Post on 30-Jul-2015
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Agradecimentos
Revisão:
Professor Saul Brito.
Editada por:
Rocha Empreendimentos
Pesquisador:
Professor Jorge Rocha
Graduando em Educação Física da Uni-
versidade Estadual de Santa Cruz,-
Ilhéus-Bahia, pelo Programa Nacional
de Professores.(PARFOR TURMA 2).
Personalidades Entrevistadas em Destaque N E S T A
E D I Ç Ã O :
Agradecimentos 2
Introdução 3
A educação Física
e o esporte de
Coaraci
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Entrevistas 11
Das grandes pela-
das ao Interbair-
ros.
44
Times de Futebol
de Campo e Salão
que Fizeram his-
tória em Coaraci
52
Vasco da Gama
em Coaraci
53
W W W . N E T R O C H A C O M . B L O G S P O T . C O M
A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DE
COARACI: A História que não se conta A G O S T O D E 2 0 1 2 P R I M E I R A E D I Ç Ã O
Este trabalho conta a história
da Educação Física e o espor-
te de Coaraci: A História que
não se conta;. É uma homena-
gem aos 60 anos de Emanci-
pação de Coaraci.
Nomes Interes-
santes que fize-
ram história no
esporte em Coa-
raci.
54
Causos e casos
do futebol ama-
dor de Coaraci.
55
Referências Bibli-
ográficas
57
2
A HISTÓRIA QUE NÃO SE CONTA
Agradecimentos
À Deus, meus pais, minha família, meu professor Cristiano Ba-
hia, aos desportistas entrevistados e a todos que fizeram parte da
história da Educação Física e do Esporte de nossa querida Coara-
ci, incluindo seus familiares.
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INTRODUÇÃO
Durante toda a nossa vida, deparamos com diversas situações que nos
levam a crer em vida eterna. Esta vida eterna se dar quando tentamos
entender a nossa própria vida, nossa própria existência. Acredito fielmente
em Deus e acredito também que os homens têm o poder de transformar o
mundo, isso é fato consumado. E essa transformação é importante quando o
homem começa a entender a sua existência e o seu verdadeiro papel na
sociedade. Quando falo sociedade estou falando de uma sociedade que
entende o valor desse homem no processo de transformação do contexto
histórico de um tempo, de uma nação, de um país.
Feito essa análise simples, saliento que essa pesquisa a princípio foi
realizada apenas com o intuito de complementação de trabalhos de
conclusão de uma nota da disciplina que estudo na UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE SANTA CRUZ, no curso de formação de professores leigos que
atuam na área de Educação Física que ainda não tiveram a oportunidade
de cursar o ensino superior. Esta pesquisa foi realizada no âmbito da
comunidade desportista de nossa cidade, onde na oportunidade pude
registrar na íntegra, dados importantes e relevantes para o alcance real e
concreto no intuito de atingir os objetivos propostos pelo professor Cristiano
Bahia, da disciplina A História da Educação Física e do Esporte.
Intitulado de “História da Educação Física e do Esporte de Coaraci”
este trabalho me proporcionou momentos de pura emoção e grande
contentamento em saber que pessoas tão simples e humildes têm uma rica
e vasta história na singela construção de nossa cidade. Pessoas que
superaram obstáculos e tropeços na vida, mas que não desistiram jamais dos
seus objetivos. Pessoas que ao longo da história de vida puderam realizar,
mesmo com dificuldades, projetos de identidade esportiva e cultural; que
em nenhum momento tiveram receio do que poderia acontecer no bom ou
mau andamento do projeto. Sabiam que iam ter dificuldades, mas com
sacrifício e determinação puderam superar todos esses problemas. Fiquei
bastante feliz também com a “performance” desses entrevistados. A partir
daí tudo foi se encaixando e a pesquisa foi aprovada pelo professor que,
entre outras coisas, sugeriu que essa pesquisa fosse divulgada com
abrangência, e que não ficasse apenas em notas de gaveta, trabalho
esquecido.
Nesse processo de investigação, pude retirar das pessoas o que tem
de melhor em fatos e dados da sua vida esportiva, seja no âmbito da
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Educação Física ou no esporte em geral. Consegui entre outras coisas, fazer
um confronto desses dados e idéias dos entrevistados de acordo com a
literatura acadêmica, utilizando trechos importantes de autores consagrados
do ramo da Educação Física moderna e transformadora de uma sociedade
em constantes mudanças e que aceitam o progresso. Utilizei esta visão
acadêmica porque ficou bem mais concreto e objetivo a razão desse
estudo da educação física e do esporte de nosso município. Nesse trabalho,
o leitor estará em contato com as falas dos entrevistados na íntegra e dados
retirados da essência de suas palavras. Pude perceber que estas pessoas
ficavam bastante satisfeitas e alegres na hora da entrevista, pois nada mais
gratificante é falar da nossa história e que essa história fique registrada para
sempre. O desejo é que alguém nos ouça, nos dê atenção.
Enfim, faço relatos também de minha vida esportiva no município de
Coaraci citando alguns feitos e evidenciando a Educação Física e o esporte.
Nos anexos também são mostrados fotos e recortes de jornais, sites de
informação que publica a todo instante, eventos esportivos de relevância
para o mundo esportista da nossa cidade. O mais importante nessa
pesquisa, entretanto, é mostrar que nós seres humanos somos levados a
contar o que somos, a viver o que somos e a falar o que sentimos para que
nossa história seja de fato uma história de vida, pois desde pequeno ouvia os
mais experientes e intelectuais dizerem que o homem só se realiza com
objetivos de vida, quando ele ama a Deus sobre todas as coisas, constrói e
edifica a família, possui o essencial para viver, planta uma árvore e escreve
um livro. Busco, acima de tudo isso, colocar Deus como protetor e fazer com
esses objetivos de vida sejam alcançados.
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A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE EM COARACI
A história da Educação Física e do Esporte na cidade de Coaraci, na
Bahia, tem muitas vertentes que foram se aperfeiçoando ao longo do tem-
po. A história de Coaraci passou por muitas transformações duradoras e
cheias de obstáculos.
Após uma série de entrevistas com antigos moradores, que foram pio-
neiros no processo de construção da história dessa cidade, percebi que eles
tiraram as informações da essência de todo o trabalho realizado.
O professor Francisco Sales e o professor Paulo Sérgio tiveram participa-
ções importantes no processo de transição da Educação Física na pequena
Coaraci. Foi uma parceira que deu certo tanto nos esportes de rendimento
como nas atividades físicas de lazer e entretenimento. O próprio professor
Francisco Sales disse na entrevista que no momento em que começou a tra-
balhar em Coaraci, foi muito difícil, pois era uma época de quase ditadura,
momento de transição, de mudanças. O futebol de campo era a única mo-
dalidade esportiva que atraía a todos. O recém-construído ginásio de espor-
tes não tinha uma estrutura ideal, além de não haver professores que pudes-
sem trabalhar outras modalidades.
Quando questionado sobre como era o ensino da Educação Física na
cidade de Coaraci, o professor Francisco Sales disse que aproveitava o co-
nhecimento adquirido nos cursos de 40 e 60 horas que eram ministrados em
Itabuna e Ilhéus e aplicava-o somados aos conhecimentos que já possuía.
Segundo o COLETIVO DE AUTORES (1992): “Essa luta se expressa através de
uma ação prática, no sentido de transformar a sociedade de forma que os
trabalhadores possam usufruir do resultado de seu trabalho.
A Carta Brasileira de Educação Física dá um grande destaque a Educa-
ção Física como um processo, seja por vias formais ou não-formais, que ao
promover uma educação efetiva para a saúde e a ocupação saudável do
tempo livre de lazer, constitui-se num meio efetivo para a conquista de um
estilo de vida ativo dos seres humanos.
Na visão do Professor Francisco Sales, o que mais criava problema era a
questão política, pois quando mudava o gestor, mudava toda a conjuntura
política, e essa nova conjuntura não trazia nem o mesmo interesse nem a
mesma vontade do governo anterior. Então, todo o trabalho que fora reali-
zado era desfeito. Voltava-se à fase inicial. Não havia uma continuidade,
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mas um recomeço que na verdade só atrapalhava o trabalho do professor
de Educação Física, leigo ou não. Para Libâneo (1985: 39):
“ ... os conteúdos são realidades exteriores ao aluno e que devem ser
assimilados e não simplesmente reinventados; eles não são fechados e refra-
tários às realidades sociais”, pois “não basta que os conteúdos sejam ensina-
dos, ainda que bem ensinados, é preciso que se liguem de forma indissociá-
vel a sua significação humana e social”.
“Usávamos uma metodologia simples na época que era iniciada com
uma atividade recreativa. Os alunos eram submetidos a um tipo de prepara-
ção física para que não sofresse nenhuma contusão. Então, quanto mais ale-
gre e movimentada a aula, mais satisfatórios eram os resultados. Fazíamos a
seguir uma seleção entre os mais fortes e os menos fortes. Os menos fortes ti-
nham atenção especial enquanto que os mais fortes eram trabalhados para
seleções, a fim de que pudessem participar de competições maiores”, co-
menta o professor Francisco Sales.
“Entretanto, para o aluno, o que ele deve fazer para jogar – como dri-
blar, correr e fintar – é apenas um meio para atingir algo para si mesmo, co-
mo por exemplo: prazer, autoestima etc. O seu sentido pessoal do jogo tem
relação com a realidade de sua própria vida, com suas motivações”.
(COLETIVO DE AUTORES, 1992)
A metodologia naquela época acontecia de forma natural: colocavam
-se os alunos perfilados, semelhante a uma preleção em futebol. Eram passa-
das todas as informações sobre as demais modalidades esportivas e o aluno
era orientado sobre o que seria trabalhado e quais as competências espera-
das. Era feito um diagnóstico para perceber o que cada um tinha a render,
então, os melhores eram encaminhados para a seleção de Coaraci.
Um método que vem da França ou da Suécia é apenas um método.
Se não tiver organização e coordenação o trabalho não será bem desenvol-
vido. É importante permitir que o aluno desenvolva suas aptidões. Não se de-
ve “castrar” o aluno; dizer “Não! Você tem que fazer isso ou aquilo”, pois o
aluno pode não ter aptidão para uma determinada modalidade esportiva,
mas ter facilidade para outra modalidade. O fundamento da Educação Físi-
ca é transformar, educar o homem fisicamente, socialmente e psicologica-
mente. É a busca do homem integral que seria o indivíduo agindo em todas
as áreas de uma maneira correta: mente e corpo. O esporte e a Educação
Física traduzem esse conhecimento. Independente de quem esteja ministran-
do, o importante é permitir que o aluno jogue, que explore o que tem dentro
de si. Sabemos que o aprendizado é intrínseco: vem de dentro. Ninguém
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consegue “empurrar” aprendizado para dentro de outra pessoa. O que se
faz é apenas orientar o aluno e deixar que o mesmo explore todo o potenci-
al intrínseco. Segundo o COLETIVO DE AUTORES, (1992): “Os movimentos re-
novadores da Educação Física do qual faz parte o movimento dito
“humanista” na pedagogia, se caracterizam pela presença de princípios filo-
sóficos em torno do ser humano, sua identidade, valor, tendo como funda-
mento os limites e interesses do homem e surge como crítica a correntes ori-
undas da psicologia conhecidas como comportamentalistas. Essas correntes
fundamentam as teorias de como o indivíduo aprende no esquema estímulo
-resposta. Os princípios das correntes comportamentalistas informam a ela-
boração de taxionomias dos objetivos educacionais”.
Para o professor Francisco, a Educação Física que fora praticada na-
quele momento era mais rígida, mais militarista, porém que contribuiu muito
na formação do indivíduo. Ele, no entanto, é favorável a um método aberto,
livre, orientado e que deixe o aluno explorar sua criatividade. Desse modo,
há a possibilidade de descobrir as qualidades físicas de cada um, sem impo-
sições.
O professor Francisco disse ainda que o professor de Educação Física,
hoje, é um dos mais importantes na escola, pois tem a função de trabalhar
além da parte física, a psicológica e social, num momento em que as drogas
se proliferam em todas as classes sociais, roubando das famílias e da socie-
dade pessoas que poderiam, realmente, fazer a diferença. Diante disso, o
professor de Educação Física encontra uma maneira de alcançar o aluno e
tirá-lo desse envolvimento com as drogas. Na maioria das vezes, o indivíduo
é levado a se envolver com as drogas devido a sua situação social, psicoló-
gica ou física. O profissional de Educação Física precisa estar atento a tudo
isso e criar mecanismos de envolvimento a fim de que o educando feche os
olhos para esse lado caótico e venha a se integrar e a se interessar por ou-
tras coisas. Do contrário, as drogas continuarão levando a nossa sociedade
a uma situação ruim e destruindo a nossa juventude.
O professor Paulo Sérgio N. Santana, quando entrevistado, foi preciso
nas informações gerais sobre a Educação Física no município de Coaraci, e,
de sua aproximação ao professor Francisco Sales. Eles foram os pioneiros no
trabalho da Educação Física e do Esporte na cidade de Coaraci. Contribuí-
ram significativamente no processo de escolarização e da estabilidade da
Disciplina. “O que me levou a ser um profissional na área da Educação Física
foi um acidente de percurso, pois na verdade eu fiz vestibular para Medicina
tendo Educação Física como segunda opção. Não esperava que fosse per-
der no concurso vestibular. Era a primeira vez que estava fazendo o concur-
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so, portanto não fui classificado e entrei em segunda opção para Educação
Física. Não me arrependi. É uma área muito boa. É uma área da saúde. Me-
xe com gente saudável”, conta o professor Paulo Sérgio.
Segundo OLIVEIRA (1993), “Em função dos favores prestados à saúde, as
atividades físicas foram incluídas nos currículos escolares. Foi, ainda, a partir
de conhecimentos sobre anatomia, fisiologia e outras disciplinas afins, que o
professor de Educação Física adquiriu status profissional. Até hoje, quando
um acadêmico de Educação Física pretende valorizar-se intelectualmente,
busca socorro biomédico e faz um formidável discurso sobre aparelho circu-
latório, osteologia ou neurofisiologia. E, para tal, não lhe faltam incentivos. As
Universidades que mantêm cursos de Educação Física geralmente os inclu-
em em seus Centros ou Institutos de Ciências Biomédicas, Biológicas ou da
Saúde”.
