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Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
Anais do I Simpósio de
Enfermidades Clínicas em Ruminantes
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes
Local / período
Casa da Arte da FMVZ – Unesp, Botucatu, de 28 a 30 de agostos de 2015.
Comissão organizadora
Prof. Ass. Dr. José Paes de Oliveira Filho, coordenador
Prof. Dr. Alexandre Secorun Borges
Prof. Dr. Roberto Calderon Gonçalves
Prof. Ass. Dr. Rogério Martins Amorim
Prof. Ass. Dr. Simone Biagio Chiacchio
M.V. Beatriz Arruda Woserow
M.V. Helena Maria Kiel Francisco Petillo
M.V. Karoline Koether
M.V. Natalia Moraes Dias
M.V. Paula Casado Dias Pires
Realização
Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Apoio
FUNVET – Fundação de Apoio aos Hospitais Veterinários da Unesp
Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex) – UNESP
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Índice 1. ACHADOS DO LÍQUIDO CEREBROESPINHAL DE BOVINOS COM ALTERAÇÕES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: ESTUDO RETROSPECTIVO (2010-2015) Daniela M. M. Dabus1,
Regina K. Takahira1, Paula C. D. Pires1, Fernanda P. Rodrigues1, Cristiana M. Costa1, Brayan S. L. Castañeda1, José P. Oliveira-Filho1 ............................................................................................................................................................ pág. 1.
2. ANÁLISE COMPARATIVA DE ATAQUES DE MORCEGOS HEMATÓFAGOS EM DOIS REBANHOS LEITEIROS SELECIONADOS NO ESTADO DE VALLE DEL CAUCA, COLÔMBIA Fernando Favian C. Castro1, Mateus Mioni1, Jane Megid1 ........................................................................................ pág. 2.
3. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA E DOS PROTOZOÁRIOS NO LÍQUIDO RUMINAL DE BOVINOS Daniele S. Gonçalves1, Raimundo S. Lopes1, Bruna dos Santos1, Jussara Y. Shimono1, Maurício Orlando Wilmsen1, Natalia M. Dias1, José P. Oliveira-Filho1 .................................................................................................................... pág. 3.
4. AVALIAÇÃO DAS MORDEDURAS PRODUZIDAS PELO MORCEGO Desmodus rotundus EM BOVINOS DO ESTADO VALLE DEL CAUCA, COLÔMBIA Fernando Favian C. Castro1, Luis Gabriel R.
Calderón 1, Jane Megid1 ............................................................................................................................................. pág. 5.
5. AVALIAÇÃO DE ÍNDICES REPRODUTIVOS DE REBANHOS ACOMETIDOS COM HEMATÚRIA ENZOÓTICA BOVINA Wilmar S. Marçal1, Helena Maria K. F. Petillo2, Fábio Taniwaki3, Mariana
N. Bonin1 .................................................................................................................................................................... pág. 6.
6. AVALIAÇÃO DO GRAU DE PARASITISMO GASTRINTESTINAL DE BEZERROS NOS MUNICÍPIOS DE BOTUCATU E MANDURI - ESTADO DE SÃO PAULO Marcela Cristina de Cezaro1,
José Renato L. M. Cury1, José Henrique das Neves1, Felipe M. Dalanezi1, Raphaela M. Oliveira1, Elizabeth M. S. Schmidt1 ................................................................................................................................................................................... pág. 7.
7. CASOS DE INTOXICAÇÃO EM RUMINANTES ATENDIDOS NA CLÍNICA MÉDICA DE GRANDES ANIMAIS FMVZ UNESP BOTUCATU – 2000 A 2015 Natalia M. Dias1, Alexandre S. Borges1;
Rogério M. Amorim1; Simone B. Chiacchio1; Roberto C. Gonçalves1; Danilo Giorgi A. Andrade1; Paula C. D. Pires1; José P. Oliveira-Filho1 ........................................................................................................................................................ pág. 9.
8. DESLOCAMENTO DE ABOMASO EM BOVINOS: ESTUDO RETROSPECTIVO DE 20 CASOS ATENDIDOS NA CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS DA FMVZ/UNESP-BOTUCATU Bianca Paola Santarosa1, Gabriela N. Dantas1, José P. Oliveira-Filho1, Rogério M. Amorim1, Simone B. Chiacchio1, Alexandre S. Borges1, Ivan R. Barros Filho2, Roberto C. Gonçalves1 ...................................................................... pág. 10.
9. ESPINHA BÍFIDA COM DUPLA CAUDA E RIM ECTÓPICO EM BOVINO - RELATO DE CASO Marcus Vinicius D. Caetano1, Lorrayne S. A. Martins1, Gustavo P. Sousa1, Tiago Luís E. Treichel1, Rodrigo G. Motta1
................................................................................................................................................................................. pág. 11.
10. ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO SNP c.421G>T NO GENE ADAMTS2, RESPONSÁVEL PELA DERMATOSPARAXIA EM OVINOS WHITE DORPER – RESULTADOS PRELIMINARES Danilo Giorgi A. Andrade1; Anelize S. Trecenti1, Felipe M. Dalanezi2, Paulo Henrique J. Cunha3, Alexandre S. Borges1, José P. Oliveira-Filho1 .............................................................................................................................................. pág. 12.
11. FOTOSSENSIBILIZAÇÃO HEPATÓGENA EM NOVILHA DA RAÇA NELORE Mayara L. Baylão1,
Antônio Dionísio F. Noronha Filho1, Paulo Henrique J. Cunha1, Ana Paula I. Santin1, Jéssica A. Silva, Fabrício M. Alves1,
Thiago N. Marins1, Lucas Vinícius G. C. Mota1 ........................................................................................................ pág. 13.
12. HIPOXEMIA GRAVE APÓS A APLICAÇÃO DE DEXMEDETOMIDINA EM UM OVINO Ilan
Munhoz Ayer1, Pedro Paulo M. Teixeira1, Luisa P. B. Borges1, Felipe F. P. C. Barros2, Maria Eduarda B. A. M. Conceição2, Ewaldo de Mattos Junior1 ......................................................................................................................................... pág. 15.
13. MULTIRRESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS EM BEZERROS COM APTIDÃO LEITEIRA – RELATO DE CASO Lucas Vinícius G. C. Mota1, Thiago N. Marins1, Fabrício M. Alves1, Antônio
Dionísio F. Noronha Filho1, Jéssica A. Silva1, Mayara L. Baylão1, Larissa T. Santana1 ........................................... pág. 16.
14. OBSTRUÇÃO DO MEATO URINÁRIO EXTERNO, NEOPERSISTÊNCIA DE ÚRACO E ROMPIMENTO DE BEXIGA EM BEZERRA Luisa P. B. Borges1, Ilan M. Ayer1, Vitor F. Casas1, Alex Roberto
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de Oliveira1, Lucas F. Pereira1, Leandro Z. Crivellenti1, Pedro Paulo M. Teixeira1, Larissa F. Magalhães1, Mariana R.
Nascimento1, Geórgia M. Magalhães1, Ewaldo de Mattos Junior1 ............................................................................ pág. 17.
15. PARÂMETROS HEMOGASOMÉTRICOS DE BEZERROS DA RAÇA HOLANDESA PRETA E BRANCA NO MOMENTO DO NASCIMENTO Gabriela N. Dantas1, Bianca Paola Santarosa1, Vitor Hugo
dos Santos2, Fernando José Benesi3, Roberto C. Gonçalves1 ................................................................................. pág. 19.
16. PITIOSE EM BOVINO NO SUDOESTE PAULISTA: RELATO DE CASO Bianca Paola Santarosa1,
Danilo Otávio L. Ferreira1, Vinícius G. Pinheiro2, Caio Fernando M. Gimenez1, Noeme S. Rocha1, Celso Antonio Rodrigues3, Roberto C. Gonçalves1 ......................................................................................................................... pág. 20.
17. PROCEDIMENTOS CLÍNICOS COM IMPACTOS POSITIVOS NO BEM-ESTAR DE BOVINOS LEITEIROS Wilmar S. Marçal1, Alexandre L. Blanco1, Juliane Moreira1, Licia Maria S. Lavor1, Mariana
N. Bonin1 .................................................................................................................................................................. pág. 21.
18. PRODUÇÃO DE LEITE DE BORREGAS PRIMÍPARAS SUBMETIDAS A DIETAS PARA BAIXA E ALTA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO NA RECRIA Letícia Lie Kiyonaga1, Edson R.
Siqueira1, Simone Fernandes1, Ariane Dantas1, Natalia M. Aono1, Aline A. Oliveira1, Maria Fernanda C. Silva1 .... pág. 22.
19. PROJETO RURALIDADE: PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CLÍNICA DE RUMINANTES Wilmar
S. Marçal1, Alexandre L. Blanco1, Juliane Moreira1, Licia Maria S. Lavor1, Mariana N. Bonin1 ................................ pág. 23.
20. RESISTÊNCIA DE Dermatobia hominis A IVERMECTINA José Henrique Neves1, Nadino Carvalho1,
Alessandro Francisco T. Amarante2 ......................................................................................................................... pág. 24.
21. RESPOSTA DO PESO VIVO E METABÓLICO DE DIFERENTES CATEGORIAS DE BUBALINOS CRIADOS SOB CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE BOTUCATU, SÃO PAULO Ariane
Dantas1, Eunice Oba1, Alcides A. Ramos2, André M. Jorge2, Mariana F. Zorzetto1, Aline S. Camargo1 .................. pág. 26.
22. SOROPREVALÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-LEPTOSPIRA SPP EM AMOSTRAS DE SORO DE BOVINOS DO RIO GRANDE DO SUL Joeleni Rosa dos Santos1, Noelle C. Barrosa1, Benedito
Donizete Menozzi1, Giulia S. Latosinski1, Talita G. S. Batista1, Samea F. Joaquim1, Raissa S. Sartori1, Thamillys Rayssa M. Monteiro1, Helio Langoni1 .................................................................................................................................... pág. 27.
23. SURTO DE ANAPLASMOSE EM NOVILHAS DA RAÇA GIROLANDO – RELATO DE CASO Thiago N. Marins1, Fabrício M. Alves1, Antônio Dionísio F. Noronha Filho1, Jéssica A. Silva1, Mayara L. Baylão1, Lucas
Vinícius G. C. Mota1, Larissa T. Santana1 ................................................................................................................. pág. 28.
24. SURTO DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO HEPATÓGENA EM CORDEIROS RECÉM DESMAMADOS NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE GOIÁS-GO Jéssica A. Silva1, Antônio
Dionísio F. Noronha Filho1, Paulo Henrique J. Cunha1, Cairo Henrique S. Oliveira1, Mayara L. Baylão1, Fabrício M. Alves1, Luciana C. Bessa1, Thiago N. Marins1, Lucas Vinícius G. C. Mota1 ........................................................................ pág. 29.
25. ÚLCERA DE SOLA EM BOVINOS – RELATO DE CASO Juliane Moreira1, Arnaldo S. L. Souza1, Thais
Maria de Lima1, Tayna R. Silva1, Maithe B. Alves1 ................................................................................................... pág. 31.
26. UROLITÍASE EM PEQUENOS RUMINANTES: ESTUDO RETROSPECTIVO DE 35 CASOS ATENDIDOS NA CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS DA FMVZ/UNESP-BOTUCATU Bianca Paola
Santarosa1, Danilo Otávio L. Ferreira1, Gabriela N. Dantas1, José P. Oliveira-Filho1, Rogério M. Amorim1, Simone B. Chiacchio1, Alexandre S. Borges1, Roberto C. Gonçalves1 ...................................................................................... pág. 32.
27. UTILIZAÇÃO METAFILÁTICA DE GAMITROMICINA NA CRIA DE BEZERRAS PROVENIENTES DE REBANHOS LEITEIROS Mariana L. N. Jorge1, Cristiano S. Bublitz2, Pollyana R. C.
Braga2, Arturo Almada2, Roulber C. G. Silva2 ......................................................................................................... pág. 33.
28. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE RAIVA EM HERBÍVOROS - SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO (NUPEZO) DA FMVZ - UNESP BOTUCATU Noelle C. Barrosa1, Benedito D. Menozzi1,
Giulia S. Latosinski1, Talita G. S. Batista1, Samea F. Joaquim1, Joeleni R. Santos1, Raissa S. Sartori1, Helio Langoni1
................................................................................................................................................................................. pág. 34.
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1. ACHADOS DO LÍQUIDO CEREBROESPINHAL DE BOVINOS COM
ALTERAÇÕES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: ESTUDO
RETROSPECTIVO (2010-2015)
Daniela M. M. Dabus1, Regina K. Takahira1, Paula C. D. Pires1, Fernanda P. Rodrigues1,
Cristiana M. Costa1, Brayan S. L. Castañeda1, José P. Oliveira-Filho1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. E-mail: danidabus@hotmail.com
O exame do líquido cerebroespinhal pode fornecer informações úteis no diagnóstico antemortem
de enfermidades do sistema nervoso central (SNC). Além deste exame ser um dos poucos testes
diagnósticos capazes de avaliar as alterações estruturais e patológicas do SNC em animais de
grande porte, há poucas informações disponíveis sobre os achados do líquido cerebrospinhal
em bovinos. O objetivo deste estudo foi relacionar os achados do líquido cerebroespinhal de
bovinos com as diferentes afecções do SNC. Para tanto, foi realizado um estudo retrospectivo
dos exames de líquido cerebrospinal de bovinos realizados pelo Laboratório Clínico Veterinário
da Unesp, campus de Botucatu, entre janeiro de 2010 e junho de 2015. Foram incluídos no
estudo apenas os casos com diagnóstico de doenças do SNC confirmadas com base nos sinais
clínicos, exames sorológicos, necropsia e/ou exame histopatológico. Os casos foram
classificados em quatro grupos (doenças infecciosas; inflamatórias e/ou traumática; tóxicas e/ou
metabólicas; e neoplásicas) e as diferenças entre os grupos foram comparadas pelo teste não
paramétrico de Kruskal-Wallis, ao nível de 5% de significância, com exceção do grupo neoplásico
devido ao pequeno número de casos (n=2). Foram avaliados 61 exames, dos quais 27 foram
excluídos por não possuírem diagnóstico confirmado. Dos 34 exames incluídos no estudo, 15
(44,1%) foram classificados como infecciosos, 12 (35,2%) como inflamatórios e/ou traumáticos,
cinco (14,7%) como metabólicos ou tóxicos e dois (5,9%) como neoplasias. A análise estatística
não revelou diferença (p>0,05) entre os grupos para nenhuma das variáveis analisadas
(densidade, proteína, glicose, sangue oculto, teste de Pandy, contagens totais de hemácias e de
células nucleadas e contagem diferencial celular). Apesar disso, foi possível observar que os
exames de doenças de origem infecciosa (n=15), casos de raiva (n=7) em sua maioria,
apresentaram elevações discretas de proteína e celularidade, com aumento de células
mononucleares, linfócitos e/ou macrófagos. O mesmo foi observado no grupo dos exames
classificados como metabólicos e tóxicos. Os exames de animais com distúrbios inflamatórios
e/ou traumáticos apresentaram resultados bastante heterogêneos. Os únicos exames que
resultaram em valores negativos de glicose liquórica foram os dois casos de linfoma e um de
babesiose cerebral. Tal achado se deve, provavelmente, à alta taxa de consumo de glicose pelas
células neoplásicas ou pelo agente infeccioso. O exame citológico foi fundamental para o
diagnóstico de linfoma, sendo importante a confirmação posterior por meio de necropsia e exame
sorológico. Em todos os grupos foram observados exames com resultados dentro dos valores
de referência para a espécie. Da mesma forma, resultados positivos no teste de Pandy foram
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observados nos quatro grupos, porém quase sempre associados à presença de hemorragia,
iatrogênica ou não. O exame do líquido cerebroespinhal é um teste importante para o diagnóstico
e prognóstico das doenças do SNC. Quando analisado juntamente ao exame clínico e outros
exames laboratoriais, os resultados desse teste podem auxiliar no diagnóstico antemortem de
doenças específicas do SNC de bovinos.
