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Universidade Federal de So Joo del-Rei - UFSJ
Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes
Aplicadas - DAUAP
Curso de Artes Aplicadas
A URNA DA MINHA ALDEIA
Maria Lcia de Campos Arajo Orientador: Prof. Cristiano Lima
Projeto como requisito de participao no
projeto A Urna da minha Aldeia da disciplina PROCESSOS ALTERNATIVOS
EM CERMICA do curso de Artes
Aplicadas da UFSJ 7 Perodo
So Joo Del- Rei, 05 de Abril de 2015
Introduo
O presente projeto surgiu a partir da disciplina Processos Alternativos em Cermica, cuja proposta que cada aluno confeccione uma Urna em Cermica inspirado na cultura
ceramista antiga de uma civilizao j extinta ou em risco de extino.
Estas peas faro parte de uma exposio numa praa pblica da cidade de So Joo
del-Rei, como parte dos eventos do Inverno Cultural de 2015.
Alm dos alunos do 7 perodo do Curso de Artes Aplicadas, tambm participaro deste
projeto artistas convidados e alunos de outras turmas do curso de Artes Aplicadas da
UFSJ, sob a superviso dos professores : Cristiano Lima e Zandra Coelho de Miranda ,
com o apoio dos demais professores do curso e da equipe de bolsistas do Museu do
Barro da UFSJ.
O aluno dever fazer uma pesquisa da cermica daquela civilizao escolhida
incluindo o design, a iconografia e a decorao prpria daquela aldeia, alm das
tcnicas de queima que usavam para queimar suas peas.
A proposta que o aluno faa uma releitura das peas podendo utilizar qualquer tcnica
tanto no ato da confeco, quanto de decorao serigrafia, estamparia, carimbos e poder tambm diversificar nas tcnicas de queimas. Ficou estipulado o tamanho
mnimo das urnas - 50 cm de altura.
Justificativa
Diante de um universo enorme de possibilidades, o primeiro foi escolher uma
civilizao dentro das especificaes, de preferncia que fizessem parte do continente
americano e cujas iconografias pudessem ser estudadas e reinventadas.
Aps muitas pesquisas de imagens optei inicialmente, pela pea que mais me atraiu
esteticamente, levando em considerao que teria que mold-la tambm levei em
considerao se estava dentro das minhas habilidades plsticas; escolhida a pea fui
ento pesquisar sua origem. A minha pea faz parte da civilizao peruana pr-
colombiana Nazca.
Objetivo Geral
A proposta deste projeto fazer uma Urna em Cermica inspirado na cultura ceramista
de uma civilizao j extinta ou em risco de extino
Estas peas faro parte de uma exposio numa praa pblica da cidade de So Joo
del-Rei, como parte dos eventos do Inverno Cultural de 2015.
Com este projeto pretende-se chamar a ateno do pblico no s sobre a diversidade da
cultura humana, mas tambm divulgar a enorme possibilidade do poder de criao dos
artistas.
Com a exposio o pblico em geral, sem distino, ir entrar em contato com um tipo
de arte nem sempre acessvel a ele. Alm disto o evento servir como divulgao do
Curso de Artes Aplicadas da UFSJ, e dos trabalhos de seus alunos.
Aos alunos o projeto possibilitar vrios desafios a iniciar pela pesquisa da civilizao e
de sua iconografia, a confeco de uma grande pea, a escolha da decorao assim
como o contato com o pblico, o que enriquecer o seu currculo para um futuro
empreendimento aps formado.
Objetivo Especfico O foco deste trabalho est nas peas cermicas da cultura Nazca
(200 a.c 800 d.c.), uma civilizao Pr- Colombiana que foi descoberta pelo alemo
Max Uhle (1856-1944).O desenvolvimento da cultura Nazca ocorreu na mesma regio
ocupada pela civilizao Paracas, no sul do Peru.
Referencial tcnico, terico e visual Aps muitas pesquisas optei pela urna abaixo para a execuo do meu trabalho. Minha referncia so as peas e iconografia da civilizao peruana Nazca, o desafio ser
uma releitura sem perder o foco da cermica Nazca. Para a confeco desta pea
utilizarei a tcnica dos rolinhos, que so feitos a partir de uma bola de argila. So rolos
de argila com espessuras uniformes, que podem ser mais finos ou mais grossos,
dependendo da pea a ser executada. Decidirei posteriormente sobre sua decorao, mas devo utilizar a tcnica da serigrafia sobre um engobe vermelho.
