A Herançadebimbaenhjcarta11

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A HERANA

68132

A HERANADEMESTRE BIMBA

filosofia e LGICA africanasdacapoeira

Coleo So Salomo

Titulo do livro: A Herana de Mestre Bimba

Autor: Angelo A. Decanio Filho

Copyright by Angelo A. Decanio Filho

Editorao electrnica do texto; reviso; criao e arte final da capa: Angelo A. Decanio Filho

2a Edio (revisada, acrescida de glossario dialetal) 1997

Endereo para correspondncia:Angelo A. Decanio Filho

Rua Eduardo Dotto, s/n Vivenda Yemanj

Praia de Tubaro Paripe

Salvador - Bahia - Brasil

CEP 40801-9700

Fone (071) 397-4309 (residencial) 9650268(mvel)

Fax (modem) (071) 397-4309

E-mail: adecan@e-net.com.br;Homepage: Capoeira da Bahia Online

http://www.geocities.com/Colosseum/Loge/2078Sumrio

Duas palavras sobre um livro singular.Jorge Amado.Apresentao.Esdras Magalhes dos Santos.Bel.Dedicatria.Reverncia.Agradecendo...Confisso.A projeo de Mestre Bimba, Manoel dos Reis Machado,na paisagem sociocultural da Bahia.A lenda da capoeira.A origem da capoeira.Ritmo de capoeira e ijex.Porque Carib baiano...A capoeira uma s...A origem do smbolo da capoeira.O origem do hino da capoeira.A origem do escudo do Centro de Cultura Fsica Regional.O gingado e a genealogia dos movimentos da capoeira.As parbolas do mestre.Fatos e lies da vida.Reflexes.Suplemento tcnicoCartas-respostas de Decanio a Nenel.Catecismo da capoeira.Aptido fsica pela capoeira.Gabarito para ensaios e pesquisas.Curriculum vitae.DUAS PALAVRASSOBRE UM LIVRO SINGULARJORGE AMADODe repente, sem mais nem menos, o tema capoeira me cerca e me envolve. Mais do que o tema, a capoeira em sua realidade completa, histria, causas e conseqncias, mestres inesquecveis, os clssicos da capoeira-angola, os dissidentes da capoeira regional, a tica, a dignidade, o fervor, comentrios, perguntas e respostas, toda uma srie de pesquisas e de trabalhos sobre a luta nascida nas senzalas dos escravos africanos, engrandecida, no passar do tempo, em bal incomparvel, hoje com trnsito internacional. De repente vejo-me em meio roda de capoeira, j no se trata de um jogo de estudo literrio ou documentrio cinematogrfico. Trata-se da capoeira sendo mostrada nos fundos do mercado modelo assisto, mais uma vez maravilhado, ao espetculo nico, quem pode escapar ao seu sortilgio? Ao meu lado Monique e Jack Lang, franceses ilustres de visita Bahia. Mestre da cultura, ntimo da literatura e da arte as mais eruditas, Jack Lang conhece e ama como poucos a cultura popular. No s a francesa, a europia, como a brasileira que aprendeu a estimar e a valorizar nas diversas vindas ao Brasil.Uma jornalista que acompanhou Lang nas ruas da Bahia pede-me que participe de um documentrio de cinema sobre Mestre Bimba. Valdeloir Rego conta-me que a Editora Maltese de So Paulo vai publicar nova edio de seu livro clssico e definitivo: Capoeira Angola. Toninho Muricy, cineasta, vem do rio gravar um depoimento meu sobre Pastinha para um filme que est rodando sobre a figura inesquecvel do Mestre do Pelourinho, e agora, com o p no avio que me levar da Bahia, termino de ler A herana de Mestre Bimba - A filosofia e a lgica africanas da capoeira, livro de Decanio.Quem primeiro me falou do Doutor Decanio e de seu livro (ainda em preparao) foi Vctor Gradin, um baiano com profundas ligaes com a cultura de nossa terra, com a literatura e a arte - no fosse ele marido de Grace, a ceramista admirvel que ainda no ano passado deslumbrou os espanhis com suas Yemajs e outros mistrios de nossa cultura mestia. H trs dias, Carib entrou sala a dentro, entregou-me as provas do livro de Decanio e disse-me : leia e escreva duas palavras de prefcio.Carib no pede, ordena. Tomei do livro, li, gostei, estou escrevendo as duas palavras que o autor usar como prefcio se bem lhe parecer. Para comear, devo classificar o livro: ensaio?, biografia?, anlise histrica?, discusso de idias?, exposio de teorias?, estudo de uma personalidade invulgar?Tudo isto e muito mais pois este um livro singular, no cabe num rtulo, extralimita das definies. Pelo que me conta Carib, deve se parecer com o autor, um mdico singular. Como classificar o volume que acabo de ler? impossvel resumir em uma palavra um livro to rico e to variado. As diversas partes que constituem o volume (da confisso at o catecismo da capoeira, passando pelos captulos sobre gingado e genealogia dos movimentos da capoeira, as parbolas do Mestre, talvez a parte mais bela do livro, sobre fatos e lies da vida, o curiosssimo capitulo das reflexes, o suplemento tcnico e a aptido fsica pela capoeira) encontram sua unidade no tratamento extremamente potico que o autor d sua escrita - o livro, inclusive, composto graficamente como se fosse um longo poema.No conceito e definio da capoeira, Decanio escreve: a capoeira na sua origem uma s.../ Cada mestre cria um estilo prprio.... Verdade to evidente que no livro sobre Bimba, o mestre da capoeira regional, Decanio exalta Pastinha, o Mestre da Capoeira Angola. Livro escrito por um doutor da vida, mas vivido e concebido por um jovem estudante. Um livro singular e de agora em diante imprescindvel no estudo da arte da capoeira.

APRESENTAO

ESDRAS MAGALHES DOS SANTOS DAMIOVi Decanio pela primeira vez no ano de 1943, com o Brasil em pleno estado de guerra com as potncias do Eixo.Estudava no Colgio 2 de julho (antigo Ginsio Americano) em Salvador, Bahia, onde ele ministrava aulas de fsica aos alunos do 1Na hora do recreio, curiosos argamos os nossos colegas: quem este rapaz? , que tal, explica bem? As respostas eram unssonas: um crnio , estuda medicina. medicina e ensina fsica? Refutvamos ns com uma certa incredidulidade debochada. O fato entretanto espalhou-se pelo colgio, e nas janelas de certa sala de aula sempre haviam diversos alunos vidos por verem aquele rapazinho estudante de medicina, com a maior tranqilidade, prender a ateno de toda uma classe com suas explicaes. Era o assunto do colgio e o diretor Mr. Baker quase sempre o citava como um exemplo a ser seguido.Mas o tempo passou... deixei o colgio para ir lutar pela vida.No ano de 1946, matriculado na academia de capoeira de Mestre Bimba, e j enfronhado com o seu mtier, passei a ouvir dos alunos mais adiantados e tambm dos formados: Decanio fogo na roupa, tem de ter cuidado ao lutar com ele; o martelo, a beno pulada e a rasteira desferidos por ele so praticamente indefensveis. E eu curioso: quem este cara?, porque no aparece?. A resposta foi clara: ele vem 2 (dois) dias por sema- na, justamente naqueles em que voc no tem aula.Satisfiz minha curiosidade vindo visitar a academia nos dias de sua presena. Lembro-me que ao chegar vi um moo de estatura mediana, compleio fsica normal e fala mansa, sentado num banco conversando animadamente com o Mestre Bimba. Cumprimentei o Mestre que, ato contnuo, apresentou-me como aluno novato. Ao fitar o moo no tive dvidas, era o rapazinho professor. Interpelei-o: voc deu aulas no Colgio 2 de Julho? A resposta foi afirmativa e seguida da pergunta: Voc foi meu aluno? Respondi-lhe: no. Meu irmo que se parece comigo, foi.No sendo meu dia de aula, sentei-me e fiquei no meu canto olhando os alunos novos treinarem a seqncia da luta, sem o acompanhamento do berimbau. Em seguida, passei a observar disfaradamente a forma carinhosa, paternal mesma, com que o Mestre Bimba o tratava. Mais adiante vim a perceber que, em decorrncia deste relacionamento, Decanio tinha o privilgio de ser o nico detentor dos segredos e das manhas do mestre e da capoeira.

Esta suposio achava-se alicerada na forma sui generis do Decanio lutar e na existncia de um convvio rotineirodesde os anos idos de l938, mediante o qual o discpulo dispensava ao seu mestre ateno filial, cuidados mdicos, assessoramento em assuntos relacionados com a administrao da Academia, estudo de novos golpes e contragolpes, e o estabelecimento de normas e regras destinadas ao aperfeioamento do ensino da luta.Acredito que somente Cisnando (falecido), antigo aluno do Mestre Bimba no perodo de criao da Regional, e tambm muito falado e elogiado por ele, deve ter desfrutado de tamanha considerao e apreo.Decanio lutava uma capoeira regional para ningum botar defeito. Era muito gil e dotado duma tcnica aprimorada, que lhe permitia aplicar com invulgar eficincia golpes e contragolpes no embalo de um gingado e negaas tremendamente manhosos. Raramente lutava ensinando a principiantes. Quando o fazia, era com cuidado e ateno prprios de um professor. O seu forte entretanto era: no pau pr valer ou melhor, na hora do esquenta banho ao lutar com os alunos j formados, sob o consentimento e o olhar atento do mestre, naquilo que ns chamvamos de roda quente cuja freqncia era para o que desse e viesse.Este treinamento tinha a sua razo de ser pois aprendamos a luta para brigar mesmo, era defesa pessoal no duro, e o aprimoramento era obtido sob o estmulo de uma das prolas includas no regulamento da academia pelo prprio Decanio:

melhor apanhar na roda que na rua.Ao ler o livro que ora se edita, exultei de contentamento por ver surgir uma verdadeira antologia sobre Mestre Bimba e sua capoeira Regional. E mais, o autor demonstra, com engenho e arte nas pginas do seu livro que passado no o que passou, como geralmente alguns pensam, mas sim, o que fica do que passou...Decanio, cujo currculo no fecho deste livros espelha a excelncia de sua formao profissional como discpulo do Mestre Hipcrates, ps todo o seu conhecimento cientfico, filosfico e de cultura popular, a servio de uma das manifestaes mais autnticas de nossa nacionalidade - a capoeira, brindando-nos com uma obra que na apreciao de Jorge Amado, : um livro singular e de agora em diante imprescindvel no estudo da arte da capoeira.Tal como o canto do Uirapuru, a prosa do gnio de nossa literatura exige silncio.Destarte, nada mais tenho a dizer...Eterna companheira!Bel...

