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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Artur Wilson Ramos de Santana Lima����
Orientador: Prof° José Imaña-Encinas
Dissertação de Mestrado
Brasília-DF: agosto, 2004.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Artur Wilson Ramos de Santana Lima�����
Orientador: Prof° José Imaña-Encinas
Dissertação de Mestrado
Brasília-DF: agosto, 2004.
LIMA, Artur Wilson Ramos de Santana 6XEVtGLRV�SDUD�XP�VLVWHPD�GH�JHVWmR�DPELHQWDO�GH�SURMHWRV�GH�UHIORUHVWDPHQWR�FRP� (XFDO\SWXV� VS na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Artur Wilson Ramos de Santana / UnB. 2004. 179 p., 297 mm Dissertação de Mestrado da Universidade de Brasília, no Centro de Desenvolvimento Sustentável. 1.Desenvolvimento Econômico. 2. Desenvolvimento Sustentável. 3. Políticas Públicas e Gestão de Reflorestamento. 4. Gestão Ambiental. 5. Fragmentos de Vegetação Natural. 6. Eucalipto. 7. Solos. 8. Recursos Hídricos. 9. Agrotóxicos. 10. Fertilizantes. 11. Copener. I. Autor. II. Título. III. UNB-CDS
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta Dissertação e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta Dissertação de Mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Artur Wilson Ramos de Santana Lima
Dissertação de Mestrado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Desenvolvimento Sustentável, área de concentração em Política e Gestão Ambiental, opção Profissionalizante. Aprovado por ______________________________________________________________ José Imaña-Encinas, Profº Dr. em Ciência Florestal, Universidade de Brasília ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Brasília-DF, 07 de julho de 2004.
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A meu pai, Argemiro (LQ�PHPRULDP), por ter indicado o rumo e o ritmo
que devo dar aos meus passos, para cumprir jornadas, fazer escolhas,
e alcançar objetivos.
$*5$'(&,0(1726� A Deus, por tudo. A minha mãe, Elizabete, pelo amor, cuidado e paciência. A minha esposa, Lindiane, pelo amor, carinho e amizade. Aos amigos e colegas de trabalho e de curso, pelo incentivo. Ao Centro de Recursos Ambientais, por ter a visão de futuro que gerou esta oportunidade, e pelo suporte material, sem o qual este trabalho não teria se concretizado. Ao Centro de Desenvolvimento Sustentável, pela vanguardista e ininterrupta construção do conhecimento sócio-ambiental que deu o alicerce a este trabalho. À Copener Florestal Ltda, pela valorização da pesquisa científica, traduzida no livre acesso a seus dados e arquivos internos, na presteza e qualidade das informações fornecidas por seus técnicos, e no apoio logístico. Ao meu Orientador, Prof. José Imaña-Encinas, pelo exemplo de seriedade e competência científica sabiamente aplicadas no desenvolvimento deste trabalho.
$�DQWLJD�PRUDO�������H[LJH�GR�LQGLYtGXR�Do}HV�TXH�VH�GHVHMD�VHUHP�GH�WRGRV� RV� KRPHQV�� R� TXH� p� DOJR� EHOR� H� LQJrQXR�� FRPR� VH� FDGD� TXDO�VRXEHVVH�� VHP� GLILFXOGDGHV�� TXH� SURFHGLPHQWR� EHQHILFLDULD� WRGD� D�KXPDQLGDGH� H�� SRUWDQWR�� TXH� Do}HV� VHULDP� GHVHMiYHLV�� p� XPD� WHRULD�FRPR�D�GR�OLYUH�FRPpUFLR��SUHVVXSRQGR�TXH�D�KDUPRQLD�XQLYHUVDO�tem�GH� SURGX]LU�VH� SRU� VL� PHVPD�� FRQIRUPH� OHLV� LQDWDV� GH�DSHUIHLoRDPHQWR�
Friedrich Nietzsche
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Os projetos de reflorestamento com fins industriais atingiram um considerável nível de qualidade, refletindo-se na importância que a atividade florestal atualmente ocupa na economia brasileira. O setor de papel e celulose é um dos maiores responsáveis por esta situação, visto que há décadas vem envidando esforços no sentido de alcançar maiores índices de produtividade e qualidade. Todavia, nas últimas três décadas, a questão ambiental vem ocupando um espaço crescente na sociedade, resultando em questionamentos quanto à relação entre as diversas atividades produtivas e a necessidade de preservação do meio ambiente. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu, então, como um meio de se interpretar o equilíbrio entre economia e ecologia. A gestão ambiental apresenta-se como o instrumento de aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável, considerando a sustentabilidade em todas as suas dimensões, nos projetos de reflorestamentos industriais. No início da década de 1970, a implantação do Distrito Florestal do Litoral Norte do Estado da Bahia causou impactos sócio-ambientais em toda a região. A COPENER é a maior empresa reflorestadora dessa região e, por conseguinte, o alvo principal das preocupações da sociedade regional. Sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável, foi analisada a gestão de três projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp, administrados pela COPENER, e localizados nos arredores da Vila de Altamira, no município de Conde (BA), Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Neste trabalho, os indicadores de sustentabilidade foram adaptados, avaliados e propostos para aplicação aos reflorestamentos. Os resultados apresentados nesta dissertação mostraram que as práticas do atual sistema de gestão não garantem a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento da COPENER. Apesar dos avanços nas dimensões econômica, espacial e ambiental, as dimensões social, cultural e política carecem de ações específicas. Estes resultados são subsídios para a construção e implementação de um sistema de gestão ambiental que possibilite uma coerente e correta integração das ações da empresa desde a fase de planejamento, passando pela execução e manutenção, até o processo de exploração de seus projetos de reflorestamento. Concomitantemente, eles poderão ajudar na elaboração e aprimoramento de políticas públicas que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental. As duas vertentes integradas contribuirão, assim, para a satisfação de necessidades da sociedade atual, sem impedir que gerações futuras também satisfaçam as suas necessidades. Palavras-chave: reflorestamentos – meio ambiente - desenvolvimento sustentável – gestão ambiental – eucalipto.
$%675$&7�����The planted forests projects for industry reached a considerable level of quality, which was reflected on the forestry business importance for the Brazilian economy nowadays. The pulp and paper business is one of the greatest responsible factors for this situation, since it has making efforts to get the highest productivity and quality levels, during the last decades. However, on the last thirty years, the environmental aspect has been increasing its place in the society that results in arguing points about the relation between the different productive activities and the need for environmental preservation. Then, the concept of sustainable development showed up like a form to comprehend the balance between economics and ecology. The environmental management is introduced as an instrument for the application of the concept of sustainable development, considering the sustainability in its all dimensions, on the projects of industrial planted forests. In the early 1970’s, the implantation of the Forestry District on the North Shore Region of the State of Bahia (Brazil), has caused social and environmental impacts through the whole region. COPENER is the largest forestry company in that region and, because of this, it is the main target of the regional society concerns. From the perspective of the sustainable development, the management of three planted forest projects with (XFDO\SWXV spp by COPENER was analyzed. The projects are located near Altamira’s Village, in the county of Conde (BA), Northern Shore of the State of Bahia. In this paper, indicators of sustainability were also adapted, evaluated and proposed for application on planted forests. The results introduced by this dissertation have showed that the practices of the current management system do not assure the sustainability of the planted forests projects. Despite of the advances in the economic, spatial and environmental dimensions, the social, cultural and political dimensions need specific actions. The results are subsidies for the construction and implementation of an environmental management system that will allow a coherent and correct integration of the company’s actions from the planning, through the execution and maintenance steps, until the exploration process of its projects. At the same time, they will be able to help in the elaboration and improvement of the public policies that harmonize economic development and environmental preservation. Thus, both integrated ways will contribute to satisfy the current society needs without obstructing the satisfaction of future generations needs. Keywords: planted forests – environment – sustainable development – environmental management – (XFDO\SWXV.
680È5,2�� LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE SÍMBOLOS ,1752'8d2.....................................................................................................………... 16 ���5(9,62�'(�/,7(5$785$...........................................................................……… 21 1.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO........................................................................ 21 1.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................................................................... 25 1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E A GESTÃO DE REFLORESTAMENTOS...................... 33 1.4 GESTÃO AMBIENTAL........................……………………………………………..... 37 1.4.1 SISTEMAS DE GESTÃO....................………………………………………...…..... 39 1.4.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL..........………………………………………….... 41 1.4.3 OS FRAGMENTOS DE VEGETAÇÃO NATURAL……………………………..... 42 ���0$7(5,$,6�(�0e72'26...........…………………………………….…………….. 45 ���2�5(&8562��2�(8&$/,372.................………………………………………….... 54 ����,03$&726�'$�6,/9,&8/785$�'2�(8&$/,372............................................. 64 3.1.2 IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS E CULTURAIS.............................................. 67 3.1.3 SIMPLIFICAÇÃO DO AMBIENTE E ALTERAÇÕES NA PAISAGEM……….... 73 3.1.3 SOLOS............................……………………………………………….………….... 76 3.1.4 RECURSOS HÍDRICOS.......................................………………………………….. 80 3.1.5 USO DE AGROTÓXICOS..………….……………………………………………... 83 3.1.6 FERTILIZANTES.............................. ……………………………………………..... 85 ���2�/8*$5��$�5(*,2�(�$�È5($�'(�(678'2...................................................... 86 4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO.........................…………………………………………….. 86 4.2 A REGIÃO DO LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA.................................. 90 4.3 OS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO DO BLOCO ALTAMIRA...............….. 98 4.3.1 O LEVANTAMENTO SEMI-DETALHADO DE SOLOS E A AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DAS TERRAS...................................................................................
107 ���$�(035(6$��&23(1(5....................................................................................…….. 115
��� 5(68/7$'26�� $�*(672�$0%,(17$/� (�$� 6867(17$%,/,'$'(�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172........................................................................
127 6.1 VISITAS DE CAMPO E ENTREVISTAS..................................................................... 127 6.2 A INSERÇÃO DA COPENER NA DINÂMICA REGIONAL...................................... 130 6.3 OS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS....................................…………………….... 134 6.4 A GESTÃO DOS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO...........………………….. 151 6.5 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE............................................................... 161 &21&/86Æ2...................................................................................................................... 165 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................... 166 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 168
/,67$�'(�),*85$6�� FIGURA 1.1 - Modelo atual de desenvolvimento................................................................. 22 FIGURA 1.2 - Modelo de desenvolvimento sustentável....................................................... 31 FIGURA 2.1 - Localização dos pontos visitados durante a etapa inicial de seleção de projetos de reflorestamento da COPENER, para a delimitação da área de estudo.....................................................................................................................................
47 FIGURA 2.2 – Modelo de roteiro para entrevistas................................................................ 49 FIGURA 2.3 - Localização dos pontos visitados nos reflorestamentos da FERBASA, na Região do Litoral Norte.........................................................................................................
50
FIGURA 2.4 - Localização dos pontos visitados em reflorestamentos da VERACEL, no Extremo Sul do Estado da Bahia...........................................................................................
50
FIGURA 3.1 - O desdobramento dos reflorestamentos industriais....................................... 55 FIGURA 3.2 - Fatores e causas que determinam a qualidade e a sustentabilidade do solo.........................................................................................................................................
63
FIGURA 4.1 - Áreas reflorestadas no Brasil......................................................................... 89 FIGURA 4.2 - Localização da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia........................ 95 FIGURA 4.3 - Configuração do Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia, 2003............ 96 FIGURA 4.4 - Localização dos projetos do Bloco Altamira, em relação à Vila de Altamira e às cidades de Esplanada e Cardeal da Silva.........................................................
100
FIGURA 4.5 - Representação gráfica do balanço hídrico da região de Altamira................. 101 FIGURA 4.6���Participação de cada projeto na formação do Bloco Altamira (ha)............... 103 FIGURA 4.7 - Distribuição das áreas de plantio nos projetos do Bloco Altamira (ha)....... 103 FIGURA 4.8 - Distribuição das áreas com vegetação natural nos projetos do Bloco Altamira (ha)..........................................................................................................................
104
FIGURA 5.1 - Distribuição dos reflorestamentos da COPENER no DFLN......................... 123 FIGURA 6.1 - Localização dos pontos visitados nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, no município de Conde (BA)........................................................
129
FIGURA 6.2 - Gráficos da evolução da população rural: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000........................................................................................................................................
137 FIGURA 6.3 - Gráfico da evolução da população rural: município de Alagoinhas, 1970-2000........................................................................................................................................
138
FIGURA 6.4 - Gráficos da evolução da população urbana: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000........................................................................................................................................
140 FIGURA 6.5 - Gráfico da evolução da população urbana: município de Alagoinhas, 1970-2000..............................................................................................................................
141
FIGURA 6.6 - Gráficos da evolução da área ocupada pela silvicultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................
147 FIGURA 6.7 - Gráficos da evolução da área ocupada pela agricultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................
148 FIGURA 6.8 - Gráficos da evolução da área ocupada pela pecuária em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................
149
FIGURA 6.9 - Distribuição das terras, segundo as classes de aptidão, no Bloco Altamira.................................................................................................................................
160
FIGURA 6.10 - Relação entre áreas de plantio e fragmentos de vegetação natural, no Bloco Altamira.......................................................................................................................
160
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TABELA 3.1 - Componentes do custo de produção de celulose (US$/t métrica) dos principais produtores e exportadores mundiais.........................................................................
58
TABELA 3.2 - Maiores produtores de celulose a partir de reflorestamentos de eucalipto...... 58 TABELA 3.3 - Desempenho da Indústria de papel e celulose no Estado da Bahia................. 60 TABELA 3.4 - Relação entre área dos Estados e área reflorestada pelo setor florestal, em ordem decrescente de percentual de ocupação, 2002...............................................................
66
TABELA 3.5 - Mão-de-obra empregada pelo setor florestal................................................... 67 TABELA 3.6 - Estrutura do setor agropecuário do Estado da Bahia, 2000............................. 68 TABELA 3.7 - Propriedade das Terras no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975-1980.................................................................................................................................
70
TABELA 3.8 - Área total e de lavoura, efetivo bovino e pessoal ocupado no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975-1980........................................................................
71
TABELA 3.9 - Comparação entre o modelo patronal e o modelo familiar.............................. 72 TABELA 3.10 - Remoção de nutrientes na exploração convencional de reflorestamentos com eucaliptos..........................................................................................................................
77
TABELA 4.1 - Médias anuais e desvio padrão nos componentes climáticos monitorados nos postos meteorológicos de Quatis e Salgado, pertencentes à COPENER, 1985-1994........
97
TABELA 4.2 - Formação do Bloco Altamira, da COPENER, 2003........................................ 99 TABELA 4.3 - Contribuição dos projetos para a formação da paisagem no Bloco Altamira, da COPENER, 2003..................................................................................................................
102
TABELA 4.4 - Unidades de mapeamento do levantamento semi-detalhado de solos do Bloco Altamira..........................................................................................................................
110
TABELA 4.5 - Distribuição espacial das unidades de solos nos projetos Altamira I, II e III, do Bloco Altamira.....................................................................................................................
111
TABELA 4.6 - Fatores de limitação do uso do solo para a avaliação da potencialidade das terras para os reflorestamentos do Bloco Altamira...................................................................
113
TABELA 5.1 - Cronograma anual de produção de madeira para atender à demanda da COPENE...................................................................................................................................
118
TABELA 5.2 - Distribuição dos plantios na área de abrangência da COPENER (DFLN), em ordem decrescente de área ocupada, 2003..........................................................................
121
TABELA 5.3 - Distribuição das áreas da COPENER, segundo a variação da precipitação pluviométrica............................................................................................................................
124
TABELA 5.4 - Incrementos Médios Anuais (IMA) (em m3/ha/ano) atuais e estimados para plantios monoclonais, em primeira e segunda rotações, de híbridos ((�� JUDQGLV� [� (��XURSK\OOD�, em três tipos de solo...............................................................................................
125 TABELA 6.1 - Evolução quantitativa da população na zona rural: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000.........................................
135
TABELA 6.2 - Evolução quantitativa da população na zona urbana: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000.........................................
139
TABELA 6.3 – Evolução da área ocupada (em hectares) pela silvicultura: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995......................................................
144
TABELA 6.4 - Evolução da área ocupada (em hectares) pela agricultura: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995......................................................
145
TABELA 6.5 - Evolução da área ocupada (em hectares) pela pecuária: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995.................................................................
145
TABELA 6.6 - Produtividades de clones superiores comparativamente a plantios de sementes ou mix clonais de (�JUDQGLV x (�XURSK\OOD������������������������������������������������������������...
152
TABELA 6.7 - Características, impactos e medidas mitigadoras, na implantação dos projetos Altamira I, II e III, da COPENER...............................................................................
154
TABELA 6.8 - Uso e ocupação do solo nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, 2003..................................................................................................................
157
TABELA 6.9 - Distribuição das terras do Bloco Altamira, segundo as classes de aptidão..... 158 TABELA 6.10 - Indicadores de sustentabilidade e seus componentes, para os projetos de reflorestamento Altamira I, II e III, da COPENER… … … … … … … … … … … … … ..............
163 �
/,67$�'(�$%5(9,$785$6�(�6,*/$6�� ABRACAVE Associação Brasileira de Florestas Renováveis ANFPC Associação Nacional de Fabricantes de Papel e Celulose BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Mundial BNB Banco do Nordeste do Brasil BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRACELPA Associação Brasileira de Celulose e Papel CENIBRA Celulose Nipo-Brasileira S.A. CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CERFLOR Certificação de Origem de Matéria-Prima Florestal CIA Centro Industrial de Aratu CMMAD Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COPEC Complexo Petroquímico de Camaçari COPENER Copene Energética S.A. - Copener Florestal Ltda CRA Centro de Recursos Ambientais DFLN Distrito Florestal do Litoral Norte DURAFLORA Duratex Florestal Ltda EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação FERBASA Companhia de Ferro-Ligas da Bahia FISET Fundo de Investimentos Setoriais IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEA Institute for Development of Eucalyptus Applications IMA Incremento Médio Anual INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPEF Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto PND Plano Nacional de Desenvolvimento RLN Região do Litoral Norte do Estado da Bahia SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura SEAGRI Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia SEPLAN Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia SEPLANTEC Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia VERACEL Veracruz Celulose S.A. VL Volume líquido
/,67$�'(�6Ë0%2/26�� % Por cento .../ano Por ano .../dia Por dia .../ha Por hectare .../t Por tonelada Ca Cálcio Cd Cádmio cm Centímetro cm2 Centímetro quadrado cm3 Centímetro cúbico DBO Demanda Biológica de Oxigênio DEF Déficit Hídrico DQO Demanda Química de Oxigênio E Leste EP Evapotranspiração potencial ET Evapotranspiração Total ETR Evapotranspiração Real EXC Excedente Hídrico g Grama ha Hectares K Potássio kg Quilograma km2 Quilômetro quadrado m Metro m2 Metro quadrado m3 Metro cúbico Mg Magnésio mm Milímetros N Norte N Nitrogênio Na Sódio ºC Grau Celsius pH Potencial hidrogeniônico P Fósforo PPT Precipitação Pluviométrica Total S Sul S Enxofre TEMP Temperatura t Tonelada W Oeste
,1752'8d2�
Ao analisar a evolução das principais civilizações, Sachs (2000) constatou que todas
elas foram fundamentadas na biomassa e afirmou ser necessária uma abordagem holística e
interdisciplinar, na qual cientistas naturais e sociais trabalhem juntos em favor do alcance de
caminhos sábios para o uso e aproveitamento dos recursos da natureza, respeitando a sua
diversidade.
Segundo Souza (1992), para um grande número de países em desenvolvimento da
região tropical, a principal fonte primária de energia é a biomassa vegetal. Por essa razão,
torna-se imperiosa a realização de estudos relativos à rapidez do crescimento das florestas
plantadas, à diversidade de espécies e usos da madeira e seus subprodutos. Campinhos Júnior
(1992) afirmou que mais da metade da madeira produzida no mundo anualmente é utilizada
por países tropicais e em desenvolvimento. A expectativa estimada em 20%, para o
crescimento da humanidade na primeira década do século XXI, indica o ritmo crescente da
demanda de biomassa vegetal. O autor argumentou que a devastação das florestas naturais é
dez vezes superior ao reflorestamento nos países tropicais. O declínio das florestas naturais
em área ou composição de espécies, se deve principalmente à expansão da fronteira agrícola.
Assim, o estabelecimento de reflorestamentos tornou-se imperativo para atender à demanda
industrial.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (2003), a cultura do
eucalipto no mundo totaliza aproximadamente dez milhões de hectares plantados em
reflorestamentos industriais. A Índia é responsável por 48% desse total, seguida pelo Brasil
(29%) e China (6,7%). Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (2003) indicam que a produção de madeira de florestas plantadas tem substituído
de maneira significativa a madeira proveniente de florestas naturais. No Brasil, no ano de
2000, 62% da demanda interna de madeira foi atendida pelas florestas plantadas. Esta
substituição poderá ajudar a reduzir parcialmente a pressão de desmatamento de florestas
naturais, em que a colheita não sustentável de madeira é a maior causa de degradação
florestal.
Por outro lado, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(2000) informou que a expansão da atividade florestal provoca impactos ambientais
consideráveis. Além dos impactos diretos sobre os ecossistemas naturais, destacam-se aqueles
relacionados aos seguintes aspectos: a) abertura, manutenção e utilização de estradas; b)
17
instalação, funcionamento e desativação de acampamentos; c) acúmulo de resíduos da
atividade rural; d) efeitos sobre a saúde humana; e) aspectos culturais e sociais nas
comunidades atingidas. A mesma instituição apontou estratégias de mitigação desses
impactos, através de: identificação e análise das relações entre aspectos ambientais e a
atividade florestal; análise dos efeitos da aplicação de padrões ambientais nas operações
florestais; e pesquisa sobre meios de considerar os custos ambientais da atividade florestal e
de compensações por benefícios ambientais e pela utilização da floresta.
Segundo a SBS (2003), em 2002, a atividade de base florestal contribuiu com 4% do
Produto Interno Bruto brasileiro e com 10% das exportações do país, superando produtos das
áreas agrícola e industrial. No Brasil, o eucalipto figura como a principal fonte de matéria-
prima para a produção de celulose, carvão vegetal e, em menor proporção, a madeira serrada,
indústria da construção civil e a farmacopéia. Em termos de área plantada, o setor conta hoje,
com aproximadamente 4,5 milhões de hectares de reflorestamentos de eucaliptos
(BRACELPA, 2003).
Políticas públicas incentivaram a implantação de empreendimentos florestais no Litoral
Norte do Estado da Bahia, a partir da década de 1970, impactando as dinâmicas de muitos
municípios. Ao longo desse período, as decisões técnico-científicas foram caracterizadas pelo
paradigma cartesiano e pela prevalência da lógica de mercado. A concepção do modelo de
alternativa energética baseada na utilização de madeira de reflorestamento, bem como de
escolha das áreas a serem exploradas, foi desencadeado, e se iniciou sem uma ação estatal
reguladora compatível com a dimensão impactante dos empreendimentos, no que tange ao
meio ambiente. Alfaro (1985) afirmou que os mais graves equívocos que comprometeram a
condução de vários projetos de reflorestamento ocorreram na seleção de espécies introduzidas
e nas técnicas de implantação e manutenção dos plantios. Capitani et al. (1992) e Maia et al
(1992), por seu turno, destacaram a utilização intensiva do fogo, os plantios em veredas e em
terrenos declivosos, a utilização do traçado ortogonal para a malha viária e o talhonamento, e
o emprego abusivo de cortes rasos.
Com o fim dos incentivos fiscais, em 1988, os reflorestamentos se tornaram
responsáveis pelo abastecimento com matéria-prima, nos setores da produção de celulose,
papel e carvão vegetal. As novas exigências do mercado e o redirecionamento da produção
definiram mudanças na administração dos empreendimentos, ocasionando a agregação de
novos impactos aos anteriores, com respectivos desafios e perspectivas. Apesar disso, os
projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV se consolidaram na Região do Litoral Norte do
18
Estado da Bahia. Os impactos ambientais sobre o meio físico, biótico e sócio-econômico e
suas respectivas medidas mitigadoras ainda não foram plenamente avaliados.
Ao mesmo tempo, o Estado carece de informações consolidadas que subsidiem a
formulação de políticas públicas no processo de planejamento e no acompanhamento das
dinâmicas sócio-ambientais. A análise dos impactos ambientais produzidos pelos
reflorestamentos de eucaliptos, fornecerá subsídios ao Estado para o planejamento, cuja tarefa
consistirá, segundo Sachs (1986a), em harmonizar interesses sócio-econômicos, ecológicos e
culturais, definindo uma estratégia de ecodesenvolvimento.
Na gestão de projetos de reflorestamento, o principal argumento em favor das empresas
reflorestadoras reside no contínuo aprimoramento técnico-científico de suas práticas de
gestão. Um sistema de gestão ambiental, ao incluir o conceito de desenvolvimento sustentável
e seus desdobramentos, funciona para a empresa como um instrumento de prevenção e
mitigação de impactos sócio-ambientais, constituindo-se em um alicerce para a
sustentabilidade dessa atividade econômica. Mota (2001) afirmou que os danos causados ao
meio ambiente geram custos que afetam as contas, e que computam apenas fluxos monetários
e transações econômicas, sem contemplar o meio ambiente. Segundo Pearce (1993), a
desconsideração dos fluxos de matéria e energia acarreta o insucesso da economia, posto que
afeta fortemente a sustentabilidade econômica. A transposição dessas linhas de raciocínio
para a gestão das empresas reflorestadoras desperta a necessidade de se investigar meios cada
vez mais eficazes de integração da gestão ambiental dos projetos de reflorestamento aos
componentes de sustentabilidade econômica da atividade.
Entre as incertezas que podem ser identificadas na gestão ambiental, está o
desconhecimento dos indicadores de sustentabilidade que podem ser aplicados aos sistemas
produtivos. O presente trabalho testará a aplicabilidade de indicadores de sustentabilidade em
projetos de reflorestamento. O que se propõe para além dessa visão é subordinar o sistema de
gestão ambiental a imperativos éticos, buscando-se reduzir a assimetria entre as dimensões
envolvidas no processo produtivo. Os benefícios oriundos da adoção de um sistema de gestão
ambiental com essa tipicidade poderão atingir as empresas, o Estado e a sociedade civil.
O desenvolvimento e a adoção de tecnologias que adicionam aos empreendimentos
componentes de sustentabilidade figuram como entre os caminhos mais concretos para o
alcance do desenvolvimento sustentável. Isso implica principalmente no redimensionamento
dos sistemas produtivos, sob a perspectiva deste conceito. A interpretação e a implementação
de um sistema de gestão ambiental pode figurar como instrumento de grande utilidade para o
enfrentamento desse desafio. Nesse sentido, esta pesquisa esteve focalizada no
19
desenvolvimento de subsídios para um sistema gestão ambiental aplicável a projetos de
reflorestamento instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia.
Assim, estabeleceu-se a seguinte hipótese, como norteadora da pesquisa: a gestão
ambiental da COPENER confere sustentabilidade aos projetos de reflorestamento com
(XFDO\SWXV spp instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia.
�2%-(7,92�*(5$/��
O objetivo geral desta pesquisa foi a formulação de subsídios para o delineamento e
implementação de um sistema de gestão ambiental para projetos de reflorestamento, sob a
perspectiva do desenvolvimento sustentável.
2%-(7,926�(63(&Ë),&26�
1) Analisar o estágio atual dos principais impactos sócio-econômicos e ambientais sobre as
áreas de influência dos projetos de reflorestamento da empresa COPENER, na Região do
Litoral Norte do Estado da Bahia, e as suas respectivas estratégias de mitigação;
2) Analisar as relações existentes entre o sistema de gestão ambiental adotado pela empresa
COPENER e a sustentabilidade dos seus projetos;
3) Identificar indicadores de sustentabilidade aplicáveis ao sistema de gestão ambiental dos
projetos de reflorestamento e fornecer subsídios para a sua implementação.
� �
20
A pesquisa possibilitou, assim, a estruturação da dissertação nos seguintes capítulos.
No Capítulo 1, a Revisão de Literatura apresenta os conceitos que foram estudados e
aplicados, por intermédio das reflexões dos diversos autores que formaram o referencial
teórico da pesquisa. O diálogo entre as linhas de pensamento foi estabelecido pela inserção de
interpretações e considerações.
No Capítulo 2, Materiais e Métodos, a metodologia empregada na pesquisa foi descrita.
Como não existe uma metodologia pré-definida para este tipo de pesquisa e para as
peculiaridades do objeto e da área de estudo, foi necessário selecionar os materiais e
desenvolver os métodos necessários ao alcance dos objetivos propostos.
O Capítulo 3, O Recurso: o Eucalipto, caracteriza o gênero (XFDO\SWXV, recurso que
fundamenta o objeto da pesquisa, com ênfase para os principais desdobramentos e impactos
que o seu cultivo acarreta.
Para o Capítulo 4, O Lugar: a Região e a Área de Estudo, foi construída uma
contextualização histórico-geográfica da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia e uma
caracterização dos projetos de reflorestamento estudados durante a pesquisa. Adicionalmente,
foram descritas as práticas de planejamento e gestão utilizadas nesses projetos.
O Capítulo 5, A Empresa: COPENER, caracteriza a empresa que administra os projetos
de reflorestamento que compõem a área de estudo.
Os Resultados estão no Capítulo 6, A Gestão Ambiental e a Sustentabilidade dos
Projetos de Reflorestamento. Este capítulo sistematiza os resultados da pesquisa e a sua
discussão. Assim, foram abordadas a inserção da COPENER na região, os impactos sócio-
ambientais, a gestão dos projetos e a aplicação dos indicadores de sustentabilidade.
Por fim, a dissertação apresenta a Conclusão e as Recomendações, baseadas na
discussão dos resultados obtidos e nas suas correspondentes reflexões.
21
���5(9,62�'(�/,7(5$785$��
Este capítulo tem o objetivo de apresentar uma síntese do estudo dos conceitos e
informações necessários à compreensão da problemática ambiental e do contexto sócio-
econômico e institucional que envolve os projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp
instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Estes dados compilados serão
úteis, também, para a discussão dos resultados obtidos.
����'(6(192/9,0(172�(&21Ð0,&2�
De acordo com Smith (1991), um quadro político instituído pelo Estado, caracterizado
pelo “laissez faire, laissez-passer”, estava na base da sua teoria do desenvolvimento
econômico, que previa uma acumulação de capital à medida que o mercado se implantasse.
Este mercado, por sua vez, seria o promotor da colocação dos produtos e da divisão do
trabalho, fatores necessários à produção barata.
Mais tarde, David Ricardo formulou a teoria clássica do desenvolvimento econômico,
identificando que a acumulação de capital permitirá maior procura da força de trabalho,
aumentando o “salário de mercado” acima do “salário de subsistência”. Aplicando-se o
pensamento malthusiano à teoria clássica, o aumento da população provocará a queda dos
salários até o ponto de subsistência. Stuart Mill determinou que as leis da produção são de
ordem natural, portanto invariáveis, das leis da distribuição que, por serem de ordem social,
podem modificar-se politicamente. Lluch (1979) concluiu que, a partir de Ricardo, surgiram
duas grandes linhas de pensamento econômico: a interpretação neoclássica; e a outra, seguida
pelos socialistas ricardianos e por Marx.
Segundo Marx (1982), as inovações tecnológicas poderiam atuar como um meio de
defesa das posições capitalistas, mas originariam um desemprego difícil de ser superado. No
modelo neoclássico formulado por Marshall (1996), o desenvolvimento econômico depende
da quantidade e qualidade dos bens produzidos. Schumpeter (1982) tentou explicar o
capitalismo contemporâneo eliminando a premissa da “livre concorrência”. Para ele, as
grandes mudanças no sistema capitalista se produzem devido ao surgimento de novos bens,
métodos de produção, mercados, ofertas de matérias-primas e estruturas. Tudo isso ele
denominou de “inovações”, introduzidas por um elemento-chave: “o empresário inovador”.
22
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o conceito de desenvolvimento econômico
implementou a teoria econômica de Keynes, formulada três décadas antes, que possibilitava a
ação regulatória do Estado e a manutenção de taxas elevadas de crescimento. O contexto
formulou uma ideologia otimista que previa o crescimento econômico indefinido, em um
processo de utilização intensiva de capital, redução da mão de obra, e utilização extensiva dos
recursos naturais.
Viotti (2001) assinalou que a industrialização era o veículo da incorporação acelerada
do progresso técnico ao processo produtivo e, portanto, da contínua elevação da produtividade
do trabalho e da renda. A industrialização foi considerada a causa originária do
desenvolvimento econômico. De acordo com Lluch (1979), quanto maior for o peso da
indústria, maior será o desenvolvimento.
A ideologia que se consolidava coroava e tornava mais sistemático o modelo de
desenvolvimento escolhido pela sociedade, adaptando-se a uma nova ordem mundial que fora
determinada pelo desfecho da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela hegemonia norte-
americana. Braga (2002), analisando esse tema, construiu um esquema do modelo atual de
desenvolvimento, representado na Figura 1.1. Tal modelo, em um sistema aberto, para seu
sucesso, dependeria de suprimentos inesgotáveis de energia e matéria prima, e de uma
capacidade infinita do meio de reciclar matéria e absorver resíduos.
�2�(1)248(�/,1($5�+80$12�
(QHUJLD�
Uso de Recursos
Processamento
Modificação
Recursos
Transporte
Consumo
Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto
�Figura 1.1 - Modelo atual de desenvolvimento (Braga, 2002. p. 47).
23
Uma das características centrais, implícita nessa ideologia, era a total inconsciência em
relação às repercussões ambientais e à degradação ecológica derivada das atividades
econômicas. Os sistemas ficaram fechados, sem limites para o nível do “ input” (energia e
matérias primas) ou do “ output” (poluição). Essa ideologia econômica forneceu elementos
para a consolidação de organismos multilaterais de fomento, como o Banco Mundial (BIRD)
e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Conseqüentemente, no conceito de desenvolvimento econômico figuram os que
consideram que o processo de crescimento que se mede em termos de rendimento por
habitante e de produto interno bruto. Um outro grupo inclui a periodização do
desenvolvimento e, com base em determinadas características, situa cada país num ponto da
seqüência. Um terceiro grupo considera o desenvolvimento em um processo de mudança
social, com finalidade da igualar as oportunidades sociais, políticas e econômicas.
A teoria de Keynes constituiu a base da ideologia desenvolvimentista mais recente��Conforme Caporali (2002), sua principal peculiaridade se fundamenta na crise econômica dos
anos 1930, quando o principal problema enfrentado era o desemprego. A maximização do uso
de mão de obra e de capital era o desafio estabelecido na época. Os recursos naturais
renováveis pareciam ainda extremamente abundantes e a energia era barata. De acordo com
Lluch (1979), esta teoria baseia-se fundamentalmente em três proposições: a) a poupança,
referida ao conjunto de um país, depende mais do rendimento global que da taxa de juro
existente no mercado; b) a taxa de juro não desce abaixo de um determinado nível, ainda que
continue a liquidez do sistema continue crescendo; c) os investimentos crescem quando
diminui a taxa de juro.
Em 1969, um grupo de cientistas assinou o manifesto %OXHSULQWV� IRU�VXUYLYDO, que fez
eclodir o debate sobre o modelo de desenvolvimento econômico. O documento criticava a
irresponsabilidade com que a teoria econômica excluía princípios de ordem ambiental.
Posteriormente, foi criada a organização não-governamental, o Clube de Roma, composto por
especialistas de vários países que se dedicou a debater o futuro do planeta. Este grupo
publicou o estudo, /LPLWHV�GR�&UHVFLPHQWR, em que ficou provado que o progresso científico e
tecnológico estava criando um perigoso conflito entre o conforto humano imediato e a
preservação da vida no nosso planeta. O tom alarmista de /LPLWHV� GR� &UHVFLPHQWR�desencadeou várias avaliações contrárias, mas a questão natural doravante faria parte da teoria
econômica, tanto em relação aos insumos, como aos efluentes e rejeitos (CAPORALI, 2002).
Os debates influenciaram as conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972. Criou-se o termo ecodesenvolvimento,
24
para definir um compromisso que conciliasse o aumento da produção, pleiteado pelo Terceiro
Mundo, com o respeito aos ecossistemas.
Em 1973, durante a crise da guerra no Oriente Médio, os preços do petróleo foram
quadruplicados. Em conseqüência disso, desencadeia-se um processo especulativo sobre
quase todas as matérias-primas básicas, com sucessivas elevações nos preços. Nessa época, a
política econômica brasileira tinha como finalidade encontrar os recursos financeiros
necessários à ampliação da base do sistema industrial, tentando aumentar o coeficiente de
exportação e redirecionar o setor energético. Furtado (1981), constatou que o II PND,
formulado para reger a ação governamental no período de 1974-1979, tinha dois objetivos
estratégicos: a) ampliar a base do sistema industrial; e b) aumentar o grau de inserção da
economia no sistema de divisão internacional do trabalho. Nas suas considerações,
acrescentou que deveriam ser produzidas ações visando a aumentar consideravelmente a
produção celulose e papel. Essas atividades deveriam apresentar a dupla vocação de reforçar a
base do sistema industrial e de criar excedentes exportáveis.
As políticas públicas permitiram, assim, a consolidação dos incentivos fiscais para o
reflorestamento se adaptaram rapidamente a essa realidade. Essas políticas apontavam os
reflorestamentos com as finalidades simultâneas de dar suporte à reformulação do setor
energético e às atividades industriais estimuladas pelo II PND, assumindo um papel
estratégico no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Em conseqüência, a
estrutura agrária e as novas áreas de reflorestamento produziram as bases para um novo
modelo de desenvolvimento econômico. Essas políticas públicas, por outro aspecto,
aceleraram a degradação do meio natural. Simultaneamente, a economia mundial começou a
conviver com problemas de natureza universal. As tendências inflacionárias crônicas iniciadas
durante os anos do pós-guerra indicavam uma profunda anomalia. Os mecanismos de
estímulo de tipo keynesiano traziam como resultado o aumento das pressões inflacionárias em
vez de crescimento. Em conseqüência, se produz uma transformação do sistema, que deveria
atuar radicalmente sobre os seus custos, e não sobre a demanda. A redução dos desperdícios –
de material, energia e mão de obra – impôs-se como nova estratégia.
No Brasil, durante o período de 1960 a 1990, as ações decorrentes do modelo
econômico (grandes grupos que detinham a vanguarda tecnológica), foram orientadas para a
exploração irracional de recursos naturais e energia. Paralelamente, em nível mundial, existia
uma crise econômica com origens na realização do produto, chamada FULVH�NH\QHVLDQD, e uma
outra crise, com origem na reprodução, conhecida como FULVH� ULFDUGLDQD. Ambas foram os
alicerces da crise que deu origem à elevação dos custos de produção, com conseqüente
25
degradação da riqueza social. Nos modelos econômicos, os custos sociais do crescimento
aumentaram à medida que este se acelerou. O modelo de desenvolvimento econômico
brasileiro, nas últimas décadas do século XX, e imposto pela industrialização, provocou a
agudização das desigualdades sociais.
O setor florestal, especificamente o relacionado aos reflorestamentos, adquiriu um
acelerado processo de desenvolvimento econômico, iniciado nos anos 1960. Seu processo
tecnológico acompanhou o desenvolvimento, do uso inicial de mão de obra não qualificada à
formação de grupos de trabalhadores altamente tecnificados. Os investimentos no setor
alcançam, hoje, vários bilhões de reais, colocando-o, nos últimos anos, em mais de 3% do
Produto Interno Bruto (PIB).�Segundo Leff (2002), a recente conceitualização do processo econômico como um
processo entrópico levou a uma crítica radical da teoria do crescimento econômico, e a
fundamentar a economia na ecologia. O autor afirmou que os argumentos demonstram a
irracionalidade energética e ecológica dos princípios mecanicistas nos quais se fundou a
racionalidade econômica dominante. Entretanto, os princípios convencionais do
desenvolvimento econômico ainda não dão conta da articulação da ordem econômica com os
processos estruturadores ou desestruturadores das dimensões ecológica, ambiental, social e
cultural.
�����'(6(192/9,0(172�6867(17È9(/�
As críticas aos modelos convencionais de desenvolvimento econômico fundamentaram
a conceituação do desenvolvimento sustentável, com o reconhecimento dos limites do
crescimento econômico. Segundo Buey (2003), a descoberta mais importante que o
conhecimento e a perspectiva ecológica aportam ao pensamento contemporâneo é a existência
de um limite natural que entra em conflito com a cultura expansionista da produção industrial.
Guerra (1995) assinalou que o meio ambiente de uma região é um espaço físico, sócio-
econômico e cultural que está num contínuo processo de mudanças e transformações. Estas
ocorrem como resultado dos fenômenos naturais e pelas ações do homem. Entretanto, a
apropriação dos recursos naturais não acontece de uma forma eqüitativa e justa. Em vez de ser
uma fonte de benefícios múltiplos, o meio ambiente se tornou uma propriedade a ser
explorada com objetivos específicos.�
26
Para Christofoletti (1990), existem dois sistemas na natureza: os geossistemas, que
compreendem a organização espacial oriunda dos processos do meio ambiente físico; e os
sócio-econômicos, que compreendem as organizações espaciais oriundas dos processos
ligados às atividades humanas.
O enfoque sistêmico caracteriza o desenvolvimento sustentável. Segundo Durand
(1998), são quatro conceitos fundamentais que estruturam o enfoque sistêmico. O primeiro, de
inter-relação entre dois elementos, que se estabelece em uma troca entre eles e em um
processo de retroalimentação, contrário ao pensamento aristotélico e cartesiano, que é a
relação causal. O segundo conceito é o de totalidade, ou seja, a mudança das partes para o
todo. Assim, um sistema é um todo que não pode ser analisado por meio de suas partes de
forma isolada. A organização é o terceiro conceito, relacionado à idéia de um tipo de
otimização dos componentes do sistema e o seu arranjo, porque comporta aspectos estruturais
e funcionais. O quarto conceito, a complexidade, relacionada a causas inerentes à composição
do sistema; a causas provenientes das incertezas de seu meio ambiente e a relações entre
determinismo e acaso.
Pretty (1995) destacou princípios para a diferenciação entre o paradigma sistêmico (ou
emergente), e o positivista. Para o autor, a sustentabilidade não pode ser definida com
precisão, pois esse conceito permite diferentes interpretações e opiniões, de acordo com cada
ator ou grupo envolvido. Nesse sentido, a participação de grupos e atores na formulação do
problema assegura uma visão múltipla. Também se refere ao fato de que o surgimento de uma
segunda situação problema acontece sempre que a primeira é resolvida.
O ponto mais importante é o reconhecimento do ambiente onde se instala a produção.
Assim, para se instalar um sistema produtivo no uso do solo, é necessário conhecer as
características e dinâmicas do ambiente regional. Isto implica em reconhecer as diferentes
dimensões desse ambiente (sócio-cultural, técnica, econômica, ecológica e política) e as inter-
relações que ocorrem entre fatores humanos e ambientais. Uma vez reconhecidas e analisadas
as faces do ambiente, pode-se traçar uma estratégia produtiva que, integrando-se nas suas
dinâmicas, seja capaz de atingir os objetivos almejados. Nessa linha de raciocínio, no final da
década de 1980, a idéia do desenvolvimento sustentável passou a ser defendida com maior
eficiência, tentando estabelecer vínculos entre a economia, filosofia, tecnologia e política.
Neste plano, estão inseridas as atividades silviculturais (PRETTY, 1995).
A verdadeira noção da importância do cuidado a ser tomado com as atividades
silviculturais e a relação destas atividades com o ambiente é que a sustentabilidade só será
possível na medida em que a relação com a natureza seja de amizade e integração, e não de
27
competição e dominação. Georgescu-Roegen (1974) concluiu que o crescimento traz consigo
alguma forma de degradação do meio ambiente. Dessa forma, o processo econômico deve
utilizar os recursos naturais de um modo mais duradouro, sóbrio e saudável do que tem sido a
prática tradicional.
