AQUELES OLHOS

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AQUELES OLHOS

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A distância e o inapelável final não permitiriam mais sequer uma esperança, mas

havia alguma coisa naquele último olhar.

Alguma coisa de um indecifrável querer dizer,

talvez uma mensagem definitiva e definidora das razões e dos conceitos que nos amputaram ao meio.

Quase como um gatilho semi-apertado, uma contida cusparada no rosto ou a ameaça de um

verdadeiro beijo que jamais trocamos.

Por alguns segundos estive perdido na eterna dúvida sobre a

cor dos teus olhos.

Não era o momento certo, eu sabia, pra essas divagações e

Logo abandonei os olhos e fixei-me novamente no olhar,

Terno? Frio? Rancoroso? Ou tudo isso junto?

Importantes, no entanto, eram as

entrelinhas, o que havia no contido

brilho das derradeiras

verdades que eu jamais conheceria.

Segurei tua mão, estava fria, largada, não participante do desfecho daquilo que havia

sido jurado para toda vida.

O olhar, porém, mantinha a mesma expressão de pantera

ou de gazela, caçador ou caça, que eu não conseguia traduzir.

Ora parecia uma súplica, ora um palavrão, em

seguida uma ponte, depois um desterro.

A própria esfinge: Decifra-me ou devoro-te!

De repente, quebrou-se o feitiço. Um tchau, ao invés de adeus, um sorriso único irônico, uma

piscadela de pouco caso,

Vulgarizaram o instante que deveria ser nobre, inapagável.

Partimos e ficamos um no outro, iniciando a aventura

de sermos metades que nada mais buscavam.

O absurdo do encontro predestinado e da perda

irreparável já havia ocorrido. Não mais inúteis

procuras e impossíveis achados. Sequer em um

milhão de anos.

Mas aquele olhar...

O que não consegui entender e queria dizer-me

aquele olhar?