Post on 31-Mar-2016
description
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
A comunicação na Campanha da Rubéola 2008: Secretaria de Saúde Municipal de Balneário Camboriú
João Carissimi1
Viviane Bones2
Resumo
As campanhas de vacinação no Brasil são utilizadas como uma ação de promoção da saúde, atuando na prevenção e combate às doenças. O objetivo deste artigo é de analisar as estratégias de comunicação utilizadas na Campanha de vacinação contra Rubéola 2008, realizada pela Secretaria de Saúde e Saneamento Municipal de Balneário Camboriú. A pesquisa realizada possui caráter exploratório com levantamento bibliográfico acerca da doença Rubéola, a Síndrome da Rubéola Congênita e a comunicação para saúde. Em seguida, faz-se uma pesquisa documental sobre a Campanha em âmbito nacional e municipal e mediante a análise de dados, foi possível diagnosticar a importância que a realização de planejamento e a utilização de estratégias de comunicação de massa e dirigida auxiliaram nos resultados da campanha.
Palavras-chave: Comunicação e saúde. Campanha da Rubéola. Secretaria de Saúde
Municipal de Balneário Camboriú.
Introdução
As campanhas de vacinação no Brasil demonstram um ato de mobilização dos
governantes para a eliminação de alguns problemas graves de saúde pública, entre eles, a
rubéola e a síndrome da rubéola congênita.
A finalidade de utilizar ações voltadas para a promoção da saúde e consequentemente
sanar as severas implicações sobre a saúde da população por meio da vacinação, é uma forma
de prevenir e eliminar as chances que crianças nascidas de mães infectadas pela rubéola
possam apresentar sequelas graves e irreversíveis como a surdez, o retardo mental e a
cegueira.
A partir da necessidade de transmitir as informações aos indivíduos é que a 1Relações-públicas CONRERP RS/SC 969, Mestre em Comunicação e Informação (UFRGS), Professor no curso de Comunicação Social – habilitação em Relações Públicas (Univali), Professor no curso de Especialização: Gestão em Comunicação Empresarial (Univali), Pesquisador do Grupo de Pesquisa Redes de Comunicação (Univali), Professor responsável pela disciplina Monografia – modalidade Artigo Científico da Univali, e-mail jocaribr@yahoo.com.br2 Acadêmica da disciplina Monografia – Artigo Científico do curso de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas da Univali, e-mail bones@univali.br
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
comunicação adquire um papel fundamental para a promoção da saúde, pois para prevenir
doenças se faz necessário informar, sensibilizar e conscientizar a população através de
estratégias e meios de comunicação.
No Brasil, o controle da Rubéola iniciou-se em 1992 com uma campanha de vacinação
infantil em São Paulo e com a implantação da vacina no calendário básico de imunização das
crianças de 15 meses de vida. Durante a epidemia de sarampo de 1997, onde foram
notificados mais de 30.000 casos de Rubéola, as autoridades foram levadas a pensar em
estratégias de controle e prevenção da rubéola e da síndrome da rubéola congênita.
A partir da ocorrência de surtos da doença por todo o país no ano de 2007, totalizando
8.156 casos confirmados de rubéola e 12 recém nascidos com rubéola congênita, o Brasil,
através do Ministério da Saúde, assumiu, junto à Organização Pan-americana de Saúde, o
compromisso da eliminação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita até o ano de
2010. 3
A Campanha Nacional de Vacinação 2008 para a eliminação da Rubéola e da Síndrome
da Rubéola Congênita no Brasil tem como o objetivo vacinar mais de 70 milhões de homens e
mulheres de 20 a 39 anos de idade, em todas as unidades federadas. As estratégias locais,
entre elas as de comunicação, tais como: a divulgação, a identificação e conquista do público-
alvo ficaram a critério de cada Secretaria Municipal de Saúde, bem como a articulação ao
chamamento de cunho positivo à vacinação para cumprir a meta estabelecida a cada
município.
Na perspectiva de impulsionar a mobilização social de instituições governamentais e
não-governamentais, bem como da sociedade civil em sua totalidade para a vacinação nas
esferas estaduais e municipais foi realizada em 2008 a Campanha Nacional de Vacinação
contra Rubéola. Com o objetivo de alcançar mais facilmente os resultados pretendidos na
Campanha, a comunicação assume um papel importante neste contexto. O presente estudo
tem como objetivo geral analisar as estratégias de comunicação utilizadas no plano de ação do
Ministério da Saúde para a Campanha da Rubéola e verificar junto à Secretaria de Saúde
Municipal de Balneário Camboriú como se deu o processo para o cumprimento da meta
estabelecida.