A concepção do ecodesenvolvimento, descrita por Sachs, surgiu quando ele propôs o
termo para ser adotado oficialmente, num seminário promovido pela ONU, no México, em
1974. A crítica feita por Henry Kissinger, então chefe da diplomacia do governo norte-
americano, e enviada ao chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
provocou uma revisão do termo, originando a expressão “ desenvolvimento sustentável” .
Dessa forma, os economistas mais convencionais poderiam aceitar sem o receio de confundí-
lo com o termo “ desenvolvimento auto-sustentado” (NAREDO, 2003).
Uma década depois, Sachs (1986b) traçou novas linhas de orientação, incluindo a
satisfação das necessidades básicas, a solidariedade intergerações, e a preservação do meio
ambiente, embasadas em um sistema social que garantisse emprego e respeito a outras
culturas. Esses novos conceitos, conforme Moura (1996), foram inseridos em uma crítica à
modernização industrial e proporcionou o surgimento do modelo de desenvolvimento
sustentável. Assim, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988)
publicou o relatório 1RVVR�)XWXUR�&RPXP, que se constituiu em uma referência central para o
desenvolvimento, propagando o conceito de desenvolvimento sustentável. O documento,
também conhecido como 5HODWyULR�%UXQGWODQG, representa o primeiro marco das discussões
entre desenvolvimento e a proteção ao meio ambiente. O� desenvolvimento sustentável foi
definido, então, como a tese de atender às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Segundo o
relatório, para transformar o conceito em realidade, se faz necessário atender os seguintes
desafios: 1)� satisfazer necessidades do presente, o que inclui prioridade para satisfazer as
necessidades essenciais das populações pobres; 2) necessidades das futuras gerações, com o
estabelecimento de garantias para a sustentabilidade, através de políticas de desenvolvimento
que permitam o acesso aos recursos e seus benefícios.
O relatório 1RVVR�)XWXUR�&RPXP chamou atenção para o fato de que o desenvolvimento
sustentável supõe uma transformação progressiva da economia e da sociedade. Vieira (2002)
afirmou que o desenvolvimento sustentável é o processo de melhoramento e ampliação do
patrimônio econômico, ambiental e social, realizado de forma contínua e harmônica, com
distribuição equânime no tempo e no espaço. O relatório também alertou as indústrias básicas
28
que o processo de expansão deve considerar o aumento da reciclagem e reutilização de
energia e materiais.
De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (1991), para
se atingir o desenvolvimento sustentável, é necessário um equilíbrio dinâmico entre as
diferentes formas de capital: financeiro (dinheiro); humano (população); natural (recursos
naturais); cultural (cultura); e institucional (instituições de uma sociedade). O modelo
tradicional de igualar desenvolvimento e crescimento econômico buscava, prioritariamente,
definir a velocidade máxima para se acumular o capital financeiro. No enfoque atual de
desenvolvimento sustentável, o que se busca é definir quais as formas de capital devem ser
acumuladas e por quanto tempo.
Um intenso envolvimento de organizações não-governamentais ambientalistas e sócio-
ambientalistas, além do meio empresarial, com a questão do desenvolvimento sustentável,
caracterizou a fase que se iniciou nos anos 1990. O marco principal dessa fase foi a
Conferência Rio-92, cujo tema central foi o desenvolvimento sustentável enquanto concepção
de economia política. Nessa conferência, demonstrou-se não ser possível discutir meio
ambiente sem incluir as decisões e os critérios que orientam investimentos econômicos dos
diferentes agentes privados, governos e organismos multilaterais. No sentido da defesa do
desenvolvimento sustentável, a Declaração do Rio proclamou, no seu 3ULQFtSLR� �, que o
direito ao desenvolvimento deve ser exercido, de modo a permitir que sejam atendidas
eqüitativamente as necessidades de desenvolvimento e ambientais de gerações presentes e
futuras. No seu 3ULQFtSLR��, estabeleceu que para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a
proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não
pode ser considerada isoladamente dele (NOVAES; RIBAS; NOVAES, 2000).
A preocupação com o desenvolvimento sustentável aumentou no final do século XX,
quando organismos internacionais promoveram encontros no sentido de buscar soluções para
a crise dos paradigmas adotados pelo modelo desenvolvimentista, uma vez que o
desenvolvimento sustentável está diretamente ligado ao grau de satisfação da sociedade em
relação às suas expectativas. Quatro aspectos devem ser considerados: social, econômico,
ecológico e político. Segundo Flores e Nascimento (1994), sociedades com altos padrões de
desenvolvimento econômico e social darão prioridade aos avanços no controle ambiental,
enquanto que sociedades que tenham níveis de pobreza e desigualdade social acentuados terão
nesses temas maiores prioridades para atender suas expectativas.
Guerra (1995) compreendeu que o desenvolvimento sustentável não é um estado
perfeito e estático de harmonia; pelo contrário é um processo dinâmico que usufrui e percebe
29
o hoje sem nunca desconsiderar o amanhã. Portanto, o modelo de desenvolvimento é uma
meta difícil de ser atingida, exigindo muita vontade política dos governos e dos diferentes
segmentos da sociedade, especialmente das empresas.
Segundo Jara (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável tem dimensões
ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais e traduz várias preocupações, com o
presente e o futuro das pessoas, a produção e o consumo de bens e serviços, as necessidades
básicas de subsistência, os recursos naturais e o equilíbrio ecossistêmico, as práticas
decisórias e a distribuição do poder, e os valores pessoais e a cultura. O conceito é abrangente
e integral, distinto quando aplicado às diversas formações sociais e realidades históricas.
Santos (1998) alertou que se o modelo de desenvolvimento for negligente, ocasionará um
processo predatório que, aliado a um quadro de miséria, não poderá manter as capacidades
ambientais ao longo do tempo. O modelo de desenvolvimento escolhido por uma sociedade
deve, por conseguinte, considerar as diversas interfaces e dimensões envolvidas. Essas
considerações também se aplicam às diretrizes de uma empresa reflorestadora e que se
refletem na gestão de seus projetos.
Sachs (2000) considerou que a sustentabilidade espacial deve contribuir para uma
distribuição igualitária de terra para o assentamento humano; melhoria do ambiente urbano;
superação das diferenças inter-regionais; e estratégias de desenvolvimento ambientalmente
seguras para áreas ecologicamente frágeis. De acordo com Miranda Neto (1996), o grande
desafio do mundo contemporâneo será estabelecer políticas públicas que passem a reconhecer as
inter-relações entre ambiente e economia. O enfrentamento desse desafio interferirá na dinâmica
sócio-econômica, territorial, ambiental e cultural, com reflexos para a gestão dos projetos de
reflorestamento.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (1999) ponderou que o desenvolvimento
sustentável depende de um processo amplo de mudanças que envolvam o cidadão, o Estado e o
setor produtivo. Isso pressupõe uma integração de soluções nos campos econômico, social,
político e ambiental. Ao mesmo tempo, o setor produtivo também pode contribuir, através da
concepção e implementação de um sistema de gestão em sintonia com esse pensamento.
Cavalcanti (2001) assinalou que a opção pela sustentabilidade é a escolha direta que a
sociedade fizer, representando uma questão ética, uma vez que envolve distribuição de
riqueza numa dimensão temporal. Segundo Binswanger (2001), o conceito de
desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma alternativa ao conceito de crescimento
econômico, que está associado ao crescimento material, quantitativo, da economia. O autor
apresentou uma argumentação dividida em três fases: a) sob o paradigma da sustentabilidade,
30
a natureza tem duas funções: fator de produção e fator de qualidade de vida; b) o conceito tem
de ser distribuído em objetivos específicos e de fácil operacionalização. As metas podem ser,
inclusive, contraditórias e o desenvolvimento sustentável dependerá do equilíbrio entre esses
antagonismos; c) a política de fim de linha, de proteção ambiental, não será suficiente para
preencher as necessidades da sustentabilidade, porque só consegue administrar problemas
isolados.�Buey (2003) destacou, por sua vez, três tipos de manifestações que evidenciam a
problemática ambiental. Primeiro, os desequilíbrios locais ou regionais, característicos de
ecossistemas restringidos ou limitados, em alguns casos muito frágeis. Segundo, as
manifestações mais gerais da crise ecológica, menos perceptíveis pela perspectiva local,
regional ou nacional, que afetam o planeta como um todo. Terceiro, as catástrofes ecológicas
produzidas pela utilização de produtos elaborados, energias e tecnologias inapropriadas ou
que não tenham sido suficientemente experimentadas antes de sua utilização em grande
escala.
Sob a ótica epistemológica, Leff (2002) descreveu o desenvolvimento sustentável,
considerando uma racionalidade produtiva alternativa, informando que as estratégias do
ecodesenvolvimento estão sujeitas a ideologias delimitadas por paradigmas científicos que
dificultam as possibilidades de reorientar as práticas produtivas.�Os critérios de sustentabilidade deverão, então, ser apontados como norteadores da ação
social e do pensamento acerca de uma sociedade substantivamente democrática e
ecologicamente viável. A sustentabilidade social objetiva um desenvolvimento socialmente
justo, na melhoria da qualidade de vida, pautada em justiça distributiva, na satisfação das
necessidades básicas, na convivência e respeito entre povos e culturas, e na garantia dos
direitos civis, políticos e sociais. A sustentabilidade cultural deverá proporcionar o respeito à
pluralidade de valores, mantendo um equilíbrio entre a tradição e a inovação, preservadas as
características dos grupos sociais envolvidos (SACHS, 2000).
A sustentabilidade econômica aparece como uma necessidade. Entretanto, não deve ser
vista como condição essencial e prévia para as anteriores, uma vez que os problemas
econômicos carregam consigo os transtornos sociais, que por seu turno bloqueiam a
sustentabilidade ambiental. A sustentabilidade política, definida através da consolidação de
espaços públicos participativos e deliberativos, democracia e cidadania plena, é soberana na
condução do processo de reconciliação do desenvolvimento com a conservação da
biodiversidade. Conseqüentemente, o desenvolvimento sustentável, além de buscar
mecanismos de correção econômica, com medidas de controle administrativo e sistemas de
31
decisão pactuada entre os diversos atores da sociedade civil, coloca o meio ambiente no
centro das decisões das políticas públicas.
Braga (2002) ilustrou o funcionamento do modelo de desenvolvimento sustentável
(Figura 2.1) mostrando que a reciclagem e o reuso dos recursos aliados à restauração do meio
ambiente formam os seus principais componentes. Conseqüentemente, nos modelos de
desenvolvimento sustentável, deve ser observada a existência cíclica e dinâmica de fluxos
energéticos e materiais.
�2�6,67(0$�6867(17È9(/�3$5$�26�+80$126�
(QHUJLD�
Uso de
Recursos
Processamento
Modificação
Recursos
Transporte
Consumo
Impacto minimizado pela restauração ambiental
Figura 1.2 - Modelo de desenvolvimento sustentável (Braga, 2002. p. 48).
Vieira (2002) destacou que o estabelecimento de planos ou programas de
desenvolvimento sustentável enfrenta basicamente dois grandes desafios: a conceituação
objetiva do seu significado e abrangência; e a identificação de parâmetros aferidores capazes
de permitir o monitoramento das ações e, sobretudo, a avaliação dos resultados.
Extrapolando-se essa reflexão para o âmbito das empresas, verifica-se que sistemas de gestão
da sustentabilidade enfrentam desafios idênticos. Ao adicionar ao sistema de gestão critérios
de sustentabilidade, a atividade empresarial necessitará absorver e introduzir em sua prática
gerencial o conceito de desenvolvimento sustentável.
Um dos temas mais comuns para explicar os poucos avanços, a despeito dos esforços
das iniciativas ambientais, têm sido que as externalidades ambientais não faziam parte do
raciocínio das transações econômicas. Tais externalidades também poderiam ser entendidas
como resultados não buscados pela ação econômica. Essa característica do sistema econômico
vigente restringe sobremaneira os esforços que visem a manutenção de um meio ambiente
32
saudável. A gênese conflitante das atividades econômicas trabalha em uma escala do lucro, e
essa deve ser imediata e garantida. Para o meio ambiente, a escala que deve ser adotada é a do
homem e a da sua sucessão. Assim, ter-se-ia um fenômeno para o qual os esforços ambientais
não estariam capacitados para solucionar, consideradas as condições imutáveis do problema.
De acordo com Ramos e Fernandéz (2001), o meio ambiente deve estar em harmonia
com as atividades econômicas e o avanço tecnológico e as exigências da sociedade. Faz-se
necessário construir uma “ cultura ambiental” , que se sobreponha à cultura do consumo. Na
realidade, avanços tecnológicos que garantam ciclos limpos de produção, têm sido procurados
para responder a uma maior exigência de redução de custos e de competitividade, fazendo
com que o capital proceda de modo ativo, com comprovados ganhos ambientais. Haveria,
então, uma coincidência de racionalidades: aquela que economiza recursos naturais e
reaproveita resíduos e aquela de interesse ambiental que busca preservar o meio ambiente.
Aos interesses ambientais resta pois, potencializar essa coincidência de interesses, dentro dos
seus limites, submetendo-se às suas temporalidades e objetivos maiores.
A força da noção de desenvolvimento sustentável está justamente no fato de que a
constatação da finitude dos recursos ambientais no interior do sistema de produção capitalista
não necessariamente implica em catástrofe (NOBRE, 2002). Para que o mercado seja reativo
naquilo que diz respeito a melhorias ambientais, por meio da adoção de novas tecnologias,
serão necessários esforços para construir a respectiva cultura ambiental. É evidente que a
tecnologia tem dado respostas positivas a inúmeros problemas ambientais. Contudo, a
tecnologia não conseguirá resolver a finitude dos recursos naturais. Poderá substituir bens e
materiais no mercado, mas não em nível de natureza. Poderá corrigir desequilíbrios entre
oferta e demanda, mas não objetiva a manutenção da biodiversidade. Apesar disso, vê-se que
os avanços tecnológicos não poderiam ocorrer em decorrência de uma preocupação
ambiental, mas sim, pelo fato de que eles são o centro mesmo do processo produtivo e
consumista.�Segundo as reflexões de Ghatak (1990), o desenvolvimento sustentável depende da
escolha da taxa de crescimento pretendida que deveria ser potencialmente sustentável. No
contexto da agricultura tropical — e a silvicultura aí se insere, é muito provável que o
crescimento da produção não seja sustentável, se algumas condições não forem cumpridas. O
cálculo desta taxa requer estudos mais aprofundados, visto que são muitas as peculiaridades
dos sistemas produtivos.
As conclusões obtidas dos diversos pensamentos sobre o desenvolvimento sustentável
trazem duas fortes inquietações. Primeiro, a preocupação com a inclusão social ampla e
33
irrestrita e, segundo, e não menos importante, a necessidade da racionalização do uso dos
recursos naturais, também reconhecidos como riquezas sociais, visando a assegurar a
permanência futura. O desenvolvimento sustentável� aporta, conseqüentemente, uma
concepção mais problemática, polissêmica, e mesmo ideologicamente sofisticada do que a de
simples gestão ambiental, por ser um conceito manejável em vários sentidos com as
dimensões da sustentabilidade. Tais dimensões (social, cultural, ecológica, ambiental,
territorial, econômica e política) devem ser adotadas e incorporadas na elaboração de um
sistema de gestão ambiental para projetos de reflorestamento, ao passo que sejam
consideradas na formulação das políticas públicas para o desenvolvimento regional.
�����32/Ë7,&$6�3Ò%/,&$6�(�$�*(672�'(�5()/25(67$0(1726�
O objetivo deste capítulo é descrever as relações estabelecidas entre as políticas
públicas formuladas em nível nacional e estadual que interferiram na gestão dos projetos de
reflorestamento da COPENER. Assim, descreve-se o processo de incentivo à introdução
desses empreendimentos na RLN, seus desdobramentos e o advento da regulação estatal na
área ambiental, como pontos principais de interferência dessas políticas sobre a gestão dos
projetos de reflorestamento.
Segundo Burzstyn (1994), o crescimento do Estado ocorreu nos países
subdesenvolvidos, em grande medida por causa da tradição cartorial e clientelista de suas
estruturas políticas. De acordo com Cavalcanti (2001), a idéia de sustentabilidade implica
uma limitação definida nas possibilidades de crescimento. A partir desse fundamento, torna-se
indispensável agregar preocupações ecológicas às políticas públicas no Brasil. Nas décadas de
1970 e 1980, o papel da administração pública ficou restrito à filosofia da conjuntura política
do regime militar. Atividades como produção de grãos, turismo e reflorestamento, tiveram um
forte impulso, através de programas de incentivos fiscais. Os municípios em geral ansiavam
por ver os seus territórios se transformando em pólos de crescimento econômico. Questionou-
se o custo social desse tão almejado desenvolvimento que, segundo Jara (1998), foi analisada
a estratégia local de crescimento econômico em função apenas de verbas federais ou
estaduais. Muitas regiões foram influenciadas por essas políticas de incentivos, enquanto
outras ficavam completamente desprovidas delas.
Historicamente, no Brasil, o crescimento horizontal e vertical do Estado foi insuficiente
para assegurar o sucesso no exercício do seu papel social. No caso da implantação dos
34
empreendimentos florestais na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (RLN), houve
uma simples reprodução dessa tendência. O foco estava tão direcionado ao desenvolvimento,
à satisfação da demanda industrial e à resposta rápida aos desafios econômicos, que o papel
do Estado como promotor da economia sobrepujou qualquer preocupação social ou ambiental.
As empresas, além da participação estatal em suas esferas decisórias devido à participação
acionária, tiveram ao seu lado diretrizes inseridas nas políticas públicas, como por exemplo, o
zoneamento agro-econômico, a disponibilização de linhas de crédito e a oferta de incentivos
fiscais. O Estado, portanto, confirmou a sua preferência pelo crescimento, como resultado do
papel social e de promotor da economia (BURSZTYN, 1994).
Em meados da década de 1980, apesar do fim do regime militar a sociedade civil estava
desacostumada ao exercício da participação e do questionamento das diretrizes estatais,
agudizando a problemática da unilateralidade das decisões. Bursztyn (1991) sintetizou esse
quadro, informando que mesmo as elites representativas de regiões menos desenvolvidas e
socialmente atrasadas dispunham de um braço imprescindível no poder centralizado.
No Brasil, a segunda metade da década de 1980 foi marcada pela Resolução nº 001/86,
que, segundo Bursztyn (1994), representou a introdução da variável ambiental no processo
decisório da alocação de recursos produtivos públicos e privados. Em 1989, criou-se o
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para
atender a uma demanda social crescente e responder a novos imperativos políticos inseridos
no contexto brasileiro a partir da volta da democracia e da Constituição Federal de 1988. Num
efeito em cascata, o Estado da Bahia, através do Centro de Recursos Ambientais (CRA),
consolidava a sua função de órgão executivo da política ambiental estadual, oferecendo à
sociedade um serviço mais específico.
Carvalho (1987) afirmou que a política florestal, na sua vertente de apoio à produção de
madeira, não contemplou o universo de agricultores e não considerou as áreas das
propriedades mais vocacionadas para a atividade florestal. Em razão disso, foram
desenvolvidos mecanismos setoriais, sem vínculo com os agricultores. Tornou-se, então, uma
atividade sem a integração do desenvolvimento rural das regiões onde as empresas
reflorestadoras atuaram. Isso dificultou o estabelecimento de uma conexão dela com os
postulados básicos da política nacional do meio ambiente. Os investimentos do setor público e
as políticas públicas para a área do reflorestamento foram formulados no sentido de se criar
uma infra-estrutura de suporte à dinamização e modernização da economia regional. Assim,
as grandes empresas reflorestadoras foram beneficiadas. Entretanto, faltaram às políticas
35
públicas e ao próprio setor experiência, sensibilidade e visão de futuro para perceber as
conseqüências sociais e ambientais de sua implantação.
Qualquer modelo de administração que preconize a modernização das atividades de
reflorestamento calcada no aumento da produção, acarretará inevitavelmente elevados custos
financeiros e sociais (GUERRA, 1995). Na maioria dos casos, esses modelos precisarão de
coerentes políticas públicas. Os governos municipais poderão oferecer concessões e
benefícios, com o objetivo de atrair atividades relacionadas a esses reflorestamentos.
No final da década de 1980, o Governo do Estado da Bahia elaborou o Plano
Estratégico de Ação, para o período de 1988 a 1991 (PEREIRA, 1989). Referindo-se à Região
do Litoral Norte do Estado (RLN), este plano estabelecia duas prioridades; para o setor
primário, incentivar a modernização da fruticultura e de outras atividades agropecuárias, e
para o setor secundário, a criação de condições para que fossem possíveis grandes
investimentos privados na produção de celulose. Paralelamente, a Política de
Desenvolvimento Setorial, formulada pelo Governo do Estado da Bahia, estabeleceu
estratégias direcionadas ao meio ambiente sintetizadas em: a) democratização da informação e
da gestão ambiental; b) promoção da conscientização da sociedade sobre a importância da
questão; c) estímulo à participação popular e comunitária no planejamento e execução da
política de defesa do meio ambiente; e d) manutenção de uma política de transparência e
veracidade das informações, institucionalizando mecanismos de avaliação de impactos e de
gestão ambiental (PEREIRA, 1989).
O Brasil preparava-se para sediar a Conferência Mundial do Meio Ambiente (Rio-92) e
o meio ambiente tornava-se um assunto cada vez mais freqüente nas discussões. A sociedade
civil organizou-se para acompanhar de perto de um novo projeto, em que a COPENER estava
envolvida. Tratava-se da implantação de uma fábrica de celulose que representaria um
crescimento econômico substancial, pois os reflorestamentos já implantados passariam a se
integrar a esse novo empreendimento. A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e do
respectivo Relatório de Impacto Ambiental para a fábrica de celulose iniciou-se sob grande
expectativa de técnicos, representantes de comunidades e políticos. Colocados os resultados à
disposição da população, de acordo com a legislação ambiental, iniciaram-se amplas
discussões, culminando com a realização de audiências públicas com as comunidades
atingidas pelo projeto. A participação popular foi contrária à implantação do projeto,
mostrando claramente a sua rejeição. Paralelamente, a conjuntura político-econômica obrigou
a COPENER a reavaliar o seu projeto de implantação da fábrica. A COPENER, tendo sua
36
imagem comprometida, e com alguns milhares de hectares plantados, decidiu buscar outras
alternativas para escoamento de sua produção.
Vieram à tona as barreiras impostas à interlocução entre as políticas públicas para o
desenvolvimento econômico e as políticas públicas para o meio ambiente, quando o mercado
redirecionou a COPENER para a produção de celulose. De um lado, o Estado criou
mecanismos que induziram e incentivavam o desenvolvimento; do outro, o mesmo Estado
criou mecanismos para regular esse desenvolvimento através da variável ambiental. A
tendência nesse conflito foi uma valorização do aspecto econômico em detrimento do aspecto
ecológico. Tornou-se, assim, necessário concretizar a racionalidade ecológica, para satisfazer
as necessidades materiais da melhor forma, com a menor quantidade possível de recursos
(GORZ, 1991).
Na implantação dos reflorestamentos pela COPENER, a carência de políticas públicas
que permitissem à sociedade absorver os impactos ficara clara até mesmo em questões do dia-
a-dia. Por exemplo, faltava a infra-estrutura para o escoamento da produção, que sacrificou as
vias de acesso existentes, dimensionadas para um fluxo bastante inferior de veículos.
Rezende, Lima Júnior e Silva (1996) assinalaram que, em termos de desenvolvimento
econômico, nenhuma ação é totalmente neutra ou se encerra em si mesma. Qualquer ação
estimula ou desestimula uma série de outras ações em maior ou menor grau. Essas ações,
conhecidas como “ efeito para trás” (“ backwards effect” ) ou “ efeito para frente” (“ forward
effect” ), se refletiram diretamente na execução dos reflorestamentos industriais implantados.
O primeiro efeito das ações governamentais que resultaram na produção e na disponibilidade
de matéria-prima florestal foi quebrar o ciclo vicioso: “ não se criam indústrias, porque não há
matéria-prima; não se produz matéria-prima, porque não há indústrias” .
A administração dos projetos de reflorestamento passou a se preocupar com a questão
ambiental de forma mais concreta, em parte pela própria evolução da filosofia empresarial, o
que refletia uma tendência mundial, mas também por perceber o desempenho regulador do
Estado. Começaram a ser implantados corredores ecológicos, áreas de preservação, planos de
recuperação de áreas degradadas, e o aproveitamento múltiplo das áreas reflorestadas.
Iniciativas de aproximação com as comunidades rurais vêm sendo incrementadas, visando não
só à melhoria da imagem das empresas, como também estabelecer um vínculo maior com a
sociedade em que estão inseridas.
A Lei Orgânica do município de Alagoinhas foi a primeira na região a controlar a
expansão territorial dos reflorestamentos. Situação semelhante ocorreu em outros municípios
da Região do Litoral Norte. As repercussões dos fatos acontecidos nas décadas de 1970 e
37
1980 vêm sendo gradativamente mitigadas, visto que os desmatamentos para implantação de
novas áreas já não ocorrem e os reflorestamentos não vêm apresentando expansão em área
ocupada.
A COPENER é a empresa com a maior extensão de área plantada na RLN e, por
conseguinte, de maior potencial de aplicação direta dos conceitos das políticas públicas
mencionadas. Dessa forma, caberá a ela o papel de principal protagonista — e alvo — nesse
cenário. O sistema de gestão ambiental aplicado aos projetos de reflorestamento deverá
estabelecer conexões com as políticas públicas, no sentido de se alcançar as diversas
dimensões da sustentabilidade.
�����*(672�$0%,(17$/�
Segundo Leff (2002), as estratégias conceituais para gerar os instrumentos teóricos e
práticos para a gestão ambiental do desenvolvimento sob condições de sustentabilidade e
equidade não podem surgir dos paradigmas econômicos dominantes e das práticas tradicionais
do planejamento.
O termo JHVWmR está definido como o processo sistemático e permanente de
planejamento, implantação e manutenção da ação, o registro e controle das atividades e dos
resultados previstos e alcançados, a documentação das decisões e atividades decorrentes, a
disseminação de informações, a monitoração e controle dos processos, atividades e do
desempenho organizacional interno e externo, a avaliação crítica de todos os elementos da
gestão, e seu aprimoramento contínuo. Adjetivada pelo ambiente — *HVWmR�$PELHQWDO, seu
foco de intervenção passa a conter, além da organização produtiva, os espaços territoriais
afetados ou afetáveis, envolvendo os sistemas ecológicos circunscritos e os fatores e relações
ambientais que os conformam.
Hurtubia (1980) definiu o termo como a tarefa de administrar o uso produtivo de um
recurso renovável sem reduzir a produtividade e a qualidade ambiental, normalmente em
conjunto com o desenvolvimento de uma atividade. O Interin Mekong Comittee (1982)
estabeleceu que a gestão ambiental significa uma tentativa de avaliar valores limites para as
perturbações e alterações causadas pelas ações antrópicas. Dessa forma, como a recuperação
do meio ambiente tende a ser demorada, a gestão ambiental deve promover a resistência dos
ecossistemas, assegurando a produtividade dos recursos naturais em longo prazo. Estas
considerações coadunam-se com a gestão ambiental no âmbito empresarial, em que um
38
sistema produtivo baseado no uso de recursos naturais necessita de limites para os impactos
que causa ao meio ambiente.
Para Selden (1973), a gestão ambiental manifesta-se predominantemente pelo governo,
retratando a condução, a direção e o controle do uso dos recursos naturais. Para tanto, o
governo utiliza certos instrumentos, como normas, investimentos, regulamentos e outros. O
IBAMA (1992) definiu a gestão ambiental com a ação administrativa voltada para a
conservação do meio ambiente, baseada no zoneamento ambiental e nas diretrizes gerais de
uso e ocupação, e efetivada através de programas específicos de educação ambiental, controle
e monitoramento, fiscalização, extensão rural, manejo sustentado, recuperação de áreas
degradadas e desenvolvimento tecnológico para reorientação das atividades econômicas.
Apesar do forte papel do Estado na gestão ambiental, em escala mais localizada e específica,
as empresas têm uma responsabilidade quanto a este aspecto, porque elas estão no centro da
atividade econômica.
Neder (2001) salientou que recursos hídricos, solos e florestas são os três ecossistemas
renováveis que vêm fornecendo, há séculos, matéria-prima para produção, alimentação e
moradia da maior parte da humanidade. Para este autor, as políticas ambientais e os projetos
sociais combinados poderão ser vinculados aos esforços de superação da pobreza, desde que a
lógica do conservacionismo seja reordenada. Tais práticas ou se subordinam à diversidade
sócio-cultural de grupos e redes sociais, ou haverá mero conservacionismo, com a exclusão
das populações locais. A gestão ambiental nas empresas pode incorporar esse pensamento, na
medida em que atinge as dimensões sociais e culturais relacionadas à atividade econômica.
Theodoro (2002) enumerou os objetivos básicos da gestão ambiental: a) ordenar o uso
do território; b) otimizar o uso dos recursos; c) otimizar os benefícios sociais e econômicos; d)
manter a sustentabilidade dos empreendimentos; e) manter a qualidade do meio ambiente
(salubridade e funções ecológicas vitais); f) monitorar a capacidade de absorção dos meios
receptores; g) monitorar o estoque de recursos ambientais.
A gestão ambiental, seja por parte das políticas públicas, da sociedade, ou das empresas,
busca o uso racional e sustentável dos recursos ambientais, coerente com o conceito de
desenvolvimento sustentável, já que aparece como uma ferramenta de conciliação entre
conservação e desenvolvimento. Assim, ela se refere à mediação de interesses, conflitos,
opiniões e demandas entre os diversos atores sociais que interagem numa determinada
problemática ambiental. Em seus primórdios, o setor florestal brasileiro agregou apenas
dimensões técnicas e científicas em suas ações de gestão, visando à produtividade, aos
resultados financeiros para as empresas e ao cumprimento das metas estabelecidas pelas
39
políticas desenvolvimentistas. Mais tarde, porém, as dimensões social, política, ambiental,
ecológica, espacial e cultural foram paulatinamente agregadas à gestão florestal dos
empreendimentos.
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O desenvolvimento brasileiro encontra-se comprometido por causa das enormes
limitações de nosso processo de geração e absorção de conhecimentos científicos e
tecnológicos. O desenvolvimento sustentável representa uma meta muito mais ambiciosa, pois
reforça de maneira mais profunda a necessidade de transformação daquele processo (VIOTTI,
2001). Interesses do lucro, correções e incentivos podem ser adotados pelo Estado, mas o que
deve ficar claro é que o mercado, por iniciativa própria, não conta com atrativos para agir em
prol da conservação da natureza. Na perspectiva do lucro, o capital até se contrapõe à
interpretação neoclássica de meio ambiente, na qual os avanços do setor produtivo têm um
caráter meramente reativo.
Estudiosos da administração buscam estratégias mais atuais e flexíveis para a
estruturação das organizações, para que elas cumpram com os seus objetivos. Esse raciocínio
pode ser aplicado perfeitamente aos projetos de reflorestamento. Os modelos teóricos que
orientam a estruturação do trabalho na oferta de serviços e na produção de bens ganham,
nesse contexto, significado mais amplo, já que permitem explicar a diferença entre o que
funciona bem e o que não funciona nas organizações (ABSY et al, 1995).
O Institute for Development of Eucalyptus Applications (2003) destacou alguns pontos
que demonstram a ocorrência de mudanças nos sistemas de gestão adotados por empresas de
reflorestamento e produção de celulose e papel: a) as empresas descobriram rapidamente a
importância dos programas ambientais para aprimorar o seu desempenho e estão investindo
pesadamente nessa frente; b) as companhias produtoras de celulose e papel passaram a tratar
as florestas de eucaliptos como corredores ecológicos para aves e mamíferos e a investir na
conservação de fragmentos florestais; c) os programas de proteção dos recursos hídricos e de
racionalização do consumo de água receberam atenção especial: as empresas de produção de
celulose e papel a partir do eucalipto desenvolveram um dos mais modernos programas de
monitoramento de bacias hidrográficas do mundo, notadamente no Brasil.
Uma aliança entre a eficiência econômica e a conservação dos recursos naturais poderá
ser uma diretriz adotada no planejamento florestal. Não se pode recriminar o uso de espécies
40
de rápido crescimento e de valor industrial, no reflorestamento de terras empobrecidas, pelo
mau uso agrícola ou pastoril. O simples revestimento dessas terras pela nova vegetação, por si
só, recomendaria o seu uso. Se acrescermos a isso os benefícios de um planejamento
adequado que assegure a presença da vegetação natural como via de penetração e abrigo da
fauna silvestre, de proteção contra fogo e contra a degradação do solo, o trabalho de reposição
florestal se integrará definitivamente ao processo de recuperação econômica de extensas áreas
do território nacional (MELLO, 1975). O papel do sistema de gestão é, portanto, incluir os
aspectos sócio-ambientais na administração dos projetos de reflorestamento.
Para Rosenberg et. al. (1981), todo projeto, independentemente de seu tamanho, deve
ser abordado a partir de uma perspectiva regional e não local ou pontual. Com isso, torna-se
possível considerar tanto efeitos cumulativos como interações entre projetos em áreas
contíguas. Nesse sentido, o aumento do desempenho social e ambiental da empresa vincular-
se-á às estratégias de gestão adotadas em relação aos seguintes aspectos: a) uso dos recursos
hídricos; b) destinação, reutilização, e reciclagem de resíduos; c) avaliação dos passivos
sócio-ambientais; d) identificação de exemplos positivos e negativos; e) capacitação técnica;
f) participação das comunidades; g) auto-avaliação permanente e certificação.
A gestão dos projetos de reflorestamento é, então, decisiva para a confirmação e
agudização de impactos negativos ou, inversamente, por sua prevenção e eficaz mitigação. Ao
mesmo tempo, ela será imprescindível para a concretização dos benefícios e ganhos sócio-
ambientais. O sucesso nessa tarefa irá determinar o quão sustentável será o empreendimento.
As empresas florestais investem cada vez mais na pesquisa e desenvolvimento de sistemas de
gestão de plantios, com o objetivo primordial de ajustar a atividade econômica aos critérios
ambientais.
Segundo Siqueira Júnior (1992), os sistemas implementados pelas empresas têm se
baseado na adoção das seguintes técnicas: a) implantação de novos plantios apenas em áreas
já exploradas, evitando a ocupação de novas áreas; b) seleção criteriosa das espécies,
procedências e progênies mais bem adaptadas às condições locais, minimizando a ocorrência
de efeitos ambientais adversos; c) adoção de sistemas de plantios e de exploração na forma de
mosaicos, com reflexos evidentes sobre a estabilidade físico-biológica das áreas; d)
monitoramento contínuo da fertilidade e da capacidade produtiva do sítio, com preocupação
central quanto à incorporação de resíduos florestais, sem a utilização da técnica de queima e
sem o revolvimento excessivo dos solos; e) melhoria da capacidade de sustentação da vida
silvestre, por meio da manutenção, do plantio de enriquecimento e da interligação de
41
remanescentes com faixas de vegetação nativa. Com isso, há a potencialização dos
mecanismos associados ao controle biológico de pragas e doenças.
No final do século XX, os programas de certificação ocuparam espaço nas empresas,
como forma de padronizar procedimentos, ao passo que conferiam aspectos positivos ao papel
social das organizações. As empresas da atividade florestal, especialmente as do setor de
papel e celulose, passaram a implementar esses programas, com o objetivo de contribuir para
a melhoria do manejo da floresta.
As normas ISO 14000 têm sido adotadas por empresas do setor florestal para a
certificação de sistemas de gestão ambiental. Em 1999, oito empresas haviam sido
certificadas pela ISO 14001, totalizando 919.000 hectares de reflorestamentos. Através do
sistema do Conselho de Manejo Florestal, até 1999, havia nove empresas certificadas,
totalizando 668.000 hectares de reflorestamentos. A Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) implantou a Certificação de Origem de Matéria-Prima Florestal
(CERFLOR). Esta é a primeira iniciativa brasileira no sentido de promover o manejo florestal
sustentável em reflorestamentos industriais (MORA e GARCIA, 2000).
Por conseguinte, os programas de certificação aprimoram a gestão ambiental dos
projetos de reflorestamento, por meio de interferências na gestão florestal. As interações
existentes nesse processo, em que os aspectos produtivos e econômicos dialogam
permanentemente com os aspectos sócio-ambientais, revelam às empresas o caráter sistêmico
e abrangente da gestão ambiental.
A modernidade implica numa confrontação crítica com uma tradição (BARTHOLO
JÚNIOR, 1998). Um sistema de gestão ambiental pode H� GHYH funcionar como um
instrumento de modernidade técnica na gestão de projetos de reflorestamento, sob a
perspectiva do desenvolvimento sustentável.
�������3ODQHMDPHQWR�DPELHQWDO�
Apesar dos problemas ambientais continuarem a ser uma pesada carga para as presentes
e futuras gerações, um número importante de empresas vem incorporando a proteção do meio
ambiente como parte do negócio empresarial. O meio ambiente irrompe com força na gestão
empresarial, que deve atender a uma legislação cada vez mais restritiva e às pressões do
mercado. A qualidade ambiental não está dissociada da relação qualidade/preço e constitui
uma proteção frente a terceiros menos exigentes. Ela permite, ainda, reduzir riscos, otimizar
42
matérias-primas e energia, melhorar as relações com a administração e proporcionar uma boa
imagem empresarial. Por fim, a competitividade de uma empresa e a sua sobrevivência em
médio e longo prazo, exigem a inclusão do fator ambiental em sua gestão (RAMOS e
FERNÁNDEZ, 2001).
Almeida (2000) afirmou que o planejamento de ações de recuperação ambiental deve
considerar a dinâmica da paisagem, relacionando e prevendo a conexão de fragmentos de
vegetação natural e a interligação de reservas. Nesse sentido, a abordagem ao nível de
paisagens torna-se importante para inserir a área num contexto regional. A gestão ambiental
de projetos de reflorestamento, baseada na dinâmica da paisagem, compreenderá um aspecto
mais amplo, holístico, abrangendo as características biológicas, físicas e sócio-econômicas.
Conforme Almeida (1987), os aspectos que deverão orientar o planejamento dos
reflorestamentos e o manejo florestal são: a) distribuição dos fragmentos de vegetação
natural; b) distribuição das áreas reflorestadas; c) enriquecimento da vegetação natural; d)
manutenção e manejo do sub-bosque; e) controle integrado das pragas florestais.
Entre estes aspectos, a distribuição dos fragmentos de vegetação natural em relação às
áreas reflorestadas merece destaque, em função dos desdobramentos gerados pela gestão
desse componente ambiental sobre diversas dimensões da sustentabilidade.
������2V�IUDJPHQWRV�GH�YHJHWDomR�QDWXUDO��
Esta seção tem como objetivo abordar os principais efeitos dos fragmentos de vegetação
natural sobre o manejo florestal e a gestão ambiental dos projetos de reflorestamento.
Um esquema de manejo ecossistêmico, ou integrado, implica numa ligação mútua e
interativa entre a floresta e todos os demais elementos do ecossistema, incluindo o fluxo de
energia e a ciclagem de seus componentes. Considera, ainda, que a alteração de um recurso
natural qualquer em uma dada área, incluindo o corte das árvores, causa invariavelmente um
impacto em todos os demais elementos do ecossistema. O manejo florestal integrado
significa, então, o entendimento dessas inter-relações e interações, e a busca de práticas que
visem minimizar os impactos ao funcionamento do ecossistema (LIMA, 1996).�Alvim (1994) recomendou a manutenção de faixas de vegetação natural intercaladas
com os reflorestamentos com eucalipto, procurando-se interligá-las, através de corredores
biológicos que facilitam a movimentação da fauna silvestre.
43
A distribuição dos fragmentos de vegetação natural, intercalados com os
reflorestamentos, promove a formação de mosaicos na paisagem. Portanto, o planejamento e o
sistema de gestão ambiental que aplica esta recomendação favorece a sustentabilidade
ecológica e espacial dos projetos de reflorestamento. Kageyama (1987) afirmou que a
interligação desses remanescentes vegetais mantém e recompõe o fluxo gênico nas
populações, favorece a dispersão de espécies da flora e da fauna, possibilita o aporte de
nutrientes às cadeias alimentares dos ecossistemas associados e amplia a oferta de nichos e
recursos tróficos à comunidade.
Para Schemnitz (1976), um dos aspectos mais importantes para a conservação da fauna
em reflorestamentos é a distribuição dos talhões em relação aos fragmentos de vegetação
natural. Os fragmentos de vegetação natural mantêm verdadeiros estoques de inimigos
naturais das pragas florestais, entre eles as aves silvestres, que oferecem uma constante
vigilância nos reflorestamentos. Segundo Peterson (1980), as aves predadoras de insetos agem
como um inseticida bastante seletivo, eliminando certas pragas, ou não-seletivo, consumindo
da mesma forma os insetos que são alvos do controle biológico ou de qualquer outra espécie.
Antas (2003) apresentou indicativos sobre a utilização dessas aves como bioindicadoras de
qualidade ambiental em reflorestamentos com eucaliptos. Portanto, fica evidente a
importância dos fragmentos de vegetação natural na medida em que abrigam os agentes
responsáveis pelo controle biológico das pragas florestais.
Nesse sentido, Almeida (1987) recomendou o enriquecimento dos fragmentos e de
outras áreas disponíveis com diversas espécies arbóreas e arbustivas que possam produzir
abundante frutificação nas diversas épocas do ano. Esta prática oferecerá uma maior
diversidade biológica e um conseqüente aumento na população de animais silvestres.
Balch (1960) enfatizou que o enfoque dado pelos técnicos florestais quanto à proteção
florestal deve ser eminentemente ecológico, baseando-se em métodos econômicos e
duradouros. O controle biológico das pragas florestais inclui-se nessa perspectiva e as
empresas reflorestadoras têm demonstrado grande interesse em incluir esta prática no regime
de manejo florestal. Para tanto, elas desenvolvem práticas que visam à conservação e uma
melhor distribuição dos inimigos naturais nos reflorestamentos com eucalipto.
Almeida (1987) argumentou que os aspectos econômicos não são os únicos que
envolvem o controle biológico das pragas. Outros valores justificam o cuidado das empresas
florestais no manejo das populações de aves: a conservação das espécies, a diversidade
biológica e os valores estéticos da natureza estão entre eles.
44
A manutenção dos fragmentos de vegetação natural, principalmente em um desenho que
resulte na formação de uma paisagem em mosaicos, está diretamente relacionada à
manutenção da diversidade da fauna silvestre. Por conseguinte, o controle biológico das
pragas que afetam os reflorestamentos é normalmente observado nas áreas em que estas
considerações norteiam o manejo florestal. As conseqüências dessas práticas de gestão trazem
reflexos positivos para as dimensões ecológica, ambiental, econômica e espacial dos projetos
de reflorestamento.
A gestão ambiental dos projetos de reflorestamento é o ponto de convergência do
conceito de desenvolvimento sustentável com a lógica produtiva empresarial. Por
conseguinte, a implementação de um sistema de gestão ambiental traduzirá, no cotidiano e na
prática gerencial das empresas, a mudança de paradigmas embutidos na eucaliptocultura.
45
���0$7(5,$,6�(�0e72'26�
Este capítulo tem como objetivo descrever a metodologia desenvolvida e aplicada na
pesquisa, para a compilação e interpretação dos dados secundários e primários, e para a
organização e discussão dos resultados obtidos. Adicionalmente, o capítulo apresenta a
caracterização da área de estudo da pesquisa, como suporte para a análise e discussão dos
resultados.
A área de estudo selecionada para a pesquisa corresponde aos projetos de
reflorestamento Altamira I, II e III, administrados pela Copener Florestal Ltda (COPENER), e
que formam o Bloco Altamira. Os projetos estão localizados no município de Conde, na
Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (RLN). Nestes projetos, foi implantado o
(XFDO\SWXV, para a produção de celulose, a fim de atender à demanda da fábrica Bahia Pulp,
localizada no Complexo Petroquímico de Camaçari.
