Post on 26-Jul-2020
Agência Lide: uma experiência de tecnologia educacional
no ensino superior em jornalismo
Antonino Condorelli 1
Adriano Medeiros Costa 2
Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar uma agência online de notícias produzida por alunos de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como uma vivência pedagógica, trabalhando com a hipótese de que enquanto para o público se trata de uma experiência de webjornalismo, para os alunos envolvidos no projeto de extensão ela é também uma experiência de Tecnologia Educacional. É através dela e sob a supervisão de professores, de fato, que eles aprendem a construir os conteúdos destinados ao desenvolvimento do jornalismo crítico. Este estudo se fundamenta na ideia de que, sob a égide do conceito de comunicação de Paulo Freire, é possível associar conceitualmente a metodologia da imprensa escolar, elaborada por Célestin Freinet no início do século XX, com a proposta da agência Lide surgida no meio digital no início do século XXI, por tratar-se em ambos os casos de processos que despertam o potencial da livre expressão dos estudantes e o interesse por suas realidades sociais. Para a análise e a sistematização das reflexões sobre o que a participação no projeto da agência Lide, em seu primeiro ano de existência, representou para os estudantes envolvidos foi praticada uma pesquisa participante. Entre as conclusões preliminares, percebe-se que a participação no projeto produziu um intenso envolvimento dos estudantes no processo de aprendizagem; o despertar de uma compreensão mais crítica da realidade pessoal e social e de uma tendência à pesquisa para converter informação em conhecimento, além de proporcionar aos estudantes a descoberta e o desenvolvimento de seus talentos. Palavras-chave: Redes sociais on-line. Tecnologia educacional. Anonimato. Pertencimento.
1 Professor do Departamento de Comunicação Social | Universidade Federal do Rio Grande do Norte | profantoninocondorelli@gmail.com 2 Professor do Departamento de Comunicação Social | Universidade Federal do Rio Grande do Norte | adrianomcosta@gmail.com
Prometeu, Ano V, n. 1, 2019. ISSN 2175-0920
1 Introdução
O projeto de extensão Lide Jornal – Jornalismo de Profundidade
Multimídia e Transmídia nasceu em 2018 como uma atividade coletiva 3
envolvendo a construção de uma agência de jornalismo de
aprofundamento – isto é, contextualizador, interpretativo e com ênfase na
dimensão humana e social das narrativas - em linguagem multimídia, auto
gerenciada por estudantes e orientada por docentes do Departamento
de Comunicação Social (Decom) da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN. A agência Lide tem o objetivo de produzir e distribuir em
diferentes plataformas digitais conteúdos jornalísticos aprofundados e 4
interpretativos em linguagem multimídia. Trata-se, portanto, de um
ambiente digital que se destina à educação superior de estudantes de
Jornalismo, visando a produção de conteúdos destinados ao
desenvolvimento de um jornalismo crítico pelos próprios alunos. Os
professores coordenadores do projeto e profissionais convidados que
atuam no mercado de trabalho proporcionam regularmente momentos
de troca de conhecimentos e experiências, orientação teórica presencial
na redação, discussões em grupo na internet, eventos e, principalmente,
prática jornalística.
Este artigo trata de uma experiência que não pertence apenas ao
âmbito do jornalismo digital ou tecnologia educacional. Na verdade, a
agência Lide se situa em uma área de interseção entre essas duas
3 Conf.: https://lidejornal.wordpress.com. Acesso em: 09 ago. 2019 4 Os conteúdos produzidos pelas equipes do projeto de extensão são publicados no blog da agência Lide (https://lidejornal.wordpress.com) e parte deles em outras quatro plataformas vinculadas ao projeto: uma página no site de redes sociais Facebook (https://www.facebook.com/lidejornal/), um perfil no site de redes sociais Instagram (https://www.instagram.com/lidejornal/), um perfil no site de redes sociais Twitter (https://twitter.com/lidejornal) e um canal no site de redes sociais Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCbaR7giBcs_doRJUmu7Xx2g).
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subáreas que, por sua vez, pertencem aos campos do Jornalismo e da
Educação. Cada qual possuindo seus próprios princípios, especificidades e
objetivos.
2 Fundamentação teórica
Ao optar-se pela utilização de ambientes digitais como meio através
do qual a agência Lide iria veicular os conteúdos jornalísticos de
aprofundamento produzidos pelos alunos, priorizaram-se não apenas os
menores custos, mas também o acesso facilitado e democrático. Neste
sentido, compreendeu-se que tecnologia não é apenas um conjunto de
ferramentas, mas a forma como as técnicas podem facilitar os processos
produtivos. Como ela está sendo utilizada em uma universidade pública
para a aprendizagem de estudantes de Jornalismo no futuro ofício, ela é
educacional, uma vez que é tecnologia para a produção do
conhecimento, não apenas dos estudantes participantes do processo,
mas também da parte do público para o qual as notícias se destinam.