Palavras-chave: Líquor, SNC, neurológico, ruminantes
2. ANÁLISE COMPARATIVA DE ATAQUES DE MORCEGOS
HEMATÓFAGOS EM DOIS REBANHOS LEITEIROS SELECIONADOS NO
ESTADO DE VALLE DEL CAUCA, COLÔMBIA
Fernando Favian C. Castro1, Mateus Mioni1, Jane Megid1
1. Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: jane@fmvz.unesp.br
O ataque de morcegos hematófagos em fazendas é permanente visto que estes animais devem
consumir sangue diariamente para sua manutenção, afetando, desta forma, alguns bovinos,
ovinos e cavalos. Não há estimativas de perdas econômicas geradas pelo estresse das mordidas
e feridas nestes animais, e, em bovinos, pode ocorrer redução da produção de leite e carne. De
acordo com Brown (1994) "existe uma estreita relação entre a presença de herbívoros
domésticos e a população de morcegos hematófagos". Os morcegos vampiros se alimentam,
aproximadamente, a cada meia hora, com um consumo diário de 20 mililitros (ml) de sangue por
indivíduo (7,5 litros por ano) (MINSA, 2010). Por ação da enzima desmodasa, presente na saliva,
no local da ferida, pode ocorrer forte sangramento após o ataque, que aumenta a perda de
sangue. O objetivo deste estudo foi comparar ataques de morcegos hematófagos em duas
explorações leiteiras com condições semelhantes. Foram realizadas duas avaliações, em
intervalos de 6 meses, em duas propriedades em município de Cerrito no estado valle do Cauca.
Para avaliação, cada animal foi analisado no brete de contenção para a observação de
mordeduras, que foram classificadas segundo o tempo de cicatrização em: recentes com
hemorragia (<24 horas pós mordedura), recentes com coagulação (1 a 8 dias pós mordedura) e
antigas (>8 dias pós mordedura). Para realizar a comparação entre as duas propriedades
leiteiras, foram selecionados dois rebanhos com características semelhantes de temperatura,
altitude e produção de leite, localizados no mesmo município e que apresentavam a mesma
situação de ataque de morcegos hematófagos. A propriedade 1 possuía 247 bovinos, 505 ovinos
e 8 cavalos e a propriedade 2 apresentava 130 bovinos e 12 equinos. Dentre os bovinos desta
propriedade o lote de 28 fêmeas com idade superior a 3 anos era o que apresentava maior
incidência de ataques por estar localizado ao lado do abrigo dos quirópteros. Os índices de
avaliação foram calculados utilizando as seguintes formulas: Frequência de mordidas = (número
de animais mordidos / número de animais expostos) x 100; Intensidade de mordidas = (número
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de vezes de mordidas / número de animais mordidos) x 100. A frequência de mordidas
representa a porcentagem de animais atacados, enquanto que intensidade de mordidas
representa o número de vezes que um indivíduo é atacado. Propriedade 1: durante a primeira
avaliação, foram analisados 113 animais onde foi observado que 43 animais (38%)
apresentavam mordeduras. Os animais atacados apresentaram 117 mordidas, sendo 21
recentes com hemorragia, 75 recentes com coagulação e 21 antigas. Na segunda avaliação,
observou-se 28 animais, onde 100% (todos) apresentavam mordidas. Nestes foram detectadas
58 mordidas das quais 5 eram recentes com hemorragia, 11 recentes com coagulação e 42
antigas. Propriedade 2: Na primeira avaliação foi observado 29 fêmeas com idade superior a 3
anos. Todos os animais (100%) apresentavam mordidas. Estes indivíduos foram mordidos 207
vezes sendo: 18 mordeduras recentes com hemorragia, 142 mordeduras recentes com
coagulação e 47 mordeduras antigas. Durante a segunda avaliação foram avaliados 33 animais
e novamente foi constatado que todos os animais (100%) haviam sido mordidos. Pode-se
observar 185 mordidas nestes bovinos sendo: 15 recentes com hemorragia, 99 recentes com
coagulação e 71 mordeduras antigas. Na fazenda 1, a frequência de mordidas foi de 38% e 100%
respectivamente, e a intensidade de mordeduras foi de 2,72 e 2,07, respectivamente nos dois
momentos avaliados. Na propriedade 2, a frequência de mordidas foi de 100% e 100%, e a
intensidade de mordeduras foi de 7,13 e 5,60, respectivamente nos dois momentos avaliados. A
quantidade de mordeduras nas propriedades 1 e 2 são elevadas e o número de mordidas é
superior ao número de animais dos lotes, levando a conclusão de que os animais são mordidos
mais de uma vez. O número de mordidas considerado normal em um animal é de 1 a 2,
entretanto, quando observamos os resultados de intensidade neste trabalho percebemos que o
número de mordidas em um indivíduo chegou a 7,13. Há um desconhecimento por parte de
técnicos e pecuaristas sobre os tipos de mordidas em relação ao tempo decorrido do fato. É
importante realizar avaliações das mordeduras a fim de se conhecer a realidade do evento. Os
ataques de morcegos a animais de produção podem refletir na redução da produção devido ao
estresse gerado. Além disto, estes animais ficam expostos a agentes infecciosos, como a raiva,
que possui caráter zoonótico, que podem ser transmitidos por morcegos.
Palavras-chave: diagnóstico, morcegos, raiva, ruminantes.
3. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA E DOS PROTOZOÁRIOS NO LÍQUIDO
RUMINAL DE BOVINOS
Daniele S. Gonçalves1, Raimundo S. Lopes1, Bruna dos Santos1, Jussara Y. Shimono1, Maurício
Orlando Wilmsen1, Natalia M. Dias1, José P. Oliveira-Filho1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. E-mail: danidabus@hotmail.com
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As alterações de processos metabólicos e/ou digestivos podem ser detectadas de maneira mais
precoce no líquido ruminal do que no sangue. O exame do líquido ruminal tem sido utilizado
pelos clínicos como uma ferramenta para o diagnóstico e melhor compreensão do processo
fisiopatológico dos distúrbios digestivos de bovinos. Relacionar os achados dos exames físico,
químico e avaliação dos protozoários do líquido ruminal de bovinos com as diferentes doenças
de acordo com a sua localização anatômica. Foi realizado um estudo retrospectivo dos exames
de líquido ruminal de bovinos avaliados no período de janeiro de 2010 a maio de 2015 no
Laboratório Clínico Veterinário da FMVZ-UNESP-Botucatu, com diagnóstico confirmado por meio
de exame clínico, laboratorial e/ou necropsia. Os casos foram classificados em cinco grupos de
acordo com o diagnóstico e seu envolvimento anatômico no sistema digestório: doenças do
rúmen, do abomaso, doenças intestinais, toxico-metabólicas e peritonites. Foi aplicado o teste
de Qui quadrado para a comparação das variáveis categóricas, e a análise de variância e
Kruskal-Wallis para as variáveis numéricas, ao nível de significância de 5%. Foram avaliados 35
líquidos ruminais que atenderam ao critério de seleção, sendo eles distribuídos em doenças do
rúmen (n=6), doenças do abomaso (n=16), doenças intestinais (n=3), doenças toxico-
metabólicas (n=6) e peritonites (n=4). No exame físico (cor, odor e consistência) e químico (pH
e concentração de cloreto) não houve diferença significativa entre os grupos; porém, dos 5/35
casos que apresentaram pH diminuído, quatro deles se enquadravam em doenças do abomaso
como indigestão vagal e deslocamento de abomaso. A concentração de cloretos foi mensurada
em 31 casos deste estudo, em sua maioria (25/31) com resultados entre 30 – 100 mEq/L, o que
é sugestivo de refluxo do conteúdo do abomaso. As doenças toxico-metabólicas apresentaram
as menores concentrações de cloreto (mediana = 36mEq/L) e as doenças intestinais as maiores
(mediana = 78 mEq/L), sugerindo neste último caso, que processos obstrutivos podem ocasionar
refluxo do conteúdo abomasal para o rúmen. A prova de redução do azul de metileno foi realizada
em 33/35 dos casos, dos quais 51,5% apresentaram tempo de redução > 15 minutos, indicando
inatividade da população microbiana, e 15/35 tiveram o tempo de potencial redox prolongado (5
- 15 minutos); demonstrando que a maioria das doenças apresentou alteração microbiana
independente da sua origem. Em relação à avaliação qualitativa e quantitativa da população de
protozoários, a ausência de protozoários grandes, médios e pequenos, caracterizando um
processo grave, foi observada em todos os casos de envolvimento intestinal, nas peritonites, em
8/16 casos de doenças do abomaso e em apenas um (1/6) caso das doenças do rúmen. Portanto,
a população de protozoários parece ser afetada por doenças extraruminais de maneira mais
intensa que as ruminais, assim como em ambas pode manter-se normal. Os resultados
apresentados indicam que a avaliação do líquido ruminal isoladamente não é hábil para
diferenciação de doenças de acordo com sua localização anatômica, mas a análise conjunta das
variáveis físico-químicas e dos protozoários é importante no prognóstico e na indicação do
tratamento.
Palavras-chave: diagnóstico, digestório, ruminantes
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4. AVALIAÇÃO DAS MORDEDURAS PRODUZIDAS PELO MORCEGO
Desmodus rotundus EM BOVINOS DO ESTADO VALLE DEL CAUCA,
COLÔMBIA
Fernando Favian C. Castro1, Luis Gabriel R. Calderón 1, Jane Megid1
1. Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: jane@fmvz.unesp.br
O morcego Desmodus rotundus alimenta-se do sangue de animais de produção, tais como,
bovinos, equinos, ovinos, caprinos e suínos, obtendo, aproximadamente, 20 mL de sangue por
mordida. A importância do estudo dos ataques deste hematófago deve-se à transmissão de
doenças infecciosas zoonóticas, principalmente, do vírus da raiva de origem silvestre. O D.
rotundus habita cavernas e buracos de árvores, voando num raio de, aproximadamente, 15 a 20
km durante as noites para se alimentar. Devido aos poucos estudos sobre mordeduras
provocadas por morcegos da espécie Desmodus rotundus em bovinos, o presente trabalho tem
como objetivo avaliar a frequência e a localização anatômica das mordeduras, assim como seu
tempo de apresentação, ademais a seleção do alimento por parte do morcego, segundo as
características dos animais afetados (idade, raça e cor de pele) e o tipo de sistema de produção
no qual tais animais estão inseridos. Foi realizado um acompanhamento durante seis meses em
18 fazendas em seis municípios no estado Valle do Cauca, que se encontravam dentro da zona
de alimentação do morcego Desmodus rotundus. Nestas fazendas, bovinos de diferentes raças
eram criados, sendo em 43% delas Brahman, 17% Holandês, 17% cruza entre Holandês x
Brahman, 17% sem raça definida e 6% de Crioulos (raças regionais da Colômbia). A frequência
de ataque foi dividida em um dia, oito dias e 30 dias. As mordeduras foram classificadas segundo
o tempo de cicatrização em: recentes com hemorragia (< 24 horas pós-mordedura), recentes
com coagulação (1 a 8 dias pós-mordedura) e antigas (> 8 dias pós-mordedura). Empregou-se
estatística descritiva para a interpretação dos dados. No total foram 4.118 animais estudados,
média de 229 indivíduos por fazenda. Desses animais, 164 foram atacados pelo morcego
Desmodus rotundus, com prevalência de 4% no estudo. Os ataques dos morcegos foram
reportados como diário em 20% das fazendas avaliadas, semanal em 70% e mensal em 10%
delas. A fazenda mais afetada apresentou uma prevalência de mordidas em 19% dos animais
(24/126). A identificação do tempo de lesão foi de 60% para mordeduras recentes com
hemorragias (98 animais), 25% de mordeduras recentes com coagulação (41 animais) e 15% de
mordeduras antigas (24 animais). Com relação à idade dos animais, a prevalência das lesões
por mordedura foi maior nos animais jovens (≤ de 1 ano) 55%, comparativamente aos animais
velhos (> de 1 ano) 45%, sugere-se, que a maior prevalência nos animais jovens é explicada
pela espessura mais fina da pele, o que facilita a espoliação. Em relação à raça 37% eram
Brahman, 10% Holandês, 30% (Brahman x Holandês), 30% sem raça definida e 3% raça Crioula.
A localização anatômica das mordeduras deu-se, principalmente, no pescoço (85% dos
indivíduos), no lombo (5%), na cauda (5%) e na região ventral (5%). Ao avaliarem-se as
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mordeduras, de acordo com a cor de pele dos bovinos, observou-se que 70% das lesões se
encontravam nos indivíduos de cor escura, e 30% nos ruminantes de pele clara. Uma explicação
razoável é que a pele escura pode funcionar como camuflagem para o hematófago, frente a
predadores. A descrição do comportamento hematófago da espécie D. rotundus é relevante para
compreender a epidemiologia do vírus da raiva de origem silvestre e os aspectos
socioeconômicos e zoonóticos que este quiróptero desempenha nos sistemas de produção
bovina.
Palavras-chave: diagnóstico, morcegos, raiva, ruminantes.
5. AVALIAÇÃO DE ÍNDICES REPRODUTIVOS DE REBANHOS
ACOMETIDOS COM HEMATÚRIA ENZOÓTICA BOVINA
Wilmar S. Marçal1, Helena Maria K. F. Petillo2, Fábio Taniwaki3, Mariana N. Bonin1
1. Departamento de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, Pr. Brasil.
2. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. 3. Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, Unesp, Araçatuba, SP, Brasil. E-mail:
wilmar@uel.br
Uma das mais preocupantes enfermidades da pecuária no Paraná é a Hematúria Enzoótica dos
Bovinos, causada pela ingestão de Pteridium arachnoideum, popularmente conhecida por
samambaia do campo, anteriormente classificada como Pteridium aquilinum. O quadro clínico
costuma se caracterizar por alta morbidade com expressiva mortalidade e muitos produtores
rurais, ainda, não contabilizam outros problemas que advém aos bovinos que consomem essa
planta tóxica. Por isso, há inúmeras perdas aos pecuaristas quando seus animais convivem em
pastagens infestadas por essa planta, não necessariamente demonstrando somente hematúria.
Muitas vacas demonstram também queda na produtividade, ocasionando, consequentemente,
diminuição de renda aos criadores. Há abortamentos em rebanhos, emaciação e os índices
reprodutivos costumam ser muito baixos. Apesar disso, devido à condição geográfica onde se
concentram muitas fazendas com samambaia, os proprietários continuam desafiando a natureza,
criando vacas em terras e pastagens fracas, em solos ácidos onde a planta é endêmica. Para
agravar, na estação seca, os animais procuram a planta para sobreviver e se tornam viciados
por toda a vida. Assim sendo, é importante que se apure e se oriente os fazendeiros dessas
áreas infestadas, sobre a influência dos princípios tóxicos da samambaia em outros
compartimentos orgânicos dos bovinos, em especial o sistema reprodutivo das vacas. Estima-se
que na região circunscrita a esse levantamento exista um milhão de bovinos nos municípios onde
a samambaia é intensa. Para se evidenciar, então, os aspectos de interesses socioeconômicos
e alertar os pecuaristas para os prejuízos indiretos e silenciosos, realizou-se um estudo
epidemiológico, com enquete a campo, verificando o índice reprodutivo de vacas com hematúria
clínica, naturalmente causada pela Pteridium arachnoideum. O escopo foi correlacionar a toxidez
com a taxa de abortamento, acíclicas, repetição de cios e comprometimento da infertilidade de
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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alguns rebanhos. O estudo, de modo preliminar, foi possível de ser desenvolvido em nove
propriedades rurais do Estado do Paraná, fazendas de criação semiextensiva, situadas na região
do norte pioneiro do Paraná, compostas por bovinos mestiços e crioulos. Dos rebanhos
estudados foi possível selecionar algumas vacas com a manifestação clínica natural de
hematúria. A idade dos animais era variada. Nas nove propriedades rurais estudadas, embora
houvesse vacas com microhematúria, que não foram contabilizadas nesse estudo, foram
encontradas 14 vacas com hematúria evidente, sendo quatro vacas (31%) com 2,5 anos; três
vacas (23%) com 4 anos; quatro vacas (31%) com 5 anos; duas vacas (8%) com 7 anos de idade
e uma vaca (7%) com 8 anos de idade. Esses resultados demonstraram que não houve
predileção de toxicidade por qualquer faixa etária, em específico. Dessas 14 vacas com
hematúria quatro (29%) eram primíparas e dez (71%) eram multíparas. O índice de intervalo
entre partos variou e os resultados foram: seis vacas (43%) tiveram 13 meses de intervalo; cinco
(36%) tiveram 15 meses de intervalo; duas (14%) tiveram 18 meses de intervalo e uma vaca
(7%) não emprenhou mais, após o quadro de hematúria. Ainda sobre as vacas examinadas, três
apresentaram histórico de abortamento precoce. Este estudo ressaltou que a toxidez pela
Pteridium arachnoideum exerceu, além da manifestação de hematúria enzoótica aos olhos dos
produtores, outras interferências orgânicas e metabólicas importantes, causando
comprometimento reprodutivo nos animais e mais prejuízos, diretos e indiretos, aos criadores.