Sempre te amei...Em toda a eternidade pretrita!Te esperei por toda a vida!Graas a Deus te encontrei...Nesta encarnao!Em tempo de receber...Tua vida...Teu amor...E...Minha nova vida!Nada nos separar de novo!Em toda a eternidade futura!Minha Alma-Irm! presena eterna

de quem se foi...

mas permanece

em todos que

tiveram a benesse do seu convvio!REVERNCIAem memriade CISNANDO LIMA

... que se dizendo ateu...... por princpio e lgica...... fez da Medicina um Sacerdcio...... e da vida um Caminho......que o conduziu a Cristo!em gratidoa PASCOAL SEGRETO SOBRINHO

... a quem devemos...... o reconhecimento...... da Capoeira como Desporto...... e o incio de sua Regulamentao!em homenagema FAUZI ABDALA JOO

... o elo que uniu a Capoeira...... Confederaco Brasileira de Pugilismo...... tornando realidade os sonhos...... da Federao Baiana de Capoeira...... e da Confederao Brasileira de Capoeira!AGRADECENDO

... a todos que...... diretamente...... pela prtica desportiva...... no corpo a corpo da academia...... indiretamente...... em demonstraes...... que tive a felicidade de assistir...... por ensinamento pessoal...... em conversas...... nos bancos da academia...... em bate-papos...... em torno das mesas alegres...... permitiram o acmulo dos conhecimentos...... que tentamos aqui preservar!SEM ESQUECER JAMAIS... Mancha...

... Moacir Chaves Neto...

...pelo figura do Mestre...... que enriquece a capa...

... Jairzinho...

... Jair Carlos V. BRAGA Filho...

...pelas horas que roubou dos seus entes queridos...... para orientar-me no mundo dos softs...... e ao final...... retornando ao comeo de tudo...... Guel...

... Miguel Almeida Gradin...

... pelo carinho e calor humano ....... que alimentaram os motores do comeo ao fim!

CONFISSO

... o que vai aqui transcrito...... vive comigo...... na alma!... no corpo!... no sangue!... no instinto!... na memria!... na conduta!.... propositadamente...... no consultei escritos...... no misturei...... gua de outras fontes...... ao rio da minha vida!... o meu modo de ser...... no Universo da Capoeira!.... a minha verdade...... que depois de dissipada...... no paradigma desta poca......deixar simplesmente de ser...... para retornar...... ao Esprito da Capoeira!

A projeo de Mestre Bimba,Manoel dos Reis Machado,na paisagem sociocultural da Bahia

... a presena de Mestre Bimba na histria da Bahia...... muito mais significativa...... que a figura do criador dum mtodo...... para o ensino rpido de capoeira!... o divisor de guas...... entre um perodo de grandes representantes individuais...... desta atividade cultural de naturalidade baiana...... famosos pela maestria...... que os transformou em mitos populares...... e a profissionalizao da figura do mito em mestre!... o responsvel pela evoluo...... do aprendizado artesanal...... na roda popular de capoeira...... ao ensino sistematizado...... num curso de educao fsica...... reconhecido pelo Ministrio de Educao!... o introdutor dos costumes africanos...... no seio da juventude da classe dominante...... da sociedade baiana da dcada de 30...... to bem sucedido que...... os acadmicos de Salvador estufavam o peito...... para realar o galardo...... de alunos de Mestre Bimba!

.... o grande lder...... que iniciou as demonstraes pblicas....... de atividades socioculturais africanas...... antes proscritas e perseguidas pela sociedade...... que, como num passe de mgica,...... aps o seu trabalho pioneiro se transmudaram...... em grande atrativo internacional...... e transformou Salvador num grande teatro...... onde turistas de todo mundo...... conhecem, admiram e reverenciam......as manifestaes dos povos africanos!...seu valor no escapou...... ao Dr. Antnio Carlos Magalhes!... foi uma das pedras fundamentais...... sobre as quais se ergueu o trabalho...... do grande governador....... que levou o Centro Histrico da Cidade do Salvador...... ao reconhecimento...... como patrimnio cultural da humanidade......enriquecendo o mundo com as jias arquitetnicas...... que o embelezam e enaltecem os nossos ancestrais!... com suas palavras e gestos expressivos...... em modo tipicamente africano...... sinuoso e reticente como a arte que praticava...... nos transmitiu a Sabedoria Africana...... pelas narrativas que denominamos...

... AS PARBOLAS DO MESTRE...... nossa preciosa herana sociocultural...... os fundamentos filosficos e a lgica africana...... da capoeira como Modo de Ser !

A LENDA DA CAPOEIRA

... Cisnando um dia me transmitiu...... a pantomima da origem da capoeira...... conforme a palavra de Bimba...... nos primeiros tempos da sua chegada roda do Curuz...... como Cisnando pintou a pele de preto...... diria Paulinho Camafeu!... e falava com o estilo helicino...... prprio dos capoeiristas...... ainda hoje no sei distinguir com nitidez...... nos vaivns do floreio da sua prosa...... o que pertencia a Bimba...... o arabesco verbal do narrador...... o ncleo mitolgico da tradio africana...... du qui sai di dentu...... da minha maginau...... du meu corau!

...era eu...era meu mesti...... era meu mesti maiz eu...... nois troquemuaz ida... i num sei maiz...queinh meu mesti...neinh quim eu!

... importa pouco a exatido nas coisas dos orixs...... a prpria histria se faz sinuosa e sibelina...... como o serpentear do capoerista...... no jogu di dentu...... pr agrad a todu mundu?!... ou pr ingan a todu mundu?!... assim que...... um belo entardecer...... ia tranqilamente Salomo...... o mais sbio dos reis.... pela estrada da vida.....sin pens... sin magin...... perigos?!... a hora de Ex ?!!!?......quando foi surpreendido pela boca da noite...... e interrogado por uma encruzilhada...... que cantava do bojo duma cabaa...... cadncia marcada pelo caxixi...... entremeada pelo retinir do dobro...... sob a batuta dum arco

... comandado por um arami...... meu birimba-a-a--u!... um instrumentu duma corda s--!... e prosseguia pela noite a dentro...... a voz dolente...... manhosa...... enfeitiando o viandante...... uma cano de ninar...... um convite ao sonho!....iniciando um jogo...... uma luta entre Conscincia e Sonho!... entre a Magia e o Eu!... at hoje continuo sonhando...... cum bal maravilhoso!... u negu saci...... cum alvu Su Salumu...... sin imbolandu...... cumu coba pelu chu...... pr v quim pdi mais!... i--!...... u bal da capu---ra da Bahi-i-i-a!...

A ORIGEM DA CAPOEIRA

... durante anos a fio...... pesquisei a origem da capoeira...... analisando os dados ao meu alcance...... o ritmo e a melodia...... a orquestra...... berimbau... caxixi... pandeiro...... atabaque... agog... reco-reco...... cnticos e coro...... ambiente... movimentos...... ritual... tradio... filosofia...... distribuio geogrfica...... distribuio social...... difuso geogrfica e social...... classe social... profisso...... raa... economia...... relao com atividades sociais de origem africana...... candombl... maculel... samba... conga...... vudu... afox... rumba... etc....... por reflexo...... analogia...... bate-papos...... com os papas da capoeira...... entre outros instrumentos de pesquisa que dispus......alcancei as seguintes concluses !... depois de estudar os ritmos de candombl...... percebi que...... o ritmo bsico de Loguned...... no disco de Luiz da Murioca...... corresponde s batidas do pandeiro na capoeira...... ou seja....... o candombl a fonte mstica...... donde brota a magia da capoeira!... o que coincide com a observao...... da semelhana do gingado de Man Rozendo...... "feito de santo... pai de santo...

... ao fim da vida estabeleceu terreiro de candombl...... em Cosme de Farias......com os movimentos das danas rituais do candombl...... similitude que aparecia...... maneira de estigma gentico e cultural...... nos elegantes movimentos...... dos nossos paradigmas afrobrasileiros...... cuja gracilidade e leveza procurvamos reproduzir...... e a semelhana continuava...... no candombl o ritmo dos atabaques...... o nexo entre os Orixs e o Vodunce...... na capoeira o estilo do jogo...... acompanha a musicalidade do toque !... alguns mestres tecnicamente fracos...... porm musicalmente bem desenvolvidos...... conseguem formar discpulos...... de excelente qualidade...... pela pedagogia sutil dos toques do berimbau!...donde se conclui que...... em coincidncia com a lenda da capoeira...... quem cria o capoeirista...... o toque do monocrdio de Ex!... do mesmo modo que So Salumu So Salomo, entidade fictcia, representando a sabedoria e a justia, ao modo do rei salomo bblico

... desenvolveu a arte-e-manha..... com que enfrentou as armaes...... do tinhoso das encruzilhadas...... gastei anos de teimosa insistncia...

... cantiga de murioca no p do ouvido do Mestre!... at que um belo dia ouvi!... t certu!... maiz num diga a ningueim!... preu num perd meu ganha-pu!

... estabelecida a origem do ritmo...... o candombl...

... procuramos informaes da existncia do berimbau...... de jogo ou luta...... idnticos ou assemelhados capoeira...... nas razes africanas...... dos povos trazidos como escravos pelos colonizadores...... pessoalmente, o ilustre Prof. Dr. Edson Carneiro...... confirmou a presena do berimbau na frica...... no da capoeira!... nosso colega Jesus, capoeirista, em viagem frica...... pesquisou exaustivamente...... a existncia de capoeira em Angola...... encontrou berimbau, pandeiro, viola...... chula, samba de roda e candombl...... no conseguiu notcia de capoeira!... constatamos assim...... a presena de berimbau...... pandeiro e outros instrumentos...... e a ausncia de capoeira em Angola !... Pastinha j foi a frica... pr mostr a capura du Bras!...

.... Pastinha tambm...... no encontrou capoeira em Angola!

... fato estranho!... dada a reconhecida fora das tradies africanas...... e da sua capacidade de sobreviver...... a todas as presses sociais...... econmicas... culturais... at religiosas!... dissimulao!?... sincretismos!?... aculturao!?...... ou persistncia na filosofia ancestral?!

... centenas de anos de dispora...... no apagaram...... a fora da cultura...... da religio...... nem da lngua-me !?...... como explicar ou justificar...... o desaparecimento da fonte africana da capoeira...... sem deixar resduos orais ou simblicos?.. procuramos sem sucesso em pases do Novo Mundo...... nos quais a raa negra...... conseguiu manter suas tradies e cultura...... sinais de alguma atividade similar capoeira...... encontramos..... a preservao do candombl...... e atividades culturais dele derivadas...... na grande maioria dos pases latino-americanos...... nenhum jogo... dana... ou luta...... semelhantes capoeira!... a prpria denominao...... no apresenta vinculao...... semntica ou etimolgica...... com lngua africana...... aludindo paisagem brasileira...... onde foi inicialmente praticada...... como diverso?...... s escondidas dos feitores e senhores...... mais interessados no rendimento do trabalho forado...... que na qualidade de vida da sua fonte de riqueza!... todos os dados levam concluso...... a capoeira na forma em que a conhecemos...... embora tenha sua raiz mstica, musical e coreogrfica...... na dana ritual do candombl...... foi elaborada no Recncavo Baiano!

... donde se espalhou...... para as outras regies da Bahia..

.... do Brasil e do Mundo!

... a denominao de angola e de angoleiro...... do estilo popular praticado nas ruas de Salvador...... em contraposio. a acadmico e regional...... do estilo de Mestre Bimba...... derivada da tradio de fora, valentia e belicosidade...... dos escravos oriundos daquela regio...... no foi por mim encontrada nos anos de quarenta...... em narrativas dos mais velhos...

... em cidades do Recncavo!

... por orgulho racial os salvadorenhos"...

