Post on 07-Mar-2016
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As melhores históriasde Andersen
organização
Laura Sandroni
ilustraçõesNelson Macedo
1ª edição
Copyright © 2007, Editora Nova Fronteira Participações S.A.
Projeto Gráfi co: Graça Lima / Assistente: Diogo Nogueira
Diagramação: Letra e Imagem Ltda.
Revisão: Malu Resende, Eni Valentim
Direitos de edição da obra em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela Edi-
tora Nova Fronteira Participações S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma
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laura sandroni. Carioca, graduada em Administração pública e pós-graduada em Literatura Brasileira. Participou da criação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em 1968. Crítica de Literatura para crianças e jovens, autora e tradutora.
CIP-BRASIL. Catalogação na fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
M129m Sandroni, Laura C - 1934 As melhores histórias de Andersen / Organização de Laura Sandroni ; ilustrações de Nelson Macedo. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2011. il.
Adaptação de: Fairy tales from Hans Christian Andersen ISBN 978.85.209.2905-6
1. Literatura infantojuvenil. I. Andersen, H. C. (Hans Christian), 1805-1875. II. Macedo, Nelson. III. Título.
07-1691 CDD: 028.5CDU: 087.5
03.05.07 04.05.07 001577
Sumário
Apresentação – Laura Sandroni, 7
O patinho feio, 9
A roupa nova do Imperador, 19
O rouxinol, 27
O soldadinho de chumbo, 37
A sereiazinha, 43
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Apresentação
Hans Christian Andersen nasceu na cidade de Odense, na Dinamarca, no dia 2 de
abril de 1805. Filho de um sapateiro, enfrentou muitas difi culdades até tornar-se um
importante escritor, cujos contos foram rapidamente traduzidos em diversos idiomas,
tornando-o conhecido e querido pelas crianças de todo o mundo.
Suas narrativas fundem elementos do folclore do seu país com outros nascidos de
sua fértil imaginação, resultando em textos poéticos e encantadores. A vivacidade do seu
estilo criou obras sem par na literatura universal, como estas reunidas neste livro.
O patinho feio parece contar a própria vida de Andersen, já que ele era muito pobre
e feio, sentindo-se rejeitado até tornar-se, com seu talento e esforço, um belíssimo cisne
admirado por todos.
A roupa nova do imperador fala-nos de um rei vaidoso, que só dava atenção à sua
aparência. É uma divertida crítica ao comportamento de certos governantes, que aceitam
a adulação e a mentira, fi nalmente denunciadas pelo olhar de uma criança.
O rouxinol mostra que a beleza dos seres vivos não pode ser substituída pelas
máquinas, enquanto O soldadinho de chumbo conta uma história de amor, que sobrevive
à própria morte.
O amor também é o tema de A sereiazinha, ao narrar a história de uma sereia que se
apaixona por um príncipe e para estar perto dele faz grandes sacrifícios.
Andersen viveu em plena época do romantismo e sua obra permanece comovendo
a todos com sua lírica beleza. Ele é considerado o patrono da Literatura Infantil. Seu
nome foi dado ao mais importante prêmio desse gênero literário, e a data de seu
nascimento – 2 de abril – é comemorada em todo o mundo como o Dia Internacional
do Livro Infantil.
Laura Sandroni
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O patinho feio
E ra verão. Árvores verdes rodeavam os campos de trigo, os lagos e as estradas. A
vida no campo era uma delícia.
No quintal da grande fazenda, uma pata escolheu um recanto seguro e calmo
para fazer seu ninho. Ficou muitos dias em cima dos ovos, à espera de que os patinhos
quebrassem a casca. Já começava a se sentir cansada quando os ovos foram rompendo um
a um: crac! crac!... e as cabecinhas vivas apareceram.
— Piu! Piu! Piu! — faziam os patinhos curiosos com o mundo novo.
Quando a mãe os chamou — cuá! cuá! cuá! —, saíram depressa das cascas.
Mãe-pata deixou que os fi lhotes olhassem à vontade ao redor, principalmente para
o verde das plantas, que faz muito bem aos olhos dos patinhos recém-nascidos.
— Puxa! Como tudo aqui fora é grande! Que mundo enorme! — diziam os
patinhos, olhos arregalados.
E tinham razão. O mundo era mesmo muito maior do que aquele dentro de uma
casca de ovo.
A mãe ia ensinando, explicando e prevenindo:
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— Isto aqui é água, que vocês bebem e onde vão nadar; ali estão as árvores verdes...