Quanto aos aspectos metodológicos utilizados para esta pesquisa, caracterizada por ser
de natureza básica, de abordagem qualitativa e de objetivo exploratória, utilizou-se como
3 As informações apresentadas referente às notificações de casos de rubéola em 2007 encontram-se disponíveis no Plano de ação – Campanha nacional de vacinação para eliminação da Rubéola no Brasil, 2008. Disponível em http://www.saude.gov.br/svs, acessado em 20/03/09.
2
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica para compreender o significado da doença
Rubéola, da Síndrome da Rubéola Congênita e comunicação para saúde, seguida de pesquisa
documental sobre a Campanha em âmbito nacional e municipal. Através da análise de dados
foram observadas as estratégias de comunicação e o conteúdo das mensagens utilizadas.
Ao analisar a Campanha da Rubéola no âmbito municipal realizada pela Secretaria de
Saúde de Balneário Camboriú, torna-se indispensável os questionamentos: quais foram as
estratégias utilizadas durante a campanha de vacinação? As estratégias de comunicação
auxiliaram para o cumprimento da meta estabelecida?
Este trabalho tem o intuito de despertar e explorar um novo nicho para a área de
comunicação, trazendo contribuições principalmente para as relações públicas, no que cerne à
comunicação estratégica e o planejamento, atividades inerentes à profissão, auxiliando nos
processos de comunicação no campo da saúde pública existentes nas Campanhas de
Vacinação.
1 Estrutura Organizacional4
1.1 Esfera Federal
O Ministério da Saúde é órgão do Poder Executivo Federal responsável pela
organização e elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção
e assistência à saúde dos brasileiros. Tem como missão “Promover a saúde da população
mediante a integração e a construção de parcerias com os órgãos federais, as unidades da
Federação, os municípios, a iniciativa privada e a sociedade, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida e para o exercício da cidadania”.
A Secretaria de Vigilância em Saúde5 - SVS é um órgão auxiliar do Ministério da saúde
e compete a ela a Gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, compreendendo, a
vigilância das doenças transmissíveis, a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis, a
vigilância ambiental em saúde e a vigilância da situação de saúde. Entre as ações de vigilância
epidemiológica compete à SVS a coordenação e execução das ações integrantes do Programa
Nacional de Imunizações, incluindo a vacinação de rotina com as vacinas obrigatórias, as
4 Para contextualização da estrutura organizacional federal foi realizada pesquisa online. As informações encontram-se nos sites: http://189.28.128.100/portal/saude/gestor/default.cfm. Acesso em 27/05/2009. www.funasa.gov.br/web%20Funasa/Legis/pdfs/portarias_m/port_1172_2004.pdf. Acesso em 03/06/2009.5 Portaria que regulamenta as competências na área de Vigilância em Saúde nº 1.172, de 15/06/2004. Disponível em www.funasa.gov.br/web%20Funasa/Legis/pdfs/portarias_m/port_1172_2004.pdf. Acesso em 03/06/2009.
3
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
estratégias especiais como campanhas e vacinação de bloqueio.
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica6 - SNVE é um conjunto de
instituições do setor público e privado, é parte do Sistema único de Saúde - SUS, que direta
ou indiretamente notifica doenças e agravos, presta serviços a grupos populacionais ou orienta
a conduta a ser tomada para o controle dos mesmos. É responsável pelas vigilâncias das
esferas municipais e estaduais.
1.2 Esfera Estadual e Municipal
Nas esferas estaduais, estão as Secretarias Estaduais de Saúde, as Diretorias de
Vigilâncias Epidemiológicas Estaduais - DIVE, estas coordenam e fornecem auxílio para as
Vigilâncias Epidemiológicas Municipais, lotadas no âmbito das Secretarias Municipais de
Saúde, subsidiadas pelas Prefeituras Municipais de cada município. O Departamento de
Vigilância Epidemiológica de Balneário Camboriú atua na prevenção, controle, eliminação ou
erradicação de uma doença, ele é responsável pela execução das ações locais do município.
Segundo o Ministério da Saúde, Brasil (2005, p. 20) entende-se por Vigilância
Epidemiológica:
[...] um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos.
2 Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita7
2.1 Doença
A Rubéola é uma doença contagiosa causada por vírus, transmitida diretamente de uma
pessoa infectada para outra, através de contato com as gotículas de secreções que saem da
boca e do nariz ao falar, espirrar ou tossir e indiretamente por contato com objetos infectados.
