As memórias de libertação Reserva de sentido do Êxodo guardada nas memórias populares de muitos...

Post on 17-Apr-2015

104 views 1 download

Transcript of As memórias de libertação Reserva de sentido do Êxodo guardada nas memórias populares de muitos...

As memórias de libertação

Reserva de sentido do Êxodo guardada nas memórias populares de muitos

êxodos, libertações e desertos.

A memória libertadora das mulheres

O processo de libertação do Êxodo, que acabou simbolizado na figura de Moisés, teve uma

participação fundamental das mulheres.

NÃO PODEMOS RESGATAR A MEMÓRIA DO ÊXODO

SEM RESGATAR A MEMÓRIA DAS MULHERES.

As mulheres são as primeirasvítimas da opressão do Faraó que determina a morte dos filhos delas (Ex 1,15-16).

As mulheres são, também, as primeiras a TRANSGREDIR as ordens do opressor, mesmo sendo de povos, classe e religião diferente, elas DEFENDEM A VIDA CONTRA A OPRESSÃO (Ex 1,17-20).

As outras memórias das mulheres contra a opressão

• A filha do Faraó adota um menino hebreu e inclui a mãe (hebréia) no processo de criação, contrariando completamente o projeto de extermínio do seu pai (Ex 2,1-10).

• No PROJETO LIBERTADOR DE DEUS aparece a colaboração solidária entre mulheres oprimidas e mulheres do povo opressor (3,21-22 que se realiza em Ex 12,35-36).

• Moisés é acolhido, NA SUA TRAVESSIA DE FUGA, em Madiã pelas filhas de Jetro/Ragüel, (Ex 2,16-22).

• A travessia de libertação através do mar é celebrada pela mulheres, com dança e música (Ex 15,20-21).

A MEMÓRIA LIBERTADORA DE ESCRAVOS/AS, TRABALHADORES/AS FORÇADOS

A escravidão de grandes massas de pessoas (prisioneiras, endividadas, necessitadas) fazia parte

de todos os projetos de opressão de dominação.

Este tipo de trabalho era comum em todos os impérios e reinos, tanto no Egito quanto depois na monarquia de Israel, contra a qual se levantaram os profetas.

O TRABALHO COMO DEGRADAÇÃO E MORTE PROVOCA O CLAMOR A DEUS.

“ Os filhos de Israel gemiam sob o peso da escravidão, e clamaram; e do fundo da escravidão,o seu clamor chegou até Deus. Deus ouviu as queixas deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaac e Jacó. Deus viu a condição dos filhos de Israel e a levou em consideração” (Ex 2, 23-25).

“ Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito por causa dos seus opressores. Conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo...” (Ex 3,7-10)

- OUVIR – LEMBRAR - VER – CONHECER - - DESCER - DECIDIR –

CHAMAR -

O QUE NOS DIZ ESTA MEMÓRIA?

Deus viu, ouviu e atendeu ao gemido daquelas pessoas que se encontravam escravizadas com brutalidade, para construir a infra-estrutura do

Império.

Este povo sofredor tem memória curta e logo após o COMEÇO DA TRAVESSIA acha que era melhor ter

ficado na ESCRAVIDÃO (Ex 14,10-12 e 16,1-3).

A memória de movimentos que lutam contra a opressão

PARTIDOS

POLÍTICOS

CEBS

MOVIMENTOS

POPULARES

SINDICATOS

ONGs

Memória de MOVIMENTO é MEMÓRIA DE ORGANIZAÇÃO. No Êxodo vemos esta organização da seguinte forma:

a. Lideranças como Moisés, Aarão e Miriam atuam em conselho COM OUTRAS LIDERANÇAS, chamados “anciãos” (Ex 3,16.18) reunidos em um movimento chamado Israel, que significa “Deus-lutará-por-nós” ( Ex 14,14 ).

b. O Movimento finalmente se transforma em ASSEMBLÉIA onde todas as pessoas partilham da responsabilidade pela TRAVESSIA DE LIBERTAÇÃO (Ex 12,47; 16,2.9-10).

c. Tanto a preparação para a partida, quanto a MARCHA PELO DESERTO, quanto a alimentação e sobrevivência, exigiram a DISCIPLINA DE UM MOVIMENTO POPULAR marcada pelo ACAMPAMENTO (Ex 13,18-22).

A memória popular se mantém também através da mística, especialmente da

mística profética, isto é, da CELEBRAÇÃO DA MEMÓRIA CRÍTICA

DE LIBERTAÇÃO E VIDA.

Memória litúrgica da mística profética

A principal memória é a PASCOA, QUE SIGNIFICA PASSAGEM OU TRAVESSIA.

PÁSCOA: passagem da escravidão para a liberdade

“POR QUE ESTA NOITE É DIFERENTE DE TODAS AS OUTRAS?”“POR QUE ESTA NOITE É DIFERENTE DE TODAS AS OUTRAS?” (Ex 12, 14.26-27; 13,8.14)

Páscoa como memorial do Êxodo, como fonte, como reserva de sentido...

(Ex 12,14.26-27; 13,8.14; Dt 6,20-25).

Páscoa como memorial do Êxodo, como fonte, como reserva de sentido...

(Ex 12,14.26-27; 13,8.14; Dt 6,20-25).

Páscoa como memorial do Êxodo, como fonte, como reserva de sentido...

(Ex 12,14.26-27; 13,8.14; Dt 6,20-25).

CREDOS HISTÓRICOS DE ISRAEL

-Dt 6,21-23 – num contento de catequese familiar

-Dt 26,5-9 – num contexto de colheita

Memória histórica da presença de YHWH no processo libertador da opressão faraônica, com vistas à vida livre em terra libertada.

Memória de vocações, de alianças, de vitórias, de conquistas, de retomadas...

-O Canto de Vitória reúne homens e mulheres, que cantam à libertação (Ex 15,1.20-21).

-A memória do chamado de Moisés que sente-se incapaz de realizar a tarefa libertadora (Ex 11-12. 13-15; 4,1-9.10-12.13-17), mas é encorajado e empoderado por Deus que lhe diz: “Eu estarei contigo” (Ex 3,12; 4,12.15).

-Memória que dá nome a cada lugar da caminhada ( Ex 15,23; 17,7).

A memória perigosa do Êxodo

O processo de libertação, luta, vida, celebração, organização, superação, comunhão, reconciliação, aliança... Pode ficar no passado se não realizamos a ANAMNESE, que significa “reviver”.

• O que esta memória da travessia libertadora nos convida a reviver e a viver?

• Como estas memórias nos animam a resistir e superar as opressões, exclusões e discriminações de todas as formas em todas as épocas?