Post on 11-Jan-2016
Malária: uma zoonose tropical negligenciada
Ana Claudia Oliveira Teles*, Giselle da Silva Amaral*, Jaíne Pamela Soares de
Paula*, Laíza Irene de Oliveira*, Larissa Dias Santos*, Luana Pereira Vilela*, Samira
Leticia Rozalina Rocha Lisboa*, Shirley Fernandes Barros*, Tatiana Neumann*,
Thiciane Milagres de Oliveira*, Ticiane Tavares da Silva*, Yago Machado da Silva*,
Diogo França Dias Bráulio Santos****
RESUMO
Este artigo confere um conteúdo informativo sobre a malária. Sua definição,
contágio, sintomatologia, profilaxias, tratamento disponibilizado pelo SUS, e sua
epidemiologia. Discorre sobre as pesquisas recentes de instituições na elaboração
das vacinas, visto que a malária é uma endemia negligenciada. O artigo foi
elaborado por meio de uma revisão bibliográfica em artigos especializados no tema,
selecionados através de busca no banco de dados Scielo e Bireme, a partir das
fontes Medline e Lilacs, cartilhas do Ministério da Saúde, sites e livros. O presente
trabalho destina-se a aprofundar os conhecimentos sobre a malária, que é uma
doença causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitida por
um vetor anofelino, ou por contato direto com sangue contaminado. Existe um
enorme espectro de formas clínicas de malária, podendo ser assintomática,
apresentar formas mais brandas ou de maior gravidade.
Palavras–chave: Malária. Plasmudium. Controle da malária. Situação mundial.
Abstract:
Keywords: Malaria. Plasmodium. Malaria control. World situation.1- INTRODUÇÃO
*Graduandos do curso de Biomedicina pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.**** Professor da disciplina "Saúde Ambiental" do curso de Biomedicina pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Com o passar dos anos e a crescente evolução tecnológica, houve uma
grande preocupação com a busca de tratamento para neoplasias e outras
patologias, que muitas outras doenças acabaram sendo negligenciadas e hoje em
dia, há um aumento da preocupação geral devido a um a grande número de casos
como, por exemplo, da malária.
A malária é uma doença parasitária comum em países subequatoriais e com
o passar dos anos, o número de casos novos só aumentou devido a negligencia e
falta de preocupação dos governos com a população. (RBM, 2015). Causada pelo
protozoário do gênero Plasmodium, é subdividido em 4 espécies: Plasmodium vivax,
Plasmodium falciparum, Plasmodium ovale e Plasmodium malariae tendo como
vetor a fêmea do mosquito de gênero Anopheles. (KRETTY et. al apud PIMENTEL
et. al, 2009)
De acordo com a RBM (Roll Back Malária), no mundo há 97 países afetados,
onde a maioria está presente no continente africano, América do Sul, América
Central e Sul do continente asiático e só no ano de 2013 houve 198 milhões de
casos, dentre estes 90% das mortes ocorrem na África Subsaariana e 78% atinge
crianças menores de 5 anos.
No Brasil, a malária está presente principalmente na região norte, onde é
localizada a floresta amazônica, o que é uma ótima posição geográfica para o
aumento dos vetores devido a grandes temperaturas e umidade que gera um habitat
para a reprodução do mosquito transmissor. (VASCONCELOS, 2006)
Há várias hipóteses para o crescente número de casos no Brasil, de acordo
com Vasconcelos, há um enorme desmatamento na área da Amazônia legal, o que
gera a emigração dos vetores da doença para as cidades e uma negligencia do
sistema de saúde nessas áreas de maior risco juntamente com a incapacidade de
controle. Phillips citado por Freitas et al. diz que o crescente número de casos da
malária pode ser relacionado a periodicidade da malária, características biológicas e
aspectos sociais gerais de uma sociedade juntamente com a sensibilidade do
protozoário aos medicamentos.
Devido à taxa de mortalidade de a malária ser grande, é importante que haja
total notificação dos casos para controlar e combater a patologia, pois há uma
grande necessidade do uso de fármacos no controle e tratamento. (GOMES et. al,
2011)
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O uso racional de fármacos no combate à malária tornou-se crucial, pois a seleção adequada dos antimaláricos está diretamente relacionada ao futuro das políticas de combate, à prevenção de epidemias e ao controle da morbidade e mortalidade da doença (WONGSRICHANALAI et al. apud PIMENTEL et.al, 2007).
