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A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA INSERÇÃO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO Sheila Mendonça Mesquita (UFF) Sergio Luiz Braga França (UFF) Resumo Atualmente as organizações buscam profissionais engajados e que tenham comprometimento consigo mesmo, percebendo suas limitações e tendo consciência de suas qualidades. Diante disso, as organizações precisam manter o desafio de capacitar peessoas e desenvolver suas habilidades através de estágio. Este artigo tem como objetivo analisar a importância do estágio supervisionado aos graduandos, verificando o grau de facilidade na inserção dos mesmos no mercado de trabalho. Palavras-chaves: Estágio supervisionado; mercado de trabalho; ensino superior 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO

SUPERVISIONADO NA INSERÇÃO DE

ALUNOS DE GRADUAÇÃO NO

MERCADO DE TRABALHO

Sheila Mendonça Mesquita

(UFF)

Sergio Luiz Braga França

(UFF)

Resumo Atualmente as organizações buscam profissionais engajados e que

tenham comprometimento consigo mesmo, percebendo suas limitações

e tendo consciência de suas qualidades. Diante disso, as organizações

precisam manter o desafio de capacitar peessoas e desenvolver suas

habilidades através de estágio. Este artigo tem como objetivo analisar

a importância do estágio supervisionado aos graduandos, verificando

o grau de facilidade na inserção dos mesmos no mercado de trabalho.

Palavras-chaves: Estágio supervisionado; mercado de trabalho;

ensino superior

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, cada vez mais a inserção no mercado de trabalho tem sido um desafio para

estudantes de graduação, visto que a exigência por experiência é um requisito básico na

maioria das empresas.

Durante o processo de seleção e treinamento de um futuro profissional, as organizações

buscam aperfeiçoar em seus empregados as habilidades necessárias para o exercício de

atividades específicas, restringindo-se às questões técnicas relacionadas ao trabalho e às

especificações do cargo (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001; FLEURY e FLEURY, 2001;

MARRAS, 2000; SANTOS, 1999). Há que se considerar também que, devido às pressões

sociais e do aumento da complexidade das relações de trabalho, as empresas passaram a levar

em consideração, não apenas as questões técnicas, mas também aspectos sociais e

comportamentais relacionados ao trabalho, tais como a interação entre equipes e o contexto

organizacional interno e externo.

Segundo Marras (2000) a busca e a aplicação do conhecimento, normalmente, representam o

diferencial competitivo necessário para definir a estratégia mais apropriada a ser seguida pela

empresa. O conhecimento está, portanto, se transformando no recurso que mais agrega valor a

uma organização, e como consequência, à nova economia, ou ainda, à economia da sociedade

em rede.

Diante desse contexto, a interface entre os alunos de graduação e o meio produtivo é de suma

importância, pois além de oferecer oportunidades no mercado de trabalho, acaba

desenvolvendo habilidades desses estudantes, indo além do banco escolar e preparando-as

para um mercado competitivo e inovador. É fundamental criar todo tipo de incentivo e retirar

os obstáculos para que os estudantes de graduação permaneçam no mercado de trabalho. As

questões que envolvem o trabalhador de hoje não podem mais ser pensadas fora das relações

tensas com o mundo do trabalho, nem fora de sua condição como consumidor potencial de

bens e serviços em uma sociedade de massas (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001). Com base

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neste contexto, será que se pode esperar que os graduandos detenham, em decorrência da

condição de estagiários, possibilidades de ampliar suas potencialidades de inserção no

mercado de trabalho? Para responder a formulação da situação problema, esta pesquisa

apresenta como objetivo geral analisar a importância do estágio supervisionado aos

graduandos, verificando o grau de facilidade na inserção dos mesmos no mercado de trabalho

Com relação aos aspectos metodológicos, essa pesquisa terá como embasamento a proposta

apresentada por Vergara (2009), que distingue dois tipos de pesquisa:

a) Quanto aos fins: será descritiva com caráter qualitativo.

b) Quanto aos meios: será bibliográfica, porque contará com uma base teórica que

possibilita um maior conhecimento sobre as possibilidades de inserção de alunos de

cursos técnicos no mercado de trabalho.

