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A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO NA INSERÇÃO DE
ALUNOS DE GRADUAÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO
Sheila Mendonça Mesquita
(UFF)
Sergio Luiz Braga França
(UFF)
Resumo Atualmente as organizações buscam profissionais engajados e que
tenham comprometimento consigo mesmo, percebendo suas limitações
e tendo consciência de suas qualidades. Diante disso, as organizações
precisam manter o desafio de capacitar peessoas e desenvolver suas
habilidades através de estágio. Este artigo tem como objetivo analisar
a importância do estágio supervisionado aos graduandos, verificando
o grau de facilidade na inserção dos mesmos no mercado de trabalho.
Palavras-chaves: Estágio supervisionado; mercado de trabalho;
ensino superior
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, cada vez mais a inserção no mercado de trabalho tem sido um desafio para
estudantes de graduação, visto que a exigência por experiência é um requisito básico na
maioria das empresas.
Durante o processo de seleção e treinamento de um futuro profissional, as organizações
buscam aperfeiçoar em seus empregados as habilidades necessárias para o exercício de
atividades específicas, restringindo-se às questões técnicas relacionadas ao trabalho e às
especificações do cargo (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001; FLEURY e FLEURY, 2001;
MARRAS, 2000; SANTOS, 1999). Há que se considerar também que, devido às pressões
sociais e do aumento da complexidade das relações de trabalho, as empresas passaram a levar
em consideração, não apenas as questões técnicas, mas também aspectos sociais e
comportamentais relacionados ao trabalho, tais como a interação entre equipes e o contexto
organizacional interno e externo.
Segundo Marras (2000) a busca e a aplicação do conhecimento, normalmente, representam o
diferencial competitivo necessário para definir a estratégia mais apropriada a ser seguida pela
empresa. O conhecimento está, portanto, se transformando no recurso que mais agrega valor a
uma organização, e como consequência, à nova economia, ou ainda, à economia da sociedade
em rede.
Diante desse contexto, a interface entre os alunos de graduação e o meio produtivo é de suma
importância, pois além de oferecer oportunidades no mercado de trabalho, acaba
desenvolvendo habilidades desses estudantes, indo além do banco escolar e preparando-as
para um mercado competitivo e inovador. É fundamental criar todo tipo de incentivo e retirar
os obstáculos para que os estudantes de graduação permaneçam no mercado de trabalho. As
questões que envolvem o trabalhador de hoje não podem mais ser pensadas fora das relações
tensas com o mundo do trabalho, nem fora de sua condição como consumidor potencial de
bens e serviços em uma sociedade de massas (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001). Com base
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neste contexto, será que se pode esperar que os graduandos detenham, em decorrência da
condição de estagiários, possibilidades de ampliar suas potencialidades de inserção no
mercado de trabalho? Para responder a formulação da situação problema, esta pesquisa
apresenta como objetivo geral analisar a importância do estágio supervisionado aos
graduandos, verificando o grau de facilidade na inserção dos mesmos no mercado de trabalho
Com relação aos aspectos metodológicos, essa pesquisa terá como embasamento a proposta
apresentada por Vergara (2009), que distingue dois tipos de pesquisa:
a) Quanto aos fins: será descritiva com caráter qualitativo.
b) Quanto aos meios: será bibliográfica, porque contará com uma base teórica que
possibilita um maior conhecimento sobre as possibilidades de inserção de alunos de
cursos técnicos no mercado de trabalho.
A pesquisa bibliográfica será baseada em materiais oriundos de livros e artigos que versem
sobre o tema em questão.
Segundo Gil (2002, p.21-22):
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.
De acordo com Vergara (2009), ao longo dos últimos anos houve uma mudança muito grande
na tendência de se utilizar apenas um método de pesquisa. Segundo os autores, a pesquisa
qualitativa tem sido utilizada com muita frequência na área da administração. Os autores
complementam que o ideal é que diferentes problemas sejam investigados, pois, dessa forma
contribuem para o enriquecimento do conhecimento sobre a administraçao e as organizações.
