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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
MICHELE BRIGHENTI REDIVO
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO PERÍODO
GESTACIONAL ENTRE A 28 A 36 SEMANAS.
Tubarão
2007
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MICHELE BRIGHENTI REDIVO
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO PERÍODO
GESTACIONAL ENTRE A 28 A 36 SEMANAS.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Orientadora: Prof. Esp. Inês Almansa Vinadé.
Tubarão
2007
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Dedico todo o meu esforço para realizar este
trabalho, em especial, que esteve comigo todos os
dias dando-me apoio, força e com muita paciência:
Jaime Volpato e aos meus pais, por todo amor,
dedicação e esforço para que esse acontecesse.
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AGRADECIMENTO
Chegada à reta final gostaria de agradecer as pessoas que estiveram comigo
durante essa jornada e que de alguma forma contribuíram para essa realização.
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde, força para ir atrás de meu
sonho e ter me guiado para essa profissão que confere aos meus conhecimentos e com o toque
de minhas mãos possibilidade de confortar e reabilitar.
Aos meus pais que nunca negaram esforços pra que este sonho se concretizasse,
por todo amor e dedicação por mim, sempre me incentivando e acreditando no meu potencial,
e por ter me dado bases sólidas e que sempre fazem lutar e nunca desistir.
À minha irmã, que fez parte desse trabalho e ao meu irmão, que me deram muita
força pra que isso se concretizasse.
À minha orientadora e amiga Inês Almansa Vinadé que com muita paciência me
ajudou nas horas das duvidas e desesperos, pelo apoio na realização, finalização desse
trabalho. E aos outros professores do curso, em especial o professor Kelser de Souza Koch,
que esteve presente na realização das avaliações, e auxiliando nos resultados, e as gestantes,
meu muito obrigada.
A todos os colegas da turma, em especial as meninas: Ale, Josi, Yara, pelos
quatros anos de muitas risadas e estresse que passamos juntas.
A minha amiga Maryucha Miranda que mesmo de longe me deu muita força e
sempre torceu por mim.
A banca examinadora pela atenção e gentileza de aceitarem o convite para
participarem da mesma.
Contudo, meus agradecimentos finais a todos que estiveram comigo nesses quatros
anos, agüentando-me nos momentos críticos e nos momentos de felicidades. Ficaram
guardados na memória.
Muito Obrigada!
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RESUMO
A gestação é um episódio natural e deve ser visto como uma situação normal na vida da
mulher. É diagnosticada pelos seguintes sinais e sintomas objetivos e subjetivos: amenorréia,
dores abdominais, cólicas, náuseas, vômitos, aumento do apetite, aumento abdominal e
outros. O corpo da mulher é preparado e adaptado ao longo do tempo da gestação, com
modificações gerais e locais que proporcionam a evolução do feto e a preparação do
organismo materno para o evento da maternidade, desde a concepção e mais precisamente
com a implantação da fecundação no útero, a gravidez produz algumas modificações como:
alterações nos sistemas nervoso, endócrino, metabólico, cardiovascular, respiratório, e
genitais. Durante a gestação ocorrem adaptações importantes no sistema respiratório. O útero
em crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a configuração do tórax. A
Espirometria baseia-se na medida de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.
Objetivo: o presente estudo procurou analisar a Função Pulmonar em Gestantes entre a 28° a
34° semanas através da espirometria, do aparelho eletrônico de marca Multispiro Sensor, com
Software de avaliação SX/5. Materiais e Métodos: 8 gestantes preencheram os critérios de
inclusão na amostra, onde foram agrupadas em grupos geral que contem todas as gestantes;
28 a 31 semanas (cinco gestantes); 32 a 36 semanas (três gestantes) realizaram a Espirometria
na Clinica Escola de Fisioterapia UNISUL. Resultados: de acordo com a divisão dos grupos
os valores obtidos da espirometria, os resultados estão dentro dos valores normais da CVF e
VEF1, foi observada uma diminuição desses valores, sendo fisiológico, e não patológico.
Palavras Chaves: Espirometria, Gestação, Capacidade Pulmonar.
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ABSTRACT
The pregnancy is a natural episode and must be seen as a normal situation in the life of the
woman. Is a diagnosis by the following signals and objective and subjective symptoms:
abdominal, colic amenorrhea, pains, nauseas, vomits, increase of the appetite, abdominal
increase and others. Its body the woman is prepared and adapted throughout the time of the
gestation, with general and local modifications that provide to the evolution of the embryo
and the preparation of the maternal organism for the event of the maternity, since the
conception and more necessarily with the implantation of the fecundacyon in the uterus, the
pregnancy produces some modifications as: alterations in the systems nervous, endocrinal,
metabolic, cardiovascular, respiratory, and genital. During the gestation important adaptations
in the respiratory system occur. The uterus in growth modifies the position of rest of the
diaphragm and the configuration of the thorax. The Expiration is based on the measure of
volumes and flows, particularly the expiratory. Objective: the present study 34° looked for to
analyze the Pulmonary Function in pregnancy enters 28° weeks through the expiration, of the
electronic device of Sensory Multispiro mark, with Software of evaluation SX/5. Materials
and Methods: 8 pregnancies had filled the criteria of inclusion in the sample, where they had
been grouped in groups general that will count to all the pregnancy; the 28 31 weeks (five
pregnancy); the 32 36 weeks (three pregnancy) had carried through the Expiration in the
Clinical School of Physiotherapy UNISUL. Results: in accordance with the gotten values of
the expiration, are inside of the normal values of FVC and FEV1, a reduction of these values
was observed, being physiological, and not pathological.
Words Keys: Expiration, Pregnancy, Capacity Pulmonary.
