Post on 13-Aug-2015
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS MADUREIRA
COMUNICAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA
PROJETOS EXPERIMENTAIS III
ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM
FILMES APOCALÍPTICOS
Nicole Moraes Graniço
Rio de Janeiro,
Dezembro/2012
2
NICOLE MORAES GRANIÇO
ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM
FILMES APOCALÍPTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
disciplina de Projeto Experimental em
Publicidade e Propaganda como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharelado em
Comunicação Social com habilitação em
Publicidade e Propaganda, Universidade Estácio
de Sá.
Orientador Prof. Dr. Ícaro Ferraz Vidal Júnior
Rio de Janeiro,
Dezembro/2012
3
NICOLE MORAES GRANIÇO
ANÁLISE DE PRODUCT PLACEMENT EM FILMES APOCALIPTICOS
GRAU: ________
BANCA EXAMINADORA
Rio de Janeiro,
Dezembro/2012
4
Dedico esse trabalho a minha filha,
Diana, que a cada sorriso me faz
acreditar que sou capaz.
5
AGRADECIMENTO
Primeiramente ao meu orientador, Ícaro Ferraz Vidal Júnior, pela critica sincera, pelo
incentivo, paciência e confiança depositada.
Agradeço aos professores que dedicaram seu tempo a examinar essa monografia e pelo
comparecimento a banca.
Ao meu pai agradeço pelas correções e pela paciência que tornou esse trabalho
realidade.
A minha mãe e minha filha agradeço o carinho e os sorrisos.
Ao meu marido pela dedicação e internet.
A minha querida amiga Mariana Gonçalves, agradeço a força necessária para não
desistir.
A minha família por todo amor, carinho e paciência. E finalmente a Deus que me
apresentou esse desafio que servirá de estímulo para uma longa vida acadêmica.
6
RESUMO
Esta monografia analisa a inserção de marca em filmes catastróficos com o objetivo de
estudar o product placement usando como lente a transformação das marcas para
adequar-se aos roteiros propostos. As profecias apocalípticas são transformadas em
entretenimento pela sociedade do espetáculo e passam a ser cenário para estratégias
publicitárias responsáveis por promover marcas para o espectador. O livro de Eli foi
escolhido como estudo de caso por evidenciar a sobrevivência da marca junto ao ser
humano, superando com eles as dificuldades do novo mundo. Já Wall-e é um filme
catástrofe infantil em que o personagem tem a forte identidade com o anunciante.
Palavras-chave: Product placement, marca, apocalipse, catástrofe.
7
O homem razoável se adapta ao mundo: o irracional
persiste em adaptar o mundo a ele. Portanto todo o
processo depende do homem irracional.
(George Bernard Shaw)
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Os desenhos utilizados pela igreja católica para coagir os menos favorecidos
a responder com rigorosa obediência e suas vontades ................................................13
Figura 2 - A informação de futuros acontecimentos catastróficos são massificados
pela mídia, envolvendo meios de alta credibilidade, como mostra a capa de revista
VEJA do ano 1999, quando a referencia de fim dos tempos foi o Bug do milénio* .....15
Figura 3 - Cartaz publicitário do filme “The photo drama of creation”, do Pastor
Russell ............................................................................................................................18
Figura 4 - Inserção no filme The Garage........................................................................23
Figura 5 - Apresentadora do programa Casos de família (SBT), Cristina Rocha,
apresentando a marca de iogurte Top Therm ..............................................................26
Figura 6 - Prova do líder patrocinada pela marca de café 3 corações em BBB12 ........27
Figura 7 - Parte do comercial da Coca-cola Zero Skyfall ...............................................28
Figura 8 - Tênis utilizado pelo personagem Marty McFly (Michel J. Fox) no filme De
volta para o futuro 2 ......................................................................................................29
Figura 9 - Inserção da cerveja Heineken no filme Skyfall ..............................................31
Figura 10 - Ipod presente no momento de lazer do protagonista Wall-E (6’48”) ........35
Figura 11 - Mercado BnL pós apocalipse (19’50’’) ........................................................36
Figura 12 - Ipod, lançado em 2008 e EVE, robô desenhado pelo designer da Apple
Johnny Ivo ......................................................................................................................36
Figura 13 - EVE tentando resgatar o espécime que está em poder da Axion (1h
10’29’’) ...........................................................................................................................37
Figura 14 - EVE com o espécime de fotossíntese (1h 15’23’’) ......................................37
Figura 15 - Fone de ouvido da Beats áudio (9’38’’) .......................................................39
Figura 16 - Mochila Osklen (53’25’’) ..............................................................................40
Figura 17 - Inserção da Oakley (50’’27’) ........................................................................40
Figura 18 - Inserção da marca Puma (58’58’’) ...............................................................41
Figura 19 - Segunda Inserção da marca GMC (1h 27’57’’) ............................................41
Figura 20 - Eli utiliza o papel do restaurante KFC para limpar as mãos após a refeição
(10’12’’) ..........................................................................................................................43
Figura 21 - Inserção da marca Oakley no filme O livro de Eli (19’43’’) .........................44
9
Sumário
Capítulo 1 – O apocalipse sob as lentes do cinema ................................................12
1.1 Introdução ao apocalipse e suas formas catastróficas ........................................ 12
1.2 Do cinema catástrofe ao cinema espetacular ................................................. 15
1.3 O sucesso do cinema catástrofe espetacular ........................................... 17
Capítulo 2 – Product Placement .............................................................................22
2.1 Contextualizando o product placement .............................................................. 22
2.2 Estratégia de inserções de marca em roteiros televisivos e cinematográficos
................................................................................................................................ 24
2.3 A eficácia das estratégias de product placement no cinema ..................... 29
Capítulo 3 – O product placement em gêneros apocalípticos .................................33
3.1 Análise crítica de Wall-E: A inserção da ideologia da marca ............................... 33
3.2 Análise crítica de O livro de Eli: Uma inserção imperceptível ......................... 38
3.3 As semelhanças técnicas entre os filmes Wall-E e O livro de Eli ............... 42
10
INTRODUÇÃO
A pesquisa realizada demonstrará a presença do product placement de
marcas conceituadas em filmes que apresentam uma visão de catástrofe do mundo,
explorando a presença das marcas e sua estratégia de visibilidade nesses filmes. O
gênero apocalíptico apresenta um ambiente onde os seres humanos sobrevivem de
modo primitivo sempre em busca da evolução da espécie. Dentre inúmeros títulos
de sucesso foram escolhidos para estudo de caso duas tramas com problemáticas
diferentes: O livro de Eli, filme com grande bilheteria, mas com pouca percepção
das marcas inseridas. E Wall-E, animação catastrófica infantil com introdução
ideológica da marca Apple.
Antes de se tornar popular nos anos 80, o product placement teve sua
estreia no cinema mudo, com o filme The Garage (Arbuckle, 1919) patrocinado
pela marca Red Grown Gasoline. Hoje, a ação de marketing já faz parte do cinema,
e em alguns filmes insere a marca como peça chave da trama. No gênero
apocalíptico a inserção tem um desdobrar diferente, porque a marca perde sua
identidade para ser encaixada em ambientes degradados, caóticos e catastróficos.
Ao ser inserido em filmes com ambientes estranhos ao espectador as
marcas são deformadas. O fenômeno será descrito na análise dos filmes exemplos
com inclusões de marcas totalmente diferentes. O filme O livro de Eli (Irmãos
Hugues, 2010) apresenta inserções de marca bem feitas quando estão ligadas ao
protagonista e antagonista, do contrário as marcas estão distribuídas pelo cenário
da trama de forma aleatória. Em destaque a marca Oakley, que aparece em todo o
filme para proteger os olhos de Eli das radiações solares superiores a 50º.
Diferentemente do primeiro Wall-E (Stanton, 2008) possui apenas uma marca de
patrocínio, a animação da Pixar Studios apresenta características dos produtos da
Apple ligados diretamente aos personagens.