Tais constatações requerem urgente inserção educativa para elucidação aos pecuaristas,
correção no manejo do gado e melhoria na viabilidade desse segmento loco-regional do
agronegócio.
Palavras-chave: bovinos, hematúria, prejuízos, samambaia.
6. AVALIAÇÃO DO GRAU DE PARASITISMO GASTRINTESTINAL DE
BEZERROS NOS MUNICÍPIOS DE BOTUCATU E MANDURI - ESTADO DE
SÃO PAULO
Marcela Cristina de Cezaro1, José Renato L. M. Cury1, José Henrique das Neves1, Felipe M.
Dalanezi1, Raphaela M. Oliveira1, Elizabeth M. S. Schmidt1
1. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail:
marceladecezaro@hotmail.com
As enfermidades parasitárias em bezerros são consideradas um grande entrave econômico,
principalmente em decorrência do sistema imunológico frágil dos animais jovens. O parasitismo
gastrintestinal pode causar significativa perda de peso, atraso no crescimento e morte nos casos
mais graves. Desta forma, a busca pelo conhecimento das espécies de parasitas envolvidos nas
infecções de animais jovens faz-se necessária, para que medidas adequadas de prevenção e
controle sejam estabelecidas. O objetivo deste trabalho foi determinar o grau de infecção por
nematódeos gastrintestinais em bezerros nos municípios de Botucatu e Manduri, na região
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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centro-oeste do estado de São Paulo. Oitenta e dois bezerros dos grupos genéticos Girolando e
mestiços (Gir x Jersey) com idades entre dois a 12 meses foram avaliados em diferentes
estações do ano, sendo 24 animais de uma propriedade no município de Botucatu e 58 bezerros
de cinco propriedades no município de Manduri. Realizou-se a coleta de fezes diretamente da
ampola retal dos animais, que foram processadas no Laboratório de Enfermidades Parasitárias
dos Animais (FMVZ, UNESP, câmpus de Botucatu) pelas técnicas coproparasitológicas de
contagem de ovos por grama de fezes (OPG) (Gordon e Withlock, 1939) e coprocultura (Roberts
e O’ Sullivan, 1950). Na propriedade de Botucatu, no inverno, foram avaliados 11 bezerros, o
OPG variou de 50-550, mas 36% foram negativos. Na primavera, o OPG variou de 50-750, um
bezerro foi negativo e 85% estavam positivos para Eimeria spp. Coprocultura: 60% Cooperia
spp., 38% Haemonchus placei e 1% Trichostrongylus spp. Na propriedade Manduri 1, no verão,
foram avaliados 19 bezerros, com OPG entre 50-2500 e 53% positivos para Eimeria spp., mas
10% estavam negativos. Coprocultura: 72% Cooperia spp., 27% Haemochus placei e 1%
Oesophagostomum spp.. No outono, dos 12 animais, apenas um estava negativo. O OPG variou
de 50-5250 e 84% positivos para Eimeria spp. Coprocultura: Cooperia spp.: 73%, Haemonchus
placei: 22%, Oesophagostomum spp.: 3%, Haemonchus similis: 1% e Trichostrongylus spp.:
1%. Na propriedade Manduri 2, no outono, dos sete animais, dois foram negativos. O OPG variou
de 50-450 e 57% foram positivos para Eimeria spp. Coprocultura: 97% Cooperia spp., 9%
Haemonchus placei e 1% Trichostrongylus spp. Na propriedade Manduri 3, no outono, os seis
animais positivos, com OPG entre 50-1000 e 83% com oocistos de Eimeria spp. Coprocultura:
59% Haemonchus placei, 37% Oesophagostomum spp. e 4% Cooperia spp. Na propriedade
Manduri 4, na primavera, dos seis animais, três foram negativos. O OPG variou de 50 a 950
e17% apresentaram oocistos de Eimeria spp. Na propriedade 5, de Manduri, também na
primavera, dos seis bezerros, dois foram negativos. O OPG variou de 50-700. As propriedades
apresentavam manejos sanitários semelhantes, porém a variação dos resultados indica que
podem estar relacionados com fatores predisponentes específicos de cada uma: áreas
alagadiças, aglomeração de animais e faixas etárias distintas agrupadas. O desafio parasitário
está relacionado com a resposta imunitária do hospedeiro, que é conferida por uma boa saúde
e nutrição adequada. Observa-se que as espécies mais comuns de parasitas distribuem-se em
todas as propriedades e ocorrem em todas as estações do ano, demonstrando a adaptação dos
parasitas às condições climáticas da região. Entretanto, apesar de aparentemente sadios, os
bezerros podem apresentar infecções subclínicas, o que causa perdas na produção ao longo do
tempo. Assim, devem-se buscar estratégias que minimizem as chances de infecção e que
aperfeiçoem os tratamentos anti-helmínticos, observando características específicas de cada
propriedade.
Palavras-chave: nematódeos, ruminantes, bezerros
Agradecimento: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela concessão de bolsa de mestrado.
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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7. CASOS DE INTOXICAÇÃO EM RUMINANTES ATENDIDOS NA CLÍNICA
MÉDICA DE GRANDES ANIMAIS FMVZ UNESP BOTUCATU – 2000 A 2015
Natalia M. Dias1, Alexandre S. Borges1; Rogério M. Amorim1; Simone B. Chiacchio1; Roberto C.
Gonçalves1; Danilo Giorgi A. Andrade1; Paula C. D. Pires1; José P. Oliveira-Filho1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. E-mail: zefilho@fmvz.unesp.br
Casos de intoxicações em ruminantes vêm se tornando cada vez mais comuns, representando
um grande desafio ao clínico e causando graves prejuízos ao setor agropecuário brasileiro. As
intoxicações são diagnosticadas principalmente pelos sinais clínicos, associados ao histórico ou
a exames laboratoriais. Neste estudo avaliou-se os registros clínicos dos casos de intoxicações
que acometeram ruminantes atendidos na Clínica Médica de Grandes Animais (CMGA) da
FMVZ/Unesp Botucatu de 2000 a 2015. Durante este período foram atendidos 2.499 ruminantes,
sendo confirmados 108 (4,32%) casos de intoxicação. Destes, 48 (44,5%) foram ocasionados
por metais/semi-metais, 39 (36,1%) por medicamentos ou suplementos e 21 (19,4%) por plantas.
O cobre foi responsável por 60,4% (29/48; 25 ovinos, 3 bovinos e 1 caprino) dos casos de
intoxicações ocasionados por metais/semi-metais, seguido pelo arsênio (16 bovinos) e chumbo
(2 bovinos e 1 caprino). Entre os casos de intoxicações ocasionados por medicamentos,
destacam-se as intoxicações por avermectinas ou milbemicinas em bovinos e por closantel em
ovinos que corresponderam a 30,8% (12/39) e 25,6% (10/39) dos casos, respectivamente,
seguidos por organofosforados (20,5%, 6 bovinos e 2 ovinos) e outros agentes (23,1%) como:
ureia (2 bovinos e 2 bubalinos), glifosato (2 bovinos), carbamatos (1 bovino e 1 ovino) e ionóforos
(1 ovino). Os casos de intoxicações por plantas foram distribuídos na seguinte ordem: Senecio
brasiliensis (4 bovinos), Crotalaria juncea (3 bovinos), Thiloa glaucocarpa (3 bovinos), Pteridium
aquilinum (2 bovinos), Sorghum sp (2 bovinos), Stryphnodendron barbatiman (2 caprinos),
Brachiaria sp (1 bovino e 1 ovino), Rhododendron sp (1 caprino), Brunfelsia uniflora (1 caprino)
e Pinus spp (1 bubalino). Neste levantamento pode-se observar as inúmeras causas de
intoxicação em ruminantes, tendo a maior prevalência nas intoxicações por metais/semi-metais,
sendo o cobre o principal agente responsável. No que se refere as intoxicações por
medicamentos, nota-se o uso incorreto, sobretudo a ocorrência de aplicações em excesso
(super-dosagens) nos animais pecuários. A ocorrência de casos de intoxicação por plantas se
deve principalmente ao fácil acesso dos animais as estas plantas e a fatores como a fome e a
estreita associação destas plantas aos alimentos. O percentual de casos e a distribuição destes
frente aos principais agentes responsáveis pelas intoxicações observados neste estudo reflete
apenas os casos atendidos na CMGA, localizada no centro-oeste paulista, sendo assim, o
número de casos de intoxicações ocorridos na região certamente são bem maiores. Portanto,
observa-se a grande dificuldade em prevenir e minimizar as perdas aos produtores no que diz
respeito às intoxicações em ruminantes, sobretudo, quando se observa o alto índice destes casos
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
relacionados a erros de manejo, como a inadequada suplementação e/ou a inadequada
administração de medicamentos nos animais.
Palavras-chave: Intoxicações, ruminantes, plantas tóxicas, metais.
8. DESLOCAMENTO DE ABOMASO EM BOVINOS: ESTUDO
RETROSPECTIVO DE 20 CASOS ATENDIDOS NA CLÍNICA DE GRANDES
ANIMAIS DA FMVZ/UNESP-BOTUCATU
Bianca Paola Santarosa1, Gabriela N. Dantas1, José P. Oliveira-Filho1, Rogério M. Amorim1,
Simone B. Chiacchio1, Alexandre S. Borges1, Ivan R. Barros Filho2, Roberto C. Gonçalves1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. 2. Departamento de Medicina Veterinária - Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba,
PR, Brasil. E-mail: biancasantarosavet@gmail.com
O deslocamento de abomaso é a principal causa de cirurgia abdominal em bovinos leiteiros.
Trata-se de uma doença multifatorial, e o deslocamento ocorre com maior frequência para
esquerda (DAE). Relaciona-se com o manejo alimentar e ocorre em animais que manifestam
outras doenças concomitantes, principalmente no pós-parto. Este trabalho teve como objetivo
realizar estudo retrospectivo sobre os principais achados clínicos de bovinos com diagnóstico de
deslocamento de abomaso, atendidos no período entre junho de 1989 a junho de 2015 pelo
Serviço de Clínica de Grandes Animais da FMVZ/UNESP, Botucatu, SP. Analisaram-se os
prontuários de 20 bovinos, sendo 19 fêmeas (95%) e apenas um macho, com idade entre dois e
seis anos. Quanto à raça, 90% (18/20) animais eram Holandês Preto e Branco, 5% (1/20) Jersey
e 5% (1/20) Pardo Suíço. Houveram dois casos de deslocamento de abomaso à direita (10%),
um caso de vólvulo abomasal (5%) e 85% (17/20) de DAE. A maioria das fêmeas acometidas
(84,2% - 16/19) se encontraram no período pós-parto, variando de 10 a 80 dias, e eram
alimentadas com silagem de milho e concentrado. Em apenas três casos, as vacas estavam
prenhes, no terço final da gestação. O escore de condição corporal era ruim em 4/20, regular em
10/20 e bom em 6/20 animais. No exame físico, as médias de temperatura retal foi 39,15 ±
1,01oC; de frequência cardíaca foi 70,38 ± 10,06bpm; de frequência respiratória foi de 28,55 ±
32,08mpm. A maioria dos animais apresentaram anorexia ou hiporexia, 5% de desidratação,
mucosas róseas, hipotonia ou atonia ruminal. Em 45% (9/20) casos os animais apresentaram
diarreia, em 20% (4/20) as fezes eram escassas e escurecidas, e em 35% (7/20) eram normais.
À percussão auscultatória detectou-se som metálico em 100% dos casos, sendo à esquerda em
18 animais e à direita em dois animais. Doenças concomitantes como mastite, retenção de
placenta, metrite, babesiose e broncopneumonia foram encontradas em 60% (12/20) dos casos.
Para o tratamento, além da terapia de suporte, instituiu-se a técnica de laparotomia com
omentopexia em 35% (7/20) dos casos, abomasopexia em 45% (9/20) dos animais, além do
rolamento com tratamento conservativo em dois animais. Apenas três animais vieram a óbito
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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(15%) e os demais tiveram alta (85%). O tratamento cirúrgico mostrou-se eficaz para a cura e
volta dos animais à produção, quando o diagnóstico é realizado precocemente. No entanto, o
prognóstico é considerado reservado quando há comprometimento grave do órgão ou alterações
sistêmicas importantes. Portanto, a prevenção ainda é a melhor alternativa a ser adotada, a fim
de evitar prejuízos na produção leiteira.