Para atender ao objetivo deste estudo, a formulação de subsídios para um sistema de
gestão ambiental de projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp, a metodologia de
trabalho consistiu nos seguintes procedimentos:
(1) pesquisa e interpretação da literatura científica, técnica e profissional,
referente indicadores de sustentabilidade;
(2) análise da atividade florestal desenvolvida na Região do Litoral Norte
do Estado da Bahia, sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável;
(3) entrevistas com atores sociais, como grupos intervenientes ambientais
(empresas, técnicos, lideranças comunitárias, dirigentes públicos, entidades, órgãos
públicos, trabalhadores);
(4) visitas de campo para constatação dos indicadores de sustentabilidade.
A delimitação temporal dos estudos e análises foi determinada pelas informações
coletadas nas abordagens preliminares da problemática. A contextualização histórica do
processo de introdução e expansão do cultivo do (XFDO\SWXV considerou a inserção da RLN,
no período compreendido entre 1970 e 2003. Foram consideradas as peculiaridades no que
tange aos seus movimentos de expansão e retração ao longo do período.
Para se alcançar a delimitação espacial da área de estudo, procedeu-se à consecução das
seguintes fases sucedâneas e complementares:
46
1. Reconhecimento da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia
Foram realizadas pesquisas bibliográficas, para obtenção de dados estatísticos,
históricos e geográficos, sobretudo oficiais, e visitas a campo.
2. Identificação do Distrito Florestal do Litoral Norte (DFLN)
O processo de criação do Distrito Florestal do Litoral Norte (DFLN) foi estudado a
partir dos registros históricos, documentos oficiais e relatos de empresas reflorestadoras, além
de informações coletadas através de entrevistas com técnicos, representantes de sindicatos
rurais e lideranças políticas e religiosas. Realizou-se também um trabalho observacional de
campo.
3. Identificação da área de abrangência da empresa COPENER
Procedeu-se à identificação da participação da COPENER no Distrito Florestal do
Litoral Norte, visando ao estabelecimento do nível de importância econômica da empresa para
a região, com sua correspondente responsabilidade quanto à questão ambiental. Os municípios
que se situam na área de abrangência da COPENER foram identificados e tiveram suas
características gerais analisadas. Esta fase foi desenvolvida através da análise de documentos
oficiais e outros fornecidos pela própria empresa.
4. Seleção de projetos de reflorestamento para análises preliminares
Para a identificação de plantios mais ou menos homogêneos, representativos da área do
DFLN, que pudessem servir como área de estudo, as entrevistas com os técnicos e dirigentes
da empresa foram o marco inicial. Entre os 157 projetos de reflorestamento que a COPENER
administrava em 2003, foram selecionados 25 projetos, distribuídos em toda a área de
abrangência da empresa. Nesta análise preliminar, os critérios estabelecidos para a seleção
foram o ecossistema de inserção, o estágio do reflorestamento e as questões ligadas à logística
(acesso viário) e ao tempo disponível para a realização dos trabalhos.
Procedeu-se ao levantamento de dados referentes a essas áreas, mediante a análise e
interpretação de diversas cartas topográficas, em diversas escalas. Foram usados mapas
temáticos de solos, vegetação, recursos hídricos e situação fundiária. A informação constante
47
nessa base de mapas foi atualizada e conferida, a partir de dados coletados e de observações
de campo. Imagens de satélite disponíveis contribuíram para a formulação da análise espacial.
Foram realizadas, ainda, visitas de reconhecimento, para melhor visualização e entendimento
de aspectos da caracterização, com registro fotográfico e respectivo geo-referenciamento
(Figura 2.1).
Figura 2.1 – Localização dos pontos visitados durante a etapa inicial de seleção de projetos de reflorestamento da COPENER, para a delimitação da área de estudo.
48
5. Seleção final dos projetos e delimitação da área de estudo
A aplicação rigorosa dos critérios de seleção e a conseqüente análise possibilitaram a
seleção de dez projetos de reflorestamento localizados no setor de produção leste da empresa,
como possíveis áreas de estudo. Nesta fase, os critérios adotados na fase anterior tiveram a
sua análise aprofundada, com maior detalhamento de dados e informações. Para a delimitação
final da área de estudo, mais cinco critérios de seleção foram acrescentados, numa análise
com um maior nível de rigor: a) ações promovidas pela empresa quanto à gestão ambiental; b)
área ocupada pelos projetos de reflorestamento; c) produtividade mensurada e estimada dos
projetos; d) disponibilidade de dados sobre os projetos; e e) proximidade entre os projetos e
comunidades rurais. A análise apontou para o projeto Valentim, localizado no município de
Cardeal da Silva, e o Bloco Altamira, composto pelos projetos Altamira I, II e III, localizado
no município de Conde. Foram realizadas observações de campo em intervalos de quinze
dias, em três visitas de reconhecimento a cada área (Valentim e Altamira), com o registro
fotográfico e o geo-referenciamento.
Compiladas as observações, os dados disponíveis sobre os projetos, e as informações
das primeiras entrevistas com técnicos da COPENER, pessoas da Vila de Altamira e do
município de Cardeal da Silva, optou-se pelo Bloco Altamira como área de estudo. Os
aspectos decisivos para esta seleção foram a proximidade com a comunidade da Vila de
Altamira, a extensão da área ocupada, e o nível de aperfeiçoamento das práticas de manejo e
gestão ambiental aplicadas pela empresa.
5. Elaboração e aplicação do roteiro de entrevistas
Para a coleta de informações nos encontros com técnicos e dirigentes da empresa,
pessoas da comunidade, agricultores, autoridades municipais e lideranças políticas e
comunitárias, foi elaborado e aplicado um roteiro de entrevistas (Figura 2). O roteiro tem uma
parte destinada apenas aos técnicos de empresas, para informações mais específicas. Durante
as entrevistas, houve espaço para perguntas adicionais, conforme as peculiaridades do
contexto e do ator social entrevistado.
49
Data:__________________ Local:____________________ Município/Comunidade/Empresa:__________________
,'(17,),&$d2�
1. Nome:__________________________________ 2. Situação:______________________________
48(67®(6� 1. Qual a sua experiência em relação aos reflorestamentos da região?
2. Quais os impactos desses reflorestamentos na região? E no seu município, comunidade? 3. Houve alguma modificação no meio ambiente da região nos últimos cinco anos? Qual sua opinião sobre essas mudanças?
4. Houve alguma mudança nas suas condições de vida e de sua família nos últimos cinco anos? Quais? 5. Houve modificações infra-estruturais na região, desde a implantação dos reflorestamentos? 6. Como é o relacionamento da COPENER com as comunidades e municípios? Que sugestões teria para melhorar esta situação? Os governos (municipal, estadual ou federal) deveriam interferir nessa situação? Como?
�(VSHFtILFDV�SDUD�WpFQLFRV�GDV�HPSUHVDV�
7. Em linhas gerais, como se caracteriza a gestão ambiental da empresa? Quais seus principais componentes? Quais as principais dificuldades enfrentadas na gestão ambiental dos projetos? 8. Quais as principais ações desenvolvidas pela empresa na área social, em relação às comunidades e municípios?
9. Como é a relação da empresa com a mão-de-obra rural da região?
10. Qual a relevância dos aspectos ambientais no processo decisório e de planejamento da empresa?
Figura 2.2 - Modelo de roteiro para entrevistas.
50
Figura 2.3 – Localização dos pontos visitados nos reflorestamentos da FERBASA, na Região do Litoral Norte.
Figura 2.4 – Localização dos pontos visitados em reflorestamentos da VERACEL, no Extremo Sul do Estado da Bahia.
51
6. Análise das informações coletadas nas entrevistas
As entrevistas forneceram informações de diversos tipos de atores sociais cuja análise
fundamentou-se na sua confrontação com os dados secundários. Com a finalidade de
investigar o nível de veracidade dos resultados de entrevistas e informações, foram
compilados dados dos censos econômicos e agropecuários do IBGE. Nesse sentido,
delimitou-se o período de 1975 a 1995, que compreende a implantação dos primeiros
reflorestamentos do DFLN, a instalação da COPENER e a consolidação de sua ocupação
espacial. Ressalte-se que não há dados referentes aos anos de 1985 e 1990, quando não foram
efetuados os respectivos censos agropecuários.
Os dados dos censos demográficos do IBGE também alicerçaram a análise, que teve
duas finalidades: a) efetuar uma comparação entre os números encontrados nos níveis local e
regional, e entre estes e os níveis estadual e nacional, constatando pontos de convergência e
discrepâncias; e b) contrastar os resultados com as informações levantadas na bibliografia, nas
entrevistas realizadas e no senso comum das comunidades envolvidas. Os dados
compreenderam o período de 1970 a 2000, por causa das características intrínsecas da
dinâmica populacional, freqüência dos censos demográficos, e disponibilidade de dados.
Para a análise, foram estabelecidas quatro unidades territoriais de comparação: a)
município de Conde (onde está localizada a área de estudo); b) grupo de municípios da área
de abrangência da COPENER (DFLN); c) Estado da Bahia; e d) Brasil. O município de
Alagoinhas foi incluído na análise da evolução das populações rural e urbana, por ser
apontado como um pólo regional e o destino principal do êxodo rural observado na RLN.
7. Análise dos impactos ambientais dos reflorestamentos e medidas mitigadoras
Os principais impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras constatados na
área de estudo foram confrontados com os estudos de Mesquita et al (2000), que
estabeleceram três grupos de características impactantes: a mecanização intensiva, os maciços
de reflorestamentos monoculturais e a utilização de agrotóxicos e insumos. Nesse sentido, foi
efetuada uma adaptação desses estudos à realidade da área de estudo. Para a descrição do
atual estágio dos impactos e medidas mitigadoras, foi estabelecida uma gradação com cinco
elementos: PXLWR�EDL[D��EDL[D��PRGHUDGD��ERD e�DFHQWXDGD. A observação de alguns aspectos
recebeu as caracterizações FRQVWDWDGR e QmR� FRQVWDWDGR, conforme o caso. As observações
realizadas na área de estudo foram complementadas por dados provenientes dos programas de
52
monitoramento da microbacia do rio Farje e dos postos meteorológicos, e dos relatórios
técnicos da gestão florestal e do programa de ambiental da empresa.
8. Análise da gestão ambiental dos reflorestamentos
Foram analisados os relatórios técnicos da empresa, o programa de melhoramento
genético, alguns levantamentos semi-detalhados de solos e avaliações das potencialidades das
terras, por serem práticas de planejamento e manejo florestal que se refletem na gestão
ambiental. Os planos de recomposição vegetal, de recuperação de áreas degradadas e de
implantação de corredores biológicos foram estudados, para se identificar as principais ações
de recuperação ambiental implementadas pela empresa.
9. Aplicação dos indicadores de sustentabilidade
Na análise e proposição de componentes e indicadores de sustentabilidade, o trabalho
dividiu-se em três fases: a) formulação; b) observação; c) análise. Para a formulação, realizou-
se o levantamento de propostas na bibliografia que pudessem ser adaptadas à atividade
florestal e, mais especificamente, à realidade da área de estudo. Assim, componentes e
indicadores de sustentabilidade elaborados para a agricultura foram adaptados à realidade dos
reflorestamentos com eucaliptos. Assim, foram analisados os estudos de Ferraz (1991), Lal
(1999) e Darolt (2002).
A avaliação da sustentabilidade dos sistemas produtivos dos reflorestamentos implica na
busca de elementos e instrumentos que possam mensurar, avaliar e monitorar os graus de
sustentabilidade dos diferentes modelos de produção florestal. Estes elementos e instrumentos
podem ser fornecidos por indicadores de sustentabilidade que permitam verificar como as
ações e tecnologias empregadas no sistema de produção estão afetando negativa ou
positivamente a sustentabilidade dos correspondentes ecossistemas.
Walker e Jones (1991) propuseram, na avaliação da sustentabilidade, quatro etapas para
a identificação de objetivos e indicadores específicos: a) caracterização da paisagem; b)
tendências regionais e nacionais; c) resolução espacial ou temporal; e d) pesquisa orientada ao
processo.
Os indicadores devem apresentar simplicidade de mensuração e repetibilidade ao longo
do tempo, bem como possuir a sensibilidade para detectar mudanças no sistema, e devem ser
eficientes para interpretar a sustentabilidade nos níveis local e regional, contemplando
53
aspectos ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos
(FERRAZ, 1991).
Lal (1999) salientou que a avaliação plena da sustentabilidade, em todos os seus
indicadores não é exeqüível nem necessária. Portanto, alguns poucos indicadores importantes
devem ser escolhidos em relação aos objetivos, e devidamente interpretados e analisados.
Darolt (2002) dividiu os indicadores de sustentabilidade nos seguintes grupos:
ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos. Após as
análises, estes indicadores foram os escolhidos para avaliar a sustentabilidade dos projetos de
reflorestamento da COPENER. Para sua formulação, eles foram adaptados às especificidades
da silvicultura do eucalipto e ao contexto da área de estudo.
Durante as visitas de campo e as entrevistas, os indicadores formulados foram
submetidos à observação, visando, também, à comprovação de sua aplicabilidade. A análise
consistiu na tabulação dos dados coletados, com dois tipos de resultados. Os indicadores
aplicáveis, mas não observados, foram estabelecidos como propostas para o aprimoramento
das ações da empresa. Os indicadores aplicáveis e observados alicerçaram a avaliação das
ações da empresa, na forma de escalas.
Para a avaliação das ações da COPENER em relação aos componentes e indicadores de
sustentabilidade, foram estabelecidas categorias, confrontando-se as observações realizadas
nos projetos de reflorestamento e os dados secundários coletados pela pesquisa. Conforme os
resultados da confrontação, as ações da COPENER referentes aos componentes dos
indicadores ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos
foram categorizadas em FRQVWDWDGD e�QmR�FRQVWDWDGD (ou QmR�PHQVXUDGD��conforme o caso).
Dadas as suas características, algumas ações foram avaliadas como: LQFLSLHQWH��PRGHUDGD e
DFHQWXDGD. Em alguns casos, as ações foram apenas explicitadas (e.g. acompanhamento,
subsolagem).
Portanto, estabelecidas as delimitações espacial e temporal, foi possível estruturar a
confrontação dos dados secundários e primários compilados pela pesquisa. Além das visitas e
entrevistas, os estudos realizados desde as fases preliminares até as finais, estruturaram um
consistente banco de dados e informações que serviu de alicerce para as análises e a discussão
dos resultados.
�
54
���2�5(&8562��2�(8&$/,372�
Este capítulo tem como objetivo descrever a silvicultura do eucalipto, visto que é
necessária a compreensão de algumas especificidades desta atividade, para subsidiar as
análises e discussões dos resultados.
A palavra HXFDOLSWR é originária do grego HX (bem) e NDOLSWR (cobrir), dada a estrutura
globular arredondada de seu fruto. A planta é nativa da Austrália, onde cobre quase 90% da
área de vegetação daquele país (LIMA, 1996). O gênero (XFDO\SWXV L’Herit pertence à
família Myrtaceae e possui mais de seiscentas espécies, variedades e híbridos. Segundo Lima
(1996), a sua ocorrência natural entre as latitudes 7ºN e 43º39’S demonstra um grande poder
de adaptabilidade e desenvolvimento de genótipos, possibilitando a ocupação de diversos
tipos de solo e clima.
Tiwari e Mathur (1983) salientaram que o eucalipto ocorre naturalmente em uma gama
de condições ambientais que vão desde áreas pantanosas, até muito secas, solos de baixada, de
alta fertilidade, até solos arenosos muito pobres.
As formações de florestas a partir da regeneração artificial, estabelecidas na América do
Norte e na Europa, atenderam, desde a Revolução Industrial, a demanda por madeira para
produção de celulose (LIMA, 1996). Na segunda metade do século XX, com o aumento
acentuado dessa demanda, países não tradicionalmente importantes em termos de produção de
madeira para fins industriais surgiram no cenário mundial. Dessa forma, Brasil, África do Sul
e Chile, despontaram rapidamente na silvicultura do (XFDO\SWXV e do 3LQXV, modificando
padrões produtivos que se refletiram no mercado mundial.
Lima (1996) apontou motivos para o potencial de retorno econômico da atividade
florestal nesses países: alta produtividade, disponibilidade de áreas para ocupação, e
integração bem sucedida entre floresta e indústria.
As plantações florestais de manejo intensivo vêm assumindo a responsabilidade pelo
suprimento de madeira para fins industriais e para geração de energia enquanto que as
florestas naturais e mostram-se hoje mais importantes para a conservação ambiental.
Golfari (1975) relatou que a experiência florestal mundial indica que não existem outras
essências que produzam um volume tão grande de madeira por unidade de superfície, num
ciclo relativamente curto, quanto o eucalipto. De acordo com Driessen (1989), o sucesso de
sua implantação pode ser explicado pelas razões a seguir: a) o crescimento vertical
espetacular quando comparado com a maioria das árvores nativas. As florestas homogêneas
55
de eucaliptos, normalmente, têm árvores muito altas, podendo atingir até cinqüenta metros ou
mais com tem o tronco limpo na sua parte inferior; b) o manejo relativamente fácil da cultura
que tem mecanismos de fácil adaptação e regeneração, podendo se desenvolver muito bem
tanto em regiões áridas quanto naquelas do trópico úmido; c) a grande quantidade de
sementes que podem facilmente ser coletadas para a produção de mudas; d) a variedade de
usos de sua madeira na indústria de celulose, fabricação de carvão vegetal, serraria, fabricação
de móveis, brinquedos, lápis, fósforos e outros objetos.
A Figura 3.1 ilustra o desdobramento da utilização dos reflorestamentos industriais com
eucaliptos.
����Figura 3.1 - Desdobramento dos reflorestamentos industriais (modificado – Guerra, 1995).
��A FAO (2000) considera florestas plantadas como aquelas estabelecidas por plantio
e/ou semeadura de espécies introduzidas ou intensivamente manejadas de espécies nativas. Os
plantios florestais no País são projetados e conduzidos visando a atender às demandas de
papel e celulose, lenha e energia. Para tanto, as áreas de florestas puras, implantadas com
espécies do gênero (XFDO\SWXV�não têm mais condições de expandir sua superfície, devido à
necessidade de preservação da vegetação natural, evitando-se a sua substituição por plantios
de eucalipto. As regiões onde poderiam ser implantados novos projetos precisariam substituir
áreas de culturas agrícolas e de pecuária, situação dificilmente viável.
0DFLoRV�IORUHVWDLV�
Indústrias gráficas e editoras
Madeira serrada
Carvão vegetal
Movelaria Compensados e aglomerados
especiais
Grandes projetos de celulose e
papel
Postes
Essências
Outros
56
Enquanto no Brasil as florestas de eucaliptos levam de cinco a oito anos para atingir a
idade de corte, nos países do Hemisfério Norte esse prazo varia entre vinte e vinte e cinco
anos. Essa característica permite que o Brasil passe a assumir a liderança mundial na
produção de madeira para essas finalidades. Três outros fatores vêm contribuindo para o
aumento dessa produção madeireira: a) o emprego da mecanização; b) a fertilização dos solos;
e c) a utilização da biotecnologia (PEIXOTO, 1998).
Em 1998, no Brasil, a produção de madeira já atendia a 75% da demanda interna. Do
total produzido, 84% era utilizado como matéria-prima nas diversas formas de
industrialização (papel, celulose, madeira serrada, construção civil e farmacopéia), enquanto
que os processos de geração de energia (carvão vegetal) consumiam 16% da madeira
produzida. Nos últimos trinta anos, o setor florestal, que reúne os reflorestamentos para as
diversas finalidades (papel e celulose, carvão vegetal e outros), tem mantido uma participação
de 2% a 7% no PIB nacional (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).
A partir de 1967, por intermédio do Projeto de Desenvolvimento e Pesquisa Florestal foi
possível sair de uma produtividade média anual de 15 m3/ha/ano, em 1970/75, para um
patamar de 40 m3/ha/ano, em 1990 (SBS, 2003). Com as técnicas silviculturais intensivas e o
melhor conhecimento das espécies, os índices de produtividade atingem hoje os 350-380
m3/ha na idade de corte (entre seis e sete anos).
Em termos de área reflorestada com eucalipto, o Brasil passou dos quatrocentos mil
hectares, no final dos anos 1960, para sete milhões de hectares, em 1994. Atualmente, esta
área se mantém no patamar de seis milhões de hectares (BRACELPA, 2003). O cultivo
eucalipto apresenta-se como a terceira maior cultura em área cultivada no País, superada
apenas pelas culturas do milho e da soja (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).
O Estado da Bahia vem se destacando na expansão das atividades de reflorestamentos
industriais. Isto se deve, principalmente, às excelentes condições edafoclimáticas para o
cultivo do eucalipto e às terras relativamente baratas, se comparadas com as áreas das Regiões
Sul e Sudeste do país. Na década de 1990, além da expansão dos projetos já existentes, o
Distrito Florestal do Extremo Sul do Estado da Bahia foi ocupado por novos
empreendimentos de grande porte, com a construção de duas fábricas de celulose. Em 2003, a
COPENER iniciou a implementação de um plano de expansão, visando ao atendimento do
crescimento da demanda por matéria-prima.�O setor de papel e celulose no Brasil atravessou três fases claramente identificáveis. A
primeira fase diz respeito à implantação da atividade que se iniciou nos anos 1930-40 e
prosseguiu até 1956. Em seguida, veio a consolidação da atividade, que durou até 1970. Por
57
fim, veio a fase de maturidade do setor, que começou a partir de 1980. Nesta fase foram
instalados na RLN os reflorestamentos com eucaliptos da COPENER. O salto qualitativo
ocorrido nesta fase foi caracterizado pela instalação de plantas produtivas de grande escala. O
impulso foi dado pelo II PND, que tinha uma estratégia industrial de desenvolvimento dos
setores de base. O Plano continha uma meta de crescimento de 85% e 28%, para as indústrias
de celulose e papel respectivamente. Sob a influência do II PND, foi criado o Programa
Nacional de Papel e Celulose, objetivando a auto-suficiência, a expansão e a diversificação da
exportação, como meios para a intensificação competitiva do setor (PEREIRA, 1989). Esse
foi o cenário no qual as atividades da COPENER se enquadraram.
Conforme dados da SBS (1990), entre 1970 e 1989, a produção de celulose no Brasil
aumentou a uma taxa anual de 10,6%, atingindo, em 1989, o total de 3,89 milhões de
toneladas, das quais 95% de toda madeira consumida foi originada de reflorestamentos com
eucaliptos.
Em 1988, a recessão econômica que assolou o país provocou a paralisação parcial dos
investimentos do setor, que acarretou a saturação da capacidade de produção instalada e a
indefinição de uma política industrial. Entretanto, com o desenvolvimento de uma tecnologia
própria, o setor passou, nessas últimas duas décadas, por uma profunda transformação que
levou o país à posição de grande fornecedor mundial de celulose (PEIXOTO, 1988).
A partir da celulose de eucalipto, hoje é possível produzir diversos tipos de papel que
antigamente eram próprias de fibras longas, pertencentes ao gênero 3LQXV. A alta qualidade da
celulose de eucalipto passou a ser reconhecida mundialmente.
Gomide (1997) discorreu sobre a importância sócio-econômica do eucalipto para a
produção de celulose e papel no Brasil. Em 1993, o setor apresentou um faturamento de 5,3
bilhões de dólares, recolheu impostos da ordem de 594 milhões de dólares, gerou 113 mil
empregos diretos e exportou o equivalente a 718 milhões de dólares.
As maiores vantagens que o Brasil apresenta na formação do custo total de produção de
celulose residem no custo do trabalho e no custo da madeira (Tabela 3.1). Essa vantagem
comparativa do Brasil contribuiu para tornar esse sub-setor cada vez mais atrativo em termos
econômicos, favorecendo os investimentos (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).
58
Tabela 3.1 - Componentes do custo de produção de celulose (US$/t métrica) dos principais produtores e exportadores mundiais (Jorge, 1993). &RPSRQHQWHV�GR�FXVWR�GH�SURGXomR� %UDVLO� (8$� )LQOkQGLD� )UDQoD� &DQDGi� 6XpFLD�Madeira 108 112 230 186 135 250 Energia 11 30 5 25 34 15 Produtos químicos 35 45 40 57 60 45 Mão-de-obra 42 65 45 90 90 75 Transporte da madeira e outros 59 60 30 70 85 55 Custos administrativos 50 77 49 38 74 50 Custo Total(1) 305 389 399 466 478 490
(1) Custo total da tonelada métrica de celulose colocada no mercado europeu no primeiro trimestre de 1992.
O setor de celulose e papel acrescentou, nos primeiros nove meses de 2000, 1,3 bilhão
de dólares ao saldo da balança comercial brasileira colocando-se em segundo lugar entre os
setores exportadores da economia nacional, atrás apenas da indústria aeronáutica. A
capacidade instalada da indústria brasileira de celulose alcançará, em 2004, 11.202.000 t/ano.
A partir desses dados, se estima que o crescimento do setor se manterá em valores próximos
aos 4,6% ao ano. Isto deve implicar em investimentos da ordem de 910 milhões de dólares em
novos reflorestamentos com eucaliptos. As empresas líderes na produção de celulose de fibra
curta (Tabela 3.2), no ano de 2000, produziram 94,5% da oferta brasileira de celulose de fibra
curta branqueada, e responderam por 67% de toda a celulose nacional produzida naquele ano
(RODRIGUEZ, 2002).
Tabela 3.2 - Maiores produtores de celulose a partir de reflorestamentos de eucalipto (Rodriguez, 2002). �3URGXomR�GH�FHOXORVH������ 5HIORUHVWDPHQWR�(PSUHVDV�SURGXWRUDV��� �W�� �KD��
Aracruz Celulose 1.262.536 144.229 Celulose Nipo-Brasileira 783.547 110.240 Votorantim Celulose e Papel 727.009 100.000 Bahia Sul Celulose 578.491 67.000 Cia Suzano de Papel e Celulose 437.052 50.000 International Paper do Brasil 327.785 33.000 Klabin Riocell* 300.104 56.000 Ripasa Celulose e Papel 296.443 52.000 Jarcel Celulose 290.381 40.000 Totais 5.003.348 652.469
* Proprietária da COPENER, na época do levantamento.
59
No Estado da Bahia, a atividade florestal até a década de 1960 caracterizou-se pelo
extrativismo depredador, cuja maior marca foi a devastação da Mata Atlântica, na sua região
leste. Somente nos anos 1990, o setor percebeu que a questão do meio ambiente devia se
tornar uma questão de mercado, estando em jogo, portanto, a própria imagem das empresas
nesse mercado (GUERRA, 1995).
Juntamente com o sucesso do modelo de aproveitamento industrial da madeira de
eucalipto (competitividade, produtividade, redução de custos etc) surgiu uma avalanche de
problemas técnicos, sociais e ambientais, relacionados por Guerra (1995): aumento da pressão
do movimento ambientalista e das comunidades locais vizinhas dos projetos de
reflorestamentos; legislação e controle ambiental mais exigentes e restritivos; pressões
trabalhistas e sociais, por causa de uma melhor organização dos sindicatos; elevação dos
preços das terras; obsolescência dos sistemas operacionais; carência de profissionais
experientes e qualificados na área florestal; ausência de uma política de treinamento e
qualificação de mão-de-obra dentro do setor florestal; a terceirização crescente do setor, , com
a chegada das empreiteiras que, segundo os sindicatos, deterioram as condições de trabalho e
reduzem salários; falta de conscientização ambiental e visão de futuro da classe empresarial
do setor e dos tomadores de decisão dos órgãos governamentais.
Nas décadas de 1970 e 1980, a floresta renovável de eucaliptos era vista exclusivamente
dentro de uma ótica monetária, sem levar em consideração os seus aspectos sociais e
ambientais. O setor florestal como um todo se acomodou, acostumado com os incentivos
fiscais. Nesse contexto, foram poucas as empresas que investiram em pesquisa e no
desenvolvimento de práticas silviculturais mais eficientes. Até a década de 1980, o setor
florestal brasileiro não tinha percebido o meio ambiente como uma questão multi e
interdisciplinar, dentro da qual as florestas homogêneas de eucaliptos necessariamente estão
inseridas. A evolução do conceito de desenvolvimento, e suas novas teorias, não vinham
sendo acompanhadas ou discutidas dentro do setor florestal brasileiro (KENGEN, 1985).
A Bahia tinha, em 1998, 34� unidades fabris de papel e celulose, distribuídas em
diferentes regiões: Região Metropolitana de Salvador, Recôncavo Sul, Paraguaçu, Irecê,
Litoral Norte, Litoral Sul, Sudoeste e Extremo Sul (BAHIA, 2002). A Tabela 3.3 mostra a
evolução da participação do setor de papel e celulose nas exportações do Estado da Bahia, no
período de 1991 a 2000. O setor de papel e celulose representou 15,2% das exportações
baianas em 2000.
60
Tabela 3.3 - Desempenho da indústria de papel e celulose nas exportações do Estado da Bahia, 1991-2000 (Bahia, 2002).
$QR� ËQGLFH � 9DULDomR�����1991 107,7 7,7 1992 233,2 116,5 1993 455,6 95,4 1994 578,6 27,0 1995 590,3 2,0 1996 583,8 -1,1 1997 636,8 9,1 1998 492,9 -22,6 1999 538,8 9,3 2000 584,5 8,5
* 1990 = 100
Observa-se que o desempenho das indústrias de papel e celulose teve um salto nos
primeiros anos da década de 1990, em função das grandes fábricas que começaram a
funcionar no Extremo Sul e no Pólo Petroquímico de Camaçari. Após oscilações, inclusive
com retrações, a participação do setor nas exportações baianas estabilizou-se nos anos de
1999 e 2000.
O consumo anual SHU� FDSLWD de papel no Brasil é de 39 quilos. Nos Estados Unidos,
esse consumo supera os duzentos e cinqüenta quilos anuais. Isto dá uma dimensão do
potencial de crescimento do setor de papel e celulose no Brasil, e da extensão de seus
impactos sócio-ambientais (BRACELPA, 2003).
Guerra (1995) e Silva e Paiva (1996) apresentaram, de uma maneira resumida, as fases
da produção da madeira dos reflorestamentos, antes dela chegar à fábrica de celulose: limpeza
e preparo do terreno para o plantio; preparo das mudas nos viveiros; plantio; capina; combate
às formigas; manutenção periódica das áreas de plantio; corte das árvores; movimentação e
empilhamento das toras; carregamento dos caminhões; transporte até a fábrica de celulose;
manutenção das áreas de plantio após o corte; replantio/aplicação fertilizantes; escolha da
espécie e/ou procedência; levantamento topográfico; mapeamento do solo; levantamento da
vegetação; distribuição das áreas de preservação permanente e reservas legais; estradas,
aceiros e talhonamento; escolha do espaçamento; coveamento ou sulcamento; fertilização
mineral; tratos culturais; manutenção de infra-estrutura; vigilância patrimonial.
Regime de manejo é o conjunto de atividades planejadas e executadas, com a finalidade
de se produzir madeira de acordo com os objetivos estabelecidos. Este conjunto de atividades
abrange um determinado período de tempo, da implantação até a colheita final da madeira,
61
chamado de rotação, medido em anos. Durante uma rotação, executam-se diversas
intervenções na floresta (SILVA E PAIVA, 1996).
Os regimes de manejo vigentes, em sua maioria no DFLN, para a época do estudo,
apresentavam uma rotação de 21 anos, composta de três cortes rasos, sendo o primeiro
realizado entre os 6 e 8 anos, o segundo entre os 13 e 15 anos e o último entre 20 e 24 anos.
Muitas empresas não mais trabalham no sentido de conduzir a brotação, prática que promove
o aproveitamento da planta a partir do rebrotamento, preferindo efetuar novos plantios
(reforma), com clones mais produtivos. Outras empresas adotam regimes de manejo
diferenciados em função do produto final.
Conforme Siqueira Júnior (1992), o aprimoramento ambiental dos reflorestamentos com
eucalipto no Brasil advém das técnicas adotadas pela maioria das empresas do setor, tais
como: a) implantação apenas em áreas já exploradas, ou seja, em áreas degradadas,
incorporando-as ao processo produtivo; b) seleção criteriosa de germoplasma vegetal
adaptado às condições locais, o que minimiza a ocorrência de efeitos ambientais adversos; c)
monitoramento contínuo da fertilidade e da capacidade produtiva do sítio, com foco central na
incorporação de resíduos florestais sem a utilização da técnica de queima e revolvimento
excessivo dos solos; e d) adoção de faixas de vegetação natural como corredores de fauna nas
áreas de plantio.
Os solos representam um importante balizador dos impactos ambientais, especialmente
em escalas locais, em associação com as rochas e o relevo. O comportamento e os resultados
da relação entre este recurso natural e os vegetais se refletem diretamente nos índices de
produtividade, quando se considera o manejo florestal. Sob o ponto de vista da
sustentabilidade, a atividade biológica dos solos desempenha um papel significativo
(SCHAEFER, 2000).
Dependendo do uso desejado, a qualidade de um solo pode ser avaliada de diferentes
maneiras. As propriedades químicas e físicas determinam a qualidade do solo. As
propriedades físicas tais como densidade aparente e textura influenciam na aeração,
permeabilidade, e capacidade de infiltração e retenção de água. As propriedades químicas são
as concentrações de componentes orgânicos e inorgânicos que determinam características, tais
como: fertilidade do solo, atividade biológica e salinidade que são quantificáveis.
Segundo Kobiyama et al. (2001), a exploração do solo acima de sua capacidade de
suporte resulta em dois tipos de problemas. O primeiro é de ordem econômica, porque o
sistema irá exigir adições crescentes de insumos para manter a produtividade. O segundo é de
62
ordem ambiental, pois a capacidade de depuração do ambiente está acima das expectativas
dos interventores da área.
O período dos incentivos fiscais para a formação de reflorestamentos se caracterizou,
em seu início, por uma grande quantidade de plantios com baixa produtividade. As terras
onde foram implantados muitos dos projetos de reflorestamento eram impróprias,
invariavelmente adquiridas a baixo custo (CAPITANI et al, 1992). O inadequado manejo dos
solos, praticado nessa época, foi apontado por Silva e Paiva (1996) como a principal causa do
baixo grau de integração desses reflorestamentos aos parâmetros ambientais. As empresas
começaram a observar essa correlação apenas na medida em que se adaptavam às novas
demandas ambientais. Nesse sentido, Siqueira Júnior (1992) observou que desde então há um
esforço das empresas em desenvolver técnicas de manejo que tenham a capacidade de melhor
integrar os plantios ao meio ambiente. A intensificação desse esforço coincidiu com o término
dos incentivos fiscais, em 1988, quando o setor florestal começou a pesquisar e desenvolver
os chamados novos modelos de plantios (CAPITANI et al., 1992; KASUYA, 1988), onde a
aplicação combinada de duas alternativas para a solução da equação. Primeiro, a adoção de
práticas silviculturais que resultem em menores taxas de erosão. Segundo, um planejamento
adequado do uso da terra, prevendo práticas de conservação do solo (LIMA, 1996). Tinker
(1981), por sua vez, observou que certas limitações do solo podem inibir o desenvolvimento
do sistema radicular, reduzindo o volume do raizame e conseqüentemente o de solo
explorado, afetando o crescimento e desenvolvimento da planta e a correspondente produção
agrícola.
A silvicultura do eucalipto dispensa uma atenção especial aos estudos das características
e propriedades dos solos nos quais estão instalados os plantios. Isto, porque o entendimento
da dinâmica deste recurso natural é fundamental para o planejamento e o manejo florestal,
com conseqüências diretas na sustentabilidade econômica dos projetos de reflorestamento. Ao
mesmo tempo, o regime de uso e ocupação do solo também interfere nas dimensões
ecológica, ambiental, espacial e social da sustentabilidade. O uso e a ocupação deste recurso
natural repercute na dinâmica da paisagem e da biodiversidade, e com desdobramentos de
ordem social. A Figura 3.2, apresentada por Lal (1999), resume o processo de manutenção ou
degradação da qualidade e da sustentabilidade dos solos, conforme o seu uso e a sua
ocupação.
63
Desmatamento e abertura de novas áreas
&OHDU�FXWWLQJ Queimadas ODQG�IRUPLQJ Desenvolvimento de infra-estrutura
Alteração em: Propriedades do solo; Microclima; Balanço de água e hidrologia; Biodiversidade
Uso intensivo da terra
Preparo do solo Monocultura Novas culturas e cultivares Redução do período de pousio
Exposição do solo Compactação Erosão Diminuição da fertilidade
Mudanças na produtividade do solo e na qualidade do meio ambiente
Alta pressão demográfica Disputa por terras
Insumos extras
Uso de fertilizantes Controle químico de pragas
Poluição Contaminação
Figura 3.2 – Fatores e causas que determinam a qualidade e a sustentabilidade do solo (Lal, 1999).
Considerando-se a intensidade do uso e da ocupação dos solos nos projetos de
reflorestamento, se deduz que o correto conhecimento deste recurso natural é um elemento
fundamental para um sistema de gestão ambiental, pois influencia a gestão florestal.
A chamada eucaliptocultura, a partir da década de 1980, tornou-se exportadora de
tecnologia. O eucalipto utilizado para produção de celulose e papel está sendo normalmente
cortado, nos moldes clássicos, aos seis ou sete anos de idade, podendo ocorrer até três
rotações sucessivas com ciclos de até 21 anos. Algumas empresas produtoras de madeira de
eucalipto vêm reduzindo os seus ciclos de corte. Verifica-se que no País existe uma gama
muito ampla de sistemas e períodos de corte. Plantios clonais de híbridos de (XFDO\SWXV podem produzir até mais de 60 m3/ha/ano (SOUZA, 1992).
A Sociedade Brasileira de Silvicultura (2003) informou que a área ocupada com
reflorestamentos com 3LQXV e (XFDO\SWXV é de 4.805.930 ha, correspondendo ao Estado da
Bahia uma área ocupada de 283.390 ha de 3LQXV e 213.400 ha de (XFDO\SWXV. Referente ao
consumo de madeira industrial proveniente de reflorestamentos, para a produção de celulose
se estima em 32.000 ha/ano; para carvão vegetal, 33.400 ha/ano; e para lenha, 13.000 ha/ano.
Na operação de um empreendimento florestal, independente da finalidade dada aos seus
serviços e produtos, busca-se um resultado final que gere máxima utilidade. A não-exaustão
do recurso florestal e a condução de uma floresta idealizada com produção constante, não
superior à sua capacidade de regeneração, são um dos objetivos e metas do ordenamento
florestal. Os sistemas de apoio à decisão para a gestão de recursos florestais desenvolvidos
64
durante a década de 1980 abandonaram os princípios de gestão individualizada e
independente dos talhões (parcelas ou unidades de gestão) florestais. Esta mudança passou a
enfatizar o ótimo global, ou seja, para o conjunto de todos os talhões que compõem a floresta,
e não apenas a otimização do manejo do talhão individual. Técnicas atuais, baseadas em
modelos de otimização, permitem que o gestor florestal considere simultaneamente questões
econômicas e restrições operacionais e ambientais.
Apesar dos esforços, é muito difícil encontrar reflorestamentos manejados sob
condições de perfeito ordenamento. O que se observa na realidade são projetos em constante
estado de transição, isto é, em passagem de um estado de desequilíbrio entre níveis de
crescimento e de colheita para um estado mais ordenado. O problema de administrar a
transição para uma situação de produção mais equilibrada coloca-se diante do gestor florestal
no seu dia-a-dia. A produção crescente de celulose do setor e a necessidade de estabilizar os
níveis de abastecimento da indústria com madeira de eucalipto, justificam a importância de se
utilizarem técnicas de gestão que garantam o manejo florestal com nível ótimo de produção e
máximo rendimento econômico (RODRIGUEZ, 2002).
A gestão florestal é um processo dinâmico que, por mais avançada que esteja hoje no
Brasil, ainda precisa considerar a variável ambiental de forma mais profunda. A lógica
produtivista permanece no alicerce na administração de várias empresas. Um sistema de
gestão para as empresas reflorestadoras, que persiga o atendimento a critérios de
sustentabilidade, é um aliado importante no enfrentamento do desafio do desenvolvimento
sustentável.
�����,03$&726�'$�6,/9,&8/785$�'2�(8&$/,372��
O objetivo desta seção é descrever os principais impactos sócio-econômicos, ambientais
e culturais associados à silvicultura do eucalipto que foram relatados na literatura científica.
Estas informações serão confrontadas com a realidade dos reflorestamentos existentes na
RLN. Isto possibilitará a identificação dos impactos, das estratégias de mitigação
implementadas pela COPENER e consideração desses aspectos no sistema de gestão
ambiental.
Os impactos da silvicultura se ampliam e se intensificam à medida que a atividade se
expande. Entretanto, Shiva (1999) ponderou que os primeiros reflorestamentos ocorreram
numa época em que a atividade florestal estava tomando seus primeiros rumos e o
65
conhecimento sobre o comportamento silvicultural das espécies e dos seus efeitos sobre o
meio ambiente era muito incipiente.
Segundo Holling (1978), é impossível desenvolver um modelo generalizado de impacto
ambiental no qual haja uma redução do impacto com o aumento do controle da fonte de
mudanças. Qualquer simplificação fica inviabilizada devido às inúmeras interações entre os
parâmetros ambientais e os ecossistemas.
Tommasi (1993) salientou que o conceito de impacto ambiental é, basicamente
antropocêntrico, calcado nos efeitos das ações humanas sobre os ecossistemas, a própria
sociedade humana e a economia. O impacto ambiental refere-se, portanto, às ações antrópicas,
apesar dos estressores ambientais naturais (inundações, terremotos etc.).
Silva (1996) identificou diversas funções ambientais que influem nos impactos
ambientais do cultivo do eucalipto: melhoria da qualidade do ar; minimização do efeito
estufa; controle do efeito dos ventos; redução dos níveis de poluição aérea; redução da
intensidade dos fenômenos erosivos; regularização de mananciais hídricos; melhoria da
capacidade produtiva do sítio; redução da pressão sobre a vegetação nativa; estabilidade
ecológica das áreas dos plantios; manutenção da vida silvestre; proteção aos ecossistemas
aquáticos; abrigo de parte da biodiversidade; recreação; melhoria do valor cênico da
paisagem; novas rendas rurais; recuperação de áreas degradadas; alternativa energética
renovável; produção científica e tecnológica; geração de divisas; e garantia de produtos
florestais. Portanto, a eucaliptocultura também tem impactos positivos potenciais.
O período de produção e geração de bens materiais dos reflorestamentos para fins
comerciais é relativamente longo. Fatores como superfície, água, nutrientes e luz impõem
limites econômicos à atividade. A padronização florestal também contribui fortemente para a
perda da diversidade genética (BANCO DO NORDESTE DO BRASIL, 1999). Estas
afirmações indicam que o sistema monocultural do eucalipto causa impactos de grande
extensão e gravidade.
Alvim (1994) afirmou que, em comparação com outras modalidades de uso da terra, o
reflorestamento é uma atividade recomendada para a conservação do solo e recuperação de
áreas degradadas. Por outro lado, Oliveira (1995) apontou preocupações ambientais em
relação aos plantios de eucaliptos, como: a homogeneidade das florestas, baseada numa
espécie exótica; o elevado consumo de água do eucalipto; e os efeitos sobre a fauna e a flora
nativas. Mas outros pontos também são inquietantes: a concentração fundiária, pois os
reflorestamentos com eucaliptos requerem grandes extensões contínuas e a ruptura nos
núcleos tradicionais que permitem o acesso à terra.
66
Em 2002, com uma área reflorestada de 2,39 mil km2, o Estado da Bahia estava em
terceiro lugar no que se refere a esse aspecto, superado apenas pelos estados de São Paulo e
Paraná (Tabela 3.4). Entretanto, em termos de ocupação do seu território, o Estado da Bahia
figurava na sexta posição, com um percentual de área ocupada (0,42%) inferior à média do
País (0,73%) (BRACELPA, 2003). No que se refere ao número médio de empregados, o
Estado da Bahia tinha, em 2001, 5.142 pessoas trabalhando no setor, ocupando a terceira
posição, enquanto que os estados do Paraná e São Paulo tinham 7.851 e 7.247 empregados,
respectivamente (BRACELPA, 2003).
Tabela 3.4 - Relação entre área dos Estados e área reflorestada pelo setor florestal, em ordem decrescente de percentual de ocupação, 2002 (BRACELPA, 2003).