Ainda segundo Vergara (2004, p.18):
A pesquisa qualitativa geralmente oferece descrições ricas e bem fundamentadas,
além de explicações sobre o processos em contextos locais identificáveis. Além disso,
ajuda o pesquisador a avançar em relação às concepções iniciais ou a revisar sua
estrutura teórica
2. ESTÁGIO SUPERVISIONADO
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De acordo com Roesch (1996), o estágio foi criado visando um maior intercâmbio entre os
estudantes e as empresas, possibilitando, dessa forma, no aperfeiçoamento dos estudantes
como futuros profissionais. Como estratégia ou instrumento de aproximação entre o meio
produtivo e o escolar, a adoção do conteúdo prático pelos currículos educacionais resultou em
significativos benefícios para os três segmentos envolvidos: estudantes, instituições de ensino
superior e o meio produtivo. O autor salienta que o estágio supervisionado está presente,
embora não em sua totalidade, dentre os distintos projetos pedagógicos dos cursos, mas
conquistando o seu espaço, por meio de sucessivas aproximações, colabora na efetiva
melhoria da qualidade profissional e na tão desejada empregabilidade.
Conceitualmente, o estágio é entendido como um período de estudos práticos para a
aprendizagem e experiência, ou seja, o espaço no qual o discente irá desenvolver seus
conhecimentos junto às instituições de ensino, correlacionando teoria e prática, podendo
contribuir também, para melhorias nas instituições concedentes do estágio (BASTOS et al,
2003).
Roesch (1996) menciona que o estágio, além de aplicar na prática os conhecimentos teóricos
aprendidos no decorrer do curso, busca também avaliar a possibilidade de sugerir mudanças
no trabalho, aprofundando uma área de interesse e testando a habilidade de negociação do
estagiário.
Segundo Bastos et al (2003) foi a partir de 1972, através da Portaria nº 1.002, de 29 de
setembro de 1972, que o estágio supervisionado passou a ser integral aos currículos
escolares.
Em 1977, finalmente foi criada a Lei nº 6.494, que “dispõe sobre os estágios de estudantes de
estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2º grau e Supletivo”.
Confirmando essa afirmação, a Lei nº 6.494, no seu art. 1º, inciso 2º salienta que
os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da
aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e
avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários
escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em
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termos de treinamento prático, aperfeiçoamento técnico cultural,
científico e relacionamento humano.
Em 1982, o Decreto nº 87.497, de 18 de agosto, regulamenta a Lei nº 6.494, apresentando a
seguinte complementação:
considera-se estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as
atividades de aprendizagem social, profissional e cultural,
proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de
vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral
ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob a
responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.
Como pode ser visto a aprendizagem social, profissional e cultural vai além de se capacitar
teoricamente o aluno para o desempenho da profissão. Busca-se através dessa integração entre
social, profissional e cultural, fazer com que o aluno deixe de ser apenas um mero objeto de
ensino para tornar-se um profissional realmente comprometido com sua prática profissional e
social (ROESCH, 1996).
Roesch (1996, p. 27) afirma ainda que:
acredita-se, pois que o estágio curricular, independentemente de ser
obrigatório, é uma chance de aprofundar conhecimentos e habilidades
em área de interesse do aluno. O conhecimento é algo que se constrói e
o aluno, ao levantar situações problemáticas nas organizações, propor
sistemas, avaliar planos ou programas, bem como testar modelos e
instrumentos, está também ajudando a construir conhecimento.
Segundo Bastos et al (2003), a inserção da prática profissional durante o período de formação
dos estudantes é um instrumento decisivo na política de formação dos recursos humanos que
irão integrar o mercado de trabalho futuro. Os profissionais, recém-formados e sem
experiência, recebendo baixos salários, já tiveram sua participação nas empresas. Atualmente,
a contratação de profissionais sem apropriada qualificação significa atraso e maiores
investimentos futuros da empresa em sua qualificação.
A preparação dos profissionais do futuro começa na escola, mas sua formação se dá cada vez
mais dentro das organizações. A inserção do aluno no mercado de trabalho, através da
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realização de estágio supervisionado, quando ainda recebe a influência direta das atividades
desenvolvidas nos laboratórios, das salas de aula e dos professores-orientadores, é um fator
inovador de desenvolvimento econômico e social.
Segundo a Pesquisa da Atividade Econômica Regional (PAER), que investigou a natureza das
relações das empresas com as instituições de ensino voltadas somente a nível de educação
profissional, verificou que, dentre as várias modalidades de relacionamento sugeridas
(recrutamento de egressos das escolas, contratação de serviços especializados das escolas,
acolhimento de alunos em estágios, oferta de estágios nas empresas aos professores das
escolas, participação dos professores das escolas em projetos das empresas, treinamento de
trabalhadores das empresas nas escolas, participação das empresas na definição dos currículos
das escolas, cessão de equipamentos e insumos para uso das escolas e prestação de auxílio
financeiro às escolas) destacaram-se apenas aquelas consideradas tradicionais, ou seja, as
empresas cedendo suas instalações como campo de estágio para os alunos das escolas e
recrutando profissionais dentre os egressos dos cursos oferecidos pelas escolas
profissionalizantes (BASTOS et al, 2003).