Sobre a Cultura Nazca
As culturas da cermica da Amrica so divididas em trs zonas distintas: o
Sudoeste da Amrica do Norte, a Amrica Central e a Amrica do Sul. O foco deste
trabalho est na Amrica do Sul, que englobam Peru, Bolvia e regio dos Andes e mais
particularmente nas peas cermicas da cultura Nazca. As caractersticas em comum das
peas cermicas dos povos Pr- Colombianos que eram modeladas mo, utilizando a
tcnica de rolinhos de argila e moldes. A decorao destas peas eram feitas com
engobes de argila colorida, com a presena de insies e relevos. (CHAVARRIA
pg.16)
O alemo Max Uhle (1856-1944) foi quem identificou a cultura Nazca (200 a.c
800 d.c.). O desenvolvimento da cultura Nazca ocorreu na mesma regio ocupada por
Paracas, no sul do Peru. A 360 metros acima do nvel do mar e a 18 milhas da atual
cidade de Nazca, est situado o Centro Cerimonial Cahuachi, capital poltica e religiosa
deste povo. Estes monumentos so um conjunto de pirmides e praas feitos de adobe e
foram dedicados a cerimnias e rituais.Os edifcios esto espalhados em uma rea de
24km2 e composto por cinco pirmides cercado por um muro perimetral: o grande
templo, a Grande Pirmide.
Kon foi considerado o Deus criador desta civilizao, eles o representavam
voando com mscaras de felino e transportando cabeas que lhe eram oferecidas como
trofu, ou representado com olhos proeminentes. Segundo a crena deste povo os
homens deixaram de prestar homenagem e oferendas a Kon, por isso se consideravam
punidos pela falta de chuva e pelos vastos desertos ridos.
A civilizao Nazca realizava rituais para os deuses do mar, cu, terra, fogo, gua,
vento e o Deus criador. Grande parte de suas construes foram feitas para os deuses,
para que seus canais de gua no secassem. Sua religio tambm teve muito a ver com o
mistrio da Nazca Lines, que considerado por alguns como um crculo agrcola e
calendrio astronmico, mas outros dizem que estes eram rituais de oferendas para seus
deuses.
Os Nazcas enterravam seus mortos em feixes funerrios, que continham
inmeras camadas de cobertores e roupas alm de vasos de cermica e outros bens.
Dependendo da posio que o indivduo ocupava na sociedade esta composio
modificava, em alguns casos eram includas muitas camadas de tecidos. A cabea
humana era desmembrada de seus corpos, indicando a importncia do sacrifcio
humano, que geralmente era associado a rituais de fertilidade.
Os Nazcas tinham uma vestimenta prpria para seus rituais, os tambores
eram decorados com cenas ou desenhos msticos e animais estilizados e colocados na
parte inferior. Antes do guerreiro ou o vencedor do trofu cabea pendurada, fazer sua
oferenda o sacerdote ordenava que as tropas tomassem o sangue da cabea.
As idiossincrasias Guerreiro da Nasca manifestado com cabeas trofu de
inimigos, pendurado em seus cintos, joelhos, tornozelos e cotovelos. Foram utilizados para rituais destinados a
promover a fertilidade do solo.
.
Fonte :http://pueblosoriginarios.com/sur/andina/nasca/cahuachi.html
A agricultura era a base da economia dos povos Nazca, devido ao solo rido e
terem gua em poucas pocas do ano, eles construram eficazes canais de irrigao
conhecidos como Puquia. Primeiro eles cavaram vrios poos localizados a 20 ou 50
metros um do outro, at que encontrassem o lenol fretico. Em seguida eles
conectavam com outros canais subterrneos. Este sistema permitiu que construssem
reservatrios de armazenamento da gua e irrigassem os seus vales, mesmo em tempo
de seca extrema. As principais culturas dos Nazcas foram: milho, feijo, abbora,
mandioca, amendoim, pimento, goiaba e algodo. Tambm tinham atividades
relacionadas com o mar pescadores e mariscadores. Comercializavam seus produtos
com os Huarpa- Cultura Ayachucho, trocavam produtos como batatas, peixe, algodo,
l e cermica.
Cada aldeia tinha sua prpria autoridade, normalmente um sacerdote que
organizava as atividades de trabalho e religiosas. Muitas pessoas qualificadas estavam a
servio desta autoridade central incluindo fabricantes de cermicas e txteis, astrlogos,
msicos e soldados. Eles estavam sujeitos a outras cidades que tinham um governo
teocrtico-militar e exerciam uma poltica de dominao e expanso.
As pessoas viviam em cabanas de madeira e telhados de colmo agrupados em
torno de uma pirmide de adobe servindo como santurio. Nesta sociedade, os
sacerdotes e os governos militares, assim como os artesos estavam no topo da estrutura
piramidal. Assim como os Paracas, eles praticavam a deformao craniana,
provavelmente por razes de diferenciao social.
A mais conhecida expresso artstica desta civilizao so um conjunto de
geglifos antigos localizados no deserto de Nazca, ao sul do Peru.
Fonte: http://realismosocial.webnode.es/cultura-nazca
So enormes desenhos de linhas retas, por vrios quilmetros de comprimento, e que s
podem ser vistas do alto. So figuras antropomrficas, zoomrficas e fitomorfas. Todas
feitas com uma preciso que at hoje surpreendem o mundo, foram consideradas como
um Patrimnio Mundial, pela UNESCO em 1994.
Arte dos Nazcas
Os Nazca herdaram dos Paracas, as tcnicas para fazer tramas finas ou tecidas, mas no
com a mesma qualidade e acabamentos de luxo daquele povo. Para prepararem seus
tecidos utilizavam algodo e cameldeos (?). No auge da arte txtil os Nazca
introduziram mudanas radicais no design, na composio e tcnica onde surgiu uma
iconografia com imagens estilizadas e complexas, incluindo a criao de composies
geomtricas abstratas.