(VWDGR� ÈUHD�GR�(VWDGR��PLOKDUHV�GH�NP � ��
ÈUHD�UHIORUHVWDGD��PLOKDUHV�GH�NP� �� ��Espírito Santo (5º) 45,7 1,16 2,54 São Paulo (1º) 248,2 3,3 1,33 Paraná (2º) 199,3 2,57 1,29 Santa Catarina (6º) 95,3 1,12 1,18 Amapá (7º) 140,3 0,93 0,66 Bahia (3º) 566,9 2,39 0,42 Minas Gerais (4º) 586,6 1,54 0,26 Rio Grande do Sul (9º) 280,6 0,54 0,19 Mato Grosso do Sul (8º) 350,5 0,59 0,17 Pará (10º) 1.246,80 0,38 0,03 Maranhão (11º) 329,5 0,05 0,02
Total 4.089,7 14,57 0,36
Médias 371,79 1,32 0,73
() Os números em parênteses indicam a posição do estado em termos de área reflorestada total.
Os dados mostrados na Tabela 3.4 auxiliam na percepção dos impactos dos
reflorestamentos sobre a paisagem do Estado da Bahia. Em termos absolutos, a ocupação
espacial pelos reflorestamentos aponta para a perspectiva de impactos sócio-ambientais de
grande extensão, ainda que em termos relativos esta ocupação seja inferior à média nacional.
A silvicultura do eucalipto gera impactos positivos e negativos de extensão e
intensidade elevadas, devido ao grande porte dos empreendimentos e à constante introdução
de insumos externos nos sistemas produtivos. O levantamento e mensuração dos impactos
específicos dos projetos de reflorestamento permitem a implementação de estratégias de
mitigação mais eficazes e abrangentes. Esses componentes estruturam a fase inicial de
formulação de um sistema de gestão ambiental.
67
O aprofundamento dos estudos sobre a silvicultura do eucalipto permitirá a
determinação de regimes de manejo que contemplem não apenas a dimensão econômica, mas
também as outras dimensões da sustentabilidade. A compreensão dos impactos oos projetos
de reflorestamento com eucalipto, quando considerada em mesmo nível de relevância, se
soma a essa perspectiva. Nesse sentido, a integração destes aspectos dentro de um sistema de
gestão ambiental favorecerá a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento.
������,PSDFWRV�VyFLR�HFRQ{PLFRV�H�FXOWXUDLV�
Barbosa (1992) salientou que, a depender do volume do investimento, uma empresa de
reflorestamento pode se tornar um pólo alternativo de desenvolvimento para uma região, na
medida em que se constitui num elemento dinamizador da economia local, com reflexos nos
benefícios sociais oriundos da arrecadação de impostos. Os dados apresentados na Tabela 3.5
ilustram a dimensão do impacto das atividades do setor florestal, no que tange à geração de
empregos, sobre a dinâmica sócio-econômica do Brasil.
Tabela 3.5 - Mão-de-obra empregada pelo setor florestal no Brasil, em 2002 (ABRACAVE, 2003).
1��GH�HPSUHJRV�'LVFULPLQDomR�GD�DWLYLGDGH�'LUHWRV� ,QGLUHWRV�
Reflorestamento (Implantação e manutenção florestal)
84.000
336.000
Carvão vegetal (Colheita, fabricação e transporte)
65.000
280.000
Madeira combustível (Colheita, baldeio e transporte)
5.000
10.000
Siderurgia integrada - Usinas 8.086 32.500
Ferro-gusa – Usinas 9.800 60.000
Ferroligas – Usinas 10.750 43.000
Indústria de base florestal 60.000 240.00
Total 242.636 1.001.500
68
As atividades ligadas aos reflorestamentos (implantação e manutenção) são as que
absorvem o maior contingente de trabalhadores no setor florestal. De acordo com esses
números, mais de 33% dos empregos diretos e indiretos são gerados por estas atividades.
Considerando-se apenas as atividades industriais, observa-se que aquelas de base florestal, em
que as madeira é a matéria-prima principal (papel e celulose, movelaria) é a maior geradora
de ocupação de mão-de-obra (sessenta mil empregos diretos e duzentos e quarenta mil
empregos indiretos).
Conforme Bahia (2002), o setor primário contribui com 10,1% para a formação do PIB
do Estado da Bahia. Por outro lado, o setor secundário tem uma participação mais de quatro
vezes superior (41,3%). A cadeia produtiva do papel e celulose transpassa estes dois setores
da economia, visto que os reflorestamentos estão integrados à indústria. A silvicultura
representa uma parcela muito pequena da estrutura do setor primário da economia baiana
(Tabela 3.6). Ressalte-se, ainda, o fato de que na participação de 0,6% está incluído o
extrativismo vegetal.� Tabela 3.6 - Estrutura do setor agropecuário do Estado da Bahia, 2000 (Bahia, 2002). $WLYLGDGH� 3DUWLFLSDomR�
Agricultura 54,7% Pecuária 36,1% Granja 1,7% Silvicultura e extrativismo vegetal 0,6% Outros 6,9%
A questão ambiental não pode ser discutida sem levar em conta a questão social.
Kengen (1985) analisou os impactos sociais do programa de incentivos fiscais para
reflorestamentos na região do vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Durante a vigência
dos incentivos fiscais, houve a utilização de grande contingente de mão-de-obra assalariada
nos reflorestamentos. Mais tarde, porém, o programa de incentivos gerou conseqüências
sociais, entre elas a concentração de renda e o desemprego (CAPITANI et al, 1992).
Barbosa (1992) fez considerações sobre os efeitos sociais da implantação de projetos de
reflorestamento na Região Sul do Estado da Bahia.O autor enumerou, como custos sociais: a)
o aumento da concentração fundiária; b) a tendência de aceleração do processo de ocupação
territorial por monoculturas; c) a aceleração do processo de assalariamento do pequeno
produtor; d) o agravamento dos problemas sociais nos centros urbanos resultantes das
migrações rurais; e) a aceleração do processo de extinção da fauna e da flora, e o agravamento
do processo de poluição ambiental. Concomitantemente, o autor enumerou os benefícios
69
sociais de um empreendimento florestal: a) a criação de pólos alternativos de
desenvolvimento no interior dos estados; b) o aumento da arrecadação municipal; c) o
aumento da renda (salários gerados); d) a fixação do homem no interior; e) o atendimento ao
consumo de produtos florestais; f) a preservação ambiental, dos mananciais hídricos e
remanescentes florestais; g) a preservação dos remanescentes faunísticos; h) o controle das
emissões atmosféricas e tratamento de efluentes; i) a participação comunitária; j) o setor
habitacional; l) o setor educacional. O setor saúde; o setor cultural; a proteção ambiental.
A conversão de terras agrícolas em áreas de reflorestamento pode provocar o
surgimento de problemas sociais, por causa da redução da produção de alimentos e dos postos
de trabalho. O fenômeno das migrações rurais inerentes ao desenvolvimento do capitalismo
no campo antecede a ação dos empreendimentos de reflorestamento. Todavia, por ocuparem
extensas e contínuas áreas, esses projetos podem promover um agravamento do êxodo rural.
(MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL RURAL DE ALAGOINHAS, 1988).
Os empreendimentos causadores de impacto ambiental costumam subestimar a
participação coletiva consciente da comunidade afetada, ao passo que superestima as ações
junto às lideranças, no sentido de obter resultados em curto prazo. Muitas vezes, isto gera um
conflito entre o tempo e a mobilização da comunidade para identificar e compreender a
problemática ambiental relacionada ao empreendimento, inviabilizando a proposição coletiva
de soluções (PEREIRA, 1989).
Guerra (1995) enumerou impactos sociais associados à silvicultura do eucalipto: a)
mudança na estrutura fundiária e na posse da terra na região; b) acentuada redução no número
de propriedades rurais; c) êxodo rural; d) estabelecimento do sistema de assalariamento rural;
e) diminuição das áreas destinadas a culturas temporárias alimentares e frutíferas; f)
importação desses produtos, com aumento de preços; g) perda de fontes naturais de
alimentação e plantas medicinais; h) imposição de uma dinâmica comercial diferente e que
exacerba as desigualdades sociais; i) dificuldades para a produção e distribuição de produtos
locais; j) força de trabalho direcionada ao trabalho nas empresas; l) perda de espaço e poder
político do poder público; m) quebra da harmonia ambiental da região, com a modificação da
paisagem; n) invasão de áreas antes ocupadas pela agricultura e pecuária de subsistência; o)
desestabilização das comunidades rurais, por causa de novas relações de dependência
estabelecidas com as empresas reflorestadoras; p) perda dos valores sociais e culturais
tradicionais, com enfraquecimento da diversidade cultural; q) falta de canais de interação
entre as comunidades e a empresa; r) pouca importância dada ao saber informal das
comunidades.
70
Furtado (1981) avaliou que o controle do acesso à terra e no caso do pequeno agricultor
nordestino, o prejuízo gerado pela estrutura agrária brasileira é duplo, porque trabalha
invariavelmente em terras inaptas, obtendo rendimentos decrescentes e as alternativas de
emprego na região onde vive são praticamente inexistentes. Alvim (1994) afirmou que a
concorrência entre a atividade florestal e a pequena agricultura é um fenômeno de caráter
transitório, ou que tenderá a desaparecer na medida em que for melhorando a situação sócio-
econômica da própria região, criando-se dessa forma condições para que os pequenos
agricultores possam utilizar sistemas mais sustentáveis e rentáveis de uso da terra.
No Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, criado na mesma época do Distrito
Florestal do Litoral Norte (DFLN), houve uma considerável redução do número dos
estabelecimentos de propriedade individual, em beneficio dos condomínios ou sociedades de
pessoas, no período de 1975 a 1980. Tomadas conjuntamente, estas dobram sua participação
relativa, tanto no que diz respeito ao número de estabelecimentos, quanto à área, como mostra
a Tabela 3.7. Segundo o número de estabelecimentos, a mudança foi de 3,1% para 6,4%; e em
relação à área, passou de 5,9 para 10,4%, nos condomínios e sociedades. Os estabelecimentos
individuais foram reduzidos em 4% e a sua área diminuída em 8,1% (IBGE, 2003). Barbosa
(1992) concluiu que, como as empresas de reflorestamento necessitam de áreas contínuas e
extensas, infere-se que elas tiveram parte na responsabilidade pelas alterações na estrutura de
posse, uso e propriedade do solo ocorridas naquela região.
Tabela 3.7 - Propriedade das Terras no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975 e 1980 (IBGE, 1979, 1983). (VWDEHOHFLPHQWRV�������� ÈUHD��KD�� (VWDEHOHFLPHQWRV�������� ÈUHD��KD��3URSULHGDGH�GDV�7HUUDV�
1�� �� 1�� �� 1�� �� 1�� ��Individual 16.289 96,3 2.125.407 93,9 16.564 92,5 1.925.267 85,8 Condomínio ou Sociedades de pessoas
468
2,9
89.416
3,9
1.018
5,7
121.393
5,4 S/A ou Quota de Responsabilidade Ltda
26
0,2
45.237
2,0
128
0,7
111.220
5,0 Cooperativas - - - - - - - - Outras 68 0,4 4.424 0,2 128 0,7 4.346 0,2 Sem declaração de Propriedade
6
0,0
232
0,0
66
0,0
79.578
3,5
Total 16.875 100,0 2.264.716 100,0 17.905 100,0 2.241.804 100,0
71
A atividade florestal implantou-se tanto sobre áreas de matas nativas, como sobre áreas
incorporadas às atividades produtivas (lavouras e pecuária). Apesar de o reflorestamento ter
incorporado à atividade econômica várias áreas abandonadas, em certa medida, promoveu a
destruição de lavouras e pastos, que reduziram sua participação na ocupação das terras,
conforme mostrado na Tabela 3.8, fato evidenciado pela queda no número do efetivo bovino e
na área de lavoura temporária (BAHIA, 1983).
Tabela 3.8 - Área total e de lavoura, efetivo bovino e pessoal ocupado no Distrito Florestal do Extremo Sul, 1975 e 1980 (IBGE, 1979, 1983).
'LVFULPLQDomR� ����� ����� ,QFUHPHQWR�3HUFHQWXDO�Área total 2.264.716 2.241.804 -0,01 Área lavoura permanente 70.433 105.665 50,00 Área lavoura temporária* 101.639 80.644 -20,66 Sub-total - Área lavoura 172.072 186.309 8,27 Efetivo bovino 993.631 882.331 -11,20 Pessoal ocupado 113.960 108.203 -5,05
A entrada de todas as empresas reflorestadoras na RLN, de forma praticamente
simultânea, gerou um aumento importante no valor da terra. Uma parte dos pequenos
produtores que venderam as suas terras se tornaram empregados das empresas reflorestadoras.
Estes trabalhadores, residindo em povoados ou na periferia dos centros urbanos, vieram
posteriormente engrossar a massa de um proletariado emergente. Com o decorrer do processo,
as vagas foram-se reduzindo gradualmente, porque a maior absorção de mão-de-obra ocorre
na fase de implantação dos reflorestamentos e decresce à medida que o plantio de estabelece e
apenas necessita de manutenção. Simultaneamente, os postos de trabalho, disponíveis de
forma sazonal nas empresas prestadoras de serviços, passaram a ser ocupados por
trabalhadores recrutados em outras regiões (MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL
RURAL DE ALAGOINHAS, 1988).
As empresas reflorestadoras não tiveram muitas dificuldades, devido à existência de
grandes propriedades que, depois de adquiridas, eram plantadas com pinus e eucalipto,
isolando e desvalorizando as áreas vizinhas. As empresas ficavam, assim, numa situação
privilegiada, favorável à barganha de preços com os pequenos proprietários das proximidades,
que se viam forçadas a venderem suas terras (BAHIA, 1983).
Em relação aos impactos culturais, à medida que se altera radicalmente o contexto em
que a cultura se insere e interage, um processo de transformações culturais também ocorre.
Guerra (1995) analisou o processo de implantação da silvicultura do eucalipto na bacia do rio
72
Piracicaba, em Minas Gerais, concluindo que a chegada e o crescimento das empresas
reflorestadoras contribuiu para uma mudança de comportamento, de valores espirituais e
materiais e até no reordenamento de algumas instituições locais.
Evidentemente, outros elementos interferem na dinâmica cultural de comunidades
rurais, mas a chegada dos reflorestamentos a uma região caracterizada pelo baixo nível
tecnológico empregado nas atividades da zona rural também causa impactos na cultura local.
Um estudo realizado pela FAO (1995), em conjunto com o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estabeleceu uma comparação entre dois modelos
de atividade rural. De um lado, o modelo patronal, característico da empresa rural moderna.
Do outro, o modelo familiar, tradicional nas pequenas e médias propriedades, desenvolvido a
partir dos laços de parentesco. A Tabela 3.9 sintetiza os principais pontos dessa comparação.
Tabela 3.9 - Comparação entre o modelo patronal e o modelo familiar (FAO, 1995) 0RGHOR�3DWURQDO� 0RGHOR�)DPLOLDU�Organização centralizada Direção do processo produtivo assegurada
diretamente pelos proprietários Ênfase na especialização Ênfase na diversificação Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis Ênfase na durabilidade dos recursos e na
qualidade de vida Trabalho assalariado predominante Trabalho assalariado complementar Tecnologias dirigidas à eliminação das decisões “ de terreno” e “ de momento”
Decisões imediatas, adequadas à imprevisibilidade do processo produtivo.
A confrontação entre os modelos patronal e familiar caracteriza os impactos culturais
advindos da introdução de grandes projetos de reflorestamento, em que todo um conjunto de
valores, de verdades científicas, e de supervalorização de um progresso constituído por
técnicas sofisticadas se contrapõe aos valores locais. O comportamento padronizado, a
hierarquia e a racionalidade objetiva da empresa são valores estranhos à vida das
comunidades locais cuja cultura passa a ser desvalorizada (GUERRA, 1995).
Sob a ótica empresarial, o saber informal e a cultura local não são considerados na
formulação de suas práticas de gestão. Ao mesmo tempo, sob a ótica das comunidades rurais,
as práticas gerenciais das empresas reflorestadoras se impõem pela força econômica,
traduzida no pagamento dos salários. Este desequilíbrio interfere nas relações entre as
empresas e as comunidades rurais afetadas pelos projetos de reflorestamento.
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73
������6LPSOLILFDomR�GR�DPELHQWH�H�DOWHUDo}HV�QD�SDLVDJHP�
Esta seção tem como objetivo apresentar os impactos do reflorestamento homogêneo
sobre o ambiente, sob a perspectiva da modificação da paisagem. Para tanto, toma como
princípio algumas reflexões feitas a respeito desse aspecto em relação à agricultura
monocultural.
A primeira ação impactante e mais facilmente perceptível da atividade silvicultural
sobre a paisagem é a retirada da cobertura vegetal original. Apesar de toda legislação
ambiental em vigor, extensas áreas são desprovidas da sua vegetação natural, incluindo a
vegetação ripária e as nascentes. O desmatamento desordenado traz conseqüências
indesejáveis, como a modificação na fauna e flora, com o risco de desaparecimento de
espécies, a degradação do solo por erosão e lixiviação, o assoreamento de rios e lagos e as
mudanças no fluxo natural das águas (OLIVEIRA, 1995).
Os reflorestamentos implantados com poucas espécies de um mesmo gênero, ou até
mesmo com um único clone, constituem monoculturas extensas. A finalidade primordial do
ambiente florestal extremamente simplificado é atingir a máxima produção em uma mesma
unidade de área, num período de tempo o mais curto possível. Segundo Almeida (1987), a
única alternativa para que ocorra alguma diversidade no ambiente formado nas áreas
plantadas está na emergência do sub-bosque. Esta ocorre quando a entrada de razoável
quantidade de luz atinge o piso da floresta.
As empresas, inclusive a COPENER, geralmente consideram que o sub-bosque retarda
o desenvolvimento das árvores, aumenta o risco de incêndios, dificulta as operações de
manejo, o combate às formigas e a exploração. O sub-bosque representa a única e limitada
diversidade dentro dos talhões homogêneos, visto que os fragmentos de vegetação natural,
que também representam a diversidade, estão evidentemente fora do perímetro dos talhões de
plantio.
Em certas florestas de (XFDO\SWXV oriundas de bancos clonais, a uniformidade é tão
acentuada em termos de crescimento e forma das árvores que o piso florestal praticamente
não recebe radiação solar suficiente para permitir a emergência do sub-bosque. Nas florestas
energéticas, com espaçamentos reduzidos e ciclos extremamente curtos, o sub-bosque não tem
condições nem tempo para que se desenvolva, tendendo as florestas a uma situação
monoestratificada, em que o único nível existente é o dominante (ALMEIDA, 1987).
74
Van Goor (1985) assinalou que os monocultivos típicos caracterizam-se por ocupar
áreas extensas e ininterruptas de solo, utilizando recursos tecnológicos sofisticados, como a
mecanização e a utilização intensiva de insumos, como corretivos de solo, adubos químicos e
agrotóxicos. As etapas do cultivo são aplicadas de forma instantânea a uma enorme área,
incrementando o potencial impactante dessas atividades. Assim, o maior impacto ambiental
de um monocultivo de eucaliptos ocorre na abertura da área para o primeiro cultivo. No
entanto, os impactos posteriores, ligados às etapas seguintes do cultivo, são igualmente
significativos.
Guerra (1995) observou que os problemas ambientais ligados aos reflorestamentos com
eucaliptos parecem se agravar quanto maior forem as áreas de plantio. Os reflorestamentos
demandam uma gama considerável de insumos externos, utilizados em grandes extensões de
terra. O risco ambiental associado a essa atividade, portanto, é acentuado, no que diz respeito
à degradação, contaminação e desequilíbrio de ecossistemas.
As práticas da monocultura convencional e intensiva não garantem a sustentabilidade
econômica em longo prazo, muito menos a ambiental. A cada ano de cultivo necessita-se de
uma quantidade maior de insumos externos para a manutenção da produtividade, elevando o
custo de produção e comprometendo o meio ambiente pela contaminação por agrotóxicos
(KOBIYAMA et al, 2001). Assim, os altos riscos de degradação das áreas cultivadas apontam
simultaneamente para perdas econômicas e ambientais.
A fauna é outro aspecto ambiental afetado pela simplificação do ambiente acarretada
pelos reflorestamentos. De acordo com Almeida (1987), a substituição da vegetação natural
por reflorestamentos é o principal fator que condiciona as alterações na composição
faunística. Estudos da FAO (1985) indicam que o eucalipto, quando plantado em larga escala,
deve ter uma cuidadosa e inteligente avaliação de suas conseqüências econômicas e sociais.
Além disso, um balanço de suas vantagens e desvantagens também deve ser considerado,
assim como na avaliação das condições ambientais da região, e necessidades da população
local.
A substituição da vegetação natural heterogênea por uma vegetação homogênea limita
fortemente as chances de sobrevivência da grande maioria das espécies de animais silvestres.
As condições de habitats apresentados são muito aquém das requeridas por uma diversificada
fauna silvestre. A oferta de alimentos torna-se bastante reduzida e desaparecem os pontos de
colonização ou dispersão de animais silvestres, traduzindo-se em um acentuado declínio dos
nichos ecológicos (ALMEIDA, 1987).
75
A variedade e quantidade de animais que podem ser encontrados num determinado
ecossistema estão relacionadas com o número de habitats disponíveis. Os requisitos básicos
para a existência da fauna num ecossistema são: água, alimento, abrigo e condições de
procriação. Portanto, a baixa densidade de sub-bosques ocasiona uma fraca ocorrência da
fauna silvestre nas florestas homogêneas de eucaliptos (LIMA, 1993).
Segundo Zanzini e Prado Filho (2000), depois da transformação da paisagem, os
fragmentos de vegetação natural, em tamanhos variados, ficam isolados um dos outros por
extensa áreas de produção. Esses fragmentos assemelham-se a ilhas e quanto maiores, maior a
sua capacidade de receber e abrigar visitantes. Quanto mais próximas essas ilhas, maior o
intercâmbio entre suas populações. O fragmento de vegetação natural original sofre a
influência de alterações nos fatores ambientais em todo o seu contorno. O fenômeno do
“ efeito de borda” , que pode chegar até o centro do fragmento, é capaz de determinar a
decadência do fragmento, com a extinção localizada de muitas espécies vegetais e animais
residentes.
Para Newman (1993), a extinção local ocorre devido a três fatores: a) efeito borda; b)
dificuldade de obter recursos alimentares durante todo o ano; c) dificuldade de manter
populações mínimas viáveis, isto é, populações com um número mínimo de integrantes capaz
de permitir que a espécie sobreviva por um longo tempo, evitando a endogamia e os efeitos
das flutuações populacionais. Quando os animais são forçados a migrar em busca de áreas
naturais remanescentes, pode ocorrer a mortalidade em larga escala durante o processo de
procura e ocupação das novas áreas. Isto ocorre devido à deficiência no suprimento alimentar,
a dificuldade na formação de novos grupos ou a competição por espaços domiciliares já
ocupados.
Wilson (1974) enfatizou que existe uma correlação linear entre a diversidade de aves a
diversidade da vegetação. Curtis e Ripley (1975) afirmaram que as espécies de aves variam
bastante quanto à tolerância aos distúrbios produzidos na floresta. Há espécies de aves que são
encontradas apenas em locais profundamente modificados, enquanto outras toleram apenas
pequenas alterações.
Reynolds e Wood (1977) afirmaram que o sistema de monocultivo pode resultar em
instabilidade ou vulnerabilidade a mudanças climáticas, bem como ao ataque de pragas e
doenças, e a perda gradativa da matéria orgânica. Estas considerações indicam que as
alterações na paisagem podem causar impactos negativos sobre a produtividade dos
reflorestamentos em longo prazo.
76
O alto poder de combustão de reflorestamentos em zonas secas significa mais um risco
ambiental da atividade (BNB, 1999). Considerando que as rotações de plantio do eucalipto
variam de seis a sete anos, um incêndio pode ocasionar a perda de anos de investimento
monetário, energético e material. Nos reflorestamentos voltados à produção de celulose, os
impactos dos incêndios são ainda mais preocupantes, uma vez que a elevação acentuada da
temperatura reduz drasticamente o teor celulósico da madeira. Os monocultivos de eucalipto
favorecem a ocorrência de incêndios que podem atingir os fragmentos de vegetação natural e,
conseqüentemente, afetar a fauna e alterar a paisagem. O fogo também leva a perdas
consideráveis de nutrientes e para a microbiologia do solo.
A simplificação do ambiente causada pela substituição da vegetação natural pelos
projetos de reflorestamento gera impactos que transcendem o desmatamento. Esta forte
alteração da paisagem afeta significativamente a fauna, tanto em quantidade quanto em
diversidade. Adicionalmente, estes impactos atingem a sustentabilidade econômica dos
projetos de reflorestamento. Portanto, as correspondentes medidas mitigadoras são eficazes
quando consideram estes desdobramentos.
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O objetivo desta seção é descrever os impactos dos reflorestamentos com eucaliptos
sobre os solos, uma vez que este recurso natural é fundamental para o desenvolvimento dos
plantios e, por conseguinte, para a sua sustentabilidade.
Wasjutin (1951) afirmou que o eucalipto esgota o solo, porque dele absorve nutrientes
sem devolver nada. Ao contrário, Homem (1961) argumentou que o eucalipto melhora a
fertilidade do solo através da extração de nutrientes de camadas inferiores com posterior
devolução às camadas superficiais pela queda das folhas. Entretanto, Lepsch (1980) mostrou
que essa reciclagem, em condições de solo pobre, é bastante improvável, visto que as camadas
inferiores desse solo também são pobres em nutrientes.
Shiva et al. (1991) e Lima (1993) realizaram estudos no sentido de comparar o
desempenho de florestas de eucaliptos e da cobertura vegetal natural. Eles indicam que os
reflorestamentos com eucaliptos são grandes consumidoras de nutrientes, porém inferiores às
áreas ocupadas pela soja e a cana-de-açúcar. O elevado consumo de nutrientes parece explicar
as altas taxas de crescimento das árvores, mas pode se tornar uma ameaça ao capital de
77
nutrientes do solo e à sua própria estabilidade ao longo dos anos. Entretanto, tais estudos não
permitem concluir que os plantios de eucaliptos esgotam as reservas de nutrientes dos solos.
Por outro lado, a quantidade de nutrientes transferida pelos reflorestamentos com
eucaliptos para os solos, através de suas folhas, galhos e cascas, é, geralmente, muito menor
que aquela de uma mata nativa. Isso ocorre principalmente em relação aos elementos
Nitrogênio, Fósforo e Potássio. No caso de elementos como o Cálcio e o Magnésio, ocorre o
contrário (LIMA, 1993). Nas florestas de eucaliptos provavelmente ocorre uma perda de
nutrientes pelo volume e velocidade das enxurradas. Mesmo modestas taxas de erosão no
período entre dois cortes sucessivos podem resultar em perdas de nutrientes tão elevadas
quanto aquelas que ocorrem quando do corte raso das árvores.
Lima (1996) ponderou que o reflorestamento com eucalipto ocupa, em geral, áreas de
solos mais pobres e degradados. O autor concluiu que a ciclagem biogeoquímica de nutrientes
em plantações de eucalipto tem uma função importante para a nutrição das árvores, o que
influencia a produtividade do sítio. O autor ressaltou, ainda, que as altas taxas de crescimento
encontradas na maioria das espécies de eucalipto são responsáveis pelas altas demandas de
nutrientes do solo.
Observações de Johnson et al (1985) permitiram a elaboração da Tabela 3.10, que
mostra os níveis de remoção de nutrientes pela floresta de eucalipto, contrastando-os com os
níveis de retorno ao solo.
Tabela 3.10 - Remoção de nutrientes na exploração convencional de reflorestamentos com eucaliptos (Johnson et al, 1985).
1XWULHQWHV�� 5HPRYLGRV�QD�XWLOL]DomR�LQWHJUDO�GD�iUYRUH�5HPRYLGRV�DSyV����VHPDQDV�GH�VHFDJHP�QR�FDPSR�
5HWRUQR�DR�VtWLR�
������������������������������NJ�KD��������������������������������N 51 14 37 P 3 1 2 K 39 5 34 Ca 29 9 20 Mg 3 1 2
Conseqüentemente, o retorno de nutrientes para o solo é sempre inferior que a sua
remoção pelo cultivo do eucalipto, sobretudo no caso do Nitrogênio, o que implica em uma
contínua adição de nutrientes por meio da aplicação de fertilizantes.
Sob condições de uso e produção, de acordo com Schaefer (2000), a poluição do solo é
definida geralmente como o resultado de contaminação pelo uso excessivo de pesticidas e
78
fertilizantes que levam à contaminação de águas superficiais e do lençol freático. A erosão
dos solos afeta diretamente os recursos hídricos, implicando muitas vezes em eutrofização,
assoreamento e contaminação por resíduos de agrotóxicos e fertilizantes. A mecanização
excessiva, principalmente em solos pouco estruturados, provoca a compactação com menor
infiltração de água e aeração do solo.
Em projetos de reflorestamento, diversos dos fatores mencionados podem resultar em
perdas substanciais de solo por erosão. Entre eles, estão os preparos do solo e o regime de
corte raso ao final do período de rotação. As perdas de solo e de nutrientes tornam-se críticas
tanto do ponto de vista da qualidade da água quanto da manutenção da produtividade. Mesmo
que o risco de erosão dos solos seja menor, tornam-se necessários cuidados na época do corte,
quanto ao arraste de troncos e à exposição dos solos às intempéries, situações que podem
gerar compactação e erosão dos solos (BNB, 1999).
O sistema de monocultivo intensivo está associado ao preparo de solo convencional,
que tem maior potencial degradador (OLIVEIRA, 2000). Entretanto, em reflorestamentos, as
práticas de preparo do solo concentram-se na fase de implantação, em que muitas vezes se
efetua a subsolagem, que consiste na quebra de camadas de impedimento físico sub-
superficiais. Nas rotações seguintes, o solo não é submetido a novos revolvimentos. Portanto,
os efeitos dessas práticas sobre as propriedades dos solos são menos intensos que os
observados na agricultura convencional.
Guerra (1995) analisou os problemas ambientais enfrentados pela Celulose Nipo
Brasileira S.A. (CENIBRA), localizada no município de Belo Oriente, no Estado de Minas
Gerais. Segundo o autor, os solos ficam desprotegidos após o corte das árvores e as estradas
ficam compactadas, provocando o aumento das enxurradas, o assoreamento, o aumento da
carga de sedimentos e piques na vazão dos inúmeros corpos d’ água.
O corte raso das árvores é a forma mais direta e significativa de retirada de nutrientes do
sítio florestal, dada a enorme quantidade de biomassa extraída. As atividades relacionadas ao
corte raso, como as operações silviculturais envolvidas, incorrem em perdas adicionais de
solo e de nutrientes. Segundo Lima (1996), essas perdas indiretas ocorrem por causa do
aumento da erosão, da perturbação da infiltração, e do aumento do escoamento superficial.
Van Hook et. al. (1982) afirmaram que tais perdas podem ultrapassar as perdas diretas de
exportação de nutrientes pela retirada de biomassa. Fonseca (1984) defendeu a manutenção do
sub-bosque sob o eucalipto como forma de aumentar a conservação dos nutrientes.
As eventuais quedas de produtividade podem decorrer do déficit de nutrientes criado
pela exploração intensiva, num regime de curta rotação. Existe uma tendência para se reduzir
79
o período de tempo entre dois cortes sucessivos. Porém, isto poderia aumentar ainda mais a
remoção da biomassa florestal, o que implicaria em um aumento na freqüência das alterações
físicas e de distúrbios nas áreas de plantios.
Karschon (1961) afirmou que o reflorestamento com eucalipto tende a melhorar, ao
longo do tempo, as propriedades químicas do solo. No entanto, Florenzano (1956) sugeriu
uma ação inibidora da serrapilheira de eucalipto sobre a microbiota do solo. Florenzano
(1959), por outro lado, encontrou uma maior quantidade de bactérias nitrificadoras e de
húmus sob eucalipto. Lima (1996) levantou uma série de experimentos realizados nas mais
diferentes regiões, sob condições edafoclimáticas diversas. Os resultados divergem muito para
todos os aspectos estudados: pH, capacidade de troca catiônica, teor de nutrientes. Quanto à
matéria orgânica, a quase totalidade dos estudos indica uma maior acumulação deste elemento
em solos sob eucalipto, em comparação com outras espécies florestais plantadas e com
pastagens.
Van Goor (1985) ponderou que o reflorestamento pode ser uma medida efetiva de
recuperação de áreas degradadas. Os efeitos dessa interação variam quanto à dinâmica do
sistema radicular, às características da serrapilheira, às atividades biológicas do solo, à
interceptação da luz, etc. Segundo o autor, a conjugação desses fatores determina uma
melhoria nas condições gerais do solo, seja qual for a espécie florestal.
Os resultados favoráveis não devem ser confundidos com outros aspectos e efeitos da
silvicultura intensiva sobre as propriedades físicas do solo. Deve ser dada atenção especial à
fase de planejamento. Do contrário, o manejo intensivo pode destruir todo e qualquer efeito
benéfico, e mesmo o próprio solo, inviabilizando a atividade florestal (LIMA, 1996).
A importância do solo para o desenvolvimento dos projetos de reflorestamento obriga as
empresas a investir bastante em pesquisa, cujos resultados norteiam o planejamento e o
manejo dos plantios. Os componentes relacionados à produtividade são privilegiados nessas
pesquisas, mas ainda são necessários estudos mais conclusivos quanto aos aspectos
ambientais do uso produtivo do solo pela silvicultura. Os impactos sobre o solo e os recursos
hídricos estão intimamente ligados e sua compreensão deve ser integrada, refletindo-se na
formulação das estratégias de mitigação.
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80
������5HFXUVRV�KtGULFRV�
Os recursos hídricos estão no centro das discussões mais intensas sobre os
reflorestamentos com eucaliptos e merece especial atenção em um sistema de gestão
ambiental. Esta seção tem como objetivo descrever os impactos da silvicultura do eucalipto
sobre a dinâmica desse componente ambiental.
Krishnamurthy (1984), ao analisar o reflorestamento em larga escala na Índia, apontou o
desmatamento e o aumento da área plantada com eucalipto como as causas das condições de
seca crônica de diversas áreas daquele país. No Brasil, foram levantadas preocupações quanto
a esse risco, por causa da expansão dos reflorestamentos com eucaliptos observada nas
últimas décadas. Tiwari e Mathur (1983) alegaram que uma árvore de eucalipto pode
consumir cerca de 360 litros de água diariamente. Lima (1996) rebateu esta informação,
afirmando que mesmo que a média diária fosse a metade desse valor, ainda assim a
evapotranspiração anual seria de 16.425 milímetros, o que seria um valor astronômico.
De acordo com De Filippo (2000), quando não são utilizadas técnicas adequadas de
conservação do solo, a infiltração da água no solo fica reduzida e o escoamento superficial
torna-se mais intenso. Borg et al. (1988) relataram que a substituição da cobertura florestal
por gramíneas ou por culturas agrícolas pode resultar num aumento significativo da
concentração salina do deflúvio, assim como numa alteração significativa do balanço hídrico.
O reflorestamento na bacia, por outro lado, possibilitaria numa reversão do processo.
As considerações, portanto, apontam para o emprego rigoroso de práticas de
conservação da água e do solo, como forma de mitigar os impactos causados pela substituição
da vegetação natural pelos reflorestamentos sobre os recursos hídricos.
Analisando as características climáticas das áreas destinadas a atividades de
reflorestamento, Franco (1992) descreveu um experimento de dois anos, realizado em Viçosa-
MG, com (XFDO\SWXV�VDOLJQD e 3LQXV�FDULEDH, ambos com 5-6 anos de idade, comparando-os
com a vegetação herbácea natural. No experimento, observou-se que as modificações
produzidas no ciclo hidrológico não foram significativas, muito embora o (XFDO\SWXV tenha
interceptado mais água (12,4%) que o 3LQXV (7,2%).�Alvim (1994) admitiu que existe alguma diferença em consumo de água efetivamente
entre as várias essências florestais, e que isto se deve principalmente a diferenças quanto às
suas respectivas velocidades de crescimento. As espécies de crescimento muito rápido, entre
as quais se destaca o eucalipto, certamente evaporam mais água do que as de crescimento
81
lento. Essas diferenças, entretanto, só se tornam acentuadas durante os dois ou três primeiros
anos após o plantio. Uma vez alcançada a fase adulta, quando as copas das árvores pouco
diferem quanto à densidade de folhagem, quase não se observa diferença nas taxas de evapo-
transpiração entre florestas plantadas e nativas. O que controla o consumo de água de
qualquer tipo de formação florestal que cobre completamente o terreno são as condições
climáticas e edáficas da localidade, principalmente a intensidade e duração da radiação solar,
a temperatura, a umidade relativa, a turbulência do ar e a disponibilidade de água no solo
(ALVIM, 1994).
Uma pesquisa conduzida por Mello (1961), no Estado de São Paulo, comparando o
consumo de água por (XFDO\SWXV�DOED e duas folhosas nativas, o angico vermelho (3LSWDGHQLD�ULJLGD) e a aroeira ($VWURQLXP�XUXQGHXYD), concluiu que as essências nativas apresentavam
um maior consumo de água no inverno e primavera, período de menor umidade no solo. Pelo
contrário, o eucalipto apresentou um maior consumo no verão, período no qual a reposição da
água pelas chuvas é muito elevada, o que não afetou a disponibilidade de água no solo.
Nas regiões tropicais, onde as chuvas são intensas e de curta duração, espera-se que as
perdas que ocorrem durante as chuvas sejam menores, comparadas com aquelas observadas
após a cessação das chuvas. Como o índice de área foliar do eucalipto é inferior que o de
outras espécies, estima-se que a perda total por interceptação do eucalipto seja também menor
(ASTON, 1979).
Os resultados obtidos por estes estudos não confirmam as afirmações de que o eucalipto
causa ressecamento do solo, ou queda na disponibilidade da água no solo. Nos trabalhos
analisados, os índices de consumo de água não diferem significativamente daqueles
apresentados por outras culturas agrícolas, ou até mesmo por espécies da vegetação natural.
Ressalte-se que o eucalipto, por ser uma espécie de rápido crescimento apresenta uma
eficiência acentuada em termos de absorção da água do solo, mas esta característica também
ocorre em diversas culturas agrícolas.
As atividades silviculturais são responsáveis por significativas alterações da qualidade
da água. Hatch et al (1978) analisaram o pH de águas superficiais em bacias experimentais e
encontraram evidências de que diferentes espécies de eucalipto podem afetar a qualidade da
água de forma diferente. Guthrie et. al. (1978) também observaram influências de diferentes
espécies de eucalipto sobre a qualidade da água, relacionadas à precipitação interna e ao
escoamento pelo tronco.
Para Guerra (1995), uma grande quantidade de resíduos de fertilizantes e agrotóxicos
persistentes (herbicidas, formicidas, etc) no meio ambiente utilizados nos plantios são
82
carreados para os corpos d’ água. Entretanto, Lima (1996) sugeriu que o uso do eucalipto pode
promover, com o devido tempo, um adequado controle dos processos de escoamento
superficial, erosão e ciclagem de nutrientes, contribuindo para a melhoria da qualidade da
água produzida pela bacia.
O carreamento de resíduos químicos pela água pode ocorrer através da interceptação da
chuva pela área foliar ou pelo escorrimento superficial no solo. Assim, não se pode dissociar
as práticas de manejo e conservação do solo e da água. O monitoramento dos elementos do
ciclo hidrológico em nível de microbacia hidrográfica fornece informações que orientem estas
práticas.
Outra preocupação comum em relação aos reflorestamentos de eucalipto refere-se ao
risco de alcance do lençol freático pelo sistema radicular das árvores. Em um experimento
estabelecido por Incoll (1979), numa floresta de (��UHJQDQV de 29 anos de idade, verificou-se
que 98% do peso seco do sistema radicular estava nos sessenta primeiros centímetros
superficiais do solo. A raiz pivotante, por sua vez, estendia-se até cerca de 2,60 metros de
profundidade. Ao mesmo tempo, Jacobs (1955) afirmou ter constatado raízes de eucalipto que
cresceram até trinta metros de profundidade.
Nambiar (1981) observou que a compactação do solo condiciona e regula a penetração
das raízes. Krejci et. al. (1986), estudou o sistema radicular de plantações de (��XURSK\OOD, (��SHOOLWD, (��FDPDOGXOHQVLV, (��JUDQGLV, (��FLWULRGRUD e (��FORH]LDQD, no Estado da Bahia, em
áreas de ocorrência natural de plintita. Apenas o (��SHOOLWD e o (��FLWULRGRUD foram capazes de
desenvolver raízes finas ao longo da camada compactada de solo. Os autores recomendaram a
prática da subsolagem sempre que a densidade aparente do solo ultrapassar a marca de 1,45
g/cm3. Dessa forma, a penetração das raízes não encontraria mais impedimentos físicos.
A profundidade do lençol freático varia conforme a paisagem, fazendo com que seja
variável, também, a possibilidade de extração de água pelo sistema radicular. As espécies de
eucalipto utilizadas em reflorestamentos, em sua grande maioria, possuem um sistema
radicular superficial. Lima (1996) defendeu que essa característica favorece a hidrologia do
solo, em face de um padrão anual de recarga e exaustão da água do solo pelas chuvas e pela
transpiração das plantas, respectivamente. Portanto, de acordo com os estudos analisados, a
capacidade de penetração das raízes das espécies de eucalipto utilizadas em reflorestamentos
para produção de celulose não oferece risco ao lençol freático.
A evapotranspiração total de uma cobertura vegetal resulta da combinação entre
transpiração e perdas por interceptação. Esse fator é uma importante componente do balanço
hídrico de uma floresta. De acordo com Lima (1996), aproximadamente 25% da perda total
83
por interceptação é equivalente à transpiração que foi economizada durante a evaporação
direta da água interceptada. Assim, 75% da perda por interceptação significa uma perda por
evaporação que não teria ocorrido se não tivesse chovido (LIMA, 1996).
O consumo total de água é composto de transpiração — processo aparentemente
conservativo — e da interceptação — muito dependente do regime de chuvas da região. As
espécies de eucalipto utilizadas nos cultivos intensivos de curta rotação não diferem de outras
espécies florestais, no que tange ao controle estomático da transpiração. Ao mesmo tempo, as
perdas por interceptação, em valores absolutos, situam-se em patamares semelhantes aos de
outras espécies florestais ou inferiores aos das florestas naturais. Em latitudes menores, a
evapotranspiração anual aumenta, podendo atingir 1.500 mm. Florestas naturais de clima
temperado apresentam valor médio anual que varia entre 1.000 e 1.100 mm para a
evapotranspiração. Em savanas e cerrados, a evapotranspiração média anual chega a 1.000
mm. Nas florestas tropicais, esse valor alcança 1.500 mm (LIMA, 1996).
Portanto, os impactos dos reflorestamentos com eucalipto sobre o ciclo hidrológico,
consideradas as águas superficiais e subterrâneas, variam conforme a proporção das áreas
reflorestadas em relação à microbacia hidrográfica em que estão inseridas. Estes impactos
serão intensificados na época do corte das árvores e transporte da madeira para fora dos
talhões de plantio, por causa da conseqüente exposição do solo.
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�Esta seção apresenta os impactos causados pelo emprego de agrotóxicos na manutenção
dos reflorestamentos com eucalipto, notadamente os formicidas e herbicidas. A aplicação de
outros tipos de agrotóxicos é rara, devido aos altos custos. Assim, muitas vezes se recorre à
catação manual ou simplesmente espera-se até que a praga seja controlada por predadores
naturais. Para o enfrentamento das doenças, nos programas de melhoramento genético são
desenvolvidos clones resistentes ou tolerantes aos patógenos. Estas práticas vêm se mostrando
eficazes, contribuindo para reduzir o volume de agrotóxicos utilizados pela atividade
silvicultural.