A pesquisa bibliográfica será baseada em materiais oriundos de livros e artigos que versem

sobre o tema em questão.

Segundo Gil (2002, p.21-22):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se

preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser

quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis.

De acordo com Vergara (2009), ao longo dos últimos anos houve uma mudança muito grande

na tendência de se utilizar apenas um método de pesquisa. Segundo os autores, a pesquisa

qualitativa tem sido utilizada com muita frequência na área da administração. Os autores

complementam que o ideal é que diferentes problemas sejam investigados, pois, dessa forma

contribuem para o enriquecimento do conhecimento sobre a administraçao e as organizações.

Ainda segundo Vergara (2004, p.18):

A pesquisa qualitativa geralmente oferece descrições ricas e bem fundamentadas,

além de explicações sobre o processos em contextos locais identificáveis. Além disso,

ajuda o pesquisador a avançar em relação às concepções iniciais ou a revisar sua

estrutura teórica

2. ESTÁGIO SUPERVISIONADO

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De acordo com Roesch (1996), o estágio foi criado visando um maior intercâmbio entre os

estudantes e as empresas, possibilitando, dessa forma, no aperfeiçoamento dos estudantes

como futuros profissionais. Como estratégia ou instrumento de aproximação entre o meio

produtivo e o escolar, a adoção do conteúdo prático pelos currículos educacionais resultou em

significativos benefícios para os três segmentos envolvidos: estudantes, instituições de ensino

superior e o meio produtivo. O autor salienta que o estágio supervisionado está presente,

embora não em sua totalidade, dentre os distintos projetos pedagógicos dos cursos, mas

conquistando o seu espaço, por meio de sucessivas aproximações, colabora na efetiva

melhoria da qualidade profissional e na tão desejada empregabilidade.

Conceitualmente, o estágio é entendido como um período de estudos práticos para a

aprendizagem e experiência, ou seja, o espaço no qual o discente irá desenvolver seus

conhecimentos junto às instituições de ensino, correlacionando teoria e prática, podendo

contribuir também, para melhorias nas instituições concedentes do estágio (BASTOS et al,

2003).

Roesch (1996) menciona que o estágio, além de aplicar na prática os conhecimentos teóricos

aprendidos no decorrer do curso, busca também avaliar a possibilidade de sugerir mudanças

no trabalho, aprofundando uma área de interesse e testando a habilidade de negociação do

estagiário.

Segundo Bastos et al (2003) foi a partir de 1972, através da Portaria nº 1.002, de 29 de

setembro de 1972, que o estágio supervisionado passou a ser integral aos currículos

escolares.

Em 1977, finalmente foi criada a Lei nº 6.494, que “dispõe sobre os estágios de estudantes de

estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2º grau e Supletivo”.

Confirmando essa afirmação, a Lei nº 6.494, no seu art. 1º, inciso 2º salienta que

os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da

aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e

avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários

escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em

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termos de treinamento prático, aperfeiçoamento técnico cultural,

científico e relacionamento humano.

Em 1982, o Decreto nº 87.497, de 18 de agosto, regulamenta a Lei nº 6.494, apresentando a

seguinte complementação:

considera-se estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as

atividades de aprendizagem social, profissional e cultural,

proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de

vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral

ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob a

responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.

Como pode ser visto a aprendizagem social, profissional e cultural vai além de se capacitar

teoricamente o aluno para o desempenho da profissão. Busca-se através dessa integração entre

social, profissional e cultural, fazer com que o aluno deixe de ser apenas um mero objeto de

ensino para tornar-se um profissional realmente comprometido com sua prática profissional e

social (ROESCH, 1996).