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LISTA DE ABREVIATURAS
CVF – Capacidade Vital Forçada
FEF 25-75% - Fluxo Expiratório Forçado de 25% a 75% da CVF
PEF – Pico de Fluxo Expiratório
VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo
VEF1 / CVF – Índice de Tiffeneau
VVM – Ventilação Voluntária Máxima
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................9
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE CAPACIDADE PULMONAR E GESTANTES.................11
2.1 ANATOMIA TORÁXICA .........................................................................................11
2.2 FISIOLOGIA PULMONAR.......................................................................................13
2.3 MÚSCULOS DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA .....................................................14
2.4 GESTAÇÃO ..............................................................................................................15
2.5 ESPIROMETRIA.......................................................................................................17
2.5.1 Indicações............................................................................................................20
2.5.2 Contra-indicações ................................................................................................20
2.5.3 Técnica ................................................................................................................20
2.5.4 Interpretação........................................................................................................21
3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................22
3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................22
3.1.1 Classificação quanto à abordagem........................................................................22
3.1.2 Classificação quanto ao objetivo ..........................................................................22
3.1.3 Classificação quanto ao procedimento da técnica utilizada na coleta de dado .......22
3.2 Identificação da população/ amostra da pesquisa.........................................................23
3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados ............................................................23
3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados ............................................................24
3.5 Procedimentos utilizados para analise e interpretação de dados...................................25
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANALISE E DISCUSSÃO. ........................26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................29
REFERÊNCIAS...................................................................................................................30
APÊNDICE..........................................................................................................................32
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1. INTRODUÇÃO
A fisioterapia é um campo de conhecimento em pleno desenvolvimento. A cada
dia surgem novas estratégias e abordagens fisioterápicas, proporcionando aos profissionais da
área a realização de um tratamento diferencial com qualidade.
As áreas de atuação da Fisioterapia são várias, sendo a Ginecologia, no Brasil tem
história recente, e, somente agora sua atuação está sendo considerada e prestigiada. Tem
atuação junto às gestantes, no pré e pós-parto, em situações de cirurgias ginecológicas, na
Incontinência Urinária e em outras situações, como por exemplo, neste trabalho, avaliar a
capacidade pulmonar em gestantes no 3° trimestre com o aparelho de espirometria.
A gestação é uma característica fisiológica da mulher e suas funções reprodutivas
requerem uma intensificação e adaptação dos processos metabólicos e fisiológicos do corpo
de acordo com o crescimento fetal. (REZENDE, 2005, p. 122).
Segundo Zugaib, (1994), durante a gestação ocorrem adaptações importantes no
sistema respiratório, mudanças mecânicas e bioquímicas interagem e afetam a função
respiratória.
De acordo com Silva, (2001), o sistema respiratório é responsável pela nossa
respiração, caracterizada pelo transporte do oxigênio e do gás carbônico fazendo as trocas
gasosas destes gases no sangue e depende da integridade das diversas estruturas anatômicas
envolvidas. Assim cumpre três funções básicas: ventilação, difusão e perfusão. “A função
pulmonar é conseqüência dos movimentos da caixa torácica, que dependem da inter-relação
entre as forças elásticas do conjunto pulmão caixa torácica e as forças musculares que são
aplicadas”.
Segundo Costa (1999) a espirometria é a medida da quantidade de ar inspirado e
expirado expressa em litros, o rendimento respiratório é a velocidade de renovação do ar
expresso em litros por segundo. É um exame fácil e simples de aplicar, baseia-se na medida
de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.
Para Silva (2000) a espirometria mede a capacidade vital dos indivíduos com selo
d’água e baseia-se na medida de volumes e fluxo de ar, particularmente o fluxo expiratório. É
indispensável que o paciente faça esforço máximo durante as manobras para obtenção da
capacidade vital forçada. Seus valores normais variam com a faixa etária: criança e adultos
jovens > 80% ; acima de 45 anos > 75%; idosos > 70% .
Em virtude das alterações na estrutura pulmonar da mulher gestante é que se
propõe estudo sobre sua função pulmonar, colocando como problema para esta pesquisa:
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Quais os valores da função pulmonar em gestantes do 3° trimestre de gestação?
Perante este questionamento é que se propõe esta investigação a fim de que se
possa avaliar e colocar valores em respostas às tais alterações.
Portanto propõe-se que este estudo avalie a Função Pulmonar em Gestantes entre a
28° a 34° semanas através da espirometria cuja técnica tem condições de nos responder sobre
a interrogante acima.
Sendo assim, os objetivos deste trabalho são verificar os índices espirométricos de
CVF (capacidade vital forçada); VEF1(volume expiratório forçado no primeiro segundo);
VEF1/CVF (índice de tiffeneau); FEF 25-75 (fluxo expiratório forçado 25- 75%); PEF (pico
de fluxo expiratório) e VVM (ventilação volumétrica máxima) no período gestacional referido
e analisar se há relação entre a idade e à paridade da paciente e a idade e os valores
espirométricos.
Conforme a amostra de oito gestantes no 3° trimestre, sendo cinco do grupo de
atendidas na Clínica Escola de Fisioterapia no laboratório da cardiopneumo funcional no
bloco da Saúde – UNISUL/ Tubarão, as quais foram submetidas a uma avaliação da
capacidade pulmonar através do teste de espirometria.
Em virtude das mudanças no sistema pulmonar da mulher grávida, este estudo
propõe identificar as principais alterações na capacidade pulmonar em gestantes do 3°
trimestre e será de grande relevância no contexto acadêmico, pois propõe uma base de dados
para a melhoria no trabalho realizado pela Fisioterapia durante o processo gestacional com
vista à prevenção.
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2. CONSIDERAÇÕES SOBRE CAPACIDADE PULMONAR E GESTANTES
A função primaria do sistema respiratório é a troca básica de oxigênio e dióxido de
carbono. A anatomia, a fisiologia dos pulmões e o controle da respiração serão discutidos
abaixo.
De acordo com Costa (1999), o sistema respiratório do ser humano pode ser
definido como um sistema de vias aéreas superiores e inferiores unidos a um par de pulmões
(principal órgão da respiração), os quais são revestidos pela pleura pulmonar e estão contidos
na caixa torácica.
Segundo Rezende (2005) a gravidez é um episódio fisiológico na vida normal da
mulher, na qual ocorre varias modificações e adaptações de acordo com o crescimento fetal, e
compreende a 10 meses lunares (40 semanas), o mesmo que 9 meses do calendário solar.