Assim, o objetivo deste trabalho é atualizar as informações sobre esta doença
parasitária para que haja uma preocupação e um maior controle da patologia para
que a mesma não coincida sobre a população.
2- DEFINIÇÃO DA MALÁRIA
A Malária é uma doença parasitaria predominante em países e locais de clima
tropical e subtropical, pode ter evolução rápida e se tornar grave. É conhecida
também por: sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã. O contagio
humano ocorre por quatro tipos de protozoário do gênero Plasmodium, são eles:
Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae, Plasmodium
ovale.
Buscas recentes apontam que o Plasmodium knowlesi, até então conhecido
por transmitir a doença somente a primatas, também pode transmitir a doença para
humanos. O P. Ovale é típico da África e o P. knowlesi tem sido relatado em países
do sudeste asiático. Transmitida pela picada dos mosquitos conhecido como
Anofelinos, que pertencem ao gênero Anopheles, infectados com o Plasmodium.
Pode ser contraída também por contato direto com sangue contaminado,
transfusões sanguíneas, transplantes de órgãos, através da placenta (congênita)
para o feto.
2.1- Malária severa, por plasmodium vivax, plasmodium ovale e plasmodium
malariae:
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São considerados tipos benignos causam debilitação crônica (mas não a
morte). Seu quadro de anemia é brando e os seus sintomas são calafrios, febre,
sudorese, dores musculares e intensa cefaléia. Nas infecções por Plasmodium
vivax e Plasmodium ovale, o mosquito vetor inocula populações geneticamente
distintas de esporozoítos: algumas se desenvolvem rapidamente, enquanto outras
ficam em estado de latência no hepatócito, sendo por isso denominada hipnozoítos.
Estes hipnozoítos são responsáveis pelas recaídas tardias da doença, que ocorrem
após períodos variáveis de incubação, em geral dentro de seis meses para a maioria
das cepas de Plasmodium vivax. As recaídas são, portanto, ciclos pré-eritrocíticos e
eritrocíticos consequentes da esquizogônia tardia de parasitos dormentes no interior
dos hepatócitos.
O principal receptor é o a glicoproteína do grupo sanguíneo Duffy. Além disso,
o Plasmodium vivax invade apenas reticulócitos (MEDISSANTE 2012). Já
o Plasmodium malariae, invade preferencialmente hemácias maduras. Essas
características têm implicações diretas sobre as parasitemias verificadas nas
infecções causadas pelas diferentes espécies de plasmódios. O ciclo sanguíneo se
repete sucessivas vezes, a cada 48 horas, nas infecções pelo Plasmodium
vivax e Plasmodium ovale, e a cada 72 horas, nas infecções pelo Plasmodium
malariae (RIOS, Taynne e OLIVEIRA, Vallesca).
2.2- Malária cerebral por plasmodium falciparum:
O desenvolvimento nas células fígado requer aproximadamente uma semana.
É o tipo mais agressivo, pois multiplica-se rapidamente. Causa um quadro de
anemia imediato, por atacar severamente as hemácias. Seus sintomas são calafrios,
febre alta, dores de cabeça e musculares e taquicardia. Causa insuficiência renal,
pois invade as hemácias de todas as idades. Causa edema pulmonar, do baço e do
fígado, seu desenvolvimento em células fígado, requer aproximadamente uma
semana (RIOS, Taynne e OLIVEIRA, Vallesca).
Dentre os sintomas, temos também, sintomas cerebrais (malária cerebral),
rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientações, convulsões, vômitos e
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dores de cabeça (podendo chegar ao coma). Esta espécie é capaz de evoluir a
ponto de causar a morte.O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes, a cada 48
horas, nas infecções pelo Plasmodium falciparum (RIOS, Taynne e OLIVEIRA,
Vallesca).