O curso da doença tem um período de incubação que varia entre 14 e 21 dias entre os
primeiros sintomas que são visíveis por meio das manchas avermelhadas surgindo
6 Brasil. Anexo 2. Guia de Vigilância Epidemiológica, 2005. p. 34.7 Para a contextualização da doença Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita foram realizadas pesquisa bibliográfica e documental através do Guia de Vigilância Epidemiológica.
4
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
primeiramente na face, couro cabeludo e pescoço se alastrando posteriormente para o tronco e
membros acompanhada por febre baixa. Cerca de 50% dos casos confirmados da doença são
assintomáticos, ou seja, os sintomas não são visíveis, fator que colabora para o contágio de
pessoas desprotegidas que não tiveram a doença ou não foram vacinadas.
A Rubéola está classificada entre o grupo de doenças exantemáticas, ou seja, doenças
que apresentam sintomas iguais ou muito semelhantes as demais, confundindo-a com uma
série de outras doenças como o sarampo, dengue, escarlatina, varicela, entre outras. Portanto,
para um diagnóstico preciso é realizado além do diagnóstico referencial com outras doenças o
diagnóstico laboratorial através de exame de sangue mediante a detecção de anticorpos
específicos no soro, o IgM e IgG.
A importância epidemiológica da Rubéola está relacionada ao risco de infecção em
gestantes, pois ao manter contato com a pessoa infectada sintomática ou assintomática, ela
transmite o vírus para o feto através da placenta, causando um conjunto de malformações no
bebê caracterizando a Síndrome da Rubéola Congênita - SRC.
A SRC pode comprometer o desenvolvimento do feto principalmente quando o contágio
acontece no primeiro trimestre causando aborto, morte fetal e natimorto, além das anomalias
congênitas que podem perdurar a vida toda, sendo as mais comuns a surdez, a cegueira, o
retardo mental e a má formação do coração.
Como a Rubéola é uma doença de curso benigno, não possui um tratamento específico,
os sinais e sintomas apresentados são tratados de acordo com a sintomatologia e terapêutica
adequada, pois o próprio organismo produz anticorpos que produzem a cura e imunizam por
quase toda a vida. A SRC também não possui tratamento, porém ao contrário da Rubéola, as
crianças portadoras da SRC apresentam algumas anomalias irreversíveis. A única forma
eficaz de evitar a Rubéola e consequentemente prevenir a SRC é por meio da vacinação.
2.2 Situação Epidemiológica
Mediante os dados coletados no Sistema Nacional de Notificações - SINAN foi
elaborado um quadro demonstrativo da situação epidemiológica da Rubéola no âmbito
nacional, estadual e municipal nos últimos três anos.
5
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Tabela 1 - Casos confirmados de Rubéola. Brasil, Santa Catarina, Balneário Camboriú, 2006-2008
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
BRASIL SANTA CATARINABALNEÁRIO CAMBORIÚ
2006 1.648 3 -
2007 8.156 89 1
2008 1.824 13 -Fonte: SSSMBC – Vigilância Epidemiológica – SINAN. Realizado pela autora
3 Estratégias
3.1 Campanha Nacional de vacinação para eliminação da Rubéola no Brasil 2008
A Campanha Nacional de vacinação para eliminação da Rubéola no Brasil surgiu da
pactuação que ocorreu na 44º reunião do Conselho Diretor da OPAS8, onde foi estabelecida,
entre os países das Américas, a meta de “eliminação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola
Congênita” até 2010.
Diversos estudos realizados pela OPAS demonstraram que sem uma estratégia de
eliminação da rubéola seriam esperados 20.000 casos de SRC ao ano, na Região das
Américas. Os países mostraram um progresso notável para a interrupção da transmissão
endêmica do vírus da Rubéola diante das estratégias de vacinação realizadas em massa em
crianças que frequentam a escola, adolescentes e adultos em anos anteriores. Com essas
campanhas, o número de casos confirmados de Rubéola diminuiu 98%9 entre 1998 e 2006 e
da SRC passou de 23 em 2002 para 10 casos em 2006. A redução de incidência de Rubéola e
SRC foi observada nos países que vacinaram simultaneamente os homens e as mulheres em
suas campanhas.
Segundo o Ministério da Saúde, os custos diretos e indiretos da SRC são muito elevados
para diagnóstico e tratamento especializado, estima-se que o custo da atenção médica de uma
criança com SRC está entre 120 a 200 mil dólares durante toda sua vida. Pensando nos altos
custos de tratamento da síndrome, aliado ao baixo custo e alta eficácia da vacina, a relação
custo benefício foi um fator determinante para a realização da Campanha de vacinação para a
Eliminação da Rubéola e da SRC.