Sendo assim, define-se Tecnologia Educacional:
É uma maneira sistemática de elaborar, levar a cabo e avaliar todo o processo de aprendizagem em termos de objetivos específicos, baseados na investigação da aprendizagem e da comunicação humana, empregando uma combinação de recursos humanos e materiais para conseguir uma aprendizagem mais efetiva (PONS apud TAJRA, 2001, p. 44).
Essencialmente, a expressão “tecnologia educacional” significa a
aplicação de técnicas para a solução de problemas educativos. Desde as
primícias da educação sistematizada, são utilizadas diversas tecnologias
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educacionais, de acordo com cada época histórica. Por exemplo, o giz e
o quadro negro são tecnologias educacionais usadas até hoje.
No século XXI houve uma mudança de concepção quanto ao
entendimento descrito acima, pois as tecnologias deixam de ser
compreendidas como simples ferramentas e passam a ser consideradas
elementos estruturantes da educação. Assim, com o tempo,
desenvolveram-se aplicabilidades pedagógicas para o rádio, cinema, TV,
periódicos impressos e nos últimos anos para a internet. A qual se tornou
muito promissora por seu caráter multimidiático. Sobretudo, mais
recentemente, no que diz respeito aos aplicativos para smartphones. Mas
desde o desenvolvimento dos meios de comunicação, muito antes do
surgimento da internet, já estava consolidada no meio acadêmico do
campo educacional a ideia de que é possível se educar a distância.
Neste sentido, entendemos aqui que o computador e os outros
elementos acessórios à informática, por exemplo os softwares, como
sendo “meios educativos”, o qual constitui uma das áreas da Tecnologia
Educacional. Segundo o entendimento de Andrade:
Não devemos correr o risco de tomar a parte pelo todo. Sem dúvida alguma, estas técnicas fazem parte da Tecnologia Educacional por se constituírem em práticas decorrentes de teorias científicas, mas não são toda a Tecnologia Educacional (...). Acreditamos que a única definição aceitável de Tecnologia Educacional está contida no adjetivo (educacional) que delimita o uso da tecnologia, esta, originada de ciências físicas, matemática, sociologia, psicologia, enfim, de quaisquer áreas do conhecimento. Talvez ainda caibam algumas observações sobre o que não é a tecnologia dentro da educação. Não é Tecnologia Educacional o estudo dos valores da sociedade que orientam a prática educativa e moldam os Sistemas de Ensino através das leis ou da tradição. Não é a Tecnologia Educacional, o conhecimento científico no qual se nutre. Também não é Tecnologia Educacional, a prática
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aleatória, baseada no bom senso ou no ensaio e erro, por inspirada e eficiente que sua casuística demonstre. (ANDRADE, 2006, site).
Neste sentido, a tecnologia educacional, não se resume em utilizar
meios técnicos, vai além disso. Sua função é a de instrumento mediador
do saber, o saber ser e o saber fazer entre o educador, o educando e o
mundo. Isto é, uma ferramenta que possibilite a todos redescobrir e
reconstruir o conhecimento.
A agência Lide está em consonância com os objetivos das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Jornalismo
(Resolução Nº 1, de 27 de setembro de 2013) . Na qual a alínea "j" do 5
inciso "I" do artigo 5º diz que faz parte das competências a serem
desenvolvidas pelos alunos “saber utilizar as tecnologias de informação e
comunicação” em seu âmbito profissional. Já no PPC - Projeto
Pedagógico do curso de Jornalismo (2016), lista dentre seus objetivos:
Para se integrar na dinâmica deste contexto, o futuro profissional de jornalismo necessita conhecer e familiarizar-se com as novas tecnologias em constante criação e transformação, com competências para refletir sistematicamente sobre sua aplicação em uma sociedade em movimento, usuária e produtora de tecnologias e saberes da comunicação e informação. (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE JORNALISMO, 2016, p.10)
A agência Lide está assentada na internet, portanto, o tipo de
jornalismo que através dela é realizado pelos alunos do curso tem as
peculiaridades deste meio. Então, é importante que se possa descobrir de
que tipo de jornalismo se trata. Toda nova tecnologia demanda um certo
5 Resolução CNE/CES 1/2013. Diário Oficial da União, Brasília, 1° de outubro de 2013 – Seção 1 – p. 26.
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tempo de maturação não apenas teórica como também de
nomenclatura a fim de que possa se estabelecer enquanto padronização.