Roesch (1996, p. 27) afirma ainda que:

acredita-se, pois que o estágio curricular, independentemente de ser

obrigatório, é uma chance de aprofundar conhecimentos e habilidades

em área de interesse do aluno. O conhecimento é algo que se constrói e

o aluno, ao levantar situações problemáticas nas organizações, propor

sistemas, avaliar planos ou programas, bem como testar modelos e

instrumentos, está também ajudando a construir conhecimento.

Segundo Bastos et al (2003), a inserção da prática profissional durante o período de formação

dos estudantes é um instrumento decisivo na política de formação dos recursos humanos que

irão integrar o mercado de trabalho futuro. Os profissionais, recém-formados e sem

experiência, recebendo baixos salários, já tiveram sua participação nas empresas. Atualmente,

a contratação de profissionais sem apropriada qualificação significa atraso e maiores

investimentos futuros da empresa em sua qualificação.

A preparação dos profissionais do futuro começa na escola, mas sua formação se dá cada vez

mais dentro das organizações. A inserção do aluno no mercado de trabalho, através da

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realização de estágio supervisionado, quando ainda recebe a influência direta das atividades

desenvolvidas nos laboratórios, das salas de aula e dos professores-orientadores, é um fator

inovador de desenvolvimento econômico e social.

Segundo a Pesquisa da Atividade Econômica Regional (PAER), que investigou a natureza das

relações das empresas com as instituições de ensino voltadas somente a nível de educação

profissional, verificou que, dentre as várias modalidades de relacionamento sugeridas

(recrutamento de egressos das escolas, contratação de serviços especializados das escolas,

acolhimento de alunos em estágios, oferta de estágios nas empresas aos professores das

escolas, participação dos professores das escolas em projetos das empresas, treinamento de

trabalhadores das empresas nas escolas, participação das empresas na definição dos currículos

das escolas, cessão de equipamentos e insumos para uso das escolas e prestação de auxílio

financeiro às escolas) destacaram-se apenas aquelas consideradas tradicionais, ou seja, as

empresas cedendo suas instalações como campo de estágio para os alunos das escolas e

recrutando profissionais dentre os egressos dos cursos oferecidos pelas escolas

profissionalizantes (BASTOS et al, 2003).

A baixa participação das demais modalidades de relacionamento entre as instituições de

ensino para o nível de educação profissional e o setor produtivo parece apontar para a

necessidade de que as instituições profissionalizantes estreitem seus laços com as empresas,

de maneira a incrementar os seus vínculos com elas e tornar seus esforços de qualificação

profissional mais efetivos (BASTOS et al. 2003).

É sabido que o ritmo acelerado do desenvolvimento tecnológico apresenta efeitos sensíveis

sobre a estrutura do conhecimento atual, como também leva ao despertar de novos

conhecimentos distintos, gerando novas ocupações e profissões.

Segundo Bastos et al. (2003), o papel da educação sofre alteração expressivas. O valor não é

mais atribuído ao produto estandardizado, mas a novos projetos e conceitos que continuam a

crescer progressivamente. A escola, de modo geral, tende a reproduzir o que se passa nos

segmentos produtivos; os currículos são divididos em disciplinas, de acordo com concepções

estandardizadas da educação e da economia.

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Entretanto, cabe salientar que, de acordo com Roerch (1999), muitas empresas ainda não são

favoráveis à realização de estágios em suas organizações. O fato é que no meio empresarial as

atitudes parecem muito mais ser caracterizadas como atitudes defensivas e paternalistas do

que como expectativas sobre a contribuição do acadêmico para a empresa.

Outro fato que é tratado pela autora, é que os empresários têm receio em contratar um

estagiário pela questão do vínculo empregatício, que é regulamentado pelo Decreto

87.497/82, que diz que o estágio de estudantes pode ser realizado junto à comunidade em

geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público e privado, sob responsabilidade e

coordenação da instituição de ensino. A legislação estabelece a obrigatoriedade de um

instrumento jurídico (convênio) entre a escola ou órgão de integração (quando houver) e a

empresa, bem como para não caracterizar a relação de vinculo empregatício, exige-se a

celebração de um Termo de Compromisso de Estágio, entre o estudante e a organização, com

a interveniência da instituição de ensino e do órgão de integração, além ainda da exigência de

se providenciar seguro de acidentes pessoais em favor do estudante.