A baixa participação das demais modalidades de relacionamento entre as instituições de
ensino para o nível de educação profissional e o setor produtivo parece apontar para a
necessidade de que as instituições profissionalizantes estreitem seus laços com as empresas,
de maneira a incrementar os seus vínculos com elas e tornar seus esforços de qualificação
profissional mais efetivos (BASTOS et al. 2003).
É sabido que o ritmo acelerado do desenvolvimento tecnológico apresenta efeitos sensíveis
sobre a estrutura do conhecimento atual, como também leva ao despertar de novos
conhecimentos distintos, gerando novas ocupações e profissões.
Segundo Bastos et al. (2003), o papel da educação sofre alteração expressivas. O valor não é
mais atribuído ao produto estandardizado, mas a novos projetos e conceitos que continuam a
crescer progressivamente. A escola, de modo geral, tende a reproduzir o que se passa nos
segmentos produtivos; os currículos são divididos em disciplinas, de acordo com concepções
estandardizadas da educação e da economia.
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Entretanto, cabe salientar que, de acordo com Roerch (1999), muitas empresas ainda não são
favoráveis à realização de estágios em suas organizações. O fato é que no meio empresarial as
atitudes parecem muito mais ser caracterizadas como atitudes defensivas e paternalistas do
que como expectativas sobre a contribuição do acadêmico para a empresa.
Outro fato que é tratado pela autora, é que os empresários têm receio em contratar um
estagiário pela questão do vínculo empregatício, que é regulamentado pelo Decreto
87.497/82, que diz que o estágio de estudantes pode ser realizado junto à comunidade em
geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público e privado, sob responsabilidade e
coordenação da instituição de ensino. A legislação estabelece a obrigatoriedade de um
instrumento jurídico (convênio) entre a escola ou órgão de integração (quando houver) e a
empresa, bem como para não caracterizar a relação de vinculo empregatício, exige-se a
celebração de um Termo de Compromisso de Estágio, entre o estudante e a organização, com
a interveniência da instituição de ensino e do órgão de integração, além ainda da exigência de
se providenciar seguro de acidentes pessoais em favor do estudante.
Para Fazenda (2003), o Estágio não pode ser encarado como uma tarefa burocrática a ser
cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado nas organizações onde os estagiários
buscam espaço. E afirma que o estágio deve sim, assumir a sua função prática, revisada numa
dimensão mais dinâmica, profissional, produtora, de troca de serviços e de possibilidades de
abertura para mudanças. Para o estudante, por sua vez, segundo o IEL (2007), o estágio
representa muitas vezes, a sua estréia profissional, que chega como um ensaio geral para sua
atuação futura, ou seja, através dele, o estudante tem a oportunidade de aplicar na prática os
conhecimentos adquiridos em sala de aula e desenvolver seus talentos, permitindo um contato
direto com as verdadeiras necessidades do mercado de trabalho. Quando em sala de aula, o
aluno, ao estar atuando em sua profissão, consegue dar mais ênfase, ou seja, consegue
visualizar na prática, os conteúdos trabalhados em sala de aula. Dessa forma, o entendimento,
o aprendizado, bem como o aproveitamento, se tornam muito mais interessantes para o futuro
profissional.
Segundo Roesch (1999), muitos alunos se interessam em aproveitar oportunidades de estágio
durante o curso. Há outros, por sua vez, que relutam em procurar vagas de estágio,
considerando que quase sempre as experiências são insatisfatórias. A principal queixa é que
muitas empresas colocam o aluno universitário para exercer unicamente trabalhos repetitivos,
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sem chance de aprender um trabalho ligado à profissão, ou mesmo, de conhecer os diversos
setores da empresa, sendo que a queixa é que o estágio é uma forma de exploração de mão-
de-obra.
Roesch (1999) salienta ainda que observadores contra-argumentam que o estágio, assim como
qualquer experiência de trabalho, é válido porque, mesmo que a atividade a ser desenvolvida
pelo aluno não seja exclusivamente na área de formação do aluno, essa experiência ensina-lhe
como se relacionar com colegas e superiores, ou mesmo clientes e como funciona a
organização. E outros ainda consideram que o estagio é aprendizagem e uma oportunidade de
conseguir alguma estabilidade ou de promoção depende em grande parte da iniciativa
individual do estudante.