3- HISTÓRICO DA MALÁRIA
A Malária é uma doença amplamente disseminada em diversas partes do
mundo, desde a antiguidade. Existem manuscritos do século VI a.c que já relatavam
possíveis casos da doença. Hipócrates foi o primeiro a relacionar corpos d'água
parados ao adoecimento da população ao redor. Os romanos criaram os primeiros
sistemas de drenagem da água, pois assim como o filósofo Hipócrates perceberam
a conexão entre a água parada e a disseminação da doença.
Ao longo da História muitas personalidades famosas padeceram de sintomas
correspondentes a Malária, como Santo Agostinho e o imperador Carlos V. A
América do Norte sofreu com a grande disseminação da doença, quando os ingleses
introduziram ao continente as espécies Plasmodium vivax ePlasmodium malariae,
em 1607, onde hoje é a atual Virgínia. Mais tarde em 1620 o Plasmodium falciparum
foi trazido do continente africano, por meio da importação de escravos. A Malária
estagnou o desenvolvimento de muitas colônias norte-americanas por anos.No
Brasil a povoação desregrada dos estados amazônicos (Acre, Amapá, Amazonas,
Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), e o
desenvolvimento de usinas hidrelétricas, agropecuária, garimpos e construção de
estradas, provocou um grande número de casos de Malária a partir de 1980. Nesta
mesma década dos 169.871 casos registrados 97,5% eram da região amazônica.
Fora da Amazônia os estados com maior registro foram, Goiás, Paraná, São Paulo e
Mato Grosso do Sul. Em 1990 houve o recorde de casos, 632.000, dos quais 99,7%
pertenciam aos estados amazônicos.
Em 2000 o Ministério da Saúde promoveu ações de combate à Malária
juntamente com os munícipios e estados amazônicos. Em 2002 houve um declínio
considerável de 45,1% comparado a 1999. Porém em 2004 o número de registros
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voltou a crescer, foram identificados 459.000 casos, e o aumento se repetiu em 2005
onde se registrou 597.000. No ano de 2006 o número de doentes por Malária voltou
a decrescer, onde foram registrados 546.000 em todo território nacional.Ao longo da
história as campanhas militares também foram assoladas pela Malária. O Coronel
C.H Melville, professor de higiene do Royal Army Medical College em Londres, e
autor de um capítulo do livro de Ronald Ross “The PreventionofMalaria” escreveu a
seguinte frase: “A história da Malária se confunde com a história da guerra
propriamente dita.”Em diversos momentos históricos a Malária impediu ou retardou
feitos militares como a conquista de Roma, pois exércitos como o de Henrique V
foram dizimados pela doença.
Por volta de 1809, Napoleão Bonaparte usou a Malária como arma biológica
contra os britânicos recém-chegados aos Países Baixos, ao inundar o interior da
Holanda para propiciar o desenvolvimento da doença. Dos 39.000 homens
britânicos, a febre tirou de combate 40% até o fim da expedição. Na Guerra Civil
norte-americana os combatentes também sofreram pela rápida disseminação da
Malária. Foram registrados 1,3 milhão de casos dos quais 10.000 vieram a óbito.Na
2ª Guerra Mundial o exército americano registrou 500.000 casos, e a marinha
90.000. Mesmo em anos mais atuais como na campanha “Restaurando a
esperança” na Somália em 1992-1994, a Malária foi à principal causa de baixas.
Integrantes do exército brasileiro que atuam na região amazônica também sofrem
constantes baixas devido a Malária, que ainda é um grande obstáculo das forças
armadas situadas em fronteiras e em missões de paz.
4- SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA
Série histórica de casos de malária de 2003 a 2015
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Figura 1- Gráfico IlustrativoFonte: Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – SVS
Número de casos de malária na região Amazônica em 2013
Figura 2- Gráfico ilustrativoFonte: Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – SVS
Casos de malária em 2014 e 2015
(Conclusão)
Figura 3- Tabela ilustrativaFonte: Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – SVS
Quadro comparativo de casos de malária entre 2013, 2014 e 2015
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Figura 4- Gráfico ilustrativoFonte: SIVEP-MALÁRIA/SVS - Ministério da Saúde. Dados atualizados em: 30/04/2015.