... que no ostentavam o galardo de regional...... passaram a se intitular de herdeiros da tradio...... de bravura dos angoleiros...... e a usar brinco de ouro na orelha

... como seus pretensos ancestrais...... smbolo de valentia... no de feminilidade!

.... valorizava esta denominao...... e acentuava ainda mais a dicotomia...... a discriminao injusta pela juventude estudantil...... pretensamente de melhor qualificao..

... cultural... tcnica... racial... e econmica!... dos capoeiristas populares... de rua...... os panhadores de dinheiro cum a boca...... das festas de populares...

... os antigos alunos de Bimba... lamentavelmente!

... adoravam abusar da ingenuidade dos seus irmos populares...... usando movimentos proibidos neste ltimo estilo...... para fechar a roda ...... fragmentou-se assim...... a unidade primitiva da capoeira!

RITMO DE CAPOEIRA E IJEX.

... perguntei a Fatumb Verger...

... a relao entre...... o ritmo de capoeira e o toque de Loguned...... registrei...... na terra dos Ilexs...... num templo de Oxum, a me de Loguned...... foi convidado a demonstrar num tambor local ( il )...... o ritmo de ijex...... o qual foi prontamente identificado...... continuando Fatumb afirmou......no detectou prtica capoeira-smile...... nem referncia oral, atual ou tradicional...... nem a existncia do berimbau....... constatou a presena do berimbau...... no antigo Congo-Belga, atualmente o Zaire...... rea distante, geogrfica e culturalmente...... territrio dos bantos......o toque da capoeira...... unio dum ritmo ijex a um instrumento musical banto...... portanto, s pode ter sido gerado...... em presena amistosa dos elementos primrios...... o que no foi possvel na frica...... dado o distanciamento...... cultural e espacial das duas naes!... na Bahia...... houve o encontro dos dois povos...... uma aproximao mais ntima...

... pacfica...... ao calor dum inimigo comum....... e duma escravido compartilhada!... a dor irmana....... apaga as divergncias...... menores em face do sofrimento comum...... reunidos nos gueto das senzalas......a aproximao se fez indispensvel...... foi possvel compartilhar os costumes...... sem os preconceitos...... dissolvidos pelo opressor comum...... assim...... o Recncavo Salvadorenho...... foi o cadinho...... onde se fundiu a liturgia musical ...... que h de unir os homens...... na alegria da capoeira ...... diria Canjiquinha no seu cantar...... ao revisar estas anotaes Fatumbi acrescentou...... uma tarde no Corta-brao...... ouvindo Mestre Valdemar ao berimbau......enquanto o autofalante da praa irradiava um toque ijex...... percebi nitidamente a identidade dos ritmos...... as notas do monocrdio...... em sincronia..... com a marcao dos ils...... demarcavam...... a fonte musical donde flui a capoeira !PORQUE CARIB BAHIANO?

.. impressionado com as narrativas de Jorge Amado...... Carib resolveu. verificar in loco...

... a autenticidade das estrias de Jubiab...... cidado fronteirio argentino-brasileiro...... decidido como todo filho de emigrante...... italiano pela sua raiz europia como eu ...... veio Bahia para ver...... diferente de Jlio Csar e de So Tom...... chegou, viu, acreditou e ficou...

... assim que....... a Bahia ganh ...... a capura ganh ...... u condombr ganh....... a frica ganh...... u Mund intru ganh...... du negu u mai pint!

... em 1938, no mesmo ano em que eu......ingressou num curso de regional...... no ptio dum casaro no Largo da Piedade...... defronte do Gabinete Portugus de Leitura...... onde iniciou seus passos

... na arti -manha de Su Salmu...... sua psgraduao......se fez na academia de Mestre Pastinha...... no Pelourinho...

... viveu a confluncia dos dois grandes rios...... que desguam...... na Grande Bahia da Capoeira e de Todos os Orixs...... msico...

... diplomado em berimbau e pandeiro...... perfeito para afirmar...... com corpo... alma... sangue...... pincel e pena...A CAPOEIRA UMA S !

O VENERVEL MESTRE PASTINHA

tambm pensava...

...A CAPOEIRA UMA S!

A ORIGEMDO SMBOLO DA CAPOEIRA.

Dedicado a todos os mestres que passaram......mas ficaram....... eternizados em nossas cantigas tradicionais!... consoante a lenda da capoeira...... estamos ligados profundamente...... origem biolgica do homem...... enquanto carne... natureza divina do homem...... enquanto esprito...... magia do ritmo meldia do berimbau...... e sabedoria...... representada...... em nossa cultura popular..... por uma figura mestia...... um hbrido afro-semito-cristo...... o bblico Rei Salomo...... feito Su Salmu...... canonizado moda crist ...... pelo mestio afro-brasileiro!... nosso povo...... especialmente os dedicados ao trabalho pesado...... e os capoeiristas em particular ...... de natureza profundamente religiosa...... confiante no poder do verbo e da imagem...... criou um smbolo...... universal porque no pertence a nenhuma crena...... ou cultura em particular...... que uniu...... harmnica, sincrtica e suavemente...... as suas raizes culturais...... branca, amerndia e africana!... o Rei Salomo...

... Xang bblico...... to freqente nos cnticos de capoeira...... talvez pela sua lendria ligao com a Rainha de Sab...... origem da realeza etope......contribuiu com a estrela...... de cinco ou de seis pontas...... como smbolo de sabedoria, justia e realeza...... os mestios brasileiros...... coroaram a estrela semita com a cruz de Jesus...... expressando respeito profundo e crena no Nazareno...... enquanto o Negro do Pixe....

que imprime e reala o smbolo mgico protetor...... representa o afro-brasileiro que o desenhou...... unindo pacificamente culturas to dispares!

... estrela e cruzeiro...

....que marcam tradicionalmente...... o rumo e o destino de nosso povo...... justapostos no smbolo da nossa arti-manha ...... merecem consagrao....... como nosso smbolo protetor...... tatuado no corao!A ORIGEM DO HINO

... os primeiros alunos brancos de Bimba...... eram uns tremendos gozadores...... caracterstica dos estudantes daquela poca !... uma galera cheia de amantes da vida...... brios de liberdade...... devotados gozao...... como conduta e religio!

... naquele tempo Bimba executava...... por brincadeira....... por chicana...... para exibir suas qualidades musicais...... pura sacanagem...... uma rapsdia monocrdica...... apropriada para o exerccio musical...... imprpria para o jogo de capoeira...... adequada para a chicana....... que Cisnando...... por molecagem...... apelidou hino da capoeira...

... os moleques brancos...... arrumaram uma letra safada...... nascida do juizo mal governado...... diria Mestre Caiara!... daqueles mestios culturais...... complementaria Fatumbi... ou Jorge Amado?

... ... panha laranja nu chu...... ticu-ticu...... meu am vai simbora...... eu no ficu...... minha tualha di renda...... di bicu...... botei pr sec...... caiu nu pinicu!

... um exemplo clssico...... do estilo helicino dos capoeiristas...... nos vaivns das frases...... a surpresa maliciosa !

... o prprio batismo de hino j uma gozao...... o nome dum smbolo de respeito e venerao...... numa sacanagem amolecada !Moral da histriaNus assuntu di berimbau,...... Cumu nus di atabaqui !... percizu s intiligenti...... Pr nun cunfundi...... Gozau cum hinu !

A ORIGEM DO ESCUDO DO Centro de Cultura Fsica Regional

Durante o longo perodo de luta pela regulamentao da capoeira pela FBP, para enquadrar a academia na legislao vigente, que no permitia o uso do termo academia, bem como de escola, em entidades esportivas sugeri a substituio do nome clssico para Centro de Cultura Fsica, mais expressivo e abrangente, complementado pelo atributo de Regional Baiano, alusivo luta regional baiana.Por ocasio da formatura da minha turma (Decanio, Nilton, e Maia) o uniforme de formatura da academia de Mestre Bimba era cala branca, camisa listada azul e branca e sapato de tnis branco, como se pode observar numa fotografia publicada em vrios clssicos da literatura do nosso esporte.Nota

Nosso quadro de formatura incluiu o meu compadre Luizinho, servente de pedreiro, com a mo esquerda esmagada por acidente de trabalho, pertencente ao grupo de alunos do mato, mais antigo, formado sem solenidade.Escolhemos como padrinho o nosso contramestre, Ruy Gouveia.Compadre Luizinho era um testemunho vivo de que os defeitos fsicos no impedem a prtica da capoeira desde que podem ser contornados pela vontade do praticante.Morreu tragicamente em acidente de trabalho, durante pintura do Elevador Lacerda, ao cair do andaime sem a proteo do cinto de segurana...... na tentativa desesperada para se agarrar...

... s paredes speras da construo...

... desgastou os dedos e carpo...... chegou marquise onde encerrou sua carreira...

... de operrio e de atleta...

... sem as mos...

... cujos fragmentos marcaram....

... com sangue e pedaos de carne...o seu protesto no concreto do edifcio...A dificuldade em aquisio das camisas listadas; vendidas em lotes de 11 jogadores, alguns reservas e goleiros, sem opo de escolha de tamanho por serem usadas pelos times de futebol, nos obrigou a procurar uma soluo menos penosa.Em torno de 1945 Mestre Bimba, atendendo a sugesto que lhe fiz, decidiu adotar a camisa de malha de algodo branca para os formados, conservando a antiga camisa listada azul e branca como distintivo para o mestre.Para completar o uniforme e quebrar a monotonia da camisa branca, desenhei ento um escudo com o signo de So Salomo consoante a tradio dos capoeiristas, que me acostumei a ver gravado pelos carroceiros na estrutura dos seus veculos de carga, com a troca da estrela de cinco pontas pela de seis pontas, para melhorar o efeito esttico, acrescentando na rea central, um pequeno crculo contendo a letra R, abreviao de Regional..

Optei pela estrela de seis pontos, formada pela superposio de tringulos equilteros, pela simetria dentro do campo circunscrito pelo escudo ogival, forma que melhor se prestava ao efeito esttico desejado.Nos intervalos entre as pontas das estrelas apliquei traos arciformes azuis, circunscrevendo a estela central e, na parte superior da ogiva, dois traos verticais para quebrar a monotonia do fundo branco.Naquela ocasio desenhei vrios modelos, com molduras diferentes, bem como smbolos e siglas, dos quais as mos habilidosas de Da. Berenice, minha Me Bena ( ento Rainha e Senhora da Casa de Bimba) confeccionou os prottipos; modelos em tamanho natural, bordados em azul mo, sobre tecido branco; dentre os quais a escolha do Mestre, e dos alunos consultados, recaiu, por unanimidade, no atual escudo.

Reforava a escolha do signo de So Salomo como smbolo da regional o desenrolar da lenda da capoeira conforme Cisnando.Para melhor efeito esttico o escudo deve ser usado na regio peitoral, e esquerda, do lado do corao, pelo simbolismo sentimental!

A cruz desenhada acima da imagem estelar a demonstrao da aptido inata da cultura africana para aceitar os conceitos estranhos sem perder sua autenticidade e assim sobreviver dentro dum ambiente hostil !