11
Para entender melhor as inserções de marca em filmes no geral, Philip
Kotler, David A. Aaker e outros autores vão definir o processo de construção de
marca e o desdobrar sofrido por ela para ser inserida no cinema. Já o tema
apocalipse será desdobrado em épocas particulares, através de estudos bíblicos e
contemporâneos por autores como Ben Singer, Bauman e outros para explicar seu
significado e influencia na formação da sociedade até a era pós-moderna.
O tema será distribuído em três capítulos: O primeiro vai abordar a
evolução do apocalipse e sua história social, além do seu sentido mítico e de sua
participação no cinema dramático e espetacular. A participação do apocalipse no
cinema dramático vai influenciar as formas de lazer, de consumo e do estilo de vida
na sociedade moderna e/ou pós-moderna.
No segundo capítulo, será destrinchado o product placement. Inicialmente
a identidade de marca será abordada em suas diferentes faces, inclusive as
consequências de sua perda. Posteriormente as técnicas serão detalhadas, no
cenário cinematográfico e televisivo, para assim chegar ao ápice da pesquisa,
analisar a influência da inserção de marca em na publicidade modernas. Além
disso, serão analisadas outras denominações referentes à inserção de marca, muitas
delas inadequadas à técnica.
No terceiro capítulo, a pesquisa vai explicar a fundo como acontece o
product placement, mostrando como a ação em si é estruturada em função da
relação da marca com o espectador para buscar maior interação com a mensagem
anunciada.
A partir daí, o objeto de estudo do trabalho – ações de product placement
em filmes apocalípticos - passa ser analisado para permitir a compreensão do
desenvolvimento da marca nos cenários catastróficos. Com destaque para as
formas de presença de marca nos filmes Wall-E e O livro de Eli.
12
Capítulo 1 – O apocalipse sob as lentes do cinema
Esse capítulo vai apresentar a presença dos valores apocalípticos em
diversas formações sociais e sua influencia para a mudança das mesmas, sendo o
seu significado original continuado ou adaptado a cada realidade histórica.
Conhecendo suas faces será possível avançar a pesquisa para a análise do
sentido mítico associado ao apocalipse e sua participação efetiva no cinema
dramático. Além de sua influente presença nas formas de consumo e no estilo de
vida do homem moderno e/ou pós-moderno.
1.1 Introdução do apocalipse e sua formação catastrófica
Analisar o histórico do apocalipse é entender um mito cosmogônico, que
são narrativas com caráter explicativo e simbólico, profundamente relacionado com
crenças religiosas e científicas sobre a origem do universo, que obteve diversos
sentidos durante sua história e explicar sua forte influencia na formação da
sociedade contemporânea, que exacerba a essência do mito e transforma seu
sentido de renovação em espetáculos de pânico.1
O objetivo do livro apocalipse foi incentivar uma revolução silenciosa no
Império Dominicano. Seu texto metafórico e hiperbólico prometia ao povo cristão,
oprimido por Cezar Dominicano, o surgimento de uma nova organização social
mais justa para aqueles que acreditavam nas palavras de Deus e em seu filho Jesus
Cristo.2 (MARCONA, 1989)
1 Da SILVA, Manoel Francisco. Apontamento dos mitos astecas. Tese (Filosofia UFJF) – Centro de
pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Sousa. Juiz de Fora, MG.
2 MARCORA, Carlos. A grande promessa. Traduçao professor Caio Albuquerque. São Paulo: Maltesse, 1989.
13
Conquistando sua liberdade após muitas lutas, o povo Cristão iniciou uma
sociedade baseada nos ensinamentos bíblicos. Perseguidos, a sociedade cristã foi se
aglomerando em pequenas extensões de terra chamadas feudos, formando aos
poucos o sistema Feudal.
A igreja cristã primitiva utilizava o mito cosmogônico para incentivar a
população menos favorecida a trabalhar na agricultura e sustentar a economia dos
feudos, com a promessa de que elas chegariam ao Reino de Deus. O cristianismo
era deveras rigoroso e não aceitava nenhuma outra forma de ritual. Até mesmo o
conhecimento científico adquirido pelas civilizações anteriores era guardado nos
mosteiros e o acesso era permitido apenas para o mais alto calão da igreja.3
Figura 1 - Os desenhos utilizados pela igreja católica para coagir os menos favorecidos a responder com rigorosa obediência e suas vontades
O sistema Feudal foi, aos poucos, se diluindo devido às crises não
suportadas pela igreja, que dentro do próprio mosteiro iniciou estudos para achar
soluções para fome, doenças e outros problemas que atingiam os feudos. Aos
poucos a filosofia, matemática e medicina, harmonizaram a razão e a fé abrindo
caminho para o conhecimento científico e outras manifestações religiosas.
¹ ORÁCULA. O maravilhoso apocalíptico. Rio de Janeiro, 2011, ed. especial. ² COTRIM, Gilberto (Org.). História e consciências do mundo. 13ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 1999.
14
Cada vez mais conhecedor, o homem procura expandir seus horizontes e
sai de suas fronteiras em busca de novas civilizações, encontra outras formações
culturais, as conhece e as domina como nova fonte de conhecimento. Ele descobre
que existem outras crenças cosmogônicas e observa que diversas delas são
semelhantes as suas quando se trata da renovação da humanidade. 4
Dando um salto significativo na ordem cronológica a pesquisa caminha
para a evolução tecnológica do século XIX, quando o homem urbanizado trabalha
para obter um salário que supre suas necessidades fisiológicas e consumistas. O
medo do sobrenatural não é mais tão comum, já que a formas urbanas já causam
demasiado pavor na sociedade.5
Os centros urbanos vão aglomerar um grande número de pessoas que saem
do campo em busca de melhores condições de vida. Todavia a cidade está
impregnada de perigos resultantes do avanço tecnológico, que são hiperbolizados
pela mídia sensacionalista. O exagero da mídia é resultado da necessidade de
divertimento da população menos favorecida, que utiliza da sensação de risco
como lazer.6
3 Apocalipse, reconstrução da esperança. Disponível em:
< http://claudioec.blogspot.com.br/2010/01/apocalipse-reconstrucao-da-esperanca.html> Acesso em: 05 de outubro de 2012 4 COTRIM, Gilberto (org.). História geral –Nova consciência. 1ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2001
5 SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: O cinema e a invenção da
vida moderna. 6 PINTO, Wellington. <http://professorwp.blogspot.com.br/2012/03/morte-de-deus-e-sociedade-de-
consumo.html>. Acesso em 05 de outubro de 2012 SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: CHARNEY, Leo R.;
SCHWARTZ, Vanessa (org). O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo, 2001. BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Ed. Jorge Zahar Editor. 1997 * Bug do milênio- problema mundial que recodificaria os bancos de dados de todo o mundo entre a passagem do
ano de 1999 e 2000. Causou grande pânico mundial, mas foi rapidamente solucionado por se tratar de um
programa de registros. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_do_ano_2000#O_problema>. Acesso em 27 de outubro de 2012).
15
O conhecimento ultrapassa diversas barreiras da ciência e além de
respostas, traz cada vez mais perguntas. As mais inquietantes e tentadoras de todas
as questões da humanidade é a previsão do futuro do mundo e como ele teve sua
origem. Esse fator junto com o entretenimento sensorial é cada vez mais atrativo,
principalmente para as massas que não tem acesso ao lazer cultural.