A taxa de ocorrência da malária tem diminuído gradativamente ao decorrer
dos anos. Em 2015 os casos foram concentrados e com número reduzido, o que
pode ser explicado pelas medidas profiláticas adotadas pela população. Na curva
endêmica abaixo, o número de casos do ano analisado (2015) se apresenta sempre
na zona de êxito, com uma diminuição considerável de casos.
Canal endêmico referente ao ano de 2015
Figura 5- Gráfico ilustrativoFonte: Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – SVS
4.1- Mortalidade por malária
Número de óbitos em 2012
♦ Região norte – 70.074
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♦ Região nordeste – 305.253
♦ Região sudeste – 544.163
♦ Região sul – 183.539
♦ Região centro-oeste – 78.137
Total: 1.181.166
A taxa de mortalidade da malária é de aproximadamente 0,59 % no ano de 2012.
Comparação da mortalidade por região brasileira em 2012
5- DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DA MALÁRIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde (ONU), no ano de 2014, estima-se
que 97 países apresentaram a transmissão constante da malária e
aproximadamente 3,3 bilhões de pessoas estavam exposta ao risco de contrair a
doença. A Malária é uma doença endêmica em países tropicais e subtropicais, como
os localizados em certas porções da Ásia, África, América do Sul, América Central,
Oceania e algumas ilhas do Caribe, onde se encontram ambientes favoráveis à
manutenção da vida do plasmódio e a proliferação dos vetores.(WHO, 2014).
Dustribuição mundial da malária
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Figura 6- Gráfico ilustrativo
Fonte: DATASUS – Tecnologia da Informação a serviço do SUS
Figura 7- Mapa ilustrativoFonte: Source. World MalariaReport 2014
Em 2013, foram constatados cerca de 198 milhões de casos em todo o
mundo e um número estimado de 584.000 mortes. Por volta de 90% das mortes
causadas por malária ocorrem na África subsaariana, sendo que 78% desses óbitos
acometeram crianças antes do seu quinto ano de vida. Juntos, seis países da África
(República Democrática do Congo, Nigéria, Tanzânia, Uganda, Moçambique e Costa
do Marfim) representaram aproximadamente 47% dos casos globais de malária, o
que corresponde a 103 milhões de ocorrências da doença. (RBM, 2014)
6- SITUAÇÃO DA DOENÇA NO BRASIL
Acredita-se que a malária está presente desde primórdios da história humana,
já tendo causado milhões de mortes, inclusive a especulações de que a doença
tenha sido uma das principais causas de morte dentre os primatas precursores do
Homo sapiens, como os Australopithecus. Há várias referências na literatura antiga
e das civilizações modernas que relatam febresmalignas intermitentes e calafrios
consistentes, que atingiram desde personalidades famosas de suas épocas, até
contribuído com a queda de grandes exércitos, dentre eles o de Napoleão (CHWATT
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et al., 1998).
Já no continente Americano, a malária foi um dos grandes problemas
enfrentados durante a colonização da América do Norte, pois impedia o
desenvolvimento das colônias (DUFFY, 1953). Foram os colonizadores ingleses que
introduziram na América duas espécies de agentes causadores, o Plasmodium vivax
e Plasmodium malariae, mas foi a importação de escravos da África a partir de 1620,
que trouxe o Plasmodium falciparumpara o continente (RUSSEl, 1968).
Segundo Tauil (1982), de todos os casos de malária ocorridos no Brasil por
volta de 1980, mas de 97 % deles eram na Amazônia, mas após essa época, depois
de aumento na exploração da floresta, a ocupação desordenada, aos estímulos
governamentais como construção de hidroelétricas e garimpos, os casos passaram
a se espalhar por todo o país.