Cristianizando a Sabedoria de Salomo pela coroao crucial, o povo brasileiro criou um smbolo, a Estrela de So Salomo, capaz de pacificar o encontro de duas culturas conflitantes e que pode unir todos os capoeiristas do mundo!

O Gingado e A GENEALOGIA DOS MOVIMENTOS DA CAPOEIRA

GENERALIDADES

GINGADO

... o movimento fundamental...... donde emanam todos os componentes...... do conjunto harmonioso da capoeira !

... o gingado...... est intimamente relacionado...... com o rtmomelodia do berimbau...... o equilbrio dinmico do corpo...... e o nvel de conscincia do capoeirista.

... o jic...... movimento ritmado dos ombros...... permite a sintonizao e enriquecimento...... dos movimentos de floreio dos membros superiores...... o toque do berimbau......ou seja, o seu ritmomelodia...... marca a cadncia dos movimentos oscilatrios...... e o nvel de relaxamento...... ou profundidade do mergulho em nveis de conscincia!

... o equilbrio dinmico do corpo...... est vinculado ao centro de gravidade corporal - CGC...... ou centro de equilbrio corporal - CEC...... que grosseiramente corresponde cintura abdominal...

... da posio relativa do CGC...... e do seu deslocamento...... em relao aos pontos de apoio no solo...... depende o estado de equilbrio do praticante...

... o nvel de conscincia...... depende da concentrao da ateno...... e da obedincia do corpo ao toque do berimbau...... sem criar resistncia mental...... ao ritmo natural do instrumento...... nem ao jogo do companheiro...... o movimento da ginga...... nasce naturalmente...... pela oscilao...... ou balano do corpo...... ao compasso do berimbau...... a despeito da tendncia do iniciante...... a movimentos partidos dos membros inferiores...... com rigidez da coluna vertebral...... fundamental...... insistir desde o comeo do ensino que...... o gingado nasce da cintura...... se espraia pelo tronco e coluna vertebral...... para alcanar a cabea...... e os membros de modo harmnico...... sem o que perde a naturalidade...... a elegncia e a espontaneidade do floreio...... caractersticas da obedincia ao toque...... de tudo acima decorre a necessidade de manter...

... a coluna vertebral em relaxamento...... e permanente movimentao...... para que possa acompanhar as variaces do CGC...... sem perda do equilbrio dinmico...... que certamente ocorreria sempre que...... o mesmo se projetasse fora da linha de base...... ou de apoio dos ps no solo...

A CADNCIA

... a cadncia do berimbau...... deve ser acompanhada...... por todos os segmentos do corpo...... a partir da cintura...... o deslocamento dos ps no solo...... deve acompanhar o ritmo do toque...... cada segmentos do p...... marca o compasso...... do rtmomelodia do berimbau...... de modo similar ao do tocador de atabaque....... que manifesta......atravs todos os segmentos anatmicos do seu corpo...... do corao aos dedos...... a musicalidade que brota do seu ntimo...... e transmite ao instrumento!... Cisnando sempre realou...... com a aprovao do Mestre...... a importncia da prtica do samba...... no obter a leveza dos movimentos dos ps...... componente indispensvel do gingado!... o que nos levou a insistir...... na introduo do samba...... no preparo dos nossos capoeiristas...... conforme posteriormente aceito...... e posto em prtica pelos acadmicos...

...os joelhos sempre em flexo...... leve na guarda alta ...... se acentuando medida que o jogo desce...... relaxados...... devem se movimentar...... em relao rtmica com o toque...

... a cintura e a coluna vertebral...... inclusive o pescoo e a cabea...... devem se manter...... em permanente movimento oscilatrio...

... ou pendular...... sincrnico com o tom meldico do berimbau!

... os movimentos dos membros superiores...... nascem dos ombros...... por irradiao da coluna vertebral...... de modo similar queles do jic...... na dana ritual do candombl...... a raiz mstica da capoeira...... se propagam at os punhos...... para manifestar...... a polimorfia dinmica do floreio...... na mmica das mos e dedos!

CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO

... a noo de centro de gravidade...... ou de equilbrio do corpo (CGC/cec)...... de grande importncia na avaliao do gingado...

... fundamental que o CGC...... permanea sobre a linha de apoio das plantas......durante o movimento...

... s assim poderemos partir...... de qualquer dos pontos de apoio no solo...... para esquiva ou ataque...... obviamente......o apoio em ambos os ps...... assegura mais equilbrio dinmico que num s...

... devemos enfatizar que...... o apoio dos ps no solo deve ser feito...... no tero anterior da planta...... jamais sobre o calcanhar!... ou tero posterior do p... evitando assim...... o reflexo de hiperextenso do membro inferior...... e da coluna vertebral...

... que acarreta o deslocamento do CGC...

... para trs da linha de base...... e o desequilbrio do corpo...... atrasando os movimentos de esquiva...... e de ataque!

NVEL DE CONSCINCIA

... o nvel de conscincia pode oscilar....... da lucidez da conscincia plena da viglia...... ao transe profundo de integrao csmica...... como descrito na linguagem vdica...... da meditao transcendental por Maharishi!

... o nvel de conscincia depende...... da concentrao da ateno...... e da obedincia o ao toque do berimbau...... sem criar resistncia mental...... ao ritmo do instrumento...... o que s se alcana...... pelo domnio do medo...... da falta de confiana...... do ajustamento do nosso corpo...... aos movimentos do parceiro...... durante o complexo ldico...... gerado pelo toque musical!

... ao lado da autoconfiana...... despertada pelo treinamento...... e do relaxamento...... gerado pela reduo do bloqueio...... aos reflexos naturais de adaptao...... ao jogo do companheiro...

... assim que...

... num dado momento ocorre...... a integrao do Ser...... ao ritmo/melodia do toque!... e passamos a pertencer...... ao mundo mgico do jogo da capoeira!... onde no existe a duplicidade do eu e voc...... que se funde na unidade do ns...... vibrando em unssono...... transfigurada na dana ritual da capoeira!

... todo o corpo...... cintura... cabea e tronco...... pernas... braos...... mos e dedos...... procura traduzir em movimentos...... rituais e ritmodependentes...... a beleza do que brota do Ser...... pela transmutao da energia do berimbau!

... manifestam-se...... no contexto ritmo/meldico...

... daquele .instante atemporal...

... num espao infinito...... a experincia dos jogos passados...... os recursos tcnicos adquiridos...... no aprendizado de todos os dias...... o aperfeioamento dos movimentos...... pela repetio incessante, livre, espontnea...

.... no balano do berimbau..... pelo exerccio da meditao dinmica transmusical...... todos reflexos mais ntimos do sistema nervoso...... e do estado da alma naquele instante histrico!... todo o potencial acrescido ao Ser at o momento...MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS

... a raiz da capoeira o gingado...... movimento fundamental...... donde se derivam todos os demais...... do gingado passamos...... posio de cocorinha...... ao pedido de arpo de cabea...... aos movimentos de perna...... aos movimentos de mos e braos...... ao giro de cintura ou rol...... ao volteio do a e cabeada...

MOVIMENTOS DERIVADOS

... destes movimentos bsicos...... nascem os demais componentes da capoeira... da cocorinha originam-se...negativa... defesa em cocorinha... meia-lua de compasso...boca de cala... queda de rim... defesa em cocorinha...

pela inclinao lateral na direo do movimento de ataque, com apoio da mo do mesmo lado no cho para fora do p, enquanto a outra mo acompanha o membro atacante e protege a cabea. negativa...pela extenso duma das pernas para diante, queda do tronco para o mesmo lado, apoio das mos no solo, a cabea rente ao cho.

do arpo de cabea chegamos a...armada solta... meia-lua de compasso. dos movimentos de pernas brotam...meia-lua de frente... queixada... escoro... beno... martelo... rebote... joelhada... rasteira...e banda-traada.

dos movimentos de mos e braos nascem...galopante... asfixiante... quebra-mo... godemi...dedo nos olhos... leque... palma... cutila... cotovelada e costa-de-mo. do giro de cintura surgem...rol... vingativa... banda de costas e discbulo.

do volteio do a passamos a...rol no a... leque no a... joelhada no a... corte no a... sapinho... tesoura... ponteira...a espichado... a encurugido... a fechado...arqueamento para trs... e chapu de couro

da cabeada evolumos para......marrada... cabeada de aoite... e cabeada de escurrumelo...

As parbolas do Mestre

PERIGO NAS ESQUINAS,PORTAS E ESCONSOS

... a prtica da capoeira nos habitua...... a vigiar permanentemente o ambiente...... avaliando...... onde estar o perigo a nos aguardar?!... num movimento mal calculado...... numa colocao inadequada...... num convite traioeiro...... num gesto falsamente amistoso...... sob um movimento aparentemente inocente!... se podemos falhar na anlise do que vemos e ouvimos...... que dizer da avaliao...... do perigo oculto por uma esquina...... por detrs duma porta entreaberta....... dum grosso tronco de arvore ?...... especialmente noite?!... as narrativas jocosas...... acompanhadas pelos gestos largos e expressivos...... no deixavam dvidas sobre os perigos!... e nos preparavam para enfrentar as emboscadas...... no curso de especializao...... que devamos freqentar aps formatura...... durante o restante da vida...... permanecia o reflexo de defesa...... ao modo de Pavlow...... diria da sua ctedra de fisiologia o Prof. Novis......nu sangui!

... dizia nosso Mestre...... pela repetio infinda dos perigos...... de cada instante de manha ou malcia...... caractersticos da capoeira...... as brincadeiras...... obrigavam a uma permanente vigilncia...... o descer a cala para vestir o traje de treinamento...... oferecia uma chance de receber uma rasteira...... enquanto de pernas presas pelas bocas das calas...... distrado!?... um galopante de presente!... cuidado com a aproximao de algum!... o andar abstrado... manhoso...... esconder inteno maldosa?... uma banda-traada?... uma vingativa?...... sabe Deus o que mais!... lembra Jesus...... nosso verboso colega da Aeronutica...... do aluno acadmico...... que ao dobrar uma esquina noite...... recebeu uma punhalada inesperada...... que perfurou o livro que trazia a tiracolo...... um exemplo sempre citado Mestre!

RVORI GRANDIPODI T MACACU NUS GAIU!

... no Curso de Especializao...... havia uma Matria...... dedicada especificamente s Emboscadas...... durante as aulas de emboscadas...... os alunos eram divididos em dois grupos...... o primeiro de armadores da emboscada...... constitudo por pessoal mais experimentados...... encarregado de preparar as emboscadas...... o segundo, por alunos do curso atual......o processo comeava pela partida do primeiro grupo...... para a rea de exerccio....... previamente escolhida pelo mestre...... com a misso de se distribuir...... em posies propcias...... para o ataque individual ou coletivo de surpresa...... aos alunos do curso atual....

... decorrido um tempo razovel...... suficiente para o posicionamento adequado...

... do primeiro esquadro...... partia o segundo grupamento...... cuja misso era...... atravessar inclume a rea de perigo...

... registre-se que...

... o importante era no ser surpreendido...... deslizando...... sorrateiro e invisvel...... imperceptvel como ua cobra...... por aquela rea de perigo...