Figura 2 - A informação de futuros acontecimentos catastróficos são massificados pela mídia, envolvendo meios de alta credibilidade, como mostra a capa de revista VEJA do ano 1999, quando a referencia de fim
dos tempos foi o Bug do milénio*
1.2 Do cinema catástrofe ao cinema espetacular
O apocalipse da Modernidade é re-significado no contexto de uma
sociedade racional, exposta aos riscos da vida urbana e sem afeição pela religião. A
religião é, para o mundo moderno, o modo de entender aquilo que a ciência não
consegue explicar, é como uma fuga da realidade em busca do exorbitante, do
maravilhoso. (BAUMAN, 1997)
Intensificando a incerteza do real, surgiram na modernidade o cinema e a
fotografia, que modificam a percepção de tempo e espaço da sociedade. Os novos
modos de reproduzir a realidade capturavam imagens que podiam ser vistas por
quem tivesse acesso quanto e quando fosse querido. A fotografia consegue registrar
em instantes uma pessoa ou paisagem, por esse motivo afirma-se que a fotografia
16
rompe com o tempo e o espaço. Esse novo modo de representar a realidade a
transforma, mudando a percepção do que é real ou ficção.7
Em meio a tantas dúvidas e acontecimentos a massa exacerbada procura
em sensações extremas, através de atividades melancólicas e perigosas, acreditando
estar protegido por um limite de segurança. O extremo funciona psicologicamente
como a forma de conviver melhor com os medos, já que ele pode passar a sensação
de prazer quando o outro está em risco ou até mesmo quando, de forma genérica, o
risco pode ser controlado.
Observando esse fenômeno, a indústria do cinema entrelaça a realidade e a
ficção explorando os perigos e os medos da humanidade, principalmente a
incerteza quanto ao futuro. O ser humano observa no cinema catastrófico o seu
mundo, quando as consequências dos maus tratos a natureza e o consumo
excessivo transformarem em real os medos do fim de mundo. Cada vez mais reais,
as catástrofes misturam-se com a realidade do espectador, sustentando as ideias de
apocalipse das profecias.
O espetáculo catastrófico é a forma que o cinema encontra de mostrar, no
imaginário, a realidade em que vive o homem. As consequências dos exageros do
consumo e dos maus tratos à natureza são oficiais no enredo e, em geral, retratam
as consequências da vida de exageros vividas nos séculos XIX e XX. Um elemento
importante é a esperança de adaptação do ser humano às novas realidades, sempre
retratadas pelos personagens principais que, após toda a dificuldade, conseguem a
salvação da espécie.
7NONNIG, André Casa Nova. O Uso das Técnicas de Merchandising no Cinema: Um Estudo de Caso Sobre a
Trilogia “De Volta para o Futuro”. UFRGS, Porto Alegre, 2009. SINGER, Ben. Modernidade hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: O cinema e a invenção da vida moderna. SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE GEOGRAFIA, PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO DO MEIO AMBIENTE, 2005. Londrina, Paraná. Disponível em: <http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/maria_helena.pdf>. Acesso em 27 de outubro de 2012
17
Os protagonistas dessas dramaturgias normalmente têm origem simples, e
antes da catástrofe mundial não apresentam uma história interessante. Os
antagonistas, não necessariamente o vilão, passam a sensação para o público que
deseja o mundo de antes, onde o consumo exacerbado garantia o dinheiro e o poder
aos grandes comerciantes. Esse fato pode ser confirmado quando observamos as
cenas de perseguição do filme O livro de Eli (Hughes, 2010) em que o antagonista
segue com um carro atrás de Eli, que caminha em busca do Oeste.8
O fim de mundo pode ser retratado também como uma exacerbação da
realidade, como no filme Blade Runner9 (Scott, 1982). Desta vez o mundo é
dominado por androide. A exacerbação da tecnologia foge ao controle dos
humanos e o combate é travado entre os dominantes e uma parcela de seres
humanos da resistência. Transportes ultra tecnológicos, paisagens urbanas e uma
sociedade baseada no consumo intenso, dividem espaço com a penumbra de um
lugar em guerra e totalmente morto.10
1.3 O sucesso do cinema catastrófico espetacular
A sétima arte cresce a cada dia como preferência em lazer dentre a classe
média e alta, principalmente na América. Como consequência, as indústrias
cinematográficas inovam em roteiros e tecnologias capazes de tirar o público do
8 O livro de Eli. Disponível em: < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128955/>. Acessado em 27 de
outubro de 2012. 9 Blade runner – O caçador de androides. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0083658/>. Acessado
em 27 de outubro de 2012. 10
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE GEOGRAFIA, PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO DO MEIO AMBIENTE, 2005. Londrina, Paraná. Disponível em: <http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/maria_helena.pdf>. Acesso em 27 de outubro de 2012 BAUMAN, Zygmunt - Globalização - As Consequências Humanas. Jorge Zahar Editor. 1997. O livro de Eli. Disponível em: <http://www.imdb.com/find?q=The+book+of+Eli&s=tt>. Acessado em 27 de outubro de 2012.
18
sofá e levá-lo para frente das grandes telas. A segurança e o conforto do cinema
também são fatos importantes para eles serem preferência entre os passeios de
casais e famílias.
No século XIX, quando foi estruturado, o cinema dos Irmãos Lumière
retratava em seus filmes de 20 minutos o cotidiano dos centros urbanos.
Posteriormente outros autores começaram a reproduzir em estúdios técnicos filmes
mais sofisticados e ficcionais, o desenvolvimento de efeitos especiais permitiu a
Georges Mèliès, ilusionista francês do século XIX, expor o filme “Le Voyage dans
la Lune” o primeiro tratando de seres alienígenas, ainda no cinema preto e branco.
Figura 3 - Cartaz publicitário do filme “The photo drama of creation”, do Pastor Russell
As produções com áudio e imagem foram aparecendo na virada do século
XIX para o século XX. Com essa nova tecnologia Charles Taze Russell e seu
grupo de estudos bíblicos retrataram em 14 minutos a combinação de pinturas e
narrações que contam o nascimento do universo e da humanidade mil anos após
Jesus Cristo do ponto de vista bíblico, inspirado algumas vezes na teoria da
evolução da espécie ou Darwismo.11
11
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: Luiz Lima da Costa (org.), Teoria das culturas de massa. Ed. Paz e terra. São Paulo. Cinema. Disponível em: <http://cinemaebiblia.blogspot.com.br/2011/02/o-que-e-o-cinema.html>. Acesso em 02 de Novembro de 2012. TAVARES, Ingrid. A história do cinema. Revista Superinteressante. Rio de Janeiro, novembro de 2012. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/historia-cinema-446090.shtml>
19
Durante a transição de gerações considerável número de
indivíduos falece, antes mesmo de procriarem. Os que
sobrevivem e geram descendentes são aqueles selecionados e
adaptados ao meio devido às relações com os de sua espécie e
também ao ambiente onde vivem. A cada geração, a seleção
natural favorece a permanência das características adaptadas,
constantemente aprimoradas e constantemente melhoradas. É a
evolução das espécies12
. (MESQUITA,2009)
O cinema, cada vez mais moderno e cheio de efeitos, foi dando espaço para
a criação, deixando o cotidiano de lado e inspirando o espectador a novos mundos.
Como já citado no primeiro capítulo, o homem da Modernidade já não mais
procurava lazer em calmarias, então o cinema os acompanhou e a cada produção
tornou-se mais agressivo e dramático. Aos poucos as profecias não comprovadas
foram sendo introduzidas nas produções cinematográficas, surgindo o cinema
catastrófico espetacular, que segundo Walter Benjamin, intitula as tramas
cinematográficas que utiliza tragédias exacerbadas para roteirizar produções
cinematográficas dramáticas.
O filme 2012 (Emmerich, 2009) em seu ano de estreia, foi o décimo quinto
filme mais assistido no mundo, com mais de cinco milhões de espectadores. O
enredo do filme é baseado na consequência da falta de importância que o ser
humano dá aos avisos da natureza e da própria profecia Maia que afirma que
dezembro de 2012 o mundo que conhecemos será destruído por forças da natureza.