Em 1981, quando o professor Paulo Sérgio chegou aqui em Coaraci, a
situação da Educação Física era precária. Os professores de Educação Físi-
ca eram leigos, como eram leigos os professores Francisco Sales e sua irmã
Terezinha Sales, mas já trabalhavam e contribuíam para a valorização da
Disciplina com o advento dos esportes de rendimento, no caso específico
basquete, futsal, futebol de campo, voleibol e handebol que começavam a
ser praticados pelos jovens coaracienses. No entanto existia muita diferença
entre educação física para ricos e educação física para pobres. O professor
Paulo Sérgio falou que fora feito um trabalho de estruturação da educação
física a fim de proporcionar o esporte aos jovens que eram marginalizados. O
esporte começou a chegar às áreas do Centro Social Urbano e a juventude
que ficava à parte passou a ser incluída em todas as modalidades desde re-
creação até a iniciação esportiva; também participavam das atividades
culturais como Festa Junina, Dia das Crianças, Natal etc.
O professor Paulo disse que foi essa a sua contribuição para a Educa-
ção Física e o esporte de Coaraci, e que deixara de lado a ginástica calistê-
nica, a ginástica rítmica, o método francês, austríaco e banco sueco. Falou
ainda que saiu da Faculdade com uma vasta bagagem, mas que a usou
muito pouco, visto que o conhecimento que adquirira era destinado ao pro-
fissionalismo para atletas de alto nível, sendo que a educação física era mais
recreativa e tinha que levar em consideração o poder aquisitivo do aluno,
como este se alimentava, como estava sua parte psicológica. Os problemas
familiares eram muitos, onde muitos filhos tinham que conviver com os pais
viciados ou com famílias totalmente destruídas. Eram pessoas carentes ne-
cessitando de que fosse realizado um trabalho especializado: alimentação,
recreação, psicologia, afetividade, muita brincadeira e, além de tudo, muita
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amizade e respeito. “São essas as grandes alegrias que tenho. A grande he-
rança que trago comigo até hoje é a felicidade de ter trabalhado naquela
comunidade onde aprendi muito. Aprendi a conviver em comunidade, a
respeitar as diferenças; tratar bem a todos; não ser preconceituoso e tratar
todas as pessoas iguais. Fiz muitos amigos”, lembra o professor Paulo Sérgio.
Segundo Vitor Marinho de Oliveira, (O que é Educação Física), o envolvi-
mento da Educação Física com o indivíduo e com a sociedade dá-lhe res-
ponsabilidade que extrapolam o “fazer ginástica” ou “jogar futebol”. O pro-
fessor não pode, diante da sua missão, aprofundar-se unicamente nos seus
conhecimentos técnicos. O domínio da técnica é indispensável, mas como
um meio. Um instrumento criado pelo homem, para ser utilizado em seu pró-
prio benefício. (...)
Preleciona OLIVEIRA (1993) que: “É preciso que os exercícios físicos não
sejam o fruto da pura imitação mecânica; só assim a Educação Física passa-
rá a estimular a inteligência, não embrutecendo o indivíduo, é importante
que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os seus gestos.
Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que te-
nham a “sensação de si mesmos”, proporcionada pelo nosso sentido cines-
tésico (propriocepção), normalmente desprezado. Caso contrário, estare-
mos diante da “deseducação física”.
Nessa pesquisa de Campo realizada no âmbito da Educação Física e
do Esporte de nossa cidade, o que nos impressiona é a determinação e a
maneira de expressão que os entrevistados demonstraram. As palavras fluí-
ram com muita propriedade e precisão. Em alguns momentos cheguei a me
emocionar, pois fiquei muito feliz em saber que pessoas que convivem em
nosso meio tiveram tanta determinação e apreço pela Educação Física e o
esporte em geral de nossa cidade Coaraci. Observe o que falou o ex-atleta
Altran Silva Campos: “Temos muita gente que participou do futebol de Coa-
raci, mas infelizmente, hoje, estão afastadas por causa de “panelas” do fute-
bol, as chamadas “picuinhas”, o que levou o meu afastamento do futebol.
Naquela época, o futebol não tinha apoio. A gente vivia correndo atrás de
alguém para poder formar um time. Até para lavar camisa havia dificulda-
de. (...) Sempre levei o futebol a sério, mesmo com meu futebol limitado. (...)
Sempre me preparei. Estou com 58 anos de idade, e ainda dou meus ponta-
pés na bola. (...) Gosto de lembrar a essa garotada que futebol é um grande
caminho para se livrar da maldita droga que está acabando os jovens do
mundo inteiro”.
Neste processo de investigação, entrevistei o professor Gilson Moreira
que salientou que há muita dificuldade para a prática do futebol em Coara-
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ci, pois faltam muitos campos; além do mais, os prefeitos não têm boa vonta-
de; querem construir quadras, quando na realidade o que as cidades pe-
quenas precisam é de um pequeno espaço para que a garotada pratique o
futebol. O professor Gilson disse ainda que nunca fora atleta, pois atleta é
aquele que se cuida, ele diz ter sido um jogador de futebol de salão, que
não ligava muito para o preparo físico, mas que jogava muito bem, segundo
os amigos.
Segundo OLIVEIRA (p.46, 1983): “O rendimento físico e atlético é, sem
dúvida, uma preocupação da Educação Física. Mas não aquele desempe-
nho apoiado num referencial externo, induzindo todos a chegarem no mes-
mo lugar, ao mesmo tempo e seguindo o mesmo caminho. Este é o rendi-
mento máximo, baseado em tabelas e parâmetros que não respeitam indivi-
dualidades, retificando o aluno. A Educação Física, enquanto educação,
não procura o rendimento máximo, e sim o ótimo. Aquele que ajuda o indiví-
duo a encontrar o seu melhor aproveitamento”.
Quando perguntado sobre o que o marcou na história do futebol de
Coaraci, ele respondeu o seguinte: “O que marcou e marcará até hoje é a
paixão do torcedor coaraciense, que tanto gosta de futebol de campo
quanto do futebol de salão. (...) Eu vesti a camisa da seleção da minha cida-
de, e juntos com meus companheiros nos entregávamos de corpo e alma.
Nunca perdemos uma partida de futebol. Parece até mentira. O pessoal da-
quela época pode confirmar: a seleção de futsal de Coaraci reinava sobe-
rana na nossa região. Conquistamos muitos títulos. O time do coração era o
FIVE BLUE, no qual joguei algumas partidas. Era um time como o América do
Rio de Janeiro, porém não consegui ganhar nenhum título jogando pelo Five
Blue. Ninguém fazia preparo físico, mas havia treinamento. O técnico era
chamado de Pão; Zelito era o nosso orientador não apenas no campo ou na
quadra, mas na vida social também. Eles nos davam orientação física. Eram
firmes, rigorosos. Eles também fiscalizavam a nossa vida escolar. A disciplina
era algo fundamental para a participação no futebol de salão de Coaraci”.
Segundo BARBANTI (2001), “treinar é uma atividade que envolve pesso-
as e é preciso desenvolver a capacidade de trabalhar com elas”.
A professora leiga de Educação Física do nosso município, Zefira Ra-
mos Nery, comentou muitas passagens de sua vida no esporte e as dificulda-
des encontradas no início de suas atividades como desportista de Coaraci.
Foram muitos os percalços enfrentados, mas foram muitas as alegrias. Muita
satisfação pelo dever cumprido, seja como atleta, que se determina a al-
cançar objetivos, seja como ser humano. A professora Zefira disse que jogou
futebol por toda a vida, e que o esporte estava no sangue, pois sempre a-
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mou o esporte. Já participou de muitas competições esportivas. Hoje, ela es-
tá com 49 anos de idade e atua como professora leiga de Educação Física
demonstrando gostar do que faz. “Não temos ainda liberdade de mostrar lá
fora as atletas do município. Temos escolinhas aqui que já trabalham com
meninas dos nove aos treze anos. Isso é muito bom. Elas já crescem e se pre-
param para serem jovens que saibam respeitar o próximo; que não entrem
em farras, vícios ou prostituição.” Comenta a professora Zefira.
Na ênfase de MOREIRA (2004): “A preocupação central dos professo-
res de Educação Física tem sido o ensino das técnicas das modalidades es-
portivas, com vistas a um execução adequada. Percebe-se, portanto, o fo-
co de sua atenção na técnica. Desta maneira, apresentam as habilidades
dos jogos coletivos como se fossem habilidades fechadas, o que caracteriza
a preocupação com a realização motriz, mais do que com o modo de reali-
zação de cada indivíduo e a consideração de suas experiências anteriores”.
Na realização dessa pesquisa, deparei-me com o jogador da seleção
de Futebol de Campo de nossa cidade, Augusto César “Guto”, que demons-
trou como a determinação é importante na vida do ser humano. Ser deter-
minado e convicto é necessário para que se possa alcançar o sucesso e ob-
ter grandes alegrias surpreendendo o nosso interior, as nossas expectativas.
O atleta Guto, ex-jogador do Corinthians e estudante de Educação Física,
conta-nos o seguinte: “ Minha trajetória futebolística foi uma coisa brilhante
em minha vida, porque quando iniciei tinha apenas nove anos de idade. Eu
não era aceito, não era incluso na comunidade porque não era um atleta.
Eu não tinha uma perfeição do passe nem tinha bom posicionamento. A mi-
nha técnica não era apurada e isso me prejudicou muito no inicio da minha
carreira, porém a minha força de vontade e a minha persistência eram mai-
ores do que qualquer coisa. Eu fazia tudo com muita vontade enfrentando
barreiras para conquistar o pódio.
Segundo OLIVEIRA (1983): “O homem, enquanto ser total, não pode
prescindir da inteligência nas suas ações, inclusive motoras, é muito difícil -
senão impossível - estabelecer limites entre a aprendizagem motora e a in-
telectual. Quando acontece a primeira, seguramente está ocorrendo a se-
gunda. A atividade física, havendo de ser aprendida, não pode ser conside-
rada unicamente no plano motor. Apresenta também valores intelectuais”.
O atleta Guto disse ainda que antes de ser jogador de linha, foi goleiro.
“Comprei uma bola, porque ninguém queria me colocar para jogar de tão
ruim que eu era, e fui jogar na quadra. Chegando lá, os meninos não me
deixaram jogar, porque eu era muito ruim para o passe, drible ou para fazer
gol. Os colegas me deixaram de fora, mesmo com a minha bola em quadra.
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Quando eu ia entrar na segunda dupla, eles ainda me colocavam no gol,
porque não me queria na linha. Então comecei a tomar muitos gols. Às vezes
a bola batia e não entrava”, relata.
Guto começou a participar da Escolinha Nova Geração como goleiro.
Aos treze anos fez um teste para o Corinthians, aprendendo, assim, muito fun-
damento, muita técnica e tática. Isso o ajudou a crescer no futebol, e hoje
possui vários títulos conquistados jogando em alguns clubes. Disputou 39
campeonatos de Futebol Amador em toda a Bahia, e foi 26 vezes campeão
como atleta. O título mais importante em sua vida foi justamente o de cam-
peão do intermunicipal em 2001, atuando pela Seleção de Coaraci.
Ele ainda nos falou que poderão ser abertas novas escolinhas de futebol
para atletas entre 17 e 23 anos, dando mais uma oportunidade a esses jo-
vens, pois quando chegam aos 17 anos já não podem mais participar da es-
colinha na qual faziam parte. Por isso, se faz necessário a criação da catego-
ria de juniores, para que esses jovens não fiquem com o tempo ocioso, não
procurem o mundo das drogas e que possam ser novos cidadãos de bem.
Valdir J. Barbanti (2001) salienta: “Os técnicos, treinadores, preparadores físi-
cos, instrutores, monitores têm grande influência sobre as pessoas com quem
trabalham através daquilo que dizem e fazem. Por isso eles são modelos. De-
vem ter valores a defender, entusiasmar os outros, ser otimistas e motivar as
pessoas, sem esquecer que cada uma delas deve ser respeitada na sua indi-
vidualidade, contribuindo sempre para elas alcançarem o que desejam, tan-
to no esporte como na própria vida”.
Essa pesquisa foi um grande aprendizado, por isso espero que as pes-
soas que gostam do esporte possam lutar pelo desenvolvimento físico e es-
portivo de todos. É preciso que possam compreender e analisar as dificulda-
des, os anseios, as desavenças para que o esporte de Coaraci e a educa-
ção possam estar num patamar bastante satisfatório. O esporte é, sem dúvi-
da, para todos.
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ENTREVISTAS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DE
COARACI
FRANCISCO SALES, Professor de Educação
Física, ex-jogador de handebol da cidade
de Coaraci.
No momento que comecei em Coaraci
era um momento muito difícil. Era uma
época de quase ditadura, momento de
transição, das mudanças; não havia muito
esporte em Coaraci. Falava-se apenas em
futebol de campo. O ginásio de esportes,
recém-construído, não possuía uma
estrutura adequada, apesar de que não
havia professores que trabalhassem outras modalidades esportivas. Eu e
minha irmã Terezinha Sales, que também é professora de Educação Física no
Colégio do Educandário Pestalozzi, resolvemos montar equipes de handebol,
de basquetebol, de futsal e de vôlei. Só que o vôlei era praticado por um
grupo: dos Amorins (Waldir Amorim e família). Nossa primeira ação foi a
convocação e orientação do pessoal para que se interessassem pela nossa
proposta. Naquela época, a SUDESB fornecia cursos de esportes. Cheguei a
fazer atletismo, basquete e handebol.
Nós utilizávamos o conhecimento adquirido nos cursos, que eram
ministrados em Itabuna e Ilhéus com duração de até 60 horas, somávamos
aos conhecimentos que já possuíamos e aplicávamos em nosso trabalho.