Em 1978 enquanto a internet ainda estava em seus primórdios, na
cidade de Chicago (Estados Unidos), surgiu o primeiro sistema de mural de
mensagens on-line e se chamava CBBS. Posteriormente, os fóruns da web
que foram sendo desenvolvidos são descendentes diretos dos antigos
“quadros de avisos” digitais BBS (“Bulletin Board System”). Eram chamados
de “clã virtual” e “newsgroup”. Em seguida, foram adotadas
nomenclaturas como “grupo de discussão” ou “lista de discussão”. Em sua
origem, os atuais blogs já foram chamados em seu início de “diários
virtuais” e, posteriormente, de weblogs. Além de “fotoblogs” quando o
conteúdo fosse basicamente fotográfico.
Algo similar ocorreu com o jornalismo que começou a se desenvolver
na internet. Assim como o jornalismo radiofônico foi uma leitura dos
conteúdos impressos antes que pudesse desenvolver suas técnicas
próprias, os primeiros sites noticiosos eram construídos como uma
transposição daquilo que existia nos meios impressos. Tal como fazia o
jornal estadunidense The San Francisco Examiner, que já em 1981 passou a
publicar na internet de maneira totalmente experimental o conteúdo de
suas edições impressas. E posteriormente em 1994 o também
estadunidense San Jose Mercury News. No Brasil é atribuída a primazia ao
Jornal do Brasil em 1995. Inclusive, adotando-se como padrão a
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construção das notícias seguindo o padrão da “pirâmide invertida .” e 6
não da “pirâmide deitada .”. 7
Neste contexto histórico, o hoje predominante jornalismo que passou
a ser feito através e para a internet também passou ao longo dos anos a
ter diversas nomenclaturas para poder caracterizá-lo: jornalismo
eletrônico, jornalismo online, ciberjornalismo, jornalismo digital ou
webjornalismo. Neste trabalho, achamos por bem considerar a definição
de João Canavilhas em seu artigo pioneiro: “Webjornalismo.
Considerações gerais sobre jornalismo na web” (2001): O chamado "jornalismo online" não é mais do que uma simples transposição dos velhos jornalismos escrito, radiofónico e televisivo para um novo meio. (...) é um completo desperdício tentar reduzir o novo meio a um simples canal de distribuição dos conteúdos já existentes. Olhar para o actual jornalismo online é algo semelhante a
6 Nos meios jornalísticos impressos é conhecida como “Pirâmide invertida” a premissa de que na “notícia” enquanto texto jornalístico deve-se seguir uma ordem em que as informações mais importantes devem estar no parágrafo inicial, ou seja, naquilo que no jargão da profissão se chama “lead” (do inglês “primeiro”, “à frente”), à seguir sucessivamente nos parágrafos seguintes, devem vir as informações menos importantes. É no “lead” (aportuguesando-se para Lide) onde devem ser respondidas as perguntas “o quê”, “quem”, “quando”, “onde”, “como” e “por que” acerca do fato ocorrido. Antes do desenvolvimento desta técnica, as notícias e reportagens eram escritas com o que se passou a chamar de “nariz de cera”. Isto é, os textos seguiam uma lógica muito próxima dos textos literários: introduções gerais e vagas. O desenvolvimento da técnica da “Pirâmide invertida” respondia não apenas a necessidade de se chamar imediatamente a atenção dos leitores para as informações mais relevantes, como também ao fato de que antes dela, informações importantes se perdiam durante o processo de composição dos jornais impressos, já que frequentemente havia por parte dos editores e tipógrafos a necessidade de cortar conteúdo para que pudesse ser encaixado na folha de papel. 7 “Pirâmide deitada” é um modelo proposto em 2006 por João Canavilhas, webjornalismo, para aplicação na leitura não linear e multimídia próprias das notícias da internet. Neste modelo, a proposta é que o texto jornalístico seja construído tendo como base quatro níveis diferentes: Unidade Base (parte do lead: “o quê”, “quando”, “quem” e “onde”), Nível de Explicação (outra parte do lead: onde se responde ao “por quê” e ao “como”), Nível de Contextualização (onde informações adicionais são oferecidas na forma de outros textos, vídeos, áudios e infográficos) e por último o Nível de Exploração (onde o leitor passa a ter a disponibilidade de acesso online a ambientes e arquivos externos complementares).
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imaginar a transmissão de um telejornal onde alguém lê simplesmente um jornal frente a uma câmara. Afirmar-se que "a rádio diz, a televisão mostra e o jornal explica" não é mais do que constatar que cada meio tem as suas próprias narrativa e linguagem. E a ser assim, a internet, por força de poder utilizar texto, som e imagem em movimento, terá também uma linguagem própria, baseada nas potencialidades do hipertexto e construída em torno de alguns dos conteúdos produzidos pelos meios existentes. (...) É, pois, com naturalidade que se introduz agora o conceito de webjornalismo e não de jornalismo online. (CANAVILHAS, 2001, p. 1-2).
