte expressão:
1L
Kεln
KT
λ,6
1NB
2s
(11)
onde 1K 112 µmsrWm607,76 e 2K K1260,56 são constantes de calibração da banda termal do
Landsat 5 –T (Allen et al., 2002; Silva et al., 2005a).
2.11 Radiação de Onda Longa Emitida
A radiação de onda longa emitida pela superfície LR )(Wm 2 (Eq. 12) é obtida através da
equação de Stefan-Boltzman: 4
s0L T.σ.εR (12)
onde 0ε é a emissividade de cada pixel, σ é a constante de Stefan-Boltzman )KWm5,67.10(σ 428
e sT é a temperatura da superfície (K).
2.12 Radiação de onda curta incidente
A radiação de onda curta incidente sR )(Wm 2 (Eq. 13) é o fluxo de radiação solar direta e
difusa que atinge a superfície terrestre, a qual, para condição de céu claro, é dada pela seguinte
expressão (Allen et al., 2002):
swrs τ.d.cos.SR Z (13)
onde S é a constante solar (1367 )Wm 2 , Z é ângulo zenital solar, rd é o inverso do quadrado da
distância relativa Terra-Sol e swτ é a transmissividade atmosférica. sR pode ser considerado
constante em toda a área de estudo, quando a mesma é de pequena dimensão.
2.13 Radiação de onda longa incidente
A radiação de onda longa incidente emitida pela atmosfera na direção da superfície LR
)(Wm 2 (Eq. 14), pode ser computada pela equação de Stefan-Boltzman: 4
aaL T.σ.εR (14)
onde aε é a emissividade atmosférica obtida por: 0,09swa )lnτ0,85.(ε (Allen et al., 2002), σ é a
constante de Stefan-Boltzman e aT é a temperatura do ar (K).
2.14 Saldo de radiação
O saldo de radiação à superfície Rn )(Wm 2 (Eq. 15)é computado utilizando-se a seguinte
equação do balanço de radiação à superfície:
(1 )os s L L LRn R R R R R (15)
onde sR é a radiação de onda curta incidente, é o albedo corrigido de cada pixel, LR é a radiação
de onda longa emitida pela atmosfera na direção de cada pixel, LR é a radiação de onda longa emitida
por cada pixel e o é a emissividade de cada pixel.
2.15 Fluxo de calor no solo (G)
O fluxo de calor no solo )(Wm 2 pode ser obtido segundo equação empírica desenvolvida por
Bastiaanssen (2000), que representa valores próximos ao meio-dia:
Rn)NDVI0,98)(1α0.0074α(0,0038αTG 42s
(16)
onde sT é a temperatura da superfície (°C), α é o albedo da superfície e NDVI é o índice de
vegetação da diferença normalizada, todos computados pixel a pixel. Para efeito de correção dos
valores do fluxo de calor no solo para corpos de água (NDVI<0), pode ser utilizada a seguinte
expressão: G = 0,3Rn, usada por Silva & Cândido (2004) ou G = 0,5Rn, segundo Allen et al.(2002).
2.15 Mapas de altimetria e de microbacias hidrográficas
Na elaboração do mapa de Altimetria e de Microbacias Hidrográficas foi utilizada a Base de
Dados Geoambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó – PE (2004) do Programa Hidrogeologia
do Brasil desenvolvida pela Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais – CPRM. O Mapa das
Microbacias Hidrográficas do Rio Moxotó foi elaborado a partir da análise minuciosa do mapa de
drenagem, que possibilitou a demarcação de 18 microbacias (CPRM, 2004). Para o mapa de Altimetria
foram utilizadas as curvas de nível, extraídas pela CPRM, de 10 cartas topográficas publicadas na
escala 1:100.000 pela Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE e/ou
Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do Exército – DSG listadas abaixo.