8 Organização pan-americana de saúde9 Manual técnico-operacional, Campanha Nacional de vacinação para eliminação da Rubéola no Brasil 2008. Disponível em www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_operac_rubeola_2008.pdf. Acesso em 20/05/2009.
6
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
A Campanha foi realizada no período de 9 de agosto a 13 de setembro de 2008 em todo
país, com lançamento no dia 9 de agosto simultaneamente com a segunda etapa do Dia
Nacional de Vacinação contra poliomielite, cujo foco foi voltado à vacinação da família. O
dia central da campanha da Rubéola foi realizado no dia 30 de agosto, com duração de 5
semanas, porém houve prorrogação da campanha em âmbito nacional em decorrência dos
municípios que não conseguiram cumprir a meta.
3.2 Plano de Ação Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação Rubéola no Brasil
2008
Com a finalidade de auxiliar as esferas estaduais e municipais no processo de
planejamento, programação e avaliação da campanha de vacinação, o Ministério da Saúde,
disponibilizou às demais esferas da gestão SUS um Plano de Ação.
O plano de ação foi traçado com base na situação epidemiológica de Rubéola no país e
sua organização e planejamento foi desenvolvido pela Secretaria de Vigilância em Saúde
junto ao Ministério da Saúde. Este documento possui todas as diretrizes para a viabilização e
realização efetiva da Campanha Nacional de vacinação, possibilitando as esferas estaduais e
municipais uma padronização de procedimentos, técnicas e estratégias a seguir antes, durante
e depois da realização da Campanha de vacinação.
O Plano de Ação é composto pelas seguintes diretrizes: objetivos, meta, população-
alvo, períodos de campanha, estratégias de campanha, fases de campanha, organização e
planejamento, microprogramação, imunobiológicos, logística e insumos, vacinação segura,
mobilização social, sistema de informação, capacitação, supervisão, monitoramento e
avaliação, cronograma e orçamento.
4 Comunicação e Saúde
Na contextualização histórica acerca da construção de um conceito de comunicação e
saúde Sanches (2005) consta que em 1947, o governo do Canadá assumiu a postura de
promoção da saúde por meio da educação e recreação, enfatizando a prevenção sobre a cura e
indicando a comunicação para saúde como caminho estratégico que privilegia a orientação e a
informação da população sobre a adoção de hábitos saudáveis como necessidade imperiosa
para a viabilização e gerência da saúde pública. Aos poucos a Comunicação na Saúde passou
7
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
a ser reconhecida como ferramenta de divulgação indispensável para alcançar os objetivos de
programas de ação governamental, e assim, a sociedade foi articulando e tramando os
instrumentos que assegurassem que as informações sobre saúde tivessem maior penetração
junto à população. Com base nisso, observamos que a comunicação na saúde é o principal
meio de ensinar a população, é através de ações educativas que a população é informada,
conscientizada e consequentemente prevenida de diversas doenças e outros problemas sociais.
Comprovando a premissa estratégica que a comunicação exerce sobre a saúde,
identificamos que as campanhas de vacinação são uma ferramenta de divulgação, vistas como
uma estratégia de prevenção e combate a doenças. Nelas está presente a preocupação em
utilizar veículos de comunicação de massa (TV, jornal, rádio) e estratégias de convencimento
e comunicação dirigida a fim de informar e sensibilizar a população para a vacinação. É neste
contexto que o plano de ação da campanha da Rubéola desenvolvido pelo Ministério da
Saúde, procurou utilizar estratégias de comunicação de massa e dirigida com a finalidade de
alcançar resultados para a vigilância em saúde nas campanhas de vacinação.
Segundo Fortes (2003, p. 217),
a comunicação está alicerçada na compreensão daquilo que se pretende transmitir, na linguagem comum que estabelece o relacionamento entre a organização e seus públicos, e na eleição planejada e competente dos veículos que serão empregados no transporte das informações.
Para compreender o que diferencia a comunicação de massa da dirigida, Kunsch (2003)
contextualiza que a comunicação de massa é aquela utilizada para atingir rapidamente um
grande número de pessoas através dos veículos de comunicação10 de massa (jornais, revistas,
rádio, televisão, cinema, outdoors, internet). Já a comunicação dirigida é a comunicação direta
e segmentada com os públicos específicos que queremos atingir por meio dos veículos de
comunicação dirigida (escritos, orais, aproximativos e auxiliares).
Quadro 2 - Classificação dos veículos de comunicação. Cesca, 2006.
VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSAVeículos escritos impressos Jornais e revistas
Veículos orais Emissoras de rádio e serviços de auto-falantes
10 Veículo de comunicação é tudo que transmite ou conduz a comunicação. Dicionário Profissional de Relações Públicas e comunicação, 1996. p. 121.
8
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Veículos audiovisuais Emissoras de televisãoVEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA
Escritos impressos e eletrônicos
Correspondência, mala-direta, manuais, publicações, relatórios, periódicos, barra de holerite, quadro de avisos,
cartaz/banner, caixa de sugestões, comunicado de imprensa (release) e teaser
Orais
Reuniões de informação ou discussão, congressos e convenções, conferências, conversas, entrevistas e discursos, conferama, telefone, intercomunicadores, radiocomunicação
e auto-falante
Aproximativos
Visitas, praça de esportes, auditório, biblioteca, museus, ambulatórios e outros logradouros usados pelos públicos,
inaugurações, datas cívicas, comemorações, serviços prestados à comunidade, entre outros eventos congêneres
Auxiliares
Recursos visuais: álbum seriado, desenho animado, fotografias, filmes, gravuras, logotipos, mural, quadro de giz, sinalização, pinturas, bandeiras. Recursos auditivos: alarmes,
apitos, discos, fitas magnéticas, sirenes. Recursos audiovisuais: filmes sonorizados, videocassete, DVD, CD-
ROM, dialfilme sonorizado, etc.
Fonte: CESCA, Comunicação Dirigida Escrita na empresa, 2006. p. 38 a 39. Adaptado pela autora.
5 A Pesquisa: Estudo de Caso Campanha da Rubéola 2008 da Secretaria de Saúde de
Balneário Camboriú
Dentre os procedimentos técnicos utilizados, com base em Marconi e Lakatos (1999),
para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada a pesquisa bibliográfica, visando à
compreensão da doença Rubéola, da Síndrome da Rubéola Congênita e Comunicação e
Saúde. Caracteriza-se segundo o objetivo, exploratória, pois possibilitou aumentar a
familiaridade do pesquisador com o ambiente, permitindo as observações empíricas e a coleta
de dados através de pesquisa documental. Esta investigação caracteriza-se um estudo de caso,
segundo Fachin (1993), por se tratar de um método de estudo intensivo, onde os aspectos de
comunicação do caso foram averiguados.
A coleta dos dados tanto para pesquisa bibliográfica quanto documental foi obtida
mediante o contato direto com a responsável pelo Departamento de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde e Saneamento de Balneário Camboriú, a Enfermeira
Msc em Epidemiologia Andrea Bittencourt. Os instrumentos utilizados para a respectiva
campanha foram obtidos mediante conversas informais, posterior à autorização da pesquisa
pela responsável. A facilidade na obtenção dos materiais se deu também pelo fato de que a
9
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
autora é também funcionária pública lotada atualmente no Departamento de Vigilância
Epidemiológica.
A primeira parte da análise dos dados foi realizada da seguinte forma:
Entre as diretrizes dispostas no plano de ação (p. 7, item 3.2), foram escolhidas algumas
que apontam questões fundamentais para o desenvolvimento de ações de comunicação. A
seguir, foi realizada a coleta de materiais no arquivo de documentos da Campanha da Rubéola
na Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Balneário Camboriú. Deste modo,
foram identificados os meios utilizados pelo Departamento com relação ao cumprimento das
diretrizes do Plano de ação nacional junto às estratégias utilizadas. Com a escolha das
diretrizes do plano nacional e os dados coletados no DEVE – BC11 foi realizada uma análise
comparativa com a finalidade de verificar as ações, entre elas, as de comunicação realizadas
pelo município para a campanha da Rubéola, demonstrada no quadro a seguir.
Quadro 3 - Comparativo das ações realizadas na Campanha da Rubeóla. Ministério da
Saúde - Secretaria de Saúde Municipal de Balneário Camboriú, 2008.