Neste sentido, o web jornalismo é a prática jornalística específica
para a web com a utilização de ferramentas e linguagens específicas e
não apenas a utilização online de materiais já veiculados pelo jornalismo
impresso, telejornalismo e radiojornalismo como se subentende quando se
faz referência ao “jornalismo online”.
Este trabalho se propõe a analisar o processo de aprendizagem em
Comunicação Social vivenciado pelos estudantes de graduação em
Jornalismo que participam do projeto de extensão da agência Lide, a
partir da hipótese de que, se para o público esta é uma experiência de
webjornalismo , para os alunos envolvidos no projeto de extensão ela é 8
também uma experiência de Tecnologia Educacional.
Os conceitos de Comunicação e Educação estão intimamente
ligados e são de fundamental importância para a extensão da agência
Lide. Se entendermos que comunicação não é tecnologia, nem muito
menos a expressão de relações sociais superficiais, mas – como aponta
8 Com base em Canavilhas (2001), neste trabalho entendemos webjornalismo como a prática jornalística específica para a web, com a utilização de ferramentas e linguagens próprias e não apenas a publicação online de materiais já veiculados por jornalismo impresso, telejornalismo e radiojornalismo.
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Freire (1988) - a busca conjunta de significados e coparticipação no ato
de pensar. Assim, no processo comunicativo, para Freire:
O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a co-participação de outros sujeitos no ato de pensar sobre o objeto. Não há um “penso”, mas um “pensamos”. É o “pensamos” que estabelece o “penso” e não o contrário. Esta co-participação dos sujeitos no ato de pensar se dá na comunicação. O objeto, por isso mesmo, não é a incidência terminativa do pensamento de um sujeito, mas o mediatizador da comunicação. Se o objeto do pensamento fosse um puro comunicado, não seria um significado significante mediador dos sujeitos. Se o sujeito “A” não pode ter no objeto o termo de seu pensamento, uma vez que este é a mediação entre ele e o sujeito “B”, em comunicação, não pode igualmente transformar o sujeito “B” em incidência depositária do conteúdo do objeto sobre o qual pensa. Se assim fosse – e quando assim é – , não haveria nem há comunicação. Simplesmente, um sujeito estaria (ou está) transformando o outro em paciente de seus comunicados. A comunicação, pelo contrário, implica em reciprocidade que não pôde ser rompida. (FREIRE, 1988, p. 66 e 67).
No processo participativo de construção de conhecimento, a
comunicação midiatizada vem desenvolvendo há muito tempo um
importante papel agenciador de relações entre agentes de processos
educacionais e produtor, organizador e sistematizador de transformações
cognitivas com valor de aprendizagens, como a experiência pioneira do
jornal escolar desenvolvida pelo educador francês Célestin Freinet (1974)
ainda no início do século XX releva em toda a sua potência.
Usando técnicas por ele desenvolvidas, Freinet guiava sua práxis na
busca por encontrar novas relações entre o aluno, o meio, o professor, o
material pedagógico e a comunidade. Ele encorajava seus alunos a
partirem dos materiais que eles mesmos produziam através de suas
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próprias vivências pessoais, de entrevistas realizadas, pesquisas e
aulas-passeio para editarem o jornal da classe. Assim sendo,
O processo educativo na Pedagogia Freinet é essencialmente interativo e, assim sendo, deve processar-se num clima vivo e construtivo de cooperação mútua, para que o aluno participe plenamente de todas as atividades e tenha sucesso nas suas aquisições, ou seja, nas suas aprendizagens (SOUZA; DANTAS, 2007, p. 88).
Como o educador francês bem observava na época, existia muito
pouca boa vontade dos educadores com relação ao respeito aos
saberes prévios, à liberdade e desenvolvimento da autonomia dos alunos,
numa época que predominavam os castigos corporais, rigor quanto aos
horários e a sala de aula vista como um espaço de confinamento. Freinet
desejava o oposto: O trabalho cooperativo, que exige autodisciplina, desperta o interesse dos alunos. A classe se torna uma verdadeira comunidade de indivíduos que participam da elaboração de regras para alcançar o melhor desenvolvimento em seus projetos e atividades. (ELIAS, 2004, p. 66).