A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a
quantificação dos distúrbios ventilatórios que pode ocorrer na gestação, e permite medir o
volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios.
2.1 ANATOMIA TORÁCICA
Simão (2004) refere que a anatomia do sistema respiratório humano abrange como
o ar passa através do nariz, as cavidades nasais e desenvolve três funções distintas:
aquecimento, umidificação e purificação do ar. Sendo que o ar é distribuído aos pulmões por
meio da traquéia, brônquios e bronquíolos. A traquéia é chamada de passagem respiratória de
primeira geração e os brônquios principal esquerdo e direito são passagens de segunda
geração, depois cada divisão é uma geração adicional (bronquíolos) passando por 23
gerações, antes que o ar alcance os alvéolos onde os gases são trocados na respiração.
Para Costa (1999) o tórax é constituído por um arcabouço, sendo que os pulmões
direito e esquerdo juntamente com o coração, o qual fica entre eles, ocupam a maior parte
interna do tórax.
Latarjet (1996) refere que a caixa torácica é formada na linha mediana posterior
pelas 12 vértebras torácicas na linha mediana anterior, por um osso único, o esterno, e,
lateralmente, por 24 arcos que são as costelas (12 de cada lado) e pelas cartilagens costais
correspondentes.
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De acordo com Latarjet (1996) o esterno trata-se de osso ímpar, mediano,
simétrico e plano, situado na parte anterior do tórax, entre as cartilagens costais da direita e da
esquerda. Sendo que mede de 15 a 20 cm de comprimento e é constituído de três segmentos:
superior, médio e inferior (processo xifóide).
As costelas são ossos alongados que se estendem da coluna vertebral até o esterno,
unidos por uma cartilagem costal. (LATARJET, 1996, p. 963). Existem doze delas de cada
lado, em que as seis primeiras são as que se articula com o esterno na frente, trata-se das
verdadeiras, da 7ª à 10ª, as quais se unem à cartilagem comum do esterno, são as costelas
espúrias ou falsas, e a 11ª e 12ª estão livres, sendo as costelas flutuantes.
Os pulmões são envolvidos por uma fina membrana denominada pleura visceral,
tendo contato com a pleura parietal que reveste a parte interna da caixa torácica. (COSTA,
1999, p. 6).
Temos também no tórax o gradil costal que é formado por um conjunto de
estruturas esqueléticas, que se movimentam a cada respiração. “Na fase expiratória ocorre o
relaxamento dos músculos inspiratórios e entram em ação as forças elásticas dos pulmões.”
(COSTA, 1999, p. 7).
Também Latarjet (1996), nos mostra que existem os músculos intercostais, que
ocupam o espaço intercostocondral, limitado atrás pela articulação costotransversária e na
frente pelo esterno e pelo arco costal. Sendo que os intercostais externos são mais importantes
por que elevam a caixa torácica. E os que tracionam a caixa torácica para baixo durante a
expiração são: os retos abdominais e os intercostais internos.
O músculo diafragma, trata-se de um músculo plano, largo, delgado, que forma
um septo entre o tórax e o abdome. Tem forma de cúpula com convexidade superior ao tórax
e se ajusta posteriormente a coluna toracolombar. (LATARJET, 1996, p. 981).
No tórax situa-se a maior parte dos músculos inspiratórios, o principal deles é o
diafragma, o qual separa o tórax do abdome e é o elemento de maior importância na mecânica
respiratória juntamente com os músculos intercostais externos. O desempenho da função
pulmonar é conseqüência dos movimentos da caixa torácica, que por sua vez, dependem da
inter-relação entre as forças elásticas do conjunto pulmão caixa torácica e as forças
musculares aplicadas. (COSTA, 1999, p. 7).
Caminha (2005), relata que, durante a gravidez ocorrem várias adaptações no
sistema respiratório, o ângulo subcostal aumenta progressivamente, resultando em um
aumento de 5 a 7 cm na circunferência torácica. Com a progressão da gravidez, os músculos
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abdominais vão sendo submetidos a um extremo alongamento. A linha Alba pode aumentar
cerca de 50 cm e o músculo reto abdominal podem se alongar aproximadamente 20 cm.
2.2 FISIOLOGIA PULMONAR
Guyton (1997) relata que a respiração tem por objetivo fornecer oxigênio aos
tecidos e remover o dióxido de carbono, para o desempenho de suas funções. Pode ser
dividida em quatro grandes eventos: a ventilação pulmonar que se refere à troca de ar entre a
atmosfera e os alvéolos pulmonares; a difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os
alvéolos e o sangue; o transporte de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue e nos
líquidos corporais; e a regulação da ventilação.
Segundo Costa (1999) o sistema respiratório pode ser definido, como um sistema
de vias aéreas superiores e inferiores unidos a um par de pulmões, estando contidos na caixa
torácica. Funcionalmente, o sistema respiratório está ligado ao coração e interage com o
sistema circulatório no processo de trocas gasosas, provendo o organismo de oxigênio, sua
função fundamental.
Guyton, (1997) os pulmões podem ser expandidos e contraídos de duas maneiras:
pelo movimento do diafragma para baixo e para cima, alongando ou encurtando a cavidade
torácica e pela elevação e depressão das costelas, aumentando ou diminuindo o diâmetro
antero-posterior da cavidade torácica.
Em repouso, a respiração normal ocorre pelo primeiro mecanismo, pela
movimentação do diafragma:
Durante a inspiração, a contração do diafragma cria uma pressão negativa (vácuo)
na cavidade torácica, traciona para baixo a superfície inferior dos pulmões. Em seguida,
durante a expiração, o diafragma simplesmente se relaxa, e a retração elástica dos pulmões, da
parede tórax e das estruturas abdominais comprime os pulmões. Durante a respiração intensa,
as forças elásticas não são potentes o suficiente para produzirem a expiração rápida necessária
e força adicional é obtida pela contração dos músculos abdominais, que empurra o conteúdo
abdominal pra cima, contra a base do diafragma. (GUYTON, SIMÃO, p. 15, 2004).