Para Schaefer (2000), o impacto do advento dos pesticidas organosintéticos na paisagem
agrícola mundial é uma das maiores preocupações ambientais globais. Eles afetam a
qualidade de vida humana e biológica, através dos efeitos na atmosfera, hidrosfera e solo. Os
84
reflorestamentos com eucalipto formam um sistema frágil e susceptível ao ataque de pragas,
oferecendo todas as condições para um aumento explosivo de insetos.
Todavia, Balch (1960) alertou que o enfoque dado pelos técnicos florestais quanto à
proteção florestal deve ser eminentemente ecológico, baseando-se em métodos econômicos e
duradouros. Complementarmente, Almeida (1987) criticou o manejo florestal classicamente
empregado nas florestas de rápido crescimento, pois as suas práticas freqüentemente têm
causado inconvenientes ao controle biológico de pragas.
De acordo com Guerra (1995), os prejuízos causados pelos ataques das formigas
cortadeiras nos maciços florestais de eucaliptos são enormes e se processam de forma
avassaladora. Mas as iscas granuladas normalmente empregadas no controle das formigas
cortadeiras, se lançadas diretamente no solo, podem ser dissolvidas pela água, contaminando
o solo pela ação do dodecacloro que é incorporado aos vegetais que entra nos ciclos
biológicos. As iscas granuladas podem ainda ser ingeridas por animais silvestres, causando a
sua morte (ALMEIDA, 1987). Grande parte da cadeia alimentar dos ecossistemas está sujeita
à contaminação através da absorção dos pesticidas presentes na água e no solo. Uma vez
dentro da cadeia alimentar, o pesticida é transportado de nível para nível, num processo de
transferência e acumulação.
Os herbicidas são utilizados em reflorestamentos de eucaliptos para combater o
desenvolvimento de espécies indesejáveis (sub-bosque) nos trabalhos de preparo e plantio,
tratos culturais pós-plantio, e na recuperação de áreas já plantadas (GUERRA, 1995). Os
herbicidas são aplicados, mais comumente, quando as ervas invasoras surgem após o
pegamento das mudas. Principalmente no período crítico dos seis primeiros meses de vida das
mudas, os herbicidas têm influência direta na obtenção de melhores níveis de produtividade,
ainda que seu uso signifique um efeito negativo no meio ambiente. Guerra (1995) mencionou
estudos que mostram os efeitos negativos dos herbicidas em pequenos animais, como
minhocas e microorganismos presentes nos solos. Zanzini e Prado Filho (2000) afirmaram
que os herbicidas são compostos menos tóxicos que os pesticidas e, aparentemente, não
exibem a capacidade de biomagnificação.
Os aspectos ambientais referentes ao uso de agrotóxicos estão ligados principalmente à
qualidade dos recursos hídricos e do solo, e à fauna silvestre. As estratégias de mitigação dos
impactos associados a esses elementos devem, portanto, ser integradas.
85
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A adubação dos solos é responsável pelo maior aporte de insumos externos nos
reflorestamentos com eucaliptos, principalmente naqueles localizados nos solos do Grupo
Barreiras da RLN. Esta seção apresenta os impactos causados pela adição dos principais
nutrientes ao sistema produtivo por meio da adubação.
O Nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais importantes tanto para as plantas quanto para
os microrganismos. O seu uso intensivo na forma de fertilizantes é extremamente necessário,
mas muitos impactos ambientais potencialmente sérios têm sido mostrados. O uso intenso de
fertilizantes nitrogenados pode aumentar a participação do nitrato no ciclo do N. O nitrato
pode ser reduzido a nitrito nos solos, cuja redução microbiana anaeróbia leva à formação de
amônia, óxido nítrico, óxido nitroso e N elementar, elementos que sobem à estratosfera e
contribuem para a destruição da camada de ozônio da atmosfera. O Fósforo (P) é essencial
para as formas de vida e não apresenta efeitos tóxicos conhecidos. A principal preocupação
associada ao P no ambiente é seu efeito na eutrofização de ecossistemas aquáticos e da água
de consumo. O Enxofre (S) é um elemento essencial para todos os organismos vivos e ocorre
naturalmente em várias formas orgânicas e inorgânicas no ciclo global. As preocupações
ambientais relacionadas ao S são: deposição ácida, acidez nos solos e contaminação do lençol
freático. Os elementos-traço normalmente estão presentes em concentrações relativamente
baixas, nos solos ou nas plantas e referem-se aos micronutrientes e metais pesados. A erosão
do solo é o mecanismo principal por meio do qual os elementos-traço são transferidos dos
solos para os ambientes aquáticos (SCHAEFER, 2000).
Zanzini e Prado Filho (2000) concluíram que a grande maioria dos fertilizantes
utilizados não oferece riscos significativos para a fauna silvestre. Porém, aqueles aplicados na
forma de granulados são geralmente confundidos com sementes ou ração e, dessa forma,
ingeridos por pássaros, causando mortalidade.
Os impactos causados pela adição de fertilizantes podem ser ampliados e intensificados
principalmente a partir do dimensionamento ou do manejo incorretos. Por conseguinte, o
monitoramento dos teores de nutrientes no solo é fundamental para se evitar uma agudização
desses impactos. O entendimento da integração dos aspectos ambientais da aplicação dos
fertilizantes com outros aspectos ambientais (recursos hídricos, solo, fauna, vegetação natural)
promove a eficácia das medidas mitigadoras.
86
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Este capítulo tem como objetivo caracterizar a área de estudo em que se concentrou a
pesquisa. Para tanto, partiu-se do processo de introdução dos reflorestamentos com eucalipto
na RLN, passando pelas principais características da região, até a descrição da área de estudo
e das principais práticas empregadas na sua gestão.
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Nesta seção, estruturou-se uma contextualização da atividade florestal na RLN, sob a
perspectiva histórica e geográfica.
De acordo com Ladeira (1992), a exploração irracional dos recursos florestais do Brasil
começou na época de seu descobrimento, por meio da atividade extrativista do pau-brasil, no
século XVI. Esta situação perdurou ao longo da história brasileira. As florestas eram vistas
como bens inesgotáveis a até mesmo como empecilho para o desenvolvimento de outros
setores, principalmente o agrícola. Sampaio (1975) concluiu que foi em São Paulo que
ocorreram os primeiros plantios de eucalipto no Brasil.
A formação de povoamentos florestais com fins econômicos originou-se no início do
século XX. As locomotivas do sudeste brasileiro, região que já se destacava por causa da
força econômica da cultura do café, começaram a substituír o carvão vegetal pela lenha.
Nessa época, conforme dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (1990), a Companhia
Paulista de Estradas de Ferro promoveu a introdução de espécies do gênero (XFDO\SWXV na
região de Rio Claro, Estado de São Paulo, que tinha como finalidade a produção de
dormentes, postes telegráficos e lenha para as suas locomotivas. De acordo com Dean (1996),
a região de Ribeirão Preto tinha mais de trezentas serrarias em 1903, com a maior parte de sua
produção direcionada às ferrovias. Além do consumo anual de 2,4 milhões de m3 de madeira
para a queima, havia a necessidade de dormentes.
Apesar dos diversos elogios ao trabalho de Navarro, desde as primeiras décadas do
século XX, ocorreram críticas ao reflorestamento com eucaliptos. As objeções estavam
ligadas, em sua maioria, à exoticidade e ao elevado consumo de água pela espécie. Tais
manifestações não haviam acontecido em relação aos cítricos, ou ao café — ambos exóticos;
87
ou à cana-de-açúcar — também grande consumidora de água devido ao rápido crescimento
(LIMA, 1996).
A substituição da floresta nativa pelos maciços homogêneos de eucalipto era uma
transformação que incomodou que antes não se preocupava com o desaparecimento da Mata
Atlântica. Talvez isso significasse um ceticismo em relação aos novos imperativos científicos
que justificavam o manejo tecnocrata dos recursos naturais. Não existiam argumentos
defensáveis contra essa tentativa de apropriação, mas havia a percepção de que ela poderia
acarretar mudanças e não necessariamente para melhor.�Até o princípio da década de 1960, os plantios ficaram restritos a um número pequeno
de empresas, o que fazia com que o consumo madeireiro do País fosse atendido,
essencialmente, por matéria-prima originária de formações nativas. O Código Florestal, em
vigor a partir de 1965, previa o reflorestamento incentivado. Mas o impulso decisivo para a
ampliação das áreas de plantios foi dado com a promulgação da Lei Federal nº 5.106, de 02 de
setembro de 1966, que criou os incentivos fiscais. Esse instrumento legal permitia às pessoas
físicas e jurídicas a dedução de até 50% do valor do imposto de renda devido para a aplicação
em projetos florestais. Essa lei configurou-se no marco legal da implementação da política
florestal brasileira (CHICHORRO, 1987). Reis e Reis (1993) chamaram a atenção para a
contradição gerada por essa política, cujo objetivo foi promover o uso da madeira proveniente
de reflorestamento, para justamente reduzir o desmatamento. Contudo, o interesse na
obtenção de vantagens financeiras a partir dos incentivos fiscais promoveu, em muitas regiões
do País, a substituição indiscriminada da vegetação natural pelos reflorestamentos.
Entre 1967 e 1987, vigorou o Fundo de Investimentos Setoriais (FISET), que deu
suporte a muitos projetos de reflorestamento. Com a edição da Lei Federal nº 1.376, de 12 de
dezembro de 1974, os objetivos desses projetos florestais começaram a ser mais bem
definidos. Tais projetos foram incorporados a prioridades específicas, como o Programa
Nacional de Papel e Celulose e o Plano Nacional de Carvão Vegetal (REIS E CARNEIRO,
1982). Carvalho Neto (1988) afirmou que essa política determinou que os programas fossem
realizados por grandes empresas e com pouca participação dos pequenos agricultores. Esta
diretriz acompanhou a conjuntura político-econômica da época, em que o Estado promovia os
empreendimentos de grande porte, na maioria das vezes capitaneados por ele mesmo, e
algumas vezes por grandes empresas.
Era a década do PLODJUH�EUDVLOHLUR, na qual o entendimento era de que esta seria uma
forma de estimular as indústrias a continuar investindo em programas de desenvolvimento. A
intervenção do Governo Federal, através dessa arrojada política de estímulo ao
88
reflorestamento, foi fundamental para a formação e expansão de gigantescas áreas cobertas
com maciços florestais de eucaliptos, os chamados PDFLoRV�YHUWLFDOL]DGRV, ou seja, da floresta
direto para indústria (GUERRA, 1995).
A meta do programa de incentivos fiscais era reflorestar dois milhões de hectares até o
ano de 1978, mas surgiram vários problemas. Os grandes maciços florestais passaram a ser
criticados por estarem ocupando áreas agricultáveis e competiram com a produção de grãos,
principalmente de alimentos básicos como o milho, feijão e arroz. No ano de 1966, a área
total reflorestada girava em torno de seiscentos mil hectares plantados, e alcançou 3,3 milhões
de hectares plantados em 1978 (LADEIRA, 1992).
Segundo Campinhos Junior (1992), durante o período de vigência dos incentivos, o
plantio industrial de eucalipto no Brasil alcançou a marca de 3,23 milhões de hectares. O
Brasil detinha, nessa época, reservas reflorestadas em torno de 6,5 milhões de hectares. No
ano de 1988, se contabilizava 3,25 milhões de hectares ocupados com eucaliptos (AZEREDO,
1988; LEITE, 1988; SILVA et al, 1991).
De acordo com Salomão (1993), o Brasil possuía, em 1991, um total de 6,6 milhões de
hectares de reflorestamentos, onde a área ocupada com o gênero (XFDO\SWXV, mantinha-se
próxima a três milhões de hectares. Cerca de 43% destas áreas estavam situadas nos estados
de Minas Gerais e Espírito Santo, contando o primeiro com cerca de 2,6 milhões de hectares
de florestas plantadas (REIS et al., 1994).
Segundo Reis e Reis (1993), ocorreram vários problemas de natureza operacional nos
projetos de reflorestamento implantados na época dos incentivos fiscais, destacando-se:
insuficiência de trabalhos científicos; planejamento inadequado do uso da terra; escolha
inadequada da espécie ou procedência; uso de técnicas inadequadas de implantação; e falhas
nas políticas públicas. Os projetos de reflorestamento daquela época pecavam,
conseqüentemente, pela falta de planejamento específico em relação aos habitats favoráveis à
fauna silvestre, assim como pela não consideração dos aspectos ambientais. Por outro lado,
outros fatores fizeram com que a atividade do reflorestamento tivesse um bom
desenvolvimento, em termos de produção madeireira, quando comparadas com outros países.
O Governo Federal reagiu a essa situação editando o Decreto-lei nº 79.046, em 27 de
dezembro de 1976, que delimitou as áreas para os novos plantios incentivados. Foram criadas,
então, as chamadas Regiões Prioritárias para Reflorestamento ou Distritos Floresta-Indústria
(GUERRA, 1995). Um desses distritos foi o Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia
(DFLN), onde estão localizados os projetos de reflorestamento com eucaliptos da COPENER.
89
O cancelamento dos incentivos fiscais ocorreu por meio da Lei nº 7.714, de 29 de
dezembro de 1988. A partir daí, o setor atuou apenas com recursos próprios. A legislação
sobre o abastecimento das indústrias consumidoras de matéria-prima florestal levou as
empresas a avaliar os seus reflorestamentos sob uma ótica que questionava se esta cultura era
responsável para a sobrevivência de sua indústria.
Em 1996, a área ocupada com florestas plantadas no Brasil correspondia a 6,5 milhões
de hectares. Os plantios se concentraram nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e no Estado da
Bahia, abrangendo áreas de domínio dos biomas Mata Atlântica e Cerrado (SOUZA, 1992;�ANFPC, 1994; ABRACAVE, 1997). A Figura 4.1 apresenta o desenvolvimento da área
reflorestada no Brasil, entre 1969 e 1994.
Figura 4.1���Áreas reflorestadas no Brasil (SBS, 2003).
Ao final de 2003, o setor de papel celulose contava com 220 empresas, afetando 450
municípios de 16 estados, nas cinco regiões brasileiras, gerando cem mil empregos diretos nas
indústrias e florestas (SBS, 2003). Em 2003, o setor exportou 2,8 bilhões de dólares, gerando
90
um saldo comercial de 2,3 bilhões de dólares. O faturamento do setor alcançou a cifra de 21
bilhões de reais, e o montante de impostos recolhidos pelo setor chegou a 2,1 bilhões de reais.
A produção brasileira de celulose cresceu 13,5% entre 2002 e 2003. Esses números
correspondem à produção de 9,1 milhões de toneladas de celulose (sétima posição mundial) e
7,8 milhões de toneladas de papel (11ª posição mundial). O eucalipto representou 69% da área
de 1,5 milhão de hectares, plantada em 2003. Os programas ambientais do setor abrangiam,
até 2003, em 1,5 milhão de florestas nativas preservadas e cultivadas, e promoveram a
reciclagem anual de três milhões de toneladas de papel (BRACELPA, 2003).
Com a previsão das ampliações de duas fábricas de celulose no Estado da Bahia (Bahia
Sul e Bahia Pulp) e do início da operação da fábrica da VERACEL, a produção anual baiana
saltará de 615 mil toneladas para 2,92 milhões de toneladas, o que pode colocar o Estado na
posição de maior produtor nacional de celulose. A Bahia Pulp, única das três fábricas que
produz celulose solúvel, prevê uma expansão na produção atual de 115 mil toneladas/ano para
360 mil toneladas/ano. Esses números permitem deduzir que a demanda por biomassa
(eucalipto) também crescerá em igual ordem, acarretando uma correspondente ampliação dos
impactos sócio-ambientais associados aos reflorestamentos que abastecem as fábricas de
papel e celulose.������$�5(*,2�'2�/,725$/�1257(�'2�(67$'2�'$�%$+,$�
A Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia
(SEPLANTEC), órgão responsável pelo planejamento social e econômico baiano, definiu a
Região Econômica Litoral Norte como uma das quinze Regiões Econômicas do Estado.
Localiza-se na costa norte do Estado, tendo, portanto, o Oceano Atlântico como limite leste.
Mantém fronteiras, ao norte, com o Estado de Sergipe e parte da Região Econômica do
Nordeste (da Bahia); ao sul, com a Região Metropolitana de Salvador e, a oeste, com as
Regiões Nordeste (da Bahia), Paraguaçu e Recôncavo Sul (SEPLAN, 2003).
Na divisão político-administrativa vigente, a RLN compreende vinte municípios:
Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Entre Rios,
Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Jandaíra, Mata de São João, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio
Real, São Sebastião do Passé e Sátiro Dias (Figura 4.2).
De acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (2003), a concentração
de terras no Estado da Bahia data do processo de colonização, ocorrido no século XVI. A
91
colonização baiana e a ocupação progressiva do território se constituíram em um
empreendimento mercantil, baseado na grande propriedade. Tem-se o aspecto da exploração
econômica como importante na determinação da estrutura fundiária do Estado da Bahia.
Outros aspectos são os fatores naturais (clima, recursos hídricos, relevo, solo, fauna e flora),
históricos e sócioculturais.
A ocupação inicial da Região do Litoral Norte foi determinada pela colonização
portuguesa, no século XVII, por intermédio da cultura da cana-de-açúcar. Naquela época
originou-se a situação fundiária que prevaleceu nos séculos seguintes, com a instalação das
sesmarias, que se foram dividindo por herança e aquisições. Também ocorreram abandonos,
sucedidos por ocupações por posseiros (moradores antigos, ex-escravos) e esse processo
ocorreu sem registros cartoriais (MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL RURAL DE
ALAGOINHAS, 1988).
Para uma melhor caracterização, a Região Econômica foi dividida pela adiminstração
estadual, em três sub-regiões: Recôncavo Norte, Litoral Norte e Agreste de Alagoinhas, em
ordem decrescente de antiguidade de ocupação (SEPLAN, 2003).
A sub-região Recôncavo Norte, reunindo os municípios de Catu, Itanagra, Mata de São
João e Pojuca, é a que apresenta a maior densidade demográfica dentro da Região do Litoral
Norte. A sua ocupação esteve ligada à produção de cana-de-açúcar, servindo como área
secundária de expansão desta cultura, ao passo que também desenvolvia a pecuária extensiva
(SEPLAN, 2003).
A sub-região Litoral Norte agrupa os municípios de Entre Rios, Esplanada, Cardeal da
Silva, Conde e Jandaíra. Seu solo não favorecia o desenvolvimento da agricultura, limitada a
algumas plantações de mandioca e coco, este último da faixa litorânea. Com baixa densidade
demográfica, esta sub-região destacou-se pela pecuária extensiva (SEPLAN, 2003).
A sub-região do Agreste de Alagoinhas é formada pelos municípios de Acajutiba,
Alagoinhas, Aramari, Araçás, Inhambupe, Ouriçangas, Rio Real e Sátiro Dias, além de quatro
outros municípios (Olindina, Crisópolis, Água Fria e Irará) não pertencentes à Região do
Litoral Norte. A sua estrutura produtiva mais diversificada e os solos de melhor qualidade
permitiram modos mais adensados de assentamento populacional, mesclando pecuária e
pequena agricultura (SEPLAN, 2003).
Historicamente, a economia da Região do Litoral Norte esteve atrelada a ciclos
produtivos do estado (cana-de-açúcar, coco, citricultura, petróleo, madeira e turismo),
apresentando um caráter de complementaridade em relação à economia da capital e do
Recôncavo Baiano.
92
O século XIX foi marcado pela decadência do açúcar e pelo surgimento da indústria de
bens de consumo, alimentar e têxtil, articulada com o processo de urbanização do Recôncavo.
As primeiras décadas do século passado foram caracterizadas pelo crescimento da citricultura.
A partir da década de 1950, o incremento da atividade petrolífera redefiniu o papel dessa
região na economia do estado e alterou a composição social da região (SEPLAN, 2003).
O turismo começou a ser explorado nos anos 1970, a partir da pavimentação da rodovia
BR-101. Mesmo assim, o turismo limitava-se ao caráter de veraneio e excursões, devido à
precariedade da infra-estrutura dos povoados. Entre as décadas de 1980 e 90, com a
construção da Estrada do Coco e da Linha Verde, intensifica-se a condição de região de
passagem, com o fluxo norte-sul. As demandas do turismo aqueceram a economia local,
possibilitando a oferta de novos produtos e serviços, e o estímulo aos já existentes.
Desde 1960, os maiores índices de concentração fundiária do Estado da Bahia eram
encontrados nas seguintes regiões econômicas: Baixo Médio São Francisco, Recôncavo,
Barreiras, Litoral Norte e Chapada Diamantina (SEAGRI, 2003). Assim, a atividade florestal,
ao ser introduzida na RLN, encontrou uma estrutura fundiária já caracterizada pela
concentração.
O surgimento da extração de madeira como atividade econômica significativa na região
foi ocasionado pela crise do petróleo, ocorrida no início da década de 1970. O carvão vegetal
foi eleito pelo Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC) e pelo Centro Industrial de
Aratu (CIA) como fonte energia substituta do óleo diesel nas caldeiras de produção de vapor
para as indústrias instaladas nesses complexos. Em 1976, foi criado o Distrito Florestal do
Litoral Norte (DFLN), visando a fornecer madeira a esses pólos industriais.
Na época de sua criação, o DFLN agrupava 17 municípios da Região do Litoral Norte
(denominação administrativa do governo estadual), excluídos Pedrão, São Sebastião do Passé
e Araçás (que ainda não existia, tendo sido desmembrado do município de Alagoinhas); e
mais quatro outros municípios da Região Nordeste: Olindina, Crisópolis, Água Fria e Irará
(Figura 4.3) (SEPLAN, 2003). Nesses 21 municípios, o polígono delimitado pelo DFLN
compreendia inicialmente 763.000 ha, mas atualmente ocupa 130.000 ha. No total, são cinco
empresas que atuam no DFLN: SIBRA Florestal e FERBASA (carvão vegetal), Indústria de
Papéis Santo Amaro (papel e papelão), DURAFLORA (madeira) e COPENER (papel e
celulose) (COPENER, 1982; 2003).
Os reflorestamentos implantados pelas primeiras empresas a se instalar no DFLN
causaram impactos significativos na realidade sócio-econômica regional. A concentração de
terras aumentou, acentuou-se o predomínio da monocultura, pequenos agricultores se
93
tornaram assalariados rurais, bóias-frias, biscateiros e desempregados que posteriormente
emigravam para as periferias das cidades da região (SEPLAN, 2003). A instalação da maioria
dessas empresas no DFLN foi motivada pelo programa de incentivos fiscais.
No final dos anos 1980, os reflorestamentos começaram a despertar o interesse de
empresas do setor de papel e celulose. O plano estratégico de ação do governo estadual para o
período 1988-1991 previa grandes investimentos e incentivos fiscais para o setor. Essa
reestruturação da dinâmica espacial criou uma nova identidade regional, em que o
reflorestamento aparece como a atividade produtiva mais adequada do que as antigas
atividades, consideradas atrasadas e pouco rentáveis (SEPLAN, 2003). Nessa época, a
COPENER, antes instalada para produzir biomassa, começa a mudar seu foco produtivo para
a celulose.
Em resumo, as características principais da história da região onde se insere o DFLN,
relacionadas à sua ocupação e à conseqüente modificação da paisagem, são: a) na
colonização, os solos foram ocupados pela cana-de-açúcar e a pecuária extensiva; b) em
seguida, vieram a cultura do coco, citros e maracujá, além das lavouras de subsistência,
responsáveis pelo abastecimento das feiras livres locais; d) as fortes modificações que
ocorreram nas décadas de 1950 e 1960, devido à atividade petrolífera; e) a implantação dos
reflorestamentos industriais, iniciada a partir da década de 1970, e os seus impactos; e f) a
intensificação do turismo, a partir da década de 1980.
No ano de 2000, a RLN figurava entre as regiões econômicas do Estado da Bahia com
menores populações, abrigando 530.898 habitantes, cerca de 4% do total estadual (IBGE,
2000). No período 1980-1991, o ritmo de crescimento demográfico regional era bastante
inferior ao estadual. No período 1991-2000, a situação se inverteu. A RLN apresentou a
quarta maior taxa de crescimento populacional, superior à taxa estadual. A RLN tem 12.174
km2, correspondendo a 12,16% do território estadual. A sua densidade demográfica em 2000
era de 43,61 hab/km2, colocando a região entre as quatro mais densamente povoadas do
Estado (SEPLAN, 2003).
Em termos de população urbana, a Região do Litoral Norte apresentou, em 2000, um
contingente de 356.347 pessoas, o que significa que 67,12% de sua população reside em áreas
urbanas. A Região do Litoral Norte foi uma das duas únicas regiões do estado que
apresentaram taxas positivas de crescimento da população rural para esse período, mesmo
com a diminuição do território considerado como rural, com alterações na base espacial
urbano-rural de alguns municípios (SEPLAN, 2003). Estas alterações foram motivadas pela
expansão urbana e a conseqüente revisão dos planos diretores e dos perímetros urbanos dos
94
municípios. Isto indica que existem processos na RLN que favorecem a permanência da
população no campo, apesar das dificuldades já relatadas.
O comportamento climático regional é bastante complexo, decorrente da conjugação
de diferentes sistemas de circulação atmosférica. Esta complexidade não se traduz em
variações térmicas, mas sim, na precipitação pluviométrica anual, que se reduz de 2.000 mm
até 700 mm quando se desloca no sentido do litoral para o interior. Outro fator marcante é a
variabilidade anual de intensidade de precipitação. A ocorrência de chuvas está associada ao
período de outono–inverno (abril a agosto), podendo ocorrer instabilidades locais nos meses
de novembro e dezembro (chuvas de verão) (COPENER, 2003).
Esta região é dominada por ventos que sopram do leste. Essas correntes de ar dividem-
se em: a) frentes de alta intensidade que vêm do sul, durante os meses de maio a julho, com
maior densidade do ar frio, resultando nas chuvas de inverno ao longo do litoral até os limites
da Chapada Diamantina; b) perturbações oriundas do leste, originadas dentro do anticiclone
tropical, sob forma de pseudofrentes, permitindo a mistura de suas camadas de ar, com chuvas
que anunciam sua passagem, sendo mais intenso no inverno, secundário no outono e quase
inexistente na primavera e verão; c) linhas de instabilidades tropicais que vêm do oeste,
geradas no interior de Massa Equatorial Continental e responsáveis pelas chuvas de verão,
denominadas comumente de trovoadas (NIMER, 1989).
Essas correntes de ar dividem-se em: a) frentes de alta intensidade que vêm do sul,
durante os meses de maio a julho, com maior densidade do ar frio, resultando nas chuvas de
inverno ao longo do litoral até os limites da Chapada Diamantina; b) perturbações oriundas do
leste, originadas dentro do anticiclone tropical, sob forma de pseudofrentes, permitindo a
mistura de suas camadas de ar, com chuvas que anunciam a sua passagem, sendo mais intenso
no inverno, secundário no outono e quase inexistente na primavera e verão; c) linhas de
instabilidades tropicais que vêm do oeste, geradas no interior de Massa Equatorial Continental
e responsáveis pelas chuvas de verão, denominadas comumente de trovoadas (Figura 4.4)
(COPENER, 2003).
A temperatura média anual é de 24 ºC, ficando a média das máximas entre 29º e 30ºC
e das mínimas ao redor de 18 e 22 ºC. A umidade relativa do ar situa-se entre 70 a 82% Os
climas da região se classificam como 3dTh (faixa litorânea) e 5cTh para o restante do DFLN
(COPENER, 2003).
95
Figura 4.2 – Localização da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (CRA, 2003).
96
Figura 4.3 – Configuração do Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia, 2003.
As chuvas concentram-se no período de abril a julho, com ocorrência de um pequeno
pico secundário em novembro/dezembro. As precipitações médias anuais variam de 700 a
2.000 mm/ano, do interior para o litoral. As concentrações pluviométricas no período de
outono-inverno e pico secundário em novembro/dezembro ocorrem por influência dos
sistemas meteorológicos intertropicial e polar� (NIMER, 1989). Além da variação da
precipitação dentro da RLN, a variabilidade interanual é acentuada, como está mostrado na
Tabela 4.1, através dos balanços hídricos anuais de dois postos meteorológicos pertencentes à
COPENER. O posto meteorológico Quatis está localizado no setor administrativo leste da
empresa e serve de referência para as observações das áreas próximas ao litoral. O posto
meteorológico Salgado fica no setor administrativo oeste, em localização mais interiorana.
97
Tabela 4.1 - Médias anuais e desvio padrão nos componentes climáticos monitorados nos postos meteorológicos de Quatis e Salgado, pertencentes à COPENER, 1985-1994 (COPENER, 2003). 3RVWR�PHWHRUROyJLFR� 7(03���&� 337�PP� (73�PP� (75�PP� '()�0P� (;&�PP�Quatis 25.7 + 0.6 1335 + 465 1461 + 76 1092 + 200 369 + 233 242 + 327 Salgado 25.2 + 0.7 950 + 319 1396 + 85 913 + 244 482 + 247 39 + 101
Temperatura (TEMP), Precipitação (PPT), Evapotranspiração potencial (ETP), Evapotranspiração real (ETR), Deficit hídrico (DEF) e Excedente hídrico (EXC).
Os componentes climáticos relacionados ao ciclo hidrológico são os que apresentam
maior variabilidade, visto que as amplitudes observadas e os respectivos desvios padrão das
médias são acentuados. Estas variações também são constatadas quando se compara os
números dos dois postos meteorológicos, e considerando-se sua localização. A temperatura é
o componente que apresenta maior uniformidade. O desvio padrão é inferior a 1ºC, nas duas
áreas, e os valores são bem próximos. A temperatura média anual também é muito semelhante
nas duas áreas.
O quadro geológico dos tabuleiros da zona costeira é caracterizado por sedimentos
terciários que compõem o Plioceno superior do Grupo Barreiras, com uma elevação de
cinqüenta a sessenta metros em relação ao nível do mar, aumentando mais um pouco em
direção ao interior. Os locais onde a planície dos tabuleiros se estende sobre superfícies
planas, compostas de rochas cristalinas alteradas, apresenta uma capa de solo afetada pelas
intempéries até uma profundidade de dez a quinze metros (REZENDE, 2000).
Segundo Quintas (1970), o Grupo Barreiras é geologicamente caracterizado por
depósitos clásticos de granulação fina e grosseira. É composto de argila, siltitos, arenitos e
conglomerados, ligeiramente consolidados, com uma coloração variando de rosa ao vermelho
púrpura. A espessura do Grupo Barreiras varia bastante, desde uma simples capa de
revestimento até uma profundidade que pode alcançar cento e cinqüenta metros.
Os solos da região são formados a partir de material de origem sedimentar do Terciário-
Quaternário, pertencentes ao Grupo Barreiras, predominando arenitos com intercalações de
folhelhos e conglomerados (REZENDE, 2000).
A constatação da variabilidade dos solos dentro de uma mesma zona climática implica
em diferentes níveis de produtividade dos cultivos, sendo preciso compatibilizar o nível de
manejo a cada situação edáfica particular. Os reflorestamentos sob estudo encontram-se
implantados sobre Podzólicos, Latossolos e Areias Quartzosas. Nos relevos ondulados há
predominância dos Podzólicos Vermelho Amarelo e nos relevos planos (tabuleiros) e suave
98
ondulados ocorrem os Latossolos e Podzólicos amarelo, associados ou não a Areias
Quartzosas. Os Podzólicos Acinzentados ocorrem nas rampas inferiores dos tabuleiros e áreas
abaciadas com drenagem imperfeita. Próximo ao litoral, ocorrem Areias Quartzosas marinhas.
O DFLN abrange diferentes unidades fisionômicas em sua cobertura vegetal, reflexos
dos tipos de solo, clima e relevo a que se subordinam. De acordo com a variação
edafoclimática, a vegetação também varia. Assim, as terras mais interiores apresentam
cobertura vegetal natural composta de espécies mais adaptadas a menores pluviosidades.
Inversamente, as áreas mais próximas do litoral apresentam uma cobertura vegetal associada à
maior pluviosidade.
A vegetação original da RLN caracteriza-se pelas seguintes coberturas florísticas:
Floresta Ombrófila Densa, Formações Pioneiras com influência fluvio-marinha arbórea,
Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado Arbóreo Aberto (sem floresta de galeria), Restinga
Arbórea, Caatinga Arbórea Aberta com palmeiras, Formações Pioneiras Arbustivas
(Restinga), e Áreas de Tensão Ecológica (Contato Floresta Ombrófila-Cerrado e Floresta
Estacional-Cerrado) (ALCÂNTARA, 1991).
�����26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172�'2�%/2&2�$/7$0,5$�
A área de estudo deste trabalho de pesquisa corresponde aos projetos de reflorestamento
com fins industriais da COPENER, implantados em 1998 e 1999, com espécies do gênero
(XFDO\SWXV, denominados Altamira I, Altamira II e Altamira III. Os três projetos formam o
Bloco Altamira e estão instalados no município de Conde, nos arredores da Vila de Altamira.
Estes são os únicos projetos administrados pela COPENER neste município. Segundo o IBGE
(2003), o município de Conde tem uma área de 95.400 ha e 20.426 habitantes, com 9.934
deles (48,63%) habitando a zona rural. De acordo com as observações realizadas, a
comunidade da Vila de Altamira, em que existe uma associação de agricultores, pratica
basicamente uma agricultura familiar de baixo nível tecnológico (milho, feijão e mandioca) e
a criação de pequenos animais (aves e suínos). Alguns moradores trabalham em empresas
reflorestadoras, em atividades sazonais, por intermédio das empresas prestadoras de serviço.
Existem, também, pessoas da comunidade que trabalham em serviços relativos ao turismo.
Nas áreas do Bloco Altamira, foram implantadas anteriormente espécies do gênero
3LQXV por outra empresa, a Duratex Florestal Ltda (DURAFLORA), compreendendo uma área
99
de plantio de 2.366,16 ha e 177,76 ha ocupados por aceiros. A Tabela 4.2 sintetiza a formação
do Bloco Altamira.
Tabela 4.2 - Formação do Bloco Altamira, da COPENER, 2003.
3URMHWR� ÈUHD�GH�SODQWLR��KD�� ÈUHD�GH�DFHLURV��KD�� ÈUHD�WRWDO��KD��Altamira I 1.040,62 69,51 1.110,13 Altamira II 518,18 30,97 549,15 Altamira III 807,36 77,28 884,64 Total 2.366,16 177,76 2.543,92
A temperatura média anual da região é de 250 C, ficando a média das máximas em torno
de 290 C e a média das mínimas em 220 C. As temperaturas mais baixas acontecem quando da
penetração das massas polares, nos meses de inverno. A média de amplitude térmica anual é
inferior a 50 C, evidenciando a estabilidade climática no tocante aos condicionantes térmicos.
As médias anuais de precipitação pluviométrica têm uma grande variação no DFLN. A
pluviometria média anual da área onde se insere o Bloco Altamira mensurada desde 1952 é de
1.427 mm. As chuvas são bem distribuídas, sendo o período de março a agosto de maior
pluviometria, representando 70,3% do total médio precipitado. No restante dos meses, a
pluviometria é superior a 60 mm, sendo inferior a este índice apenas o mês de outubro, com
59 mm. O clima foi classificado como subúmido a úmido (COPENER, 2003). A Figura 4.4
mostra a localização dos projetos Altamira I, II e III, em relação à Vila de Altamira e às duas
cidades mais próximas, e a Figura 4.5 é uma representação gráfica do balanço hídrico da
região.
Confrontando-se evapotranspiração potencial (EP) e pluviometria, o balanço hídrico da
área indica um período de deficiência hídrica da ordem de 185 mm que vai de dezembro a
março, seguido de um período de reposição de água no solo de 125 mm, ocorrendo de abril a
maio, meses de maior pluviometria. Isto acarreta, para o período de maio, junho, julho e
agosto um total de 317 mm de excedente hídrico, por serem estes os meses de menor
requerimento de água pelo solo, em função dos baixos índices de EP. Em seguida, em função
de um menor índice pluviométrico e maiores taxas de EP, começa o período de retirada de
água do solo que vai de setembro a dezembro. Para a cultura do eucalipto, em solos sem
impedimentos físicos ao crescimento das raízes, e com teores médios a altos de argila, a
capacidade de retenção de água deverá suplantar 180 mm, reduzindo o déficit hídrico para
valores abaixo de 100mm.
100
Esplanada
Pedras
EntreRios
Cardealda Silva
Boa Vista
Palame
Baixios
Mulungú
Cangurito
Altamira
Lagoa Redonda
38º0
0’38
º00’
12º00’12º00’
R
p
io
e
I hn ambu
Rio Inhambupe
Ri o I tap ci uru
Rio I tap ci uru
� ��
Figura 4.4 – Localização dos projetos do Bloco Altamira, em relação à Vila de Altamira e às cidades de Esplanada e Cardeal da Silva (COPENER, 2003).
101
0 0
20 20
40 40
60 60
80 80
100 100
Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
120 120
140 140
160 160
180 180
200 200
220 220
ALTAMIRA (CONDE - BA)
/(*(1'$DEFICIÊNCIA RETIRADA
EXCEDENTE
P EP
REPOSIÇÃO.
ER
Figura 4.5 – Representação gráfica do balanço hídrico da região de Altamira (COPENER, 2003).
102
Os remanescentes da vegetação natural existentes nas áreas dos três projetos
correspondem às coberturas florísticas de Floresta Ombrófila Densa e às Áreas de Contato
Floresta Ombrófila-Cerrado e Floresta Estacional-Cerrado (COPENER, 2003).
A Floresta Ombrófila Densa é constituída por fanerófitas ombrófilas sem resistência à
seca. Sua folhagem é sempre verde, podendo apresentar no dossel superior, árvores sem
folhas durante alguns dias. Ocupa áreas próximas ao litoral, com um curto período seco (de 0
a 4 meses), durante o ano e temperatura acima de 250C. O estrato superior apresenta árvores
com altura que variam entre vinte e trinta metros. As Áreas de Contato Floresta Ombrófila-
Cerrado e Floresta Estacional-Cerrado refletem as interações do clima, litologia e relevo.
Contudo, estas mudanças não são súbitas, mas graduais, causando uma competição entre as
espécies dos diversos tipos de vegetação (ALCÂNTARA, 1991).
A Tabela 4.3 mostra a contribuição de cada projeto para a formação da paisagem no
Bloco Altamira. Observa-se que o projeto Altamira III é o maior em extensão, com 45% da
área total do bloco. A sua participação aumenta para 56%, quando consideradas apenas as
áreas com vegetação natural. Por outro lado, contribui com apenas 34% para a área total de
plantio do bloco. O projeto Altamira II, por ter a menor extensão, contribui com os menores
percentuais em todos os componentes. O projeto Altamira I tem uma participação
intermediária na área total do bloco (36%), quase dez pontos abaixo do Altamira III, mas é o
que mais contribui para a área total, exato dez pontos percentuais acima daquele projeto (44%
YHUVXV 34%). Nos projetos Altamira I, II e III os aceiros ocupam áreas de 69,51 ha, 30,97 ha e
77,28 ha, respectivamente. Nos projetos Altamira II e III, existem gasodutos da Petrobras e
linhas de alta tensão que ocupam áreas de 3,17 ha e 20,71 ha, respectivamente, que
completam a área total dos projetos.
Tabela 4.3 - Contribuição dos projetos para a formação da paisagem no Bloco Altamira, da COPENER, 2003.
3DUWLFLSDomR�QD�iUHD�WRWDO� 3DUWLFLSDomR�QD�iUHD�WRWDO�GH�SODQWLR�3DUWLFLSDomR�QDV�iUHDV�FRP�YHJHWDomR�QDWXUDO��3URMHWRV�
�KD�� ���� �KD�� ���� �KD�� ����Altamira I 1.783,93 36 1.040,62 44 673,80 28 Altamira II 934,22 19 518,18 22 381,90 16 Altamira III 2.287,05 45 807,36 34 1.381,69 56 Totais 5.005,20 100,00 2.366,16 100,00 2.437,39 100,00
Estes dados possibilitaram a construção dos gráficos mostrados nas Figuras 4.6, 4.7 e
4.8, que ilustram a participação dos projetos na formação do Bloco Altamira, bem como a
distribuição das áreas de plantio e com vegetação natural.
103
1.783,93
934,22
2.287,05
Altamira I
Altamira II
Altamira III
Figura 4.6 - Participação de cada projeto na formação do Bloco Altamira (ha).
1.040,62
518,18
807,36
Altamira I
Altamira II
Altamira III
Figura 4.7 - Distribuição das áreas de plantio nos projetos do Bloco Altamira (ha).
104
673,80
381,90
1.381,69Altamira I
Altamira II
Altamira III
Figura 4.8 - Distribuição das áreas com vegetação natural nos projetos do Bloco Altamira (ha)
Os solos brasileiros são dominados, em sua grande maioria, por argilas de baixa
atividade com poucas cargas negativas de superfície, em função do intemperismo muito
acentuado. Além da caulinita, os minerais secundários goethita, hematita e gibbsita têm uma
capacidade elevada de adsorção de fosfatos, tamponando o nutriente Fósforo e reduzindo sua
disponibilidade para as plantas. Assim, a matéria orgânica presente nos solos representa, em
condições tropicais, uma importante fonte de cargas elétricas, contribuindo para aumentar os
valores de CTC (SCHAEFER, 2000).
Na RLN, predominam os solos do ecossistema dos tabuleiros costeiros (Latossolos
Amarelos e Podzólicos Amarelos) que são profundos, ácidos, álicos, com baixa capacidade de
troca catiônica, pouca diferença morfológica entre os horizontes e presença freqüente de
horizontes coesos (JACOMINE, 1996). Estes tipos de solos são encontrados nas áreas em que
os reflorestamentos da COPENER estão implantados. Camargo e Aleoni (1987) constataram
que a compactação e o adensamento do solo restringem o desenvolvimento radicular.
Conforme Santos e Rezende (1989), Santos (1992) e Nacif (1994), a compactação e o
adensamento do solo provocam diminuição da macroporosidade, justamente aquela
responsável pela circulação do ar no solo. Isto ocorre nas camadas coesas dos principais solos
dos tabuleiros costeiros. Estes autores afirmaram que os horizontes coesos dos solos dos
105
tabuleiros costeiros apresentam taxa de infiltração e condutividade hidráulica baixas,
comparadas às dos horizontes supra e subjacentes, não coesos. Os solos dos ecossistemas dos
tabuleiros costeiros são péssimos reservatórios de nutrientes, particularmente na
subsuperfície, devido à baixíssima CTC. Além de pobres em nutrientes, são ácidos e com
elevados teores de Alumínio trocável ao longo do perfil. Isto prejudica o crescimento,
desenvolvimento e produção dos cultivos, por duas razões: a) efeitos do pH; b) toxicidade do
Hidrogênio e do Alumínio (REZENDE, 2000).
A macroporosidade está relacionada com a aeração e conseqüente disponibilidade de
Oxigênio para as raízes. A falta de aeração e o impedimento físico (resistência à penetração)
são as principais causas de inibição do crescimento radicular em solos compactos e pouco
densos.
Se o solo estiver saturado, condição fácil de ser atingida em camadas compactas e/ou
densas, a difusão do Oxigênio, por sua troca com a atmosfera, será muito prejudicada. Como a
raiz consome este elemento, seu teor poderá então diminuir muito no ar do solo, a tal ponto
que a planta passa a sentir sua deficiência. A difusão do Oxigênio do ar atmosférico para
dentro do solo é muito importante para manter esse elemento em níveis suficientemente altos
para o crescimento a decolar adequado. Essa difusão depende muito do espaço poroso livre de
água ou porosidade de aeração (CAMARGO E ALEONI, 1987).
As restrições dos solos dos tabuleiros costeiros são aspectos primordiais dos estudos e
levantamentos de solos que as empresas reflorestadoras realizam. Esta preocupação é mais
intensa nos projetos destinados à produção de celulose, porque o material genético cultivado
tem o sistema radicular menos agressivo.
As raízes das mudas de espécies arbóreas ocupam menos que 5% do volume do solo,
considerando os 15 cm superiores, onde são mais abundantes. Para muitas espécies, o volume
ocupado decresce rapidamente com a profundidade e, freqüentemente, não corresponde a
mais que a centésima ou a milésima parte de 1% a 50 cm de profundidade. Apenas uma
pequena fração de solo na zona radicular está em contato direto com as raízes. Portanto, o
funcionamento das raízes dos solos é determinado não só pelas características fisiológicas do
sistema radicular, mas também por fatores edáficos, como a compactação e o adensamento
que determinam a velocidade com que os nutrientes e água se movem até a interface solo-raiz
(REZENDE, 2000).