Para Leite e Brandão (1999), as empresas estão procurando adaptar-se com agilidade e
rapidez as novas demandas de mercado, com constantes reestruturações, reduções de
hierarquia, mudando as formas de trabalho e transformando o perfil do emprego. Sendo
assim, o profissional de hoje deve apresentar novas competências, mais voltadas para o
aprendizado contínuo e aperfeiçoamento constante, de maneira a adaptar-se à essa nova
realidade e encontrar espaço no mercado de trabalho atual. Segundo essas autoras, é através
da educação continuada dos trabalhadores que as empresas podem buscar a excelência, e é ai
que as Universidades entram no processo, e é ai que começam as dificuldades, pois as
instituições de ensino não conseguem se aproximar das empresas, permanecendo voltadas
para dentro de si mesmas, esquecendo que trabalham para a sociedade e devem formar
pessoas capazes de modificar o meio onde vivem através da criatividade e do
desenvolvimento de suas potencialidades.
Para Leite e Brandão (1999) as instituições de ensino devem privilegiar o desenvolvimento de
habilidades cognitivas que permitam ao estudante identificar novas e variadas estratégias na
busca de resolução de problemas. Para isso, se faz necessário que os educadores abandonem
métodos tradicionais que priorizam a aprendizagem cumulativa, desenvolvendo, antes de
tudo, o raciocínio e a capacidade crítica, dando liberdade para que o estudante libere sua
criatividade. Dessa forma, a relação entre o conhecimento, que promove o espírito crítico, e a
atividade prática, deve ser feita pelo estágio, sob a supervisão de um docente, o aluno é capaz
de fazer a ligação entre o súber e o fazer, ou seja, o estágio é, portanto, um treinamento par o
estudante vivenciar o que tem aprendido na Universidade.
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A atividade exercida pelo aluno, em situação real de trabalho, possibilita a parceria entre a
Universidade e a empresa, promovendo um acompanhamento contínuo com a finalidade de
reforçar acertos e corrigir deficiências com rapidez, além de possibilitar ao aluno perceber as
diferenças do mundo organizacional exercitar sua adaptação ao meio empresarial. É no
estágio, portanto, que o estudante deve perceber a utilidade do que aprendeu e procurar
eliminar as falhas existentes, e é dessa forma que o estágio pode ser considerado uma
modalidade de treinamento. Cabe a Universidade potencializar portanto o estágio como forma
de profissionalização, pois, ele é uma das opções de ferramenta que podem fazer a diferença
para aqueles que estão adentrando ao mundo do trabalho, da competitividade, e do mercado
global (LEITE e BRANDÃO, 1999).
3. A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A
INSERÇÃO DO ESTUDANTE DE GRADUAÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO
Muitas empresas ainda não perceberam a oportunidade de desenvolvimento que existe a partir
do grande número de alunos dos mais diversos cursos oferecidos pelas Universidades que
necessitam de oportunidade e orientação para o mundo profissional. Essa orientação pode ser
uma verdadeira descoberta para futuros profissionais, pois, essa descoberta traz consigo o
questionamento e a necessidade do aprendizado, que inevitavelmente trará maior
aproveitamento e entendimento por parte dos acadêmicos dos conhecimentos e conteúdos
teóricos tratados em sala de aula, bem como, maior desenvolvimento das empresas as quais
estes estão inseridos. Ou seja, os futuros profissionais saíram muito mais preparados para o
mercado de trabalho, e as empresas terão muito mais chances de desenvolvimento e inovação
no mercado competitivo do mundo capitalista e globalizado atual.
Almeida et al (2006) realizaram um estudo com o intuito de verificar a importância do estágio
supervisionado Levando-se em consideração as pesquisas realizadas sobre a importância do
estágio supervisionado para a inserção no mercado de trabalho do estudante de graduação, foi
possível verificar que existem atributos que são considerados pelas empresas que estão
recrutando os estagiários. O quadro 1 ilustra os atributos analisados de forma esquemática..