Mas não pensem que o mundo é só este quintal. Já me disseram que vai até bem mais
distante. Vamos ver... todos já saíram da casca?
Voltou ao ninho para verifi car se ainda restava algum ovo. E lá estava um, o
maior deles.
— Menino, o que é isto? O que você está esperando! Deixa de preguiça, fi lho!
Todos os seus irmãos já saíram! Anda!... já estou cansada de chocar.
Mas ainda assim, mãe-pata se deitou de novo no ninho.
— Então, como vai? — perguntou uma pata velha que já chocara muitas ninhadas
e viera visitar a nova mamãe.
— Mais ou menos!... Estou aqui perdendo meu tempo com este ovo que não
quer se quebrar... Mas olha o que saiu dos outros! Que patinhos lindos! Já viu iguais?
A cara do pai!
— Que ovo é este que não quer quebrar? — perguntou a velha. — Deve ser ovo
de perua!... Uma vez, eu também fui enganada. Tive um trabalho danado para chocar
e criar um peruzinho feio que ainda por cima tinha medo de água! Imagina! Eu pedia,
suplicava, explicava, mas o diabinho do peru não entrava na água! Deixe-me ver este seu
ovo! Ih! É mesmo ovo de perua, igualzinho ao meu! O que você deve fazer é abandoná-
-lo e cuidar de sua ninhada!
— Vou esperar um pouquinho mais! — disse a mãe-pata. — Já estou há tanto tempo
neste ninho que um dia a mais ou a menos não faz mal.
— Você é que sabe! Até logo! — despediu-se a pata velha, meio zangada, por aquela
mãezinha nova não querer seguir seus conselhos.
Afi nal, a casca rompeu e o novo patinho da ninhada apareceu, piando, piando:
— Piu! Piu! Piu!
Era maior e mais magro que os outros. A mãe olhou-o desconfi ada, e pensou:
“Como é feio! E tão grande! Não pode ser meu fi lho nem de meu marido! Não se
parece nada com os outros! Será mesmo fi lhote de peru? Vou jogá-lo na água para saber
logo a verdade.”
No dia seguinte o céu estava azul. Em pouco tempo o sol esquentou as águas do
canal e dos tanques onde viviam os patos e as outras aves do quintal.
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A mãe entrou na água e foi chamando os patinhos:
— Cuá! Cuá! Cuá!
Um a um eles entravam na água pela primeira vez na vida e nadaram logo, logo, sem
precisar aprender. O patinho feio também entrou e nadou tão bem como os outros.
— Não! Não é fi lhote de peru! Olha como nada... É meu fi lho mesmo e, para
dizer a verdade, não é tão feio assim!... Cuá! Cuá! Cuá! Vamos sair da água, meninos!
Não exageremos, que vocês acabam gripados. Para a primeira vez, todos estão muito
bem! Vamos para o pátio, quero que vocês brinquem com os outros fi lhotes. Mas não
se afastem de mim, vocês podem ser pisados e... atenção com o gato! Cuidado com ele!
Adora comer patinhos recém-nascidos.
— Como é um gato, mamãe? — perguntou um dos patinhos.
— Espere! Logo você o verá, meu fi lho — disse mãe-pata.
O pátio estava cheio de aves. Dois grupos de patos brigavam por causa de uma
cabeça de peixe que acabou sendo comida pelo gato esperto.
— O mundo é assim mesmo! Nem sempre os melhores vencem — explicou mãe-
-pata. — Mas agora vamos ser educados. Aprendam a andar direito. Movam só os pés,
avancem fi rmes e balancem a cabeça para cumprimentar. Principalmente aquele velho
pato. É de raça espanhola e muito importante. Estão vendo a fi ta vermelha amarrada
na perna dele? É o sinal da alta posição social que tem. Por causa daquela fi ta, todos —
homens e animais — o reconhecem e o respeitam. Vamos! Olhem os dedos do pé! Pato
educado anda sempre com os dedos esticados. Assim! Agora abaixem a cabeça e digam
para o pato velho: “Cuá!”
Os patinhos faziam tudo o que a mãe mandava, assustados com as novidades que
estavam vendo.
Enquanto isso, quase todos os patos velhos resmungavam:
— Absurdo! O mundo está tão cheio de gente! Para que mais? Não há mais lugar!
Absurdo! Esta gente moça não faz nada direito! No nosso tempo a vida era outra coisa!
Um dos patos velhos fi cou tão zangado que avançou para o patinho feio e lhe deu
uma bicada no pescoço, e resmungou:
— Ainda por cima esta geração é feia! Olha este! Que feiura!