Palavras-chave: bovinos; doenças metabólicas; produção de leite; puerpério
9. ESPINHA BÍFIDA COM DUPLA CAUDA E RIM ECTÓPICO EM BOVINO -
RELATO DE CASO
Marcus Vinicius D. Caetano1, Lorrayne S. A. Martins1, Gustavo P. Sousa1, Tiago Luís E. Treichel1,
Rodrigo G. Motta1
1.Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Rio Verde. E-mail: rgmottafmvz@gmail.com
Espinha bífida caracteriza-se por uma falha congênita que impossibilita a fusão dos arcos das
vértebras, tipicamente na região lombar. Múltiplos fatores podem estar relacionados com esta
má formação, entre eles estão às causas genéticas, cromossômicas e ambientais. A ação de
teratógenos, como agentes físicos (radiação), químicos, biológicos (infecções virais e
bacterianas) ou causas multifatoriais, levam a falha primária no fechamento do tubo neural ou
ruptura deste após seu fechamento, gerando assim, malformações congênitas da medula,
espinha ou do encéfalo. Existem graus variáveis, desde a espinha bífida oculta, na qual o defeito
é apenas no arco ósseo, até a espinha bífida aberta, muitas vezes associada à meningocele
(protrusão das meninges) ou mielomeningocele (protrusão de elementos neurais além das
meninges). Espinha bífida aberta caracteriza-se pela perda da integridade da camada
epidérmica, expondo ao meio externo estruturas do sistema nervoso, como medula espinhal e
meninges e a presença de cisto na região dorsal, que pode romper-se durante o parto. Este
relato tem como objetivo descrever um caso de má formação congênita em bovino, com múltiplas
alterações associadas como: espinha bífida com dupla cauda, agenesia de ânus, prepúcio, pênis
e rim ectópico, enfatizando ser o primeiro caso como esta apresentação no estado de Goiás. Foi
atendido pelo setor de clínica médica de grandes animais, da UniRV - Rio Verde – GO, bovino,
macho, mestiço holandês, com 24 horas de vida, pesando 28 Kg. Como queixa principal cauda
dupla, ausência de anus, pênis e prepúcio. Ao exame clínico, foi evidenciada dificuldade
locomotora, falha de fusão intervertebral na região lombo-sacra, medindo 14 cm de diâmetro,
com a exteriorização de massa com coloração avermelhada e consistência macia, a semelhança
de um cisto. Ainda foram observadas má formação congênita na região caudal com a
diferenciação de duas caudas; agenesia de anus, prepúcio, pênis e presença de bolsa escrotal
e testículos rudimentares. Dadas as condições clínicas do paciente, optou-se pela eutanásia. Na
necropsia foram visualizou-se a divisão anatômica da região lombo-sacra em duas estruturas
independentes, as quais tinham em sua parte distal duas caudas independentes. Na mesma
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
região observou-se uma fistula circular, conforme medidas já descritas, a qual continha em seu
interior a vesícula urinária aderida a porção final do reto, não havia a formação anatômica do
pênis, uretra e prepúcio. A exploração da cavidade abdominal identificou-se os dois rins e
respectivos ureteres ligados a vesícula urinaria a qual se projetava dentro da cavidade formada
pela divisão em duas partes da espinha na região lombar. Caudalmente ao rim direito identificou-
se uma estrutura com formato lobulado, medindo 7 cm de comprimento e 5 cm de largura, ao
corte observou-se a capsula, região cortical e medular com aspecto cístico, desta forma, foi
caracterizou a presença do terceiro rim ectópico. Os achados clínicos e anatomopatológicos
permitiram caracterizar a ocorrência de um caso raro de má formação congênita com múltiplas
alterações em bovino. Diversos defeitos congênitos já foram descritos em associação com a
espinha bífida em bovinos, incluindo a presença de um único rim, aplasia de um corno uterino,
atresia anal, cifoescoliose e fenda diafragmática. Neste relato foram observadas alterações
associadas à coluna vertebral, com a apresentação de duas caudas. Em um estudo com 39
bezerros recém nascidos de ambos os sexos, evidenciaram-se 27 alterações congênitas:
hipoplasia cerebelar, (1/39), hidrocefalia (1/39), diprosopia (1/39), rinognatosquise (3/39), fenda
palatina (2/39), polidactilia (1/39), polimelia (2/39), sindactilia (1/39), pedúnculo cutâneo (4/39),
aracnomelia (1/39), artrogripose (2/39), ectopia cordis (1/39), hérnia inguinal (1/39), atresia anal
(1/39), fístula reto-vaginal (1/39), agenesia coccígea (2/39), agenesia sacro-coccígea (1/39),
cauda curta (2/39), cauda dupla (1/39), desvio de cauda (1/39), desvio de chanfro (1/39), espinha
bífida (1/39), arqueamento congênito (2/39), contratura dos tendões flexores (11/39), desvio
medial dos carpos (1/39), ilha dermóide no globo ocular (2/39) e agenesia de bexiga (1/39). Este
trabalho descreveu um caso de malformação congênita em bovino, com múltiplas alterações
associadas como: espinha bífida, agenesia de anus, prepúcio, pênis e rim ectópico, destacando
os principais aspectos clínicos epidemiológicos e achados de necropsia. Sugere-se que novos
estudos sejam conduzidos no tocante a melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos
envolvidos no desenvolvimento de alterações congênitas em animais.
Palavras chaves: alterações, congênitas, bovinos, espinha bífida
10. ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO SNP c.421G>T NO GENE ADAMTS2,
RESPONSÁVEL PELA DERMATOSPARAXIA EM OVINOS WHITE DORPER
– RESULTADOS PRELIMINARES
Danilo Giorgi A. Andrade1; Anelize S. Trecenti1, Felipe M. Dalanezi2, Paulo Henrique J. Cunha3,
Alexandre S. Borges1, José P. Oliveira-Filho1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. 2. Departamento de Produção Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp,
Botucatu, SP, Brasil. 3. Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, UFG, Goiânia, GO, Brasil.
E-mail: zefilho@fmvz.unesp.br
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
Dermatosparaxia é uma doença hereditária de caráter autossômico recessivo, provocada, na
raça White Dorper, pelo polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) c.421G>T, quando em
homozigose, no gene responsável pela expressão da enzima envolvida na biossíntese do
colágeno (ADAMTS2). A enfermidade é caracterizada por fragilidade e hiperextensibilidade
cutâneas. A doença em ovinos tem maior prevalência na raça White Dorper e, recentemente, foi
descrita no Brasil. Contudo, não há relatos de estudo da prevalência deste SNP no rebanho
brasileiro de ovinos White Dorper. Portanto, o objetivo deste trabalho foi investigar a prevalência
do SNP c.421G>T em ovinos White Dorper no Estado de São Paulo. Para isso, utilizou-se o
sequenciamento direto de produtos da reação em cadeia de polimerase (PCR). O DNA foi
extraído de amostras sanguíneas coletadas de 221 ovinos da raça White Dorper provenientes
de nove propriedades de diferentes regiões do Estado de São Paulo. Em seguida foi realizada a
PCR, utilizando o DNA e primers previamente descritos. Os produtos de PCR foram purificados
e submetidos ao sequenciamento direto. As sequências e os eletroferogramas obtidos foram
analisados para obtenção dos genótipos dos animais. Todos os procedimentos realizados nos
animais foram previamente aprovados pela CEUA institucional. Um total de 180 (81,4%) ovinos
não possuíam nenhum alelo com SNP c.421G>T (Wild Type, N/N), enquanto que, em 41 (18,6%)
animais foi identificada a presença do SNP em apenas um alelo (heterozigotos, A/N). Em 88,9%
(8/9) das propriedades foi identificado animais heterozigotos, sendo que, durante as visitas
técnicas não foram identificados animais com a doença clínica, entretanto, segundo informações
dos proprietários a doença já havia sido observada em 33,3% (3/9) das propriedades
amostradas, embora estes proprietários desconhecessem a causa da enfermidade. A frequência
de animais A/N no presente estudo foi de 18,6%, já a observada em estudo realizado em 10
propriedades na Nova Zelândia foi de 21,5% (48/223). Em humanos, o tipo VIIC da síndrome de
Ehlers-Danlos, correspondente com dermatosparaxia, apresenta prevalência, ainda,
desconhecida. Embora a dermatosparaxia não provoque diretamente a morte do animal,
complicações decorrentes da doença comumente levam à morte ou ao descarte do animal. É
importante conhecer o genótipo dos animais, sobretudo daqueles destinados à reprodução, pois
o acasalamento entre animais heterozigotos, embora fenotipicamente normais, pode produzir
filhos afetados. A porcentagem de animais A/N, a distribuição destes animais em 88,9% das
propriedades amostradas e os relatos dos proprietários da ocorrência de casos da doença
clínica, permite-nos concluir que a dermatosparaxia está presente no rebanho de White Dorper
no Estado de São Paulo, contudo subdiagnosticada.
Palavras-chave: dermatosparaxia, ovinos, White Dorper.
Agradecimentos: A Capes pelo financiamento (AUX-PE- 432/2014 Processo nº
23038.007227/2012-04)
11. FOTOSSENSIBILIZAÇÃO HEPATÓGENA EM NOVILHA DA RAÇA
NELORE
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
Mayara L. Baylão1, Antônio Dionísio F. Noronha Filho1, Paulo Henrique J. Cunha1, Ana Paula I.
Santin1, Jéssica A. Silva, Fabrício M. Alves1, Thiago N. Marins1, Lucas Vinícius G. C. Mota1
1.Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, EVZ/UFG. Email:
mlb_rv@hotmail.com
A fotossensibilização é uma doença comumente encontra em animais de produção como
bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos, e é caracterizada por uma sensibilidade exacerbada da
pele à luz ultravioleta devido a ação de drogas, plantas ou outras substâncias, denominados
agentes fotodinâmicos. A exposição ao agente de qualquer natureza pode ser sistêmica ou por
contato direto. Os agentes fotodinâmicos são classificados em fotoalérgicos e fototóxicos, estes
últimos subdivididos em primários ou hepatógenos. Na fotossensibilização primária ocorre a
ingestão, injeção ou contato com substâncias fotodinâmicas pré-formadas, presentes em plantas
(Hypericum perforatum, Fagopyrum esculentum, Ammi majus), fungos, agentes químicos (rosa
bengala, azul de metileno) e drogas (furosemida, tetraciclinas, corticosteroides), que ao atingirem
a corrente sanguínea vão para a pele e causam lesões. Na forma hepatógena, toxinas, bactérias,
agentes virais, plantas (Senecio sp, Crotalaria sp, Cestrum sp, Stryphnodendron sp, Lantana sp),
plantas contaminadas por fungos (predominância de gramíneas do gênero Brachiaria sp
associados ao fungo Pithomyces chartarum) ou neoplasias causam lesões no parênquima
hepático e/ou nos ductos biliares que impedem a excreção da filoeritrina, que é um produto
resultante da degradação da clorofila e ao acumular-se na corrente sanguínea transforma-se em
agente fotodinâmico. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de fotossensibilização em
uma novilha da raça nelore atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás
(HV/EVZ/UFG). Foi atendida no HV/EVZ/UFG uma novilha nelore com 15 meses de idade. O
proprietário relatou que o animal estava em decúbito esternal e só se levantava quando era
estimulado, sem apetite, ingerindo pouca água e com ausência de ruminação. Também foi
mencionado que os animais passaram por um período de restrição alimentar e de suplementação
mineral, e depois foram colocados em um pasto vedado de Brachiaria sp. Durante o exame
clínico verificou-se que o animal estava caquético, prostrado, em decúbito esternal, hipotérmico,
as mucosas estavam levemente pálidas, havia hipomotilidade ruminal, infestação moderada de
ectoparasitas, lesões de pele nas regiões axilar, dorsal e virilha, aumento de volume bilateral no
osso maxilar e orelhas torcidas. Nos exames laboratoriais foi constatado anemia normocítica
normocrômica, leucocitose por neutrofilia com desvio a esquerda, aumento sérico de AST (263
UI/L), bilirrubina indireta (0,39 mg/dL), GGT (264 UI/L), globulinas (5,9 g/dL) e fibrinogênio (800
mg/dL). O tratamento instituído foi fluidoterapia oral com reposição de eletrólitos (cloreto de
sódio, potássio, cálcio diidratado e propilenoglicol), administração endovenosa de soro fisiológico
com diluição de complexo mineral-vitamínico, e também solução de Ringer® com lactato, uso de
ivermectina pour-on na dose de 1 mL para cada 40 kg de peso vivo em dose única e limpeza e
curativo diário das lesões de pele. Após seis dias de internação o animal apresentou piora do
quadro clínico com taquicardia, hipotermia acentuada (33,5°C) e em decúbito lateral. Pela piora
no estado clínico, optou-se pela eutanásia e posterior necropsia. As principais suspeitas clínicas
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eram fotossensibilização e deficiências minerais. Os achados macroscópicos encontrados foram
caquexia, lesões de pele, atrofia gelatinosa do tecido adiposo, hipóstase do lado direito do
pulmão, coração com discretas petéquias no endocárdio, áreas de ulceração na mucosa do
abomaso, edema na região medular do rim, espessamento da cápsula esplênica e fígado com
pequenas áreas esbranquiçadas multifocais. No exame microscópico os principais achados
foram necrose de hepatócitos, fibroplasia periportal, degeneração e necrose das células epiteliais
tubulares do rim, congestão glomerular, presença de macrófagos espumosos agrupados no
fígado e linfonodos, linfadenite, extensa área de necrose na epiderme, infiltrado inflamatório na
derme associado à presença de grumos bacterianos e hifas, presença de cistos parasitários no
coração, congestão pulmonar, rarefação de polpa branca no baço, hemossiderose. Como
conclusão do exame anatomopatológico, os achados foram compatíveis com fotossensibilização.
Fotossensibilização hepatógena deve entrar no diagnóstico diferencial de lesões cutâneas
quando ocorrem concomitantemente a alterações de enzimas hepáticas, principalmente AST e
GGT. No caso relatado essas alterações levaram a suspeita de fotossensibilização hepatógena,
o que foi confirmada no exame histopatológico.
Palavras-chave: fotossensibilização, novilha, lesões cutâneas.
12. HIPOXEMIA GRAVE APÓS A APLICAÇÃO DE DEXMEDETOMIDINA EM
UM OVINO
Ilan M. Ayer1, Pedro Paulo M. Teixeira1, Luisa P. B. Borges1, Felipe F. P. C. Barros2, Maria
Eduarda B. A. M. Conceição2, Ewaldo de Mattos Junior1
1. Programa de pós-graduação em Ciência Animal, Universidade de Franca, Franca, SP. 2. Programa de
pós-graduação em Cirurgia Veterinária, Unesp, Campus de Jaboticabal, Jaboticabal, SP. E-mail:
ewaldomattos@hotmail.com
Sabe-se que os ovinos são mais sensíveis aos efeitos colaterais dos agonistas alfa 2-
adrenérgicos, principalmente a possibilidade de hipoxemia, sendo inclusive relatado casos de
óbito nessa espécie empregando esses fármacos. A dexmedetomidina é um agonista alfa 2-
adrenérgico com alta seletividade aos alfa 2-adrenorreceptores, desta forma, seus efeitos
sedativos são mais pronunciados e os colaterais menos evidentes. Um ovino, macho, 36 kg, 26
meses de idade, da raça Santa Inês foi encaminhado para a realização de laparoscopia
exploratória. Baseado no exame clínico e laboratorial o animal apresentava condições de higidez.
Como medicação pré-anestésica, optou-se pela dexmedetomidina (0,01 mg/kg) diluída em 3 mL
de solução salina aplicada pela via i.v. (tempo de aplicação de 30 segundos). Após 2 minutos da
aplicação o animal apresentou sedação intensa caracterizada por decúbito lateral e rotação do
globo ocular, concomitantemente bradipnéia e bradicardia. Imediatamente foi coletado sangue
arterial para a verificação dos gases sanguíneos, sendo os resultados: pH: 7,38, PaCO2: 42
mmHg, PaO2: 41 mmHg e SaO2: 75%. Foi instituído oxigenioterapia a 100% via máscara facial
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com fluxo de 2 L/minuto; após 30 minutos da terapia foi realizada nova análise dos gases
sanguíneos constatando pH: 7,14, PaCO2: 60 mmHg, PaO2: 28 mmHg e SaO2: 33%;
imediatamente foi aplicado de sulfato de hidrocortisona (50 mg/kg, i.v.) e realizada radiografia
torácica aonde verificou-se áreas compatíveis com edema nos lobos pulmonares cranial e
caudal, neste momento foi novamente realizada hemogasometria arterial sendo verificados pH:
7,05, PaCO2: 75 mmHg, PaO2: 27 mmHg e SaO2: 25%; durante esse período apresentava
taquipnéia, taquicardia, pressão arterial média de 100 mmHg e decúbito lateral. O animal foi
monitorado por 8 horas e após esse tempo as condições clínicas e laboratoriais estavam dentro
dos limites aceitáveis para a espécie. Devido a sua alta seletividade (relação alfa 2: alfa 1 de
1650:1) a dexmedetomidina destaca-se comparativamente as outras substâncias deste grupo
farmacológico por induzir a potentes efeitos sedativos com mínimos ou ausência de efeitos
colaterais. Na literatura há descrição do emprego experimental deste fármaco em ovinos na dose
de 0,002 mg/kg, i.v., verificando intensa congestão pulmonar, incremento da pressão
microvascular e ruptura de capilares pulmonares, resultando em edema inflamatório. Porém,
utilizada clinicamente também há relatos de doses de 0,005 a 0,015 mg/kg, i.m., sem quaisquer
alterações ventilatórias ou respiratórias. Baseado nessa situação pode-se concluir que a
dexmedetomidina deve ser utilizada com cautela na dose e via descrita neste relato, e que a
funções respiratória e ventilatória devem ser monitoradas, e se necessário, as medidas
terapêuticas instituídas.
Palavras-chave: Agonistas alfa 2-adrenérgicos, Hipóxia, Ovis aires.
13. MULTIRRESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS EM BEZERROS
COM APTIDÃO LEITEIRA – RELATO DE CASO
Lucas Vinícius G. C. Mota1, Thiago N. Marins1, Fabrício M. Alves1, Antônio Dionísio F. Noronha
Filho1, Jéssica A. Silva1, Mayara L. Baylão1, Larissa T. Santana1
1. Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, UFG, Goiânia, GO, Brasil. E-mail:
lucasviniciusgo@hotmail.com
Os problemas sanitários dos bezerros causam impacto negativo no bem-estar animal e na
rentabilidade da atividade leiteira. A resolução de tais problemas em diversos casos é falha
devido a negligência do proprietário, que detecta as enfermidades tardiamente; a inabilidade do
Médico Veterinário responsável em diagnosticar corretamente as doenças e a prescrição
terapêutica incorreta. O uso indiscriminado e a subdosagem de antibióticos promovem a
resistência bacteriana, pois as mesmas continuam a se multiplicarem na presença de fármacos
que deveriam inibir a sua replicação. O presente trabalho tem objetivo de relatar um caso de
diarreia em bezerros e sua complicação devido a multirresistência bacteriana a antibióticos. Foi
solicitada a visita técnica dos residentes do Hospital Veterinário – EVZ/UFG a uma propriedade
rural. A queixa principal era a mortalidade de bezerros, de ambos os sexos, com idades entre
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um dia a três meses. Os animais mais jovens apresentavam diarreia, apatia e anemia e os
animais mais velhos apresentavam timpanismo gasoso e morte. A propriedade não possuía um
programa de acompanhamento de colostragem e banco de colostro para os bezerros. A
desinfecção do umbigo muitas vezes era deficiente, pois a detecção do parto não era feita em
tempo hábil. Os animais que apresentavam diarreia já haviam sido tratados anteriormente com
diferentes antibióticos, como Enrofloxacina, Sulfadoxina, Trimetropin, em doses e frequência
aleatórias. Na propriedade havia o histórico de utilização de outras bases além das citas em
outros casos, sem prescrição e orientação técnica. Durante a visita técnica, observou-se que os
animais doentes eram mantidos no mesmo local que os animais saudáveis. As anormalidades
mais comumente vistas eram artrites, dificuldade de locomoção entre os animais com 3 meses.
Bezerros com menos de um mês apresentavam diarreia de coloração esbranquiçada e outros
apresentavam fezes com coloração avermelhada, sugerindo presença de sangue. No exame
clínico, os achados mais comuns foram taquicardia e palidez da mucosa oral. Nos exames
laboratoriais, os achados mais comuns foram hiperproteinemia (9.4 - 9.6 mg/dL) e esfregaços
sanguíneos positivos para Anaplasma sp.. Nos casos de diarreia foram coletas amostras de
fezes e enviadas para o isolamento bacteriano e posterior realização de antibiograma, para
avaliação da sensibilidade das bactérias aos antibióticos testados. O principal micro-organismo
encontrado foi a Escherichia Coli, que apresentou resistência a 15 diferentes bases antibióticas
e baixa sensibilidade ao Ceftiofur. Através do histórico, achados clínicos e laboratoriais, é
possível inferir que a morte e a convalescência de bezerros na propriedade estavam diretamente
ligadas ao manejo terapêutico estabelecido de forma inadequada, acarretando em prejuízos
econômicos para o produtor rural. Os antimicrobianos são amplamente utilizados na clínica
veterinária e o uso indiscriminado destas drogas contribui com o aumento progressivo da
resistência bacteriana. A resistência aos antibióticos é um sério problema do ponto de vista
clínico e de saúde pública, devido ao tratamento dos animais tornarem seus produtos e derivados
fonte para resistência bacteriana na espécie humana. A origem da resistência pode ser genética
ou não e independente de qual seja a forma de maior importância neste processo, o fato é que
o número de novas bactérias resistentes e patogênicas para os animais e humanos cresce mais
rápido do que a capacidade dos laboratórios e indústrias produzirem novas drogas. Portanto,
conclui-se que o uso indiscriminado de antibióticos no organismo animal, gera resistência, o que
pode acarretar problemas econômicos e sanitários do rebanho e para saúde pública.
Recomenda-se que para amenizar essa situação são necessárias campanhas educativas para
caracterizar e orientar os profissionais de saúde e proprietários para a devida utilização desses
antimicrobianos.
Palavras-chave: bovinos, bezerros, antimicrobianos, resistência.
14. OBSTRUÇÃO DO MEATO URINÁRIO EXTERNO, NEOPERSISTÊNCIA DE
ÚRACO E ROMPIMENTO DE BEXIGA EM BEZERRA
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Luisa P. B. Borges1, Ilan M. Ayer1, Vitor F. Casas1, Alex Roberto de Oliveira1, Lucas F. Pereira1,
Leandro Z. Crivellenti1, Pedro Paulo M. Teixeira1, Larissa F. Magalhães1, Mariana R.
Nascimento1, Geórgia M. Magalhães1, Ewaldo de Mattos Junior1
1. Programa de pós-graduação em Ciência Animal, Universidade de Franca, Franca, SP. E-mail:
luisa_pucci@hotmail.com
Sabe-se que uma das recorrentes e mais relevantes enfermidades em bezerros é a persistência
de úraco, geralmente relacionada à onfalopatias. De acordo com a fisiologia normal, dentre
mudanças anatomofisiológicas ocorridas desde a ruptura do cordão umbilical do ruminante
recém-nascido, leva-se em consideração o fechamento do úraco, pois a urina passa a ser
excretada pela uretra ao invés do úraco, e esse se transforma em ligamento médio da bexiga.
Após o nascimento do bezerro, quando não ocorre o fechamento do úraco, o lúmen se mantém
aberto, causando uma conexão anormal entre o umbigo e a bexiga. A partir dessa abertura há
gotejamento de urina, potencializando riscos de infecções. Uma bezerra da raça Girolando, de
oito dias de idade deu entrada ao Hospital Veterinário da UNIFRAN - Universidade de Franca,
com a suspeita de persistência de úraco. Foi relatado no histórico que o animal não estava
urinando e depois de alguns dias observou-se a urina gotejando pelo umbigo do animal. Foram
solicitados exames complementares laboratoriais nos quais se observou aumentos significativos
nos níveis de ureia, creatinina e fibrinogênio. O paciente foi internado apresentou frequência
cardíaca de 140 batimentos por minuto e temperatura retal de 39,5 ºC, apresentando dor a
palpação abdominal, secreção vaginal espessa e estrias de sangue na urina. Na tentativa de
sondagem uretral observou-se resistência ao introduzí-la. Devido à impossibilidade de introdução
da sonda pela uretra, essa foi inserida pelo úraco persistente. Diante disto, a bezerra foi
submetida a uma vaginouretrocistoscopia, observando uma membrana delgada no meato
urinário externo causando uma obstrução. A membrana foi rompida com facilidade pela bainha
da cistoscópio, permitindo a realização da inspeção da uretra e bexiga. A fim de avaliar o fluxo,
pelo canal de trabalho do cistoscópio, aplicou-se azul de metileno no interior da uretra e bexiga
e coletando-se pela sonda passada no úraco, confirmando normalidade de fluxo na uretra e
persistência de úraco. O paciente foi submetido a um raio-X contrastado da bexiga, no qual se
observou extravasamento do contraste para o peritônio. A abordagem recomendada pela equipe
foi realizar uma laparoscopia exploratória e lavagem peritoneal, no entanto não autorizada pelo
proprietário no momento. O paciente veio a óbito em 24h. No exame de necropsia confirmou-se
persistência de úraco, secreção amarronzada fétida na região do umbigo, cerca de 2L de líquido
turvo purulento na cavidade abdominal, repleta de fibrina, petéquias na serosa intestinal, bexiga
urinária se estendendo até o umbigo, completamente necrosada e rompida. A artéria umbilical
se apresentava com diferente inserção no fígado e ainda havia resistência ao sondar a uretra.
Concluindo que a causa mortis se deu por ruptura da vesícula urinária seguida de peritonite.
Quando há ruptura da vesícula urinária, ocorre subsequente uroperitônio, levando a um quadro
de distensão abdominal e atonia ruminal, podendo ocorrer inapetência e desidratação. Tem-se
então uremia que se estabelece gradativamente e também quadro de leucocitose. Conclui-se
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que o diagnóstico e tratamento requer a laparoscopia exploratória, porém nem sempre é possível
identificar o local da perfuração ou ruptura durante o procedimento.
Palavras-chave: trato genitourinário, bovino, uretra, videoscopia
15. PARÂMETROS HEMOGASOMÉTRICOS DE BEZERROS DA RAÇA
HOLANDESA PRETA E BRANCA NO MOMENTO DO NASCIMENTO
Gabriela N. Dantas1, Bianca Paola Santarosa1, Vitor Hugo dos Santos2, Fernando José Benesi3,
Roberto C. Gonçalves1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. 2. Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Unesp, Botucatu, SP, Brasil. 3. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP, São
Paulo, SP, Brasil. E-mail: gabrielan.dantas@gmail.com
A adaptação à vida extra-uterina é período crítico para o recém-nascido. Inúmeras alterações
ocorrem em diferentes sistemas e órgãos, incluindo a função respiratória e o equilíbrio ácido-
básico. O presente trabalho objetivou constatar a ocorrência de acidose fisiológica em bezerros
recém-nascidos e obter parâmetros gasométricos e ácido-básicos dos mesmos, no momento do
nascimento. Para isso, foram utilizados 50 neonatos bovinos da Raça Holandesa Preta e Branca,
sendo 30 fêmeas e 20 machos oriundos de inseminação artificial e de parto eutócico. Todos os
bezerros utilizados foram classificados como hígidos através de exame físico e escore Apgar.
Os animais foram acompanhados clinicamente no primeiro mês de vida e mantiveram-se
saudáveis durante este período. Amostras de sangue venoso provenientes da veia jugular
externa foram coletadas imediatamente após o nascimento com auxílio de seringa de 1mL
previamente heparinizada e agulha 30X7. A avaliação hemogasométrica foi processada logo
após a coleta, em aparelho portátil analisador de pH, eletrólitos e gases sanguíneos (I-STAT®,
Abbott Laboratories, Illinois, EUA), com correção individual de temperatura. Foram utilizados
cartuchos CG7+ (I-STAT®) para mensuração de pH, pressões parciais de dióxido de carbono
(PCO2) e oxigênio (PO2), excesso de bases (EB), bicarbonato (HCO3), saturação de oxigênio
(SO2), sódio (Na), potássio (K) e cálcio (Ca). As médias e desvios-padrão obtidos foram:
pH=7,22±0,06; PCO2=63,79±6,13; PO2=24,68±6,27; EB=-1,64±4,29; HCO3=25,56±3,50;
SO2=26,84±10,26; Na=140,42±2,82; K=4,16±0,46 e Ca=1,08±0,45. Não foi observada diferença
estatística entre os sexos. Confrontando os dados obtidos neste trabalho com os já existentes
em literatura (Lisbôa et al., 2002; Radostitis et al., 2007; Carlson & Bruss, 2008; Freitas, 2009),
constatou-se que os valores médios de HCO3, Na e K encontraram-se dentro dos parâmetros
estabelecidos para a espécie. Observou-se diminuição do pH sanguíneo destes neonatos
associada a valores elevados de PCO2 (e diminuídos de PO2 e SO2), caracterizando quadro de
acidose respiratória. Tais resultados reforçam as evidências de que o estado de acidose exibido
ao nascimento é fisiológico e reflete a adaptação do neonato ao ambiente extra-uterino, onde o
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estabelecimento de função respiratória eficiente é primordial. Em Neonatologia Veterinária,
alguns dados ainda são escassos e o presente trabalho pode contribuir com o estabelecimento
de parâmetros hemogasométricos de bezerros da Raça Holandesa Preta e Branca saudáveis no
momento do nascimento, sendo esta mais uma ferramenta disponível para o clínico realizar
diagnóstico precoce e minucioso de desordens de adaptação neonatal.
Palavras-chave: Bovino, Hemogasometria, Neonatologia.
Agradecimentos: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e
Fazenda Agrindus.
16. PITIOSE EM BOVINO NO SUDOESTE PAULISTA: RELATO DE CASO
Bianca Paola Santarosa1, Danilo Otávio L. Ferreira1, Vinícius G. Pinheiro2, Caio Fernando M.
Gimenez1, Noeme S. Rocha1, Celso Antônio Rodrigues3, Roberto C. Gonçalves1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. 2. Departamento de Farmacologia, Instituto de Biociências (IBB), Unesp, Botucatu, SP, Brasil.
3. Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: biancasantarosavet@gmail.com
Pitiose é uma doença crônica ulcerativa que afeta principalmente equinos em áreas tropicais,
causada pelo oomiceto Pythium insidiosum. São conhecidos quatro relatos da doença na espécie
bovina. No Brasil há um relato da doença de forma esporádica afetando poucos animais no
Pantanal Matogrossense, e um surto na região Oeste do Rio Grande do Sul, afetando 76 animais,
porém nenhum caso tinha sido descrito no estado de São Paulo. Nos bovinos as lesões
ulcerativas localizam-se na região inferior dos membros e abdome, assim como nos equinos,
porém são mais secas e sem a formação de kunkers. Diferentemente dos equídeos, os bovinos
aparentemente não apresentam prurido. O presente trabalho descreve os achados clínicos e
histopatológicos de um caso de Pitiose em bovino, com oito meses de idade, mestiço da raça
Angus, criado extensivamente sob pastagem de Brachiaria brizantha e Mombaça (Panicum
maximum), em propriedade rural localizada no município de Pirajú-SP. A queixa principal do
proprietário era lesões ulceradas no membro posterior esquerdo. Ao exame clínico o animal
apresentava bom escore corporal, mucosas róseas, e os demais parâmetros vitais dentro da
normalidade. Realizou-se biopsia no local da lesão no membro posterior esquerdo, e a amostra
foi acondicionada em frasco com solução de formalina tamponada 10%. O material foi
encaminhado para histopatologia ao Serviço de Patologia Veterinária da FMVZ/UNESP,
Botucatu, SP. A avaliação histopatológica revelou intensa proliferação de eosinófilos e neutrófilos
íntegros e degenerados, e discreta quantidade de macrófagos, estendendo-se pela derme
superficial, por vezes arranjados em granulomas e piogranulomas. Notou-se áreas multifocais
de discreta quantidade de linfócitos e plasmócitos. Associada às células inflamatórias, verificou-
se estruturas alongadas não-coradas, sugestivas de hifas. Na epiderme, visualizou-se
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hiperqueratose, edema intenso, e áreas com presença de agregados bacterianos. Observaram-
se áreas multifocais de discreta hemorragia, hemossiderose e de congestão, além de uma área
focal de perifoliculite. Na técnica de Grocott, foram observadas hifas pelo fragmento,
principalmente no centro dos granulomas, porém as hifas não se coraram pela técnica do ácido
peródico de Schiff (PAS). Segundo a literatura, acredita-se que as hifas não se corem pelo PAS,
pois a parede celular dos oomicetos não contém quitina. Portanto tratou-se de dermatite
piogranulomatosa eosinofílica, compatível com Pitiose. O animal foi tratado com Iodeto de
potássio, via oral, adicionado à ração, durante 30 dias e houve melhora significativa da lesão.
Apesar disso, sabe-se que em bovinos as lesões regridem sem tratamento, diferentemente dos
equinos. Embora seja uma doença pouco vista nas propriedades paulistas, deve-se considerar
um diagnóstico diferencial em lesões ulcerativas.
Palavras-chave: bovinos; estado de São Paulo; histopatologia; Pitiose.
17. PROCEDIMENTOS CLÍNICOS COM IMPACTOS POSITIVOS NO BEM-
ESTAR DE BOVINOS LEITEIROS
Wilmar S. Marçal1, Alexandre L. Blanco1, Juliane Moreira1, Licia Maria S. Lavor1, Mariana N.