Os músculos intercostais internos e externos atuam na inspiração e na expiração.
Durante a inspiração, formam ângulos para baixo, enquanto os músculos intercostais externos
estão alongados para frente e para baixo. Guyton (1997), relata que quando estes músculos se
contraem, puxando as costelas superiores para cima e em relação às costelas inferiores,
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produzindo efeito de alavanca sobre as costelas para se elevarem, causando assim a
inspiração.
A pressão pleural é a pressão no espaço estreito entre a pleura do pulmão e a
pleura da parede do tórax. Essa pressão é levemente negativa, devido ao pulmão ser uma
estrutura elástica, dessa maneira a pressão em todas as partes da arvore respiratória é a mesma
para os alvéolos e é igual à pressão atmosférica. Durante a expiração a pressão alveolar deve
se manter acima da pressão atmosférica, durante a respiração normal no repouso, somente 3%
a 5% da energia total consumida pelo corpo é requerida para a ventilação pulmonar. (SIMAO,
2004),
2.3 MÚSCULOS DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA
Para Costa (1999), a ventilação pulmonar é a quantidade de ar que entra e sai dos
pulmões em um minuto, sendo que o ritmo e a profundidade da ventilação podem ser
alterados em função do esforço respiratório, ou nas pressões parciais de O2 e pCO2,
provocando, também, modificações na gestação.
Nas fases da respiração (inspiração e expiração) é necessário que ocorra uma
pressão intrapulmonar mais negativa ou menos positiva que a pressão atmosférica (COSTA,
1999, p.8). Assim o pulmão flutua dentro da cavidade torácica, circundado por uma fina
película de líquido pleural que lubrifica os movimentos dos pulmões dentro da cavidade.
Guyton (1997), a pressão pleural é a pressão do líquido no estreito espaço entre a
pleura pulmonar e a pleura da parede torácica, sendo que essa pressão no início da inspiração,
é de cerca de -5 centímetros de água. Durante a inspiração normal, a expansibilidade da caixa
torácica puxa os pulmões para fora e cria pressão ainda mais negativa, cerca de -7,5
centímetros de água.
Temos também a pressão alveolar caracterizada pela pressão do ar no interior dos
alvéolos pulmonares. De acordo com Guyton (1997), para que ocorra fluxo de ar para o
interior dos alvéolos durante a inspiração, a pressão dentro dos alvéolos deve cair para o valor
ligeiramente inferior à pressão atmosférica. E durante a expiração, ocorrem alterações
opostas, a pressão alveolar aumenta para cerca de +1 centímetro de água, o que determina a
saída de 0,5 litros de ar dos pulmões nos 2 a 3 segundos de expiração.
Segundo Silva (2001) a complacência pulmonar pode ser definida como o poder de
distensibilidade dos tecidos dos pulmões. Aplica-se o termo complacência torácica a
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expansibilidade do tórax em um determinado ponto entre a inspiração e expiração, isto é, a
relação entre uma variação de volume de ar e a variação de pressão necessária para sua
ocorrência. As forças elásticas do tecido pulmonar são determinadas, principalmente, pelas
fibras de elastina e de colágeno entrelaçadas no parênquima pulmonar. (GUYTON, 1997, p.
408).
Para Simão (2004), os músculos que elevam o envoltório da costela são chamados
de músculos da inspiração e incluem os intercostais externos, os esternocleidomastoideo, os
serráteos anteriores e os escalenos.
Os músculos que comprimem o tórax são músculos de expiração e incluem os
abdominais (reto abdominal, oblíquos externos e interno e transverso abdominal) e os
intercostais internos.
2.4 GESTAÇÃO
A gestação é um episódio natural e deve ser visto como uma situação normal na
vida da mulher, quando é diagnosticada pelos sinais e sintomas objetivos e subjetivos, quais
sejam: amenorréia, sintomas gastrintestinais, dores abdominais, cólicas, náuseas, vômitos,
aumento do apetite, intolerância a alguns alimentos e cheiros, aumento da necessidade do
sono, distúrbios do humor, aumento ou diminuição de peso, aumento abdominal, da
freqüência urinária, aumento e hipersensibilidade mamária e dores lombar e ou pélvica. Seu
corpo é preparado e adaptado ao longo do tempo da gestação, com modificações gerais e
locais que proporcionam a evolução do feto e a preparação do organismo materno para o
evento da maternidade, desde a concepção e mais precisamente com a implantação da
fecundação no útero, a gravidez produz algumas modificações como: alterações nos sistemas
nervoso, endócrino, metabólico, cardiovascular, respiratório, excretor, pele e genitais. A
gestação compreende um período de 10 meses lunares (40 semanas), o mesmo que 9 meses do
calendário solar. (BURROUGHS, 1995; REZENDE, 2005).
Zugaib (1994) nos fala que a mudança do esquema corporal durante a gravidez
responde às novas necessidades de organização corporal frente à adaptação de todos os
sistemas ao estado gravídico. As modificações estabelecidas durante os meses de gestação
representam a transição para a maternidade.
Como mencionado acima, durante a gestação ocorrem adaptações importantes no
sistema respiratório. O útero em crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a
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configuração do tórax. O diafragma eleva-se cerca de 4 a 5 cm acima da posição de repouso
habitual, enquanto a caixa torácica se amplia nos diâmetros ântero-posterior e transverso em
torno de 2 cm. O ângulo subcostal aumenta progressivamente de 68,5° para 103,5°, resultando
em um aumento de 5 a 7 cm na circunferência torácica. (BURROUGHS, 1995; ZUGAIB,
1994; REZENDE, 2005)
Com a elevação da cúpula diafragmática, progressiva com o evoluir da gravidez,
desloca o coração para situação mais transversal direcionando seu ápice para cima e para
esquerda. (ZUGAIB, 1994.p.55).