Entre as estratégias de combater a doença em nosso país, estão medidas
adotadas pelo governo, como uma criada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) e adotada pelo Brasil a partir de 1965, baseada na ação intradomiciliar do
diclorodifeniltricloroetano (DDT) contra os anofelinos transmissores e no uso de
drogas antimaláricas para esgotamento das fontes de infecção (seres humanos
parasitados pelos plasmódios) (Loyola et al, 2001). Essas estratégias foram eficazes
em quase todo o país, fazendo com que o governo percebesse que para combater
os casos na Amazônia Legal (que voltou a concentrar mais de 97% dos casos do
país) seria necessária a adoção de táticas diferentes, pois o clima e a vegetação
local é perfeita para reprodução e vida de insetos em geral, inclusive para o principal
vetor da doença, os mosquito do gênero Anopheles, as moradias são precárias e
suas superfícies irregulares não permitiam uma aplicação eficaz do DDT. Então
foram e são aplicados, na região Norte do país, programas de controle mais diretos,
que abordam o diagnóstico e tratamento rápido da doença, mas que infelizmente
não é suficiente para erradicar o número de casos, mas em contrapartida diminui
consideravelmente o número de mortos.
Atualmente o principal vetor encontrado no país é o Anopheles vivax, mas já
foram encontradas outras espécies, como Anopheles (N) albitarsis, Anopheles (N)
aquasalis, Anopheles (K) cruzii, Anopheles (N) darlingi e Anopheles (K) bellator, que
transmitem formas mais brandas da doença.
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Figura 8- Tabela 1 ilustrativaFonte: Controle da malária no Brasil: 1965 a 2001. Carlos Catão Prates Loiola,1 C. J. Mangabeira da Silva2 e Pedro Luiz Tauil
7- O CILCLO DE VIDA DO PLASMODIUM: HOMO SAPIENSVS PLASMODIUM
FALCIPARUM
Segundo Jotta et. al (2009), a Malária é causada por um protozoário do
gênero Plasmodium, cujos ciclos de vida ocorrem no homem e em mosquitos do
gênero Anopheles, atingindo órgãos variados nos dois hospedeiros. No ser
humano, o ciclo de vida do protozoário se dá de forma assexuada, e no mosquito é
de forma sexuada, já a transmissão se dá quando, ao picar uma pessoa o mosquito
fêmea libere secreção salivar, que se estiver contaminada, será a responsável pela
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Figura 9- Tabela 2 ilustrativaFonte: Controle da malária no Brasil: 1965 a 2001Carlos Catão Prates Loiola,1 C. J. Mangabeira da Silva2 e Pedro Luiz Tauil
propagação da doença, ou em caso da pessoa contaminada ser picada, o mosquito
é que se infectará.
O Plasmodium falciparum é o grande responsável pela malária grave (ou
severa), caracterizada por distúrbios em diferentes órgãos e sistemas, com
possibilidade de evolução ao óbito. O ciclo de vida deste parasita é muito complexo,
pois está ligado a expressão de diferentes proteínas, variando de acordo com a fase
do ciclo que se encontra ou/e em qual organismo está parasitando, sejam essas
variações intra ou extracelulares, sofrendo também interferências pelo sistema de
defesa do organismo atacado (Batista et. al , 2012)
7.1 O CICLO EM 7 PASSOS
a) mosquito suga sangue de pessoa contaminada;
b) já dentro do mosquito, algumas hemácias se rompem e outras
transformam-se em gametófitos. Os protozoários que estão dentro das
hemácias rompidas, logo migrarão para outas hemácias, já os gametócitos
migram para o sistema digestório do mosquito;
c) os zigotos desenvolverão formas que migrarão para as glândulas salivares
do mosquito, que ficarão infestadas;
d) a fêmea pica uma pessoa, para se alimentar e nutrir seus ovos, e ao
mesmo tempo libera saliva infestada de esporos;
e) esporos migram e ficam incubados no fígado;
f) Atingem a corrente sanguínea e penetra nas hemácias, se reproduzindo
assexuadamente dentro delas;
g) o ciclo se reinicia.
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Figura 10- Ciclo de vida do plasmodiumFonte: PAULINO, Wilson Roberto. Biologia atual: seres vivos e fisiologia. São Paulo: Ática, v. 2, 2004. (p.61)
Os Plasmodium falciparum, vivax e ovale são parasitas exclusivos do homem
enquanto que o P. malariae seria capaz também de infectar chimpanzés em
condições naturais. Já oP. knowlesi, seria capaz de infectar somente macacos, mas
pode picar também humanos em raros episódios. O vetor é sempre um mosquito
fêmea do gênero Anopheles, embora das 380 espécies conhecidas de mosquitos
desse gênero, apenas 60 possam transmitir a doença (Rey, 2001). Em indivíduos
imunes, hepatócitos e macrófagos destroem os parasitas antes que esses cheguem
a entrar nas hemácias.