O filme não retrata exatamente a profecia, que previa, na verdade, o retorno do
deus Bolon Yokte, para purificar a humanidade.13
12
MESQUITA, Silvana. Darwin e a teoria da evolução. Artigos Colégio Santa Maria. Abril de 2009. Disponível em: < http://www.colegiosantamaria.com.br/santamaria/aprenda-mais/artigos/ver.asp?artigo_id=34> 13
2012. Disponível em: <http://www.cinepop.com.br/filmes/2012.php>. Acesso em 27 de outubro de 2012. As 100 maiores bilheterias de todos os tempos. Disponível em: <http://portaldecinema.com.br/news/2012/05/27/as-100-maiores-bilheterias-de-todos-os-tempos>.
20
A mistura de ficção e ação do gênero rende roteiros não muito originais,
porém com orçamentos gigantescos para efeitos especiais. Fato consumado, o
cinema catastrófico espetacular gera lideranças de bilheterias e grande tensão no
público mesmo quando infantis, como é o caso de Wall-e (STANTON, 2008)14
,
que conta a história de um robô-lixeiro que tenta salvar a perpetuação da espécie no
planeta Terra. A tabela 1 demonstra que filmes catastróficos antigos e com menor
tecnologia para efeitos visuais conseguem posição de bilheteria imbatível até hoje.
Posição dos filmes catastróficos no ranking de bilheteria mundial (atualizada em maio de 2012)
Posição Filme
03º Os vingadores (2012)
34º Independence day (1996)
41º 2012 (2009)
46º Matrix - Reloaded (2003)
73º Guerra dos mundos
84º Armagedon (1998)
96º Wall-e (2008)
Tabela 1 - Ranking de filmes apocalípticos, baseados na tabela de bilheteria mundial
Seja qual for o gênero utilizado para retratar o fim dos tempos, as profecias
são sempre base para a imaginação do roteirista de cinema. Algumas vezes não são
bíblicas ou vêm de muito tempo atrás, mas quando se ouve que o mundo tem os
dias contados pelo excesso de CO2 jogado na atmosfera, temos a profecia de que o
hiper consumo vai provocar catástrofes que resultarão em mudanças na
Acesso em 27 de outubro de 2012. História do cinema. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_cinema>. Acesso em 02 de novembro de 2012. Cientistas desvendam profecia maia do 'fim do mundo em 2012'. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111201_maias_fimdomundo_pu.shtml> Acesso em 17 de novembro de 2012 14
Wall-E. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0910970/>. Acesso em 17 de novembro de 2012.
21
humanidade. A curiosidade aguça as pessoas que correm para os cinemas com o
interesse de prever reações, aspectos e até soluções para um problema que ninguém
sabe certo se vai chegar.
22
Capítulo 2 – Product Placement
Antes de se aprofundar na pesquisa é preciso explicar que o termo product
placement apresenta várias ramificações. A forma de inserção não será abordada
com profundidade na pesquisa, que pretende estudar a marca dentro das situações
citadas. Essas inserções, interagindo ou não com o filme, são conhecidas pela
publicidade como product placement e podem ocorrer em diversas mídias.
Outras denominações são utilizadas para demonstrar o mesmo fenômeno,
porém a utilizada é a mais apropriada para descrever a ferramenta abordada. O
product placement é a estratégia de marketing que posiciona marcas como
importantes adereços em filmes, novelas ou programas de televisão. Sua
participação é ativa e necessária para completar o roteiro, como o papel de partilhar
valores com os personagens presentes.
2.1 Contextualizando o product placement
Entre outras estratégias da publicidade, o product placement auxilia na
promoção de marca e na formação de suas características. Utilizado desde a
invenção do cinema, o product placement resume- se na estratégia de inserir
marcas em filmes, programas de televisão, jogos eletrônicos, música, entre outras
formas de entretenimento. O product placement insere a marca no entretenimento.
Sem interromper o divertimento, ele passa a mensagem publicitária de forma sutil.
A publicidade percebeu que os comerciais de televisão não mais eram
eficazes como na década de 90. O zapear dos canais e a forma invasiva dos
intervalos comerciais tornou a propaganda incômoda. Foi necessário encontrar uma
nova maneira de publicitar de forma eficaz, impactante, mas que não causasse
desconforto no telespectador. O primeiro caso documentado foi ainda no cinema
mudo, numa cena do filme The Garage (Arbuckle, 1919), dirigido por Roscoe
“Fatty” Arbuckle, no qual havia uma placa da marca Red Crown Gasoline. Mas foi
23
no começo dos anos 80 que a prática se tornou popular, impulsionada pela marca
Hershey’s que investiu um milhão de dólares para promover seus produtos no filme
E.T., de Steven Spielberg. 15
Figura 4 - Inserção no filme The Garage
O product placement apresenta-se de diversas formas, as inserções
dependem do roteiro e da adaptação da marca. As ações devem ser sutis, mas não
ao ponto de passar despercebidas pelo consumidor e sumir no filme. O objetivo não
é esconder a marca de forma subliminar, a inserção deve ser natural por parte dos
anunciantes para uma recepção sensível por parte do consumidor. O ideal do
product placement é fazer o espectador experimentar o produto, marca ou serviço
pelas mãos dos atores sem que isso agredida o entretenimento.16
A passagem do século XX para o XXI a prática aumenta mais e mais, com
investimentos em diversos segmentos de mercado. O mais popular é o mercado de
computadores e celulares, tanto que a marca Apple foi premiada pelo canal norte
15
A curta história do product placement. Disponível em: < http://atilavelo.com.br/a-curta-historia-do-product-placement-no-cinema/> Acesso em 27 de novembro de 2012. The Garage. Disponível em: < http://digiguide.tv/programme/Film/The-Garage/536519/> Acesso em 27 de novembro de 2012. ET também gosta de Hershey’s? Disponível em: < http://beimplicit.wordpress.com/2012/09/15/et-tambem-gosta-de-hersheys/> Acesso em 27 de novembro de 2012. 16
Product placement. Disponível em: <http://www.agenciamomentum.com/2011/05/product-placement.html>. Acesso em 27 de novembro de 2012. Apple é considerada campeã em inserções de produtos em filmes. Terra tecnologia. São Paulo, fevereiro de 2012. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4957922-EI15608,00-.
24
americano Branchannel por estar inserida em 33% dos filmes hollywoodianos no
ano de 2010, com 591 inserções em 33 filmes.
O termo product placement é muito confundido com merchandising,
porém eles são bem diferentes: Merchandising é a exposição de um produto/marca
no PDV, enquanto product placement é a exposição de um produto/marca em
conteúdos televisivos. No Brasil, a confusão se dá porque veículos brasileiros
utilizam o termo merchandising para apontar em seus créditos as inserções em
novelas ou programas de auditório.
2.2 Estratégias de inserção de marca em roteiros televisivos e cinematográficos
Na definição de David Ogilvy (1950), “marca é a soma intangível dos
atributos de um produto: o seu nome, embalagem e preço; a sua história, reputação
e a maneira pela qual é comunicada”. Definida também pelas impressões e
experiências de quem a usa, a marca é importante para a empresa e/ou para o
produto porque carrega a identidade do mesmo. A marca personifica o produto,
funciona como sua alma, sua essência. Todas as características do produto e/ou
empresa são impressas na marca.17
Porém não há de pensar que a criação de uma marca é o suficiente para a
formação dessa identidade. A manutenção da marca, sua promoção é muito
importante. A publicidade é responsável pela qualidade da expressão da marca, não
somente para o consumidor, mas também todos os stakeholders (todos aqueles que
participam do crescimento e lucratividade da marca). A promoção de marca é a
ação de contato físico entre marca e consumidor, é nessa ação que o consumidor é
apresentado a marca e tem a oportunidade de começar um relacionamento com ela.
17
Conceito de marca. Disponível em: <http://comunicacaomarketing.blogspot.com.br/2008/03/conceito-de-marca.html>. Acesso em 03 de novembro de 2012.