Fonte://pueblosoriginarios.com/sur/andina/nasca/nasca.html
Cermica dos Nazcas
A cermica Nazca foi uma das mais bem sucedidas do Peru, suas peas eram feitas
com argila fina e cuidadosamente polida, resultando num excelente acabamento. A
pintura antes da queima era realizada de forma policromada, com at sete cores, em 190
tons diferentes, ocupavam todo o espao da pea. As imagens eram pintadas, chamadas
de uma cermica pictrica.
Forma tpica foi a do frasco globular com dois picos cilndricos ligados por uma ponte
Imagens pertencem ao Museu de Ica, Peru Regional
Fonte: http://pueblosoriginarios.com/sur/andina/nasca/nasca.html
Os Nazcas tambm fabricavam placas, vasos cerimoniais, copos e vasos
esfricos. Para a confeco de flautas, trompetes e assobios, utilizavam a tcnica da
fundio, ou seja, usavam moldes porosos e uma pasta lquida para aderir s suas bordas
internas.
Fonte:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1046045&page=8
Imagens do site Pinterest
Fonte:http://www.willycondor.info/index.php/it/galerias-es/temas/ceramica-de-la-
cultura-nasca
Iconografia dos Nazcas
As peas cermicas dos Nazcas retratam principalmente elementos da vida cotidiana como:
flores, frutas, pssaros, animais e insetos ., ou seres mitolgicos que combinam traos
humanos e animais .As representaes dos Nazcas podem ser divididas em trs categorias:
Naturalista: representaes de meio ambiente
Mtica ou religiosa que revelam a percepo do mundo desta civilizao
Geometria: crculos, semicrculos, diamantes, linhas, espirais, escadas, etc
Algumas vezes a figura de pssaros aparecia em sua cermica com caractersticas
antropomrficas; nos geglifos de Nazca linhas gigantescas tambm foram representados
diferentes aves, provavelmente evocando os campos da fertilidade ou da gua. Pelicano e
Flamingo presentes nessas linhas tem uma relao com o mar. Figuras de aves simbolizam
transporte ou mensagem de fertilidade ou mudanas climticas em grande nmero para que
pudessem ser vistos pelos deuses
Msica
Os Nazcas fabricavam instrumentos musicais de cermica eram as antaras
cermica e superavam todos os instrumentos de Amrica pr-colombiana. Os antaras
Nazca podiam tocar de 8, 9, 10, 11 notas diferentes, foram considerados por muitos
musiclogos estrangeiros e peruanos como os antigos instrumentos musicais latinos mais
completos.
Outros instrumentos musicais encontrados nas tumbas Nazca so: Flautas, trombetas,
sinos e tambores. Todos estes instrumentos musicais so decorados pelos grandes artistas da
cermica Nazca.
Consideraes finais
O projeto em questo ousado e o artista dever enfrentar muitos desafios.
Considerando que ser um grande nmero de artistas, cada um confeccionando suas peas
em ambientes diferentes e com processos de queimas diferentes, muitos problemas podero
surgir ao longo do processo de criao. As queimas podero trazer surpresas, as dificuldades
do transporte por se tratar de uma pea grande e a prpria exposio que dever ser em local
aberto, exposto ao tempo.
Ao grande pblico s interessa a parte esttica, mas jamais poder vislumbrar as
horas de dedicao, trabalho e angstia que cada artista precisou para que este evento se
realizasse.Cada etapa vencida ser computada pelo artista como uma real conquista: desde
a pesquisa, a escolha da tcnica, a execuo do objeto, a espera do tempo de secagem da
argila, os inmeros erros que incluem um processo de fazer e desfazer.Tudo isto faz com
que cada exemplar ali exposto tenha um valor agregado, que ultrapassa o olhar do
observador. Mas, cabe ressaltar que todo o esforo tem um nico intuito de provocar uma
reao naquele que observa a pea exposta, para o pblico ser apenas uma obra exposta,
que ele ir definir se bela ou no.
Bibliografia e referncias adicionais
CHAVARRIA, Joaquim. A Cermica,Estampa, Lisboa, 1997
http://pt.wikipedia.org/wiki/Linhas_e_Ge%C3%B3glifos_de_Nasca_e_das_Pampas_de_Ju
mana acessado em 20/03/2015
http://pueblosoriginarios.com/sur/andina/nasca/nasca.html
http://realismosocial.webnode.es/cultura-nazca/ acessado em 25/03/2015
http://www.precolombino.cl/en/culturas-americanas/culturas precolombinas/andes-
centrales/nasca/#/culto-y-funebria/ acessado em 25/03/2015
http://www.willycondor.info/index.php/it/galerias-es/temas/ceramica-de-la-cultura-nasca
acessado em 05/04/2015
http://www.willycondor.info/index.php/it/galerias-es/temas/ceramica-de-la-cultura-nasca
acessado em 05/04/2015
Paracas CulturaMoche ou Mochica Cultura