Ocorre um aumento do volume /minuto de forma sistemática, sendo que da 8ª. à
12ª semana de gestação, já é 50% superior ao da mulher não-grávida e permanece elevado até
o termo. Isto é devido a um incremento de 40% do volume corrente e de um aumento da
freqüência respiratória em cerca de 15%, determinado por ação hormonal, caracterizando uma
elevação da ventilação alveolar da ordem de 70%. (ZUGAIB, 1994, p. 57).
De acordo com Burroughs (1995) com a progressão da gravidez, o músculo
abdominal vai sendo submetido a um extremo alongamento, a linha da cintura pode aumentar
e o músculo reto abdominal pode se alongar podendo ocorrer que as duas faixas desse
músculo, inicialmente paralelas, afastam-se a partir da linha Alba, um fenômeno chamado de
diástase dos músculos retos abdominais (DMRA). A respiração curta que é a dispnéia é uma
queixa comum na gestação.
A sensação de dispnéia parece estar relacionada à maior sensibilidade do sistema
respiratório, causada pelo aumento de progesterona, ela também está relacionada com a
pressão que o útero gravídico exerce sobre o diafragma. (BURROUGHS, 1995 p. 72-81).
No primeiro trimestre temos a confirmação da gravidez, que é a fase de
implantação do blastócito, ocorrendo às modificações de todo sistema corporal, sendo que o
respiratório já tem diminuição, mas não muito significativa. (REZENDE, 2005, p.93).
No segundo trimestre, começam as alterações corporais visíveis. O início dos
movimentos fetais gera uma constante sensibilização do abdome grávido, tendo uma
respiração adequada para favorecer a dinâmica interna na relação mãe-feto. (ZUGAIB, 1994,
p.95).
Segundo Burroughs (1995) no terceiro trimestre a expansão do útero impede a
descida total do diafragma durante a inspiração. A pressão que o feto faz para cima pode
deslocar as costelas, aumentando o perímetro costal inferior da mãe de 10 a 15 cm e
aumentando o ângulo subcostal. Nesta fase da gestação, a excursão respiratória fica limitada
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nas fases dos pulmões e torna-se mais ativa no ápice e na região medial, o que aumenta ainda
mais a dificuldade de respirar no final da gravidez.
De acordo com Zugaib (1994), o corpo com 28 semanas, mostra-se basicamente
em uma postura de tensão e ansiedade frente ao final da gestação e ao parto. Nesse período
caracteriza-se pelo crescimento e decorrente aumento do abdome gravídico, ocasionando a
hiperventilação pelo aumento do débito cardíaco, dispnéia, dificuldade no retorno venoso e
dificuldade respiratória.
2.5 ESPIROMETRIA
Para Silva (2000) a espirometria é a medida da quantidade de ar inspirado e
expirado expressa em litros e o rendimento respiratório é a velocidade de renovação do ar
expresso em litros e por segundo. É um exame fácil e simples de aplicar, baseia-se na medida
de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.
Costa (1999) diz que o termo espirometria em latim significa spiro, respirar e
metrum, medida, designam uma técnica de medida de entrada e saída de ar nos pulmões,
utilizando registros gráficos do ar.
Hutchinson, na segunda metade do século XIX, começou a medir a capacidade
vital dos seus pacientes em espirômetro com selo d’água, observando algumas correlações
como, por exemplo, com a altura. Nos anos 40, passou-se a utilizar um quimiógrafo girando
com velocidade constante, o que possibilitou correlacionar as variações de volume com o
tempo. Assim surgiu a curva volume-tempo, que possibilitou estabelecer o VEF1 e calcular
também outras variáveis. Observou-se que, em indivíduos normais, 80% da capacidade vital
eram eliminados no primeiro segundo e que quase toda essa capacidade era exalada em três
segundos.
Constatou-se, também, que o VEF1 era o principal sinalizador de obstrução. Na
década de 1960, a curva fluxo-volume, obtida com auxílio do registrador X-Y, passou a ter
papel importante e, paulatinamente, centralizou as avaliações espirométricos. Hoje, com a
evolução tecnológica, pode-se medir e monitorar com relativas facilidades diversas variáveis
funcionais pulmonares, fazendo-se medidas objetivas não apenas do dano causado pela
doença, mas também da recuperação obtida pela terapêutica (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000).
De acordo com Azeredo (2002), do ponto de vista da analise funcional, a
espirometria permite ao fisioterapeuta conhecer com detalhes o grau e o tipo do distúrbio que
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envolve o sistema respiratório, mensurando com fidelidade a contribuição de todos os
componentes do sistema.
Com a espirometria, basicamente são medidos volumes e fluxos aéreos. O volume
de gás dentro dos pulmões pode ser subdividido, segundo Silva (2001), em volumes e
capacidades pulmonares, que são descritos a seguir:
• Volume Residual (VR): volume retido nos pulmões após uma expiração máxima.
• Volume de Reserva Expiratória (VRE): volume máximo que pode ser expirado
após o final de uma expiração normal.
• Volume Corrente (VC): volume expirado ou inspirado durante cada movimento
respiratório, em repouso.
• Volume de Reserva Inspiratória (VRI): volume máximo que pode ser inspirado a
partir do final de uma inspiração em repouso.
Figura 1: Volumes pulmonares
Fonte: I Consenso Brasileiro sobre Espirometria
· Capacidade Inspiratória (CI): volume máximo que pode ser inspirado a partir do
final de uma expiração normal: CI = VRI + VC.
• Capacidade Residual Funcional (CRF): volume de ar nos pulmões após uma
expiração normal: CRF = VR + VRE.
• Capacidade Vital (CV): volume máximo que pode ser expirado após a inspiração
máxima: CV = VRE + VC + VRI.
19
• Capacidade Pulmonar Total (CPT): volume de ar nos pulmões após uma
inspiração máxima: CPT = CV + VR.
Figura 2: Capacidades Pulmonares
Fonte: I Consenso Brasileiro sobre Espirometria
Segundo Silva (2000) a Capacidade Vital Forçada (CVF) é o volume de ar
eliminado o mais rapidamente possível durante as expirações forçadas, partindo-se de uma
inspiração máxima. Para sua realização, é necessária a máxima colaboração do paciente, pois
sem boa coordenação e esforço máximo não se conseguira atingir o objetivo do teste.
O Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) é o volume expirado
no primeiro segundo de eliminação da CVF. O VEF1 varia em estrita correlação com a CVF,
medindo preferencialmente o fluxo das vias aéreas de grosso e médio calibre.
Conforme Costa (1999), Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) significa o resultado da
fração que representa o VEF1 em relação à CVF, sendo que esse valor deve estar entre 68% a
85% da CVF. Outro parâmetro utilizado na espirometria é o Pico de Fluxo Expiratório (PFE)
é o fluxo correspondente ao extremo superior da curva expiratória, devendo ser obtido por um
esforço máximo e explosivo inicial.
A Ventilação Voluntária Máxima (VVM) é o volume Máximo de ar que pode ser
respirado, em um período de tempo de 12 segundos de inspiração e expiração, da forma mais
20
rápida e profunda. Esta medida avalia as propriedades mecânicas dos pulmões e da parte
torácica conjuntamente, junto com a condição muscular respiratória.
O Fluxo Expiratório Forçado entre 25% a 75% (FEF 25, 75%) é a média da curva
da CVF, sendo entre os 25 e 75% do seu fluxo intermitente. (COSTA, 1999, SILVA, 2000)
2.5.1 Indicações
Silva, 2000, a espirometria pode ser indicada a vários fatores como:
• Avaliar a capacidade pulmonar em gestantes tanto do primeiro trimestre até o terceiro
trimestre de gestação;
• Avaliar o desempenho físico dos atletas;
• Sintomas e sinais: dispnéia, tosse, cianose e outros.
• Fumantes com idade superior a 40 anos.
2.5.2 Contra-indicações
• Hemoptise
• Dor torácica que cause restrição a esforços (RUBIN, 2000).
2.5.3 Técnica
Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), o teste é realizado com o paciente sentado,
seguindo os passos: colocação do clipe nasal e acoplamento dos lábios ao bocal do
espirômetro; solicitação de respiração normal inicialmente; logo ao final de uma expiração,
solicitar que o paciente realize inspiração forçada máxima, seguida, sem interrupção, de uma
expiração rápida e forçada durante no mínimo 6 segundos. Ao final da inspiração máxima que
precede a expiração forçada, a pausa inspiratória pode ser no máximo de 3 segundos. O teste é
repetido até serem obtidas três curvas reprodutíveis, considerando-se satisfatório quando a
forma da curva é adequada, ou seja, quando é obtido o pico expiratório inicial mais elevado
possível, seguindo de queda homogênea de fluxos. Devem ser registrados idade, sexo, raça,
peso e altura, que serão utilizados na obtenção dos valores previstos. E a VVM a paciente
continua senta e faz expirações e inspirações profundas e rápidas durante 12 segundos. As
condições atmosféricas devem ser constantes no laboratório, principalmente temperatura
21
(20ºC) e pressão (nível do mar), para evitarem-se erros de mensurações. (SILVA, 2001, p.
112).
A calibragem do aparelho é realizada pelo menos uma vez por dia, previamente às
avaliações e sempre que se fizer necessário. Caso o paciente utilize próteses orais, deve retirá-
las;
2.5.4 Interpretação
Os principais dados a serem analisados são CVF, VEF1, relação VEF1/CVF, FEF
25-75%, PFE e o VVM.
Os valores da CVF e do VEF1 devem ser sempre os maiores obtidos e não
necessariamente das maiores curvas. O papel das demais variáveis pode ter importância em
determinadas circunstâncias: o PFE como indicador do grau de colaboração do paciente; os
FEF 25%-75%, quando reduzidos, podem indicar anormalidades nas vias áreas periféricas,
desde que o VEF1 e a CVF sejam normais, variam de acordo com a faixa etária: criança e
adultos jovens >80%, acima de 45 anos > 75%, idosos > 70%. (SILVA; RUBIN; SILVA,
2000).
22
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O delineamento da pesquisa, segundo Gil (2002, p. 70) refere-se ao planejamento
da mesma em sua dimensão mais ampla, ou seja, o investigador estabelece os meios técnicos
da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população, os instrumentos e os
procedimentos necessários para a coleta de dados.
Nesta pesquisa analisou-se a função pulmonar de gestantes através da
espirometria realizada na Clínica Escola de Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa
Catarina – UNISUL na Cidade de Tubarão.
3.1 TIPO DE PESQUISA
As pesquisas podem ser classificadas quanto à sua abordagem, em qualitativas,
quantitativas ou quali-quantitativas; quanto aos seus objetivos, em exploratória, descritiva ou
explicativa; e ainda, quanto aos procedimentos técnicos utilizados.
3.1.1 Classificação quanto à abordagem
Quanto à abordagem é caracterizada como quantitativa, pois é uma pesquisa de
campo com levantamento de dados e consiste na solicitação de informação de um grupo de
pessoas sobre um problema estudado (GIL, 2002, p.50). E também qualitativa por que faz
uma análise profunda e exaustiva de um ou de poucos objetos de modo a permitir o seu amplo
e detalhado conhecimento.
3.1.2 Classificação quanto ao objetivo
Esta pesquisa quanto ao nível exploratório tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, aprimorando as idéias ou a descoberta de intuições. (GIL,
2002, p.41). De acordo com Herdt e Leonel (2004) uma pesquisa exploratória proporciona
maior familiaridade com o objeto de estudo.
3.1.3 Classificação quanto ao procedimento da técnica utilizada na coleta de dados
23
Quanto ao procedimento é de levantamento, que segundo Gil (2002) caracteriza-se
pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecerem, procede-se a
solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas a fim de se levantar as
conclusões correspondentes aos dados coletados.
3.2 Identificação da população/ amostra da pesquisa
A amostra do estudo foi composta por 8 gestantes no 3° trimestre (28 semanas a
34 semanas), a qual foi subdividida em dois grupos quanto a idade gestacional: 28 a 31
semanas; 32 a 36 semanas.