Para Fazenda (2003), o Estágio não pode ser encarado como uma tarefa burocrática a ser

cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado nas organizações onde os estagiários

buscam espaço. E afirma que o estágio deve sim, assumir a sua função prática, revisada numa

dimensão mais dinâmica, profissional, produtora, de troca de serviços e de possibilidades de

abertura para mudanças. Para o estudante, por sua vez, segundo o IEL (2007), o estágio

representa muitas vezes, a sua estréia profissional, que chega como um ensaio geral para sua

atuação futura, ou seja, através dele, o estudante tem a oportunidade de aplicar na prática os

conhecimentos adquiridos em sala de aula e desenvolver seus talentos, permitindo um contato

direto com as verdadeiras necessidades do mercado de trabalho. Quando em sala de aula, o

aluno, ao estar atuando em sua profissão, consegue dar mais ênfase, ou seja, consegue

visualizar na prática, os conteúdos trabalhados em sala de aula. Dessa forma, o entendimento,

o aprendizado, bem como o aproveitamento, se tornam muito mais interessantes para o futuro

profissional.

Segundo Roesch (1999), muitos alunos se interessam em aproveitar oportunidades de estágio

durante o curso. Há outros, por sua vez, que relutam em procurar vagas de estágio,

considerando que quase sempre as experiências são insatisfatórias. A principal queixa é que

muitas empresas colocam o aluno universitário para exercer unicamente trabalhos repetitivos,

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sem chance de aprender um trabalho ligado à profissão, ou mesmo, de conhecer os diversos

setores da empresa, sendo que a queixa é que o estágio é uma forma de exploração de mão-

de-obra.

Roesch (1999) salienta ainda que observadores contra-argumentam que o estágio, assim como

qualquer experiência de trabalho, é válido porque, mesmo que a atividade a ser desenvolvida

pelo aluno não seja exclusivamente na área de formação do aluno, essa experiência ensina-lhe

como se relacionar com colegas e superiores, ou mesmo clientes e como funciona a

organização. E outros ainda consideram que o estagio é aprendizagem e uma oportunidade de

conseguir alguma estabilidade ou de promoção depende em grande parte da iniciativa

individual do estudante.

Para Leite e Brandão (1999), as empresas estão procurando adaptar-se com agilidade e

rapidez as novas demandas de mercado, com constantes reestruturações, reduções de

hierarquia, mudando as formas de trabalho e transformando o perfil do emprego. Sendo

assim, o profissional de hoje deve apresentar novas competências, mais voltadas para o

aprendizado contínuo e aperfeiçoamento constante, de maneira a adaptar-se à essa nova

realidade e encontrar espaço no mercado de trabalho atual. Segundo essas autoras, é através

da educação continuada dos trabalhadores que as empresas podem buscar a excelência, e é ai

que as Universidades entram no processo, e é ai que começam as dificuldades, pois as

instituições de ensino não conseguem se aproximar das empresas, permanecendo voltadas

para dentro de si mesmas, esquecendo que trabalham para a sociedade e devem formar

pessoas capazes de modificar o meio onde vivem através da criatividade e do

desenvolvimento de suas potencialidades.

Para Leite e Brandão (1999) as instituições de ensino devem privilegiar o desenvolvimento de

habilidades cognitivas que permitam ao estudante identificar novas e variadas estratégias na

busca de resolução de problemas. Para isso, se faz necessário que os educadores abandonem

métodos tradicionais que priorizam a aprendizagem cumulativa, desenvolvendo, antes de

tudo, o raciocínio e a capacidade crítica, dando liberdade para que o estudante libere sua

criatividade. Dessa forma, a relação entre o conhecimento, que promove o espírito crítico, e a

atividade prática, deve ser feita pelo estágio, sob a supervisão de um docente, o aluno é capaz

de fazer a ligação entre o súber e o fazer, ou seja, o estágio é, portanto, um treinamento par o

estudante vivenciar o que tem aprendido na Universidade.