... a premunio do perigo dissimulado...... a demonstrao prtica mais forte...... do domnio do comportamento ttico pelo capoeirista...... ser descoberto e conseguir resistir ao ataque...... ou mesmo dominar os atacantes...... no constitui prova de superioridade...... e sim de habilidade tcnica...... pequena parte do Modo de Ser preconizado pelo Mestre!NUM SENT DE COSTA PR RUA

... todos que freqentaram a academia...... tomam cuidado ao escolher assento em lugar pblico...... alguns at em casa!

... como reflexo dos ensinamentos do Mestre...... jamais se expor s surpresas!... em locais pblico...... evidentemente...... estamos mais vulnerveis aos assaltos...... e situaes similares...... pelo que mais seguro...... manter os pontos de acesso dentro do campo visual!

... o mesmo procedimento...... deve ser adotado ao andar na rua...

... alerta e guardando distncia...... ao passar por locais escuros...... esconsos... esquinas.... e outras condies...... que permitam abrigo a um malfeitor...... ou a brincadeiras de mau gosto..

SENT NAS BEIRA DUS BANCU

... observando que...... Lacerda sempre sentava na beira dos bancos...... e com as pernas abertas...

... aprendi que nesta posio ficava em cima das molas...

... pronto para levantar-se rapidamente..

.... e enfrentar um perigo imprevisto...

conforme os ensinamentos antigos da academia...

... e logocomplementou...... si tiv sentadu num banquinhu...... pegu a perna du bancu....... pr us comu arma di defesa!

... posso acrescentar....... por estar nesta postura...... j escapei de receber uma garrafada....... dum doutorando embriagado...... durante uma festa de doutorando...

.... aos seus homenageados!

QUEINH DROMI IN CASA DI TRU HOMI NUM FXA US IU! CONTA AS TIA!

... ainda hoje as histrias contadas pelo Mestre...

... servem como exemplos vivos....... imagens virtuais...... de situaes encontradas na vida real...... seja diretamente pela semelhana...... seja indiretamente pela extrapolao lgica!

... umas das mais instrutivas...... embora no me parea muito verossmil...... anlise fria dos seus detalhes...... a que se segue...

... peo permisso para um reparo...... no devemos apurar...... a veracidade ou no dos relatos do Mestre...... e sim buscarmos os ensinamentos...... carreados no bojo de suas parbolas!... at os exageros transmitem ensinamentos sutis !... so como os koan dos zenbudistas...... absurdos lgicos que conduzem ao esclarecimento!

... algumas transmitem os fundamentos tericos da capoeira...... filosficos podemos dizer!... que na linguagem singela do velho mestre...... pela ingenuidade das suas expresses...... tornam-se de difcil entendimento...... se examinados fora do contexto...... da situao fsica vivenciada...... do momento em que foram enunciadas!.

... a cada instante uma entonao...... um requinte de retrica...... um arabesco verbal...... um gesto teatral...... encaixava o fato no momento!... como a mo habilidosa do alfaiate...... ajusta o tecido ao corpo do cliente!

... morava no Nordeste......ou na Chapada?...... que importa?...

... um cidado cuja esposa dava abrigo noturno...

... aos bomios desamparados...... o marido... convencido...... porm inconformado...

... com as atividades caritativas noturnas da sua coabitante...... protestava sua maneira...... de servente de pedreiro...... como veremos no relato do Mestre!

... uma bela noite de lua cheia...... o jovem mestre foi escolhido...... como ocupante do lado vago...... do leito conjugal da caridosa senhora...... altas horas da noite...... aps o cerimonial do ofertrio flico...... enquanto a bondosa senhora gozava...... do repouso justo e merecido...... estava o beneficiado olhando para o telhado...... meditativo...... quando observou um estranho raio de luz prateado...... atravs uma fresta nas telhas...... subitamente alargou-se a estreita fenda...... o prateado cintilante das estrelas se fez presente...... at que...... um vulto escuro olhou rapidamente para baixo...... e deixou cair um paralelo sobre o travesseiro...... onde no mais se encontrava a cabea do Mestre!

... um rol oportuno o livrara da morte certa!... e permitira reconhece. durante o giro...... os traos do inconformado...

... assim...Queim drome in casa dus outru...... num fxa us iu conta as tia !O CAMPEONATODE HALTEROFILISMO

... na Praia de Amaralina havia um barraco de madeira...... destinado prtica de desportos...... ancestral dos modernos ginsios...... ficava no trecho entre o Quartel de Amaralina... e as pedras Cabea de Negro...... onde depois foi construda... a extinta sede de praia do Vitria Esporte Clube...... por terra do ponto onde hoje ficam os barcos de pesca...... era noite de campeonato...... depois do qual haveria...... demonstrao de luta regional baiana...

... escolhido o campeo...... ficou no meio do tablado......a barra de ao usada pelo vencedor...... com os seus 80 quilos de anilhas...... ou mais?!... o Mestre chamou Rozendo e recomendou...... Chami Brasilinu...

... i levi a barra prum cantu mais siguru...... Rosendo muito lampeiro... querendo se exibir!... no s deixou de chamar Brasilino...... como pegou a barra com ua mo...... saiu gingando pelo meio do salo...... at que o Mestre percebeu!... Ngu burru!... t isculhambandu us brancu!... u campio levantou cus dois brau...... voc sai rebolandu cum brau s!

... voc tinha era qui peg cum dois homi......i inda fic suandu!

... cada um deve tirar suas prprias concluses !

... acredito que...

... no seja prova de inteligncia expor toda a nossa fora!... devemos iscond um pouco pruma perciso...

O CINTURO DE CAMPEO

... como qualquer ser humano normal... o nosso Mestre tinha suas fantasias...

... do Campeonato de Capoeira do Parque Odon...... carregava a mgoa. e a enorme frustrao...... de no haver recebido o Cinturo de Campeo...... smbolo concreto do ttulo...... justa e imerecidamente conquistado...... como expresso no regulamento da competio..... aps a formatura em 1947...... viajei para Londrina... Paran...... para trabalhar na Casa de Sade de meu pai....... deixei com o mestre o talabarte...... que usei durante o estgio no III do 18... como aspirante a oficial do exercito...... naquela poca...... o tempo que me restava...... das atividades acadmicas e hospitalares...... era empregado na academia do Mestre...... como auxiliar de ensino... contramestre...... e na escuta atenciosa das suas histrias...

... acredito hoje...... o Mestre usava suas histrias...... para fixar atravs de parbolas...... os ensinamentos que no podia transmitir...... pelas demonstraes fsicas...... seja pelo perigo das manobras...

... seja pela complexidade da situao envolvida!... eram relatos de bravatas... ocorrncias...... que absorvamos sem a menor sombra de dvida...... enfeitiados pela magia da palavra do nosso dolo!

...relatos vvidos de situaes... que poderamos enfrentar durante a vida...... dentro e fora da academia...... cuja memorizao lembrava a do catecismo...... com f profunda e inabalvel!... ao retornar a Salvador...... fui surpreendido pela exibio orgulhosa...... da antiga pea do fardamento militar...... minha velha conhecida!... nessa altura desprovida das partes redundantes...... e devidamente ornamentada...... por uma Via Lctea de brochas douradas!... das usadas em estofamentos!... transformada pela magia do verbo do Mestre...... em Cinturo de Campeo Capoeira !

... exibido na cintura...... ou pendente do tosco cabide de madeira...... da parede da sala de aula da academia...... era a coroa...... a glorificao do rei da capoeira!... esta passagem...... no diminui a grandeza da figura do nosso Mestre...... apenas demonstra que... os deuses tambm so humanos!... continuo a reverenciar o meu dolo!... o cinturo que se dane!

A CILADADA LADEIRA DA VILA AMRICA

... nem sempre....... as histrias contadas pelo Mestre...... coincidiam nas sucessivas repeties...

... algumas vezes...... a convenincia social encobria a verdade...... outras vezes...... o entusiasmo da palavra fcil...... traia a verdade...... em benefcio do efeito pedaggico!

... como vemos...... sem prejuzo da comprovao...... da eficincia da capoeira...... e da bravura do Mestre...... na conhecida verso publicada em 010836 em A Tarde...... que alis acendeu a paixo latente do adolescente..... e o conduziu 2 anos depois...... matrcula no curso de luta regional baiana...... para alunos e oficiais do CPOR...... no Forte do Barbalho...

... o relato que ouvi pessoalmente do Mestre...... foi mais explcito...... me impressionou muito mais que nota a redacional!... como antecedentes ouvi...... o cabo... e compadre (do Mestre) Lcio...... apostou uma soma razovel no adversrio de Bimba...... no Campeonato de Capoeira do Parque Oden...... apesar de desaconselhado pelo prprio Mestre...

... a luta foi decidida por um galopante ou asfixiante ?...... que extraiu... sem nus para o cliente...... alguns dentes do ex-pretendente ao trono...

... sendo a disputa encerrada...... pela sua desistncia da competio...... sob protestos... l dle!

... contra a violncia do golpe recebido...... e o prejuzo esttico!

... Bimba foi proclamado campeo... ... ... recebendo o prmio em dinheiro...... porm o cinturo de ouro virou compromisso eleitoral!

... aparentemente...

... o Sr. Lcio Barra Preta...... discordou do modo como o Mestre encerrou o campeonato...... e se enfureceu com o prejuzo...

... uma certa noite...... descia Mestre Bimba do Engenho Velho...... pela Ladeira da Vila Amrica correndo...... com o chapu de palhinha em baixo do brao...... para pegar o ltimo bonde de Amaralina...... de regresso para casa...... estava atrasado... pelo enlevo duma tijubina de sua intimidade...... feliz e descuidado...... sin magin...... sin mard...... que o prejudicado lhe armara emboscada...

... em tentativa de desforra...

... nas vizinhanas da casa de candombl de Ciriaco...... surgiram da escurido da tocaia os agressores...... Sis!... sordadu di pula... ... armadus di sabri!...

... chefiados pelo Cabo Barra Preta...... que portava uma garrucha..... e foi parar de cabea para baixo...... dentro dum tonel de lixo...... sem a garrucha naturalmente!

...Us sordadu ficaru espaiadu pelu chu...... Seim as baioneta... naturarmenti...

... A garruncha na minha mu!... o Mestre alcanou o bonde...... ainda com o lindo chapu de palhinha em baixo do brao......todo lampeiro......levando uma garruncha...... e seis baionetas...... como trofu da batalha...... que exibiu na redao de A Tarde!

... sinceramente....... prefiro esta verso...... atende melhor aurola que coroa meu dolo...... e ainda me rejuvenesce quase sessenta anos!... A verdadi?!!?... qui si dani!

NUM GOSTU DI PESCOU GROSSU I DURU!

BOM PESCOU CUMPRIDU I FORTI!

... Mestre Bimba afirmava...... o pescoo grosso...... modelado pela contratura demorada e global...... acarreta movimentos macios e lentos...... incompatveis com a prtica da regional!

... segundo sua opinio...... o pescoo longo, elstico e forte...... o ideal para o capoeirista...... desaconselhando os exerccios...... de contratura prolongada e macia...... dos msculos cervicais...... com o tempo fui observando...... a importncia dos movimentos do pescoo...... durante a prtica esportiva em geral...... na dana... na corrida... na natao ... na respirao...... at na meditao!