Chegamos a formar boas equipes. Participávamos de movimentos. Houve
um campeonato estudantil baiano na cidade de Uruçuca, e na
oportunidade, eu levei um grupo para participar desse campeonato e
obtivemos bons resultados na competição. Ficamos entre os seis melhores
lugares no geral da Bahia, numa posição de vanguarda. O nosso trabalho
estava dando certo. Atualmente, alguns daqueles atletas são professores de
Educação Física de Coaraci e região; alguns foram para outros estados
brasileiros fazendo pós-graduação e até mestrado. São frutos de um
trabalho que deu certo.
A política em nossa cidade era o que mais criava problema e, ainda
cria, pois quando muda um gestor, muda a política, muda toda a estrutura,
melhor dizendo, estrutura não, muda a conjuntura. E essa nova conjuntura
não traz o mesmo interesse, a mesma vontade, a mesma ideia. Então todo o
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trabalho que fora realizado era desfeito. Voltava-se à fase inicial. Isso
dificultava muito o trabalho no esporte.
Usávamos uma metodologia simples na época, que era iniciada com
uma atividade recreativa. Os alunos eram submetidos a um tipo de
preparação física para que não sofressem nenhuma contusão. Então,
quanto mais alegre e movimentada a aula, mais satisfatórios eram os
resultados. Fazíamos a seguir uma seleção entre os mais fortes e os menos
fortes. Os menos fortes tinham atenção especial enquanto que os mais fortes
eram trabalhados para seleções, a fim de que pudessem participar de
competições maiores.
A metodologia naquela época acontecia de forma natural:
colocavam-se os alunos perfilados, semelhante a uma preleção em futebol,
e, eram passadas todas as informações sobre as demais modalidades
esportivas. O aluno era orientado sobre o que seria trabalhado e quais as
competências esperadas. Era feito um diagnóstico para perceber o que
cada um tinha a render, e os melhores eram encaminhados para a seleção
de Coaraci.
Um método que vem da França ou da Suécia é apenas um método,
se não tiver organização, se não tiver coordenação o trabalho não será bem
desenvolvido. É importante deixar que o aluno desenvolva suas aptidões.
Não se deve “castrar” o aluno; dizer “Não! Você tem que fazer isso ou
aquilo”, pois o aluno pode não ter aptidão para uma determinada
modalidade esportiva, mas ter facilidade para outra modalidade. Você
coloca dez alunos em quadra, no caso do basquete coloca cinco alunos, e
percebe que são diferentes: um tem mais habilidade, outro tem mais
domínio de bola, outro tem mais velocidade, e você vai trabalhando esse
tipo de situação dentro das possibilidades do aluno e daquilo que se propõe
trabalhar.
O problema da metodologia era de que forma era aplicada a
atividade dentro das suas bases. Porém, o maior problema era o social.
Quando um garoto era indicado para fazer basquete, começava a sofrer
preconceito, pois diziam que não era esporte de homem. A mesma forma
de preconceito acontecia quando se falava em handebol. O pessoal só
pensava em futebol, porque era visto como a modalidade esportiva que
gerava condições econômicas. Falar, naquela época, que precisava de um
aluno para praticar basquete, era motivo de risadas. Quando ele começava
a desenvolver o trabalho tomava logo gosto, mas dificilmente você
encontrava alguém disponível a fazer o trabalho inicial, que na verdade era
a base de tudo.
15
Muitos professores de Educação Física em atividade foram frutos desse
trabalho realizado. Em relação a atletas, posso citar Bebeto Campos que foi
meu aluno de futsal na quadra de esporte de Coaraci “Terra do Sol” e dali
ele saiu para jogar futebol de campo, jogando no Bahia, Vitória, Fluminense,
Paissandu, Sport, entre outros. Posso citar também um rapaz, Marcelo Santos,
que foi nosso aluno naquelas quadras de futsal de nossa cidade jogou no
Flamengo do Rio, sendo até campeão carioca. Paulo Robson é outro
exemplo de ex-aluno que fez pós-graduação em Educação Física na
faculdade Montenegro.
O fundamento da Educação Física é transformar, educar o homem
fisicamente, socialmente e psicologicamente. Você tem o homem integral,
que é o indivíduo agindo em todas as possibilidades de maneira correta:
mente e corpo. O esporte e a Educação Física traduzem esse
conhecimento. O aprendizado é intrínseco, ele vem de dentro para fora.
Você não consegue “empurrar” aprendizado para dentro de ninguém.
Você é apenas um orientador, e o aluno vai descobrindo as vertentes, as
variantes que tem dentro de si para poder alcançar os seus objetivos.
A Educação Física que fora praticada naquela época era mais rígida,
mais militarista, porém que contribuiu muito na formação do indivíduo. Por
isso sou favorável a um método aberto, livre, orientado e que deixe o aluno
explorar sua criatividade. Desse modo, há a possibilidade de descobrir as
qualidades físicas de cada um, sem imposições.
Essa pesquisa deve ser divulgada para fins acadêmicos, e gostaria de
dizer que o professor de Educação Física, hoje, é um dos mais importantes na
escola, pois tem a função de trabalhar além da parte física, a psicológica e
social, num momento em que as drogas se proliferam em todas as classes
sociais, roubando das famílias, roubando da sociedade pessoas que
poderiam, realmente, fazer a diferença. Diante disso, o professor de
Educação Física encontra uma maneira de alcançar o aluno e tirá-lo desse
envolvimento com as drogas. Na maioria das vezes, o indivíduo é levado a
se envolver com as drogas devido a sua situação social, psicológica ou
física. O profissional de Educação Física precisa estar atento a tudo isso e
criar mecanismos de envolvimento a fim de o educando feche os olhos para
esse lado caótico e venha a se integrar e se interessar por outras coisas. Do
contrário, as drogas continuarão levando a nossa sociedade a uma situação
ruim e destruindo a nossa juventude.
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Professor Paulo Sérgio Novaes Santana,
coordenador de Educação Física de Coaraci:
ex-preparador físico das seleções de futebol de
Coaraci, pioneiro no esporte da década de
1980.
O que me levou a ser um profissional na
área da Educação Física foi um acidente de
percurso, pois na verdade eu fiz vestibular para
Medicina tendo Educação Física como
segunda opção. Não esperava que fosse
perder no concurso vestibular. Era a primeira vez que estava fazendo o
concurso, portanto não fui classificado e entrei em segunda opção para
Educação Física. Não me arrependi. É uma área muito boa. É uma área da
saúde. Mexe com gente saudável, só não é interessante o retorno financeiro,
pois a pessoa passa a vida trabalhando e não consegue a sua
independência. No Brasil há muito personal trainner, preparador físico e
professor de Educação Física ganhando bem, mas digo que a esse grupo só
5% de professores de Educação Física fazem parte.
Em 1981, quando cheguei a Coaraci, a situação da Educação Física
era precária. Fui convidado a trabalhar no Centro Social Urbano – CSU, no
atendimento da classe mais necessitada, pois os pobres não tinham
oportunidade. Os professores de Educação Física eram leigos, como eram
leigos os professores Francisco Sales e sua irmã Terezinha Sales, mas já
trabalhavam e contribuíam para a valorização da Disciplina com o advento
dos esportes de rendimento, no caso específico basquete, futsal, futebol de
campo, voleibol e handebol que começavam a ser praticados pelos jovens
coaracienses. No entanto existia muita diferença entre educação física para
ricos e educação física para pobres. Foi feito um trabalho de estruturação
da educação física a fim de proporcionar o esporte aos jovens que eram
marginalizados. O esporte começou a chegar às áreas do Centro Social
Urbano e a juventude que ficava à parte passou a ser incluída em todas as
modalidades desde recreação até a iniciação esportiva; também
participavam das atividades culturais como Festa Junina, Dia das Crianças,
Natal etc. Trabalhei no CSU durante 25 anos. Ali era um local de muita
alegria, de movimentação semanal. Durante todos os dias da semana, (com
exceção da segunda-feira que era para limpeza) tínhamos atividades das 5
horas da manhã até as 22 horas. Às 5 horas da manhã tínhamos o “baba”;
às 8 da manhã, eu chegava com os alunos de iniciação ao futebol da
Educação Física do Centro Educacional de Coaraci – CEC.
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As meninas que praticavam o futebol ficavam responsáveis pela
limpeza do CSU. Depois fazíamos as escolinhas de futebol, de vôlei, e de
basquete. Às 10 horas da manhã era a hora do lanche fornecido pelo
governo do Estado. Aos domingos, fazíamos grandes campeonatos,
inclusive, há uma coisa da qual nunca irei me esquecer. É o seguinte: antes
do lançamento de uma rádio FM em nossa cidade quem primeiro fez
esporte radiofonizado fui eu, lá no CSU. Eu ligava o som do CSU e Renato
Cerqueira com Gilmar Melo ficavam fazendo as narrações de brincadeiras.
Muitos atletas que fizeram parte da seleção de Futebol de Salão
tiveram a iniciação no CSU e CEC. Também trabalhei no Colégio Municipal
de Coaraci e no Educandário Pestalozzi. Fui professor de ginástica aeróbia
da AABB. Eu era o professor de ginástica das madames. Também fui
professor de natação da AABB-Coaraci. Fui professor do filho de Walter Fraife
e dos filhos da dentista Udeilda, além de outros alunos filhos de pessoas
influentes na sociedade coaraciense.
A minha contribuição para a Educação Física e o esporte de Coaraci
foi implementar as atividades físicas e recreativas para a comunidade mais
carente. Quando aqui cheguei, Coaraci era dividida em duas regiões: o
centro da cidade e outro lado do rio Almada compreendendo a Feirinha,
Maria Gabriela (Biscó) e a Avenida Itapitanga. Era uma comunidade de
extrema pobreza, pois os atletas não podiam comprar uma bola de vôlei ou
de basquete, tão pouco um jogo de camisas.
Quando chegamos ao Centro Social Urbano, trouxemos todo o
material esportivo e começamos a distribuir na comunidade. Eu tenho muita
saudade daquele tempo. Ocorreram muitos aborrecimentos, mas muita
satisfação pelo trabalho desenvolvido. Há trinta anos, no CEC, passei a ser o
professor que permaneceu mais tempo por lá. Trabalho no CEC desde 1981.
Trabalho na área de Educação Física desse colégio. Fiz muitos amigos na
comunidade formada por pessoas humildes, porém direitas, determinadas. A
feirinha é uma família.
Quem andar comigo na Feirinha pensa que sou candidato a algum
cargo eletivo devido a tantas pessoas que falam comigo. Tudo isso é fruto
do meu trabalho desenvolvido ali.
Saí da Faculdade com uma vasta bagagem, mas a usei muito pouco,
visto que o conhecimento adquirido era destinado ao profissionalismo para
atletas de alto nível, e a educação física era mais recreativa além de levar
em consideração o poder aquisitivo do aluno, como este se alimentava,
18
como estava sua parte psicológica. Deixei de lado a ginástica calistênica, a
ginástica rítmica, o método francês, austríaco e banco sueco.
Os problemas familiares na comunidade eram muitos, onde filhos
tinham que conviver com os pais viciados ou com famílias totalmente
destruídas. Eram pessoas carentes necessitando de que fosse realizado um
trabalho especializado com alimentação, recreação, psicologia,
afetividade, muita brincadeira e, além de tudo, muita amizade e respeito.
São essas as grandes alegrias que tenho. A grande herança que trago
comigo é a felicidade de ter trabalhado naquela comunidade onde
aprendi muito. Aprendi a conviver em comunidade, a respeitar as
diferenças, a tratar bem a todos, a não ser preconceituoso e tratar todas as
pessoas de igual forma. Fiz muitos amigos.
As modalidades esportivas que mais tiveram desenvolvimento em
Coaraci foram: o futebol de salão e o futebol de campo. Isso porque o
futebol é algo que está no coração dos coaracienses. Diria que o esporte
está no sangue, assim como o cacau está para a região. Nesses esportes
destacamos: Toinho Barbosa do Banco do Brasil, Sérgio Leal, Catulo, Gilson
Moreira; Derneval, Pato, Gildener e Cafuringa. Mas temos também muitos
atletas de outras modalidades que se destacaram. Chegamos a fazer uma
seleção de voleibol e jogamos contra a seleção do Centro da cidade que
se achava melhor de qualquer outra. O jogo foi realizado na quadra do
Educandário Pestalozzi onde ganhamos deles.
Gostaria de destacar que também trabalhei na Seleção de Futebol de
campo e na seleção de Futsal durante onze anos. Ajudei na fundação da
Liga Coaraciense de Futebol e fui fundador da Liga de Futsal, sendo o
primeiro diretor de esportes. Fico feliz em ser reconhecido por muitas pessoas
que me consideram coaraciense, e isso me levou a ganhar o título de
cidadão coaraciense na Câmara de Vereadores, junto com personalidades
da região.
Agradeço pela oportunidade de contar um pouco dessa história.
Tenho um livro, com quatro volumes prontos, que conta tudo isso e muito
mais: histórias engraçadas na seleção com Pelé (treinador da Seleção de
Coaraci); a maneira como era feito o suco; o banho de folhas; de Juca, o
brigador, que batia em todo mundo, etc.
Tenho a acrescentar uma coisa sobre a Associação Atlética Baba da
Amizade (futebol de veteranos). Logo que cheguei aqui, na minha primeira
semana, num dia de sábado, fui participar do jogo. Como estava chovendo
muito, eu falei que não haveria mais jogo porque o campo estava muito
19
molhado. Todos vieram para cima de mim, chamaram-me de forasteiro, e
perguntaram o que eu estava fazendo ali. Renatão, um velho amigo, falou
que ninguém iria respeitar a ideia desse professor. Foi quando eu disse que
iria arrumar uma rede, uma bola de futsal nova e eles jogariam na quadra.
Acabaram aceitando. Posteriormente, uma ou duas semanas, eu já estava
fazendo parte do “baba”. Onde tive presente até o final de 2010. Fui
presidente do Baba várias vezes, e sempre tive o prazer de fazer o melhor
pela Associação e pelo esporte de Coaraci.
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Desportista Toninho Cruz: ex-jogador da Seleção de Coaraci e vice-
presidente da Liga Coaraciense de Futebol.