Para Freinet, a imprensa escolar nasce como um desenvolvimento
natural das técnicas da aula-passeio e dos subsequentes textos que as
crianças escreviam livremente quando voltavam para a sala de aula. Pois,
ele havia percebido que a sala de aula tradicional, inclusive da maneira
que as carteiras são dispostas, a retórica dos professores e o tédio dos
manuais escolares não despertavam em seus alunos o interesse que o
meio dialógico e espontâneo fora da escola era capaz. Então, ele
resolveu usar parte do tempo das aulas para sair com seus alunos e usar
tais passeios para que tendo em vista o que fossem encontrando pela
frente, eles fossem aprendendo a língua nacional, aritmética, geometria,
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arte, geografia e a história. Em tais aulas de campo as crianças eram
estimuladas a aguçar sua percepção acerca da realidade que a
cercava: a paisagem natural, as feiras, o trabalho das pessoas na vila e no
campo. Percebendo que após os passeios as crianças voltavam
entusiasmadas com tudo o que viram, descobriram e, inclusive, trouxeram
consigo nos bolsos, Freinet concluiu que o melhor a fazer era estimulá-los a
escrever textos acerca da experiência que tinham vivido de forma
coletiva, fora da sala de aula e sob a orientação do professor. Fazendo as
observações e ilustrando da forma que desejassem:
As crianças continuavam a criar textos que escreviam nos seus cadernos depois dos passeios. Alguns apresentavam erros, outros eram mais perfeitos, mas todos permaneciam nos cadernos, que ficavam guardados nos armários. Apesar do entusiasmo no momento da sua elaboração, os textos depois não eram lidos por mais ninguém. Aqueles acontecimentos tão vivos, que eram gravados profundamente na alma das crianças, acabavam ali, fechados num armário. Freinet não se conformava com isso. Para ele, deveria existir alguma forma de modificar a situação, fazer reviver aquele instante de emoção. A ideia veio bruscamente: por que não imprimir aqueles textos para que pudessem ser passados de mão em mão, lidos e relidos por outras pessoas? (SAMPAIO, 1989, p. 21)
Como consequência, a própria relação de Freinet e seus alunos, foi
ficando cada vez melhor, pois eles sabiam que podiam confiar e
conversar abertamente com aquele professor que, inclusive, sentava-se
no chão junto com eles. Por esta razão, em 1923, Freinet comprou uma
pequena tipografia no sentido que pudesse servir como ferramenta
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pedagógica para auxiliá-lo no ensino. É por esta razão que ele passa a
desenvolver sua metodologia de imprensa escolar. Diz ele:
Alguns jornalistas sofrendo da mania da exegese, esforçam-se por encontrar na história da pedagogia exemplos precedentes que retirassem à nossa iniciativa as vantagens, morais pelo menos, da invenção e do inédito. Esta questão para nós é secundária. O que conta, antes do mais, para a Escola, pra as crianças e para os professores, não é o aspecto histórico das técnicas e dos métodos mas sim a sua adequação às necessidades pedagógicas. (FREINET, 1974, p. 17)
Assim sendo, podemos dizer que para Freinet a composição dos
jornais por seus alunos, sob sua orientação, tinha necessariamente que
perfazer todo um caminho no qual eles em nenhuma fase fossem sujeitos
passivos ou até mesmo meros expectadores no processo. Muito pelo
contrário, os alunos deveriam participar de forma crítica e estarem
plenamente conscientes do trabalho que realizavam.
Embora a metodologia da imprensa escolar tenha sido elaborada
por Freinet partindo de uma aplicação na educação primária em formato
impresso no início do século XX, conceitualmente é possível associar as
aspirações originais em um projeto igualmente educativo do no início do
século XXI, mas de nível superior e online no caso da Agência Lide.
Sobretudo no que diz respeito à preparação de jovens estudantes de
Jornalismo através da qual se possa despertar neles todo o potencial da
livre expressão, o interesse por suas realidades sociais externas e não
apenas priorizando à tradicional forma de se educar tendo como alicerce
a acumulação de conhecimentos técnicos. Ao participar de um projeto
prático como a agência de notícias que é objeto desse trabalho, os
alunos são estimulados a sofisticarem sua sensibilidade para o fato de que
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eles não estão isolados, mas habitam uma realidade complexa e
interdisciplinar. Isso aproxima a experiência da agência Lide também à
práxis pedagógica de Paulo Freire (2000; 1996), defensor de uma
aprendizagem crítica e dialética por meio de uma pedagogia popular e
democrática, sem separação entre ensino-aprendizagem e realidade,
perspectiva que pode ser trabalhada também no ensino superior em
Comunicação Social através de experiências em Tecnologia Educacional.
3 Metodologia
Para sua concretização, o projeto da agência Lide conta com a
participação de 40 alunos voluntários do curso de Jornalismo da UFRN que
trabalham em um sistema de plantões típicos dos meios jornalísticos na
agência que provisoriamente ocupa o laboratório de informática do
Departamento de Comunicação Social. Espaço no qual onde também se
realizam as reuniões de orientação dos alunos com os docentes.