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A atividade exercida pelo aluno, em situação real de trabalho, possibilita a parceria entre a

Universidade e a empresa, promovendo um acompanhamento contínuo com a finalidade de

reforçar acertos e corrigir deficiências com rapidez, além de possibilitar ao aluno perceber as

diferenças do mundo organizacional exercitar sua adaptação ao meio empresarial. É no

estágio, portanto, que o estudante deve perceber a utilidade do que aprendeu e procurar

eliminar as falhas existentes, e é dessa forma que o estágio pode ser considerado uma

modalidade de treinamento. Cabe a Universidade potencializar portanto o estágio como forma

de profissionalização, pois, ele é uma das opções de ferramenta que podem fazer a diferença

para aqueles que estão adentrando ao mundo do trabalho, da competitividade, e do mercado

global (LEITE e BRANDÃO, 1999).

3. A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A

INSERÇÃO DO ESTUDANTE DE GRADUAÇÃO NO MERCADO DE

TRABALHO

Muitas empresas ainda não perceberam a oportunidade de desenvolvimento que existe a partir

do grande número de alunos dos mais diversos cursos oferecidos pelas Universidades que

necessitam de oportunidade e orientação para o mundo profissional. Essa orientação pode ser

uma verdadeira descoberta para futuros profissionais, pois, essa descoberta traz consigo o

questionamento e a necessidade do aprendizado, que inevitavelmente trará maior

aproveitamento e entendimento por parte dos acadêmicos dos conhecimentos e conteúdos

teóricos tratados em sala de aula, bem como, maior desenvolvimento das empresas as quais

estes estão inseridos. Ou seja, os futuros profissionais saíram muito mais preparados para o

mercado de trabalho, e as empresas terão muito mais chances de desenvolvimento e inovação

no mercado competitivo do mundo capitalista e globalizado atual.

Almeida et al (2006) realizaram um estudo com o intuito de verificar a importância do estágio

supervisionado Levando-se em consideração as pesquisas realizadas sobre a importância do

estágio supervisionado para a inserção no mercado de trabalho do estudante de graduação, foi

possível verificar que existem atributos que são considerados pelas empresas que estão

recrutando os estagiários. O quadro 1 ilustra os atributos analisados de forma esquemática..

CONCEITOS DIMENSÕES COMPONENTES ATRIBUTOS

CURSO

Tipo de instituição de

ensino superior,

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ESTÁGIO

SUPERVISIONADO

ESTAGIÁRIO

Fatores relacionados

exclusivamente ao

estagiário

ASPECTOS SÓCIO-

ECONOMICOS

Habilitação

Sexo, renda, estado

civil, faixa etária e

raça

ORGANIZAÇÃO

Fatores relacionados ao

desenvolvimento da

atividade de estágio

PROGRAMAS

INSTITUCIONAIS

ECONÔMICO-

FINANCEIROS

Programa de Trainee,

Parcerias para

estágio,

Formalização da

atividade de Estácio,

Capacitação e Bolsas

de auxílio

Ramo de atuação,

Porte da organização,

Quantidade de

empregados e origem

do capital

FORMAÇÃO DO

PROFISSIONAL

ESTÁGIO

Fatores relacionados ao

desenvolvimento da

atividade do estágio

REGULAMENTO

ÁREAS DE

ATUAÇÃO

DESENVOLVI-

MENTO

ACADÊMICO

PROFISSIONAL

HABILIDADES

PROFISSIONAIS

Carga horária, Tipo

de vínculo

estabelecido e

Remuneração

Identificação da área

de atuação

Contribuição do

estágio para o

rendimento escolar.