Há muitos anos que milito no futebol de Coaraci,
aproximadamente 42 anos. O futebol de Coaraci é
muito bom, posso até dizer que é o melhor da região.
Já joguei em seleções e em muitos times da nossa
região compreendida por Ubatã, Itajuípe, Almadina, e
Itapitanga. Antigamente a gente jogava e não
ganhava dinheiro, hoje, os atletas que jogam na
seleção de sua cidade são todos pagos. O Grêmio e o
Coaraci foram os times nos quais joguei em Coaraci.
Sendo que esse último foi o que mais me deu alegria, pois ganhamos todos
os campeonatos que por sinal eram muito bons. Gostaria de destacar
alguns jogadores da época: Expedito, Tutu, Wando de Bino, Milton Cerqueira
(atualmente, vereador em Itabuna). Eu entrei na equipe quando o time
estava encerrando suas atividades. O Coaraci era um time respeitado em
toda a região.
Com trinta anos de idade fui jogar no Grêmio que era um time
excelente. Fomos várias vezes campeões. Havia também outro time muito
respeitado na época, era o 12 de Dezembro, no qual nunca joguei, porém
era o nosso maior rival.
No que diz respeito aos campos de futebol, tinha o “Alto do Exu”, que
era um campinho de barro, um peladão, no qual joguei várias vezes tanto
babas como campeonatos em razão do fechamento do campo principal
para a construção do estádio Antonio Barbosa Teixeira, o Barbosão.
Jogamos no campo do “Alto do Exu” por um período de quatro anos, e
apesar de tudo nos divertíamos muito, os jovens tinham prazer em jogar ali.
Dessa forma, o mundo das drogas era evitado, o que, lamentavelmente,
não ocorre hoje com a nossa juventude. A nossa cidade está necessitando
de mais campos de futebol para que possam surgir grandes atletas no futuro
e vários craques.
Agradeço a Deus, depois a você Jorge Rocha que fez e está fazendo
um grande trabalho pelo esporte de Coaraci. Aproveito para dizer a estes
jovens que se espelhem em vários jogadores do passado, como: Expedito,
Eduardo Massa Bruta, Toinho, Toninho Cruz entre outros, para que possam ser
reconhecidos em toda a região.
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Evandro Lima Alves - Professor de Educação Física pelo colégio do
Educandário Pestalozzi
Fui professor de Educação Física pelo colégio do
Educandário Pestalozzi na cidade de Coaraci-Bahia,
entre os anos de 1978 a 1980, em substituição ao titular
da pasta, o professor Carlos Roberto Fernandes que era
contratado pelo Secretaria Estadual de Educação.As
aulas eram ministradas na quadra de esportes do
próprio educandário, sempre nas terças, quintas e
sábados. No sábado, eram realizados os treinamentos
de futsal, rand-bol e basquete e entre os atletas, o destaque para Uberlândia
(Bel fotógrafa) que era goleira de randbol, Néia de Pedro Vieira e Diana de
Ecinho como jogadoras, pela ala feminina. Já pelo masculino, os destaques
para Dudú de Carlito Quadros, Marcelo de Arnaldo Lima, Paulo Roberto Lyrio
Pimenta(filho do Dr. Fernando Pimenta), Aloísio e Lenivalter, filhos do Sr.
Aluísio, além de Lilico e Wando cão do Sr. Walmiro de Jesus e ainda
Venâncio e Vinícius de Santinha, entre tantos outros nomes da época.
*Evandro Lima, filho da Lavadeira Raimunda Lima Araujo e do
sapateiro Hilário Alves Pereira(já falecidos). Jornalista e Radialista. Tomou
posse no Banco do Brasil na cidade de Coaraci em 22/01/1976. Autor dos
livros Coaitamara(1987), Melhores Momentos de um Repórter(1990) e
Gratidão a Colatina(1995). Ex-professor dos Colégios Coaraci, Educandário
Pestalozzi e Centro Educacional de Coaraci, CEC, ambos na cidade de
Coaraci, entre os anos 1975 a 1981.Atualmente é assessor de imprensa da
Prefeitura Municipal de Eunápolis e Editor de Jornalismo da Rádio Ativa FM
de Eunápolis. E-mail: evandrolima.agora@hotmail.com
Altran Silva Campos – ex-jogador de futebol de Coaraci, fotógrafo esportivo.
Minha participação no futebol não foi tão
brilhante assim. Dei a minha participação no futsal
da época do Clube dos Bancários. Cheguei a jogar
na quadra do clube por muitas vezes. No futebol de
campo, joguei em alguns times:
a) O Cruzeirinho - fundado na Rua do Cemitério e
que fora dirigido por um rapaz chamado Eronildo.
Tenho fotos desses times, apesar da dificuldade da época, que comprovam
os fatos esportivos de minha época;
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b) O Nacional – fundado aqui no bairro da Feirinha e tinha como
presidente o ex-vereador Jorge Simões e como treinador o senhor Manoel, o
time contava com a participação de jogadores daqui e do centro da
cidade; temos fotos do Nacional;
c) O Feirinha - conhecido como time da Feirinha, chegamos a ser
campeões em um torneio da nossa cidade. Pouca gente sabe disso, porque
não existia a divulgação que existe hoje.
Tenho foto também de um time fundado na Rua do Cacau, chamado
Liverpool que tinha a participação de Luiz de Deus, Zé de Silvino, Careca,
entre outros. Era um time que não chegou a disputar campeonatos, mas que
fazia muitos jogos fora de Coaraci, numa espécie de intercâmbio. Era um
time fundado, exclusivamente, para amistosos, para confraternizações.
Na minha época de criança, existiam campeonatos infantis no
campinho ao lado do atual estádio. Porém, começamos mesmo foi na
cerâmica Rio Almada onde tínhamos torneios e lá começamos a participar
dos campeonatos. O treinador do time era Miscena Serralheiro. Os jogadores
que se destacaram foram: Zeca Preto, Mandioca e o grande goleiro
chamado Arigó (atualmente é cambista do jogo do bicho). Eu tive uma
participação no futebol de minha cidade, mas poucas pessoas sabem disso.
Muita gente que participou do futebol de Coaraci está afastada,
infelizmente, por “panelas” do futebol, as chamadas “picuinhas”. Eu mesmo
me afastei por esse motivo.
Cheguei a participar no time do CEC (Centro Social Urbano), onde
fomos campeões junto com Hélio (Vei Zé). O time era dirigido pelo pessoal
do Velho Rufino. O Cruzeirinho e o Satélite foram fundados pelos funcionários
do Banco do Brasil. O futebol daquela época não tinha apoio, por isso
tínhamos que correr atrás de patrocínio para ter um time, para poder pagar
a lavagem das camisas etc. Hoje os jogadores ganham para jogar.
O maior jogador de Coaraci e da região, o China, surgiu exatamente
no campo do “Alto do Exu”.
Eu não me incluo entre os jogadores que se destacaram na minha
época. Os destaques foram: China, Wando do Bino, Tutu, Expedito, Toinho
Barbosa, irmão de Eduardo Massa Bruta, diga-se de passagem, um dos
melhores centroavantes que já vi jogar, ou, o melhor. O futebol da época
exigia muito. Hoje, alguns jogadores aparecem uns meses e somem de
repente.
23
Concordo que o jogador ganhe para jogar, mas acho que o futebol
acaba quando os dirigentes valorizam jogadores que vêm de fora, de outra
cidade, e deixam de dar oportunidades a jogadores da casa. É quando
começa o problema, pois os jogadores da casa poderão exigir: “Se fulano
vem de fora e ganha dinheiro para jogar, por que eu vou jogar e ganhar
menos?” Naquela época não cheguei a jogar na Seleção de Coaraci, pois
meu futebol era limitado, mas existiam jogadores à altura. Não havia
necessidade de trazer jogadores de fora, pois tínhamos bons jogadores.
Eu sempre levei o futebol a serio, mesmo com o meu limitado futebol.
Em semana de jogo, eu não ia para rua curtir. Na nossa época não se ouvia
falar em drogas. As drogas estão matando os jovens de hoje. Lembro-me
que em uma partida de futebol, jogando pelo Cruzeirinho, a minha função
era marcar Toinho Barbosa, então aonde ele ia na parte do campo, eu o
acompanhava. Em um momento ele me falou: “Rapaz, você vai se cansar!”
Eu não consegui marcá-lo completamente, mas não me cansei. Sempre me
preparei. Hoje tenho 58 anos de idade e ainda dou meus pontapés na bola.
Existiam campos em todo lugar de Coaraci: Rua do Cacau, Praça da
2ª Igreja Batista (Praça João XXIII), esse campo era chamado de
Burundanga, onde disputávamos vários campeonatos todas as manhãs de
domingo.
Joguei futsal ao lado de Dido Oliveira, (hoje, cantor profissional), de
meu amigo Martinha e Sabão (um dos melhores jogadores de futsal da
época). Mandioca era um centroavante tipo Jairzinho, o furacão da Copa
de 1970. Quando ele colocava a bola na frente, ninguém conseguia
alcançá-lo. Copeu era um lateral, grande jogador que começou comigo na
cerâmica Rio Almada, inclusive jogou até no Botafogo do Rio de Janeiro.
Agradeço a você, Jorge Rocha, pelas perguntas sabendo que faz
parte também de um trabalho acadêmico na UESC (Universidade Estadual
de Santa Cruz). Aproveito para lembrar a essa garotada que futebol é um
grande caminho para se livrar da maldita droga que está acabando os
jovens em todo o mundo.
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Professor Gilson Moreira – ex-jogador amador de futsal, ex-vereador, Diretor
do Centro Educacional de Coaraci.
Comecei a jogar futebol no campo da Fazenda
Cachoeira Bonito, na entrada da cidade de Coaraci,
depois nos Gualberto onde tinha um campo. (No tempo
em que Coaraci tinha campos). Hoje a dificuldade é
terrível. Faltam muitos campos de futebol. Os prefeitos não
têm boa vontade. Querem construir quadras, quando na
realidade o que as cidades pequenas precisam é um
espaço apenas para duas traves para o pessoal se divertir.
Comecei a jogar futebol de salão na quadra do Colégio
Municipal de Coaraci. Foi lá onde nasceu o esporte de quadra em nossa
cidade. Tinha basquete, voleibol e tinha futebol de salão. Eu apenas
observava. Eu era criança, naquele tempo, era um rapazinho. Nos intervalos,
a gente jogava com tampinhas de garrafas. É verdade! Logo após foi criado
o Clube dos Bancários, foi quando eu comecei minha vida de atleta do
futebol, melhor dizendo, não fui atleta, fui um jogador de futebol de salão.
Que é diferente de ser atleta, pois atleta é aquele que se cuida. Eu era um
jogador de futebol. Ou seja, eu não ligava muito para o preparo físico, mas
dizem que eu jogava futsal muito bem. Era não era um artista da bola, o
artista da bola era chamado de Catulo que hoje é médico em Jacobina. Eu
era um cara que decidia uma partida. Driblava bem, mas não tinha a
perfeição de um drible que Catulo tinha. Catulo, inclusive, é meu irmão e
chegou a jogar na seleção baiana de Futebol de Salão, também jogou no
Vitória da Bahia. Jogamos aqui no campo do estudante, onde ganhamos
muitos títulos.
Na seleção de Coaraci de Futebol de Salão, nós nunca perdemos
para ninguém. Na época tinham também Toinho Barbosa, Vanderlei Farias,
Josemar Gualberto e o maior goleiro que conheci chamado Massa Bruta
(Eduardo Barbosa), irmão de Toinho Barbosa. Massa Bruta sabia defender e
distribuir a bola numa grande perfeição.
O que marcou e marcará até hoje é a paixão do torcedor
coaraciense, que tanto gosta de futebol de campo quanto do futebol de
salão. Eu não acompanho muito, pois se depende muito financeiramente. Eu
vesti a camisa da seleção da minha cidade, e juntos com meus
companheiros nos entregávamos de corpo e alma. Eu, Toinho, Catulo,
Vanderlei, Josemar, Massa Bruta, Zé Leal e outros tantos nunca perdemos
uma partida de futebol. Parece até mentira. O pessoal daquela época pode
25
confirmar: a seleção de futsal de Coaraci reinava soberana na nossa região.
Conquistamos muitos títulos.
O meu time do coração era o FIVE BLUE, no qual joguei algumas
partidas. Era um time como o América do Rio de Janeiro, porém não
consegui ganhar nenhum título jogando pelo Five Blue. Ninguém fazia
preparo físico, mas havia treinamento. O técnico era chamado de Pão.
Zelito era o nosso orientador não apenas no campo ou na quadra, mas na
vida social também. Eles nos davam orientação física. Eram firmes, rigorosos.
Eles também fiscalizavam a nossa vida escolar. A disciplina era algo
fundamental para a participação no futebol de salão de Coaraci.
Hoje, é diferente. O mundo mudou muito e deixei de ir ao futebol. Não
vejo amadorismo hoje; não vejo amor pelo time. Vejo interesse financeiro
não só dos jogadores, como também dos dirigentes, inclusive, não tenho
nada contra o intermunicipal.
Fui vereador por três mandatos, participei, fiz uma campanha,
investiguei e descobri que a prefeitura gasta demais com jogadores de fora.
Traz os jogadores e os daqui ficam sempre em segundo plano e muitos daqui
jogam igual ou melhor. É feito um campeonato de bairros e não aproveitam
os jogadores que se destacam para que possam jogar pela seleção de
Coaraci. Garanto que esses jogadores não custam caro, e vão jogar com
mais amor.
O que nós precisamos é de mais amor e menos dinheiro, porque
quando termina o intermunicipal em Coaraci não aprendemos nada, nem
fica nenhum lucro. É uma conta que só faz retirar, não se deposita nada. A
prefeitura gasta muito com o intermunicipal e não vejo retorno. Se a metade
desse dinheiro fosse gasto apenas com o campeonato da cidade seria outro
campeonato. Sou favorável a um campeonato municipal como tinha
tempos atrás, tendo o interbairros como intermediário. Não custa caro. Os
gastos excessivos em 2001 foi mais ou menos doze mil reais; em 2009, foram
cinquenta mil reais por mês. É um absurdo! Não é absurdo desde que tenha
retorno, mas não vejo nenhum retorno.