CONCEITOS DIMENSÕES COMPONENTES ATRIBUTOS
CURSO
Tipo de instituição de
ensino superior,
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ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
ESTAGIÁRIO
Fatores relacionados
exclusivamente ao
estagiário
ASPECTOS SÓCIO-
ECONOMICOS
Habilitação
Sexo, renda, estado
civil, faixa etária e
raça
ORGANIZAÇÃO
Fatores relacionados ao
desenvolvimento da
atividade de estágio
PROGRAMAS
INSTITUCIONAIS
ECONÔMICO-
FINANCEIROS
Programa de Trainee,
Parcerias para
estágio,
Formalização da
atividade de Estácio,
Capacitação e Bolsas
de auxílio
Ramo de atuação,
Porte da organização,
Quantidade de
empregados e origem
do capital
FORMAÇÃO DO
PROFISSIONAL
ESTÁGIO
Fatores relacionados ao
desenvolvimento da
atividade do estágio
REGULAMENTO
ÁREAS DE
ATUAÇÃO
DESENVOLVI-
MENTO
ACADÊMICO
PROFISSIONAL
HABILIDADES
PROFISSIONAIS
Carga horária, Tipo
de vínculo
estabelecido e
Remuneração
Identificação da área
de atuação
Contribuição do
estágio para o
rendimento escolar.
Continuidade de
atuação na área de
estágio
Competências e
habilidades
desenvolvidas
Quadro 1: Atributos analisados
Fonte: Almeida et al, 2006
Como pode ser visto no quadro 1, esses atributos estão divididos em três dimensões:
estagiários, organização e estágio. Na dimensão voltada aos estagiários, deve ser verificado o
curso no qual o estudante está inserido e os aspectos sócioseconômicos dos mesmos. Na
dimensão da organização, devem ser analisados os programas institucionais e os aspectos
econômico-financeiros da instituição e na dimensão estágio leva-se em conta o regulamento,
as áreas de atuação, o desenvolvimento acadêmico-profissional e as habilidades profissionais
necessárias.
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A realização de um estágio supervisionado acaba desenvolvendo no aluno habilidades e
competências, como pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1 - Habilidades e Competências Desenvolvidas na Realização do Estágio
Fonte: Almeida et al, 2006
Como pode ser visto no gráfico 1, as habilidades e competências que são desenvolvidas ao
longo da realização de um estágio sâo: reconhecimento de problemas, proposição de soluções
e participação no processo decisório; capacidade de expressão oral e escrita; reflexão e
atuação crítica sobre a esfera da produção; raciocínio lógico, crítico e analítico com base em
ferramentas quantitativas; atitudes pró-ativas e aquisição de valores éticos para o exercício da
profissão; capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação a mudanças; capacidade
para elaborar, implementar e consolidar projetos nas organizações e capacidade para realizar
consultoria em gestão e administração. Todas essas habilidades e competências farão a
diferença na inserção dos alunos no mercado de trabalho, pois estes estarão aptos a
desenvolverem com maior facilidades as atividades necessárias à função.
Almeida et al (2006) salientam que os fatores referentes ao Desenvolvimento da capacidade
de expressão oral e escrita, ao Desenvolvimento do raciocínio lógico, crítico e analítico com
base em ferramentas quantitativas e ao Desenvolvimento de atitudes pró-ativas e aquisição de
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valores éticos para o exercício da profissão não apresentaram diferenças significativas.
Consideraram-se, para estes cruzamentos, os seguintes fatores: área e ramo de atuação, tipo de
organização, tipo de vínculo, remuneração recebida, carga horária semanal, tempo de
atividade da empresa, porte da empresa (número de funcionários) e programas institucionais
de qualificação mantidos pela organização.
O estágio supervisionado é um dos passos importantes para essas necessidades, pois é através
dele que os alunos conseguem perceber ou dar maior importância aos conteúdos ministrados
dentro da sala de aula, pois o estudante esta vendo na prática onde e como pode utilizar os
conceitos e as teorias trabalhadas de forma teórica, incrementando em muito seu
conhecimento e consequentemente sua formação profissional. Neste contexto, as
Universidades podem fazer a diferença, oferecendo maior valor e condição ao estágio, pois
ela estará interferindo diretamente no meio produtivo, fazendo a ligação do conhecimento
com a produtividade.
Segundo Fazenda (2003), a realização do estágio supervisionado em certos ramos de atuação
resulta em maior probabilidade de desenvolver o reconhecimento de problemas, proposição
de soluções e participação no processo decisório, como:
Comércio: quem atua no ramo de comércio possuem probabilidade 5 vezes maior de
desenvolver essa habilidade.
Indústria: todos os alunos que atuam nessa área desenvolveram essa habilidade.