PLANO DE AÇÃO CAMPANHA RUBÉOLA 2008 DIRETRIZES
SECRETARIA DE SAÚDE DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
1 MetaAlcançar coberturas vacinais ≥ 95% em todos os
municípios do BrasilAlcançar coberturas vacinais ≥ 100% no município
Resultado 114,99%
2 População-alvo
69.700.329 homens e mulheres de 12-3912 anos 36.100 homens e mulheres 20-39 anos
Resultado 41.512 vacinados3 Estratégias de campanha
3.1 Organização e Planejamento: Mobilização e participação ampla de todos os segmentos da
sociedade Projeto Específico: Plano de Ação Municipal
3.2 Microprogramação: Articulação das instituições do setor saúde com as de educação, trabalho, turismo, empresas públicas e privadas, sociedades científicas e
acadêmicas, entre outros
Mapeamento geográfico/ 19 áreas geográficas/ 8 equipes vacinadoras/Aproveitamento equipes de PSF/
Levantamento do público-alvo/ Telemarketing/ Mailing list
3.3 Implementação por fases: postos fixos, lugares de alta concentração, clientela institucionalizada
(empresas), casa a casa, monitoramento rápido de cobertura
Vacinação nas 12 unidades de saúde fixas/ locais de grande concentração de pessoas nos dias oficiais da
campanha e eventos especiais/ nas empresas mediante agendamento prévio em horários diferenciados
3.4 Mobilização Social: Comunicação social para informar a população sobre a campanha e
sensibilizar os não vacinados
Releases enviados para imprensa local, jornal, rádio, TV/Definição da logo da Campanha/ Folders
informativos/Cartazes/spots espera telefônica/entrevistas mídia/camisetas/ postos móveis de vacinação/Definição barreiras dia D/Parcerias shoppings, mercados e pontos
estratégicos para oferta da vacina dia D/ Reuniões
11 Departamento de Vigilância Epidemiológica de Balneário Camboriú12 A idade do público vacinado foi diferenciada nos estados de MA, MG, MT, RJ, RN devido ao resultado de um estudo por estado da coorte não vacinada, realizada em 2006.
10
(Continuação)
(Continua)
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
semanais equipes/Busdoor/Veículos de comunicação dirigida: escritos, orais, auxiliares e aproximativos
3.5 Capacitação: Assegurar que os profissionais estejam aptos a desenvolver um planejamento
adequado para campanha
Treinamento capacitação funcionários/ Treinamento Monitoramento Rápido de cobertura
4 Sistema de informação
Utilizar o sistema de informação oportuno que permita monitorar o avanço das coberturas e o
alcance da meta de vacinação
Coleta dos dados diário e semanal/ Avaliação dos dados semanal/repasse de informações semanal para
Gerência de Saúde/Digitação dos consolidados no API (Avaliação do programa de Imunizações) on-line
Fonte: Ministério da Saúde - Plano de Ação Campanha Rubéola, SSSMBC – Plano de Ação Municipal. Realizado pela autora.
Dentre algumas das estratégias de comunicação destacadas no item 3.4 do Quadro 3
utilizadas para a Campanha da Rubéola 2008, através do Departamento de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde e Saneamento de Balneário Camboriú, estão:
Figura 1 - Criação da Logomarca da Campanha da Rubéola. Balneário Camboriú, 2008.
Ao construir uma logomarca a SSSMBC pensou na imagem institucional da
organização, projetando uma imagem positiva e legítima acerca da Campanha. A idealização
parte do princípio da prevenção, pois mulher vacinada contra Rubéola garante uma vida
saudável ao seu filho, significa um ato de amor da mãe para o seu futuro bebê. Sua criação foi
realizada pela agência de publicidade e propaganda Tatticas mantendo um padrão de imagem
e linguagem em todas as peças gráficas confeccionadas.
11
Fo
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Figura 2 - Folder informativo Campanha Rubéola A5 15x21. Balneário Camboriú, 2008.
12
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
O folder caracteriza um meio de comunicação dirigida escrito impresso com o objetivo
de divulgar a campanha ao público-alvo, enquadra-se no importante papel da comunicação
para saúde em informar, divulgar e prevenir a doença. Os textos foram produzidos pelo
Departamento de Vigilância Epidemiológica trazendo informações importantes acerca da
Rubéola, Síndrome da Rubéola congênita, campanha de vacinação, público-alvo e postos de
vacinação. Foram distribuídos pelos agentes de saúde nos bairros e no centro, de casa a casa e
nos centros comerciais pelas equipes vacinadoras durante a vacinação in loco (escolas,
empresas, mercados, igrejas, etc.), durante os dias oficiais das campanhas nas barreiras de
vacinação (shoppings, mercados, unidades de saúde).
Figura 3 - Cartaz de divulgação Campanha da Rubéola. Balneário Camboriú, 2008.
Os cartazes possuem conteúdo informativo com chamada ao público-alvo para
vacinação, é um meio de comunicação dirigida escrito com o objetivo de informar e divulgar
a vacinação e prevenir a doença. Foram afixados nos estabelecimentos comerciais, de ensino,
de saúde, entre outros pontos estratégicos para divulgar a campanha.