A degradação do solo se refere à redução de suas qualidades em relação à produtividade
dos cultivos. É um processo complexo, para o qual contribuem vários fatores naturais e/ou
induzidos pelo homem. De acordo com Castro (1996), os processos de degradação
106
determinam as propriedades intrínsecas do solo. De outro lado, a produtividade do sistema de
produção é determinada pela eficiência do manejo, de acordo com os insumos não
controláveis (chuvas e energia solar) e controláveis (irrigação, fertilizantes, pesticidas, mão-
de-obra e máquinas).
A cultura do eucalipto tem sérios problemas de desenvolvimento, longevidade e
produtividade em solos coesos, muitas vezes inadequadamente manejados. Uma alternativa
para contornar o problema da coesão é a subsolagem. Esta prática consiste no uso de
implementos de preparo profundo do solo (subsoladores) cujos órgãos ativos são hastes, que
não revolvem o solo, apenas o penetram e rasgam as camadas compactadas, mantendo a sua
ordem natural. O rompimento por subsolagem dos horizontes eu camadas compactas e/ou
densas resulta em benefícios imediatos. No DFLN, esta prática é muito comum, para
viabilizar os reflorestamentos com eucalipto (REZENDE, 2002).
As propriedades químicas dos solos dos tabuleiros costeiros também se constituem em
um aspecto que as empresas reflorestadoras consideram em seus estudos e práticas de manejo.
Nesse sentido, o monitoramento e o manejo dos nutrientes disponíveis no solo são
fundamentais para a produtividade dos projetos de reflorestamento.
Os solos dos tabuleiros costeiros são invariavelmente ácidos. A influência da acidez do
solo sobre as plantas se manifesta pelos efeitos tóxicos do Alumínio, Hidrogênio e Manganês
insolúveis e pela redução na disponibilidade de nutrientes do meio. Esses efeitos são
controlados pela aplicação de calcário dolomítico (calagem). Além de elevar o pH, a calagem
neutraliza ou reduz os efeitos tóxicos do Alumínio e eleva os teores de Cálcio e Magnésio,
melhorando o ambiente para desenvolvimento radicular e a atividade de microorganismos, e
proporcionando maior absorção e resistência das plantas ao estresse hídrico. O manejo
destinado à eliminação dos fatores limitantes do solo por meio da aplicação de quantidades
necessárias de insumos baseia-se no ajuste do solo às demandas da planta.
A chave do manejo eficiente da fertilidade do solo, diminuindo o uso de insumos
externos, consiste em: a) sincronizar a demanda de nutrientes do cultivo com as taxas de
liberação dos mesmos; b) o uso de germoplasma adaptados às condições locais; c) a
promoção de reciclagem de nutrientes com o manejo adequado dos resíduos das colheitas; d)
o uso de sistemas de cultivos conservacionistas; e) o uso de adubos verdes e a rotação de
cultivos. Em síntese, a preocupação principal é reduzir os custos dos insumos externos e
aumentar o uso eficiente dos insumos disponíveis LQ�VLWX (REZENDE, 2000). Estas práticas
colaboram simultaneamente para a qualidade ambiental dos ecossistemas e a produtividade
dos cultivos, através da manutenção da sustentabilidade dos solos.
107
O sistema produtivo empregado na implantação e manutenção dos reflorestamentos do
Bloco Altamira orientou-se, prioritariamente, pelos resultados obtidos no levantamento semi-
detalhado de solos. A classificação das terras segundo a aptidão agrícola determinou a seleção
das áreas de plantio. As terras foram enquadradas em três classes de aptidão. A Classe Boa é
aquela cujas limitações estão ligadas principalmente à fertilidade. A Classe Regular apresenta,
além da fertilidade natural, restrições ligadas à profundidade efetiva e adensamentos
subsuperficiais nos solos. A Classe Restrita possui fortes limitações em fertilidade,
profundidade efetiva, e altos teores de areia. Estas informações foram correlacionadas com as
características dos clones obtidos no programa de melhoramento genético e o resultado final
estabeleceu as recomendações gerais para a implantação dos projetos: a) demarcação dos
talhões; b) técnicas de preparo do solo; c) seleção dos clones ou espécies para plantio; d)
adubação; e) sistema de estradas e carreadores. Paralelamente, o levantamento indicou as
áreas que deveriam ser destinadas a reserva legal, preservação permanente e recuperação
ambiental (COPENER, 2003).
Segundo Souza (1992), os plantios clonais de híbridos de (XFDO\SWXV spp podem
produzir até mais de 60 m3/ha/ano. Os projetos do Bloco Altamira estão entre aqueles com
maior potencial produtivo do DFLN, de acordo com as projeções efetuadas pela COPENER,
visto que as produtividades mensuradas são superiores a 60 m3/ha/ano, por causa das
condições edafoclimáticas encontradas nessas áreas, favoráveis ao emprego das técnicas
modernas da silvicultura (COPENER, 2003). Este número supera em cerca de 20-25% acima
média nacional (BRACELPA, 2003). A associação de instrumentos de planejamento e gestão
como o levantamento semi-detalhado de solos e os programas de melhoramento genético e
recuperação ambiental, permitiram estabelecer tais expectativas.
�������2�OHYDQWDPHQWR�VHPL�GHWDOKDGR�GH�VRORV�H�D�DYDOLDomR�GD�SRWHQFLDOLGDGH�GDV�WHUUDV
A COPENER efetuou um levantamento semi-detalhado de solos e conseqüente
avaliação da potencialidade das terras para reflorestamento com espécies do gênero
(XFDO\SWXV, em uma área de 2.543,42 ha que abrange plantios e aceiros nos três projetos de
reflorestamento Altamira I, II e III que formam o Bloco Altamira.
O levantamento objetivou a identificação, classificação e separação dos diferentes tipos
de solos, em função de suas características físicas, químicas e morfológicas e seus reflexos
sob o ponto de vista de potencialidade de uso e manejo. O correspondente mapeamento foi
108
realizado seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (1976). Para
a classificação dos solos, foram adotadas as normas utilizadas pelo Serviço Nacional de
Levantamento e Conservação de Solos (1979).
A elaboração dos Mapas Semi-detalhados de Solos, na escala 1:10.000 e a interpretação
das análises físico-químicas dos solos e das características geoambientais foi utilizada no
julgamento da potencialidade das terras para reflorestamento, usando-se como referência, o
comportamento dos reflorestamentos de (XFDO\SWXV em áreas similares na região. O sistema
de avaliação da potencialidade das terras derivou de outros existentes, introduzindo o enfoque
da silvicultura do eucalipto. Estas adaptações na avaliação são específicas para as
características dos projetos de reflorestamento da COPENER (COPENER, 2003). Nos
projetos do Bloco Altamira, as seis classes de solos mapeadas (Podzólico Amarelo, Podzólico
Acinzentado, Podzol, Areias Quartzosas, Cambissolo e Plintossolo) foram identificadas e
individualizadas quatorze unidades de mapeamento nos três projetos do Bloco Altamira,
sendo doze unidades simples e duas em associações.
Os Podzólicos Amarelos desenvolvem-se a partir de sedimentos do Grupo Barreiras,
distribuindo-se por todos os projetos trabalhados, em relevo com amplitude de plano a
ondulado e possuem perfeita diferenciação de horizontes. Eles apresentam uma gama muito
extensa de variações em suas características intrínsecas, principalmente no tocante às
características físicas. Esta classe compreende as unidades de solos com amplo domínio de
ocorrência (cerca de 85%), nos projetos do Bloco Altamira. Quimicamente, caracteriza-se por
um alto grau de dessaturação, com baixa capacidade de troca de cátions e soma de bases. Eles
apresentam elevada saturação com Alumínio trocável e os elementos fundamentais ao
crescimento das culturas apresentam teores muito baixos (COPENER, 2003).
Os Podzólicos Acinzentados apresentam horizonte B textural e restrições de drenagem
em determinados períodos do ano, ou por se posicionarem em fundos de vales que
entrecortam os projetos. Foram verificadas duas unidades de mapeamento distintas no Bloco
Altamira. A unidade PCd9 localiza-se em fundos de vales e é utilizada para o plantio. A
unidade PCd16 localiza-se nas cabeceiras de drenagens e áreas de insurgência. Quimicamente
as duas unidades não diferem muito entre si. Os solos da unidade PCd9, devido à posição que
ocupam na paisagem e à natureza do material de origem, são mais dessaturados que os
constituintes da unidade PCd16. A saturação de bases é baixa para ambas as classes e os
teores de Alumínio são elevados, o que lhes confere o caráter álico. Potencialmente,
apresentam aptidão diferenciada para o reflorestamento com eucalipto (COPENER, 2003).
109
Os Podzóis são solos minerais não hidromórficos com horizonte B espódico (B Podzol)
que ocupam superfícies nos projetos Altamira I e II, em fundos de vales próximos a lagoas
naturais, divididos nas unidades P6, nos tabuleiros, e P7, nas aparições das baixadas. Estes
solos são muito dessaturados, o que condiciona a baixa disponibilidade de nutrientes e a
elevada saturação com Alumínio trocável. São extremamente ácidos e, em função do grau de
cimentação do horizonte B, apresentam sérias restrições ao desenvolvimento radicular e à
drenagem. De todas as unidades, estes solos têm os níveis de fertilidade mais baixos. A
potencialidade destes solos é baixa devido às condições químicas e físicas, além das restrições
impostas pelos altos teores de areia, no tocante ao armazenamento de água nos horizontes
superficiais. Os solos da unidade P6 foram considerados viáveis ao reflorestamento, mas de
aptidão restrita para o eucalipto. A unidade de mapeamento P7, representativa dos Podzóis de
baixada, foi considerada de aptidão regular ao reflorestamento, em face da maior
disponibilidade de água durante o ano em relação à unidade P6 (COPENER, 2003).
As Areias Quartzosas são solos minerais, não hidromórficos, profundos, essencialmente
quartzosos, com textura areia ou areia-franca ao longo do perfil. As ocorrências restringem-se
a pequenas aparições no projeto Altamira III, em terços inferiores de encostas, próximos aos
fundos dos vales. Estes solos foram enquadrados na Classe Regular de potencialidade para a
implantação de eucalipto, considerando as fertilizações que precisariam ser realizadas e a
posição que ocupam na paisagem. (COPENER, 2003).
Os Cambissolos são solos minerais não hidromórficos, com horizonte B incipiente que
apresentam textura argilosa ou média, com espessura em torno de 20 a 30 cm. Neles, a soma
de bases é muito baixa e a saturação com Alumínio trocável é maior que 50%, na maioria das
ocorrências. Estes solos são, em sua grande maioria, rasos ou pouco profundos, com
profundidade efetiva média entre 30 a 80 cm e ocupam áreas levemente dissecadas de relevo
suave ondulado em todos os projetos do Bloco Altamira. Em termos de potencialidade para
fins de reflorestamento, foram classificados como inaptos, em função das inúmeras restrições
ligadas a profundidade efetiva, disponibilidade de água, erosão, fertilidade, teor de concreções
e relevo (COPENER, 2003).
Os Plintossolos têm restrições temporárias à percolação d’ água e possuem como
característica principal a ocorrência de plintita e/ou petroplintita em superfície e/ou em
profundidade. A sua ocorrência na área se dá entre as vertentes ou em terços inferiores e
médios de encostas em relevo suave ondulado e ondulado associados aos Cambissolos. As
propriedades químicas condicionam uma fertilidade natural baixa. São solos fortemente
ácidos, com teores médios de Alumínio trocável, ocorrendo solos álicos e distróficos.
110
Portanto, são restritivos ao eucalipto, devido às limitações impostas ao crescimento do
sistema radicular em subsuperfície e pela elevação do lençol freático nos períodos chuvosos
(COPENER, 2003).
As 14 unidades de mapeamento de solos distribuídas nas Classes Podzólico Amarelo,
Podzólico Acinzentado, Podzol e Areias Quartzosas são descritas na Tabela 4.4. Os estudos
culminaram na elaboração de um mapa de potencialidade das terras, e que norteou a
implantação e o manejo dos projetos de reflorestamento com eucalipto do Bloco Altamira.
Tabela 4.4 – Unidades de mapeamento do levantamento semi-detalhado de solos do Bloco Altamira (COPENER, 2003). 8QLGDGHV�GR�PDSHDPHQWR� &DUDFWHUL]DomR�Pad1 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com adensamento A
moderado, textura arenosa/média ou arenosa/argilosa relevo plano. Pad4 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa com fragipan A moderado,
textura arenosa/média ou arenosa/argilosa relevo plano. Pad4* Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa pouco profundo adensado
com mosqueado A moderado, textura média/argilosa ou média/muito argilosa, relevo plano e suave ondulado.
Pad7 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa, adensado A moderado, textura média/argilosa relevo plano.
Pad9 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa, adensado, com mosqueado A moderado, textura média/argilosa ou média/muito argilosa relevo plano e suave ondulado.
Pad12 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e ou ironpan A moderado, textura média/argilosa relevo plano.
Pad19 Associação de: Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e/ou ironpan A moderado textura média/argilosa + Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa adensado com mosqueado A moderado textura média/argilosa ou média/muito argilosa ambos em relevo plano.
Pad21 Associação de: Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e/ou ironpan A moderado, textura média/argilosa + Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa pouco profundo A moderado, textura arenosa/média ambos em relevo plano e suave ondulado.
Pad61 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa adensado com mosqueado A moderado, textura média/argilosa relevo plano de baixada.
Pcd9 Podzólico Acinzentado distrófico e álico argila de atividade baixa A moderado e proeminente, textura média/argilosa relevo plano.
Pcd6 Podzólico Acinzentado distrófico e álico argila de atividade baixa, pouco profundo, com duripan e ironpan A moderado textura arenosa/média relevo plano.
P6 Podzol com duripan A fraco e moderado espesso textutura arenosa/média relevo plano de tabuleiro.
P7 Podzol com duripan A moderado, textura arenosa/média relevo plano de baixada. AQ 1 Areia Quartzosa A moderado, relevo plano de baixada.
111
Em resumo, as unidades de mapeamento apresentam as seguintes características gerais:
a) fertilidade natural baixa e muito baixa, para todas as unidades; b) adensamentos físicos em
profundidades variadas; c) os Podzóis e os Podzólicos Acinzentados são muito dessaturados;
d) níveis críticos de Fósforo e Potássio para o desenvolvimento do eucalipto.
A Tabela 4.5 apresenta a relação das unidades de mapeamento de solos, com as
respectivas áreas de ocorrências por projeto e sua extensão em relação à área total. Em todos
os projetos do Bloco Altamira, constata-se que a unidade PAd4* é a de maior expressividade,
seguida das unidades PAd12 e PAd1. Esta distribuição espacial determinou a locação dos
talhões de plantio, com reflexos na formação da paisagem do Bloco Altamira.
Tabela 4.5 - Distribuição espacial das unidades de solos nos projetos Altamira I, II e III, do Bloco Altamira (COPENER, 2003).
ÈUHD����KD�� 3DUWLFLSDomR�WRWDO�QR�%ORFR�8QLGDGHV�GH�VRORV�
Altamira I
Altamira II
Altamira III ��KD�� ���
PCd9 58,07 19,50 53,79 131,36 5,15 PCd16 20,68 11,18 32,96 64,82 2,54
PAd1 91,18 15,26 338,48 444,92 17,43
PAd4 2,40 6,11 - 8,51 0,32 PAd4* 293,92 128,82 182,33 605,07 23,63 PAd7 - 0,83 62,36 63,19 2,48 PAd9 69,48 106,27 41,47 217,22 8,51 PAd12 263,63 125,51 56,83 445,97 17,47 PAd19 237,12 110,33 - 347,45 13,61 PAd21 15,51 - - 15,51 0,61 PAd61 - 6,88 19,55 26,43 1,04 P6 39,11 14,99 92,22 146,32 5,73 P2 29,76 3,47 - 33,23 1,30 AQ1 - - 4,65 4,65 0,18 Total* 1.120,86 549,15 884,64 2.554,65 100
* Compreende áreas de plantio efetivo e aceiros.
Na interpretação de um levantamento de solos, diversos tipos de análise são realizados,
em função do uso previsto para a terra. Normalmente as interpretações são elaboradas a partir
de classificações técnicas com finalidades bem definidas e que retratam o nível tecnológico do
momento em que são elaboradas. Isto faz com que os procedimentos e a interpretação sejam
dinâmicos podendo ser substituídas e atualizadas à medida que os conhecimentos científicos e
112
tecnológicos evoluam. As classificações dos solos constituem-se, conseqüentemente, na
ferramenta fundamental para um planejamento do uso da terra. A avaliação da potencialidade
das terras do Bloco Altamira foi baseada em resultados de levantamentos de vários atributos:
solo, clima, vegetação, geologia e geomorfologia (COPENER, 2003).
A metodologia consistiu em separar as diversas atividades agrícolas e silviculturais em
classes distintas, conforme a intensidade ou capacidade de uso dos solos que cada uma requer,
mantendo-se sempre a preocupação com a conservação deste recurso natural. As classes que
expressam o potencial das terras para o tipo de utilização em questão refletem o grau de
intensidade com que as limitações afetam as terras. São definidas em termos de graus
estabelecidos com base no trabalho de Lepsch (1983), referentes aos fatores limitantes mais
significativos. Neste aspecto, foram estabelecidas quatro classes para reflorestamentos.
Na Classe 1 (Boa), o solo possui as seguintes características: a) profundo, de textura
franco-arenosa a argila leve, sem predominância de argila expansivas; b) pouca ou nenhuma
pedregosidade, sem camadas ou horizontes que causem impedimentos sérios ao
desenvolvimento das raízes; c) fertilidade variável de baixa a alta; d) erosão laminar de nula à
ligeira; e) relevo com declives até 6%; d) drenagem livre mas não excessiva; e) riscos de
encharcamento ausentes; e) sem período seco prolongado, acima de quatro meses, ou
temperaturas baixas (<15ºC).
A Classe 2 (Regular) reúne as terras moderadamente aptas os reflorestamentos, nas
quais os solos apresentam ligeiras a moderadas restrições devidas a: a) textura grosseira ou
extremamente fina, podendo ocorrer argilas expansivas; b) limitada profundidade efetiva; c)
pedregosidade moderada; d) moderada erosão atual ou risco de erosão potencial; e) relevo
com declives entre 6 e 15%; f) drenagem de acentuada a moderada sem ocorrência de
inundação ou encharcamento prolongados; g) período de estiagem menor que cinco meses, ou
temperaturas muito baixas durante vários meses.
A Classe 3 (Restrita) compreende as terras pouco aptas para os reflorestamentos, com
fortes restrições devido ao solo: a) textura franco-arenosa e areia-franca; b) presença de
horizontes SDQV, com pouca profundidade efetiva; c) declives entre 15 e 45%); d) forte ou
imperfeitamente drenado, com lenta permeabilidade; e) fortes restrições por pedregosidade; f)
riscos de inundações freqüentes ou encharcamentos prolongados; g) longos períodos secos,
maiores que cinco meses.
113
A Classe 4 (Inapta) caracteriza os solos com severas limitações: a) textura arenosa; b)
solos rasos, pedregosos; c) declives superiores a 45%; d) excessivamente drenados ou mal
drenados, com encharcamento quase contínuo; e) períodos secos superiores a seis meses.
Para definir os graus de limitação, são considerados fatores que possam interferir no
desenvolvimento dos reflorestamentos. Das características do solo, a disponibilidade de
nutrientes (fertilidade); a textura e tipo de argila; a pedregosidade; a profundidade efetiva e a
presença de camadas ou horizontes impeditivos. Na topografia, os fatores como a declividade,
a posição relativa no relevo e a erosão presente ou potencial. Quanto à drenagem, a
permeabilidade, os riscos de inundação ou encharcamentos e o período em que ficam
submetidos ao excesso de água. No clima, os valores mensais e anuais de chuvas; as
temperaturas médias, máximas e mínimas; a evapotranspiração real e potencial e o balanço
hídrico dos solos. Diferentes graus de limitação em relação ao solo de referência indicam a
intensidade dessa variação, sendo selecionados seis fatores de limitação, com vistas ao
julgamento da potencialidade das terras do Bloco Altamira: a) deficiência de fertilidade; b)
impedimentos físicos; c) profundidade efetiva do solo; d) deficiência de água; e) excesso de
água ou deficiência de oxigênio; e f) susceptibilidade à erosão (Tabela 4.6). No julgamento de
cada fator são estabelecidos quatro graus de limitação: nulo, ligeiro, moderado e forte, de
acordo com o nível de restrição da cada fator (COPENER, 2003).� Tabela 4.6 – Fatores de limitação do uso do solo para a avaliação da potencialidade das terras para os reflorestamentos do Bloco Altamira.
)DWRUHV�GH�OLPLWDomR�
'HVFULomR�
Deficiência de fertilidade Dependente do teor de macro e micronutrientes; Presença/Ausência de substâncias tóxicas; Avaliada pela saturação de bases, saturação de Alumínio, soma de bases, CTC, relação C/N, P assimilável, saturação com Na e pH.
Impedimentos físicos
Adensamento, coesão ou endurecimento de camadas; Horizontes plínticos ou petroplinticos; Reduz a superfície ativa do solo, a disponibilidade de água e nutrientes; Restrições ao sistema radicular; Intervenções podem minimizar seus efeitos.
Profundidade efetiva
Área efetiva de exploração pelo sistema radicular; Ocasionada por contato solo-rocha ou processos pedogenéticos; Baixa eficácia das intervenções de minimização; Se reduzida, prejudica a absorção de água e nutrientes.
Deficiência de água
Quantidade de água armazenada e disponível; Depende de condições edafoclimáticas; Vegetação natural e comportamento das culturas também determinam o grau
114
de limitação. Excesso de água-deficiência de Oxigênio
Relacionado à drenagem natural, resultante de características edafoclimáticas; Análise: riscos, freqüência e duração das inundações; Observações: estrutura, permeabilidade, lençol freático.
Susceptibilidade à erosão
Desgaste da superfície do solo por causa do uso; Depende das condições edafoclimáticas, relevo, cobertura vegetal e forma de preparo do solo.
A avaliação da potencialidade das terras para reflorestamento revelou os diversos
fatores de limitação ao uso, destacando-se a baixa fertilidade natural, adensamentos, pouca
profundidade efetiva, baixa retenção de umidade, e horizontes SDQV. Além disso, considerou-
se a restrição climática relacionada ao déficit hídrico em quatro meses do ano. O julgamento
final da potencialidade considerou as variações dos solos, as condições de relevo, clima e as
intervenções efetuadas pela COPENER (subsolagem profunda, adubação química, herbicidas,
controle de erosão). Em uma avaliação anterior, foram eliminadas todas as áreas que
apresentaram restrições fortes ao plantio do eucalipto. Por essa razão, não houve terras
enquadradas na Classe Inapta, e uma baixa percentagem de terras foi enquadrada na Classe
Restrita (COPENER, 2003).
Os resultados dessa avaliação orientaram os procedimentos de implantação e
manutenção dos projetos, visando ao alcance de produtividades elevadas. Para as terras da
Classe Boa, cujas limitações estão ligadas principalmente à fertilidade, foi recomendada a
correção das deficiências nutricionais. Para as terras da Classe Regular, com fatores de
limitação ligados, também à profundidade efetiva e adensamentos subsuperficiais nos solos,
foi recomendada a utilização de subsolagem profunda. Em ambos os casos, foram
implantados materiais genéticos adaptados às especificidades edafoclimáticas. Para as terras
da Classe Restrita não foram recomendadas intervenções corretivas, sendo consideradas
inviáveis para a eucaliptocultura, por causa das fortes limitações em fertilidade, profundidade
efetiva e os altos teores de areia. Assim, o planejamento definiu manejos diferenciados para as
diversas unidades de mapeamento de solos enquadradas nas classes de aptidão.�
115
���$�(035(6$��&23(1(5�
Este capítulo tem como objetivo caracterizar, em linhas gerais, o contexto em que os
reflorestamentos da COPENER foram introduzidos, bem como a evolução da empresa ao
longo da sua atuação na RLN. Assim, toma-se como ponto de partida a introdução da
atividade florestal na RLN, por meio dos mecanismos indutores das políticas públicas,
passando pelas modificações nos rumos da empresa, provocadas por mudanças nestas
políticas. São abordadas também as influências das forças de mercado e das pressões sócio-
ambientais sobre a atuação da empresa.
Os primeiros campos de petróleo e gás natural brasileiro foram descobertos no Estado
da Bahia. Durante muitos anos o Estado foi responsável por toda a produção nacional de
petróleo. A disponibilidade de petróleo e gás natural atraiu a localização de uma refinaria e
posteriormente de plantas de amônia, uréia e negro de fumo. Estas unidades pioneiras, aliadas
à oferta de propeno e de nafta da refinaria, desencadearam em 1968 o processo para a
localização na Bahia de um conjunto de plantas petroquímicas integradas, comumente
referido por Complexo Petroquímico da Bahia, Complexo Petroquímico de Camaçari, ou
ainda, Pólo Petroquímico do Nordeste. O complexo localiza-se no município de Camaçari, a
50 km da cidade de Salvador, capital do Estado, e próxima à Refinaria Landulfo Alves e ao
Centro Industrial de Aratu (COPENER, 1982).
Em 1972, foi criada a Companhia Petroquímica do Nordeste (COPENE), empresa
subsidiária da Petroquisa, para cuidar do planejamento da instalação do pólo petroquímico em
colaboração com o governo do Estado da Bahia. No ano seguinte, iniciava-se o trabalho de
preparação do terreno e em 1975 completava-se o quadro de empresas integrantes do grupo
básico de plantas do complexo. Em 1976, a COPENE iniciou a operação das primeiras
unidades da central de utilidades, passando a abastecer as fábricas já em operação, o que
aumentou sua demanda por energia (COPENER, 1982).
A partir dos anos 1970, as empresas reflorestadoras começaram a se estabelecer na
região. Com elas, chegaram também muitas promessas e uma grande expectativa na
população local em relação à melhoria na qualidade de vida. Uma análise crítica da
implantação e atuação dessas empresas na região mostra que os problemas se iniciam com
uma enorme contradição entre os seus objetivos e a sua prática, além de falhas, desvios e
erros na sua implementação.
116
Nessa época, a vegetação natural estava bastante descaracterizada na RLN, devido à
ação antrópica, mas ainda existiam grandes remanescentes, conforme os relatos tanto de
pessoas das comunidades rurais, quantos de técnicos de órgãos públicos e empresas
reflorestadoras. Em termos de produção agrícola, as informações disponíveis no Escritório
Local do IBGE em Alagoinhas indicaram que, em 1968, ela não atendia às necessidades do
município de Alagoinhas, quanto a gêneros alimentícios.
A partir de 1979, o Estado da Bahia começou a se consolidar como pólo florestal. Esse
período de dinheiro relativamente fácil favoreceu o surgimento de uma série de distorções que
iam desde a criação de empresas reflorestadoras de fachada até o aumento descontrolado e
sem planejamento das áreas de algumas empresas, sem ao menos haver uma preocupação com
a produtividade. Tal correria às fontes financiadoras trouxe alguns reflexos que podem ser
vistos ainda hoje quando da reforma de alguns maciços florestais. Nesse sentido, Castro Filho
(1993) afirmou que o problema maior dos incentivos fiscais residia no modelo adotado para a
sua distribuição. Efetivada pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF), essa distribuição atendeu, na RLN, a critérios eminentemente políticos, e não
técnicos. Essa foi a razão pela qual os projetos de reflorestamento, de um modo geral, não
atingiram o objetivo sócio-econômico esperado.
A SEPLANTEC (1980) assinalou que houve um estágio da política florestal brasileira
marcado pelo sentido de reposição, sobretudo a exploração de madeira. Conforme as florestas
fossem derrubadas outras deveriam ser plantadas para dar continuidade ao ciclo de
exploração, com o prosseguimento do desmatamento de áreas de vegetação natural, devido à
rápida expansão da indústria madeireira e pela crise do setor energético. Porém, a reposição
por meio de reflorestamentos não conseguiu impedir o processo de devastação das florestas
naturais. Em seguida, se iniciou uma fase mais agressiva, de forma a estimular a formação de
extensas áreas reflorestadas.
Nos anos 1970, a crise energética representou um impulso adicional para o aumento da
demanda por madeira. A utilização do eucalipto em plantações florestais, conseqüentemente,
também cresceu nos anos seguintes. O estímulo às florestas plantadas traduziu,
simultaneamente, uma estratégia de desenvolvimento da atividade industrial de papel e
celulose. Tal estratégia fazia parte de uma política governamental de incentivos aos setores
produtivos de insumos, instrumentalizada no II PND.
Conforme Pedroso (2002), o processo de desenvolvimento rural brasileiro já vinha,
desde os anos 1950, se integrando ao sistema capitalista industrial, especialmente através de
mudanças tecnológicas. Referindo-se ao período 1950-1980, Furtado (1981) concluiu que o
117
dinamismo da economia brasileira não se explica sem uma referência ao sacrifício imposto à
maioria da população do País e ao caráter extensivo da exploração dos recursos naturais de
um vasto território. Os efeitos da introdução dos reflorestamentos na RLN sobre a população
e o meio ambiente correspondem às características expansionistas desse modelo econômico.
As primeiras empresas reflorestadoras (Marquesa, Reflora, Duraflora, Sibra Florestal,
Torras, Itariry Florestal e Agropeva) adquiriram grandes extensões de terra na RLN,
caracterizada predominantemente pelos tabuleiros costeiros. Logo em seguida, iniciaram a
implantação das áreas de reflorestamentos com eucaliptos e pinus, bem como da infra-
estrutura básica e o recrutamento de mão de obra. Essas áreas tinham coberturas vegetais que
variavam desde matas primárias até áreas de pastagens, pois os critérios de seleção de terras
para aquisição eram primordialmente econômicos (custo de aquisição, infra-estrutura e
implantação).
Na economia mundial, a década de 1980 caracterizou-se pelos bons resultados dos
países industrializados, em termos de acumulação de riquezas, e pela redução do preço
internacional do barril de petróleo. O desempenho da economia norte-americana refletiu-se no
aumento do comércio internacional e a modernização tecnológica dos sistemas produtivos
caminhava a passos largos. No Brasil, os resultados alcançados pelo Pró-álcool, o aumento da
produção de petróleo em território brasileiro e o desenvolvimento da pesquisa voltada a novas
alternativas energéticas e economia de combustível se somaram a esse quadro, o que
provocou uma reviravolta na definição de prioridades das empresas.
Em 1980, as atenções da COPENE se voltaram para o aperfeiçoamento e a otimização
de suas unidades. A análise do desempenho da fábrica permitiu a identificação de gargalos
nas suas operações industriais, cuja eliminação possibilitou a ampliação da capacidade
produtiva da planta em cerca de 20% com investimento de capital relativamente pequeno.
Consciente da necessidade de integrar-se efetivamente ao programa de conservação de
recursos energéticos renováveis, a COPENE, em 1980, definiu metas para a substituição de
parte do óleo combustível consumido por outros produtos, como o carvão vegetal e a madeira.
A implantação do plano inicial de combustíveis alternativos ocorreu a partir de meados da
década de 1970 e tinha como meta a substituição de cerca 20% do óleo combustível queimado
nas caldeiras por carvão vegetal. Ele permitiu que se verificasse a enorme dimensão e
complexidade do projeto e o inevitável crescimento do mercado dos produtos do Pólo. Além
disso, decidiu-se que os planos de expansão da sua capacidade produtiva seriam baseados em
combustíveis não-oriundos do petróleo, principalmente biomassa e transitoriamente carvão
118
vegetal (COPENER, 1982). As caldeiras instaladas pela COPENE deveriam usar madeira
pulverizada como combustível (Tabela 5.1).
Tabela 5.1 - Produção de madeira para atender à demanda da COPENE (COPENER, 1982). $QR� &RQVXPR�WHyULFR��W�� 5HGXomR�S��TXHLPD��W�� &RQVXPR�SURYiYHO��W�� 3URGXomR�UHTXHULGD��P � ��1983 169.703 - 169.703 266.201 1984 169.703 - 169.703 266.201 1985 530.663 18.048 512.615 804.102 1986 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1987 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1988 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1989 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1990 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1991 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1992 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805
A COPENE programou, portanto, a substituição de 20% do óleo combustível por
madeira, em que a demanda por madeira cresceria rapidamente a partir de 1983, até a
estabilização do consumo em 1989.
Para atender ao desdobramento e a rápida evolução do programa de substituição de
derivados do petróleo por combustíveis renováveis, tornou-se necessário transferir a outra
empresa as atribuições de produção e processamento de biomassa e eventual geração não
convencional de energia. Com essa demanda energética, a COPENE criou a Copene
Energética S.A., mais tarde Copene Florestal Ltda (COPENER), em 12 de setembro de 1980,
com os seguintes objetivos: a) produção e comercialização, inclusive exportação, de madeira,
carvão vegetal e outros combustíveis, podendo subsidiariamente dedicar-se ao desempenho de
atividades agropecuárias; b) desenvolvimento de atividades afins ou correlatas do setor de
combustíveis com vistas à realização do estabelecimento no item anterior. (COPENER,
1982).
Considerando a localização geográfica do Pólo Petroquímico de Camaçari e outros
fatores de ordem técnica e econômica, foi escolhido o DFLN para a implantação do Programa
Florestal da COPENER. A infra-estrutura regional é adequada, com boa rede viária, portos e
um sistema moderno de manutenção e de estrutura técnica no Pólo Petroquímico de
Camaçari. A malha viária facilita o acesso às áreas de produção da COPENER, cujos projetos
florestais situam-se a uma distância média de 15,2 km destas rodovias. A malha ferroviária
possui dois ramais que cortam a região e a rede portuária conta com portos em Aratu,
119
Salvador e Sergipe, por onde ocorrem as exportações de toras para o mercado interno e
externo (COPENER, 1982).
Pela magnitude do programa e a situação fundiária da região obrigaram a empresa a
adquirir áreas dispersas por todo o DFLN. Estas áreas foram adquiridas, em grande parte, das
primeiras empresas reflorestadoras que se instalaram no DFLN logo após a criação dos
incentivos fiscais, com plantios efetuados em 1977 (COPENER, 1982).
Tais projetos perfaziam, no início da década de 1980, um total de 19.751 hectares,
sendo 5.350 hectares com florestas de eucaliptos e 14.401 hectares reflorestados com pinus.
Nesta área, e referente aos plantios de eucalipto, dois mil hectares já estavam plantados e os
demais 3.350 hectares em fase de implantação. Em 1981, a COPENER implantou seus
primeiros reflorestamentos com (XFDO\SWXV (COPENER, 1982). De acordo com Sampaio
(1990), a ocupação de vastas áreas da região com eucalipto e pinus desalojou várias outras
atividades econômicas já estruturadas (agricultura, agropecuária, fruticultura etc). Isto
promoveu a transformação do espaço anteriormente constituído, redefinindo o papel e o lugar
dos antigos grupos ligados à terra na organização social.
A COPENER atua, portanto, na RLN, entre as latitudes de 11º15’ S e 12º30’ S e as
longitudes de 37º30’ W e 38º45’ W, com altitudes de zero a trezentos metros. As terras da
empresa abrangem 21 municípios numa área com raio médio de 96 km de distância da fábrica
de celulose que foi instalada no Pólo Petroquímico de Camaçari (COPENER, 1982).
Os primeiros reflorestamentos da COPENER eram destinados à produção de madeira
para fins energéticos. Dada a extrema variabilidade climática e geológica regional, houve,
desde a fase inicial de implantação, a preocupação em introduzir diversas
espécies/procedências de (XFDO\SWXV� Executou-se o levantamento semi-detalhado de solos,
iniciando-se os programas de pesquisa em melhoramento genético, solos, nutrição, manejo e
proteção florestal (COPENER, 2003).
Segundo os relatos dos entrevistados, a COPENE avaliou as suas demandas e
estratégias de planejamento e concluiu que a madeira do reflorestamento não significava mais
a melhor opção energética. No entanto, os reflorestamentos estavam prontas para o corte,
representando custos de manutenção para a COPENER que já não tinha mais o consumidor
para o seu produto energético. Então, a empresa resolveu redirecionar os seus objetivos para a
indústria de papel e celulose, e a exportação de madeira. O fornecimento de madeira para a
produção de carvão vegetal foi mantido, pois os reflorestamentos mais antigos foram
implantados com espécies não utilizadas para a produção de celulose. O papel do mercado
nesse processo decisório foi determinante. Buscava-se selecionar a alternativa que
120
proporcionasse maiores lucros e maior eficiência econômica. As políticas públicas para o
desenvolvimento mais uma vez apresentavam instrumentos favoráveis aos ajustes planejados
pelas empresas.
Observou-se, a partir dos documentos disponíveis na empresa, um encolhimento
acelerado da estrutura operacional da COPENER. Alguns ajustes iniciados no final da década
de 1980 tomaram novo fôlego. Serviços ligados às operações florestais (tratos culturais,
colheita) foram terceirizados ao máximo, dando origem a pequenas empresas satélites, em
parte para livrar a empresa de problemas de ordem trabalhista e tributária. Muitos
funcionários foram demitidos, e alguns deles montaram as suas próprias empresas para prestar
serviços aos antigos empregadores.
Uma verdadeira reengenharia aconteceu na dinâmica da exploração florestal, com a
terceirização dos serviços de manutenção e corte dos reflorestamentos. A empresa, que
chegou a ter 1.200 funcionários em sua fase inicial, reduziu drasticamente este número,
terminando o ano de 2003 com 312 funcionários. A COPENER voltou-se para a
comercialização de madeira, para a produção de carvão vegetal, ou para combustão direta em
diversas atividades (fornos de padaria e pizzarias) e, mais tarde, direciona-se ao mercado
externo, fechando acordos de venda antecipada de madeira (floresta em pé) com empresas de
outros países.
Novos impactos, então, foram gerados pelas mudanças nos rumos da empresa e foram
sentidos imediatamente no município. Com a pressão sobre a taxa de desemprego, tanto o
setor terciário quanto a arrecadação municipal foram prejudicados.
A partir de 1985 a COPENER redirecionou os seus novos plantios com material
genético mais apto à produção de madeira para fins de celulose. Foi incorporada a técnica de
propagação vegetativa, através de estaquia, que, associada ao programa de melhoramento
genético e ao desenvolvimento de avançadas tecnologias de preparo de solo e fertilização,
vem acarretando ganhos significativos na produtividade florestal (COPENER, 2003).
A empresa alcançou a capacidade de fornecimento de 550.000 m3sc/ano para a fábrica
de celulose solúvel da Bacell S.A., localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari, e começou
a exportar anualmente para o mercado europeu, desde 1992, cerca de 330.000 m3 de madeira
para a produção de celulose (COPENER, 2003).
Desde a sua criação, a COPENER desenvolveu técnicas de produção de mudas em seu
viveiro florestal, localizado no município de Inhambupe, com capacidade para produzir cerca
de 17 milhões de mudas por ano. Nos últimos anos, após minucioso trabalho de reestruturação
121
e desenvolvimento de modernas técnicas de produção de mudas, a empresa solidificou a sua
participação no mercado de mudas de eucalipto (COPENER, 2003).
No início dos anos 1990, após um processo de privatização, a COPENE passou a ser
denominada Braskem, permanecendo ainda na posição de acionista majoritária da COPENER
dentro do grupo Norcell. Na segunda metade da década de 1990, a Braskem vendeu parte de
seu controle para a Klabin, que se tornou também controladora da COPENER e da fábrica de
celulose Bacell. Esta situação perdurou até o segundo semestre de 2003, quando negociações
com o grupo RGM Internacional, de Singapura, desembocaram na venda da COPENER e da
Bacell. Após estas modificações, a denominação do grupo empresarial passou a ser Bahia
Pulp S.A., englobando os reflorestamentos e a indústria numa estrutura integrada.
Atualmente, a COPENER tem uma área total de 125.201,86 ha, dos quais 47,9% estão
ocupados por reflorestamentos com eucaliptos�e 4,5% com pinus. Cerca de 323,21 ha estão
destinados a experimentos (COPENER, 2003). Com 96,3% da área atual do DFLN, a
COPENER é a maior das empresas reflorestadoras, considerando-se, também, a sua estrutura
empresarial, e o volume da sua produção. Em 2003, os projetos de reflorestamento da
empresa em atividade ocupavam áreas em 18 municípios, conforme mostrado na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 - Distribuição dos plantios na área de abrangência da COPENER (municípios do DFLN), em ordem decrescente de área ocupada, 2003.
0XQLFtSLRV ÈUHD�RFXSDGD��KD�� 1~PHUR�GH�SURMHWRV�3DUWLFLSDomR�QRV�SODQWLRV�WRWDLV�����
�
Inhambupe 17.408,06 37 27Entre Rios 14.216,62 39 22Alagoinhas 8.698,65 24 13Aramari 6.339,90 13 10Olindina 3.556,53 4 5Esplanada 2.592,14 7 4Ouriçangas 2.511,74 3 4Conde 2.366,16 3 4Rio Real 2.177,27 5 3Itanagra 1.080,39 4 2Jandaíra 956,28 3 1Sátiro Dias 881,79 2 1Acajutiba 594,68 1 1Crisópolis 501,41 1 1Água Fria 477,66 1 1Araçás 469,69 4 1Aporá 443,34 1 1Cardeal da Silva 364,78 1 1Total 65.637,09 153 100
122
Os números mostram que a área ocupada pelos reflorestamentos da COPENER
(65.637,09 ha) corresponde a cerca de 62% da área total do DFLN. Esta proporção aumenta
para 89% quando considerado o total das terras pertencentes à empresa (125.202 ha). A
localização dos projetos de reflorestamento é apresentada na Figura 5.1.
123
FerroviaEstrada asfaltadaEstrada cascalhada
RioLimite estadual
Limite do DFNBaIsoietas
CidadeVila
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� �� ��� ����������� � ��� ��� ������� �����
R io Itapicuru
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Z �[� \���'] Mq4] M1r ]N �
LNM � r sq4] M1r ]t��
u v w g>i*ju p g x�g!y z { g
800 mm
800 mm
900 mm
1000 mm
1200
mm
700 mm
700 mm
800 mm
900 mm
1000 mm
1200 mm
1400
mm
1400 mm
1600
mm
1600 mm
BR-110
Figura 5.1 –�Localização dos reflorestamentos da COPENER no DFLN (COPENER, 2003).�
124
Observa-se que 72% da área total ocupada pelos plantios da COPENER concentra-se
em quatro municípios: Inhambupe, Entre Rios, Alagoinhas e Aramari. Destes municípios,
apenas Entre Rios está situado na área com maiores índices de pluviosidade. Os outros
municípios correspondem a áreas mais antigas, com produtividades menores. A distribuição
dos projetos no mapa da Figura 5.1 comprova a tendência inicial de ocupação das áreas mais
continentais, principalmente devido à aquisição de áreas implantadas pelas primeiras
empresas reflorestadoras.
Segundo o IDEA (2003b), o programa de melhoramento genético florestal começou a
tomar corpo no Brasil no final da década de 1970, quando foram instalados os primeiros
pomares de sementes clonais. Em seguida, foram realizados os primeiros testes de progênies e
foi iniciada a reintrodução de germoplasma, com base genética apropriada, e a clonagem dos
melhores materiais genéticos. A produtividade florestal brasileira, a partir disso, saltou de 8
para 45 m3/ha anuais. Posteriormente, a técnica de clonagem foi incorporada nos programas
de melhoramento das empresas reflorestadoras brasileiras, entre elas a COPENER. Uma rede
com 121 testes de procedências/progênies e 45 testes clonais (com 1418 clones), em
diferentes sítios, permitiu identificar e embasar as linhas de ação em melhoramento florestal,
através da seleção e introdução de novos materiais genéticos e da obtenção de híbridos
interespecíficos. No Estado da Bahia, a produtividade dos reflorestamentos industriais de
eucalipto alcança níveis superiores a 20% à média nacional (COPENER, 2003).