O estádio de Coaraci, construído na gestão do prefeito Antonio Lima,
não tinha iluminação, então esses cinquenta mil reais dariam muito bem
para a colocação de refletores no estádio. O estádio está aí jogado. Após a
saída de Antonio Lima da prefeitura, um prefeito colocou as torres, porém
colocou torres de ferro, sem proteção, sem manutenção e se acabou. Hoje,
não pode praticar futebol à noite, pois o estádio não possui iluminação. No
entanto, deveria pegar o dinheiro que é dado a atletas que vêm de fora
26
que não fazem nada a não ser tomar cachaça, cerveja e fazer farras, o
correto é refazer a iluminação do estádio.
Enfim, todos os títulos que ganhei foram importantes, porém o mais
marcante foi o primeiro, porque o Santos tinha uma equipe fantástica,
ganhava tudo. Então “Seu” João Cardoso fundou o Botafogo. No primeiro
ano, a menor goleada que tomamos foi de cinco a zero. No segundo ano,
arrebatamos o título do Santos. Fiz dois gols, que foram os gols da vitória.
Esses campeonatos eram realizados no espaço da Igreja Católica, “Clube
dos Bancários”, onde hoje é chamado de Centro Comunitário Santa
Bernadete. Era um clube e construíram uma quadra, e todo futebol de
salão, esportes em geral, também eram disputados no Clube dos Bancários.
Padre João ainda tentou reconstruí-lo.
Minhas considerações finais são para dizer que as regras mudaram
muito. É um absurdo o atleta chegar de frente para o goleiro e dar um
pontapé no pobre do goleiro. Eu acho que com as regras anteriores o futsal
era mais bonito e técnico. Hoje eu acho terrível para um atleta chegar
dentro da área e dar um bico na cara do goleiro.
Aproveito para deixar uma mensagem para os jovens de hoje para
que pratiquem esportes e estudem, porque só temos uma saída. O estudo e
o esporte, juntos, mudam a vida de qualquer pessoa, posso garantir, desde
que essa pessoa se determine a ser um atleta do futuro.
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Zefira Ramos Nery - ex-jogadora da seleção de Coaraci (handebol e futsal),
professora leiga de Educação Física.
Olha, estou com 49 anos de idade e desde pequena
meu jeito era esse de menino, até as minhas brincadeiras
eram voltadas para brincadeiras de menino. Joguei bola
por toda vida. O esporte está no meu sangue; amo o
esporte. Já participei de muitas competições, muitas
atividades; agora atuo como professora leiga de
Educação Física, e estou indo bem nessa área, pois gosto
do que faço. Estou muito contente com o meu trabalho. A coordenação e
demais professores também gostam do meu trabalho.
Eu já participei de várias modalidades: handebol, basquete, vôlei,
futebol de campo, futebol de salão. Não fui nenhuma craque, mas eu gosto
do esporte. Dentre as modalidades esportivas que pratiquei a que não me
identifiquei foi com o vôlei. Gostei muito do basquete e era treinada por
Valdir Amorim que não era nenhum profissional da área, mas tinha muita
responsabilidade. Ele sabia passar as regras do basquete. Jogávamos com
outras equipes, não por muito tempo, pois o apoio não havia e as meninas
precisavam trabalhar. Infelizmente o basquete não foi à frente.
Não tenho conhecimento de jogadoras reconhecidas no basquete de
Coaraci, mas havia jogadores de destaque dos quais me lembro muito bem
do filho de Valdir Amorim, o Mateus, que na época era uma criança, mas eu
o admirava muito quando brincava com os outros meninos e com o Rui que
era o destaque da seleção de basquete de Coaraci. Algumas vezes eu falei
para o Mateus, mesmo em tom de brincadeira: ‘olha aí o futuro do basquete
de nossa cidade’. Infelizmente caiu no esquecimento por falta de apoio. O
irmão de Valdir Amorim, o Dicinho Amorim, Rui Nascimento eram os outros
destaques. Rui fazia cesta de três pontos do meio da quadra. Ele gostava de
arremessar e fazia valer.
Rosângela foi uma dos destaques do basquete feminino. Quando
saíamos para jogar, o pessoal ficava de olho nela e chegava a dizer que se
ela fosse mais nova (tinha 18 anos de idade) poderia fazer parte da seleção
baiana. Ela era conhecida como Rô, e mora em Itabuna atualmente.
No vôlei não me lembro de meninas que se destacaram a não ser
Jamile que levava muito a sério. Ela jogava handebol e gostava de voleibol.
Atualmente mora em Itabuna.
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No handebol eu era armadora, mas quem se destacava mais era
Carina e no gol era Antonia “Tonhão”, que foi umas das goleiras mais
cotadas da época. Ela jogava com raça, colocava o time para frente. Ela
não tinha medo e levantava a equipe. Tonhão fazia cada lançamento para
Carina e para quem estivesse posicionada!
O handebol masculino não se destacou muito. Falávamos que só o
handebol feminino que era campeão, então eles começaram a se esforçar.
Treinávamos juntos, e o feminino era mais rápido. Eles tinham potência para
subir na defesa, pois eram mais altos. Quando eles iam jogar com outra
equipe levavam desvantagem. Com o passar do tempo, perceberam que
não dava certo esse tipo de treinamento e resolveram treinar entre si. Eles
começaram a “brigar” pelo horário deles no ginásio de esportes enquanto
que nós também brigávamos pelo nosso horário. Começaram a melhorar e
participaram de jogos mais importantes, chegavam sempre em segundo
lugar, nunca foram campeões. Em quadra, eles se doavam, queriam chegar
ao objetivo.
Afastei-me do handebol há muito tempo, inclusive teve um
campeonato de handebol masculino e feminino e não o acompanhei. Isso
porque a gente chega a certa idade em que as coisas são levadas mais a
sério. Resolvi a seguir o ditado que diz: “os incomodados que se mudem”. O
treinador não estava mais treinando a equipe e não havia mais respeito
para com os atletas, algumas atletas não respeitavam o treinador. Cheguei
a discutir com o próprio treinador. Eu me senti incomodada e saí.
Eu gosto muito de futebol de salão, e tenho três troféus lindos e
maravilhosos que enfeitam a sala da minha casa. Nunca fui de fazer gols,
pois jogava sempre como fixa, mas sempre procurei ajudar a minha equipe.
Tenho preparo físico muito bom, graças a Deus, eu me cuido e sempre
procuro me cuidar. Em todos os campeonatos que foram feitos, minha
equipe foi campeã, inclusive até o campeonato regional de futsal feminino
que Jorge Rocha fez. Tenho muitas lembranças de tudo isso. Fui campeã
também pela Liga de Futsal, com Edson Galo, jogando pelo Verona. Vale
lembrar, que qualquer time que eu fizer terá o nome de Verona. Por que
Verona? Porque desde o início que a gente jogava handebol, lembro-me
que Jorge Moral dizia assim: “vamos escolher um nome para o nosso time?”
Na época, viajamos a Itajuípe para um jogo de handebol e lá nós
ganhamos, foi quando Jorge Moral disse: “vamos escolher um nome para o
nosso time, mas não pode ser nome de time brasileiro”. Ele, então, escreveu
vários nomes e sei que ficou o nome VERONA (time italiano na época). O
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Verona nos deu muitas alegrias, além do mais, nós jogávamos com alegria e
ganhávamos sempre.
Atualmente, faço parte da Igreja Atletas de Cristo e também faço parte
da equipe da Escolinha Nova Geração de Aloísio Nunes. É uma equipe que
treina diariamente. O treinamento é bem estruturado e é o futuro de Coaraci
no futebol feminino. Ele está se empenhando com responsabilidade e
respeito às atletas.
Não tenho mais idade para disputar títulos, mas dou minha
colaboração na medida do possível. Também prevalece que devemos
sempre que possível praticar esportes, pois o esporte é bom para a saúde.
Nesse sentido, estarei disputando mais um campeonato de futsal em 2011.
No que diz respeito ao futebol de campo feminino, acho difícil falar, pois
o futebol de campo exige mais quantidade, não falo nem qualidade, mas
quantidade. O time de futebol feminino que tem futuro aqui é o time do
distrito de São Roque, se for bem treinado e bem preparado será o futuro do
futebol feminino de Coaraci, precisando apenas de mais atenção e mais
cuidado.
No futebol de campo feminino, chegamos a ser campeões em 1987, na
Copa do Cacau, em Ibicaraí. Nego Dui foi quem colocou a equipe no auge
do futebol feminino e trouxe meninas de fora. O futebol feminino naquela
época era igual à seleção de futebol masculino de nossa cidade que traz
jogadores de outras cidades causando grande euforia. Dui investiu muito na
equipe. Durante a Copa Regional, viajávamos muito em ônibus confortáveis.
Antes dessa época, eu estava com 18 anos e participei do Campeonato
Baiano. O nosso time foi jogar em Salvador, Feira de Santana. Lembro-me de
Maria Helena Nova. Ela era uma das melhores jogadoras do campeonato
da Bahia. Foi um campeonato muito bom e muito importante para nós e
para a nossa cidade. O prefeito na época (1987) era Joaquim Torquato.
O esporte feminino já deu muitas alegrias à população de Coaraci,
pena que não foi muito reconhecido. Tivemos muitas jogadoras que se
destacaram no futebol de campo de Coaraci. Cosmira era minha prima e
muitos perguntam por ela. Na época, eu e ela éramos as melhores
jogadoras daqui de Coaraci. Eu era camisa 9 e Cosmira vestia a camisa 10.
Cosmira jogou no time das Panteras da cidade de Ipiaú. Ela foi convidada
para muitos campeonatos fora de Coaraci. Participamos do campeonato
baiano e tivemos que trazer jogadoras de outras cidades, como as atletas:
Rita Bunda Preta (já falecida); Déu, de Itabuna; Rita Lomanto, Bete, Taioba,
30
Meire; Arlândia “Bigu”; Joane; Ana Rúbia; Margarete; Terezinha Sales, entre
outras.
Enfim, é muito bom relembrarmos os acontecimentos esportivos de
Coaraci. Lamentavelmente, muitos dos atletas da época não tiveram apoio
para que pudessem dar sequência a carreira esportiva. Não temos ainda a
liberdade de mostrar lá fora as atletas do município. Algo positivo já está
acontecendo, temos escolinhas aqui que já trabalham com futebol feminino
com crianças meninas de nove a treze anos. Isso é muito bom. Essas meninas
estão se preparando para, futuramente, serem jovens mulheres de respeito
ao próximo, para que não entrem em farras, bebedeiras, caminho das
drogas e que não possam entrar no mundo da prostituição. Aloísio me disse
uma vez que seu time feminino, que ainda são crianças, ainda não está
preparado para mostrar seu trabalho lá fora, pois tem medo que elas entrem
no meio da malandragem.
31
Augusto César “Guto”. Jogador da Seleção de Coaraci - ex-jogador do
Corinthians, professor de Educação Física.
Sou professor de Educação Física, portanto sou
colega de Jorge Rocha. A minha trajetória futebolística
foi uma coisa brilhante em minha vida, pois eu tinha
apenas nove anos de idade quando iniciei no esporte.
Eu não era aceito nem incluso na comunidade porque
não era atleta. Faltava perfeição no passe e um bom
posicionamento em campo, além da técnica que não
era apurada. Isso tudo me prejudicou no início da
carreira, mas a vontade de ser um jogador de futebol
era muito maior. Enfrentei muitas barreiras com
determinação para poder depois subir ao pódio maior
que eu consegui e ainda pretendo continuar na busca
dos meus objetivos.
Comecei em 1994, quando na oportunidade fui vice-campeão baiano
de futsal jogando pela seleção de Coaraci contra a equipe do Fluminense
de Feira. Em 1996, fui campeão da Copa Catarinense pelo São Bento de
Sorocaba. Jogando pelo Corínthians Paulista fui vice-campeão paulista da
categoria juvenil, na oportunidade o Palmeiras foi o campeão. Joguei pelo
Tupi de Minas Gerais, depois pelo Confiança de Sergipe. Cheguei às
seleções do Intermunicipal. A primeira seleção que joguei foi a de Almadina,
em 1998. Eu pagava a minha passagem para poder jogar, para ter um
mérito no intermunicipal, para ser reconhecido e muito mais. Em 1999, tive
uma passagem pela seleção de Itajuípe e chegamos às semifinais contra o
Cachoeira. Atuei pela seleção de Uruçuca em 2000, onde fui vice-
campeão do Intermunicipal. Em 2001, assim que saí de Uruçuca fui
campeão pela seleção de Coaraci. Em 2002, fui campeão da Copa Bahia,
pelo Flamengo de Itajuípe. Em 2003 e 2004, fui campeão da Copa Bahia,
pelo Senzala de Camamu. Fui campeão 26 vezes dos 39 campeonatos
municipais que disputei: cinco títulos em Itajuípe, quatro em Santo Antonio
de Jesus, três em Ubaitaba, dois em Ituberá, três em Valença, dois em Prado,
três em Alcobaça, três em São Miguel da Mata, um em Mutuípe. Enfim, em
toda a região cacaueira conquistei títulos.
Graças a Deus, a minha persistência foi grande, e hoje os empresários
de jogadores ficam me procurando para que eu exporte jogadores da
minha cidade. Tenho feito isso nas cidades aonde vou. Assim, posso levar
bastantes jogadores para representar o nome da nossa cidade sempre mais
alto no cenário futebolístico. Espero que outros atletas possam fazer o
32
mesmo para que os jogadores de Coaraci estejam atuando na região
cacaueira e até no cenário baiano.
Há um fato curioso na minha trajetória: antes de ser jogador de linha, eu
fui goleiro. Ninguém queria me colocar para jogar de tão ruim que eu era,
então comprei uma bola e fui jogar na quadra. Chegando lá, os meninos
não me deixaram jogar, porque eu era muito ruim para o passe, drible ou
para fazer gol. Os colegas me deixaram de fora, mesmo com a minha bola
em quadra. Quando eu ia entrar na segunda dupla, eles ainda me
colocavam no gol, porque não me queria na linha. Então comecei a tomar
muitos gols. Às vezes a bola batia e não entrava.