Tabela 2. Relação das Cartas Topográficas utilizadas pela CPRM. Fonte: CPRM (2004)
CARTA SIGLA EDITOR DATA Afogados da Ingazeira SB.24-X-C-VI SUDENE 1982 Monteiro SB.24-Z-D-IV SUDENE 1985 Custódia SC.24-X-A-III SUDENE/DSG 1985 Sertânia SC.24-X-B-I SUDENE 1982 Pesqueira SC.24-X-B-II SUDENE 1986 Airí SC.24-X-A-V SUDENE 1982 Poço da Cruz SC.24-X-A-VI DSG 1978 Buíque SC.24-X-B-IV SUDENE 1982 Paulo Afonso SC.24-X-C-II DSG 1985 Delmiro Gouveia SC.24-X-C-III SUDENE/DSG 1996
RESULTADOS E DISCUSÃO
Tendo em vista que a bacia hidrográfica do rio Moxotó se encontra totalmente inserida na
região do semi-árido nordestino, foi realizada uma consulta às tabelas de precipitação diária
disponibilizadas pelo Laboratório de Meteorologia do Estado de Pernambuco – LAMEPE, para o ano
de 1987 (posto de nomenclatura PE_3874295, localizado no município de Ibimirim), e pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, para o ano de 2001, a fim de dirimir possíveis dúvidas em
relação a alguma precipitação que possa ter ocorrido nos dias que precediam o imageamento,
alterando, assim, os valores estimados. Para a imagem de 15 de maio de 2001 foi verificado que, entre
os dias 1 e 15, não ocorreu precipitação. Entretanto, para a imagem do dia 09 de maio de 1987 ocorreu
uma precipitação de 35 mm no dia 1 de maio. Através da análise da Tabela 3, a qual apresenta a
porcentagem das classes de temperatura à superfície, é possível observar que para as datas estudadas
ocorreu um aumento espacial na incidência de temperaturas entre as classes 25°C a 28°C e 28°C a
31°C. Já a classe de temperatura à superfície maior que 31°C apresentou uma diminuição de 6.09% em
sua incidência. Porem através da visualização do mapa de temperatura à superfície, figura 2, é possível
observar que espacialmente a sua ocorrência mudou em diversas áreas da bacia hidrográfica do Rio
Moxotó.
Tabela 3. Porcentagem das classes de temperatura à superfície.
Classes de Temperatura à superfície (°C) 09/05/1987 (%)
15/05/2001 (%)
Ts < 22°C 0.0042 0.11 22°C < Ts < 25°C 5.47 5.10 25°C < Ts < 28°C 35.18 40.60 28°C < Ts < 31°C 41.56 42.51 Ts > 31°C 17.77 11.68
Figura 2. Temperatura à superfície para a bacia hidrográfica do rio Moxotó nos dias 9-05-1987 e 15-05-2001.
No mapa de Microbacias (Figura 3) é possível observar que microbacias localizadas a leste do
rio Moxotó, como os riachos Gravatá, do Socorro, Coité e do Mel apresentaram valores de
temperaturas mais amenas. Grande parte destas áreas apresentam altitudes superiores à 650m o que
provoca a amenização das temperaturas. Já em algumas microbacias, como aquelas dos riachos do
Copiti, da Custódia e rio do Sabá, localizadas a oeste do rio Moxotó, mostraram, em algumas áreas,
um aumento de seus valores de temperatura. Isto pode ser explicado pelas diversas atividades
antrópicas desenvolvidas naquelas áreas e que se intensificaram com o passar dos anos.
Figura 3. Microbacias da bacia hidrográfica do rio Moxotó. Fonte: CPRM, 2004.
Analisando o albedo da superfície da bacia (Figura 4) é perceptível constatar o aumento das
classes de albedo superiores a 30%. Na literatura mais comumente utilizada, os valores de albedo da
superfície terrestre variam de 5% a 55% dependendo do grau de verde, minerais e propriedades físicas
e químicas do solo. É verificado que as áreas com temperaturas à superfície superiores a 28,1°C
(Figura 1) apresentaram valores de albedo maior que 30%. Estas áreas, segundo mapeamento realizado
pela CPRM (2004), através da realização de estudos de campo, além dos resultados obtidos por
Oliveira & Galvíncio (2008), aplicando técnicas de sensoriamento remoto, são amplamente utilizadas
para o desenvolvimento de atividades antrópicas e/ou áreas com presença de solo exposto. Neste
ultimo caso, o valor de albedo também variou em relação ao tipo de solo presente na área. Áreas que
apresentam solo seco podem proporcionar uma variação de albedo entre 8 e 40%, enquanto que o solo
úmido, varia entre 4 e 20%. Esta diminuição com a umidade pode ser explicada devido ao fato de que
o albedo da água é significantemente menor do que o albedo do solo seco.