25
Campanhas, concursos, ofertas e outras ações de relacionamento estimulam a
conversa entre marca e consumidor.18
A principal vantagem do product placement é o público alvo. Assim como
a marca, um roteiro de televisão ou de cinema tem um público especifico já
conhecido pelos seus produtores. Então o anunciante insere sua marca naquele
roteiro que considera mais apropriado para dividir valores. Essa função é
responsável pela confusão de leigos ao nomear merchandising ações de product
placement. A função do merchandising é apresentar a marca no ponto de venda,
para estimular compras por impulso. A relação entre as duas ações acontece
somente quando no PDV (ponto de venda) existem impulsos midiáticos, por
exemplo, em concursos culturais promovidos na televisão.19
A necessidade da promoção em roteiros vem dos novos meios de
comunicação e das novas tecnologias que aceleraram a informação. O homem
moderno não mais se adapta aos longos intervalos comerciais, o volume de ações e
informações ficou pequeno e não mais tão lucrativos. Por esse motivo, as marcas
começaram a se inserir nos programas e não mais interromper seu espaço,
aumentando sua aceitação até mesmo nos intervalos que começam a interagir com
o entretenimento. Vale recordar que essa pesquisa não prevê uma extinção nos
anúncios de intervalo, pretende somente atenuar o crescimento das ações de
inserção devido às mudanças sociais e tecnológicas estimuladas pelo consumo pós-
moderno e pela espetacularização da informação.
18
Stakeholders. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Stakeholder>. Acesso em 03 de novembro de 2012. 19
BURROWES, P. Cinema, entretenimento e consumo: uma história de amor. Revista FAMECOS: mídia,
cultura e tecnologia, Brasil, v. 1, n. 35, 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/view/5365/4884>. Acessado em 02 novembro de 2012.
26
O recorde para o product placement da televisão nacional está com os
programas de auditório, porém nem todos conseguem acertar na prática. Diversas
ações são mal vistas pelo telespectador, porque interrompem a atração com
assuntos aleatórios ao do programa. O resultado dessas ações é desastroso. Diminui
a audiência do programa e causa ruídos na mensagem da marca, isto é, o
consumidor perde interesse no entretenimento e no produto. No caso da figura 5 o
produto ficaria mais bem inserido em programas relacionados à saúde ou culinária.
O programa apresentado aborda o comportamento interpessoal em comunidades.
Figura 5 - Apresentadora do programa Casos de família (SBT), Cristina Rocha, apresentando a marca de iogurte Top Therm
A inserção de produtos deve ser bem desenvolvida para não agredir o
consumidor, seu objetivo é interagir com o consumidor a fim de apresentar a ele o
produto. Dados do boletim Bem Paraná, destacam que hoje na televisão brasileira a
prática se tornou onipresente, e programas famosos como Domingão do Faustão e
Big Brother Brasil guardam mais de 16% do seu tempo para anunciar e apresentar
marcas ou produtos. Resultado, o produto é bem recebido e divide valores com o
programa. O entretenimento apresenta a marca ao consumidor de forma
agradável.20
20
Televisão gente. Bem Paraná. Disponível em: <http://www.bemparana.com.br/noticia/106548/fazer-merchandising-virou-regra-n-1-nos-programas-de-tv>. Acesso em 17 de novembro de 2012
27
Figura 6 - Prova do líder patrocinada pela marca de café 3 corações em BBB12
A relação com o cinema realiza ações mais profundas que a televisão. A
marca no cinema participa do roteiro e quem assiste reconhece como parte do
personagem ou até mesmo a identifica como um personagem independente. O
naufrago (Zemeckis, 2001) apresenta a ação de product placement mais famosa do
cinema, a FedEx (Federal Express) e a Wilson são as principais participantes do
filme. A marca FedEx, presente no filme a todo momento, acompanha o
personagem Chuck, interpretado por Tom Hanks, pelo filme. A marca participa
como companheira do personagem, ela ajuda o personagem a sobreviver, supre
suas necessidades. Seu maior presente a Chuck foi à companhia de Wilson a bola
da marca homônima que se apresenta no filme como amigo do personagem. Não
será necessário detalhar as passagens citadas, afinal a intenção é mostrar as técnicas
de product placement utilizadas: A marca como patrocinador principal, atuante em
maior parte do roteiro e a marca como personagem do filme.21
Outra forma de product placement é quando marca e filme invertem os
papeis. A marca utiliza o filme como conceito de campanha e acaba por promover
sua participação na produção. Operação Skyfall (Mendes, 2012), último filme
lançado pela franquia 007, é promovido pela marca de refrigerantes die Coca-cola
Zero. O produto ganhou embalagens com características do filme, sua embalagem e
21
Naufrago. Disponível em: <http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/naufrago/id/8583> Acesso em 19 de novembro de 2012.
28
PDV ganharam a forte presença do agente britânico James Bond. Filme e marca
passam a se confundir, a relação é tão intensa que as características se integram.22
Figura 7 - Parte do comercial da Coca-cola Zero Skyfall
O product placement pode muitas vezes exigir certos sacrifícios da marca.
Em roteiros de ficção as marcas são modificadas para participar da trama de forma
sutil, as adequações podem agredir a marca e torna-la quase imperceptível no
filme. Em outros casos a identificação com o público é direta, como no caso da
trilogia De volta para o futuro (Zemeckis, 1985) em que o protagonista veste um
tênis futurista da marca Nike, que teve que criar o modelo com exclusividade para
o filme.23
22
Operação Skyfall, Um filme de Sam Mendes. Disponível em: <http://marcelokeiser.blogspot.com.br/2012/11/007-operacao-skyfall-um-filme-de-sam.html> Acesso em 19 de novembro de 2012. Unlock the 007 in you. You have 70 seconds. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=RDiZOnzajNU> Acesso em 20 de novembro de 2012 MATIAS, Agatha. Product placement: um olhar semiótico sobre a inserção de conteúdo publicitário na série 007. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011. 23
NONNING, André. O uso das técnicas de merchandising no cinema: Um estudo de caso sobre a trilogia ”De volta para o futuro”. (Monografia)- Graduação na faculdade de comunicação social. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.
29
Figura 8 - Tênis utilizado pelo personagem Marty McFly (Michel J. Fox) no filme De volta para o futuro 2
A cada filme lançado novas estratégias de product placement são
apresentadas, algumas não são muito bem recebidas e outras são tão perfeitas que
são identificadas pelo público como parte importante do roteiro. As práticas
abordadas são bem sucedidas nas produções “hollywoodianas”, e rendem milhões
para anunciantes, atores e produções. Para a publicidade, vale ressaltar que o
product placement é mais uma estratégia bem sucedida utilizada para diversos
meios.
2.3 A eficácia das estratégias de product placement no cinema
Os consumidores do século XXI estão cada vez mais exigentes em relação
aos anúncios publicitários. Informação em abundância e avanços tecnológicos cada
vez mais rápidos geram uma repulsa do consumidor aos anúncios comuns. Para
chegar aos consumidores, a publicidade está inovando a cada dia para estreitar o
relacionamento com o consumidor. O product placement participa como seletor de
público alvo, afinal o grupo que assiste determinado filme tem características
semelhantes então os anunciantes selecionam o público-alvo com maior facilidade.
A exigência dos consumidores enfraquece as marcas, anúncios tradicionais
não causam os mesmos efeitos nos consumidores. De acordo com o livro Tem
alguém ai?, de Mark Austin e Jim Aitchison, reproduzem o sentimento de revolta
dos consumidores com as grandes marcas. “Os consumidores Norte-americanos
acusam as grandes marcas de expulsar os pequenos comerciantes e reduzir a
30
cultura local”. O novo consumidor já conhece as práticas de anuncio tradicional e
já espera pelos estímulos, o que não é positivo para os anunciantes.