Participei da Escolinha Nova Geração, como goleiro, mas aos 13 anos
fui fazer um teste para o Corínthians. Aprendi muito fundamento, técnica e
tática. A partir daí comecei a crescer no futebol para hoje realizar este
sonho de ter vários títulos.
No caminho do título de campeão do Intermunicipal de 2001, surgiram
os problemas financeiros. A folha dos outros times chegava a trinta ou
quarenta mil reais, enquanto que a nossa era de cinco mil e oitocentos reais.
A diretoria tinha que pagar a 25 jogadores, treinadores e comissão técnica.
Isso não foi fácil, e prejudicou muito no acesso as partidas. Por exemplo,
havia jogadores experientes que recebiam mais e às vezes até “por debaixo
do pano”. Isso prejudicou toda aquela garotada que tinha grande vontade
de crescer. Eu sempre achei que devia se repartir o “bicho” de igual para
igual. Desse modo, roupeiro, massagista, treinador e jogadores todos
ganhavam. A caminhada foi árdua, mas conseguimos o título do
Intermunicipal. Valeu a pena, porque hoje Coaraci tem um título de
Campeão do Intermunicipal.
No início do campeonato foi muito difícil para classificar na primeira
fase, pois Coaraci precisava ganhar de Ipiaú aqui dentro de casa, enquanto
que Ibirataia estava com 13 pontos, Ipiaú com 12 e nós com apenas 9
pontos. Naquele jogo, Deus me abençoou e fiz o gol de Coaraci, de
cabeça, classificando a equipe para a segunda fase. O empate tiraria
Coaraci. No jogo seguinte, ganhamos de Santo Amaro que estava no auge,
dentro de seus domínios. O jogo foi três a um e decidimos o título em casa,
vencendo por um a zero.
O título mais importante em minha vida foi justamente o intermunicipal
de 2001. Esse vai ficar marcado, porque foi o que eu mais queria: ser
campeão pela minha cidade. É um amor muito grande que eu tenho pela
minha cidade, pela camisa que vesti durante 10 anos. Deus me presenteou
33
em 2001 com o título de campeão do Intermunicipal. Essa marca registrada
ninguém tira. Tem até placa no estádio Barbosão. Isso ficará para sempre de
geração em geração. Foi um feito muito grande em minha vida.
Graças a Deus foi uma carreira brilhante que fiz, e hoje, sendo
educador físico posso passar o melhor para os meus alunos.
Espero que a garotada do futebol de escolinhas nunca queira se
envolver com as drogas. Desejo que novas escolinhas sejam abertas, porém
para pessoas dos 17 aos 23 anos para que possibilite mais oportunidades a
esses jovens, pois quando chegam aos 17 anos já não podem mais participar
da escolinha na qual faziam parte. Por isso, faz-se necessário a criação da
categoria de juniores, para que esses jovens não fiquem com o tempo
ocioso, não procurem o mundo das drogas e que possam ser novos
cidadãos de bem. Coaraci possui bons jogadores e isso ficou provado num
amistoso profissional contra a equipe do Itabuna, em 2011. O time de
Coaraci empatou em três a três, com ótimo futebol. Aqui em Coaraci há
muitos valores, tendo oportunidades o sucesso virá.
Enfim, espero que você, Jorge Rocha, finalize esse trabalho acadêmico
com muito êxito. Desejo boa sorte e felicidades.
34
Aderbal Santos Mendes, o popular Careca – Organizador das Maratonas em
Coaraci
A maratona que ocorre aqui em Coaraci foi idealizada através do
grêmio estudantil. Surgiu então assim: pela manhã era realizado um torneio
de futebol sempre no mês de junho na quadra do Colégio CEC – Centro
Educacional de Coaraci - porém pela tarde, como não havia nenhuma
atividade, organizei uma maratona mesmo com muita dificuldade para
conseguir recurso para premiação. A primeira maratona ocorreu em 1998,
participaram cerca de 700 alunos, e todos receberam medalhas e brindes
além de premiações aos quatro primeiros colocados. O vencedor foi
Arnaldo “Cabaço”, aluno do noturno e morador do bairro Alto do Hospital. O
segundo colocado foi o aluno Nego Liu. Na categoria feminina a vencedora
foi Eliene, “Lica”, residente no bairro Jardim Cajueiro.
A maior dificuldade era conseguir premiação para os atletas, pois o
Grêmio Estudantil não tinha recursos financeiros, porém sempre conseguimos
ajuda do comércio local, e na primeira maratona todas as 700 medalhas
foram doadas por Nino Torquato; os troféus e brindes foram doados pelo
comércio local e pessoas da comunidade.
No ano de 1999, a maratona passou a ser chamada “Maratona da
Independência”, já que passou a ser realizada no dia 07 de Setembro, data
da Independência do Brasil. A corrida teve início às 10 horas da manhã com
a participação de 800 atletas, com premiação para todos. Novamente,
Arnaldo “Cabaço” chegou em primeiro lugar, porém após realizar um
grande esforço físico para alcançar a vitória, ele quase desmaiou sendo
atendido pelo Dr. Farias, médico bem conhecido em nosso município, que
estava participando voluntariamente da maratona. Na categoria feminina,
novamente venceu Eleine, “Lica”.
35
Em 2000, infelizmente não realizamos a maratona por falta de recursos
devido a crise econômica que nosso país enfrentava e nossa região sofreu
muito com a queda no preço do cacau, o que levou a um enfraquecimento
do comércio e de pequenos empresários.
No ano de 2001, o Colégio CEC passou a ensinar apenas alunos até a 8ª
série do Ensino Fundamental, então os alunos que iriam cursar o Ensino Médio
tiveram que migrar par o Educandário Pestalozzi. Com esse novo quadro no
ensino de Coaraci, para que a maratona não acabasse, passamos a fazê-la
em âmbito municipal e mudamos a data para o dia 12 de dezembro, data
do aniversário de Coaraci. A largada foi realizada no bairro da Feirinha, já
que naquele momento eu fui eleito presidente do Grêmio Estudantil do CEC
e presidente do Bairro com uma votação expressiva de 599 votos contra 99
votos do candidato adversário. Nesse ano, a maratona teve um novo
ganhador: Renny, morador do Alto do Hospital e jogador da equipe da
Barragem. Ele competiu com maratonistas profissionais de Vitória da
Conquista, Feira de Santana, Itabuna e Itajuípe. A premiação foi R$ 500,00,
troféus e medalhas.
No ano de 2002, infelizmente o nosso amigo Wendell da Costa Silva
faleceu. Ele fazia parte do Grêmio Estudantil Dr. Juvêncio Pery Lima do
Colégio CEC e sempre participava das maratonas como atleta. Em sua
homenagem, os troféus foram confeccionados com o nome de Wendell e
doados pelo sargento Luciano, hoje, ex-vereador em Coaraci. O primeiro
lugar foi conquistado novamente por Renny, que ganhou uma bicicleta,
troféu e medalhas. A partir desse ano, todas as maratonas teriam como
prêmio uma bicicleta. O primeiro lugar na categoria feminina foi
conquistado novamente por Lica.
Em 2003, não houve maratona, pois não foi possível organizar uma
equipe para coordená-la, já que cada vez mais aumentava a quantidade
de atletas e era necessário um grande grupo para ajudar.
Em 2004, realizamos a maratona tendo como ganhador novamente
Renny, que levou uma bicicleta, troféus e medalhas, e na categoria feminina
a vencedora foi novamente Lica.
No ano de 2005, a largada foi na Praça Pedro Procópio, pela manhã, e
mais uma vez em primeiro lugar no masculino foi Renny. Foi a sua última
participação, pois por motivos de saúde teve que se afastar da maratona.
Em 2006, o troféu teve o nome Renyson Duarte em homenagem ao
grande atleta Renny, que conseguira ganhar três vezes consecutivas. O
36
ganhador dessa maratona foi um jovem simples do bairro Jardim Cajueiro,
que por motivos financeiros quase desistiu de participar da maratona. Foi um
amigo que o inscreveu doando um quilo de alimento no dia 12 pela manhã.
Ao se apresentar no horário da largada, o jovem estava calçado com um
sapato social. Perguntei se ele iria se vestir adequadamente para a corrida,
ele disse que sim, porém iniciou a corrida com os mesmos trajes simples. Logo
na largada, ele deu um tiro de 500 metros de distância, deixando outros
atletas para trás, conseguindo administrar essa distância e ganhar a
maratona. A premiação foi uma bicicleta, troféus, medalhas e brindes. Na
categoria feminina, Lica chegou em primeiro lugar e ganhou também
bicicleta, troféus, medalhas e brindes. A maratona foi realizada com apoio
da prefeitura e comércio local.
Os alimentos que arrecadávamos nas competições eram doados a
pessoas carentes de nossa comunidade, pois a maratona não tem fins
lucrativos. Em 2006, o alimento arrecadado foi doado a Rádio 104,9 FM que
estava com a campanha “Natal sem fome”, o qual visava doar alimentos
para outras entidades e pessoas carentes.
Saber que crianças, jovens e adultos participam da maratona é muito
gratificante. O esporte é essencial em nossa vida, e incentivar a prática do
mesmo é de grande importância. Todos os anos, cresce o número de
pessoas que participam, e hoje, como a maratona é livre, vêm atletas de
todas as regiões do Brasil, de amadores a profissionais. Outro ponto que me
deixa muito feliz é poder realizar um evento grande como esse, e ainda
poder ajudar pessoas carentes de nossa comunidade, através da doação
de alimentos.
Para conseguirmos recursos para realizar a maratona sempre
procuramos o comércio local. Não pedíamos patrocínio em dinheiro, mas
doação de materiais que pudessem servir como brindes. A maratona não
tem fins lucrativos nem possui vínculos políticos, apenas a realizamos todos
esses anos porque acreditamos que o esporte é importante para a grandeza
do ser humano e fortalecimento do atletismo em nosso município.
Gostaria de pedir à comunidade de Coaraci uma atenção maior à
prática de esportes, pois é uma atividade importantíssima para a nossa
saúde e só traz benefícios. Hoje, nossa equipe é formada por quatro pessoas.
Aderbal “Careca”, (fundador e coordenador da maratona) Gildson Ferreira
“Tata”, Rafael “Rafa” e Marcos Antônio “Esquerdinha” (organizadores). Para
realizarmos a maratona em âmbito municipal precisamos de um grupo
maior. Portanto, se você tem tempo disponível e quer ajudar de alguma
maneira, nos procure para maiores detalhes. Nossos agradecimentos são
37
para todos que ajudaram de alguma forma a maratona. Pessoas da
comunidade, comércio local, vereadores e amigos. Gostaríamos de
agradecer a todos os prefeitos que durante esses nove anos sempre
colaboraram de maneira essencial para o nosso sucesso. Agradecemos ao
ex-prefeito Gima por todo apoio que deu ao nosso trabalho e mostrando
que a prefeitura sempre esteve de portas abertas para nos atender como
sempre nos tem atendido.
Enfim, deixamos nossos sinceros agradecimentos a toda equipe do Alvo
da Mídia por ter cedido esse espaço e retratado de maneira realista todos
esses anos da maratona em Coaraci, assim como Jorge Rocha, na sua
pesquisa sobre a Educação Física e o esporte de Coaraci.
38
COARACI: O CHUTE INICIAL por Dagno Cavalcante
Menino magrelo, feio de rosto e nariz aquilino. Pas-
sei no exame de admissão ao ginásio em terceiro lugar
tendo a sua frente o Emerson Soares e Catulo dos Reis
Moreira. Tive contato com a educação física através
do tenente Antonio Oliveira Leite e comecei a sonhar
em ser professor de educação física. Ruim de bola! Coi-
tado! sempre estava sendo driblado pelos meus colegas
que já faziam parte do ESTUDANTE ATLETICO CLUBE, time
do ginásio de Coaraci (hoje Colégio Municipal). Tomei
muita bolada no rosto quando resolvi ser goleiro imitan-
do meu irmão Rubem Cavalcante o famoso goleiro SA-
RACURA. Nada me fez desistir. Aos 15 anos fundei a Liga
de futebol Infanto-Juvenil e, junto ao Tidão (Reginaldo) e Alvinho (Álvaro) diri-
gimos o destino da meninada por algum tempo sendo às vezes ajudados por
Miscenas um baixinho bigodudo que era funcionário da Cerâmica Rio Alma-
da. Os meninos agora se tornaram adolescentes e fomos mudando de en-
dereço e atividades, mas continuei meu sonho: “SER PROFESSOR DE EDUCA-
ÇÃO FISICA”. Em 1967 estava no curso de magistério e já tinha uma equipe
de futsal infanto-juvenil que disputava torneios na quadra do clube dos ban-
cários, o BLUE STAR SPORT CLUB. Convocamos alguns times de futebol e saía-
mos fazendo amistosos contra Almadina, Itapitanga, Itajuípe, Uruçuca e Ine-
ma, sempre conduzidos no jipão de um funcionário dos Correios. Viagens
cheias de brincadeiras e gozações.
Em 1969 se aproximava o grande momento de ver meu sonho se realizar:
SER PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA. Em 12 de dezembro daquele ano, o-
rador oficial da turma de formandos (29 mulheres e só eu de homem) em
meu discurso, eu disse que estava disposto a tornar realidade o meu sonho
de menino, EDUCAR OS MENINOS COARACIENSES não só pela letra mas tam-
bém pelo esporte. Em março de 1970 cumpri minha palavra! Iniciei minha
carreira de educador através do esporte e das atividades físicas, ministrando
aulas no antigo Colegio de Coaraci e Educandario Pestalozi.
Finalizando, fiz primeiro e segundo graus no Colégio municipal de Coaraci
cursei o nível superior no Seminário Brasileiro de Teologia em Ituiutaba-MG
funcionário público estadual da Bahia por 36 anos com cursos de aperfeiço-
amento em educação física e esportes por varias entidades. Participei de
congressos internacionais de educação física. E atualmente sou coordena-
dor de esportes no Estado de São Paulo na organização EMBAIXADORES DO
REI das Igrejas batistas. Passou sua vida se dedicando ao trabalho nos espor-
tes e hoje aposentado agradecendo a Deus por ter dado minha pequena
contribuição ao esporte coaraciense.