Figura 4. Albedo da bacia hidrográfica do Rio Moxotó para os dias 09-05-1987 e 15-05-2001.
Já as superfícies vegetadas exibem diferentes valores de albedo, de acordo com o estádio de
desenvolvimento e tipo de vegetação ou da cultura implantada naquele local, as quais apresentaram
valores que variaram entre 10 a 30% para as datas utilizadas. Nestas áreas ocorre a presença de
vegetação de porte Arbustiva Aberta, Arbustivo Fechada, Arbustiva Arbórea Fechada e Arbórea
Fechada, segundo a classificação realizada pela CPRM (2004). As áreas com corpos hídricos
apresentaram valores de albedo classificados entre 0 < α < 10%, corroborando os valores encontrados
por Silva (2005b) em pesquisa realizada em áreas irrigadas do Projeto Nilo Coelho, parte do
Sobradinho, áreas de vegetação nativa e parte da área urbana dos municípios de Petrolina-PE e
Juazeiro-BA. Estudos realizados por Oke (1987) também mostraram valores de albedo de alguns alvos
da superfície terrestre como água, apresentando variação de 0,03 a 0,10, floresta decídua com folhas,
com valores que variaram entre 0,05 e 0,15, culturas agrícolas verdes saudáveis, entre 0,06 e 0,15,
solos nus secos e claros com albedo de 0,40 e áreas urbanas variando entre 0,10 a 0,27, os quais,
quando comparados com os valores obtidos por estes alvos nesta pesquisa, se mostraram compatíveis.
Na Tabela 4 pode-se observar, em valores de porcentagem, a área ocupada por cada classe de albedo,
sendo perceptível o aumento da classe de albedo entre 30 e 40% e superiores a 40% em detrimento da
diminuição da classe de albedo compreendido entre 20 e 30%.
Tabela 4. Porcentagem das classes de Albedo à superfície.
Classe de Albedo (%) 09/05/1987 (%) 15/05/2001 (%) 0 < α < 10 0.40 0.0038 10 < α < 20 8.41 1.29 20 < α < 30 75.82 49.48 30 < α < 40 12.45 34.27 α > 40 2.89 14.94
Analisando os mapas de Altimetria (m), do Albedo de 15 de maio de 2001 (figura 5) e de Uso e
ocupação do solo, elaborado pela CPRM (Figura 6), verifica-se que a topografia exerce grande
influência sobre a distribuição das atividades antrópicas na bacia. Analisando a Figura 5 é fácil
perceber que, como ocorre em parte da região semi-árida nordestina, a distribuição das atividades
antrópicas desenvolvidas ao longo dos cursos d’água, primordial para o seu desenvolvimento. À
medida que estas atividades foram sendo distribuídas na bacia hidrográfica do rio Moxotó, os valores
de albedo foram aumentando, progressivamente, como reflexo, em alguns casos, da extração de
madeira, a diminuição natural da cobertura de folhas devido aos elevados índices de
evapotranspiração, implantação de sistemas agrícolas, dentre outros.
Figura 5. Altimetria (m) e Albedo à superfície da bacia hidrográfica do rio Moxotó.
Figura 6. Mapa de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do rio Moxotó.
No caso do fluxo de calor no solo (Figura 7), os valores variam de acordo com diversos fatores,
como a incidência solar, no qual o alvo encontra-se submetido, ao tipo de solo, considerando que solos
argilosos possuem maior condutividade térmica que solos arenosos, além do tipo e distribuição da
cobertura vegetal.
Figura 7. Fluxo de calor no solo da Bacia Hidrográfica do rio Moxotó para as datas selecionadas.
A superfície do solo aquece, principalmente, por absorção de radiação solar, ocorrendo trocas
de calor entre a superfície do solo e a atmosfera (durante o dia ou à noite) e através de fenômenos
como evaporação ou condensação. Tendo em vista que o fluxo de calor no solo é condicionado pela
quantidade de energia solar da superfície, a qual é absorvida em decorrência da oscilação da
temperatura, apresenta um ciclo diário e outro anual, acompanhando o respectivo movimento aparente
do sol, embora com uma certa defasagem. A temperatura no solo também vai variar de acordo com o
tipo de cobertura presente na superfície, tendo em vista que interfere no suprimento de energia oriunda
do sol (Varejão-Silva, 2006). Podemos perceber isto quando as áreas com uma maior cobertura vegetal
apresentam um fluxo de calor de solo menor que uma área de solo exposto. No interior do solo, a troca
de calor ocorre através de condução, enquanto que na água, ocorre por convecção.