8- DIAGNÓSTICO
O diagnóstico confirmatório da malária é, tradicionalmente, realizado pelas
análises microscópicas do sangue, necessitando de materiais e reagentes
adequados, bem como de técnicos bem treinados para sua realização, objetivando a
detecção e diferenciação das espécies de plasmódios. "O padrão-ouro no
diagnóstico da infecção são as colorações de sangue periférico (gota espessa). A
Malária só pode ser excluída quando há pelo menos 3 esfregaços negativos dentro
de 48 horas de observação da febre" (FMUSP, 2013).
Com o desenvolvimento da tecnologia de amplificação do DNA dos plasmódios usando a reação em cadeia da polimerase (PCR), o diagnóstico da malária baseado na detecção de ácido nucléico mostrou grande progresso em termos de eficácia. Além disso, com a extensa utilização da PCR para o diagnóstico de outras doenças, as técnicas de extração e purificação de DNA foram aprimoradas e simplificadas. O diagnóstico de malária através da PCR ainda é restrito aos grandes laboratórios, em virtude do custo elevado, reagentes necessários e alta complexidade técnica (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009).
Nos últimos anos métodos alternativos e complementares ao exame da gota
espessa têm sido disponibilizados com alto custo e ainda não completamente
validados para uso em campo, são métodos de diagnósticos sensíveis e específicos
e têm a vantagem de serem rápidos e de fácil execução. Esses testes são
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empregados para a detecção fácil, e demoram de 2 a 15 minutos, detectam
antígenos do parasita e podem ser usados por pessoas relativamente inexperientes.
Entre esses, independentemente da detecção do parasita, outros testes serão
pedidos, que incluem as contagens de sangue completo que revelam a anemia,
baixas contagens de plaqueta e raramente contagens de glóbulo brancos altas.
9- TRATAMENTO DA MALÁRIA
"O ministério da saúde, através de uma política nacional de tratamento da
malária, disponibiliza gratuitamente os medicamentos antimaláricos em todo
território nacional, em unidades do Sistema Único de Saúde". (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2010). O tratamento adequado é hoje a principal base para o controle da
doença e tem como objetivos principais garantir uma cura clínica rápida e
continuada.
[...] O controle da doença encontra diversos obstáculos, entre eles as
questões ligadas à terapêutica. O tratamento é longo e emprega combinações de
diversos medicamentos, em diferentes intervalos de administração, com o objetivo
de enfrentar o plasmódio nas múltiplas fases de seu ciclo no organismo e de impedir
surgimento de resistência do agente à terapêutica. Além disso, até hoje não existe
um tratamento igualmente específico para as duas espécies de plasmódio mais
prevalentes no Brasil (P. vivax e P. falciparum), sendo ainda difícil diferenciar
clinicamente a infecção por uma ou outra espécie ou porambas. (SILVA et al. apud
CASTRO. p. 1447, 2011).
Para o tratamento ser realizado de forma adequada, deve-se analisar de
forma criteriosa o caso de cada paciente através de várias informações como:
espécie de plasmódio infectante, idade do paciente, gravidade da doença, história
de exposição anterior e condições associadas, tais como gravidez e outras doenças,
afim de que seja recomendado o tratamento com drogas eficazes para cada
indivíduo. Em 2010 o ministério da saúde publicou o guia prático de tratamento da
malária no Brasil tendo em seu conteúdo uma orientação geral para o tratamento da
doença e nos apresenta em forma de tabelas todas as orientações e informações
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relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos preconizados. As tabelas com
tratamentos utilizados hoje no Brasil de acordo com faixa etária indicados no site da
do Ministério da Saúde, estão listadas a seguir:
Tratamento das infecções pelo P. vivax ou P.
ovale com cloroquina em 3dias eprimaquina em 7 dias (esquema curto)Figura 11- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
Tratamento das infecções pelo P. malariae para todas as idades e das infecções por P. vivax ou P. ovale em gestantes e crianças com
menos de 6 meses, com cloroquina em 3diasFigura 13- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
Tratamento das infecções pelo P. vivax, ou P.