As áreas com projetos de reflorestamento foram classificadas em quatro grupos, de
acordo com o índice de precipitação, conforme mostrado na Tabela 5.3.
Tabela 5.3- Distribuição das áreas da COPENER, segundo a variação de precipitação pluviométrica (COPENER, 2003).
1tYHLV�GH�SUHFLSLWDomR� 7RWDO��KD�� 3ODQWLR��KD��
< 900 mm/ano 21.244,03 5.247,61 > 900 < 1.100 mm/ano 40.918,86 30.210,89 > 1.100 < 1.300 mm/ano 35.416,43 20.504,55 > 1.300 mm/ano 27.622,54 9.730,95 Total 125.201,86 65.637,68
Cerca de 92% da área total de plantio da COPENER está situada em regiões cuja
precipitação pluviométrica excede os 900 mm/ano. Os reflorestamentos em áreas entre 1.100
e 1.300 mm/ano respondem por mais de 77% do total.
125
Os híbridos ((�JUDQGLV� [� (�XURSK\OOD), material de maior potencial produtivo e
tecnológico, foram monitorados em 1.320 parcelas permanentes. A COPENER tem como
critério de seleção das áreas aptas à silvicultura algumas outras variáveis que restringem a
produtividade ou dificultam o manejo. Para tanto, a empresa aplica a classificação dos solos
DSWRV e LQDSWRV, a não implantação em áreas inclinadas e a localização em áreas com
precipitação mínima de 900 mm/ano. Atualmente, as isóclinas de índice de sítio para os
híbridos estão registradas, evidenciando a importância do aspecto hídrico no potencial de
resposta da floresta à melhoria do solo. Para se estimar o incremento de produtividade, na
primeira e segunda rotação, com a indicação de materiais genéticos específicos, foram
realizados estudos de potencial de produção, que estão sintetizados na Tabela 5.4.
Tabela 5.4 - Incrementos Médios Anuais (IMA) (em m3/ha/ano) atuais e estimados para plantios monoclonais, em primeira e segunda rotações, de híbridos ((�� JUDQGLV� [� (��XURSK\OOD�, em três tipos de solo (COPENER, 2003). 6ROR� /$� 3RG�DU�P� 3RG�P�DJ�
337��PP�DQR�� ������� ������� !������ ������� ������� !����� ������ ������� !�����Atual IMA 1ª 21 28 27 23 25 33 22 30 39 IMA 2ª 13 21 22 15 19 27 14 23 32 Estimado IMA 1ª 28 34 38 31 30 47 29 37 56 IMA 2ª 18 25 32 20 23 39 19 28 46
LA = Latossolo txt média; Pod, ar/m = Podzólico txt arenosa/média; Pod, m/ag = Podzólico txt média/argilosa.
As estimativas também indicam que a produtividade será maior em áreas com maior
precipitação pluviométrica, nos três diferentes tipos de solos estudados. Os valores dos IMA
estimado aumentam de 28 para 38 m3/ha/ano na primeira rotação, à medida que a
pluviosidade também aumenta, para o caso do Latossolo (LA). Nos solos Podzólicos (Pod),
estes valores variam de 31 para 47 m3/ha/ano, e de 29 para 56 m3/ha/ano.
Os espaçamentos de plantio vêm se ampliando de paulatinamente na empresa,
observando os aspectos de melhoria do material genético, qualidade das operações
silviculturais, zonas edafo-climáticas e sistema de manejo para povoamentos em segunda
rotação. Assim, os plantios passaram de 3,00 m x 2,00 m (6 m2/planta) para os atuais 3,00 m x
3,00 m ou 3,50 m x 2,60 m ou 4,50 m x 2,00 m (9 m2/planta) (COPENER, 2003).
A colheita florestal foi iniciada em 1990 utilizando-se o sistema tradicional de corte
com motosserra, toragem com 2,40 m e remoção com tratores e carretas. Recentemente, foi
introduzido o sistema de toras longas (5,50 m) descascadas, que propiciaram ganhos
126
operacionais e econômicos. A empresa adota procedimentos operacionais rigorosos que visam
salvaguardar o sucesso da brotação das cepas pós-colheita: controle de formigas,
planejamento de corte, acompanhamento de campo, controle de ervas daninhas, desbrota e
fertilização (COPENER, 2003).
Em resumo, as circunstâncias que levaram à criação da COPENER foram estabelecidas
primeiramente pela definição de políticas públicas de incentivos, condizentes com o modelo
de desenvolvimento econômico adotado pelo Estado brasileiro no início dos anos 1970. A
implantação dos reflorestamentos da empresa na RLN obedeceu a essa lógica produtivista e
posteriormente teve de se ajustar às novas perspectivas econômicas que surgiram e ao
crescimento da temática ambiental na sociedade. O manejo dos projetos de reflorestamento,
atualmente direcionado à produção de celulose, obedece a critérios técnicos baseados nas
condições edafoclimáticas da região, mas também consideram os aspectos ambientais.
127
���5(68/7$'26��$�*(672�$0%,(17$/�(�$�6867(17$%,/,'$'(�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172�
O objetivo deste capítulo é construir subsídios para a um sistema de gestão ambiental de
projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV instalados na RLN, sob a perspectiva do
desenvolvimento sustentável. Para tanto, a discussão dos resultados baseia-se na correlação
entre os dados secundários e primários compilados durante a pesquisa, por meio da
metodologia que foi aplicada e da sistematização das informações. A discussão se estruturou
em torno da gestão ambiental e a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento. Dessa
forma, o capítulo discutirá os aspectos da inserção da COPENER na dinâmica regional, os
principais impactos identificados pela pesquisa, as ações de gestão ambiental da empresa, e os
indicadores de sustentabilidade para os reflorestamentos.
����9,6,7$6�'(�&$032�(�(175(9,67$6�
Os projetos de reflorestamento do Bloco Altamira foram visitados seis vezes, durante o
período de novembro de 2003 a março de 2004 (Figura 6.1). Nessas observações, a ênfase foi
dada aos aspectos ambientais das áreas ocupadas pelos reflorestamentos, aos fragmentos de
vegetação natural, e às áreas em processo de recuperação ambiental. Em todos os pontos
visitados, efetuaram-se observações segundo um roteiro previamente estabelecido. Muitas das
áreas visitadas foram acompanhadas de entrevistas. Todos os pontos visitados foram
registrados por intermédio da determinação das suas coordenadas geográficas, obtidas em
instrumentos de GPS. Paralelamente, foram realizadas duas visitas à Vila de Altamira, para as
entrevistas com membros da comunidade, e uma entrevista com um representante do gestor
do município de Conde. Essas entrevistas objetivaram a identificação de aspectos
relacionados à inserção dos reflorestamentos na dinâmica sócio-econômica municipal.
Na realização das entrevistas, além do roteiro das perguntas básicas, houve espaço para
perguntas adicionais, conforme as peculiaridades do contexto e do ator social entrevistado.
Nos órgãos públicos, as entrevistas foram realizadas com técnicos e dirigentes, e coletou-se
dados impressos e em meio magnético. Foram visitados órgãos das esferas municipal,
estadual e federal, ligados à agricultura, silvicultura, estatísticas, área social e meio ambiente.
Os órgãos visitados foram: IBAMA, Ministério de Agricultura, CRA, SFC, SEPLANTEC,
128
SEAGRI, IBGE-Salvador, IBGE-Alagoinhas, IPEA, INCRA, EPAMIG e EBDA. Também
foram visitadas as universidades de Brasília (DF) e Viçosa (MG). As Prefeituras de
Alagoinhas, Cardeal da Silva e Conde, e os escritórios locais do IBGE em Alagoinhas e
Esplanada serviram de fontes de informações quanto às dinâmicas locais.
Além da COPENER, foram visitadas outras duas empresas reflorestadoras, com a
finalidade de obtenção de dados adicionais. A primeira foi a Companhia de Ferro-Ligas da
Bahia (FERBASA), que possui florestas energéticas na Região do Litoral Norte (Figura 2.3).
A outra empresa visitada foi a VERACEL, que possui reflorestamentos industriais na Região
do Extremo Sul do Estado da Bahia (Figura 2.4). Nessas empresas, foram visitados alguns
projetos de reflorestamento. Em todas as visitas aos reflorestamentos, os locais de observação
foram georeferenciados. Técnicos de empresas prestadoras de serviços florestais foram
entrevistados ao longo da pesquisa. Dirigentes e técnicos de empresas de reflorestamento
também foram entrevistados.
Na esfera dos dirigentes públicos, decidiu-se entrevistar o prefeito de Alagoinhas,
devido à posição daquele município como pólo regional, e onde está localizado o escritório
central da COPENER. Informações adicionais foram obtidas junto a sindicatos rurais e à
Pastoral Rural. Na comunidade de Altamira, vizinha à área de estudo, foram entrevistadas
lideranças locais e pessoas da comunidade.
No total, foram entrevistados onze técnicos da COPENER, dois técnicos de empresas
prestadoras de serviço, oito técnicos de outras empresas reflorestadoras, sete técnicos de
órgãos e empresas públicas, dois dirigentes públicos municipais, cinco lideranças
comunitárias, duas lideranças políticas e seis agricultores da Vila de Altamira. Os resultados
das entrevistas, as observações diretas e os estudos realizados, desde as fases preliminares até
as finais, formaram o banco de dados e informações que serviu de alicerce para as análises
que constituem as seções seguintes.
129
������������������������������
Figura 6.1 – Localização dos pontos visitados nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, no município de Conde (BA).
130
����$�,16(5d2�'$�&23(1(5�1$�',1Æ0,&$�5(*,21$/�
Esta seção resultou das ações do reconhecimento da RLN como uma região econômica,
de acordo com a divisão administrativa adotada pelo Estado. A análise da história da
ocupação e do processo de crescimento econômico da RLN indicou que ele tem uma relação
direta com o modelo de desenvolvimento implantado no Brasil entre as décadas de 1970 e
1990. Nesse período, foram priorizadas a urbanização dos investimentos, com a conseqüente
criação de uma infra-estrutura nas cidades. Os reflexos do “ milagre brasileiro” , em que o
mundo rural passou a ser sinônimo de subdesenvolvimento, apresentando baixa produtividade
e carência de programas de fomento e políticas públicas, também se fizeram presentes na
região. A ética implícita na implantação dos primeiros projetos de reflorestamento da RLN
traduziu uma modernidade estritamente técnica, típica da época, mas que não rompeu com
tradições do ponto de vista da ético. Tratava-se de uma ética notadamente econômica, em que
o capital é o que de fato importa, caminhando de mãos dadas com uma ética política do “ vale
tudo” .
O planejamento inicial do desenvolvimento da RLN deveria assegurar igualitariamente
a produção agrícola e silvicultural, o que garantiria o atendimento das necessidades da
sociedade, visto que a agricultura de pequeno e médio porte inseria-se no cotidiano da RLN.
Na esfera governamental, as atividades de produção agrícola na região eram consideradas de
segundo escalão, representando um setor estagnado da economia. Apesar disso, a agricultura
familiar subsistiu nessa região, como produtora significativa de alimentos, mas grande parte
dos pequenos proprietários rurais não participa do fluxo circular da economia do Estado. Os
reflorestamentos com eucalipto se inserem neste contexto, na condição de matéria-prima
básica para a produção e exportação de celulose, aço e ferro gusa. As políticas públicas,
traduzidas no programa de incentivos fiscais para reflorestamentos com fins industriais,
refletiram o modelo de desenvolvimento econômico seguido pelo país. Contudo, o crédito
subsidiado do Estado em nada contribui para melhorar as condições de vida da massa
trabalhadora rural.
Os pilares do desenvolvimento sustentável foram continuamente contrariados ou
distorcidos, a serviço da racionalidade produtivista, no processo de implantação e gestão dos
projetos de reflorestamento do DFLN. Além dos aspectos sócio-ambientais, a viabilidade
econômica dos projetos em curso foi questionada por muito tempo, principalmente no que
tange à vulnerabilidade em relação ao mercado externo e à eficiência econômica do atual
modelo de exploração.
131
As políticas públicas para o desenvolvimento e para o meio ambiente não foram dotadas
de instrumentos que interagissem entre si e com os diversos atores sociais, durante o processo
de implantação do DFLN. A análise dos dados documentais e históricos disponíveis apontou
para uma participação quase nula das municipalidades, lideranças comunitárias e
organizações não-governamentais, na formulação de políticas públicas referentes à dinâmica
regional. Constatou-se a falta de um planejamento compartilhado e de uma preocupação
social condizente com o horizonte que foi estabelecido.
O crescimento da temática ambiental promoveu o surgimento de outros imperativos
éticos, sobretudo através do conceito de desenvolvimento sustentável. A imposição de limites
ao modelo de desenvolvimento econômico passou a ser desejada por muitos setores da
sociedade e a ética ambiental vem assumindo importância fundamental nesse novo contexto.
Conseqüentemente, a modernidade eticamente responsável se transformou num objetivo a ser
almejado, com reflexos na ética e no processo decisório interno das empresas reflorestadoras.
Simultaneamente, a regulamentação e a regulação implementadas pelo Estado através da
legislação ambiental e da atuação dos órgãos ambientais, apesar das limitações impostas pelas
mesmas dificuldades enfrentadas pela gestão ambiental em todo o país, colocaram as políticas
públicas para o meio ambiente frente a frente com a lógica produtivista.
A abrangência da COPENER no DFLN determina o nível de importância econômica da
empresa para a região, com sua correspondente responsabilidade quanto à questão ambiental.
A COPENER está presente nos 21 municípios e ocupa mais de 96% da área do DFLN. A
análise preliminar constatou que a empresa divide sua área de atuação baseando-se dos
índices de precipitação pluviométrica. Assim, a administração dos projetos de reflorestamento
da empresa se divide entre o setor de produção oeste, mais interior e com índices
pluviométricos menores, e o setor de produção leste, mais próximo do litoral e com índices
pluviométricos maiores.
Ao longo das décadas de 1980 e 1990, a geração, o processamento e a transmissão de
informação se constituíram em fonte fundamental da produtividade. A reconfiguração do
padrão de organização produtiva da COPENER tornou-se inevitável, baseada na
subcontratação de empresas-satélite para a prestação de serviços que a empresa não tinha
interesse em internalizar. O caráter basilar do enfoque holístico e sistêmico, embutido no
conceito de desenvolvimento sustentável, não foi incorporado a essa relação empresarial,
devido à natureza de seus desdobramentos. Os imperativos éticos que nortearam a atual
gestão ambiental da COPENER não foram, portanto, estendidos de forma sistemática aos
procedimentos das empresas prestadoras de serviço. Mesmo assim, constatou-se um
132
aprimoramento de algumas destas empresas devido ao processo de certificação ISO pelo qual
passaram. Referente aos aspectos sócio-ambientais, constatou-se uma falta de sintonia nessa
relação empresarial, visto que a COPENER ainda não atingiu a certificação ISO.
A decisão da COPENER de não interromper os seus projetos de pesquisa e programas
de aperfeiçoamento também se configurou como um instrumento de sustentabilidade. Os
resultados dessas políticas internas possibilitaram à empresa responder às exigências e
desafios de cunho ambiental e econômico. Com investimentos bem orientados por um
fundamento científico, o programa de melhoramento genético gerou clones específicos para
determinadas características edafoclimáticas, refletindo-se num aumento da produtividade.
Maiores produtividades indicam, entre outros aspectos, menores extensões de área ocupada.
Por conseguinte, o potencial impactante foi também reduzido.
Pontos vulneráveis na administração dos projetos de reflorestamento da COPENER são
a sustentabilidade ecológica e a sustentabilidade ambiental. A substituição da vegetação
natural em grandes extensões de terra pela floresta de uma única espécie exótica significou
perdas de biodiversidade. A falta de critérios rigorosos do ponto de vista ambiental, na
seleção das áreas para o plantio, quando da implantação dos primeiros reflorestamentos da
RLN, trouxe riscos para a disponibilidade dos recursos naturais da região. Estabeleceu-se,
assim, o conflito das racionalidades econômica e ecológica.
A sustentabilidade social é um dos pontos mais fracos do modelo imposto na década de
1970. Uma base de equilíbrio social pode ser de difícil alcance, quando se observa a
percepção que as comunidades rurais atingidas pelos reflorestamentos possuem em relação à
COPENER. A sustentabilidade cultural foi prejudicada, visto que o contato das comunidades
rurais com o advento da exploração florestal tecnificada não trouxe uma nova perspectiva de
intercâmbio de informações e experiências benéficas para a população da zona rural. As
informações coletadas nas entrevistas e as observações diretas realizadas nas visitas à região
comprovaram esta assertiva. A COPENER não possui uma estratégia de ajuste dessa situação.
Não foi constatada a implementação de um programa de educação ambiental que
considere os aspectos preservacionistas e conservacionistas do meio ambiente, estabelecendo
uma relação dialógica com os diversos grupos sociais. Também não foram observadas
iniciativas da empresa no sentido de valorizar e preservar a cultura local, como forma de
mitigar os impactos sócio-culturais.
Apesar das medidas mitigadoras dos impactos sobre o meio físico e biótico que foram
implementadas nas áreas ocupadas pelos projetos de reflorestamento, o meio sócio-econômico
ainda sofre com impactos negativos. A relação entre a empresa e as comunidades rurais é
133
incipiente, devido ao mal-estar gerado pelo processo histórico que induziu ao isolamento da
empresa perante a sociedade. Por outro lado, a carência de informações, dados e pesquisas,
sobre os impactos sócio-ambientais na região de influência dos projetos de reflorestamento,
dificulta a implementação de uma gestão com vistas à sustentabilidade. Isto foi constatado
durante as entrevistas com técnicos e dirigentes das empresas visitadas (reflorestadoras e
prestadoras de serviço).
Os dados coletados e que serviram para a investigação da validade do senso comum
predominante detectado nas entrevistas permitiram afirmar que a lógica econômica
produtivista dos primeiros projetos de reflorestamento induziu à concentração de terras e
capital. Isto trouxe um prejuízo para a sustentabilidade espacial e colocou em risco as áreas
ecologicamente frágeis. As políticas públicas não consideraram esses aspectos, abstendo-se o
Estado de ocupar um espaço imprescindível no acompanhamento desse processo. A
sustentabilidade política exigiu uma maior capacidade do Estado para implementar um projeto
regional, em parceria com os empreendedores. Todavia, a desconsideração do papel e da
realidade sócio-econômica de outros atores sociais (comunidades rurais e gestores
municipais) envolvidos na problemática ocasionou distorções que repercutem até os dias
atuais, refletindo-se na gestão dos projetos de reflorestamento.
Conforme apurado nas entrevistas, as relações atuais da COPENER com as lideranças
políticas comunitárias locais, e municipalidades são praticamente nulas ou incipientes,
refletindo um forte comprometimento para a sustentabilidade política da atividade florestal,
no âmbito local e regional. Existe um grande espaço vazio de estratégias de diálogo empresa-
comunidades.
A competitividade da COPENER nos mercados em que atua depende da incorporação
do conceito de desenvolvimento sustentável e da preservação ambiental, que se refletirá na
imagem da empresa. Assim, os imperativos éticos que norteiam as decisões empresariais
influenciarão na sustentabilidade da empresa, visto que a sociedade cria expectativas cada vez
maiores em relação à responsabilidade sócio-ambiental de seus diversos componentes. Nesse
sentido, constatou-se que a responsabilidade sócio-ambiental da COPENER cresce
paulatinamente. A análise da evolução das práticas de gestão apontou para a consideração dos
conceitos de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental no processo decisório, traduzida
na inserção dos aspectos ambientais nas diretrizes de planejamento e estratégias gerenciais da
empresa. Porém, esta inserção não ocorre com uma relevância semelhante àquela observada
para os aspectos econômicos e produtivistas.
134
Evidenciou-se, assim, que a inclusão dos aspectos ambientais no planejamento e gestão
dos projetos de reflorestamento da COPENER não garantiu a sustentabilidade desses projetos.
Ao mesmo tempo, a ausência dos aspectos sócio-culturais no planejamento e gestão dos
projetos de reflorestamento impede o alcance da sustentabilidade, em todas as suas
dimensões, na atividade florestal da COPENER.
�����26�,03$&726�6Ï&,2�$0%,(17$,6�
As informações coletadas nas entrevistas realizadas com os atores sociais externos à
empresa indicaram os impactos sócio-ambientais relacionados à estrutura fundiária, dinâmica
demográfica e perda da biodiversidade, como os mais fortes na percepção dos entrevistados.
Nas entrevistas realizadas com dirigentes de alguns municípios, evidenciaram-se os
impactos associados aos reflorestamentos, sob o ponto de vista das comunidades envolvidas.
Entre eles, destacam-se: a) falta de articulação com outras atividades econômicas de menor
tecnologia, ocorrida desde a fase de planejamento; b) precarização da mão-de-obra rural; c)
desmatamento indiscriminado; d) sazonalidade do emprego da mão-de-obra; e) modificação
da paisagem, devido à monocultura em grandes extensões de terra; f) proliferação de doenças
na zona rural, devido às más condições dos acampamentos dos trabalhadores; g) prejuízos
para o sistema viário municipal e estadual, devido ao tráfego intenso de veículos pesados; h)
pouco retorno aos municípios, na forma de impostos, por causa do regime de recolhimento
“ no destino” . Segundo os entrevistados, o montante arrecadado foi muito pouco, referente
apenas às prestadoras de serviço, considerando-se a posição que a atividade florestal ocupa na
economia regional. Foram detectadas, também, expectativas das comunidades e
municipalidades em relação à COPENER, no sentido de se formular uma política integrada,
visando à implementação de medidas compensatórias e mitigadoras, em nível regional. Três
focos principais poderiam nortear esta política: a) educação ambiental e formal; b) saúde no
meio rural; e c) sistema viário.
As informações coletadas nas entrevistas com líderes políticos e comunitários, pessoas
das comunidades rurais, e técnicos de órgãos públicos, caracterizaram o senso comum da
sociedade regional, no que se refere à implantação dos projetos de reflorestamento. Eles
informaram que durante a ocupação de grandes extensões de terra pelos reflorestamentos,
acentuou-se o fenômeno do êxodo rural. Famílias inteiras deixaram suas propriedades,
transferindo-se para as cidades, movidas por uma perspectiva de melhoria de vida com o
135
dinheiro recebido com a venda de suas terras. Esses entrevistados observaram que a periferia
de Alagoinhas, maior cidade da região, se expandiu desordenadamente e o poder público
municipal não estava preparado para atender às demandas sociais e de infra-estrutura. A
percepção da sociedade regional, ainda segundo as entrevistas realizadas, é de que esse
processo provocou uma agudização dos problemas sociais tanto na zona urbana, quanto na
zona rural, que assistia impotente à repentina invasão de seu ambiente por plantios de
eucaliptos, equipamentos e maquinário de alta tecnologia.
A Tabela 6.1 apresenta a evolução do número de pessoas residentes na zona rural dos
municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, entre os anos de 1970 e
2000. Os dados foram extraídos dos censos demográficos do IBGE.
Tabela 6.1 - Evolução quantitativa da população na zona rural: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003). 1~PHUR�GH�KDELWDQWHV�QD�]RQD�UXUDO�8QLGDGHV�WHUULWRULDLV�
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Alagoinhas 16.869 14.115 17.386 17.655 4,45 Conde 11.372 7.800 10.655 9.934 -14,47
DFLN 181.611 164.399 200.952 212.070 14,36
Bahia 4.407.054 4.794.893 4.851.221 4.297.902 -2,54
Brasil 41.054.053 38.566.297 35.834.485 31.845.211 -28,92
A partir dos dados da Tabela 6.1, foram elaborados gráficos para subsidiar a análise e a
interpretação do crescimento da população rural na área de estudo (Figuras 6.2 e 6.3). As
curvas delineadas nos quatro gráficos permitiram a comparação entre o comportamento do
quantitativo da população rural nas unidades territoriais. O município de Alagoinhas foi
apontado nas entrevistas como o receptor principal dos fluxos migratórios oriundos da zona
rural da região e a área de estudo está situada no município de Conde.
Nos dados referentes ao Brasil e ao Estado da Bahia, existe uma nítida tendência de
decréscimo. No âmbito nacional o declínio da população rural foi constante, alcançando um
percentual acumulado de –28,92%. No Estado da Bahia, a queda que ocorreu entre os anos de
1991 e 2000, antecedida por duas décadas de fraco crescimento, foi suficientemente brusca
para que a população rural baiana retrocedesse a um patamar inferior ao de 1970, quando
ocorreu um acréscimo da população rural. No comportamento do quantitativo da população
rural dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN), no período de 1970 a
1980, a queda foi mais acentuada do que a ocorrida a nível nacional. Ao mesmo tempo, a
situação foi inversa da que aconteceu no âmbito estadual. Na década seguinte, a população
136
rural desses municípios voltou a crescer, assemelhando-se à tendência estadual. Na última
década, esta população continuou a crescer, ainda que de forma mais lenta, desta vez
contrariando o comportamento estadual. Ao final do período, o crescimento foi de 14,36%,
enquanto que no Estado ocorreu um decréscimo igual a -2,54%.
Ressalte-se que no período de 1970 a 1980 a COPENER efetuou as suas primeiras
aquisições de terras e que os seus primeiros reflorestamentos no DFLN. As décadas seguintes
foram caracterizadas pelos arranjos espaciais ocasionados pela saída de algumas empresas
reflorestadoras, vendas de terras efetuadas pela COPENER e outras empresas, e valorização
das altas produtividades das áreas plantadas remanescentes, ao invés da ampliação de grandes
extensões de terra. Esta tendência continuou a ocorrer na última década, quando a RLN foi
uma das duas únicas regiões do Estado da Bahia cuja população apresentou este
comportamento.
A curva que representa a evolução do quantitativo da população rural no município de
Conde, onde estão localizados os plantios sob exame, entre os anos de 1970 e 1991,
assemelha-se à evolução da população rural do grupo de municípios que forma o DFLN,
sendo ligeiramente mais acentuados tanto o declínio quanto o crescimento. Na última década,
observa-se uma nova queda. Isto afasta o município de Conde dos outros municípios daquele
grupo, ao mesmo tempo em que o aproxima dos comportamentos estadual e nacional. O
período de 1991 a 2000 corresponde a uma maior ocupação das áreas do DFLN mais
próximas do litoral, onde a pluviosidade é elevada, com melhores produtividades esperadas. O
município apresentou um decréscimo de 14,47% em sua população rural, em todo o período,
semelhante ao DFLN, mas bem superior à média estadual (-2,54%).
As informações coletadas na empresa confirmam essas observações. A partir de meados
da década de 1990, a COPENER começou a vender parte de suas terras mais interiores. Entre
1995 e 2003, cerca de 15.700 ha foram vendidos, e outros 19.000 ha adquiridos, em sua
grande maioria já ocupados com reflorestamentos implantados por outras empresas em áreas
mais próximas do litoral. A Figura 6.2 apresenta a evolução do quantitativo da população
rural do município de Alagoinhas. Verifica-se que o comportamento da população rural desse
município, em termos quantitativos, foi muito semelhante ao constatado no DFLN. Ao
decréscimo ocorrido entre 1970 e 1980 sucedeu-se uma forte retomada do crescimento na
década seguinte, sendo mantida, ainda que em ritmo mais suave, entre 1991 e 2000. O
crescimento de 4,45% diferencia-se dos comportamentos das esferas estadual (-2,54%) e
nacional (-28,92%) durante todo o período, e do município de Conde apenas no lapso
compreendido entre 1991 a 2000.
137
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
45.000.000
1970 1980 1991 2000|t}S~'���4��� �����
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Brasil
4.000.000
4.100.000
4.200.000
4.300.000
4.400.000
4.500.000
4.600.000
4.700.000
4.800.000
4.900.000
1970 1980 1991 2000�t�S�'���4��� �����
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Bahia
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
1970 1980 1991 2000¨t©4ª'«4¬�«� ®�¯±°
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DFLN
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1970 1980 1991 2000½t¾S¿'À�Á4À� Ã�Ä�Å
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Conde
Figura 6.2 – Gráficos da evolução da população rural: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).
138
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
1970 1980 1991 2000ÑtÒ4Ó>Ô�Õ�Ô�Ö ×�رÙ
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Figura 6.3 – Gráfico da evolução da população rural: município de Alagoinhas, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).
Para o período considerado, a análise comparativa concluiu que: a) o quantitativo da
população rural dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) apresentou
tendências diferenciadas em relação ao nível estadual; b) a população rural do município de
Conde apresentou, na década de 1990, uma tendência de redução, contrária ao do grupo de
municípios da área de abrangência da COPENER; c) o crescimento da população rural do
município de Alagoinhas foi positivo, mas um pouco inferior ao observado no restante dos
municípios da área de abrangência da COPENER; d) não foi possível estabelecer uma
correlação direta entre a implantação dos reflorestamentos e a redução da população rural, no
período analisado.
Portanto, as informações coletadas nas entrevistas e o senso comum observado na
sociedade regional, quanto a uma relação causal entre a implantação dos reflorestamentos e o
fenômeno do êxodo rural, refletem a percepção gerada, principalmente, no período de
introdução dessa atividade na região. De fato, esse período coincide com o decréscimo da
população rural na região, contrariando ao que aconteceu na média estadual. Por outro lado,
não foi possível verificar se este decréscimo atingiu níveis significativos, visto que
acompanharam uma tendência nacional. Constatou-se, ainda, que a percepção da sociedade
139
regional não foi revertida pela mudança na tendência observada nas últimas duas décadas e
que implicou no aumento da população rural da região.
A Tabela 6.2 apresenta a evolução do número de pessoas residentes na zona urbana dos
municípios de Alagoinhas e Conde, municípios da área de abrangência da COPENER
(DFLN), Estado da Bahia e Brasil, entre os anos de 1970 e 2000.
Tabela 6.2 - Evolução quantitativa da população na zona urbana: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003). 1~PHUR�GH�KDELWDQWHV�QD�]RQD�XUEDQD�8QLGDGHV�WHUULWRUDLV�
����� ����� ����� �������&UHVFLPHQWR�
Alagoinhas 55.264 65.747 99.728 112.440 50,85 Conde 3.181 4.894 5.494 10.492 69,68
DFLN 126.077 168.109 273.890 330.873 61,90
Bahia 3.086.383 4.660.499 7.016.770 8.772.348 64,82
Brasil 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959 62,24
Da mesma maneira que foi efetuado em relação à população rural, foram construídos os
gráficos correspondentes a esses dados, para subsidiar a análise e a interpretação da evolução
da população urbana na região (Figuras 6.4 e 6.5). Quanto aos números do Brasil e do Estado
da Bahia, verifica-se que o crescimento da população urbana ocorreu em ambos os níveis, no
período de 1970 a 2000, apresentando taxas muito próximas entre si. Portanto, o ritmo de
urbanização do Estado da Bahia (64,82%) acompanhou a tendência nacional (62,24%). Na
evolução do quantitativo da população urbana do grupo de municípios da área de abrangência
da COPENER (DFLN), o comportamento (61,90%) foi muito parecido com o que aconteceu
no âmbito estadual, com uma aceleração ligeiramente superior no ritmo de crescimento no
período de 1980 a 1991.
Quanto à população urbana do município de Conde, verificou-se uma reprodução da
tendência demonstrada nos níveis regional e estadual. Isto reflete o aumento generalizado do
grau de urbanização no Brasil. No município de Conde, o crescimento da população urbana
foi mais suave do que nos outros agrupamentos analisados. Durante o período de 1991 a 2000,
este crescimento foi mais acentuado do que o ocorrido no grupo de municípios da área de
abrangência da COPENER (DFLN) e no Estado da Bahia. Para todo o período, porém, o
crescimento observado (69,68%) foi superior às médias nacional (62,24%), estadual (64,82%)
e do DFLN (61,90%). Conforme mostrado anteriormente, nesse mesmo período, a população
rural deste município apresentou decréscimo (-14,47%).
140
0
20.000.000
40.000.000
60.000.000
80.000.000
100.000.000
120.000.000
140.000.000
160.000.000
1970 1980 1991 2000åtæ4ç'è4é�è�ê ë�ì±í
îï ðñò óôõ ö ó÷öñø
Brasil
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
7.000.000
8.000.000
9.000.000
10.000.000
1970 1980 1991 2000ù_úbû üSý'üÿþ �����
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Bahia
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
1970 1980 1991 2000
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DFLN
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1970 1980 1991 2000
&HQVRV�,%*(
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Conde
Figura 6.4 – Gráficos da evolução da população urbana: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).
141
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
1970 1980 1991 2000�����! #"# %$ &�')(
*+ ,-. /01 2 /32-4
Figura 6.5 - Gráfico da evolução da população urbana: município de Alagoinhas, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).
Complementarmente, a Figura 6.5 é o gráfico da evolução do quantitativo da população
urbana do município de Alagoinhas, considerado pólo regional e apontado nas entrevistas
como o destino principal do êxodo rural da RLN. Observa-se uma acentuação do crescimento
no período de 1980 a 1991, muito similar à curva representativa do grupo de municípios da
área de abrangência da COPENER (DFLN). O crescimento relativo (50,85%) da população
urbana do município de Alagoinhas foi superado em mais de dez pontos percentuais pelo
crescimento da população urbana do restante dos municípios do DFLN (61,90%).
Comparando-se ao crescimento observado nas outras unidades territoriais, a diferença é ainda
maior. Os números contradizem as informações coletadas nas entrevistas, que indicavam um
LQFKDPHQWR do município de Alagoinhas devido aos fluxos migratórios oriundos do campo.
Ressalte-se que, no mesmo período, a população rural deste município apresentou um
crescimento de 4,45%, conforme mostrado anteriormente.
Para o período considerado, a análise comparativa concluiu que: a) o quantitativo da
população urbana dos municípios da área de abrangência da COPENER apresentou
tendências semelhantes em relação aos níveis estadual e nacional; b) a evolução do número de
habitantes da zona urbana apresentou a mesma tendência de crescimento em todos os níveis
analisados; c) as evoluções das populações urbana e rural do município de Conde
142
apresentaram comportamentos de tendências acentuadamente inversas; d) o aumento no grau
de urbanização do município de Alagoinhas foi inferior à média do DFLN, do Estado da
Bahia e do Brasil; e) não foi possível estabelecer uma correlação direta entre a implantação
dos reflorestamentos e o crescimento da população urbana, no período analisado.
Estas informações, conjugadas àquelas referentes à população rural, possibilitaram a
análise da dinâmica populacional da região durante o período analisado. O grau de
urbanização dos municípios da região não foi um fenômeno isolado, pois acompanhou as
variações registradas nos níveis nacional e estadual. Esses dados respaldam apenas
parcialmente o senso comum da população detectado nas entrevistas e nas observações
diretas. A ocorrência do êxodo rural e do aumento do grau de urbanização foi constatada, mas
não foi comprovada uma relação causal entre a introdução dos reflorestamentos e estas
mudanças na dinâmica populacional.
Apesar dessas constatações, ainda persiste uma resistência na sociedade regional,
remanescente do processo inicial de implantação dos projetos de reflorestamento na RLN, e
que se reflete no cotidiano das relações entre os diversos atores sociais envolvidos. Nas
entrevistas realizadas com os técnicos e dirigentes da COPENER, não foi possível detectar
iniciativas que permitissem uma aproximação da empresa com as comunidades rurais. Nas
visitas às comunidades, observou-se que a conjugação desses dois fatores (resistência
remanescente e distanciamento) comprometeu a sustentabilidade sócio-cultural dos projetos.
Se, por um lado, a preocupação com as questões ecológicas e ambientais relacionadas aos
reflorestamentos vem gradualmente ocupando um espaço mais significativo na gestão dos
projetos, o mesmo não se verifica no âmbito sócio-cultural.
De acordo com as informações coletadas nas comunidades rurais visitadas, as
dificuldades no relacionamento da COPENER com a comunidade originam-se,
principalmente, dos seguintes fatores: a) a forma autoritária e imposta como o DFLN foi
concebido e implantado, sem discussão e participação da comunidade; b) a experiência
negativa na aquisição de terras dos pequenos proprietários e posseiros com as primeiras
empresas reflorestadoras; c) a pobreza da região; d) a ausência da RLN dos programas oficiais
de desenvolvimento; e) o acesso praticamente nulo do agricultor ao crédito rural.
As observações realizadas e os relatos dos técnicos da COPENER confirmaram que
muitas empresas implantaram reflorestamentos em áreas que estavam fora do zoneamento
proposto. Em parte, isto aconteceu por causa do interesse pelos recursos financeiros
provenientes dos incentivos fiscais, mas os técnicos ressaltaram que o incipiente
143
conhecimento tecnológico do manejo florestal e das questões ambientais contribuiu
fortemente para as distorções ocorridas.
A reestruturação das atividades econômicas já desenvolvidas na região e as
interferências na organização espacial dos municípios causaram conflitos entre os agricultores
e as empresas reflorestadoras, incluindo a COPENER, na época das primeiras aquisições de
terras. Assim, os prejuízos e impactos negativos causados pelos reflorestamentos marcaram de
tal forma a dinâmica regional, que a COPENER atingiu um grau de rejeição muito alto nas
comunidades. Apesar das ações implementadas para a mitigação dos impactos sócio-
ambientais, a rejeição aos reflorestamentos na RLN persiste, refletindo-se no cotidiano das
relações entre os diversos atores sociais envolvidos.
O histórico da implantação do DFLN deixou marcas indeléveis no inconsciente coletivo
das comunidades rurais atingidas, particularmente constatadas nas entrevistas realizadas na
comunidade da Vila de Altamira. Conforme apurado nas entrevistas com dirigentes e técnicos
da COPENER, as ações de comunicação da empresa limitam-se às campanhas de prevenção
de incêndios florestais, o que acentua o distanciamento empresa-comunidade.
As entrevistas realizadas com representantes e moradores da Vila de Altamira
mostraram que os trabalhadores rurais da região têm uma grande resistência ao
estabelecimento de relações empregatícias com as empresas que prestam serviço à
COPENER, devido à sazonalidade das contratações. As empresas prestadoras de serviço
alegam, por seu turno, que a mão-de-obra local tem dificuldades de adaptação às exigências
técnicas e apresenta baixa motivação e um ritmo lento na execução das atividades. Por isso,
são recrutados trabalhadores oriundos de outras regiões, em detrimento da mão-de-obra rural
local. Concomitantemente, verificou-se a existência de um consenso generalizado na
comunidade de que os reflorestamentos causaram impactos sócio-culturais que prejudicaram a
dinâmica da região. Este pensamento é compartilhado, inclusive, por lideranças municipais de
Alagoinhas, Cardeal da Silva e Conde.
Conforme salientaram representantes de pequenos agricultores, as comunidades rurais
reconhecem que a atividade florestal tem aspectos positivos. Para eles, o eucalipto é uma
importante fonte de matéria-prima e o seu cultivo pode ser uma atividade positiva para a
região, desde que bem dimensionada e planejada. Todavia, as comunidades rurais também
revelaram preocupações, de acordo com os resultados das entrevistas. Primeiro, quanto aos
impactos que foram agravados pela falta de um programa de desenvolvimento rural,
reduzindo a produção agrícola da região. Em seguida, pela falta de acesso ao crédito rural, de
equipamentos públicos e de infra-estrutura, além das preocupações relacionadas aos recursos
144
hídricos e ao desmatamento. As condições de trabalho nas empresas reflorestadoras são
oriundas da sazonalidade, da existência das empreiteiras, do transporte, da alta rotatividade e
dos casos de intoxicação por agrotóxicos que também preocupam as comunidades rurais.
A partir da chegada das empresas reflorestadoras, uma grande expectativa foi criada na
população local em relação à melhoria na qualidade de vida. Com a implantação dos projetos
de reflorestamento, a população mais jovem tentou empregar-se na nova atividade. Alguns se
tornaram assalariados rurais. Essa população ingressou num universo de direitos trabalhistas,
salários fixos e contratuais, que causaram mudanças de comportamento, a partir da exigência
de uma postura funcional até então desconhecida por este contingente de trabalhadores rurais.
A análise crítica da implantação e atuação dessas empresas na região mostrou que os
problemas se iniciaram com uma enorme contradição entre os seus objetivos e a sua prática,
além de falhas, desvios e erros na sua implementação. Os entrevistados registraram anseios
em relação aos reflorestamentos na RLN: a) revisão do zoneamento agro-econômico; b)
limitação da extensão das áreas ocupadas pelos reflorestamentos nos municípios; c) maior
rigor na seleção das áreas de plantio; d) critérios para aquisição de áreas de outras empresas e
propriedades abandonadas; e) promoção da agricultura familiar; f) preservação dos
remanescentes de vegetação natural; e f) fiscalização ambiental e trabalhista contínua.
A partir dos dados compilados nos censos econômicos e agropecuários do IBGE, para o
período de 1975 a 1995, foram construídas as Tabelas 6.3, 6.4 e 6.5, referentes à silvicultura,
à agricultura e à pecuária, respectivamente. O período analisado corresponde à fase de maior
expansão dos reflorestamentos na RLN. Procedeu-se à comparação entre os comportamentos
dessas atividades econômicas, em termos de ocupação de território, considerando quatro
unidades territoriais: município de Conde, municípios da área de abrangência da COPENER
(DFLN), Estado da Bahia e Brasil.
Tabela 6.3 – Evolução da área ocupada pela silvicultura: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD��8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����
Conde 9.114 DFLN 4.924 88.610 86.026 Bahia 55.722 276.581 297.429 Brasil 2.889.125 4.990.695 5.396.016
145
Tabela 6.4 - Evolução da área ocupada pela agricultura: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD���
8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����Conde 53.263 32.609 5.516 DFLN 386.695 357.143 114.087 Bahia 9.440.886 11.302.413 11.516.700 Brasil 25.911.459 38.651.454 50.104.484
Tabela 6.5 - Evolução da área ocupada pela pecuária: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD���
8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����Conde 20.303 25.589 24.851 DFLN 54.702 490.478 406.541 Bahia 13.749.436 16.727.027 14.516.700 Brasil 25.911.459 38.651.454 50.104.484
Para melhor visualização e interpretação, foram elaborados os gráficos correspondentes
a esses dados que são apresentados nas Figuras 6.6, 6.7 e 6.8. Depreende-se que a expansão
da área ocupada pela silvicultura no município de Conde ocorreu somente a partir do final da
década de 1980. O ritmo continuou crescente no Estado da Bahia e no Brasil em todo o
período analisado. Quanto ao grupo de municípios da área de abrangência da COPENER
(DFLN), observa-se um crescimento muito acentuado entre 1975 e 1980, seguido de um
ligeiro recuo entre 1980 e 1995 (Figura 6.6).
No que se refere à agricultura, os comportamentos da área ocupada no DFLN e no
município de Conde foram similares, apresentando um decréscimo acentuado na ocupação
espacial. Entretanto, nos níveis estadual e nacional, observou-se uma expansão contínua da
área ocupada pela agricultura. Assim, conclui-se que os municípios da área de abrangência da
COPENER (DFLN) distanciaram-se da tendência de crescimento que caracterizou a
agricultura no restante do País (Figura 6.7). Quanto à pecuária, no Brasil, esta atividade
manteve um ritmo constante de expansão da área ocupada, entre 1975 e 1995. No Estado da
Bahia, DFLN e município de Conde, a expansão ocorreu também entre 1975 e 1980, mas foi
seguida de um decréscimo nos anos seguintes (Figura 6.8).
A agricultura foi a atividade que sofreu a modificação mais acentuada na extensão da
área ocupada, no grupo dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e no
146
município de Conde. Isto suporta as observações empíricas e o senso comum observado na
região que apontaram para a deficiência da região em produzir alimentos e abastecer as feiras
livres locais. O comportamento da pecuária no grupo dos municípios da área de abrangência
da COPENER (DFLN) e no município de Conde, apesar de diferir daquele observado no País,
acompanhou a evolução do Estado da Bahia.
A forte expansão da área ocupada pela silvicultura coincide com a redução das áreas
ocupadas pela agricultura e pecuária, no DFLN. Não foi constatada a substituição da
agricultura pela pecuária no DFLN, visto que ambas tiveram as suas áreas reduzidas. Por
outro lado, esses números são indícios de uma relação direta entre a expansão da silvicultura e
o encolhimento da agricultura e pecuária municípios da área de abrangência da COPENER
(DFLN), durante as décadas de 1970 a 1990.