Tendo em vista seu caráter inclusivo, experimental e formativo, a seleção
dos alunos participantes se baseia no interesse e disponibilidade de tempo
demonstrados pelos que entram em contato com a equipe docente
responsável pelo projeto. Após esse contato inicial na forma de uma
entrevista, os alunos são distribuídos de acordo com suas afinidades
(pauta, redação, edição fotográfica ou videográfica, publicação em
nosso espaço online). Sendo que a cada renovação relevante na equipe
se torna premente a necessidade de que tais alunos possam ser
capacitados através de oficinas presenciais de formação ministradas não
apenas pelos docentes responsáveis pelo projeto, mas também por
profissionais que já trabalham nos meios jornalísticos tradicionais. Inclusive,
nas semanas que transcorrem tais oficinas, conteúdos didáticos
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complementares acerca da temática de cada aula são disponibilizados
de modo on-line para os alunos participantes.
O projeto da agência Lide em seu primeiro ano de atuação, tem
pautado sua atuação em três princípios pedagógicos estruturantes. O
primeiro é a ideia de que a educação para a Comunicação Social - em
toda a amplitude e heterogeneidade de expressões, meios, práticas e
linguagens que o conceito abarca – não consiste na apreensão
(absorção passiva de algo já dado) de um conjunto de técnicas, isto é, de
pacotes prontos e fechados de procedimentos – linguísticos, narrativos,
produtivos, etc. – a serem executadas de forma mecânica, obtendo
efeitos de comunicação desejados dentro de padrões a serem
incorporados cognitivamente e reproduzidos operacionalmente de
maneira acrítica; uma concepção, esta, que leva à percepção do
comunicador como um mero operador. O projeto, ao contrário, tem
trabalhado com base em uma aposta epistemológica e política na
educação em Comunicação Social - com foco no Webjornalismo de
aprofundamento - como um processo de formação de comunicadores
entendidos como atores sociais conscientes de que não são (ou podem
escolher não ser) reprodutores, mas criadores ou reconfiguradores de
processos, práticas, meios e linguagens, visando a manutenção, o
tensionamento ou a desconstrução das estruturas simbólicas e cognitivas
que sustentam o sistema social.
O segundo princípio estruturante da ação pedagógica do projeto
Lide tem sido a ideia da educação e da comunicação como processos
de coprodução coletiva e horizontal de diálogo e participação, para
estimular a emergência de sujeitos autônomos e críticos (KAPLÚN, 2002). O
terceiro princípio, por sua vez, tem sido a ideia de inspiração freinetiana e
freireana de que para produzir uma aprendizagem significativa no ensino
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superior, para gerar entusiasmo pelo processo educativo (hooks, 2013) e
despertar o interesse na construção colaborativa de conhecimento,
condições sine qua non para o despertar da autonomia crítica, é
necessário valorizar a presença, as experiências, os saberes e as
expectativas de cada participante da experiência pedagógica (FREIRE,
1996; 2000).
Com base nesses princípios, a ação pedagógica do projeto tem
focado na auto-organização horizontal das equipes de reportagem, de
planejamento de mídias sociais e das demais ações desenvolvidas pela
agência Lide em seus primeiros dois semestres de existência, estimulando o
gerenciamento autônomo de todas atividades por parte dos estudantes
envolvidos e a experimentação criativa de modos de organização do
trabalho coletivo e de uso de tecnologias digitais para contar histórias em
múltiplas linguagens e formatos. A equipe docente responsável pelo
projeto, composta pelos professores do Curso de Jornalismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte autores deste estudo, não
tem operado intervenções nos processos de produção jornalística
(planejamento, apuração, redação, edição), na definição dos
procedimentos organizativos das equipes e na escolha dos formatos e das
linguagens das narrativas jornalísticas produzidas pela agência, assim
como no planejamento e na execução de outras ações idealizadas pelos
próprios estudantes. O papel dos docentes consistiu em estimular a
discussão coletiva permanente das equipes, presencial ou mediada por
aplicativos digitais de troca de mensagens instantâneas; em proporcionar
momentos de troca de ideias, experiências, expectativas, interesses e
saberes (o que facilitou a auto-organização das equipes com base nas
diversas competências e o ensino e aprendizagens mútuos entre os
estudantes), conectando-os com conhecimentos adquiridos/construídos
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em sala de aula nos componentes curriculares do curso; em levantar –
tendo como inspiração as experiências de educação popular de Freire
(2000) – temas geradores relacionados com as vivências dos estudantes,
de forma a incentivar a reflexão crítica e a pesquisa coletivas sobre esses
assuntos para a produção de narrativas jornalísticas multimidiáticas; a
estimular a reflexão constante dos estudantes sobre as lógicas embutidas
nas tecnologias digitais de produção e distribuição de conteúdos
jornalísticos em ambiente digital, visando incentivar o interesse em
experimentar usos não previamente codificados delas; e a organizar
oficinas temáticas sobre temas jornalísticos e tecnológicos, também
baseadas na construção participativa de conhecimentos.