13
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Figura 4 - Camisetas utilizadas pelos funcionários. Balneário Camboriú, 2008.
As camisetas foram confeccionadas para todo o público interno da SSSMBC, utilizadas
como uniforme, facilitando na identificação dos profissionais durante a campanha de
vacinação, auxiliando também na divulgação mantendo a identificação visual da campanha.
Figura 5 - Certificado Treinamento Campanha Rubéola - Balneário Camboriú, 2008.
Os certificados foram fornecidos aos profissionais da Secretaria da Saúde que
participaram do treinamento para a Campanha da Rubéola.
14
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Figura 6 - Barra de e-mail Campanha Rubéola, Secretaria de Saúde do Estado, Santa Catarina, 2008
A barra de e-mail da Campanha do estado foi utilizada pelo Departamento de Vigilância
Epidemiológica ao enviar correspondências por meio eletrônico.
Figura 7 - Busdoor Campanha Rubéola, Secretaria de Saúde do Estado, Santa Catarina, 2008.
Com base na classificação dos veículos de comunicação (Tabela 2, p. 9), foi idealizada
uma tabela contendo os veículos utilizados pela Secretaria de Saúde Municipal.
Quadro 4 - Descrição dos veículos de comunicação utilizados pela Secretaria de Saúde.
Balneário Camboriú, 2008.
VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA
Veículos escritos impressosJornais impressos: Página 3, Tribuna Catarinense, A Imprensa,
O Atlântico, Jornal de Balneário Camboriú
Veículos oraisSpots e entrevistas: Rádio Camboriú, Rádio Menina do
Atlântico, Rádio Natureza
Veículos audiovisuais Entrevistas e matérias: TV Mocinha, TV Panorama
VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA
15
(Continua)
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Fonte: SSSMBC – Departamento de Vigilância Epidemiológica
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Escritos impressos e eletrônicos
Oficio, release, cartaz, folder, barra de e-mail, mailing list, quadro de avisos, quadro branco, agendamento de vacinação nas empresas, digitação consolidados no programa on-line,
avaliação dos dados semanal, repasse das informações semanal para GESA (instrumento escrito/ via e-mail), material técnico
OraisReuniões semanais equipes vacinadoras, telemarketing, coleta de dados semanal, repasse de informações semanal para GESA
AproximativosPostos móveis de vacinação, eventos especiais nos dias D barreiras de vacinação, vacinação in loco nas instituições,
Treinamento capacitação funcionários
AuxiliaresCriação do logotipo, espera telefônica, spots, camisetas,
mapeamento geográfico (mapas) Fonte: Realizado pela autora.
A segunda parte da análise dos dados foi obtida mediante contato com a jornalista
responsável pelo Departamento de Comunicação Social da Secretaria de Saúde de Balneário
Camboriú, Miriam Coelho, solicitando o clipping da instituição referente ao ano de 2008.
Foram separadas e copiadas pela autora 23 das 194 notícias do período de maio a novembro
de 2008. Todas as notícias vinculadas a Campanha da Rubéola que foram veiculadas nos
jornais impressos da Região do Vale do Itajaí foram coletadas com a finalidade de realizar
uma análise de situação de Relações Públicas na mídia, um instrumento (questionário),
elaborado por Roberto Porto Simões13 que permite uma análise do fenômeno nas notícias
publicadas, visando um diagnóstico da situação da organização com seus públicos.
Acerca da análise de conteúdo realizada com as 23 notícias, diagnosticou-se claramente
a informação acerca do fato, ou seja, a Campanha da Rubéola e todos os aspectos que
compõem o LEAD (o que, quem, quando, onde, porque, como). Fica evidente em todas as
matérias que a dimensão de direcionamento da notícia é de informar a população sobre a
vacinação e que os órgãos de mídia comunicam com a intenção de ressaltar a importância da
vacinação para a população. A maioria das matérias é de cunho descritivo, caracterizando que
as matérias são informativas e estão presente em cinco veículos de mídia impressa, sendo
eles: Jornal Página 3, A imprensa, Tribuna Catarinense, O Atlântico, Jornal de Balneário
Camboriú.
Observou-se que a organização em foco nos acontecimentos é a Secretaria de Saúde do
estado e a Secretaria de Saúde e Saneamento Municipal de Balneário Camboriú e que os
públicos da organização que estão explícitos no fato são a OPAS, o Ministério da saúde, as
13 Dr. Professor de Programa de Pós-graduação da FAMECOS/PUC-RS. Revista FAMECOS (1998)
16
(Continuação)
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Secretarias de Saúde Estadual e Municipal, a 17ª gerência de saúde e a Vigilância
Epidemiológica e os não-citados, mas que, implicitamente fazem parte do fato são os
funcionários, as empresas colaboradoras e a população a ser vacinada.