ovale com cloroquina em 3 dias e primaquina em 14 dias (esquema longo)Figura12- Tabela Ilustrativa Fonte: Guia prático de tratamento da malária no Brasil - Ministério da Saúde
Esquema recomendado para prevenção das recaídas frequentes por Plasmódium vivax e P. Ovale com cloroquina semanal em 12
semanas
Figura 14- Tabela IlustrativaFonte: Guia prático de tratamento da malária no Brasil- MS
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Tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com a combinaçãofixa de artemeter+lumefantrina em 3 diasFigura 15- Tabela Ilustrativa Fonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
Esquema de segunda escolha, recomendado para o tratamento das infecções
por Plasmodium falciparum com quinina em 3 dias,doxiciclina em 5 dias e primaquina no 6odia.Figura 17- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
Tratamento das infecções por Plasmodium
falciparum com a combinação fixa de artesunato+mefloquina em 3 diasFigura 16- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
Tratamento das infecções mistas por
Plasmodium falciparume Plasmodiumvivaxou Plasmodium ovaleFigura 18- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
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Esquema recomendado para tratamento das infecções não complicadaspor Plasmodium falciparum no primeiro trimestre da gestação e crianças com menos de 6 meses, com quinina em 3 dias e clindamicinaem 5 dias.
Figura 19- Tabela IlustrativaFonte: Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil – Ministério da Saúde
10- CONTROLE DA DOENÇA/ MEDIDAS PROFILÁTICAS
Dentre as ações de prevenção recomendadas pelo Ministério da Saúde estão:
As medidas de proteção coletiva: Drenagem de áreas alagadas; pequenas obras de
saneamento para eliminação de criadouros do vetor (causador da transmissão);
aterro; limpeza das margens dos criadouros; modificação do fluxo da água; controle
da vegetação aquática; melhoramento da moradia e das condições de trabalho da
população e, ainda, o uso racional da terra.
Medidas de proteção individual: Visa reduzir a possibilidade da picada pelo
mosquito, evitando principalmente áreas de risco. Adotar o uso de mosquiteiro
impregnado com inseticida; o uso de telas nas portas e janelas; o uso de repelente;
utilização de roupas que protejam pernas e braços e evitar locais de banho em
horários de maior atividade do mosquito - manhã e final da tarde.
Além disso, os profissionais da saúde devem ser capacitados, e qualificados dentro
de suas competências, a fim de promover por meio de ações sociais e educativas,
que as medidas individuais e coletivas sejam seguidas; identificar casos suspeitos
da malária; realizar ou providenciar a realização do diagnóstico precoce; instituir o
tratamento adequado e imediato e/ou acompanha-lo.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
11- VACINA CONTRA MALÁRIA
O Plasmodium vem criando resistência aos remédios utilizados como
antimaláricos, com isso há um grande número de cientistas tentando criar a vacina
contra a malária, enquanto o instituto de pesquisa da Fiocruz está desenvolvendo
drogas antimaláricas para que possam ser usadas junto a vacina.
Os plasmódios apresentam um ciclo de vida complexo, com diversos estágios, tanto no hospedeiro definitivo como no vetor, e diferentes antígenos são expressos a cada estágio, ainda que o projeto de genoma malária tenha demonstrado que o mesmo antígeno pode ser expresso em diferentes estágios do ciclo de vida. (SILVA, Luiz Jacintho Da; RICHTMANN, Rosana Richtmann).
O desafio para a criação da vacina contra malária se dá devido a uma
diversidade de espécies que a transmite e pelo fato de que doença atinge e
confunde o sistema imunológico, afetando assim a resposta inume à infecção.
A maioria das vacinas criadas são para o Plasmodium falciparum, que é o que
apresenta maior número de óbitos e casos graves. Porém as vacinas que estão em
estudos ainda não conseguem proteger a pessoa vacinada, apenas bloqueiam a
transmissão do plasmódio para o mosquito, não realizando a proteção completa.
Contudo isso já é um grande avanço, pois ajuda a diminuir o risco de epidemias e
desenvolvimento de resistência aos antimaláricos, além de que com a ajuda dos
mosquiteiros e repelentes teria uma prevenção mais eficiente sobre a doença.