O retorno dos anúncios demonstra a falta de interesse pelos anúncios
tradicionais na televisão e rádio. Por vários motivos, principalmente o tempo, o
consumidor reage de forma apática às ações de marketing, os jovens estão
acostumados aos códigos porque cresceram com eles. Ainda sendo a principal
forma de investimento na televisão, os intervalos comerciais já não são assistidos
como antes da invenção do controle remoto. As audiências flutuam na falta de
conteúdo do entretenimento e pelo excesso de opções.24
A mensagem precisa buscar o contexto do novo consumidor. Procurar um
lugar onde ele a decodifique com mais facilidade. No século XXI a publicidade
precisa aguçar a memória sensorial25
do consumidor para criar o relacionamento
com o consumidor. Essa tática da publicidade envolve o consumidor com a
mensagem e aumenta as chances de fidelização. Quando trabalhada no cinema a
memória sensorial atinge um público maior e mais específico, porque ele é
praticamente a mesma faixa etária e psicografia. Com os target, bem definidos e
alinhados a publicidade é mais eficaz.
O ambiente de mídia é absolutamente importante para a
formação do consumidor e para sua disposição em absorver
mensagens, e, portanto, deve ser fundamental para aquilo que
está sendo transmitido pela propaganda ou por qualquer outra
forma de comunicação. (AUSTIN, 2006) 24
AUSTIN, Mark & AITCHSON, Jim. Tem alguém ai? As comunicações do século XXI. Nobel. São Paulo, 2006. BASSI, Mariana. A parceria entre James Bond e o Product placement. Revista Anagrama. Ano 4, edição 2, dez. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/viewFile/7217/6580>. Acesso em: 27 de novembro de 2011. 25
Memória sensorial – estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos ou perceptivos que
correspondem às informações transferidas para memória de curto prazo. O traço de memória sensorial permanecerá no sistema se receber atenção e interpretação.
31
O product placement propõe ao consumidor uma nova forma de perceber
os benefícios nos produtos anunciados, um grupo de sensações vividas pelo
personagem relacionado com a marca. A experiência proposta ao consumidor é a
de receber, através dos roteiros, os valores do produto, associados aos personagens.
Esses valores, quando percebidos, geram identidade entre o produto e o
consumidor, que grava em sua memória sensorial a marca.26
A sensação de virilidade e força na cena do filme Operação Skyfall
(Fleming, 2012) expressa na cena apresentada na figura 8 faz entender a proposta
do parágrafo anterior. O personagem James Bond é atingido na cena anterior e
reaparece após a vinheta tradicional da franquia num lugar paradisíaco, com uma
bela mulher e uma cerveja Heineken. A memória sensorial do espectador segue a
tendência de associar o momento de Bond a marca Heineken e procura-la quando
necessitar da mesma sensação.
Figura 9 - Inserção da cerveja Heineken no filme Skyfall
26
REBELO, Rosa. Eficácia comunicativa do Product placement. Dissertação (Mestrado)- Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dourado, 2009. BASSI, Mariana. A parceria entre James Bond e o Product placement. Revista Anagrama. Ano 4, edição 2, dez. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/viewFile/7217/6580> Acesso em: 27 de novembro de 2011. Site oficial Operação Skyfall. Disponível em: < http://hotsites.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/007operacaoskyfall/>. Acesso em 27 de novembro de 2012.
DIEL, Rafael. Product Placement - o entretenimento como referência de marca. Dissertação (Graduação-
Comunicação Social). Centro Universitário Franciscano. Santa Maria, RS: UNIFRA, 2010.
32
Ao contrário do que alguns teóricos afirmam, a ação de product placement
está presente para ser percebidas pelos espectadores. As marcas querem ser
percebidas no contexto em que se inserem, querem que os consumidores percebam
sua presença e entrem em contato com ela. A relação entre a mídia, a marca e o
consumidor é essencial para a eficácia da ação. A inserção de diamantes em filmes
da década de 30 revela a necessidade da aparição de marca dentro de um contexto
sutil. A agência N.W. Ayer inseriu em filmes românticos dramáticos joias que em
três anos passaram a ser símbolo de amor para os americanos, aumentando as
vendas em 55% em todo o mercado de diamantes em época de crise econômica
mundial.27
27
Cinema, entretenimento e consumo: uma historia de amor. Disponível em: <http://www.thefreelibrary.com/Cinema,+entretenimento+e+consumo%3A+uma+historia+de+amor.-a0197106157>. Acesso em 25 de novembro de 201
33
Capítulo 3 – O product placement em gêneros apocalípticos
O capítulo apresenta breve análise das ações de product placement
utilizados nos filmes Wall-E (Stanton, 2008) e O livro de Eli (Irmãos Hugues,
2012) com base nas teorias abordadas.
As cenas analisam as técnicas utilizadas para analisar, em conjunto com a
pesquisa, se a percepção do consumidor foi satisfatória para o anunciante. As
inserções serão localizadas e analisadas de forma critica baseada nos
conhecimentos adquiridos no trabalho de pesquisa.
3.1 A inserção de uma ideologia de marca: Analise crítica do filme Wall-E
O filme se passa no ano 2775, com a Terra sendo um planeta
abandonado e coberto por lixo, resultado do hiper consumo,
facilitados pela corporação Buy-n-Large (BnL). Desistindo de
restaurar o ecossistema, a BnL evacuou a população da Terra em
naves estelares totalmente automatizadas, conhecidas como
Axion, deixando no planeta um exército de robôs compactadores
de lixo chamados Wall·E, para limpeza durante um período de
cinco anos. Porém o ar da Terra tornou-se muito tóxico para
suportar a vida, forçando a humanidade a permanecer no espaço.
Passados muitos anos apenas uma unidade de robô lixeiro
sobrevive na ativa, tendo desenvolvido uma consciência e
coletado vários artefatos do lixo enquanto realiza seu dever,
também se tornando amigo de uma barata.
Num de seus dias de trabalho o robô Wall·E descobre uma
pequena planta crescendo entre o lixo e a leva para casa, um
depósito. Mais tarde, uma nave de reconhecimento aterrissa e
implanta EVA, um avançado robô de analise, que procura sinais
de vegetação na Terra. WALL·E se apaixona pelo robô, que
gradualmente se torna amiga dele. Ele apresenta a Terra a nova
amiga e a leva ao depósito para mostrar a planta.
Quando EVA vê a planta automaticamente a guarda, indo para o
modo de espera enviando um sinal de recolhimento para a nave,
que retorna para coletá-la. Wall-E vai atrás do robô, chegando a
nave Axiom. Os passageiros humanos da nave sofreram severas
perdas de massa óssea e se tornaram obesos mórbidos com o
passar dos séculos vivendo em microgravidade e dependendo
34
dos sistemas automáticos da nave. O capitão da nave faz pouca
coisa, deixando o controle da Axiom para o piloto automático
robótico, Auto.
Na Axiom o capitão descobre que a planta mostra que a Terra é
habitável novamente, a Axiom irá fazer um hipersalto até a Terra
para que seus passageiros possam recolonizá-la. Todavia, Auto
rouba a planta como parte de uma diretriz final para manter a
humanidade longe da Terra, já que a vida foi incorretamente
considerada insustentável.
Depois de muita confusão, Wall-E e EVA recuperam a planta
que é levada ao capitão, que olha as gravações de EVA de uma
Terra desolada e percebe que a humanidade deve retornar para
recuperá-la. Entretanto, Auto revela sua diretriz de "não
retornar" e arma um motim contra o capitão, desabilitando Wall-
E. EVA percebe que as únicas peças necessárias para consertar
Wall-E estão no depósito na Terra, então ela e os humanos da
nave lutam contra as diretrizes da Axion para retornar a Terra.
Ao chegarem na Terra, EVA leva Wall-E para o depósito,
concertando-o com sucesso. Juntos os robôs e os humanos da
Axiom começam a restaurar o ambiente da Terra.28
Wall-E é um robô lixeiro que trabalha para desintoxicar o mundo para
recondicionar a vida humana na Terra. De modo incomum, o único robô
sobrevivente desenvolveu características humanas, como curiosidade e afeto.