A amostra é classificada como não aleatória que se selecionou de uma população
de gestantes do Ambulatório Materno Infantil, Bairro Oficinas, Tubarão, donde se deslocaram
até a Clinica Escola de Fisioterapia, Universidade do Sul de Santa Catarina na Cidade de
Tubarão.
Os critérios de inclusão para o estudo foram: estar grávida no período entre a 28ª. à
34ª semana, isto é, no 3° trimestre de gestação, consideradas gestantes sem risco ou patologias
associadas e serem atendidas no Ambulatório Materno Infantil de Tubarão, bem como,
concordar em participar da pesquisa. O critério de exclusão foi não estar no período
gestacional exigido pela pesquisa.
3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados
Para a presente pesquisa procedeu-se uma avaliação de espirometria através de
aparelho eletrônico de marca Multispiro sensor, com software de avaliação SX/252, na qual
constam dados da gestante e que fazem parte dos dados como parâmetro de avaliação para a
curva Espirometria. O aparelho espirométrico tem procedência da Clínica Escola de
Fisioterapia, no laboratório de cardio pneumo funcional, bloco da Saúde, Campus Tubarão da
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina.
24
Foto 3: Espirometria
3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados
A coleta de dados foi realizada na Clinica Escola de Fisioterapia-UNISUL, na
cidade de Tubarão, supervisionada pela professora de Ginecologia e Obstetrícia e orientadora
do estudo, constituindo varias etapas:
1° etapa: foi feito um contato com a coordenação do Programa de Saúde da
Família, do Ambulatório Materno Infantil, a fim de esclarecer os objetivos da pesquisa.
2° etapa: visita ao Ambulatório Materno Infantil na data em que são atendidas as
gestantes para a avaliação de seu estado pré-natal. Apresentado o pesquisador às gestantes e
feito convite às mesmas para participarem do trabalho de pesquisa, dando ênfase à sua
importância.
3° etapa: depois de dirimidas as dúvidas como, desconforto, tempo, e número de
vezes às gestantes, as mesmas, voluntariamente, propuseram-se a participar da pesquisa
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme anexo A.
4° etapa: realização da avaliação espirométrica no laboratório de cardiopneumo da
Clínica Escola de Fisioterapia - bloco da Saúde - Campus Tubarão da UNISUL.
25
3.5 Procedimentos utilizados para analise e interpretação de dados
Nas avaliações realizadas buscamos analisar os dados referentes à pesquisa com os
métodos estatísticos de correlação entre a idade e paridade; idade e cada um dos índices
espirométricos e a gestação com todos os índices espirométricos de acordo com os grupos de
28 a 31 semanas e 32 a 36 semanas. Os resultados receberam análise quantitativa, sendo
descritivo, da média e desvio padrão, não se utilizando nenhum método estatístico em função
de uma amostragem, tornando-a insignificante.
26
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANALISE E DISCUSSÃO.
O presente estudo consta dos resultados levantados de oito gestantes, submetidas à
avaliação espirométrica, que foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia Campus Tubarão
na Universidade do Sul de Santa Catarina na Cidade de Tubarão, respectivamente,
relacionadas conforme na tabela abaixo mostra os grupos: Geral com oito pacientes; 28-31
semanas com cinco pacientes; 32-36 semanas com três pacientes, mostrando cada índice
espirométricos e de acordo com a idade da paciente e o tempo gestacional dos grupos.
Tabela 1 – Dados da espirometria da média real e do desvio padrão real, com media em % e
do desvio padrão em % e a media da idade com o tempo gestacional das pacientes observadas
no estudo, de acordo com os grupos abaixo.
GERAL 28- 31semanas 32- 36 semanas
CVF 3,49± 0,44
(92,87± 10,66)
3,49± 0,54
(97,10±11,60)
3,49 ±0,27
(85,80 ± 2,89)
VEF1 2,98±0,32
(90,85±8,88)
2,97±0,40
(94,61±9,37)
3,00±018
(84,60±2,51)
VEF1/ CVF 85,47±2,16
(98,01±2,31)
85,24±2,44
(97,64±2,89)
85,86±2,01
(98,63±1,04)
PFE 6,09±090
(93,98±12,79)
6,25±1,04
(97,64±13,62)
5,86±0,70
(86,78±8,76)
FEF25-75% 3,39±0,26
(84,97±7,69)
3,43±0,33
(89,34±5,84)
3,32±0,10
(7,70±3,45)
VVM 113,44±7,23
(82,80±13,56)
109,52±6,09
(90,78±10,43)
119,97±2,54
(69,50±1,23)
Idade/tempo
gestacional
25,13±4,70
(29,88±2,42)
27,80±3,42
(28,20±0,45)
20,67±2,52
(32,67±1,15)
Tabela 1: Dados das pacientes da Espirometria. Fonte: Elaborada pela autora, 2007.
Nesta tabela mostra a relação entre a idade e o tempo gestacional e os índices
espirométrico das gestantes no grupo geral foram de 25,13 ± 4,70 anos e o tempo gestacional
foi de 29,88 ± 2,42.
27
Com relação à tabela acima, constatou-se que no grupo de 28 a 31 semanas a
relação entre a idade 27,80 ± 3,42 anos e o tempo gestacional foi de 28,20 ± 0,45; no grupo de
32 a 36 semanas a relação entre a idade 20,67±2,52 anos e o tempo gestacional foi de
32,67±1,15. Depreende-se com tais valores que os mesmos constam dentro dos valores
normais, porém, com uma diminuição fisiológica.
Deve-se observar que o presente estudo realizado, através do teste de espirometria,
pra verificar a capacidade pulmonar em gestantes, é um caminho pouco utilizado, sendo
assim, mais uma técnica para avaliar o volume corrente e volume minuto, através da qual
pode ser detectada uma diminuição na capacidade do músculo da respiração.