Bonin1
1. Departamento de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, Pr. Brasil.
E-mail: wilmar@uel.br
Nos procedimentos clínicos realizados por docentes e alunos do Hospital Veterinário da
Universidade Estadual de Londrina (HV-UEL), em propriedades rurais da região metropolitana,
sempre existiram bovinos naturalmente enfermos, necessitando de tratamento. Assim, desde
2012, os atendimentos estão sendo executados, também, com critérios de manejo racional,
obedecendo-se o comportamento e bem-estar dos animais, com medicações de reduzido
impacto, evitando-se estresse e acidentes. Dois tratamentos tornaram-se rotineiros nesse
exercício. O primeiro refere-se ao combate aos parasitas. Com formulações comerciais
modernas, somente a versão pour on foi utilizada contra os carrapatos, bernes, vermes e
moscas. A aplicação foi padronizada, abordando os animais pelo lado esquerdo, fluindo o
produto da esquerda para a direita, correlacionando a uma “naturalidade grafológica”. Isso
permitiu distribuição uniforme, com destreza de manuseio pelo melhor aproveitamento da função
motora e cognitiva de cada indivíduo aplicador. Por essa técnica foram medicados 148 bovinos
adultos, com dose calculada pelo peso, havendo praticidade e rapidez no procedimento, sem
reações abruptas dos animais. Em contraponto, por via subcutânea, por exemplo, seria comum
os bovinos apresentarem reações de defesa, com movimentos bruscos, coices e acidentes
dentro do brete ou tronco de contenção. Outro procedimento utilizado foi a fluidoterapia de
suporte por via intraperitoneal, ao invés da aplicação intravenosa. Sabe-se que, as injeções na
veia jugular do bovino, podem causar flebites, desconforto ao animal, alterações
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comportamentais sofríveis, com manifestação de respostas agressivas, meneios de cabeça e,
consequentemente, exposição a riscos de acidentes ao próprio animal, bem como ao médico
veterinário. Para esta técnica foi considerada a casuística natural, não experimental, de animais
enfermos em diferentes circunstâncias. A infusão intraperitoneal foi realizada em 108 bovinos,
fêmeas, de 9 propriedades rurais, raça Girolando, idade entre 30 e 56 meses de vida e peso
médio de 380 kg. As vacas apresentavam mastite, retenção de secundinas, dermatofitose,
dermatofilose, emaciação, filariose ou situações que requeriam terapia de suporte. Conforme o
peso dos animais, as infusões, em fluxo contínuo de máxima velocidade, foram realizadas com
soluções cristaloides (ringer com lactato, solução fisiológica e solução glicosada a 5%), em
volumes de 2 a 5 litros, acrescidas de complexos vitamínicos como B1 e B12 (20 a 40 mL),
hepatoprotetores (100 a 200 mL), borogluconato de cálcio (100 a 500 mL), glicose 50% (50 a
100 mL) e iodeto de sódio (20 a 40 mL). Com contenção simples, o acesso intraperitoneal, se
deu pela fossa paralombar direita, utilizando-se agulhas comercias em equipo simples, após
antissepsia com álcool 70%, sem tricotomia. O tempo médio gasto para cada 1.000 mL de
solução foi de 21 minutos, sem arritmias cardíacas ou edemas pulmonares. Após 15 dias os
animais foram avaliados novamente, sem formação de abscessos, nem miíases na região
perfurada, nem tão pouco peritonites. Ambas as metodologias mostraram-se interessantes aos
preceitos atuais de bem-estar animal. Nos procedimentos clínicos implantados e realizados,
ficaram patentes as observações de que houve pouca necessidade de contenção física forçada
dos bovinos; redução do tempo de manipulação dos medicamentos; mínima oportunidade de
reações de fuga do animal, expondo a acidentes; administrações e inoculações atraumáticas e
maior ganho de tempo nos procedimentos, otimizando a rotina da lida nas propriedades rurais.
Palavras-chave: bovinos, enfermidades, bem-estar, terapêutica.
18. PRODUÇÃO DE LEITE DE BORREGAS PRIMÍPARAS SUBMETIDAS A
DIETAS PARA BAIXA E ALTA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO NA RECRIA
Letícia Lie Kiyonaga1, Edson R. Siqueira1, Simone Fernandes1, Ariane Dantas1, Natalia M. Aono1,
Aline A. Oliveira1, Maria Fernanda C. Silva1
1. Departamento de Produção Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. E-mail: dantas.vet@gmail.com
O fornecimento de um aporte nutricional inadequado a fêmeas, especialmente durante a
peripuberdade, pode comprometer o desenvolvimento da glândula mamária e,
consequentemente, a produção de leite. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o
efeito da nutrição no desenvolvimento corporal e na produção de leite em borregas primíparas.
Foram utilizadas 12 cordeiras da raça Bergamácia, mantidas confinadas desde a desmama (30
dias de idade) até o final da primeira lactação. Os animais foram divididos em dois grupos
experimentais (n=6), de acordo com a dieta fornecida: Baixo (dieta formulada para promoção de
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ganho de peso médio diário de 180g, proporção volumoso:concentrado de 20:80) e Alto (dieta
elaborada para obtenção de ganho de peso médio diário de 300g, proporção
volumoso:concentrado de 80:20). O peso médio das cordeiras, ao início do experimento, foi de
14,95 kg para o tratamento Baixo e 13,90 kg para o Alto. As dietas experimentais foram
fornecidas até a entrada das borregas em ordenha, no 31º dia pós-parto, já que seus respectivos
cordeiros foram desmamados com 30 dias de idade. Todas foram de parto simples e tinham,
aproximadamente, dois anos de idade no início da lactação. No período de ordenha, que durou
dois meses, foi fornecida a mesma dieta aos dois grupos experimentais, formulada, segundo o
NRC (2007), para atender as exigências nutricionais da fase de lactação. As borregas foram
ordenhadas mecanicamente, uma vez ao dia, no período da manhã. Foram pesadas (kg) a cada
14 dias, a partir do início da ordenha até o final da lactação, ou seja, durante dois meses, o que
resultou em quatro aferições. A produção de leite (kg) foi mensurada diariamente durante o
primeiro mês de ordenha, o que correspondeu ao segundo mês de lactação das fêmeas. Os
dados foram avaliados em delineamento inteiramente casualizado, utilizando-se a análise de
variância e teste de Tukey, para as diferenças entre médias (P<0,05). Os animais apresentaram
peso médio corporal de 71,33 kg no tratamento Baixo e 75,81 kg no Alto. A produção média de
leite foi de 0,485 kg/dia e 0,576 kg/dia para os tratamentos Baixo e Alto, respectivamente. Como
não houve diferença para nenhuma das variáveis (P>0,05), a dieta formulada para promoção de
menor ganho de peso médio diário (180g) pode ser mais interessante, pois sugere um menor
custo de produção para cordeiras confinadas durante a fase de crescimento e gestação.
Palavras-chave: desempenho, lactação, nutrição, ovino.
19. PROJETO RURALIDADE: PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CLÍNICA DE
RUMINANTES
Wilmar S. Marçal1, Alexandre L. Blanco1, Juliane Moreira1, Licia Maria S. Lavor1, Mariana N.
Bonin1
1. Departamento de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, Pr. Brasil.
E-mail: wilmar@uel.br
O atendimento clínico de animais ruminantes no Hospital Veterinário (HV) da Universidade
Estadual de Londrina (UEL) diminuiu expressivamente desde a última década, pois o
crescimento urbano no entorno migrou os pequenos produtores para outras localidades. Essa
situação originou um problema pedagógico no Curso de Medicina Veterinária, especificamente
na Clínica Médica de Grandes Animais, pois a casuística fazia parte das aulas práticas. Houve,
então, necessidade de repensar os atendimentos, para que o corpo discente encontrasse
oportunidade e motivação no eixo vocacional com animais ruminantes. Em outro viés, a
quantidade de animais de companhia aumentou geometricamente no HV-UEL e, naturalmente,
pela oferta e disponibilidade, o número de alunos nas atividades com cães e gatos foram
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crescendo cada vez mais. Assim, desmotivados e sem a perspectiva de atuar com atividades
práticas, o corpo discente manifestava desinteresse em monitorias, estágios voluntários, cursos
de extensão e outras atividades extracurriculares em animais de produção. Além disso, os
alunos, no âmbito hospitalar, vivenciavam somente casos pontuais em equinos, a maioria feridas
crônicas, induzindo somente a prática de enfermagem ambulatorial, causando, assim, a total
ausência de conhecimentos da propedêutica clínica no aprendizado. Desafiados, então, pela
premência do treinamento prático, tal situação motivou alguns professores a buscar alternativas
para suprir, de modo pedagógico, a necessidade de atividades e aulas-práticas extramuros,
possibilitando exercícios reais e aquecendo a motivação pela vocação em animais ruminantes.
Assim nasceu o PROJETO RURALIDADE. Encontrou-se nas pequenas propriedades rurais da
região metropolitana de Londrina, o cenário ideal para incrementar os exercícios práticos,
suprindo a carga horária em clínica médica de ruminantes e reaquecendo o espírito vocacional
discente. Com metodologia simples, planejamento com parcerias e consulta gratuita subsidiada,
aumentaram-se os atendimentos itinerantes, permitindo aos professores e alunos mais casos
clínicos. Assim o PROJETO RURALIDADE foi ampliando seu raio de ação e a oferta de
casuística aumentou naturalmente. A UEL disponibilizou micro-ônibus para os deslocamentos
semanais e os laboratórios fabricantes de medicamentos e produtos veterinários realizaram
doações com frequência de fluxo. Nos primeiros quatro anos, os alunos tiveram contato direto
com a realidade loco-regional e significativo número de bovinos, ovinos e caprinos enfermos para
atuação de diagnóstico, prognóstico, terapêutica e observação de condutas profissionais.
Durante o período desse exercício didático foram atendidos 672 bovinos, de 22 propriedades
rurais diferentes, localizadas num raio de até 60 km da UEL. Nesta espécie, os 338 alunos
participantes, com supervisão docente direta, observaram e atuaram em casos de papilomatose,
retenção de secundinas, mastite, indigestões de diferentes etiologias, retículo pericardite
traumática, pododermatites, enfermidades metabólicas, traumas, entre outros. Atividades não
emergenciais também serviram de aprendizado aos alunos, como mochações, desverminação,
vacinação, diagnóstico de gestação, curativos, colheita de material biológico para exames
laboratoriais, entre outras. Nos ovinos (n = 48) e caprinos (n = 36), os alunos vivenciaram
problemas de casco, verminose, mastite, ceratoconjuntivite infecciosa, deficiência mineral e
nutricional, além de conhecerem instalações rurais e técnicas de manejo diferenciadas para as
duas espécies.
Palavras-chave: bovinos, casuística, clínica, diagnóstico, tratamento.
20. RESISTÊNCIA DE Dermatobia hominis A IVERMECTINA
José Henrique Neves1, Nadino Carvalho1, Alessandro Francisco T. Amarante2
1. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP. 2. Departamento de
Parasitologia do Instituto de Biociências de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP. E-mail:
nevesjh@fmvz.unesp.br
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Dermatobia hominis é um ectoparasita que acomete várias espécies de animais, como por
exemplo, suínos, caprinos, cães, felinos, homem, ovinos, coelhos e raramente os equinos. A
mosca é encontrada desde a região sul da América do Norte até a região sul da Argentina. No
Brasil, D. hominis foi descrita nos seguintes estados: Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa
Catarina e São Paulo. A grande importância do parasitismo se deve à depreciação na qualidade
do couro de bovinos e ao fato do parasita ocorrer também em humanos. Atualmente, o couro
brasileiro é o segundo maior produto de exportação da bovinocultura brasileira. No entanto, cerca
de 40% do couro produzido no Brasil é desclassificado por lesões causadas por ectoparasitas,
sendo que 89% do couro proveniente dos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro
e São Paulo, apresentam perfurações causadas por D. hominis. Os endo e ectoparasitas de
bovinos no Brasil são controlados com a administração de produtos químicos, principalmente os
endectocidas pertencentes à classe das lactonas macrocíclicas. No entanto, têm sido frequentes
os relatos de ineficácia das lactonas macrocíclicas para o controle de helmintos, Rhipicephalus
microplus e Cochliomyia hominivorax. Este fato motivou a avaliação da eficácia da ivermectina e
moxidectina em bovinos parasitados por D. hominis em duas propriedades: uma situada no
município de Pardinho, e outra no município Anhembi, ambas no estado de São Paulo, Brasil,
nos meses de fevereiro e março de 2013. Os animais da fazenda de Pardinho eram da raça
holandesa, fêmeas, com idade média (± desvio padrão) de 12.05±3.92. Os animais da fazenda
de Anhembi eram da raça Nelore, machos, com idade média (± desvio padrão) de 8.26±0.66. Os
animais foram pesados e separados em lotes de 10 animais cada, com o objetivo de avaliar a
eficácia dos endectocidas. Os grupos foram: Grupo 1 – tratado com ivermectina injetável (0.2
mg/kg de peso vivo (p.v.), Ivomec®, Merial, Brasil); Grupo 2 - tratado com moxidectina injetável
(0.2 mg/kg/p.v., Cydectin®, Fort Dodge, Brasil); Grupo 3 - controle (não tratado). Dez dias após
a administração dos fármacos, os animais foram imobilizados em tronco de contenção, para a
realização da inspeção visual e palpação, de todos os nódulos localizados em toda a extensão
do corpo do animal. Dos nódulos as larvas de D. hominis foram extraídas manualmente,
verificando-se se as mesmas estavam vivas. A eficácia dos produtos foi calculada de acordo com
a seguinte fórmula: 100 x [(C-T)/C], sendo T = a média da contagem das larvas do grupo tratado
e C = a média da contagem das larvas do grupo controle. Para ser considerado eficaz, o
endectocida deve apresentar redução ≥ 90% na contagem de larvas de D. hominis, em relação
ao grupo controle. A eficácia da ivermectina e da moxidectina na propriedade Pardinho foi nula,
ou seja, a contagem de larvas viáveis recuperadas após a administração de ivermectina e
moxidectina foi maior que no grupo controle. Na propriedade de Anhembi, obteve-se redução de
67% e 33% na contagem de D. hominis após a administração de ivermectina e moxidectina,
respectivamente, em relação ao grupo controle. A eficácia da ivermectina em bovinos
parasitados por D. hominis é usualmente elevada com relatos de 100% de eficácia. Portanto, no
presente estudo, registrou-se pela primeira vez a presença de D. hominis com resistência à
ivermectina. A moxidectina também não foi eficaz para o controle de D. hominis. No entanto, este
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fármaco é recomendado apenas para o controle de Hypoderma sp., parasita este que não é
encontrado no Brasil. Como conclusão, descreve-se pela primeira vez a resistência de
Dermatobia hominis a uma lactona macrocíclica (ivermectina).
Palavras-chave: Eficácia, ruminantes, bezerros.
Agradecimento: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela concessão de bolsa de mestrado.