Possui rotina de um operário da modernidade, ele dorme, acorda, recarrega suas
baterias ao sol e depois vai trabalhar. Sua curiosidade o faz colecionar objetos pré-
apocalipticos, que recolhe em seu dia trabalhado e coloca numa lancheira que
carrega consigo todos os dias. Todos os dias ele assiste ao musical Hello Dolly
como forma de lazer. Tem como companhia uma barata, que representa a família
do simpático robô.
A crítica ao consumo é feita logo na primeira cena do filme, quando o
planeta Terra aparece seco e amarronzado. Por ser uma animação para o público
infantil, o ambiente não é tão pesado como nos mórbidos filmes apocalípticos. A
Terra está vazia, cheia de lixo e coisas que sobraram da catástrofe mundial. Os
robôs que trabalhavam com Wall-E na limpeza da Terra estão todos “mortos”
28
Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012.
35
porque não aprenderam a se proteger das constantes avalanches de areira. Há 700
anos os humanos fugiram na nave Axion, da empresa fictícia B’nL29
(Buy in large,
em português compre muito) para o espaço, afim de escapar dos efeitos da
catástrofe que originou o mundo pós-apocalipse.30
A primeira e única cena em que pode ser notada uma ação de product
placement, acontece quando Wall-E, o robô protagonista, coloca num aparelho de
VHS o musical Hello Dolly e a imagem é reproduzida num Ipod. Não houve, na
ação, nenhuma perda de identidade do produto. Um close é feito no produto e fica
evidente seu desenho exclusivo assinado pela marca Apple. Essa é a única inserção
de marca/produto real do filme.
Figura 10 - Ipod presente no momento de lazer do protagonista Wall-E (6’48”)
BnL, sigla de Buy in Large, que significa compre muito em português,
representa o monopólio do consumo no filme. É uma marca fictícia que aparece em
todo o filme. Tudo utilizado no planeta antes e depois da catástrofe, é assinado pela
marca. A nave Axion, que livra os humanos do extermínio, foi criada pela empresa
e divulga em grandes telões as mensagens de fidelização da marca. Esse é o gancho
do filme para criticar o consumo em larga escala sem atentar para as consequências
que ele pode trazer para a espécie humana.
29
Tradução feita pelo site < translate.google.com.br> Acesso em 02 de dezembro de 2012. 30
Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E> Acesso em 02 de dezembro de 2012.
36
Figura 11 - Mercado BnL pós apocalipse (19’50’’)
A Axion tinha como missão retornar os humanos a Terra para que eles
reconstruíssem o planeta a partir da base da cadeia alimentar, as plantas. A cada
cinco anos a nave enviava ao planeta um robô de análise em busca de um espécime
que realize fotossíntese. EVA foi o robô de análise enviado pela nave no ano de
2775 para buscar sinal de fotossíntese na Terra. O robô foi desenhado pelo designer
Johnny Ivo, responsável pelos desenhos dos aparelhos Apple.
Figura 12 - Ipod, lançado em 2008 e EVE, robô desenhado pelo designer da Apple Johnny Ivo
A semelhança entre os desenhos insere EVA como a representante da única
marca real do filme, a Apple, que conflita com a marca fictícia BnL. Fica claro o
duelo entre o consumo excessivo da BnL e o consumo responsável da Apple. A
relação é comprovada quando o robô rompe com sua diretriz, para proteger o
espécime achado por Wall-E que é roubado pelo capitão robô da nave Axion, a fim
de não permitir o regresso dos humanos a Terra. 31
31
Relação entre Apple e Wall-E. Disponível em: <http://www.brainstorm9.com.br/2464/diversos/as-referencias-a-apple-em-wall%E2%80%A2e/>. Acesso em 02 de novembro d 2012.
37
Figura 13 - EVE tentando resgatar o espécime que está em poder da Axion (1h 10’29’’)
O robô cumpre seu objetivo e desliga os seres humanos do consumo
excessivo incentivado pela Axion. Utilizando tecnologia e inteligência o capitão-
humano da nave consegue desligar o capitão-robô quando se levanta da cadeira que
o carrega de um lado para o outro. No momento em que o capitão se ergue, a
produção é inundada pela ordem natural do homem dominando a tecnologia e o
consumo, identidade da genial Apple que alia seus produtos inovadores as vontades
dos seres humanos. O consumo dominador e exorbitante da BnL é invadido pela
responsabilidade com a vida humana da Apple, representada pela força do robô
EVE que consegue junto a Wall-E e os humanos retornar para o planeta Terra.
Figura 14 - EVE com o espécime de fotossíntese (1h 15’23’’)
Wall-E and Apple. Disponível em: <http://www.cultofmac.com/2178/walle-and-apple-a-match-made-in-heaven/>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. Wall-e e as referencias a Apple. Disponível em: < http://macmagazine.com.br/2008/06/28/wall%C2%B7e-e-as-referencias-a-apple/ >. Acesso em 02 de dezembro de 2012;
38
Segundo o diretor Andrew Stanton, “a animação pretende promover o
rompimento com as rotinas”. Sutilmente a inserção da marca Apple insere a marca
como uma empresa preocupada com a relação do homem com a tecnologia. A
mensagem de responsabilidade social retratada pelo filme sugere que o uso de
tecnologia precisa ser de forma equilibrada. O robô EVA está nesse contexto para
inserir a Apple como mediadora da tecnologia e do homem, de maneira que um
não supere o outro.32
3.2 Uma inserção de product placement imperceptível ao público: Análise critica do
filme O livro de Eli
Num futuro pós-apocalíptico, resultado de uma explosão
nuclear, a Terra fora devastada com apenas alguns
sobreviventes. Eli (Denzel Washington), um homem que
vive perambulando há 30 anos em direção ao Oeste,
chega a um vilarejo cujo "prefeito" Carnegie (Gary
Oldman) procura incessantemente por um livro que,
segundo o próprio, tem o poder de governar as pessoas
sem a necessidade de coagi-las. Trata-se da Bíblia
Sagrada, livro que Eli tem em sua posse e que é o motivo
que faz viajar rumo ao Oeste, onde entregará o exemplar
da Bíblia, que possivelmente seja o último.
Carnegie tenta de todos os modos conseguir o livro de Eli,
que o protege com toda a sua habilidade. De forma
sobrenatural, o homem reage a todas as ações do vilão e
junto com Solara, enteada de Carnegie, chega ao Oeste
sem o livro, mas o dita para um sobrevivente considerado
confiável, que guarda o livro como importante símbolo da
humanidade.
32
Wall-E. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E> Acesso em 02 de dezembro de 2012.
39
O livro de Eli (Irmãos Hugues, 2010) é um filme que mistura ação e ficção
profética a um faroeste futurístico em que o protagonista é o mocinho típico
solitário. Eli, interpretado por Denzel Washington, é o protagonista as trama. Ele
procura um lugar no Oeste para dividir seus conhecimentos bíblicos contidos num
misterioso livro inseparável. De acordo com o próprio filme, o livro carregado por
Eli é a Bíblia, responsável pelas guerras que originaram a explosão nuclear que
dizimou a Terra.
O filme inicia com a captura de um animal desconhecido, num ambiente
tóxico cinza. Eli sobrevive às ruinas pós-apocalípticas, com o objetivo de entregar
as palavras bíblicas aos moradores do Oeste, considerados por ele merecedores. O
cotidiano do protagonista é comer, tomar banho com resto de sabonete, ouvir
música e dormir para continuar sua jornada ao amanhecer. Ele tem um propósito e
mostra desde o começo que é capaz de qualquer coisa para alcançar seu objetivo.
Sabe lutar e tem uma espécie de aura protetora.