No município de Conde, a agricultura, que em 1975 ocupava 55,8% do território, se
retraiu fortemente para 5,8% em 1995. A ocupação do território municipal pela pecuária
variou de 21,8% em 1975, para 26% em 1995. A silvicultura, registrada pela primeira vez em
1995, correspondia a 9,5% do território do município, superando a agricultura. Ressalte-se
que atualmente a área dos reflorestamentos do Bloco Altamira (2.366,16 ha) correspondem a
2,5% da área total do município de Conde. Esta proporção chega a 5,3% quando considerada
a área total do bloco (5.005,20 ha) e se aproxima muito do percentual observado pela
agricultura.
Portanto, a ocupação de vastas áreas da região pelos reflorestamentos, desalojou outras
atividades econômicas já estruturadas. Isto promoveu a transformação do espaço
anteriormente constituído, redefinindo o papel e o lugar dos antigos grupos ligados à terra na
organização social.
Os possíveis impactos da atividade florestal sobre o clima e os recursos hídricos
também foram relatados nas entrevistas. Os agricultores entrevistados indicaram que a baixa
capacidade de retenção de água nos solos e a redução na produtividade de suas lavouras são
conseqüência de alterações desses componentes ambientais. Entretanto, os registros dos
postos meteorológicos instalados na RLN indicam que não houve mudanças significativas no
comportamento dos parâmetros climáticos nas últimas cinco décadas. Estas informações são
respaldadas pelas medições feitas por organismos oficiais. Paralelamente, os dados
disponíveis provenientes do monitoramento da microbacia do rio Farje, apesar de não
conclusivos, não mostram indícios de alterações quantitativas ou qualitativas dos recursos
hídricos em função da presença dos reflorestamentos com eucaliptos. A literatura científica
que foi analisada também não respalda as observações feitas pelos agricultores.
147
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
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Brasil
Bahia
0
10000
20000
30000
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50000
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70000
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90000
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DFLN
0
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4000
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9000
10000
1975 1980 1995[@\7] ^M_ ^a` bdcSe
f ghi jkgl
Conde
Figura 6.6 – Gráficos da evolução da área ocupada pela silvicultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
1975 1980 1995
Cens os I B GE
148
158.000.000
160.000.000
162.000.000
164.000.000
166.000.000
168.000.000
170.000.000
172.000.000
174.000.000
176.000.000
178.000.000
180.000.000
1975 1980 1995m@n o p q psr t@u<v
w xyz {|x}
Brasil
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
14.000.000
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Bahia
0
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100.000
150.000
200.000
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300.000
350.000
400.000
450.000
1975 1980 1995H@IMJ K LMK�N P@QSR
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DFLN
0
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20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
1975 1980 1995�s�7� � �M�a� ���<�
¡¢£ ¤¥¡¦
Conde
Figura 6.7 – Gráficos da evolução da área ocupada pela agricultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.
149
158.000.000
160.000.000
162.000.000
164.000.000
166.000.000
168.000.000
170.000.000
172.000.000
174.000.000
176.000.000
178.000.000
180.000.000
1975 1980 1995§@¨ © ª « ªs¬ @®<¯
° ±²³ ´µ±¶
Brasil
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
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10.000.000
12.000.000
14.000.000
16.000.000
18.000.000
1975 1980 1995·7¸ ¹ º » º�¼ ½7¾<¿
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Bahia
0
100.000
200.000
300.000
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1975 1980 1995
Cens os I B GE
DFLN
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
1975 1980 1995
Cens os I B GE
Conde
Figura 6.8 – Gráficos da evolução da área ocupada pela pecuária em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.
150
A análise documental e histórica indicou que a RLN sofreu nas últimas décadas um
avassalador processo de desmatamento, com o predomínio marcante de práticas extrativas
predatórias. A intensa ação antrópica na região reduziu a cobertura florística natural a apenas
alguns fragmentos, devido à substituição, principalmente por pastagens e reflorestamentos.
No tocante à perda de biodiversidade, os reflorestamentos, assim como quaisquer outras
culturas agrícolas ou pecuárias, restringem evidentemente a variabilidade de espécies vegetais
e animais. Aliás, esta consideração coincide com a visão do corpo técnico da COPENER
sobre suas plantações, detectada durante as entrevistas, em que o eucalipto apresenta
características semelhantes a uma cultura agrícola. Entretanto, os impactos ambientais são
consideráveis, devido às características monoculturais dos reflorestamentos e a grande
extensão das áreas ocupadas na RLN. De acordo com as entrevistas e observações diretas
realizadas, constatou-se que a introdução dos reflorestamentos não foi a única responsável
pelo intenso desmatamento ocorrido na região. Contudo, sua chegada contribuiu para um
aumento das perdas na biodiversidade regional, em função do esquema de substituição de
áreas de vegetação natural por florestas homogêneas. Grandes áreas já haviam sido
transformadas em pastagens e a exploração madeireira indiscriminada era uma atividade
comum e os primeiros reflorestamentos se inseriram nesse modelo de uso e ocupação do solo.
Evidentemente, essa ocupação com enormes áreas contínuas de reflorestamentos provocou
uma alteração na paisagem local, considerando que o número de reservas de vegetação natural
já era praticamente insignificante. Assim, os ambientes com agroecossistemas e
reflorestamentos se tornaram biologicamente muito vulneráveis e as florestas nativas
formaram fragmentos espaçados irregularmente na paisagem.
As observações realizadas indicam que a conseqüência mais marcante do
desenvolvimento que se produziu na RLN foi a redução drástica na diversidade biológica de
espécies vegetais e animais, notadamente da avifauna e mamíferos. A introdução dos
reflorestamentos se agregou às enormes áreas já transformadas pelas atividades pecuárias e de
agricultura de subsistência. Especificamente no que tange aos projetos de reflorestamento da
RLN, os fatores modificadores da paisagem observados durante a pesquisa foram: a) a
formação de florestas homogêneas de eucaliptos em ambientes uniformes, com escassa
estrutura de sub-bosques e, portanto, pobres em biodiversidade; b) o sombreamento produzido
pela altura das árvores, a competição por nutrientes e água, e os efeitos cumulativos das
mudanças no perfil dos solos, que inibiram o crescimento de outras espécies vegetais; c) a
diminuição da fauna local, pela formação de uma nova vegetação dominante, um sub-bosque
ralo e poucas árvores mortas, fundamentais no ciclo natural de habitats para muitos animais.
151
Em relação à ocupação espacial do DFLN, o planejamento e a gestão dos
reflorestamentos da COPENER resultaram, em 2003, em 18.934 ha disponíveis para plantio,
29.190 ha de áreas de reserva legal ou de preservação permanente (23,3% do total de suas
terras), 585 ha com benfeitorias e 4.489 ha arrendadas a terceiros para o plantio de eucaliptos.
A fração ocupada por áreas de reserva legal e de preservação permanente no conjunto
dos projetos da COPENER (23,3%) é muito pequena, uma vez que a legislação ambiental
exige a destinação de 20% da área para reserva legal. Dessa forma, apenas 3,3% da área total
ocupada pela COPENER no DFLN seriam áreas de preservação permanente (4.132 ha), o que
é irrisório, considerando-se a totalidade das terras (125.201,86 ha). Os números indicam que a
biodiversidade do DFLN está bastante comprometida, em termos quantitativos e qualitativos.
Esta análise respalda a intensa preocupação demonstrada por técnicos de órgãos públicos,
agricultores e lideranças políticas e comunitárias, durante as entrevistas.
Entretanto, a estruturação da paisagem no Bloco Altamira, com 49% da área total
ocupada por vegetação natural, não reproduziu a proporção média constatada no DFLN. Os
números mostram que o planejamento do uso e ocupação do solo dos projetos do Bloco
Altamira resultou em impactos bem menores sobre a paisagem e a biodiversidade, em
comparação com a média do DFLN. Portanto, a formação de mosaicos na paisagem e as
práticas de gestão ambiental contribuíram para uma maior sustentabilidade dos projetos do
Bloco Altamira, em comparação com o restante do DFLN.
�����$�*(672�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172��
Na gestão dos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira residem os meios viáveis
e factíveis para a incorporação de componentes adicionais de sustentabilidade, por meio do
contínuo aprimoramento técnico-científico. Escolhas e decisões basilares, refletidas no
sistema de gestão adotado, e pautadas numa ética empresarial pré-determinada, assumem
papel vital para a consecução de uma proposta de desenvolvimento sustentável. Apesar da
atenção dispensada aos componentes técnico-científicos, a definição dos imperativos éticos da
COPENER ainda não está clara, factível e articulada com as premissas do desenvolvimento
sustentável.
Atualmente, a empresa trabalha com cinqüenta clones volumetricamente superiores
comprovados, no seu programa de melhoramento genético, considerando-se a probabilidade
de ocorrência de secas críticas na região para as nove zonas edafoclimáticas das terras
152
empresa. Outros 108 clones estão em fase avançada de testes e demonstram que há boas
perspectivas para a seleção de novos clones superiores em médio prazo, existindo ainda cerca
de duzentos clones já selecionados e ainda não testados em todas as zonas edafoclimáticas. A
Tabela 6.6 apresenta as produtividades de alguns de seus clones, comparativamente ao
(�JUDQGLV�x�(�XURSK\OOD�sementes ou mix clonal para duas condições climáticas.
Tabela 6.6 - Produtividades de clones superiores comparativamente a plantios de sementes ou mix clonais de (�JUDQGLV x (�XURSK\OOD (COPENER, 2003). &ORQH� =RQD�����������PP� &ORQH� =RQD�!������PP�
código m3/ha/ano % Código m3/ha/ano % 1252 37 133 1296 64 182 1260 37 133 1404 64 182 1355 36 129 1271 63 180 1386 36 128 1377 60 172 1404 36 128 1490 59 169 1296 35 125 1275 59 169 Semente/Mix 28 100 Semente/Mix 35 100
As produtividades referentes aos clones selecionados para as áreas com pluviosidade
superior a 1.200 mm atingem níveis maiores (59 a 64 m3/ha/ano), em comparação com os
clones selecionados para áreas de menor pluviosidade (35 a 37 m3/ha/ano). O mesmo ocorre
quando se observam os incrementos percentuais em relação a plantios realizados a partir de
sementes. Portanto, deduz-se que a precipitação pluviométrica é um fator decisivo para a
seleção de áreas de implantação de projetos de reflorestamento da COPENER, o que explica a
atual tendência da empresa em concentrar seus plantios em áreas próximas ao litoral, posto
que elas apresentam maior índice pluviométrico. Com a tecnologia que a empresa
desenvolveu para a região, a classificação de sítios, o desenvolvimento de materiais genéticos
adaptados de alta produtividade e as técnicas de manejo, os reflorestamentos alcançam altas
produtividades, inclusive em áreas com precipitação inferior a 1.000 milímetros.
As atividades clássicas dos reflorestamentos se resumem às práticas de plantio,
manutenção e exploração dos maciços florestais. As principais características e impactos
ambientais dessas atividades, juntamente com as respectivas medidas mitigadoras, serviram
como base para a análise das ações efetuadas pela COPENER nos projetos do Bloco Altamira
(Tabela 6.7). As observações indicaram que a empresa vem atendendo, em diferentes graus, a
estas observações referentes à implantação de maciços florestais.
Os sistemas de preparo de solo e plantio evoluíram substancialmente, tendo sido
inicialmente constituídos por preparo intensivo, com desmatamento, queima, subsolagem,
gradagem e construção de terracinhos, com fertilização de base e cobertura. O sistema de
153
preparo praticado se baseia no cultivo reduzido. A queima, quando necessária, é localizada na
linha de galhada, a fertilização é realizada em função de análises de solo, utiliza-se o
subsolador para preparo em faixa, e ocorre o controle químico de ervas.
No que se refere à mecanização intensiva, mesmo com o uso de maquinário pesado,
como carretas e tratores, não foram encontrados indícios de processos erosivos nas terras do
Bloco Altamira. Porém, a compactação do solo foi constatada, tendo sido monitorada
constantemente pela empresa, pois obstaculiza o desenvolvimento do sistema radicular das
árvores. Numa avaliação de muito baixa a acentuada, os plantios da COPENER se situaram,
de um modo geral, em moderada, na relação entre impactos ambientais e respectivas medidas
mitigadoras apresentadas na Tabela 6.7.
O equilíbrio ecossistêmico e a biodiversidade foram afetados pelos reflorestamentos,
sobretudo pelos primeiros plantios de 3LQXV, ocorridos nas décadas de 1970 e 1980. Ressalte-
se que os projetos de reflorestamento do Bloco Altamira foram implantados em áreas
anteriormente com plantios de 3LQXV introduzidos nessa época. Com a reorganização
decorrente da implantação dos projetos da COPENER, a partir do final da década de 1990, a
área ocupada por reflorestamentos foi reduzida, o que acarretou um aumento das áreas com
vegetação natural. Complementarmente, as medidas mitigadoras implementadas trouxeram
benefícios ambientais que apontam para uma maior sustentabilidade aos projetos nesse
aspecto.
A aplicação de herbicidas e formicidas e a adubação química são práticas adotadas pela
COPENER, ocorrendo variações quanto a épocas e freqüência de aplicação. A utilização
reduzida e controlada dos agrotóxicos e insumos, como resultado do emprego das práticas de
manejo integrado, contribuiu para a ausência de contaminações dos mananciais hídricos,
conforme os resultados extrapolados do monitoramento da microbacia do rio Farje. Nos solos,
os resíduos de agrotóxicos possuem baixa persistência, devido às características dos produtos
selecionados para a utilização, ao rigor dos cálculos de dosagem e aos cuidados na aplicação.
Entretanto, a empresa não implementou um programa de monitoramento sistemático desses
aspectos, específico para os projetos do Bloco Altamira.
As ações ambientais da COPENER foram motivadas e fundamentadas no diagnóstico
ambiental e compatibilizadas com as exigências legais, sobretudo durante o processo de
licenciamento ambiental. A COPENER implementou um programa com as seguintes
diretrizes básicas: a) levantamentos fitossociológicos; b) recuperação de áreas degradadas e
enriquecimento de áreas alteradas; c) estabelecimento de corredores biológicos entre
154
fragmentos de vegetação natural; d) manutenção de um banco de germoplasma de espécies
nativas; e) monitoramento da microbacia hidrográfica do rio Farje.
Tabela 6.7 - Características, impactos e medidas mitigadoras, na implantação dos projetos Altamira I, II e III, da COPENER (modificado - Mesquita et. al, 2000). &DUDFWHUtVWLFDV� 2EVHUYDomR� ,PSDFWRV�DPELHQWDLV� 2EVHUYDomR� 0HGLGDV�PLWLJDGRUDV� 2EVHUYDomR�Mecanização intensiva Maciços de reflorestamentos monoculturais Utilização de agrotóxicos e insumos
Acentuada
Constatado
Acentuado
Erosão do solo Compactação do solo Degradação física, química e biológica do solo Rebaixamento do lençol freático Redução da biodiversidade Perda do equilíbrio do ecossistema Contaminação do solo e da água por agrotóxicos Desequilíbrio do ecossistema
Não constatada Moderada
Baixa
Não constatado
Moderada
Moderada
Muito baixa
Moderada
Utilização de técnicas de conservação de solo e água Respeito às matas ciliares mantidas por lei Manutenção de corredores biológicos Emprego de práticas de manejo adequadas Emprego de técnicas de manejo integrado
Boa
Acentuado
Boa
Boa
Moderada
�A análise dos relatórios internos da COPENER constatou que a empresa implementou e
mantém planos de recomposição de matas ciliares e áreas de reserva legal e de preservação
permanente que estão degradadas, e de implantação de corredores biológicos. Este programa
ambiental determinou ações em relação a todos os fragmentos de vegetação natural existentes
na área total da empresa. As visitas realizadas aos projetos de reflorestamento da COPENER,
as entrevistas realizadas e a análise documental, constataram as seguintes ações do programa
ambiental implementado pela empresa:
155
a) trabalhos de terraplanagem, para adequar a inclinação dos taludes e compatibilizá-los
com as características do solo, acompanhados da implantação de sistema de drenagem
superficial;
b) plantio de leguminosas arbustivas nativas, submetidas a podas programadas; e de
espécies rasteiras e trepadeiras;
c) observação das curvas de nível na execução dos plantios;
d) adubação à base de húmus e matéria orgânica no preparo das covas;
e) construção e manutenção de aceiros;
f) execução dos tratos culturais, adubações de cobertura e controle de formigas;
g) nas áreas mais abertas ou aquelas que se encontram em estádio sucessional inicial,
priorizou-se o plantio de espécies pioneiras, entre elas: embaúba (&HFURSLD�KROROHXFD), quipé,
candeia, aroeirinha �6FKLQXV�WHUHEHQWLIROLXV�� pau-pombo, crindiúva, fruta-de-pombo (7DSLULUD�JXLDQHVLV), muriçi (%\UVRQLPD� VHULFHD), quaresminha, pimenteira (;\ORSLD sp), mangaba
(+DQFRUQLD�VSHFLRVD), caju ($QDFDUGLXP�RFLGHQWDOLV). h) em áreas mais fechadas, ou consideradas em estádio mais avançado de regeneração,
foram utilizadas: gonçalo-alves, aroeira-do-sertão (0\UDFURGUXRQ� XUXQGHXYD), cedro
(&HGUHOOD� ILVVLOLV), jequitibá (&DULQLDQD sp), sucupira (%RZGLFKLD� YLUJLORLGHV), sapucaia
(/HF\WKLV�SLVRQLV), ipês (7DEHEXLD sp), braúna (0HODQR[\OXP�EUDXQHD);
h) plantios de enriquecimento das vegetações ciliares (riachos e lagoas), em áreas mais
abertas, com espécies adaptadas a estas condições como, por exemplo, o ingá (,QJD sp), com
introdução gradativa das espécies de estágios sucessionais mais avançados;
i) adequação de talhões plantados com (XFDO\SWXV, com desbastes por anelamento,
condução do sub-bosque de espécies nativas e plantios de enriquecimento com espécies
pioneiras e secundárias iniciais.
Entre os resultados alcançados por essas ações, destacam-se os seguintes, constatados
durante as visitas aos reflorestamentos da COPENER:
a) a prevenção e o controle dos processos erosivos, em áreas de plantio, estradas,
carreadores e áreas degradadas, foram favorecidos por práticas conservacionistas e pelos
dispositivos de drenagem superficial;
b) a adubação verde proveniente das leguminosas favoreceu o processo de regeneração
natural;
c) as espécies rasteiras e trepadeiras promoveram, em alguns casos, uma rápida
cobertura do solo, melhorando a infiltração de água e contribuindo para reduzir a ocorrência
de processos erosivos;
156
d) a utilização de matéria orgânica nos plantios, os tratos culturais e as práticas de
manutenção favoreceram o desenvolvimento das mudas;
e) os aceiros estão sendo efetivos na prevenção e no controle de incêndios florestais;
f) os critérios de seleção das espécies empregadas na recomposição vegetal, bem como
o seu cronograma de introdução, têm base tecnológico-científica, resultando em processos
sucessionais compatíveis com os ecossistemas e unidades de paisagem;
g) as áreas ciliares dos corpos d’ água apresentam melhoria em suas condições
ambientais, como o aumento tanto do número quanto da diversidade de espécies da flora;
h) algumas antigas áreas de plantio de eucalipto estão em franco processo de transição,
com a promoção da regeneração da vegetação natural;
i) técnicos da COPENER relataram o reaparecimento de alguns animais da fauna local,
nos fragmentos de vegetação natural e em áreas em recuperação ambiental. Porém, durante as
visitas apenas foram avistadas algumas aves de pequeno porte.
Apesar do esquema de vigilância existente, algumas ocorrências que prejudicam a
recuperação ambiental dessas áreas foram relatadas nas entrevistas e constatadas nas visitas:
a) a prática da caça, que além da destruição da fauna, provoca a abertura de clareiras e
queimadas acidentais;
b) incêndios florestais acidentais ou de cunho criminoso;
c) invasões de terra, seguidas de desmatamento predatório para a venda da madeira;
d) esporadicamente, falhas na comunicação interna da empresa ocasionam equívocos
nas operações, como por exemplo, a abertura de estradas em locais indevidos.
O investimento em informação e treinamento de mão de obra, além da vigilância
sistemática, dotada de torres de observação e o monitoramento da umidade relativa do ar,
acarretaram a redução das ocorrências de incêndios florestais. As brigadas de combate a
incêndios florestais são mantidas bem equipadas e treinadas.
Nos projetos do Bloco Altamira, os fragmentos de vegetação natural estão bem
preservados, em sua maior parte. A ocorrência de um incêndio florestal há dois anos, relatada
pelos técnicos da COPENER, causou a degradação de uma área equivalente a 20% dos
fragmentos, que apresentam uma regeneração bastante avançada. No restante dos fragmentos,
a vegetação apresenta-se em diferentes estágios sucessionais, em sua maioria de avançada
regeneração, com vegetação primária ou secundária. Nos fundos de vales e as baixadas,
denominadas pelos técnicos da COPENER de “ coletores de água” e são importantes para a
recarga de aquíferos, a implantação de talhões de plantio é controlada e boa parte da
vegetação natural mantém-se preservada.
157
O rio Farje situa-se entre os municípios de Entre Rios e Alagoinhas e atravessa um
projeto de reflorestamento que tem mesmo nome. Os dados obtidos pelo programa de
monitoramento da sua microbacia hidrográfica são conjugados com os dados obtidos na
estação meteorológica instalada em seus arredores. O banco de dados se constitui em uma
fonte de informações para projetos de pesquisa, tanto de âmbito ambiental quanto florestal.
Apesar da importância dos dados referentes à dinâmica dos recursos hídricos para gestão
ambiental dos reflorestamentos, o programa não foi replicado em outras microbacias
hidrográficas da área de abrangência da COPENER. Os resultados do monitoramento estão
sendo paulatinamente extrapolados para as outras áreas.
O manejo integrado de pragas e o manejo de sub-bosques são práticas já adotadas pela
empresa. Porém, não existem programas específicos que sistematizem esses procedimentos.
O programa de ações ambientais da COPENER funcionou como uma ferramenta
relativamente eficaz para a prevenção e mitigação de impactos ambientais. Contudo, a
ausência de um enfoque sistêmico mais amplo provocou a desconsideração dos aspectos
sócio-culturais, comprometendo a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento.
Os resultados do levantamento semi-detalhado de solos e da avaliação da potencialidade
das terras para a implantação de reflorestamentos estão no cerne do planejamento e manejo
florestal. Eles foram os critérios que determinaram a ocupação das terras com reflorestamento
e conseqüente formação da paisagem, nos projetos Altamira I, II e III. A partir da
sobreposição dos mapas de solo, vegetação natural e áreas de plantio, referentes aos projetos
do Bloco Altamira, constatou-se que: a) as áreas ocupadas pelo plantio de eucalipto nos três
projetos (Bloco Altamira) somam 2.366,16 ha, correspondendo a 47% do total de terras; b) as
áreas ocupadas pela vegetação natural somam 2.437,39 ha, correspondendo a 49% do total de
terras; c) o restante das áreas (201,65 ha) refere-se a aceiros e outras estruturas (Tabela 6.8).
Tabela 6.8 - Uso e ocupação do solo nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, 2003.
3URMHWRV� ÈUHD�WRWDO��KD��
� 3ODQWLR��KD�� 3ODQWLR����� ÈUHDV�GH�SUHVHUYDomR�SHUPDQHQWH�H�5HVHUYD�/HJDO��KD��
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Altamira I 1.783,93 1.040,62 58 673,80 38 69,51 4 Altamira II 934,22 518,18 55 381,90 41 34,14 4 Altamira III 2.287,05 807,36 35 1.381,69 60 98,00 5 Totais 5.005,20 2.366,16 2.437,39 201,65 Médias 47 49 4
158
O projeto Altamira I apresenta a maior taxa de ocupação com plantio (58%), portanto
onze pontos acima da média do Bloco Altamira (47%). A taxa de ocupação com vegetação
natural (38%) é inversamente proporcional, nove pontos abaixo da média do Bloco Altamira.
Isto explica sua maior participação na área total de plantio do bloco (44%), conforme
mostrado na Tabela 6.8.
O projeto Altamira II é o que possui a menor extensão dos três analisados (934,22
931,05 ha). Este projeto apresenta, também, uma taxa de ocupação com plantio (55%), oito
pontos acima da média do Bloco Altamira. A proporcionalidade em relação à taxa de
ocupação com vegetação natural (41%) se repete, ficando também oito pontos abaixo da
média do Bloco Altamira.
O projeto Altamira III é o maior (2.287,05 ha) e contribui significativamente para a
redução da média da taxa de ocupação com plantio no Bloco Altamira, posto que sua taxa é
de 35%, portanto doze pontos abaixo da média do bloco. Isto se reflete numa taxa de
ocupação com vegetação natural da ordem de 60%, onze pontos acima da média do bloco.
As áreas ocupadas por aceiros, linhas de alta tensão e gasoduto, além da pouca
expressão, apresentam pouca variação em todos os projetos do Bloco Altamira. O percentual
de áreas ocupadas por vegetação natural, seja referente à média do Bloco Altamira (49%),
seja considerado isoladamente para cada projeto (38%, 41% e 60%) situa-se num patamar
bastante inferior à média observada para a totalidade dos reflorestamentos da empresa no
DFLN (23,30%). Portanto, o Bloco Altamira, além de estar entre os mais produtivos, também
está entre os projetos com maior área preservada da COPENER.
A Tabela 6.9 apresenta a distribuição das terras dos projetos Altamira I, II e III, de
acordo com as classes de aptidão.
Tabela 6.9 - Distribuição das terras do Bloco Altamira, segundo as classes de aptidão.
$OWDPLUD�,� $OWDPLUD�,,� $OWDPLUD�,,,� ÈUHD�7RWDO�&ODVVH�KD� �� KD� �� KD� �� KD� ��
Boa 650,00 58 270,60 49 449,08 51 1.369,68 54 Regular 411,07 37 252,38 46 310,36 35 973,81 38 Restrita� 59,79 5 26,17 5 125,18 14 211,14 8 Totais 1.120,86 100,00 549,15 100,00 884,64 100,00 2.554,65 100,00
A Classe Boa, de maior expressão, ocupa 54% das terras do Bloco Altamira. A Classe
Regular representa 38% das ocorrências. A Classe Restrita representa 8% da área total dos
projetos. Portanto, esta distribuição das terras indica que o potencial produtivo dos projetos é
159
elevado, considerando-se as condições dos solos detectados pelo levantamento e as práticas de
manejo florestal adotadas pela COPENER.
O projeto Altamira I teve 58% de suas terras enquadradas na Classe Boa, sendo,
portanto o único a se situar acima da média do bloco (54%), visto que os projetos Altamira II
e III tiveram 49% e 51% de suas terras, respectivamente, enquadradas nesta mesma classe. As
terras enquadradas na Classe Regular ocupam uma área relativa acima da média do bloco
somente no projeto Altamira II (46%). O projeto Altamira III é o que apresenta maior
quantidade de terras enquadradas na Classe Restrita (125,18 ha), representando um percentual
de 14% de suas terras, quase o dobro da média do bloco. Esse montante corresponde a mais
da metade de todas as terras enquadradas na Classe Restrita do Bloco Altamira (211,14 ha).
As observações diretas realizadas durante as visitas aos projetos corroboram esta análise, pois
foi constatada uma formação de paisagem em mosaicos, intercalando-se áreas de plantio e
vegetação natural.
De acordo com relatos de técnicos da VERACEL, a intercalação de áreas de plantio
com a vegetação natural traz benefícios não apenas ambientais, mas econômicos. A incidência
de pragas naqueles reflorestamentos é muito inferior, em comparação com as áreas muito
extensas e contíguas, devido ao controle biológico exercido pela fauna silvestre abrigada pela
vegetação natural. Assim, a produtividade tende a ser maior nos talhões de plantio próximos
aos fragmentos de vegetação natural, com menores custos relacionados ao controle de pragas.
O gráfico da Figura 6.9 mostra a distribuição das terras conforme as classes de
aptidão, nos projetos Altamira I, II e III. O gráfico da Figura 6.10, por seu turno, mostra a
distribuição das áreas ocupadas com plantio de eucalipto e por vegetação natural. Os dois
gráficos mostram a convergência entre a extensão das terras enquadradas na Classe Restrita e
as terras ocupadas pelos fragmentos de vegetação natural e a convergência entre a extensão
das terras enquadradas nas Classes Boa e Regular e as terras ocupadas pelos reflorestamentos.
Os fragmentos de vegetação natural das terras da Classe Restrita, somados àqueles das
terras consideradas inaptas ao reflorestamento com eucalipto e às áreas protegidas por lei
(reserva legal e preservação permanente), totalizam 2.437,39 ha, correspondendo a 49% do
Bloco Altamira. Nas observações realizadas no Bloco Altamira, foi constatado que a maioria
dessas áreas estão interligadas, o que favorece a dinâmica faunística e manutenção da
biodiversidade.
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160
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
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Altamira I Altamira II Altamira III
3URMHWRV�GH�UHIORUHVWDPHQWR
+HFWD
UHV
Boa Regular Restrita
Figura 6.9 - Distribuição das terras, segundo as classes de aptidão, no Bloco Altamira.
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Altamira I Altamira II Altamira IIIÇÉÈdÊ�Ë@Ì@Í Ê�ÎÐÏÑÌÒÈdÌ@Ó Ô Ê�ÈdÌdÎÕÍ Ö�×ØÌdÙOÍMÊ
Ú ÛÜÝ ÞßÛà
Plantio Vegetação natural
Figura 6.10 - Relação entre áreas de plantio e fragmentos de vegetação natural, no Bloco Altamira.
161
Sob os critérios utilizados nos plantios efetuados nas décadas de 1970 e 1980,
prioritariamente produtivistas, as áreas reflorestadas seriam bem maiores, em detrimento das
áreas com vegetação natural. Atualmente, a menor taxa de ocupação com plantios é
compensada pelo aumento da produtividade propiciado pelo programa de melhoramento
genético e pelo aperfeiçoamento das técnicas de manejo.
O levantamento semi-detalhado de solos funcionou como um instrumento de dupla
função: a) mediante o uso mais racional das terras, direcionou com maior eficiência os
recursos materiais e energéticos para áreas de maior potencial produtivo; e b) possibilitou a
preservação de maiores fragmentos de vegetação natural, anteriormente sob o risco de
substituição. A sobreposição dos mapas das áreas ocupadas pelo plantio e os fragmentos de
vegetação natural comprovou esta assertiva.
As práticas de planejamento e gestão focalizadas na ocupação e utilização racional dos
solos promoveram a formação de mosaicos de eucaliptos e vegetação natural. Apesar de não
ter sido uma diretriz estabelecida no planejamento inicial dos projetos de reflorestamento, os
resultados dessas práticas contribuíram para a sustentabilidade espacial, ambiental e ecológica
do Bloco Altamira. Verificou-se, com estes resultados, uma convergência não intencional da
racionalidade econômica e da preservação ambiental, coerente com o conceito de
desenvolvimento sustentável.
�����,1',&$'25(6�'(�6867(17$%,/,'$'(�
A avaliação das ações da COPENER resultou das observações diretas que foram
realizadas durante as visitas aos projetos, e das entrevistas com os técnicos da empresa. Os
indicadores adotados, com seus respectivos componentes, estão descritos na Tabela 6.10.
Com essa base de referências, foram agregadas as informações referentes às ações da
COPENER. Em função das características na atuação da COPENER e dos componentes
peculiares do Bloco Altamira, verificou-se que a empresa atende parcialmente aos indicadores
estabelecidos, conforme mostrado na Tabela 6.10.
Nos indicadores ecológicos e ambientais, foram constatadas deficiências quanto aos
componentes que mensuram a biodiversidade, em termos de quantificação e identificação de
espécies. As ações da COPENER em relação aos recursos hídricos são orientadas pelos
resultados do monitoramento da microbacia hidrográfica do rio Farje, mediante a
extrapolação dos dados. Não existem ações específicas para os projetos do Bloco Altamira e
não foi possível demonstrar a validade desta extrapolação a partir das informações disponíveis
162
na empresa. Não foi constatada a implementação de programas de reciclagem ou coleta
seletiva de resíduos produzidos durante as operações florestais, em função da aglomeração de
trabalhadores. O monitoramento dos solos não contempla satisfatoriamente as propriedades
biológicas, concentrando-se nas propriedades físico-químicas. Os componentes climáticos são
monitorados constantemente, por meio de uma rede de oito postos meteorológicos próprios,
cujos dados são acoplados às informações meteorológicas fornecidas por outros quatro postos
mantidos pela FERBASA na região e por organismos oficiais.
A análise da sustentabilidade de um sistema silvicultural não pode prescindir da
avaliação de sua produtividade e lucratividade, porque a sustentabilidade econômica depende
em grande parte deste aspecto. Os componentes comumente recomendados para a atividade
florestal são adotados e mensurados pela COPENER, no monitoramento do desempenho
produtivo de seus projetos. Apesar da grande quantidade de informações quanto aos
indicadores econômicos, sobretudo no que se refere à lucratividade e produtividade, a
empresa não sistematizou os dados da mão-de-obra, bens patrimoniais, despesas gerais e
receita bruta. A empresa também não faz a mensuração de componentes relacionados aos
fluxos de energia e matéria, para determinar a produção e a qualidade da biomassa em função
do aporte de insumos externos.
Em termos de indicadores sócio-culturais, não existe uma mensuração da caracterização
sócio-econômica, da qualidade de vida, da organização social, nem da capacitação da mão-de-
obra rural das comunidades da área de abrangência da COPENER. Por ouro lado, a
qualificação profissional dos funcionários é elevada, refletindo-se no desempenho técnico da
empresa. A carência de ações referentes aos componentes sócio-culturais, principalmente
aqueles do âmbito das relações com as comunidades, foi o que mais contribuiu para estes
resultados.
Nos indicadores político-institucionais, as políticas públicas vêm sendo acompanhadas,
enquanto que a assistência técnica e a difusão de tecnologia vêm ocorrendo de maneira
regular. Por outro lado, as relações institucionais com as comunidades e municipalidades
foram consideradas incipientes. Isto reafirma o distanciamento da COPENER em relação à
sociedade regional.
Quanto aos indicadores tecnológicos, o número de ações relacionadas é elevado e sua
implementação é condizente com as práticas modernas de manejo florestal e as projeções de
produtividade feitas pela COPENER. Os componentes desses indicadores estão diretamente
ligados à sustentabilidade econômica, pois estão associados aos fatores de produtividade dos
projetos de reflorestamento.
163
Tabela 6.10 - Indicadores de sustentabilidade e seus componentes, para os projetos de reflorestamento Altamira I, II e III, da COPENER. ,QGLFDGRUHV� &RPSRQHQWHV� $o}HV�GD�&23(1(5�Ecológicos e ambientais Área ocupada pela vegetação
natural Diversidade da vegetação natural Quantidade e diversidade da fauna local Recursos hídricos Reciclagem de resíduos Monitoramento das propriedades do solo Monitoramento do clima
2.437,39 ha (49% da área total) Não mensurada Não mensurada Moderada Não constatada Moderada Acentuada
Econômicos
Lucratividade/produtividade Mão-de-obra Patrimônio Valor calórico (Kcal) produzido Energia produzida (Kcal) por unidade de insumo Volume (m3) produzido por unidade de insumo
Acentuada Fixa ou sazonal Própria ou subcontratada Manutenção Não mensurado Não mensurado Não mensurado
Sócio-culturais
Caracterização sócio-econômica Qualidade de vida Organização social Capacitação das comunidades Qualificação profissional Saúde no meio rural
Não mensurada Não mensurada Não mensurada Não constatada Acentuada Incipiente
Político-institucionais
Políticas públicas Assistência técnica Difusão de tecnologia Relações institucionais
Acompanhamento Consultorias eventuais Intercâmbio com empresas Incipiente
Tecnológicos
Preparo do solo Práticas conservacionistas Adubação Controle de pragas Manejo florestal Tendências de rendimento Uso do solo Mecanização
Convencional Subsolagem Constatada Acentuada Químico Manual Convencional Monitoramento constante Acentuada Constatada
164
Existe uma prevalência de ações da COPENER em relação aos indicadores econômicos
e tecnológicos, em detrimento dos indicadores sócio-culturais e político-institucionais. Os
indicadores ecológicos e ambientais situam-se em uma posição intermediária, mas isto se
deve principalmente aos aspectos quantitativos, diretamente ligados aos componentes
econômicos e às exigências legais. Os aspectos qualitativos não atingem o mesmo nível de
relevância nas ações da empresa.
A análise dos reflorestamentos do Bloco Altamira, sob a perspectiva dos indicadores de
sustentabilidade que foram definidos para a pesquisa, mostrou que os projetos de
reflorestamento da COPENER não atendem plenamente aos critérios de sustentabilidade. A
dimensão econômica prevalece de forma incisiva, apesar dos avanços nas dimensões
ambiental, ecológica e espacial. Ao mesmo tempo, ficaram comprovadas as deficiências das
ações da empresa nas dimensões social, cultural e política da sustentabilidade. Portanto, a
hipótese estabelecida para a pesquisa não foi comprovada. O atual sistema de gestão
ambiental aplicado pela COPENER não confere sustentabilidade aos projetos de
reflorestamento com (XFDO\SWXV sp instalados na Região do Litoral Norte da Bahia.
165
&21&/862�
As políticas públicas para o desenvolvimento promoveram o surgimento de pontos de
resistência nas relações entre a COPENER e a sociedade regional, devido à percepção
negativa gerada no período de implantação do Distrito Florestal do Litoral Norte. Ao mesmo
tempo, as políticas públicas para o meio ambiente impuseram exigências que provocaram
mudanças na administração dos projetos de reflorestamento. Divergentes ou não, ambas
interferiram na gestão desses empreendimentos e em sua sustentabilidade política.
Como reflexo dos princípios éticos da empresa, o levantamento dos aspectos e impactos
sócio-ambientais dos projetos de reflorestamento, etapa inicial da formulação de um sistema
de gestão ambiental, deve considerar todos os critérios de sustentabilidade em igual nível de
relevância, com desdobramentos nas etapas seguintes.
A integração entre os resultados do levantamento semi-detalhado de solos, a avaliação
da potencialidade das terras e a preservação dos ativos ambientais, considerada como critério
de planejamento e gestão, pode promover o equilíbrio entre as dimensões econômica,
ecológica, ambiental e espacial, da sustentabilidade dos projetos de reflorestamento da
COPENER.
As estratégias de mitigação implementadas pela empresa representaram avanços na
direção da sustentabilidade econômica, ambiental e ecológica dos reflorestamentos com
(XFDO\SWXV spp da COPENER. Entretanto, tornam-se necessárias estratégias de alcance das
dimensões sociais e culturais, além da ampliação e aprimoramento das estratégias existentes.
Foram estabelecidos subsídios para a implementação de um sistema de gestão
ambiental, uma vez que os indicadores de sustentabilidade aplicados mostraram a sua
eficácia. As dimensões social e cultural da sustentabilidade poderão ser incorporadas no
sistema de gestão ambiental mediante a adoção desses indicadores.
Considerando-se o referencial teórico e os resultados da pesquisa, conclui-se que a
gestão ambiental implementada pela COPENER não confere sustentabilidade aos seus
projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp instalados na Região do Litoral Norte do
Estado da Bahia.
166
5(&20(1'$d®(6�
A avaliação dos indicadores de sustentabilidade poderá fornecer subsídios para a
formulação e o desenvolvimento do sistema de gestão ambiental dos projetos de
reflorestamento da COPENER.
O sistema de gestão ambiental deve ser difundido entre os técnicos e funcionários da
empresa, por meio de uma conscientização contínua.
Para a construção de um sistema de gestão ambiental de projetos de reflorestamento,
torna-se imprescindível o levantamento dos aspectos e impactos ambientais relacionados, em
todas as fases dos projetos, desde o planejamento inicial até a colheita florestal, considerando-
se todas as dimensões da sustentabilidade.
Os aspectos ambientais deverão ser priorizados na seleção de terras aquisição e
implantação de projetos de reflorestamento, evitando novas substituições de vegetação natural
por reflorestamentos. Ativos e passivos ambientais devem influir na avaliação para compra,
por causa do patrimônio e dos custos ambientais a eles associados.
Na fase de planejamento, o levantamento semi-detalhado de solos e as classes de
aptidão das terras deverão ser considerados como critérios primordiais no dimensionamento e
manejo dos projetos. Os resultados devem ser contrapostos à configuração da paisagem e seus
aspectos ambientais. Esta diretriz deverá estar associada à opção pela formação da paisagem
em mosaicos.
O manejo conservacionista deverá considerar as unidades de paisagem agrupadas em
ecorregiões. As práticas conservacionistas de solo e água e a implantação de corredores
faunísticos devem fazer parte do planejamento inicial para a implantação dos projetos.
Estudos que revelem a dimensão da influência da vegetação natural sobre a incidência
de pragas devem aprimorar o programa de manejo integrado.
Os levantamentos florísticos e faunísticos dos fragmentos de vegetação natural devem
servir de base para o estabelecimento de corredores biológicos e faixas de conexão e a
implementação de projetos de recomposição vegetal.
O programa de monitoramento da bacia hidrográfica do rio Farje deve ser mais bem
aproveitado, fornecendo informações para pesquisas de diversos tipos. A ampliação do
programa de monitoramento a outras microbacias hidrográficas relacionadas aos projetos de
reflorestamento é recomendada.
167
Os processos de certificação ISO e florestal podem contribuir para o aperfeiçoamento
das práticas e procedimentos da empresa, com efeitos positivos sobre o grau de
sustentabilidade dos projetos.
O monitoramento da incidência de doenças nos acampamentos de trabalhadores de
campo pode envolver ações integradas da empresa, trabalhadores, comunidades e o poder
público municipal, resultando numa aproximação benéfica para todas as partes envolvidas.
Os programas de educação ambiental deverão ser direcionados a três categorias de
atores sociais: funcionários da COPENER, trabalhadores das empresas prestadoras de serviço,
e pessoas das comunidades rurais. Esses programas deverão objetivar, além de uma menor
ocorrência de incêndios florestais, menores índices de degradação ambiental.
O desenvolvimento de pesquisas no sentido de utilizar o eucalipto em sistemas
agroflorestais pode trazer resultados promissores, no sentido de inserir a atividade florestal no
processo produtivo dos pequenos agricultores da região. Esta inserção pode significar uma
alternativa capaz de elevar a renda dos agricultores, contribuindo para a sustentabilidade
sócio-econômica das comunidades rurais. A difusão da tecnologia precisará levar em
consideração as diferenças culturais entre os dois segmentos (empresa e agricultores). No
mesmo sentido, um programa de fomento à atividade florestal (fazendeiro florestal) junto a
produtores rurais da região pode ser objeto de um estudo de viabilidade.
O aproveitamento, em caráter preferencial, da mão-de-obra rural disponível nas
comunidades do entorno dos projetos de reflorestamento é uma maneira de se melhorar as
relações empresa-comunidades. Nesse sentido, o cadastramento e capacitação de
trabalhadores, e a busca de estratégias de mitigação dos efeitos da sazonalidade, são
elementos que podem assegurar o sucesso das relações.
O estabelecimento de parcerias com associações de pequenos agricultores,
assentamentos rurais e organizações não-governamentais pode ter como objetivo a execução
de projetos de recuperação ambiental (coleta de sementes, produção de mudas, plantio e
manutenção). Atividades ligadas ao ecoturismo também poderão servir para o aproveitamento
da mão-de-obra durante os períodos sem contratação.
Nas relações estabelecidas com as comunidades locais, urbanas ou rurais, recomenda-se
o estudo dos aspectos culturais, tradições e saber informal, traçando perfis que possam
orientar as ações.
Recomenda-se promover e facilitar o acesso à informação, através de palestras,
debates, seminários etc. Em quaisquer das ações referentes ao relacionamento da empresa
com a sociedade, a participação dos diferentes atores sociais locais deve ser incentivada.
168
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169
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