Os objetivos dessa estratégia foram despertar nos estudantes uma
percepção de si próprios como agentes sociais e midiáticos
autoconfiantes, autônomos, críticos e colaborativos, capazes de
autodefinir os rumos, as linguagens e os formatos de suas narrativas em
cooperação e diálogo com outros comunicadores e no agenciamento
criativo – isto é, sem submissão a lógicas predeterminadas - com
tecnologias digitais; estimular a autopercepção dos estudantes e futuros
comunicadores como coprodutores de conhecimentos jornalísticos e
tecnológicos; incentivar a prática web jornalística como uma
oportunidade constante de reflexão crítica sobre a realidade,
conectando-as com as vivências pessoais e sociais dos estudantes, e
despertar uma percepção crítica das tecnologias digitais não como
meras ferramentas, mas como atores não humanos agenciadores de
práticas e de relações sociais (LATOUR, 2012).
Para a análise e a sistematização das reflexões sobre o que a
participação no projeto da agência Lide, em seu primeiro ano de
existência, representou para os estudantes envolvidos foi praticada uma
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pesquisa participante, definida por Peruzzo como a “inserção do
pesquisador no ambiente natural de ocorrência do fenômeno e de sua
interação com a situação investigada” (2003, p. 2, grifo da autora). Os
docentes-pesquisadores observaram de dentro as dinâmicas de interação
e auto-organização das equipes da agência, compartilhando de maneira
crítico-reflexiva de parte das atividades dos grupos: as discussões sobre
temas geradores para a seleção de pautas e sobre possibilidades de uso
das tecnologias digitais disponíveis para a agência. Desta forma, foi
possível produzir reflexões sobre as implicações pedagógicas da
experiência e sobre a maneira como foi vivenciada pelos estudantes.
4 Resultados e discussões
Um dos resultados alcançados foi a concretização de uma estratégia
pedagógica que estimulasse a auto-organização dialógica e colaborativa
das equipes de estudantes que compõem a agência Lide, valorizando as
experiências e saberes de cada um e incentivando a reflexão crítica sobre
suas vivências sociais, o que favoreceu o despertar de um forte entusiasmo
entre os participantes do projeto de extensão, emoção que, quando
despertada no ensino superior – como mostra hooks (2013) – é
catalisadora de aprendizagens significativas.
Esse entusiasmo, que provocou um intenso envolvimento no processo
de aprendizagem, teve duas consequências. A primeira foi um volume
consistente e um ritmo elevado de produção web jornalística: entre os
semestres letivos 2018.2 e 2019.1 foram produzidos 71 narrativas jornalísticas
multimídia, a maioria delas reportagens aprofundadas, mas contando
também com perfis, crônicas, artigos de opinião e resenhas. A segunda,
pedagogicamente mais significativa, foi o proliferar de novas atividades,
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não previstas inicialmente no projeto, idealizadas, planejadas e realizadas
pelos próprios estudantes. Consideramos as mais relevantes dessas
atividades a produção da Poticuir, a primeira revista digital sobre temas
de gênero e sexualidade no Rio Grande do Norte, que foi lançada no final
do semestre 2019.1 , e oficinas em uma escola pública sobre jornalismo e 9
mídias sociais realizadas entre maio e junho de 2019 . 10
Do ponto de vista pedagógico, foram percebidos em muitos
participantes do projeto um desabrochar gradual de uma compreensão
mais crítica da realidade pessoal e social e de uma tendência à pesquisa
para o aprofundamento e a contextualização das informações obtidas
sobre o mundo, para convertê-las em conhecimento pertinente; um
auto-descobrimento de talentos, interesses e afinidades e uma cada vez
maior auto-confiança; uma tendência ao exame crítico dos
9 Conf.: https://issuu.com/poticuir/docs/revista_poticuir_edi__o_final. 10 As demais atividades concebidas e realizadas pelos estudantes que participam do projeto de extensão foram: uma oficina de pintura para hóspedes do asilo para idosos Lar da Vovozinha, em Natal, levando para a instituição doações recolhidas em uma campanha (outubro de 2018); uma campanha de Natal em parceria com os Correios, conseguindo 50 cartas de crianças carentes da campanha "Papai Noel dos Correios" e buscando apadrinhadores dentro e fora do Departamento de Comunicação Social da UFRN. A equipe do projeto recolheu e entregou para os Correios todos os presentes recebidos, totalizando 40 apadrinhamentos (novembro de 2018); a produção de uma revista digital com algumas das melhores reportagens publicadas no blog da agência Lide durante o semestre. A revista está disponível no endereço: https://issuu.com/lidejornal/docs/revista_lide_jornal_2018 (dezembro de 2018); uma parceria com o jornal Tribuna do Norte, resultante em um prêmio que selecionou quatro reportagens multimídia produzidas por estudantes de Jornalismo da equipe da agência - entre as publicadas no blog do projeto ao longo do semestre - que foram veiculadas no portal do principal diário do Rio Grande do Norte (dezembro de 2018); um evento público em homenagem à vereadora e ativista de direitos humanos Marielle Franco, um ano após o seu assassinato no Rio de Janeiro, no qual pesquisadoras convidadas debateram temas que eram caros à homenageada, tais como a participação de mulheres negras na política e na esfera pública e o modelo hegemônico de políticas de segurança pública (março de 2019). A natureza da maioria dessas atividades revela que a experiência da participação no projeto tem contribuído para o despertar ou para o aguçar de sensibilidade social, empatia e consciência crítica nos estudantes.