As vacinas de DNA e vetor recombinante vem sendo estudadas, porém as
que apresentaram um maior avanço foi as subunitárias, que atuam nas fases de vida
dos plasmódios, como por exemplo a proteína circunsporozoíta (CSP) que é a mais
conhecida, atuando nos esporozoítos extracelulares e nas formas intra-hepatocíticas
do parasita, mostrando-se antigênica. Além da CSP, tem a
MSP1(merozoitesurfaceprotein1) que atua na resistência à malária já manifestada.
Porém, a vacina que está mais em fase mais avançada de estudo é a RTS-S,
que é contra a malária na fase pré-eritrocítica, atuando sobre o
Plasmodiumfalciparum, impedindo sua infecção, seu amadurecimento e sua
multiplicação. RTS-S foi criada em 1987 no laboratório GlaxoSmithKline's (GSK),
que completou a fase III de teste. A vacina conta com três doses, e está sendo
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aplicadas em bebês e crianças, sendo estas doses administradas com intervalo de
um mês, e um reforço tomado 18 meses depois da terceira dose. Entretanto,
mesmo após tomar a vacina não se pode deixar de usar mosquiteiros e repelentes.
Existem também as vacinas bloqueadoras de transmissão do plasmódio para
mosquitos bloqueiam os gametófitos, impedindo sua reprodução, contudo elas não
estão em fase de nenhum desenvolvimento, pois não protegem a pessoa vacinada.
12- MEDIDAS DE PREVENÇÃO DA MALÁRIA
A malária atinge principalmente crianças menores de 5 anos, grávidas,
pessoas com sistema imune comprometido, devido a isso são necessárias certas
informações quando se viaja para lugares que apresentam casos de malária. É
importante saber horário de maior atividade do vetor malária (amanhecer e
anoitecer); uso de roupas de mangas longas; uso de mosquiteiro contendo
repelentes; uso de repelentes nas áreas expostas. Diagnóstico precoce, seguido o
desenvolvimento de terapias combinadas com drogas do tipo artemisininas e o uso
de mosquiteiros impregnados com inseticidas.
13- QUIMIOPROFILAXIA CONTRA MALÁRIA
A quimioprofilaxia contra a malária consiste no uso de drogas antimaláricas
em doses subterapêuticas, que apresentam uma eficácia de 75 a 95%. As drogas
utilizadas são doxiciclina, mefloquina, combinação de atovaquona comproguanil, e
por fim a cloroquina. Porém elas não garantam que ocorra a doença, cabendo ao
indivíduo que tomou as mesmas procurar um médico caso apareça algum sintoma
comum amalária.
Para tomar as medidas de Quimioprofilaxia deve avaliar algumas questões
para ver a probabilidade de o viajante obter a doença. As medidas são:
Probabilidade alta de exposição à transmissão de malária, visita a localidades com
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indicadores elevados de transmissão de malária, presença de transmissão de
malária no perímetro urbano do local de destino, elevada incidência de malária por
P. falciparum no destino, existência de resistência à antimalárica na região,
possibilidade de acesso a serviço de saúde superior a 24 horas do início dos
sintomas, caso o viajante faça parte de grupo especial e/ou seja portador de doença,
duração da viagem menor que seis meses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A malária é uma patologia antiga mundialmente conhecida. Ela se mantém
em situação endêmica no Brasil. Como a forma de transmissão da doença é pelo
vetor mosquito fêmea do gênero Anopheles, fica difícil limitar a sua reprodução e
contágio com os humanos. Contudo, vacinas e métodos antimalariais vem sendo
desenvolvidos por instituições de pesquisas para que a doença seja mantida sob
controle. A malária pode ser severa ou cerebral, que compreende sintomas graves
ou, podendo levar à morte, no segundo tipo.
O SUS oferece o tratamento com remédios gratuitos à população, porém não
se devem abandonar os velhos hábitos, que são até os dias de hoje, conhecidos
como os mais eficazes: mosquiteiro, repelentes e não manter água parada, para que
não ocorra à inoculação do mosquito, e consequentemente, propagação da malária.
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