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O futebol em Coaraci, quando na verdade não existia
estádio..
Por Ronaldo Meira “Martinha”
Em se tratando de craques, entre o passado e o
futuro, eu fico com o passado. Todos jogavam com
amor, todos suavam as camisas; todos davam tudo de
si e nos proporcionavam grandes espetáculos. Era o
futebol uma grande atração entre os jovens. Posso
afirmar que também tive a minha chance. Joguei em
um dos melhores times clubes da minha cidade: O
COARACI, o qual promovia jovens, dando assim
oportunidade a todos os que tinham talento e
habilidades.
Eram tardes maravilhosas, um público presente e a animação era
total. Todos se divertiam. Todos vibravam, agitavam suas bandeiras e o
espetáculo era vibrante.
Alguns times se destacavam. Por exemplo, o Coaraci, o Corinthians, o
Estudantes, a Ferroviária, etc. Mas, outros clubes de porte médio, apenas
serviam para que os grandes fizessem artilheiros e somassem pontos e um
alto saldo de gols. Por exemplo, o Bahia, o Palmeirinha, a Lagoa e outros
pequenos, faziam a galera vibrarem, pularem e se acabarem em
gargalhadas, pelas jogadas erradas, o número de gols que sofriam e assim
por diante.
Não podemos negar, que muitos craques pisaram naquele gramado,
craques de nomes em que chegaram a ser destaque. Alguns até se
tornaram profissionais e muitos deles poderiam jogar em outros clubes
também de nomes importantes. Tínhamos Craques, não tínhamos estádio!
Lembrando também que no futebol de salão (FUSTAL), o COARACI
também foi destaque e mostrou a sua força não só em Coaraci, mas sim
para todo o estado da Bahia. Era o famoso futebol arte. Craques, craques e
mais craques. Um celeiro invejável com muito orgulho e dinamismo.
E quem não se lembra de um grande perna de pau de prenome Zeca,
a grande atração da tarde de Domingo? Zeca conseguiu uma grande
façanha, conseguiu fazer uma jogada de craque diante do melhor zagueiro
do time de Coaraci. Portanto na hora de fazer o gol, Zeca é quem se tornou
a bola e foi parar no fundo do gol. Foi chutar a bola e tropeçou num
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montinho de areia na pequena área. Coitado do Zeca, toda a galera
vibrou, toda a galera gritou: Zeca, Zeca, Zeca, o grande perna de pau!!!!
Resultado desse jogo: seu time perdeu por 14 x 1.
Tudo era festa! Tudo era alegria! Tudo era euforia.
Entre o futebol de hoje e o futebol de ontem, eu ficaria com o ontem.
Se preciso fosse, com toda minha juventude, eu voltaria ao passado. É uma
pena que a juventude não é como a primavera, que sempre vai e volta... A
juventude não volta mais.
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JORGE ANTONIO ROCHA – Desportista em Coaraci há 32 anos – Graduando
em Educação Física na UESC – Professor do Ensino Fundamental
Meu nome é Jorge Antonio
Rocha, sou do esporte de
nascimento. Comecei a jogar futebol
aos 11 anos de idade. Joguei até os
18 anos em escolinhas, citando aqui
a escolinha do Professor Ari do Bairro
da Feirinha e depois brincando as
chamadas “peladas”, inclusive até
hoje. Minha história no esporte em
Coaraci é longa. No meu primeiro
campeonato como jogador e presidente fui campeão pelo Guarani, num
campeonato de várzea da minha rua chamada de Ruinha de Zé Ramos,
hoje Final da Avenida Itapitanga. Ajudei a construir o campo ainda de
grama por volta de 1980. Participei de todos os eventos promovidos nesse
campo. Aos 12 anos de idade, eu já era presidente do time da minha rua.
Meus jogadores já eram casados e com experiência de vida nos esporte. Foi
uma época maravilhosa. Jogávamos em toda a região. Havia uma
rivalidade muito grande entre a nossa associação e o time da Fazenda de
Dr. Paulo, que tinha um campo muito bom, organizado a âmbito do campo
do estádio Barbosão (campo principal de Coaraci).
Em 1990, mudei para o Bairro da Feirinha, pois estava casado e
continuava engajado no esporte. Na oportunidade fui ajudar na
organização do futebol no Centro Social Urbano. Eu estava treinando a
escolinha do Fluminense de Coaraci, campeã do primeiro turno da cidade e
não teve o segundo turno, pois o presidente da Liga considerou que não
teria segundo turno, e, o nosso time foi o campeão moral em 1993. Fui
pioneiro na maioria dos campos da cidade, como: Maria Gabriela,
Barragem, Centro Social Urbano, Dr. Paulo, Campo de Lídio, Lagoa de
Sambaíba, Macacos, entre outros. Realizei inúmeros campeonatos e torneios
em categorias amadoras: futebol feminino, futsal feminino, futsal infantil,
infanto-juvenil, juvenil e adulto, além de futebol infantil, juvenil e juniores. Fui
presidente da Liga Coaraciense de Futsal nos anos de 2003 e 2004.
Disputamos a Copa de Futsal da TV Bahia, onde ficamos em segundo lugar
na etapa da região, perdemos a final para o futsal da cidade de Eunápolis.
No campeonato de Coaraci, fui campeão da segunda divisão de 1992,
pelo Fluminense, hoje, é um dos times de Coaraci que possui a melhor
estrutura organizacional, todo regularizado até para a disputa profissional,
42
caso venha a ser. Fui também o primeiro dirigente a colocar o bairro da
Feirinha no cenário de Coaraci, o qual é respeitado em todos os
campeonatos que disputa.
Comecei em 1997 como dirigente no bairro, e no campeonato desse
ano fomos até as quartas de finais. Em 1998, não classificamos a equipe, mas
em 1999 fomos até a semifinal do campeonato. Fatos curiosos nesse ano foi
que pegamos o time do São Roque todo completo na primeira fase e
ganhamos por 2 x 0. Na fase seguinte, colocamos essa equipe como biônico
e “cutucamos a onça com vara curta”. Antes do jogo, os atletas do meu
time já estavam dividindo a premiação do campeonato, convictos que
estariam na final, mas Deus sabe de tudo. Tomamos um gol da equipe do
São Roque aos 7 minutos do primeiro tempo e não conseguimos empatar,
pois jogávamos pelo empate. Foi um “Deus nos acuda”. Não conseguimos
chegar à final. Em 2000 e 2001, fizemos um campeonato abaixo da média.
Em 2002, ficamos também na semifinal do campeonato. Em 2003, saí do time
do Bairro da Feirinha e fui para o Bairro Maria Gabriela, fazendo a estréia
como técnico de futebol amador. Fui vice-campeão, pois perdemos a
decisão nos pênaltis. Em 2004, saí do bairro Maria Gabriela e fui para o bairro
Joia do Almada. Fomos até a final e perdemos a final do certame, sendo
novamente vice-campeão. Em 2005, fui para a equipe da Barragem, onde
fiquei em terceiro lugar no campeonato. Em 2006, fiquei afastado do futebol
por motivos particulares. Em 2007 e 2008, retornei a equipe de origem e fui
campeão como Dirigente no primeiro ano e treinador no segundo ano. Em
2009, afastei-me de novo do futebol. Em 2010, fui para a equipe do centro
da cidade “Centro 1”. Levei a equipe para a final do campeonato municipal
e por ironia do destino fui vice para a minha equipe de origem: Bairro da
Feirinha.
O destino nos proporciona esses momentos. Em 2011, atuei também
como treinador, dessa vez, pela equipe do bairro Joia do Almada, equipe
pela qual já fui vice-campeão, em 2004. Estou muito feliz pelo trabalho que
faço, pois sei que contribuí e contribuo para o engrandecimento do esporte
em minha cidade.
Nos anexos de fotos, estão expostos alguns eventos realizados sobre
minha participação efetiva. Teria muito mais a detalhar aqui, mas o farei em
outro momento.
Finalizando, quero salientar que tenho dois sonhos e gostaria muito de
vê-los realizados: comandar o esporte em geral da minha cidade e ser
treinador profissional de futebol. Esses objetivos são tirados da minha mais
43
pura convicção, pois entendo que o sol nasce para todos, e luto todos esses
anos para alcançar esses objetivos.
44
DOS GRANDES PELADAS AO INTERBAIRROS
LIVERPOOL DE COARACI – TIME QUE O PROF. GILSON MOREIRA TAMBÉM ATUOU – Este
Local é a quadra do antigo Clube dos Bancários – hoje Centro Comunitário.
Quando falamos em campeonatos realizados em Coaraci, lembramo-
nos dos certames amadores. Tivemos durante muito tempo, grandes eventos
realizados no Estádio Barbosão. Antes da construção desse estádio, os
campeonatos eram realizados no Campo do Centro Social Urbano (Alto do
CEC). Eram campeonatos memoráveis e bem disputados; como não havia
alternativa futebolística, os amantes do futebol de nossa cidade do centro e
arredores se dirigiam ao Alto do CEC para prestigiarem esses eventos e não
se arrependiam. O sentimento era único: a paixão pelo futebol que o
coaraciense nunca abandona. Neste período de tempo, o espaço do palco
do futebol era preenchido por jogadores excelentes. No primeiro período
dessa história: China, Vando de Bino, Expedito, Derneval, entre outros. No
segundo período: Gildenei, Pato, Cafuringa, Nego Val, Biruta, Vada, entre
outros.
Antonio Lima de Oliveira foi o prefeito na época em que o “palco
sagrado” (nome dado ao campo de Coaraci durante muito tempo) foi
construído entre “troncos e barrancos” onde eram realizadas grandes
“peladas”.
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“Alfaiates, comerciantes, barbeiros, oleiros, carpinteiros, sapateiros e
empregados de armazém de cacau acharam que o nome campo de
futebol era muito pouco pelo que representou, promovendo-o então à
condição de Palco Sagrado do futebol”, ressalta Enock Dias de Cerqueira.
Chego a me emocionar quando leio sobre “jogadores de grandes
qualidades técnicas (...)” no livro COARACI: O Último Sopro.
Como citei anteriormente, este palco sagrado do futebol, na sua
primeira fase, presenciou a façanha de grandes jogadores, como: Copeu,
Deon de Cafundó, Antonio Circuito, Hilton Fortunato, entre outros. No
segundo momento do palco, após a desapropriação do terreno realizada
pela prefeitura, surgindo assim o Estádio Barbosão, destacaram-se: China,
Derneval, Ataliba, Toinho, Vando de Bino, Expedito, Gildener, Pato, Zequinha
Cacau, Toninho Cruz, Torão. Além desses, surgiram nomes de expressão
nacional como:
Serginho (ex-jogador da Arábia Saudita, Vasco, Corinthians Paulista,
Fluminense, Internacional-RS, Botafogo-RJ);
Marcelo Santos (Flamengo-RJ);
Pimentinha (Portuguesa-SP), entre outros.
Bebeto Campos (Bahia, Vitória, Sport) entre outros.
Não podemos deixar de citar o grande jogador de Itapitanga, Edel-
van, que brilhou no Intermunicipal por volta da década de 1980, pela Sele-
ção de Coaraci, passando a ser reconhecido pelo seu excelente futebol,
sendo contratado pelo futebol profissional do Santos-SP, Paisandu-PA, entre
outros clubes do cenário nacional;
Os campeonatos no Estádio Barbosão foram realizados da seguinte ma-
neira: até meados da década de 1990, um campeonato municipal com a
participação de equipes tradicionais da cidade, conforme já citadas; em
1991 e de 1997 até os dias atuais, foram realizados campeonatos entre bair-
ros da cidade. Estas competições de interbairros revelaram jogadores como
Mica (Colo-Colo de Ilhéus, Vitória da Conquista-Ba); Kincas (Porto de Portu-
gal); Lei de Itamotinga (Bahia, Vitória da Conquista, Itabuna), Bigulino(Colo-
Colo), Téa (Brusque-SC), entre outros jogadores.
Prosseguindo com a história do Interbairros, os repórteres Gilmar Melo,
Pablo Nascimento, Renato Cerqueira e Eu, realizamos e definimos a estatísti-
ca do Interbairros de 1991 até ao ano de 2011. Em 2012, teremos o certame
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e em futuras edições desses escritos contaremos a história do referido ano de
competição.
Abaixo, citamos entre outras coisas, dados fundamentais e efetivos de
todas as edições do Interbairros realizados no Estádio Barbosão. Ano a ano,
foram coletados e analisados os dados referidos com bastante precisão e
acerto.
1991- Foram realizados 51 jogos; 149 gols marcados com uma média
de 2,92 gols por partida. O artilheiro deste certame foi Torão, da equipe do
bairro Cemitério, com 8 gols. O campeão foi a equipe do Cemitério e o vice
foi o Centro1.
1992 a 1996 – Não houve campeonatos Interbairros e a lacuna do fute-
bol ficou sem preenchimento; foi uma tristeza para o Futebol de Coaraci.
1997 – Neste ano, foram 44 jogos, 120 gols foram marcados, com uma
média de 2,72 gols por partida. Os artilheiros da competição foram: Pato
(Centro II) e Jandaia (Barragem), ambos com 4 gols. O campeão foi o Cen-
tro I e o vice-campeão foi o time do bairro Centro II.
1998 – Em 1998, foram realizados 26 jogos; número de gols marcados:
66, com uma média de 2,53 por partida. O artilheiro da competição foi o a-
tleta Torão com 3 gols, da equipe do Cemitério. O Centro II foi o campeão e
o time do bairro Cemitério foi o vice-campeão.