Continuidade de

atuação na área de

estágio

Competências e

habilidades

desenvolvidas

Quadro 1: Atributos analisados

Fonte: Almeida et al, 2006

Como pode ser visto no quadro 1, esses atributos estão divididos em três dimensões:

estagiários, organização e estágio. Na dimensão voltada aos estagiários, deve ser verificado o

curso no qual o estudante está inserido e os aspectos sócioseconômicos dos mesmos. Na

dimensão da organização, devem ser analisados os programas institucionais e os aspectos

econômico-financeiros da instituição e na dimensão estágio leva-se em conta o regulamento,

as áreas de atuação, o desenvolvimento acadêmico-profissional e as habilidades profissionais

necessárias.

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A realização de um estágio supervisionado acaba desenvolvendo no aluno habilidades e

competências, como pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1 - Habilidades e Competências Desenvolvidas na Realização do Estágio

Fonte: Almeida et al, 2006

Como pode ser visto no gráfico 1, as habilidades e competências que são desenvolvidas ao

longo da realização de um estágio sâo: reconhecimento de problemas, proposição de soluções

e participação no processo decisório; capacidade de expressão oral e escrita; reflexão e

atuação crítica sobre a esfera da produção; raciocínio lógico, crítico e analítico com base em

ferramentas quantitativas; atitudes pró-ativas e aquisição de valores éticos para o exercício da

profissão; capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação a mudanças; capacidade

para elaborar, implementar e consolidar projetos nas organizações e capacidade para realizar

consultoria em gestão e administração. Todas essas habilidades e competências farão a

diferença na inserção dos alunos no mercado de trabalho, pois estes estarão aptos a

desenvolverem com maior facilidades as atividades necessárias à função.

Almeida et al (2006) salientam que os fatores referentes ao Desenvolvimento da capacidade

de expressão oral e escrita, ao Desenvolvimento do raciocínio lógico, crítico e analítico com

base em ferramentas quantitativas e ao Desenvolvimento de atitudes pró-ativas e aquisição de

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valores éticos para o exercício da profissão não apresentaram diferenças significativas.

Consideraram-se, para estes cruzamentos, os seguintes fatores: área e ramo de atuação, tipo de

organização, tipo de vínculo, remuneração recebida, carga horária semanal, tempo de

atividade da empresa, porte da empresa (número de funcionários) e programas institucionais

de qualificação mantidos pela organização.

O estágio supervisionado é um dos passos importantes para essas necessidades, pois é através

dele que os alunos conseguem perceber ou dar maior importância aos conteúdos ministrados

dentro da sala de aula, pois o estudante esta vendo na prática onde e como pode utilizar os

conceitos e as teorias trabalhadas de forma teórica, incrementando em muito seu

conhecimento e consequentemente sua formação profissional. Neste contexto, as

Universidades podem fazer a diferença, oferecendo maior valor e condição ao estágio, pois

ela estará interferindo diretamente no meio produtivo, fazendo a ligação do conhecimento

com a produtividade.

Segundo Fazenda (2003), a realização do estágio supervisionado em certos ramos de atuação

resulta em maior probabilidade de desenvolver o reconhecimento de problemas, proposição

de soluções e participação no processo decisório, como:

Comércio: quem atua no ramo de comércio possuem probabilidade 5 vezes maior de

desenvolver essa habilidade.

Indústria: todos os alunos que atuam nessa área desenvolveram essa habilidade.

Além disso, algumas características das empresas e o tipo de vínculo do estagiário também

influenciam positivamente o desenvolvimento desta habilidade, tais como:

Organização Privada: alunos que estagiam em organizações privadas possuem 40%

mais chances de desenvolver esta habilidade.

Programa Trainee: todos os alunos que estagiaram em organizações que possuem

programa de trainee desenvolveram esta habilidade.

Vínculo Empregatício: alunos que possuem vínculo empregatício possuem

probabilidade 4,2 vezes maior de desenvolver esta habilidade.