... no -toa que se fala em queixo erguido...... e peito arfante...... como expresso de bravura!

... no possvel realizar o giro da armada-solta...... com o pescoo em hiperextenso...... nem o salto- mortal...... sem a hiperextenso!... no Jud...... .. aprendi que em muitos golpes...... indispensvel a postura correta do pescoo...... que governa o restante da coluna vertebral!... justificando...... a importncia atribuda pelo nosso Mestre...... elasticidade e sinergia...... dos msculos do pescoo...

... na frica e no Oriente...... a Sabedoria a mesma!... variam a cor da pele...... e a sonoridade da lngua!

AFOBAO I LIGREZANUM AGILIDADI!

... de acordo com a concepo...... transmitida oralmente pelo Mestre Bimba......a agilidade...... abrange alm da rapidez do movimento...... a sua exatido no tempo e espao...... o local deve ser alcanado...... com preciso...... no momento exato!... agitao e a afobao traduzem...... insegurana e medo disfarados......que geram movimentos despropositados...

... inadequados...

... que podem criar situaes inesperadas...... perigosas...... no mnimo desconfortveis...

Importanti num a velocidadi...

... u gorpi di vista!

... aprendemos a reconhecer como golpe de vista...... mae para os judokas!... o senso de oportunidade...... a avaliao precisa da distncia...... da possibilidade de alcanar o alvo...... no momento oportuno...... com o adversrio na posio apropriada...... para o encaixe perfeito do movimento de ataque...... sem completar a manobra...... para que o outro fiqui na fartura...... o tempo exato da esquiva...... simulando que pode pegar...

... um sentido que se instala...... cresce e se aprimora...... pela prtica constante... repetida...freqente...... do jogo de capoeira!

... no se ensina...... brota automaticamente de todo o Ser!

... ou como preferia dizer o Mestre...Vira istintu!Entra nu sangui i num sai nunca maiz!

SU QUENTI SIN DE SADE!SU FRIU SIN DI FRAQUZA!

... efetivamente...... o aquecimento do corpo pelo exerccio...... produz sudorese morna...... agradvel...... uma sensao gostosa de bem-estar...

... o esforo...... independente do seu grau...... quando se faz seguir de suor frio...... sinal de que...... a capacidade normal do organismo foi ultrapassada!... quanto menor o esforo...... que produz suor frio e viscoso...... pior a aptido fsica do praticante!... a sabedoria do Mestre...... nos tolhia de esforos excessivos recomendando...

...U banhu dispoiz dus trnu...... deve s tomadu cum corpu quenti...... pr num peg risfriadu!

... Num demori nu banhu!...... Deixi a agua cai...... Num usi sabuneti...... pr num demor!

... suor frio num atleta em boas condies fsicas...... traduz o esgotamento das reservas de energia...... o acmulo de derivados nocivos...... a incapacidade do sistema circulatrio...... em carrear nutrientes...... e remover os resduos das reaes bioqumicas!... estas modificaes fisicoqumicas...... alterando as concentraes inicas e pH...... impedem o funcionamento...... da delicada integrao neurovegetativa...... da rede vascular...... a vasoconstrio anmala...... substitui a vasodilatao sadia...... destinada a provocar a disperso do calor...... gerado por aumento do metabolismo durante o exerccio.... o doente do corao...... tem falta de ar e suor frio aos menores esforos...

porque a sua reserva cardaca reduzida...... o mesmo acontecendo aos fisicamente despreparados...... basta subir uma escada para ficarem bufando!

NUM GOSTU DI JUNTA MOLI DISMAIS

... deste comentrio...... que ouvi quando admirava as juntas de um companheiro...... ontem goleiro e capoeirista manhoso...... hoje ilustre Professor Hlio Ramos...... s percebi a profundidade...... aps anlise demorada e observao cuidadosa....... quando notei que aqueles de junta mole...... confiavam em esquivas preguiosas..

.... s custas de simples deslocamentos articulares...... sem modificao da posio do corpo...

... em lugar dos movimentos de fuga com todo o corpo!... ficando expostos aos ataques que se seguiam!... enquanto os movimentos de fuga e esquiva...... recomendados pelo nosso Mestre...... desenvolviam a agilidade...... e propiciavam os contragolpes mais rpidos...... desencadeados a partir...... dos prprios movimentos de defesa e esquiva !... assim...... as juntas moles demais...... so prejudiciais...... contrrias agilidade...... to do gosto do nosso Professor Emrito...

"O AMARELHINHO, O VALENTO E O CACUMB

... histria destinada a demonstrar que...

... no prova de inteligncia...... o menosprezo do adversrio!... talvez o palco tenha sido algum barzinho...... dum lugarejo interiorano...... qualquer um serve!... o importante a lio de vida que encerra!... num canto um amarelinho...... fsico infantilide... triste... cabisbaixo... calado!... alheio ao movimento dos demais...... aproxima-se do balco um caboclo eufrico...... forte... desenvolto... brabo...... o valento...... pede uma crua e determina...... em voz alta e grossa......servi uma pr todu mundu!...queru qui todus beba!... qui eu pagu!

... l do seu banquinho...... o amarelinhu agradece... recusa... e esclarece...... est muito doente!... du bauu!...... pruibidu pelu mdicu di bb!...

... valento caminha lentamente em sua direo...... e avisa...... ningueinh dxa di beb quandu eu pagu!

... oamarelinho...... com fala macia...e cansada...... repete humildemente...... mi discurpi su mu!..... .u dout mi pruibiu!...

... quando recebeu a cachaa pelo rosto...... rpido como uma cascavel...... levantou o bracinho mirrado...... enfiou um pequeno e fino cacumb...... enferrujado..... di arcu di barr ...... na broca du pescou do valento!

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...Valenti burru... morri antis da hora! ...U LENU DI SDA LIO

... o Mestre sempre descrevia os capoeiristas...... todu di brancu... chapu di panam...... lenu di seda natur nu pescou...... marca liu... detalhe importante!...no esclarecia donde tiravam o dinheiro...... para vestir com tanto esmero..... mas era a assim que falava o nosso Zaratrusta...... que completava com ares catedrticos...... a SDA LIU vira u fiu das navaia!

... defendendo assim o pescoo dos golpes mortais...... tornando-se parte indispensvel da indumentria...

Observao:

... esta imagem inspirou o uso do leno...... como ndicador do grau tcnico dos capoeiristas...... no Anteprojeto de Regulamentao...... que encaminhei Confederao de Pugilismo...... via Federao Bahiana de Pugilismo...... presidida pelo Dr. Fauzi Abdala Joo......na dcada de 60...

... modificada e posteriormente publicada...... ajustada aos desejos interesses entendimento...... ou miopia?! da Comisso Tcnica da CBP!... naquela ocasio preconizamos...... o leno branco como smbolo dos mestres...... o vermelho para o curso de especializao e emboscada...

... o amarelo como distintivo dos contramestre...... o leno azul para uso na ocasio da formatura...... o verde para identificar a orquestra ...... talvez. o leno seja mais representativo da nossa tradio...... que faixas, cordes ou fitas...... ao menos para os alunos de Mestre Bimba!

MESTRE BENTINHO

...Bimba citava com admirao a extraordinria habilidade...... a meu ver espantosa...

... do Mestre Bentinho!

... di d um sartu-mort...... na boca dum caxu di cebola!

... frisando a fragilidade do caixote...... mutchu finu i fracu!

...durante o meu perodo de caserna...... o ento Sarg. Marques...... heri de guerra...... reformado como Major...... que reencontrei no Hospital Sta. Izabel...... como administrador ao lado do Dr. Perazzo...... confessou a habilidade...... de saltar de costas e cair no mesmo lugar !

... Mestre Tiburcinho...... afirmava que Besouro Mangag era capaz..... di sart di costa...... i ca di vorta dentru dus chinelu!

... e garantia que esta faanha...... no era muito rara entre os antigos...... pena que no possamos rever cenas com estas!

U NEGU DU MERCADU DU RU

...at o fim da vida o Mestre lastimava...... os vinti mirreis que perdera na aposta...... com u nego do Mercado do Ouro!... o Mercado Modelo ficava na Praa Cayru...... do lado direito de quem olhava para o Elevador...... o mar ainda ocupava boa parte do Comrcio...... o Mercado do Ouro ainda est no mesmo lugar!... havia um carregador de estatura avantajada...... que se gabou ante o Mestre de sua fora...... de ser capaz de carregar sozinho...... 5 (cinco)!? fardos de charque...... do Mercado do Ouro at o Mercado Modelo!?... Bimba pagou pr v...

...U negu jog um sacu na cabea...... bagunh dois sacu cum as mu...... mand bot um sacu imbaxu di cada suvacu...... i saiu si rebolando...

... sob a fiscalizao assombrada do Mestre...... preocupado com seu dinheiro!... at porta da frente do Mercado Modelo...... onde arriou sua carga...... e estendeu a mo aberta...... Pr receb meu dinhru!...

... e o Mestre ria a bandeiras soltas...... de si mesmo!

Observao:...Cada sacu pesava tchenta kilu!

US PU DUS ISTIVAD

... por volta dos 15 anos de idade...... o Mestre j freqentava as docas...... executava pequenos servios...... para ganhar os seus vintns!

... uma das tarefas era carregar os pes de sal...... que os estivadores compravam para levar para casa....... Bimba recebia as encomendas nas docas...... passava pelo posto policial do Taboo....

... e entregava os pacotes aos seus donos...... na confluncia do Pelourinhocom Portas do Carmo...

.... e Baixa dos Sapateiros...... sem retirar as peixeiras...... cuidadosamente dissimuladas no interior dos pes!

.... era proibido o porte de arma branca!... especialmente pelos doqueiros...... temidos como valentes e desordeiros!Nota:... A polcia no desconfiava do nguinhu di mandadu!

O ENCONTRO COM TIBURCINHOEA RECUPERAO DAS LETRASDE MACULEL

... fui apresentado a Mestre Tiburcinho...... em casa de Nestor Carvalho...... ento prefeito de Jaguaripe...... por ocasio das viagens de fins de semana...... em companhia de Tio Bila, seu irmo...... para atender os meninos daquele municpio...

... alm dos estragos da idade e da pobreza...... a anemia acentuava o quadro de desnutrio...... o que no lhe diminua a jovialidade...... nem a agilidade dos movimentos...... que enriqueciam a palavra fluente !... prosa rica em fatos e feitos dos antigos capoeiristas...... ora fruto do convvio...... ora recolhida das palavras dos mais velhos...... encantava e enfeitiava!

... aproveitei a oportunidade da doena....

... e o trouxe para Salvador...... onde ficou uns dias comigo...... e depois em casa duma filha no Porto dos Mastros...... algumas vezes visitou o nosso Carahiba Clube...... e depois de melhorar suas condies gerais...... a sede da regional no Stio Caruano....... onde gastou horas com Mestre Bimba...... relembrando e reconstituindo as letras de maculel...... e sua coreografia....