O gráfico abaixo nos mostra que, no grupo de 32 a 36 semanas, houve uma
diminuição na capacidade funcional, sendo considerável pra sua idade como fisiológico e não
patológico. Quanto à VVM (ventilação voluntária máxima) houve uma diminuição
significativa, porém, normal pra sua idade, constatando-se que a gestação dificulta á
respiração máxima, como ilustrada no gráfico abaixo.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
CVF
VEF1
VEF1/CVF P
FE
FEF25-75
VVM
% do previsto
Grupo Geral
Grupo 28 a 31 semanas
Grupo 32 a 36 semanas
Gráfico1: valores em % do previsto. Fonte: Elaborada pela autora, 2007.
A gravidez, a obesidade e outras patologias que afetam a mobilidade da parede
torácica ou a distensibilidade do tecido pulmonar tendem a reduzir a CVF (PEREIRA, 1996).
De acordo com o gráfico acima, podemos observar que os valores obtidos tiveram
diminuição entre os parâmetros, CVF, VEF1, PFE, FEF 25-75 % e VVM, mas dentro dos
valores normais de acordo com que já foi visto.
28
Sendo que a ventilação está intrinsicamente ligada à capacidade de geração de
força dos músculos respiratórios. Acreditam que as mudanças na função pulmonar são
provavelmente pequenas demais pra explicar o surgimento da dispnéia, mas que as alterações
da caixa torácica poderiam influenciar o surgimento dos mesmos (CAMINHA, 2005).
A espirometria de fluxo é o teste-padrão para avaliar a função pulmonar e suas
alterações, inclusive durante a gravidez. A gravidez imprime modificações importantes na
fisiologia respiratória da mulher, com aumento de 20% no consumo de oxigênio e aumento de
15% na taxa de metabolismo materno. Esta demanda extra é alcançada devido a acréscimo de
40 a 50% no volume minuto respiratório, de 7,5 L/min (litros/minuto) para 10,5 L/min,
resultado mais do aumento do volume corrente do que de alterações na freqüência
respiratória. Isso implica aumento da profundidade da respiração, ocorrendo aumento de 50%
da ventilação pulmonar, com manutenção da freqüência respiratória. (Neppelenbroek, G. A.,
2005).
Caminha 2005, durante os estágios avançados da gravidez os músculos abdominais
sofrem estiramento para permitir o crescimento uterino, o que tendem a enfraquecê-los,
facilitando a ocorrência da separação dos feixes dos retos abdominais, diminuindo a força de
contração dos mesmos.
Ainda o mesmo autor relata que os músculos abdominais durante o terceiro
trimestre de gravidez apresentam-se mais enfraquecidos em relação às não-grávidas
29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a pesquisa, através da avaliação espirométrica constatou-se que
existe redução fisiológica da capacidade pulmonar nas gestantes, principalmente no terceiro
trimestre.
Constatou-se também que, o último mês do terceiro trimestre é o período de maior
comprometimento da capacidade pulmonar na gestante.
Verificou-se que, apesar de haver uma diminuição na capacidade pulmonar nas
gestantes do último período trimestral, não é restritivo, mas sim fisiológico deduzindo-se que
há uma adaptação no sistema respiratório da gestante.
A pesquisadora questiona se, uma vez essas gestantes sendo condicionadas pela
fisioterapia, com relação à alteração fisiológica, haveria uma da dispnéia e do cansaço,
sintomas comuns no processo gestacional.
Coloca-se, também, a importância de se pesquisar este assunto com maior
amostragem, uma vez que a pesquisadora conseguiu somente n = 8, o que é insignificante
perante a população de gestantes na Cidade de Tubarão, SC e como dado epidemiológico.
A grande dificuldade encontrada pela pesquisadora foi a de se conseguir maior
amostragem, uma vez que este procedimento não é regular no desenvolver do pré-natal, e as
mesmas não vêm à importância da avaliação espirométrica, seja pela desinformação, seja pela
adaptação dos seus desconfortos respiratórios no desenrolar da gravidez, ou, seja ainda, por
que seu médico não solicita.
A pesquisadora se coloca a disposição para novas pesquisas nesse enfoque,
considerando ser uma área ainda inexplorada e com falta de estudos mais profundos.
30
REFERÊNCIAS AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia Respiratória Moderna. 4 ed. Barueri: Manoli, 2002. BODIAJINA, V I. Manual de obstetrícia. Moscovo: Mir, 1985. 415 p. BURROUGHS, Arlene. Enfermagem materna. 6° ed. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995. CAMINHA, M. A., et al. Avaliação da força muscular respiratória no terceiro trimestre de gestação. Revista Brasileira de Fisioterapia. Recife, 2 jun. 2005. COSTA, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 1999. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 1014 p. HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia científica: disciplina na modalidade a distância. 2. ed. Palhoça: 2005. 274 p. LATARJET, M; RUIZ LIARD, A. Anatomia humana. 2. ed. São Paulo: Panamericana, 1996. 2 v. NEPPELENBROEK, G.A. et al. Investigação do Fluxo Expiratório Maximo em Gestantes Saudáveis. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Vol. 27. n 1. Rio de Janeiro. Jan. 2005. PEREIRA, C. A.C. I Consenso Brasileiro sobre Espirometria. UNIFESP, 1996. POSTIAUX, Guy. Fisioterapia respiratória pediátrica: o tratamento guiado por ausculta pulmonar. 2° ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. 10° ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2005. SANCOVSKI, Mauro; ZUGAIB, Marcelo. O pré-natal. 6° ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1994. SILVA, Luiz Carlos Corrêa da et al. Condutas em pneumologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 1 v.
31
_________.RUBIN, A. S; SILVA, L. M. C. da. Avaliação Funcional Pulmonar: incluindo questões de auto-avaliação e respostas comentadas. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. SIMÃO, Roberto. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte, 2004.
33
ÂPENDICE A – Termo de consentimento
Tubarão,..........de.............................. de 200....
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu......................................................................................................., portadora de
RG............................., declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e
que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos
os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos
experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Assinatura do responsável:..................................................................................................
Assinatura do pesquisador:.................................................................................................