As inserções de marca não estão muito ligadas ao roteiro, são um pouco
aleatórias e funcionam como uma espécie de assessoria às cenas. O fone de ouvido
da Beats Audio é inserido de forma incompreensível já que eles se apresentam
intactos, mesmo ligados a um velho aparelho reprodutor de som.
Figura 15 - Fone de ouvido da Beats áudio (9’38’’)
40
A mochila da Osklen tem uma importante missão no filme, ela protege a
bíblia, que segundo Eli, pode salvar a humanidade quando utilizada com fé. O
objeto está presente em toda a caminhada do protagonista rumo ao seu destino.
Existem outras inserções no decorrer do filme, mas nenhuma é mais imponente que
a da mochila. Ela é um dos objetos inseridos que revela o valor de segurança para o
público.
Figura 16 - Mochila Osklen (53’25’’)
A falta de clareza das inserções de marca são muito presentes no filme. A
sensação de proteção oferecida pelos óculos do protagonista, anunciados pela
Oakley confere o valor ao objeto, mas se torna apático quando não é conseguido
transparecer de que marca o produto se trata. Mesmo estando na cena de forma
explicita, sua origem não é bem identificada, muitas vezes confundido com a top of
mind Ray Ban.
Figura 17 - Inserção da Oakley (50’’27’)
As coisas pioram quando as marcas inseridas não são ativas no filme, isto
é, passam entre as cenas sem dividir valores com os personagens do drama. Elas
são totalmente apáticas e aleatórias, como a marca Puma, inserida na fachada de
uma das casas na primeira cena de perseguição a Eli. Totalmente desfocada, já que
41
a cena deseja chamar atenção para o carro da GMC saindo da garagem no lado
oposto da cena.
Figura 18 - Inserção da marca Puma (58’58’’)
O antagonista, Carnegie, interpretado por Gary Oldman, deseja o livro
carregado por Eli porque acredita que ele guarda as palavras necessárias para
dominar o restante da sociedade. Dono de um pequeno vilarejo governa em regime
totalitário. Casado com uma cega, Carnegie persegue Eli quando se dá conta de que
o homem não concorda com seus propósitos. Fortemente armado, o bando do vilão
vai atrás do forasteiro para conseguir o livro.
Figura 19 - Segunda Inserção da marca GMC (1h 27’57’’)
No filme percebe-se um grande número de inserções deslocadas, sem
relação com o roteiro. As marcas causam um desconforto por não estarem
colocadas de acordo com o roteiro, não cumprindo sua relação com o público. Da
mesma forma não partilha seus valores com o filme, isto é, para o entretenimento
não é possível passar a mensagem do anunciante.
42
As inserções não despertam sensações no público porque sua identidade
não é exposta. Em meio às cenas, a maioria das marcas passa como flashes
perdidos na produção, salvo os óculos de sol e a mochila utilizada pelo
protagonista. O consumidor sente incômodo com o mundo apocalíptico, por esse
motivo, ele não consegue enxergar as marcas quando essas não aparecem em
cenário propício.
3.3 Analise das semelhanças das técnicas de product placement entre os filmes Wall-E
e O livro de Eli
Filmes do gênero apocalíptico exageram na forma negativa de representar
o mundo após catástrofes mundiais que modificam o modo de vida social
contemporâneo. Suas principais características são a falta de recursos naturais e a
falta de esperança, num mundo primitivo, com poucos seres humanos que
sobrevivem como podem.
No gênero, outra característica importante é a presença de um protagonista
que vence todos os obstáculos para continuar a viver e investe os poucos recursos
que lhe falta para evoluir e continuar a espécie humana. O uso do product
placement no gênero é muito perigoso, já que a marca flutua num ambiente
degradado sem associação com o presente do consumidor que assiste ao filme.33
Mesmo quando a tecnologia e o consumo imperam no futuro pós-
catástrofe nunca se vê um ambiente familiar para o ser humano contemporâneo,
exceto quando se trata do protagonista, que tenta mudar a realidade. O caso pode
ser visualizado no filme O livro de Eli (Hugues, 2010) em que o protagonista,
personagem de Densel Washington, carrega consigo um livro que acredita conter
Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. 33
Filmes apocalípticos. Disponível em: <http://thehighdials.blogspot.com.br/2011/07/filmes-apocalipticos.html> Acesso em 02 de dezembro de 2012.
43
as palavras que alinhará a humanidade e fará com que o mundo volte a evoluir
como antes.
Quando as marcas se apresentam em filmes catastróficos sua imagem é
modificada para se adaptar ao roteiro da tragédia. Algumas vezes essas mudanças
agridem seus valores e não consegue atingir o público de forma natural. As
inserções no filme O livro de Eli (Hugues, 2010) carregam essa característica,
principalmente quando se trata a marca KFC, associada a alimentação do
protagonista, o papel para limpar as mãos foi pouco percebido e não causou
nenhuma reação nos componentes da amostra.
Figura 20 - Eli utiliza o papel do restaurante KFC para limpar as mãos após a refeição (10’12’’)
Ao analisar a pesquisa qualitativa realizada, por unanimidade o grupo teve
mais atenção para os objetos carregados por Eli. Eles estavam no mesmo estado
degradante do cenário, e não tentavam associar-se com o mundo contemporâneo.
Objetos utilizados para ajudar o protagonista a vencer os desafios da vida pós-
apocalipse tiveram destaque na pesquisa, destacando os óculos e mochila da marca
Oakley, inseparáveis de Eli durante toda a trama.34
34
The book of Eli product placcement. Disponível em: < http://www.sygyzy.com/2010/01/18/the-book-of-eli-product-placement-and-aziz-ansari/> Acesso em 01 de dezembro de 2012. Wall-E. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/WALL%C2%B7E>. Acesso em 02 de dezembro de 2012. O livro de Eli. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_de_Eli> Acesso em 01 de dezembro de 2012.
44
Figura 21 - Inserção da marca Oakley no filme O livro de Eli (19’43’’)
As características dos filmes a serem analisadas é a procura por
sobrevivência despertada quando há ilusão e fé. Em Wall-E (Stanton, 2008) toda a
nave passa a acreditar num planeta desconhecido após o pequeno robô apresentar
uma planta, que simboliza a esperança de continuar a viver suas origens terrenas.
Em Eli a reposta é a bíblia, utilizada como padrão de esperança para aqueles que
conhecem em sua palavra.
Uma característica importante dos filmes apocalípticos analisados é a causa
das catástrofes. Ambos roteirizam o fim do mundo como o consumo em larga
escala, tanto que a nave utilizada pelos sobreviventes da Axion é produzida pela
empresa BNL, que significa Buy in Large35
(em português, compre muito).
35
Tradução do termo “buy in large”. http://translate.google.com.br/
45
CONCLUSÃO
A finalidade deste estudo tem como objetivo, analisar o desenvolvimento
do product placement, sob a perspectiva, de seu efeito na sociedade moderna e/ou
pós-moderna, através da modificação do significado de apocalipse na
contemporaneidade.
A influencia do apocalipse na formação da sociedade parte da inquietante
questão da humanidade de saber de onde surgiram e para ode estão indo os seres
humanos. Entendendo o fator, simplificou a analise do lazer inquietante dos filmes
apocalípticos terem tanto sucesso em todo o mundo.
A estratégia de inserção de marca é facilmente percebida quando está sob
análisr a questão sensorial de sua intenção. Ao experimentar através do outro, o
consumidor recebe a mensagem que passa direto para a sua memória, se sentindo
intimo do que nunca viu. Comprovado pela tese, o product placement é importante
aliado da fidelização do consumidor.
Por fim a junção do product placement e do apocalipse traz ao espectador a
sensação de que ele nunca estará vulnerável, se depender do consumo. A
experiência de apresentação natural da marca, em qualquer que seja o ambiente,
quando conversa com o roteiro, consegue atingir o consumidor sem que ele saía do
entretenimento.
46
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