... Tiburcinho cativava a quem dele se aproximasse... inclusive o arredio Mestre Bimba...... pela sua pureza e candura....... tinha a ingenuidade de uma criana...... aos 70 anos de idade!...um mininu di cabelu brancu......sem mardadi......s tinha a malia do capora!...... e graas a ele...... memria viva...... o nosso Mestre recuperou os cnticos...... e pde incluir o macull...... nas suas exibies no Nordeste de Amaralina...... realizando um dos nossos sonhos...... de integrao das riquezas afrobrasileiras...

GORPI LIGADU?S SI VOC DX GARR!

... Mestre Bimba no temia as lutas de agarramento...... e dizia......armiloqui, bem como outras chaves...... s funciona dispois di incaxadu!... portanto...... s si voc dx garr...... s escapar ou dar um "chega pr l!."... simplista!?... mas ningum agarrava o Mestre!Palavras do Mestre ...... Chega pr l...... Cal di homi faz m...... Quintura s di tijubina... i da chrosa!

... no dia da nossa formatura na Roa do Lobo...... Maia e Nilton devem lembrar!... especialmente meu colega de quadro Dr. Nilton...... hoje em Goiana...... Ona-Tigre, versado em JiuJitsu!... que perguntou ao Mestre....... se Ruy Gouveia...... escaparia dum estrangulamento dele...... a resposta foi...Ixprimenti!

... o resultado...... o estrangulamento no encontrou o pescocinho...... fino e curto de Ruy ...... de fsico mirrado, porm elstico, gil e forte...... como uma serpente!... o atltico Dr. Milton comentou..... Nem vi como ele me pegou......e me deu tantos bales!... Ruy sara medindo o terreiro...... com o corpo de Ona-Tigre...... forte e pesado...... com bales cinturados...... leves... ligeiros... sucessivos...... como numa brincadeira infantil!

NUM ABR US SUVACU

... os braos devem permanecer prximos ao corpo...... relaxados...... em leve flexo de cotovelos, punhos e dedos...... nesta posio...... a varredura constante...... da frente e dos flancos defende corpo...... o brao esticado um convite...... aplicao duma chave de cotovelo...... o brao levantado uma brecha...... para a entrada duma banda de costas ou vingativa...

... dum golpe traumtico... um martelo...... ou para uma projeo... como um aoite de brao!

FCH US SUVACU!

... manter sempre os braos colados ao tronco...... evitando assim as entradas por baixo do ombro...

... comuns em vrios estilos de lutas...... alm de facilitar as defesas de ataques frontais e laterais...... no abrir os braos...... mant-los em movimento...... relaxados... prximos ao corpo...... caracterstica importante da guarda fechada...... muito usada no jogo de dentro e na Iuna...... o jogo baixo obrigatrio entre os formados..

A FORA DUS HOMI T NA TERRA!

.... no pular -toa!... gingar com os ps no cho......manter a"guarda fechada...... guarda mdia ou baixa so as mais seguras!

... durante os pulos...... enquanto no ar...... os movimentos de esquiva ou de defesa...... sem o apoio do solo...... so mais lentos...... ou impossveis !

... quando bem mais moo e mais leve!... aplicava a beno durante um salto...... para alcanar o rosto do oponente...... movimento proibido aos demais da roda...... por motivo de segurana...... Cumpadi Tenilo... meu e do Mestre...... teimoso como o jegue... lerdo de corpo e de cabea...... desobedeceu...... levou um tombo...... bateu com a cabea no cho...... depois de longos minutos de inconscincia...... acordou assustado...... gritando Cocoroc!... Bimba esclareceu...... Incostu de galu!

... questionado por minhas dvidas...... quanto eficincia do candombl caboclo...... recebi como resposta magistral...... digna dos mestres taoistas!... U candombl cabocu...... mais forti qui u africanu...... pruqu trabaia cum as raiz...... i us ngu trabaia cum as fia!

... e acrescentou enfatizando...... faci!... As raiz su di dentu da terra!... As fia tu fora da terra!

... palavras que ressoam...... como gritos do Oriente Longnquo!NO RESISTNCIA!

... parece mais coisa de indiano...... de Filho de Gandi ...... que de Filhos de Bimba!... Ahimsa!

...Queinh ispera tempu rinh jegui...... ou seu ancestral africano Sarti!

... como gritava Mestre Bentinho nas aulas a Mestre Bimba!... um princpio marcial africano...... manhoso... tinhoso!... de valor reconhecido pelos orientais...... modernamente confirmado pela Fsica!

... na esquiva... como na defesa...... acompanhar a direo do ataque...... para reduzir a sua velocidade e a potncia do golpe!... no oferecer resistncia!... ceder para se defender!... novamente um encontro de culturas...... expresso num princpio de lgica universal...

... fsico... matemtico...

... duas velocidades de mesma direo e sentido...... aparentam aos olhos dum observador externo...... um movimento de valor igual...... diferena entre as duas...... como demonstrou Einstein!

... cada cultura usou o seu modulador lgico...... para registrar o mesmo fato!... diverge a linguagem... ... permanece a verdade!... na frica... na ndia... na China...... no Oriente... na Europa... nas Amricas...... na Bahia....

... no Mundo Antigo... como no Moderno...... como foi Ontem... Hoje! e ser Amanh!

... uma das contribuies mais importantes de Bimba...... no bojo de seu mtodo de ensino...... dentro da aparente simplicidade...... do seu sistema...... para ensinar a cair em p sem perder o equilbrio...... h uma poderosa e secreta magia!

.... alm afastar o medo de bater no cho...... nos enche de orgulho...

... de poder saltar antes de ser derrubado!

... como ouvir o Mestre Bentinho...... gritando do passado longnquo...... Sarti meu fu!... Sarti!

... sem falar nos requintes de segurana....... camisa de malha... corpo seco...

...para no escorregar...... apoio ao pescoo durante a gravata cinturada alta...... para aliviar o impacto no solo!... a segurana do balo cinturado...... que permite chegar ao cho...... com macieza e conforto!... o apoio no tronco durante o balo de lado...... o impulso na cintura desprezada!... o jogo de ombro durante a passagem do a!

... tudo com a simplicidade...... que s os gnios conseguem modelar...... e transmitir numa obra de arte!O SEGREDO DA NEGATIVA

... incompreendida pela maioria dos praticantes...... na verdade...... uma preparao da musculatura das pernas e das mos...... alm de ensinar a amortecer...

... o choque da sbita queda quase livre at o solo nas esquivas...... afastando o atraso do aprendizado...... pelo medo do impacto no solo!... lembro-me que...... nos primeiros tempos sentia dores fortes no punho...... fruto da violncia do choque no cho...... tal o entusiasmo...... com que descia neste movimento com medo de apanhar!

... melhor bater com mo no cho....... que levar um p pela cara!

... a repetio centenas de vezes da negativa...... faz do movimento desajeitado do principiante...... a descida elegante e gil dum primeiro bailarino...... ao tempo em que empresta ao lutador....... a velocidade da cobra no bote da rasteira !

... a inocente negativa traz no seu bojo a rasteira...... como a bainha carrega a mortfera faca!

... ainda aqui...... a segurana no mtodo de Bimba flagrante!... a ausncia da rasteira na seqncia inicial...... evita seu uso precoce...

... e os acidentes pela falta de preparo para a queda subsequente!

NUM SI DERRIBA CALORU!RASTRA S DISPOIS DUS TRIS MIZ!

... o cuidado com a segurana dos alunos mais novos...... tinha sua expresso mxima na regra de ouro...

Rasteira em principiante?!... s com autorizao expressa do Mestre!

... e a faceta alegre do r...

... que acompanhava o nosso velho complementava...... pr no perd as mensalidadi !

... maliciosa referncia ao fato...... do aluno machucado deixar de treinar...... e de pagar!

... somente quando o principiante...... adquiria a percia nas descidas em negativa...... e o destemor do impacto no cho na seqncia de bales...... que o Mestre autorizava a queda pela rasteira!

FRUTA S D NU TEMPU!

Maneira axiomtica usada pelo Mestre na sua simplicidade para refrear a nossa impacincia e nos obrigar a esperar o amadurecimento tcnico que fatalmente nos conduziria de modo natural execuo instintiva dos movimentos da capoeira!

... hoje sinto que ele sabia!

... sob a energia sonora do berimbau...... o corpo vai criando movimentos mais simples...... os movimentos se encadeiam...... e se desdobram em outros mais complexos...... de modo to natural e espontneo...... como os brotos se transformam em galhos e folhas e flores...... num processo criativo similar ao da fotossntese!

... no adianta apressar o ensino!

... o aluno a bssola!... orienta o mestre...... a medida do prprio progresso!... uma verdadeira aula de pedagogia moderna!

...natura non facit saltus...... lembrariam os antigos romanos se jogassem capoeira...... ou os antigos africanos se falassem latim...

... como meu saudoso Professor Gelsio Farias...... Padre Ricardo...... ou o irreverente Auto Jos de Castro!BANANRA NUM D CAJ!

... Mestre Yoshida um dia me disse......O-soto-gari no ki-hon t bom!agura... priciza faz O-sotogari di voc!...... Bimba dizia......cada alunu teinh seu jeitchu...... particular... pessoal... intransmissvel!...di d seu gorpi!

... uma propriedade...... dentro dum conjunto de particularidades...... caractersticas de cada um de ns...... uma faceta de nossa personalidade!... o Mestre sabia como ningum...... encorajar cada um de ns......a afirmar corajosamente....... nossa autenticidade em cada movimento!

GOIABA MADURA NA BRA DA ISTRADA?

t bichada tem marimbondu au p!

... muitas vezes o malandro abre uma brecha...... s para cham argueim pr morr na fartura...... devemos desconfiar das coisas fceis demais...... como uma abertura inusitada...... num lance de capoeira...... que pode esconder uma armadilha...... um lao para pegar um otrio!Siguru morreu di viu... discunfiadu t vivinhu!Buracu vio tem coba dentu!

INDITA PR MAGRC

... o Mestre tinha l os seus conceitos mdicos...... nem sempre justificados!... mas integrados na sua lgica...... de tonalidade region!

... a propsito dos tratamentos para obesidade...... sua opinio era taxativa...... Num criditu in dieta magric... faz m!...Coma di tudo i jogui capura... queru v ingord!

... algumas vezes ouvi...Meu fiu! brancu burru!

... Num sabe cum!... s comi carne moli!...... U qui tem sustana mocot... carni dura cum nuvo!... pescou... chupa-miu... ossu cum tutanu!... percisu mord cum fora. pr t denti forti!

... Cumida di istivad... esclarecendo logo...... d foira i tesu!... naturalmente...... com o jogu da region...... como complemento diettico!...queim duvid qu ixprimenti!

U SIN DA CRUZ

... a cada vez que abria a boca num bocejo...... Bimba fazia o sinal da cruz ante a abertura oral...

... certa vez explicou...... Pr num deix intr o m!...

... o que coincide com a tese industa...... alm do ar...... penetram no organismo energias vrias....... capazes de produzirem efeitos...... benficos... malficos...... consoante sua natureza!... o reconhecimento do campo de energia que nos circunda!... nossa crena...... nosso comportamento......nossos pensamentos...... nossas palavras...... encerram fora...... capaz de modificar...... ou anular as energias...... malficas.... ou... benficas...... existentes no ambiente...... pensamento teosfico africano!

L NLI!