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conhecimentos teóricos e práticos adquiridos nos componentes
curriculares do Curso de Jornalismo e um progressivo experienciar-se como
coprodutores de conhecimentos sobre jornalismo e mídias digitais; uma
propensão à sentir-se cada vez mais à vontade na experimentação
criativa de linguagens e de possibilidades expressivas e narrativas em
jornalismo para o ambiente digital, para além dos padrões codificados
pelo mercado. Esses resultados, descritos aqui de forma generalizada, mas
que, naturalmente, variam de intensidade e extensão entre diferentes
participantes, reforçam tanto a ideia de que a mídia escolar (no caso em
exame, universitária) desperta interesse na aprendizagem e estimula a
autodisciplina – uma concepção que, como mostra Elias (2004), permeia a
experiência do jornal escolar de Freinet – como a perspectiva, cara a
Freire (2000; 1996) e a várias pedagogias críticas e descoloniais (hooks,
2013), de que a coprodução dialógica de saberes e de experiências, que
incentiva a participação e valoriza cada aluno no agenciamento com
realidades concretas (no caso do projeto Lide, as vivências dos estudantes
e seu contexto social mais amplo) e com determinadas materialidades
(tecnologias digitais de produção e edição de narrativas multimídia), tem
o potencial de desencadear também no ensino superior autonomia
intelectual e praxe social (e, neste caso, jornalística) crítica.
A produção da revista Poticuir como iniciativa espontânea por parte
dos participantes do projeto Lide mostra, por sua vez, que a experiência
deste último contribuiu para despertar nos estudantes uma percepção de
si como atores sociais e midiáticos autônomos e criativos, produtores - e
não meros reprodutores – de linguagens, saberes e práticas jornalísticas,
ao ponto da equipe da revista ter proposto a iniciativa como expressão
de um conceito construído por eles mesmos: o de jornalismo performativo,
entendido como uma narrativa que privilegia a pragmáticas e as
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interações concretas do ato de apuração para além das amarras e
pré-direcionamentos da pauta. O ciclo de oficinas em uma escola
pública, por outro lado, manifestou o desabrochar em alguns estudantes
de uma reflexão metapedagógica capaz de relacionar os processos de
aprendizagens em Comunicação vivenciados por eles próprios no projeto
com as necessidades e as realidades do ambiente educativo da escola,
promovendo uma pedagogia tão dialógica e participativa quanto a da
qual tinham participado no Lide.
À luz do exposto, afirmamos que os resultados (ainda provisórios) do
primeiro ano de atuação da agência Lide confirmem nossa hipótese de
que, para os alunos envolvidos no projeto, ela se configurou como uma
experiência de Tecnologia Educacional.
5 Considerações finais
A experiência - ainda em construção - do projeto de extensão Lide
aponta, a nossos ver, para a necessidade de se repensar o ensino superior
em Comunicação Social em direção à promoção de formas de
agenciamento com as tecnologias digitais de produção, edição e
distribuição de conteúdos multimidiáticos que superem a perspectiva da
apreensão e reprodução de técnicas e auxiliem na construção de sujeitos
intelectualmente autônomos, socialmente críticos e produtores de
saberes, linguagens e práticas midiáticas. O que reforça a nossa hipótese
de que enquanto a experiência aqui apresentada é de tecnologia
educacional para os alunos envolvidos no projeto de extensão, para o
público se trata de uma experiência de webjornalismo.
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