21. RESPOSTA DO PESO VIVO E METABÓLICO DE DIFERENTES
CATEGORIAS DE BUBALINOS CRIADOS SOB CONDIÇÕES AMBIENTAIS
DE BOTUCATU, SÃO PAULO
Ariane Dantas1, Eunice Oba1, Alcides A. Ramos2, André M. Jorge2, Mariana F. Zorzetto1, Aline
S. Camargo1
1. Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Unesp, Botucatu, SP, Brasil. 2. Departamento de Produção Animal - Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: dantas.vet@gmail.com
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho ponderal de búfalas da raça Murrah lactantes,
gestantes, púberes e em crescimento durante diferentes estações do ano no município de
Botucatu. 24 fêmeas foram divididas em 4 categorias (n= 6) de acordo com a idade (meses): 36-
48 (categoria 1), 24-36 (categoria 2), 12-24 (categoria 3) e 0-12 (categoria 4), avaliadas na
primavera, verão, outono e inverno (ano de 2013). Os animais foram mantidos em piquete
constituído por Brachiaria brizantha cv. Xaraés e manejados sob pastejo rotacionado. A cada 28
dias, os animais foram pesados, determinando o peso vivo (PV) e metabólico (PM) em kg. PM
foi calculado pela fórmula PM= PV0,75. Os dados das 4 categorias nas 4 estações do ano e suas
interações foram analisados pelo procedimento GLM SAS e as diferenças entre as médias foram
determinadas pelo teste t (P<0,05). Houve diferença significativa no PV e PM nas categorias e
estações: 475,19; 541,97; 518,33; 485,05 e 101,74; 112,25; 108,56; 103,30 (categoria 1), 461,41;
507,19; 390,75; 421,83 e 99,46; 106,81; 87,81; 93,00 (categoria 2), 307,21; 349,66; 247,71,
275,23 e 73,17; 80,75; 62,28; 67,43 (categorias 3) e 161,72; 194,02; 58,97; 123,63 e 45,27;
51,86; 21,12; 36,91 (categoria 4). A redução de PV e PM provavelmente ocorreu pelo efeito das
condições climáticas na disponibilidade e qualidade das pastagens. As categorias 3 e 4 foram as
que mais sentiram os efeitos adversos do ambiente, sugerindo a necessidade de utilização de
uma estratégia de suplementação alimentar, visando à melhoria do desempenho do sistema de
produção.
Palavra-chave: desempenho ponderal, búfalas, variações climáticas
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
22. SOROPREVALÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-LEPTOSPIRA SPP EM
AMOSTRAS DE SORO DE BOVINOS DO RIO GRANDE DO SUL
Joeleni Rosa dos Santos1, Noelle C. Barrosa1, Benedito Donizete Menozzi1, Giulia S. Latosinski1,
Talita G. S. Batista1, Samea F. Joaquim1, Raissa S. Sartori1, Thamillys Rayssa M. Monteiro1,
Helio Langoni1
1.Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: hlangoni@fmvz.unesp.br
A leptospirose é uma doença infecto-contagiosa que acomete animais e humanos, causada por
bactérias do gênero Leptospira spp. Nos bovinos, é responsável por prejuízos econômicos,
decorrentes de transtornos reprodutivos, como infertilidade, aborto, nascimento de bezerros
fracos e diminuição da produção leiteira, além dos problemas relacionados à saúde pública. Sua
disseminação na criação é caracterizada principalmente pela existência de animais portadores
assintomáticos que eliminam o micro-organismo por períodos variáveis pela urina, mantendo a
doença endêmica na propriedade. No Brasil, a soroprevalência da leptospirose em rebanhos
varia de 74% a 100% e os inquéritos sorológicos evidenciam como mais frequentes, os sorovares
Hardjo, Wolffi, Pomona, Grippotyphosa, Icterohaemorrhagiae e Canicola, sendo mais prevalente
o sorovar Hardjo, que possui os bovinos como hospedeiros primários em sua manutenção.
Surtos com quadros agudos, geralmente estão associados à infecção pelos sorovares
produtores de hemolisina como Pomona, Grippotyphosa, Icterohaemorrhagiae e Autumnalis. O
sorovar Hardjo, na maioria das infecções têm quadro subclínico, entretanto é causador de
abortos. O presente estudo teve como objetivo avaliar a soroprevalência de anticorpos anti-
Leptospira spp, em amostras de soro de bovinos provenientes de diferentes propriedades do
estado do Rio Grande do Sul, enviadas para diagnóstico no Serviço de Diagnóstico de Zoonoses
(FMVZ-UNESP) Botucatu-SP. Para tanto foram utilizadas 1129 amostras de soro de bovinos de
ambos os sexos, de diferentes idades e raças, recebidas no período de março à julho de 2015.
Foi utilizada a técnica de Soroaglutinação Microscopica (SAM). Inicialmente realizou-se a prova
de triagem para os seguintes sorovares: Pomona; Pyrogenes; Hardjo; Hardjoprajitno;
Hardjominiswajizak; Hardjo C.T.G.; Hardjobovis; Wolffi; Tarassovi; Guaricura; Bratislava;
Castellonis; Canicola; Djasiman; Grippotyphosa; Copenhageni; Icterohaemorraghiae. Foram
consideradas reagentes as amostras que apresentaram 50% ou mais de aglutinação e nesse
caso foram submetidas a titulação, considerando-se como positivas a partir do título de 100 para
os respectivos sorovares. Seguindo as normas do Manual de Leptospirose (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1995), no caso de a amostra reagir para mais de um sorovar, somente o sorovar com
título mais elevado foi considerado o agente infectante, sendo as demais reações consideradas
como coaglutinação ou reação cruzada. Como resultado, das 1129 amostras, 247 (21,9%)
apresentaram reação positiva. Entre estas, 114 (47%) correspondem ao sorovar Hardjoprajitno,
66 (26,7%) para o Hardjo C.T.G, 26 (10,5%) para o Pomona, 26 (10,5%) para o Grippotyphosa,
12 (4,9%) para o Wolffi e 1 amostra (0,4%) para cada sorovar seguinte: Hardjo, Bratislava e
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Guaricura. Duas estirpes do sorovar Hardjo, sorologicamente idênticas, mas geneticamente
distintas, são aceitas, Leptospira interrogans sorovar Hardjo estirpe Hardjo prajitno e Leptospira
borgpetersenii sorovar Hardjo estirpe Hardjobovis. A estirpe Hardjoprajitno é comum em
populações de bovinos de muitas regiões do mundo e foi isolada primeiramente no Reino Unido.
Em semelhança ao presente estudo, outros levantamentos em diferentes regiões do Brasil,
confirmaram a sorovariedade Hardjoprajitno como principal responsável por problemas
reprodutivos em bovinos, apresentando como fatores de risco mais importantes para sua
disseminação, a presença de suínos na mesma propriedade, assim como a compra de animais
reprodutores para o rebanho, sem comprovação sorológica de negatividade. Conclui-se,
portanto, que medidas sanitárias inadequadas representam o maior fator de risco para a
disseminação e manutenção da leptospirose em rebanhos.
Palavras-chave: Leptospirose; Bovinocultura; Sorovar Hardjo
23. SURTO DE ANAPLASMOSE EM NOVILHAS DA RAÇA GIROLANDO –
RELATO DE CASO
Thiago N. Marins1, Fabrício M. Alves1, Antônio Dionísio F. Noronha Filho1, Jéssica A. Silva1,
Mayara L. Baylão1, Lucas Vinícius G. C. Mota1, Larissa T. Santana1
1. Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, UFG, Goiânia, GO, Brasil. E-mail:
lucasviniciusgo@hotmail.com
Os problemas sanitários causam impacto negativo no bem-estar e na rentabilidade da atividade
leiteira. Dentre as várias enfermidades que comprometem a bovinocultura em países de clima
tropical e subtropical destaca-se a anaplasmose bovina, devido aos grandes prejuízos
econômicos, decorrentes de altos índices de morbidade e mortalidade, redução na produção e
reprodução, além dos altos custos com tratamentos e profilaxia. A anaplasmose possui caráter
infeccioso e é causada pela rickéttsia intra-eritrocitária Anaplasma marginale, que possui
transmissão biológica principalmente pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Sendo
assim, a situação epidemiológica está relacionada diretamente com a presença do vetor, que em
casos de ausência ou falhas no controle do carrapato podem ocorrer surtos com elevadas
morbidade e mortalidade. O presente trabalho tem como objetivo relatar um surto de
anaplasmose bovina em novilhas leiteiras. Foi realizado pelo HV/EVZ/UFG o atendimento clínico
em uma propriedade no município de Silvânia – GO. O proprietário relatou a morte de 18 bovinos,
raça Girolando, fêmeas, 10 meses de idade, pertencentes do mesmo lote, além disso, revelou
que os animais não tinham problemas com ectoparasitas e que a morte iniciou quando
introduzidos em um piquete com alta infestação de carrapatos. Os sinais observados antes dos
óbitos foram mucosas anêmicas, prostração, perda de peso, evolução para o decúbito e morte
dos animais. Durante a visita técnica, observou-se que os animais enfermos desse mesmo lote
possuíam infestação grave por carrapatos, e foram avaliados 4 animais. No exame físico
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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apresentavam-se apáticos, com mucosa ictérica ou pálida, desidratação leve e ausência de
febre. Nos exames laboratoriais observou-se anemia normocítica normocrômica, diminuição do
hematócrito, elevação dos níveis de AST e GGT, hiperfibrinogenêmia e presença de Anaplasma
marginale no esfregaço sanguíneo. Diante desse quadro, foi preconizada a aplicação de
dipropionato de imidocarb (2,4 mg/kg – dose única) e o controle dos ectoparasitas com banho
carrapaticida. Os resultados obtidos após a realização do protocolo terapêutico foram favoráveis,
resultando na recuperação dos animais e ausência de novos casos. De acordo com o relato do
proprietário, achados clínicos e estudo epidemiológico do caso, pôde-se realizar o diagnóstico
presuntivo no momento do atendimento, no entanto os exames laboratoriais como o exame
direto, por meio de esfregaços sanguíneos, foram indispensáveis para o diagnóstico clínico
definitivo, sendo esse um dos principais métodos de diagnóstico. Apesar de a propriedade estar
localizada em área de estabilidade enzoótica (endêmica), caracterizada pela constante
exposição aos carrapatos e desenvolvimento de imunidade aos animais mais velhos, ficou
evidente que devido à forma de controle dos vetores anteriormente realizada no lote, os animais
não foram desafiados ao agente, portanto, comportando-se de forma característica de áreas de
instabilidade enzoótica (epidêmicas), pois no momento em que foram expostos aos piquetes com
severa infestação de carrapatos, ocorreu o surto com elevada morbidade e mortalidade. Conclui-
se, diante do caso relatado, a evidente importância do estudo clínico, diagnóstico e
epidemiológico da enfermidade, possibilitando assim a adoção adequada de medidas profiláticas
e terapêuticas, a fim de evitar altos índices de morbidade e mortalidade, o que acarretará bem-
estar aos animais e maior rentabilidade da atividade.
Palavras-chave: bovinos, novilhas, anaplasmose, Anaplasma marginale, surto.
24. SURTO DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO HEPATÓGENA EM CORDEIROS
RECÉM DESMAMADOS NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE GOIÁS-GO
Jéssica A. Silva1, Antônio Dionísio F. Noronha Filho1, Paulo Henrique J. Cunha1, Cairo Henrique
S. Oliveira1, Mayara L. Baylão1, Fabrício M. Alves1, Luciana C. Bessa1, Thiago N. Marins1, Lucas
Vinícius G. C. Mota1
1. Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, UFG, Goiânia, GO, Brasil. E-mail:
jj.syy@hotmail.com
Forrageiras do gênero Brachiaria spp são as mais importantes na produção de ovinos, no Brasil
Central. No entanto, em certas épocas ou em condições específicas podem ser tóxicas e levar a
surtos de fotossensibilização hepatógena, causando significativas perdas econômicas. A
intoxicação ocorre porque essas forrageiras possuem protodioscinas, saponinas que quando
metabolizadas no trato digestório dos animais, dão origem às sapogeninas epismilagenina e
episarsasapogenina. Essas saponinas levam à formação de material cristalóide em ductos
biliares e interferência no metabolismo de hepatócitos. Essas alterações promovem a obstrução
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dos ductos biliares, seguida de acúmulo de filoeritrina na circulação e nos tecidos, causando
fotossensibilização. O objetivo deste trabalho é relatar um surto de fotossensibilização em ovinos
no Município de Santo Antônio de Goiás- Goiás. Foi atendida no mês de Julho de 2015, uma
propriedade criadora de ovinos da raça Santa Inês. A queixa era que os animais ficavam fracos,
não ganhavam peso e alguns apresentavam lesões de pele, principalmente nas orelhas,
deixando-as curvadas. O curso da doença era de aproximadamente duas semanas até a morte
do animal. Durante a visita técnica foi observado que os animais acometidos eram cordeiros
recém desmamados introduzidos em um piquete de B. decumbens. No dia da visita técnica, três
animais apresentavam os sinais descritos. Os cordeiros apresentavam secreção serosa nasal e
ocular, ruído respiratório áspero à auscultação, emagrecimento e fezes amolecidas. Dois dos
animais apresentavam lesões de pele circunscritas, ulceradas e com crosta, na lateral da coxa,
na cabeça e principalmente nas orelhas. Após o exame físico, foram colhidas amostras de
sangue para hemograma e provas bioquímicas (AST, GGT, Bilirrubinas, Creatinina, Proteínas
Séricas Totais, Albumina, Globulina e Uréia). Dois dos animais apresentavam leucocitose com
desvio a esquerda (B1: 17.200; B3: 23.900, Ref: 4.000 à 12.000 Leuc/mm3). Todos os animais
apresentaram elevado nível sérico de GGT (B1: 280; B2: 348; B3:125; Ref: 20-52 UI/L) e um
deles apresentava aumento sérico de AST (B2: 392, Ref: 60-280 UI/L). Um dos animais
apresentava hiperbilirrubinemia indireta (B2: 0,23; Ref: 0,0-0,12 mg/dl). As lesões de pele
encontradas são descritas na literatura como consequência da fotossensibilização hepatógena.
No entanto, animais mais susceptíveis à intoxicação podem morrer devido à insuficiência
hepática antes do aparecimento de lesões. A secreção ocular e nasal observada nos animais é
relatada em 40% dos casos de intoxicação natural por Brachiaria decumbens. A leucocitose
encontrada nos animais do presente caso pode estar relacionada ao processo inflamatório
gerado pela redução ou obstrução dos canalículos hepáticos impedindo a eliminação da bile pelo
colédoco. Alguns animais apresentaram aumento de GGT e AST ainda dentro dos níveis
esperados, mas estudos mostram que a elevação das atividades séricas de GGT geralmente
inicia-se a partir do 7º dia após a intoxicação, e a de AST a partir do 18º dia. Animais que se
alimentam em pastos de Brachiaria spp. naturalmente apresentam macrófagos espumosos
isolados ou agrupados, além de cristais no interior de ductos biliares. No entanto, existem
medidas que podem diminuir os efeitos da intoxicação, como a adaptação dos cordeiros recém
desmamados antes da inserção destes em uma forragem com alta concentração de saponinas.
Para os animais doentes, foi recomendado que a exposição ao sol fosse restringida, que fossem
colocados em um piquete de Tifton, presente na propriedade, e que as lesões fossem curadas
diariamente. A fotossensibilização por Brachiaria pode levar cordeiros a morte antes de lesões
cutâneas extensas. No entanto sinais precoces como epífora ou lesões cutâneas discretas na
orelha permitem a suspeita da doença em ovinos. A bioquímica sérica permite o diagnóstico
precoce antes da ocorrência de lesões cutâneas extensas naqueles animais mantidos em pastos
de braquiária.