... quando o Mestre...... se referia a algum ferimento ou traumatismo...... apontava a parte correspondente do seu corpo...... e repetia sempre...... l nli!... e rapidamente apontava para um ponto distante!

... palavras e atos...... fundamentados na sabedoria africana...... que reconhece o poder da palavra...... do Verbo que criou o mundo...... e igualmente capaz de gerar o malefcio!... assim que...

... no candombl o pensamento...... expresso pela palavra... gesto... ou ato...... gera uma fora...... a vontade...... que vai agir no alvo escolhido...

... o poder dos Orixs...... a manifestao do Ax!

... a correspondncia perfeita...... com as formas de pensamento...... do Arcebispo Leadbeatter ...... a que se referem os teosofistas!

... mais uma correspondncia cultural...... inter-racial...... intercontinental...... supra-temporal!

A REVOLTA DOS TRAVESTIS

... durante o perodo de reforma...... da casa n... a academia foi transferida provisoriamente...... para um prdio prximo...... na Gregrio de Mattos...... rua em que existiam vrias penses de travestis...... um belo dia...... ao chegar para o treino da noite...... encontrei a rua em polvorosa...... o Mestre procurando acomodar os meninos...... prestes a sarem para pegar os pensionistas!... no sei porque cargas dgua...... os travessos vizinhos se deram por incomodados...... pela presena da rapaziada de nossa academia...... e ameaavam invadir a sala de aula...

... a turma de dentro...... doida para praticar o aprendizado...... na turma das penses...... resistia aos argumentos dos mais comedidos...

... salientando que todos ns depois da briga...... no teramos mais segurana...... para frequentar as aulas....... por que a rua facilitava muito...... as possveis emboscadas dos valorosos travestis...

... e que at pr s valenti teinh qui t inteligena!

... foi possvel impedir a caada!

MORAL DA HISTRIA

... Safari fora de hora pode virar tragdia!... Caador burro morre na pata da ona...... ou na ponta do chifre do veado...

... escondido atrs duma moita...... ou duma lata de lixo!

O GUARDA-CHUVA QUE NO ABRIA

... duas peas no faltavam indumentria civil do Mestre...... um chapelo de feltro cinza de tom indefinido...... na cabea...... um guarda chuva preto descorado pelo sol...... pendente do brao esquerdo...... um acessrio digno de nota...... o charuto apagado...... inserido entre os dedos da mo direita...... ou da esquerda?

... onde quer que fosse....... independente do horrio...... condies climticas...... ou natureza do encontro...... o fiel companheiro permanecia...... atento e prestativo...... como um ponto de interrogao...... acentuando a flexo do cotovelo...

... interrogao muda e misteriosa...... que se refletia inexplicavelmente na minha cabea...... ao lado da observao...... o Mestre no abria jamais o guarda-chuva!... sol a pino... chuva e vento... associados ou no...... e o guarda-chuva continuava sem uso!...as manobras furtivas...... de inspeo do interior eram sempre frustadas... pela eterna vigilncia do Mestre!... perquirio do motivo de tanto mistrio......um muxoxo aumentava nossa curiosidade...... faco enrustido?... espeque dissimulado?... resguardo do instrumento...... para ser usado como basto numa emergncia?... os elementos da natureza...... oferecem menos perigo...... que certas condies humanas potenciais?...... guarda-chuva velho... quebrado... imprestvel ?...... guarda-chuva de estimao?......????......

O LENO DE RUY GOUVEIA

... Rui Gouveia...... um dos mais manhosos...... e habilidosos alunos de nossa roda...

... era de pequena estatura...... franzino e de pescoo curto...... amarelinho...... parecia at um sergipanozinho esquistossomtico!

...mas...... era o prprio capeta quando entrava na academia!... sempre a tossir... parecia tsico!... ao tossir...... levava os dedos algibeira do casaco...... sacava um leno e o colocava defronte da boca......para nos proteger gotculas de saliva...?...Gotas de Plgger!

... esclareceria Prof. Eduardo Araujo!.... o diabo quede vez em quando o doutorzinho...... em lugar do leno sacava uma navalha...

... passeava com a lampejante em nosso campo visual...... e antes que tivssemos tempo...

... de reconhecer a ferramenta dos barbeiros...... j estava a mesma descansando no seu recanto...... macio e morno...... e Rui ...... com o leno branco cobrindo a sada dos perdigotos...

.. a tosse...

... alm de justificar a manobra de retirar o leno do bolso...... era treinamento...... para o saque mais rpido da navalha !... parece at prtica de Zen em mosteiro japons!

FATOS E LIES DA VIDA

LAGRIMASDE CROCODILO 1

... Pedro Gordilho...... Chefe de Polcia antes da Revoluo de l930...... usava a cavalaria para perseguir...... ferozmente...... as prticas africanas...... rodas de capoeira e terreiros de candombl...... aproveitando a legislao vigente...... satisfazendo seus apetites raciais!... os cavalarianos enquanto montados....... somam a fora... a velocidade... a altura dos animais...... ao seu potencial de combate...... ganhando enorme superioridade inicial na luta...... fazendo-se ento necessria alguma artimanha...... para desmont-los e desarm-los!... alguns capoeiristas mais ousados e fortes...... melhores lutadores...... vestiam-se de baianas...... e ficavam um pouco afastados...... assistindo a vadiao dos companheiros...... e pretensos maridos...... aparentemente absortos na brincadeira...... os participantes da roda pareciam presa fcil...... para os cavalarianos...... que logo irrompiam pela multido...... vidos para surrarem os negros safados!... eis que...

... as baianas se interpem...... lgrimas ... agitadas... implorando em altos brados...... Meu marido no!

... Por favor!... Que ser de mim?...... algumas parecem cair desmaiadas..... enquanto outras... nervosas...... se agarram s pernas dos soldados...... em prantos...... e se jogam no cho...... desesperadas...... ainda presas aos cavaleiros...... entregando-os... desarmados...... imobilizados e inermes...... aos capoeiristas!... para fins de direito!LAGRIMAS DE CROCODILO 2

Man Rozendo contou-me...... duma certa feita...... teve uma desavena...... com o motorneiro dum bonde...... no desvio de linha de Rio Vermelho...... no Largo da Fonte Nova...... segundo a verso de Man Rozendo...... o motorneiro brandia a agulha de abrir a linha...... e o ameaava ferozmente!... s tevi um jeitchu ......si baix... cume a chor..

... e enquanto gritava.......Num mi mati!...... Ai!... Meus fiu! ...... foi se aproximando pouco a pouco... manhosamente...... do motorneiro...... at aplicar um boca de cala...... e projet-lo de costa e cabea no cho!... I d nu p...

... Int pruque quim ispera tempu ruinh u jegui!

QUEINH D PORRADA INH MESTI alunu novu!

... dizia o Mestre......que a nica pancada segura que tomara...... fora dum aluno na sua segunda aula!... depois de ensinar a seqncia...... duas de frente e armada...... demonstrou a meia-lua de compasso...... assumiu a posio de cocorinha...... e... recebeu um calcanhar no pau do nariz...... vindo do lado oposto ao do movimento certo!... o calouro aplicara uma mijada de cachorro...... em lugar do rabo de arraia programado!

Moral da histria:... enquanto o mestre procura proteger o aluno...... esquece de se proteger...... o aluno... nervoso e inexperiente...... inventa na hora

... movimentos desconhecidos... imprevisveis...... e o mestre entra no samba de cacete!

percisu ca

Mestre Bimba introduziu....... a seqncia de bales...... para que aprendssemos a saltar com segurana....... leveza... elegncia... graa...... agilidade... aprumo... e dignidade...... por que...... u mdu di ca.... comu u mdu di panh....... prenhdi us neuvu...

... tira a agilidadi!

... e os ditos...... ouvidos aqui e al...... durante suas prelees...... aulas tericas!... entre as prticas dos treinos...... nos alertavam......pdi ca!... s num podi bat ca bunda nu chu....... neinh suj as cara branca..

... pdi ca !... maciu cuma fr di argudu!... na negativa...... sim si suj!... sarti pr ca imp!... sarti.... maiz tem qui ca bunitu!... imp... ou na negativa!

... contra o vrus do medo da queda...... a vacina do salto profiltico!Moral da histria:

... sem a paralisia do medo...... o capoeirista fica solto...... ligeiro... leve..... livre como o vento!A TINTA DE CADILAC

... certo dia...... aproveitando o intervalo entre aulas na faculdade...... cheguei academia...... encontrei o Mestre muito satisfeito...... Meu fiu!... Cabei di faz um negou!... Comprei doiz galu di tinta di cadillac...... Pur cincu mirreis...... Na mu dum ladro!

... li mi dissi qui eu podia vend maiz caru...... i ganh dinheiru!

... ponderei...... Mestre! Acho que o senhor comprou leo queimado!... Maiz u ladru...... Mi garantiu qui as lata tavam nova!

... o Mestre foi buscar uma chave de fenda...... grande e velha no vestirio...

... abrimos as latas...... e o Mestre comentou...... Disgra-a-adu!!! ... Mi roub!

Moral da histria:

At os mestres tm seus lances de bobeira!O lado ingnuo do gnio da capoeira!A CASA DA RUA DO NORTE

... certa manh...... no Hospital Sta. Izabel...... fui surpreendido pela visita do Mestre...... muito feliz foi logo anunciando... entusiasmado...... Comprei uma casa...... di dois and!... di materi!... pur setenta contu!... na rua du Norti...... a rua de Amadu....... pertu da casa qui voc mor!... paguei trinta i cincu contu...... i u restu pru ms qui veim!

... admirei-me...... Est muito barato! Cad o recibo?...... Bimba mostrou ento...... uma folha de caderno onde se lia:

Recebi do Sr. Manoel dos Reis Machado a importncia detrinta e cinco contos de reis como pagamento parcial da venda duma casa na rua do Norte, nmero tal, de propriedade do sr. Fulano de Tal.datado e assinadoBeltrano Malandro........!!!!!!!!!!!!??????????!!!!!!!!!............ partimos ento no meu Austin A40...... em busca do sabidrio...... encontramos a casa vazia e fechada!... o Mestre novamente me prometeu...... pela enesima vez!...nunca mais eu fau negciu seim fal com voc!

... mas ainda caiu noutras...dinheiro emprestado

... Mestre Bimba gostava muito de andar de taxi...... algumas vezes...... pegava um taxi no Nordeste de Amaralina...... viajava at o Cabula...... para tomar um pouco de dinheiro emprestado!...deixava o taxi esperando na porta...... e voltava de taxi para o Nordeste!... mas no atrasava...... nem dispensava o pagamento...... era duma correo exemplar!... freqentemente dizia...

... Us mais velhus garantiam...... a palavra cum um fiu de bigodi!...... Eu num d esta sadia...... Minha palavra basta!

... e completava...... Tumei emprestadu...... Tenhu qui pag....... Num ped esmola!...

... Admirvel mundo de antigamente!prova de coragem

... antes da chegada de Cisnando roda de Bimba...... os aspirantes a aprendizes...... eram submetidos a uma prova de coragem...... tinham que suportar um colar de fora...... nos braos do Mestre durante 3 minutos...

... Num sei u que era pi..... u apertu du brau...

... u fitum du su!

... prova de fogo!... Si tivessem