Para a vegetação, o estudo do fluxo de calor no solo apresenta grande importância, tendo em
vista que a temperatura do solo, em nível superficial ou mais abaixo, influencia na atividade
metabólica das células nas raízes, no crescimento radicular, assim como na germinação da planta,
sendo bastante importante para o desenvolvimento agrícola. O fluxo de calor no solo é um componente
que apresenta as maiores dificuldades em relação à precisão, comparado aos outros componentes do
balanço de energia, quando estimado através de sensoriamento remoto. Bastiaanssen et al. (1998b),
citado por Bezerra (2006), afirmam que esse fato não é considerado um problema sério, porque
medidas de G só são representativas para áreas muito pequenas, nas quais sejam minimizadas as
influências da variação do tipo de solo e da cobertura vegetativa, incompatíveis com o tamanho do
pixel do sensor TM, mesmo sendo de 30 m x 30 m.
É possível notar, analisando a Tabela 5, uma grande diminuição no fluxo de calor no solo
inferior a 55,00 W.m-2, comparando com o observado nas datas estudadas. Devido a rápida resposta da
vegetação as precipitações que ocorrem no semi-árido nordestino, pode-se dizer que estes fluxos
pertencem a áreas com uma maior densidade de cobertura vegetal e agricultura irrigada, em pontos
isolados da imagem. Tabela 5. Porcentagem das classes de fluxo de calor no solo.
Classes de Fluxo de calor no solo (W.m-2)
09-05-1987 (%)
15-05-2001 (%)
G < 45,00 3,79 0,069 45,01 < G < 50,00 8,51 0,41 50,01 < G < 55,00 13,27 1,79 55,01 < G < 60,00 11,19 10,24 60,01 < G < 65,00 18,69 21,10 65,01 < G < 70,00 19,61 31,87 70,01 < G < 75,00 16,99 33,88 G > 75,00 7,92 0,61
As áreas classificadas entre 55,01 e 60,00 W.m-2 correspondem às áreas com uma vegetação de
densidade intermediária. Nota-se que as áreas classificadas como sob atividades antrópicas e áreas de
solo exposto apresentaram valores de fluxo de calor no solo superiores a 65,01 W.m-2, mostrando um
aumento espacial nas classes compreendidas entre 65,01 e 75,00 W.m-2 e uma diminuição na classe de
G > 75,00 W.m-2. Grande parte das áreas utilizadas antropicamente estão localizadas no médio e baixo
curso do rio Moxotó, nas áreas mais rebaixadas, onde a concentração de calor é maior quando
comparadas a áreas mais elevadas. Deste modo, percebe-se que as áreas que apresentaram os menores
fluxos de calor no solo (G) se distribuem nas áreas com as maiores elevações (Figura 5). CONCLUSÃO
A utilização da aplicação de técnicas de sensoriamento remoto em imagens do satélite Landsat
5 permitiu avaliar alterações de temperatura à superfície, albedo e fluxo de calor no solo na bacia do
Moxotó. Este fato foi comprovado através da obtenção de um acerto de 94%, após comparação com os
valores obtidos por estações meteorológicas para a área em estudo. Grande parte das áreas utilizadas
antropicamente estão localizadas no médio e baixo curso do rio Moxotó, nas áreas mais rebaixadas,
onde a concentração de calor é maior quando comparadas a áreas mais elevadas.
A topografia exerce grande influência sobre a distribuição das atividades antrópicas na bacia. A
medida que estas atividades antrópicas foram sendo distribuídas na bacia hidrográfica do rio Moxotó,
os valores de albedo foram aumentando, progressivamente, como reflexo, em alguns casos, da
extração de madeira, a diminuição natural da cobertura de folhas devido aos elevados índices de
evapotranspiração, implantação de sistemas agrícolas, dentre outros. Foi observado que para as datas
estudadas ocorreu um aumento espacial na incidência de temperaturas entre as classes 25°C a 28°C e
28°C a 31°C. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCIOLY, L.J.; PACHECO, A.; COSTA, T.C.C.; LOPES, O.F.; OLIVEIRA, M.A.J. Relações empíricas entre a estrutura
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