Palavras Chave: Intoxicação, ovinos, Brachiaria
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25. ÚLCERA DE SOLA EM BOVINOS – RELATO DE CASO
Juliane Moreira1, Arnaldo S. L. Souza1, Thais Maria de Lima1, Tayna R. Silva1, Maithe B. Alves1
1. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia FAMED/GARÇA. E-mail: julianemoreira_@hotmail.com
A bovinocultura é um dos pilares da economia brasileira, durante anos vem ocorrendo uma
ampliação nos métodos de criação destes animais, onde o manejo vem sendo cada vez mais
concentrados em confinamentos, isto tem corroborado para o aparecimento de doenças podais,
devido a criação destes em pisos firmes e ásperos. As afecções podais estão entre as principais
causas de claudicação nos bovinos, sejam eles destinados a produção leiteira ou a produção de
carne. Estas enfermidades causam também um grande impacto econômico, devido a sua
implicância com o desempenho do animal ou gastos com tratamentos. As úlceras de sola em
bovinos também podem ser chamadas de pododermatite solar circunscrita ou úlcera de
Husterholz, que são afecções podais classificadas como secundárias decorrentes de fatores
predisponentes e não de causa diretamente relacionada ao casco. O presente trabalho abordará
sobre úlceras de sola em bovinos, trazendo conceitos, pré-disposição do animal, apresentação
clínica, diagnóstico e apresentado por fim um relato de caso com métodos de diagnóstico, o
tratamento que foi exercido e a eficácia do mesmo. No dia 14 de junho de 2015, foi atendido no
HVG uma vaca Jersey PC, aproximadamente 9 anos de idade, peso aproximado de 400 kg/P.V.,
em lactação, alimentação a base de silagem com concentrado protéico oferecido no cocho,
criado em sistema de exploração semi-intensivo, em piso de cimento áspero, onde ficava a
grande parte do dia, durante o período de lactação. Com queixa principal de claudicação. Durante
o exame físico, na inspeção, o animal apresentava dificuldade de locomoção, com claudicação
grau 4 em 5, já no exame específico do membro afetado foi observado, aumento de temperatura
no dígito medial do membro pélvico direito, a prova de pressão exercida com pinça de úngula
medial foi responsiva com exacerbação da dor. A contenção foi feita em tronco, onde a vaca foi
suspendida pelo uso de talhas e cintas, e seus membros posteriores adequadamente contidos,
e os cascos lavados. Após a avaliação do casco foi diagnosticada uma úlcera de sola aberta o
que justificava a evidência da claudicação. Foi realizada a apara terapêutica dos cascos a fim de
remover parte da sola necrosada, facilitando a drenagem e diminuindo a pressão interna do dígito
acometido, então higienizou a lesão com água, gaze umedecida com solução de clorexidina
degermante, após isso a ferida foi seca e então foi passado tintura de iodo a 10%. Após a
higienização foi fixado com resina um taco de madeira no digito saudável (lateral), para diminuir
a pressão no dígito acometido. No dígito acometido, a lesão foi recoberta por oxitetracliclina em
pó (Terramicina® pó) e então fechada com bandagem de pressão para evitar prolapso da sola e
contaminação do córion. Alcatrão foi utilizado sobre a atadura como impermeabilizante e
repelente. Este curativo foi trocado a cada 7 dias até que houvesse total regressão da úlcera,
não havendo mais exposição do córion e então o tamanco foi retirado. A úlcera de sola é uma
enfermidade que acomete o digito, sendo uma das principais causas de claudicação. Atinge mais
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frequentemente bovinos submetidos a confinamentos ou semiconfinamentos, onde o terreno é
duro ou cimentado. É considerada uma afecção podal comum em bovinos e devido ao descarte
de animais e ao gasto com tratamento, resulta em danos econômicos. A partir dos achados
clínicos e resultados obtidos do caso foi possível ser feito uma comparação da literatura presente
com o caso, onde foi observado que a úlcera de sola é uma afecção de grande importância para
a clínica. É de diagnóstico embasado em seus sinais clínicos e seu tratamento é responsivo,
tornando uma afecção de prognóstico favorável à reservado.
Palavras-chave: úlcera; bovino; casco; tratamento.
26. UROLITÍASE EM PEQUENOS RUMINANTES: ESTUDO
RETROSPECTIVO DE 35 CASOS ATENDIDOS NA CLÍNICA DE GRANDES
ANIMAIS DA FMVZ/UNESP-BOTUCATU
Bianca Paola Santarosa1, Danilo Otávio L. Ferreira1, Gabriela N. Dantas1, José P. Oliveira-Filho1,
Rogério M. Amorim1, Simone B. Chiacchio1, Alexandre S. Borges1, Roberto C. Gonçalves1
1. Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Botucatu,
SP, Brasil. E-mail: biancasantarosavet@gmail.com
A incidência da urolitíase obstrutiva em pequenos ruminantes é elevada, principalmente em
machos confinados, tanto em animais para produção de carne, quanto em reprodutores de alto
valor genético. Este trabalho teve como objetivo realizar estudo retrospectivo sobre os principais
achados clínicos e laboratoriais de caprinos e ovinos com diagnóstico de urolitíase obstrutiva,
atendidos no período entre janeiro de 2005 a junho de 2015 pelo Serviço de Clínica de Grandes
Animais da FMVZ/UNESP, Botucatu, SP. Analisaram-se os prontuários de 25 ovinos e 10
caprinos, sendo todos machos, com idade entre dois meses e seis anos. A maioria dos animais
74,3% (26/35) eram jovens e 25,7% (9/35) eram reprodutores. Quanto à raça dos ovinos, 9/25
animais eram Santa Inês, 5/25 Bergamácia, 4/25 Dorper, 4/25 Ile de France, dois mestiços e um
Lacaune. Nos caprinos, 5/10 eram Boer, 4/10 Anglo Nubiano e 1/10 Saanen. Todos os animais
acometidos eram criados sob manejo intensivo ou semi-intensivo, onde eram suplementados
com concentrado. A queixa principal dos proprietários em grande parte dos casos foi apatia,
anorexia, disúria e polaquiúria. Ao exame físico os animais apresentavam atonia ruminal,
taquicardia e taquipneia. À inspeção, notou-se abaulamento abdominal sugestivo de ruptura de
bexiga em três ovinos; edema ventral próximo ao prepúcio relativo à ruptura uretral em dois
ovinos e um caprino. Observou-se obstrução uretral total em 71,4% (25/35) dos pequenos
ruminantes, que apresentavam anúria, e 28,6% (10/35) apresentaram obstrução parcial com
sinais gotejamento de urina. O pênis e prepúcio da maioria dos animais estavam arroxeados e
com sinais de necrose do apêndice vermiforme. Exames complementares foram executados
como hemograma, bioquímica sérica de ureia e creatinina, urinálise, ultrassonografia abdominal,
radiografia simples e contrastada. Em 26 animais procedeu-se hemograma e o resultado foi
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hiperfibrinogenemia, leucocitose com neutrofilia. A urinálise foi realizada em 12 animais e revelou
urina alcalina, com a média de pH 7,7 ± 0,91, sangue oculto (++++), proteinúria, hematúria,
leucocitúria e cristalúria. O perfil bioquímico renal de 27 animais examinados com obstrução das
vias urinárias revelou média de ureia 138,92 ± 79.02mg/dL e creatinina 5,49 ±.4,33mg/dL,
evidenciando azotemia pós-renal. Realizou-se laparocentese em seis animais com suspeita de
ruptura vesical e uroperitôneo, e os resultados médios foram 244,21± 86.19mg/dL de ureia e
16,13 ± 11,90mg/dL de creatinina no líquido peritoneal. O tratamento conservativo e cirúrgico
com administração de analgésicos e relaxantes musculares (dipirona, hioscina, acepromazina),
e amputação do apêndice vermiforme, com posterior sondagem uretral e realização da técnica
de hidropropulsão retrógada foi eficaz em 22,8% (8/35) dos casos, sendo que os animais
obtiveram alta depois de monitorados e submetidos a antibioticoterapia, terapia anti-inflamatória
e analgésicos. A cirurgia de uretrostomia perineal e cistotomia com colocação de catéter de Foley
foi executada em três animais, porém também vieram a óbito. A eutanásia e/ou abate do animal
foi realizada em dez animais com baixo valor genético e prognóstico ruim, a pedido do
proprietário. Na maioria dos casos, os animais vieram a óbito em decorrência de ruptura vesical
(15/35) ou uretral (6/35). Na necropsia observou-se alterações como hidronefrose, pielonefrite,
peritonite fibrinosa decorrente de uroperitôneo, edema e necrose do subcutâneo em região
prepucial. Diante da dificuldade da reversão dos sinais clínicos, do tratamento e alta letalidade,
a prevenção torna-se a melhor opção para combater a enfermidade, visto que ocasiona em
prejuízo econômico ao produtor. Os métodos mais eficazes para impedir a formação dos urólitos
são obtidos pelo uso de dietas balanceadas, fornecimento de água limpa e de acesso fácil, e
administração de acidificantes urinários, como o cloreto de amônio.
Palavras-chave: caprinos; confinamento; ovinos; obstrução uretral; urólito.
27. UTILIZAÇÃO METAFILÁTICA DE GAMITROMICINA NA CRIA DE
BEZERRAS PROVENIENTES DE REBANHOS LEITEIROS
Mariana L. N. Jorge1, Cristiano S. Bublitz2, Pollyana R. C. Braga2, Arturo Almada2, Roulber C. G.
Silva2
1. UNESP Campus de Jaboticabal, 2.Merial Saúde Animal. E-mail: roulber.silva@merial.com
Durante o período de cria de bezerras leiteiras podem ocorrer enfermidades infecciosas que
comprometem a vida e a produtividade futura desses animais. Os problemas sanitários
geralmente começam poucos dias após o nascimento ou depois da separação das bezerras de
suas mães e ingresso no sistema de aleitamento artificial. As principais enfermidades são as
pneumonias, septicemias e a diarreia neonatal. Nestas enfermidades há o envolvimento de
bactérias, tais como: Pasteurella multocida, Mannheimia haemolytica, Histophilus somni,
Mycoplasma bovis, Escherichia coli, Salmonella Dublin, Salmonella Typhimurium, entre outras.
A gamitromicina é um antimicrobiano, pertencente à classe dos macrolídeos, subclasse dos
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Azalídeos. É indicada no tratamento e prevenção da doença respiratória bovina (DRB),
associada às infecções das quatro primeiras bactérias citadas anteriormente. O objetivo deste
trabalho foi explorar os benefícios da aplicação metafilática de gamitromicina 15% em bezerras
da raça Holandesa, na fase de cria, mantidas sob o sistema de aleitamento artificial. O ensaio foi
realizado em uma propriedade privada com alto risco de desenvolvimento de enfermidades, na
cidade de Coxilha-RS. As bezerras foram separadas de suas mães e permaneceram sob
aleitamento artificial, sendo criadas em baias coletivas. Para tanto, utilizou-se 46 bezerras
Holandesas, com idade média de 42 dias e aproximadamente 59 Kg de peso vivo (PV). Elas
foram separadas em dois grupos. O grupo tratado com gamitromicina 15% (GI, n=23), que
recebeu o antimicrobiano na dosagem de 1 mL/ 25 Kg PV, pela via subcutânea, na região anterior
da paleta. Já no grupo controle (GII, n=23) não se realizou a metafilaxia. De acordo com o
histórico de problemas sanitários, a terapia metafilática se iniciou previamente aos dias de maior
risco sanitário; o dia de aplicação do antimicrobiano foi considerado o D0. O ensaio teve uma
duração de 50 dias, sendo que as bezerras foram pesadas no D0 e no D50. Ademais, se
observou qualquer sinal clínico que por ventura os animais apresentassem durante o transcorrer
do experimento. Avaliou-se o ganho de peso médio (GPM) e o ganho de peso médio diário
(GPMD) das bezerras no período. A média ±desvio padrão (µ±DP) do GPM do GI foi 48,91±12,00
Kg e do GII foi 42,37±11,85 Kg. A µ±DP do GPMD do GI foi 0,98±0,24 Kg/dia e do GII 0,85±0,24
Kg/dia. As bezerras do GI apresentaram maior GPM e GPMD do que as bezerras do GII. No D0,
3 bezerras (13%) do GI apresentaram tosse (sugestivo de pneumonia) e a aplicação única de
gamitromicina 15% foi suficiente para controlar qualquer evolução do quadro clínico. Ao longo
do experimento, nenhuma bezerra do GI apresentou pneumonia, enquanto que no GII, 8
bezerras (aproximadamente 35%) apresentaram pneumonia. No GI, 5 bezerras (22%)
apresentaram diarreia, sendo que em 3 destas (13%) a diarreia ocorreu no mínimo 1 mês após
o tratamento com gamitromicina 15%. No GII, 6 bezerras (26%) apresentaram diarreia. As
bezerras que apresentaram pneumonia foram tratadas com Florfenicol e/ou Enrofloxacino. As
bezerras que apresentaram diarreia receberam tratamento com Sulfa+Trimetropim. Não houve
registro de morte de bezerras. As enfermidades infecciosas causam prejuízos diretos e indiretos,
sendo seu tratamento e controle indispensáveis para o sucesso da criação. A utilização
metafilática de gamitromicina 15% (aplicação única) controlou o desenvolvimento de possíveis
infecções pulmonares subclínicas e clínicas (pneumonias) quando comparado ao grupo não
tratado, evidenciando o melhor desempenho das bezerras do grupo tratado. A formulação com
gamitromicina 15% demonstrou ser uma excelente opção no controle metafilático das doenças
respiratórias em bezerras leiteiras com alto risco de desenvolvimento da enfermidade.
Palavras-Chave: gamitromicina; doença respiratória bovina; metafilaxia; bovinos.
28. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE RAIVA EM HERBÍVOROS - SERVIÇO
DE DIAGNÓSTICO (NUPEZO) DA FMVZ - UNESP BOTUCATU
Anais do I Simpósio de Enfermidades Clínicas em Ruminantes Botucatu, SP, 28 a 30 de agosto de 2015.
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Serviço de Clínica Médica de Grandes Animais – Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, campus de Botucatu. Distrito de Rubião Jr., s/n, Botucatu/SP – 18618-000
Noelle C. Barrosa1, Benedito D. Menozzi1, Giulia S. Latosinski1, Talita G. S. Batista1, Samea F.
Joaquim1, Joeleni R. Santos1, Raissa S. Sartori1, Helio Langoni1
1. Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Unesp, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: hlangoni@fmvz.unesp.br
A raiva é uma zoonose de ampla distribuição, endêmica no Brasil e constitui grave problema de
saúde pública, que gera também prejuízos econômicos. É causada por vírus do gênero
Lyssavirus. A transmissão ocorre principalmente, pelo contato com a saliva de animais infectados
que estejam eliminando o vírus rábico, e progride para encefalite aguda, com letalidade de 100%.
No ciclo rural da doença, os herbívoros são mais vulneráveis a mordida de morcegos
hematófagos. O período de incubação é variável dependendo de fatores como local e extensão
da lesão, estado imune do animal, carga viral inoculada e capacidade de invasão da amostra,
variando assim de 30 a 90 dias, ou mais. O objetivo do presente estudo foi avaliar a ocorrência
do diagnóstico de raiva a partir de material cerebral de bovinos, encaminhados para diagnóstico,
ao Serviço de Diagnóstico de Zoonoses da FMVZ – UNESP campus de Botucatu, no período de
2005 a 2014. O diagnóstico baseou-se na, imunofluorescência direta e a prova biológica, como
teste confirmatório, pela inoculação intracerebral de camundongos, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde. Foram examinadas, durante o período de 10 anos, 309
amostras, sendo 50 (16,18%) diagnosticadas como positivas, destas 44 (88%) foram positivas
na imunofluorescência direta e 50 (100%) foram positivas na prova biológica. Tem-se verificado
uma mudança no perfil da enfermidade, sendo a ocorrência da raiva em cães e gatos, reduzida
devido ao programa de controle, baseado na vacinação antirrábica, desde 1973, como atividade
obrigatória, de acordo com o Ministério da Agricultura, por parte das prefeituras municipais. Desta
forma obteve-se queda brusca da raiva nessas espécies, seguida também de menor ocorrência
da raiva em humanos. Entretanto devido ao papel dos quirópteros, como o morcego Desmodus
rotundus, na transmissão da raiva para os bovinos, no ciclo rural, a doença é endêmica em
algumas regiões. Apesar da disponibilidade de vacinas comerciais para utilização em bovinos, e
outros herbívoros a raiva bovina ainda é preocupante, sendo importante seu o diagnóstico
diferencial no caso de encefalites, bem como outras atividades de vigilância epidemiológica e
sanitária, destacando-se a importância de atividades de educação sanitária.
Palavras-chave: Zoonoses; raiva; encefalite.