Remuneração: alunos que não receberam remuneração pelo estágio supervisionado

possuem 4 vezes mais chances de desenvolver esta habilidade

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Na habilidade “Reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção”, há influência do ramo

e características da empresa:

Indústria: alunos que estagiam em empresas do ramo de Indústria tendem a

desenvolver essa habilidade 7,2 vezes mais

Organização Privada: alunos que estagiam em organizações privadas possuem 32%

mais chances de desenvolver esta habilidade.

Certas áreas de atuação do estágio possuem menos probabilidade de desenvolvimento desta

habilidade:

Seleção de Pessoal: alunos que estagiam na área de seleção de pessoal possuem 39%

menos chances de desenvolver esta habilidade.

Na habilidade “Desenvolvimento da capacidade de aproveitamento de experiências e

adaptação às Mudanças” exercem influência as seguintes variáveis:

Organização, Sistemas e Métodos (OSM): todos os alunos que estagiaram na área de

OSM desenvolveram essa habilidade

Convênios: alunos que estagiam em empresas que oferecem convênios desenvolveram

2,2 vezes mais esta habilidade.

Já na habilidade “Desenvolvimento da capacidade para elaborar, implementar e consolidar

projetos em Organizações” foram consideradas significantes a relação com os seguintes

fatores:

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Comércio: alunos que estagiaram em empresas do ramo de Comércio desenvolveram

esta habilidade 2,9 vezes mais do que os demais.

Mercadológica: alunos que estagiaram na área de Mercadológica desenvolveram 2,7

vezes mais esta habilidade.

Remuneração: alunos que não recebem remuneração desenvolveram 2,1 vezes mais

esta habilidade

Vínculo de Estágio: alunos que possuem vínculo de estágio ao invés de vínculo

empregatício desenvolveram esta habilidade 2,6 vezes menos

Treinamento: alunos que estagiam em empresas que oferecem treinamento tendem a

desenvolver essa habilidade 4,3 vezes mais do que os demais.

4. DISCUSSÕES E CONCLUSÃO

Baseado nos dados obtidos nesse artigo, verifica-se a importância do tema e abre espaço para

estudos mais aprofundados sobre a relação entre o meio acadêmico e o meio produtivo.

A relação entre a Universidade e as organizações é imprescindível para o desenvolvimento de

uma cidade, de um país, e porque não do mundo. Esse fato se consolida baseando nos

resultados obtidos pelos alunos com relação à aprendizagem desenvolvida durante o período

de estágio, bem como também pelo desenvolvimento da organização envolvida.

A Universidade tem um papel primordial nesse contexto, pois é através da estimulação do

processo de estágio conjuntamente com a educação teórica, indispensável para o

desenvolvimento da prática, que os docentes podem disponibilizar e também aprimorar seus

conhecimentos e competências, fazendo a ligação direta do mundo acadêmico com o mundo

empresarial, criando assim, condições efetivas de crescimento e desenvolvimento. Nesse

sentido, observa-se a importância do assunto para todos os órgãos participantes desse

processo (Universidades, estudantes, meio produtivo e órgãos de integração). Há que se

perceber que trabalhando juntos, ou seja, valorizando a interdependência entre todos os

participantes do processo, e que esse processo deve ser cada vez mais discutido e amplamente

difundido para que o desenvolvimento do conhecimento aconteça com mais qualidade, numa

relação mutua de ganha - ganha para todos os envolvidos.

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O Estágio Supervisionado deve ser considerado um instrumento fundamental no processo de

formação do profissional, podendo assim, auxiliar o aluno a compreender e enfrentar o mundo

do trabalho e contribuir para a formação de sua consciência política e social, unindo a teoria a

prática. Existem diversos projetos sendo desenvolvidos dentro das universidades que podem

despertar o interesse do meio produtivo, mas para efetivar esse encontro de interesses é

preciso superar o tradicional distanciamento existente entre universidades e empresas. O

grande capital da universidade é o conhecimento, mas quem tem a visão de mercado é o

empresário, daí a importância dessa aproximação

REFERÊNCIAS

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