Além disso, algumas características das empresas e o tipo de vínculo do estagiário também
influenciam positivamente o desenvolvimento desta habilidade, tais como:
Organização Privada: alunos que estagiam em organizações privadas possuem 40%
mais chances de desenvolver esta habilidade.
Programa Trainee: todos os alunos que estagiaram em organizações que possuem
programa de trainee desenvolveram esta habilidade.
Vínculo Empregatício: alunos que possuem vínculo empregatício possuem
probabilidade 4,2 vezes maior de desenvolver esta habilidade.
Remuneração: alunos que não receberam remuneração pelo estágio supervisionado
possuem 4 vezes mais chances de desenvolver esta habilidade
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Na habilidade “Reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção”, há influência do ramo
e características da empresa:
Indústria: alunos que estagiam em empresas do ramo de Indústria tendem a
desenvolver essa habilidade 7,2 vezes mais
Organização Privada: alunos que estagiam em organizações privadas possuem 32%
mais chances de desenvolver esta habilidade.
Certas áreas de atuação do estágio possuem menos probabilidade de desenvolvimento desta
habilidade:
Seleção de Pessoal: alunos que estagiam na área de seleção de pessoal possuem 39%
menos chances de desenvolver esta habilidade.
Na habilidade “Desenvolvimento da capacidade de aproveitamento de experiências e
adaptação às Mudanças” exercem influência as seguintes variáveis:
Organização, Sistemas e Métodos (OSM): todos os alunos que estagiaram na área de
OSM desenvolveram essa habilidade
Convênios: alunos que estagiam em empresas que oferecem convênios desenvolveram
2,2 vezes mais esta habilidade.
Já na habilidade “Desenvolvimento da capacidade para elaborar, implementar e consolidar
projetos em Organizações” foram consideradas significantes a relação com os seguintes
fatores:
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Comércio: alunos que estagiaram em empresas do ramo de Comércio desenvolveram
esta habilidade 2,9 vezes mais do que os demais.
Mercadológica: alunos que estagiaram na área de Mercadológica desenvolveram 2,7
vezes mais esta habilidade.
Remuneração: alunos que não recebem remuneração desenvolveram 2,1 vezes mais
esta habilidade
Vínculo de Estágio: alunos que possuem vínculo de estágio ao invés de vínculo
empregatício desenvolveram esta habilidade 2,6 vezes menos
Treinamento: alunos que estagiam em empresas que oferecem treinamento tendem a
desenvolver essa habilidade 4,3 vezes mais do que os demais.
4. DISCUSSÕES E CONCLUSÃO
Baseado nos dados obtidos nesse artigo, verifica-se a importância do tema e abre espaço para
estudos mais aprofundados sobre a relação entre o meio acadêmico e o meio produtivo.
A relação entre a Universidade e as organizações é imprescindível para o desenvolvimento de
uma cidade, de um país, e porque não do mundo. Esse fato se consolida baseando nos
resultados obtidos pelos alunos com relação à aprendizagem desenvolvida durante o período
de estágio, bem como também pelo desenvolvimento da organização envolvida.
A Universidade tem um papel primordial nesse contexto, pois é através da estimulação do
processo de estágio conjuntamente com a educação teórica, indispensável para o
desenvolvimento da prática, que os docentes podem disponibilizar e também aprimorar seus
conhecimentos e competências, fazendo a ligação direta do mundo acadêmico com o mundo
empresarial, criando assim, condições efetivas de crescimento e desenvolvimento. Nesse
sentido, observa-se a importância do assunto para todos os órgãos participantes desse
processo (Universidades, estudantes, meio produtivo e órgãos de integração). Há que se
perceber que trabalhando juntos, ou seja, valorizando a interdependência entre todos os
participantes do processo, e que esse processo deve ser cada vez mais discutido e amplamente
difundido para que o desenvolvimento do conhecimento aconteça com mais qualidade, numa
relação mutua de ganha - ganha para todos os envolvidos.
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O Estágio Supervisionado deve ser considerado um instrumento fundamental no processo de
formação do profissional, podendo assim, auxiliar o aluno a compreender e enfrentar o mundo
do trabalho e contribuir para a formação de sua consciência política e social, unindo a teoria a
prática. Existem diversos projetos sendo desenvolvidos dentro das universidades que podem
despertar o interesse do meio produtivo, mas para efetivar esse encontro de interesses é
preciso superar o tradicional distanciamento existente entre universidades e empresas. O
grande capital da universidade é o conhecimento, mas quem tem a visão de mercado é o
empresário, daí a importância dessa aproximação
REFERÊNCIAS
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