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1999 – Neste período do campeonato de 1999, foram realizados 26 jo-
gos, com 3 gols marcados, numa média de 2,07 gols por partida. O artilheiro
foi o Lei de Itamotinga com 6 gols. Sagrou-se campeã a equipe do distrito de
São Roque sendo o time de Itamotinga o vice-campeão. Nesse campeona-
to aconteceu um fato curioso que define aquela frase do futebol: SE PUDER
ELIMINAR UM TIME MAIS FORTE, NÃO O DEIXE SOBREVIVER. Foi o que aconte-
ceu com a equipe da Feirinha que na segunda fase poderia eliminar a equi-
pe do São Roque, favorecendo um time mais inferior na época, e no entan-
to, o time da Feirinha venceu a equipe do bairro Maria Gabriela, fazendo
com que a equipe do Distrito de São Roque entrasse como biônico. Como
ironia do destino, o São Roque entrou PELA JANELA venceu a Feirinha na se-
mifinal sendo consequentemente o campeão naquele ano de 1999. Fatos
como este aconteceram e acontecem até hoje no futebol em todo o mun-
do.
2000 – Em 2000, foram realizados 25 jogos, com 55 gols marcados; uma
média de 2,2 gols por partida. Os artilheiros nesse ano foram: Toinho (Maria
Gabriela, Vero (Centro II) e novamente Torão do Cemitério com 4 gols cada
um. O campeão foi o time do distrito de Itamotinga e o vice Maria Gabriela.
2001 – Foram realizados 25 jogos, com 55 gols marcados, uma média
de 2,2 gols por jogo. O artilheiro do campeonato foi Lei de Itamotinga, com 4
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gols. Neste ano de 2001, novamente a equipe do distrito de Itamotinga foi a
grande campeã. Como fato importante foi que a Seleção de Coaraci sa-
grou-se campeã do Intermunicipal de Futebol, como contarei em outros mo-
mentos deste livro.
2002 – Foram realizados 25 jogos, com 60 gols marcados, perfazendo
uma média de 2,4 gols por partida e o artilheiro foi Popô do São Roque, com
5 gols. O campeão foi a equipe do São Roque e a Barragem foi a equipe vi-
ce-campeã.
2003 – Os jogos realizados foram 25 jogos, com 54 gols marcados, e u-
ma média de 2,16 gols por partida e novamente Popô do São Roque foi o
grande artilheiro com 4 gols. O Centro II, mesmo desacreditado e sem favori-
tismo, foi o grande campeão, vencendo, nos pênaltis, a equipe do bairro
Maria Gabriela,
2004 – A Barragem foi a grande campeã vencendo na final a equipe
do Bairro Joia do Almada. Foram realizados 25 jogos, com 64 gols marcados
e uma média de 2,56 gols por partida. O artilheiro foi o grande jogador do
São Roque, o artilheiro competente, Popô. Realizou um feito inédito: ser arti-
lheiro 3 anos seguidos: 2002, 2003 e 2004.
2005 – Fatos inéditos aconteceram no campeonato Interbairros nesse
ano. Entre estes fatos, a equipe da Feirinha tentou tantas vezes conquistar o
título e nesse ano de 2005, a equipe foi campeã invicta, vencendo todos os
jogos e ainda mais, sem tomar um gol sequer no campeonato. Este aconte-
cimento será lembrado em toda roda de conversa em que for citado o
campeonato do referido ano. Foram realizados 25 jogos, com 55 gols marca-
dos e uma média de 2,2 gols por partida. O artilheiro desse certame foi Wag-
ner “Nêgo” de Itamotinga, com 5 gols. O LDR foi o vice-campeão.
2006 – O Itamotinga foi campeão e o vice campeão foi a equipe do
Joia do Almada. Foram realizados 25 jogos, 58 gols e média de 2,32 por parti-
da; o artilheiro foi Alex do Joia do Almada, com 6 gols.
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2007 – Neste ano, a equipe da Feirinha novamente enfrentou a equipe
do LDR nos pênaltis e foi a grande campeã mais uma vez. Fato curioso é que
eu, Jorge Rocha, como dirigente da equipe da Feirinha de 1997 a 2002, havi-
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a saído para trabalhar como dirigente em outros bairros e retornei em 2007
para a equipe da Feirinha e fui campeão.
2008 – A Feirinha foi campeão invicto com 14 gols feitos e apenas 2
gols sofridos, com um saldo de 12 gols. A equipe do São Roque foi vice-
campeã. Foram realizados 25 jogos e 62 gols marcados com uma média de
2,48 gols por partida. Neste ano, a Feirinha aplicou uma goleada histórica de
6 x 0 numa equipe tradicional na semifinal, a equipe foi o Centro II. Na final,
venceu o São Roque por 3 x 0. Portanto duas goleadas históricas em times
tradicionais da cidade. Os artilheiros foram Kincas e Bel do Bairro da Feirinha,
ambos com 4 gols.
2009 – De tanto tentar e não conseguir, o Maria Gabriela foi o grande
campeão, mesmo a Barragem sendo a grande favorita para ganhar o cam-
peonato. Foram realizados 25 jogos com 74 gols marcados e uma média de
2,96 gols por jogo, o artilheiro desse certame foi o atleta Pepeta do Centro I,
com 6 gols.
2010 – O destino das pessoas é provado a todo o momento e nesse
campeonato não foi diferente, pois eu como dirigente da equipe da Feiri-
nha, havia saído em 2010 para ser dirigente técnico do Centro I, equipe do
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centro da cidade e os destinos da Feirinha e os destinos da Feirinha e de Jor-
ge Rocha se encontraram numa final inédita. O mentor que deu nome de
respeito à Feirinha desde 1997, ficava frente a frente na decisão pelo título
de campeão. E a Feirinha levou a melhor e foi a campeã. Em resumo desse
ano, ambos foram agraciados pelo destino. Como dirigente, a satisfação por
ver uma equipe que ajudei a elevar o nome no cenário futebolístico de Coa-
raci e a alegria de ver o meu filho jogar pela equipe do bairro campeão, do
outro lado da história. Foi gratificante também ver o presidente do Centro I,
Joelson Celestino, “Joca”, ficar feliz e satisfeito por chegar a uma final pela
primeira vez depois de tentar três anos seguidos fazendo sempre grandes
campanhas nesses períodos e sem participar pelo menos da festa da final.
Foram realizados 25 jogos, com 69 gols marcados, média de 2,76 gols por
partida. Os artilheiros foram Vinicius (Feirinha) e Play (Berimbau), com 5 gols
cada um. Foi o primeiro campeonato sem nenhum placar de 0 x 0.
2011 e 2012 – As edições do Interbairros de 2011 e 2012 serão contadas
na segunda edição deste livro.
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TIMES DE FUTEBOL DE CAMPO E SALÃO QUE FIZERAM HISTÓRIA
EM COARACI
Coaraci de Milton Cerqueira, 12 de Dezembro de Hélio Cotia “In Me-
morian”, Grêmio de Zeronel, Vitória de Edson Galo, Portuguesa de Paulo Rob-
son, Vasco e CB de Aerton Viana, Itamotinga de Nilão e Chico Bala, São Ro-
que de Nei Monstrinho e Marcos Encanador, Palmeiras de Manoel das Duas
Barras, Fuminense de Valdetinho, Corinthians de Hugo, Sport de Jorge Rocha,
além dos times tradicionais de épocas anteriores a essa, é o caso do Tupi-
nambá, Nacional, Estudante, Five Blue, Flamengo, Santos, Botafogo, entre
outros.
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VASCO DA GAMA EM COARACI
No ano de 1985, veio até
Coaraci para inaugurar os
refletores da iluminação do
estádio Antonio Barbosa
Teixeira (BARBOSÃO), a
equipe do Vasco da Gama-
RJ. Na oportunidade, o
prefeito Joaquim Torquato,
como era vascaíno fanático
e atuante, convidou o time
profissional e principal do
Vasco da Gama do Rio de
Janeiro para abrilhantar essa
festa. Estava surgindo um novo fenômeno do futebol mundial, o grande
artilheiro e principal figura na conquista do Tetra campeonato mundial do
Brasil em 1994, o baixinho Romário, que ao lado de Bebeto, Mauricinho,
Roberto Dinamite, entre outros, comandaram a festa e fizeram bonito em
campo. Na arquibancada, os flamenguistas torciam muito para que Coaraci
desbancasse o Vasco da Gama em campo e fizesse história diante do
grande time do Vasco da Gama, campeão carioca naquela época. O
placar do jogo não importou a grandiosidade do evento. O Vasco da Gama
venceu a Seleção de Coaraci pelo placar de 3 x 0, gols de Romário.
Foi um acontecimento único e grandioso, digno de noticiário e a rádio
globo veio transmitir o jogo comemorativo, na ocasião do aniversário da
cidade de Coaraci e a inauguração dos refletores exatamente no dia
12/12/1985. Por falar em refletores, hoje, estão jogados às traças e o futebol
noturno de nossa cidade está em falta. O mais interessante que nenhum
administrador após 2001, teve a ideia de reformar os refletores, ou seja,
arrumar as torres de iluminação. No início deste ano, por ocasião da
semifinal do campeonato de Veteranos de 2012, uma partida de futebol
entre o time de Macacos de Simão e a Barragem terminou após as 18 horas,
com o campo totalmente escuro, e da beira do gramado o nosso treinador
falou:
- Pessoal, seja o que Deus quiser, tá escuro mesmo! Não estamos
vendo nada! Nem bola, nem jogadores, ninguém! Completei dizendo:
- o absurdo é que existem refletores e torre de iluminação, mas
iluminação que é bom, nada!
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No jogo contra o Vasco da Gama podemos citar também jogadores de
Coaraci que se destacaram na oportunidade: Ataliba, Aloísio Nunes,
Mamigo, Toninho Cruz, Paulo Dormindo, Expedito, entre outros.
ALGUNS NOMES INTERESSANTES DE JOGADORES QUE FIZERAM
HISTÓRIA EM COARACI
No decorrer da história de Coaraci, desde sua fundação pelos idos de
1930 até os dias atuais, surgiram jogadores no Palco sagrado do futebol e em
alguns pequenos times, mas de relevante importância para
engrandecimento da história esportiva de nossa cidade. Esses jogadores,
além de fazer fama pelo futebol dinâmico e divertido, possuíam nomes que
apesar de serem nomes diferentes, encantavam a torcida e o desportista em
geral que iam prestigiar esses atletas. Eis alguns nomes que dificilmente serão
esquecidos: Antonio Circuito, Arataca, Arigó, Babão, Bagudé, Baião, Baleia,
Biruta, Boca de Pia, Boneco, Branco, Bueca, Bujão, Butijão, Caburé, Cacuri,
Cafuringa, Catulo, Copeu, Cuiuba, Cula, Escobar, Falcão, Ferro Véi, Folha
Sêca, Gajé, Isca, Itabuna, Jacaré, Janjão, Macarrão, Mandioca, Maninho,
Maradona, Mazão, Meninão, Menininho, Miolo, Palito, Passarinho, Paulo
Dormindo, Pão, Pato, Pelé, Pereca, Pezão, Pinguim, Podão, Preto, Ratão,
Ratinho, Rato, Sabão, Salvador, Tatu, Tonho Formiga, Torão, Tostão, Xinxa, Zé
Russo, Zé Véi, Zé de Pipiu, Zé do Bode, Zé do Caixão, Zico, entre outros.
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CAUSOS E CASOS DO FUTEBOL AMADOR DE COARACI
Termina ou não termina?
Conta-se que numa certa partida de futebol, realizada na Fazenda
Macacos de Simão, era de costume do time da casa indicar um árbitro “da
panela”, da família de Simão, para apitar os jogos. O jogo iniciava
normalmente e a partida de futebol transcorria com tranqüilidade, sem
problema nenhum. Porém, quando o time da casa estava empatando ou
perdendo o jogo, o árbitro marcava o tempo normal no primeiro tempo e no
segundo tempo, o jogo só terminava quando o time da casa virasse o jogo
caso tivesse perdendo e fizesse um gol caso estivesse em iguais condições
no marcador; escurecia e o dono do campo, conseguia colocar uns
candeeiros acesos ao redor do campo, para que o jogo não acabasse.
Certa feita, um jogador do bairro da Feirinha, acabou com esta tradição,
pois no segundo tempo, ele fez um gol ao escurecer e fechou o “caixão” do
time da casa, fazendo o segundo gol com a tranquilidade de um craque,
chutou na gaveta e ampliou o placar em 2 a 0 para o time da Feirinha. Aí
vocês já devem ter imaginado o final dessa história... foi um “Deus no
acuda” e o jogo teve seu fim.
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Quem manda Aqui...
Lá pelos meados do ano de 1990, na Fazenda Bom Princípio na região
do Brejo Mole, foi realizado um torneio de futebol com a participação de
equipes de Ibicaraí, Almadina e Coaraci. No final do evento, o dirigente de
uma equipe de uma fazenda próxima ao campo, ficou na beirada do palco
do espetáculo, imponente e autoritário, com um revólver na cintura, dizendo
em alto e bom som que seu time não sairia perdedor dali de forma
nenhuma; que ele resolveria do seu jeito, da maneira dele. Bateu na cintura
com imponência e mostrando seu trabuco, gritava: “EU MANDO AQUI”.
Acontece que para todo valente tem outro mais valente ainda. Surgiu
do outro lado do campo (este campo não tinha arquibancada nem
alambrados, era bem pequeno, todo aberto e a torcida ficava na beira do
campo mesmo!) outro dirigente que o rebateu com um grito, dizendo:
- Aqui quem manda sou eu, meu time é melhor! Mesmo porque meu
time tá ganhando, continuará ganhando! Seu Juiz, pode continuar o jogo, eu
e meus amigos aqui, estamos lhe dando proteção! Avante companheiros!
Aqui quem manda sou eu, completou o dirigente!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Editora Cortez, 1992.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedago-
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BARBANTI, Valter J.. TREINAMENTO FÍSICO – BASE CIENTÍFICA. CRL Baliei-
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MOREIRA, Evandro Carlos (Org). Educação Física escolar: desafios e
propostas. Jundiaí, SP: Fontoura, 2004.
CERQUEIRA, Enoch Dias de. COARACI, o Último Sopro. Coaraci-Bahia,
2002. 324 p.
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação física no Brasil “a historia que não se
conta”, 3ª ed., Papirus.