Ficou claro que o cumprimento da meta estabelecida é uma das causas imediatas do fato
e a ação implícita da organização ao enviar os releases aos veículos de comunicação faz parte
de um compromisso assumido por parte da saúde pública em informar e divulgar fatos que
sejam de interesse da população e, ainda, estabelecer um relacionamento estratégico com o
público-alvo para o cumprimento da meta estabelecida.
Verificou-se que com a iniciativa de informar a população, a organização demonstra
interesse e compromisso com a saúde do cidadão, aumentando assim a sua credibilidade tanto
interna quanto externamente. Com isso demonstra-se também que as notícias relativas ao fato,
estão sob o controle da organização, pois partiu dela o envio dos releases para imprensa e
posteriormente a notícia foi explorada espontaneamente tornando as implicações da notícia
favoráveis à organização, auxiliando na divulgação para a população e consequentemente no
cumprimento da meta estabelecida, quanto maior o número de pessoas informadas maior será
a população vacinada. Mantendo a imprensa informada enquanto o evento acontecia e
posteriormente acerca do resultado obtido, a organização pôde encontrar nos canais de
imprensa local, bons aliados.
6 Considerações finais
Através da pesquisa bibliográfica, esta investigação possibilitou à autora a ciência sobre
a doença Rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita, bem como os danos irreversíveis que
esta pode causar, ferindo inclusive os direitos humanos. Verificou-se que as campanhas de
vacinação são utilizadas como estratégias, e o grau de importância que possuem na prevenção
e controle de doenças são de competência da Vigilância Epidemiológica, a qual executa um
papel essencial sobre a saúde da população.
Constatou-se através da análise documental que o Plano de ação desenvolvido para a
Campanha da Rubéola é um instrumento de suma importância para a eficiência e eficácia de
uma campanha de vacinação, oferecendo às esferas estaduais e municipais subsídios
essenciais para sua realização, devendo ser desenvolvidos em todas as campanhas de
vacinação.
17
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Por meio da análise de dados, percebeu-se que o planejamento é uma das ferramentas
utilizadas pela Vigilância Epidemiológica para traçar estratégias, inclusive as de
comunicação, e que estas possuem uma função fundamental para o desenvolvimento de ações
voltadas ao cumprimento dos objetivos e metas de uma campanha de vacinação. Foram
identificados os diversos veículos de comunicação de massa e dirigida utilizados durante a
campanha com o objetivo de divulgar a campanha e estabelecer um relacionamento com o
público-alvo.
Evidenciou-se durante o levantamento de dados que o sucesso nos resultados obtidos na
Campanha da Rubéola realizada pela Secretaria de Saúde de Balneário Camboriú deu-se ao
fato da realização do planejamento e que as estratégias de captação e relacionamento com o
público-alvo foram fundamentais para o cumprimento da meta estabelecida.
Em relação ao conteúdo das matérias utilizadas, observou-se que não existem notícias
negativas sobre a Campanha da Rubéola, o que se considera positivo com relação à vacinação
segura, pois não havendo reclamações dos serviços prestados durante a vacinação, a imagem
da instituição foi blindada contra possíveis crises acerca da campanha realizada.
A análise aqui realizada remete ao julgamento das ações de comunicação executadas
pela Secretaria de Saúde para a campanha da Rubéola diagnosticou-se que o Departamento de
Vigilância Epidemiológica é praticamente independente do Departamento de Comunicação
Social da SSSMBC quanto à realização das Campanhas de Vacinação, utilizando somente os
serviços de assessoria de imprensa, prestados pela jornalista responsável. Para os serviços de
publicidade e propaganda foi contratada uma agência licitada por meio de verbas recebidas do
Ministério da saúde.
Observou-se que também que a SSSMBC não possui uma Secretaria de Comunicação
estruturada e que a ausência de profissionais de comunicação dificulta a realização de
campanhas municipais de promoção e prevenção de doenças e com isso, os departamentos
procuram suprir suas necessidades de forma descentralizada e isolada.
Constatou-se que a importância da comunicação para saúde, neste caso as campanhas de
vacinação, implica o impacto que as informações a respeito de prevenção e cura de doenças
exerce no quotidiano das pessoas. Uma vez que as campanhas de vacinação necessitam
utilizar de comunicação social efetiva para obtenção de resultados, surge a possibilidade de
uma aliança entre o profissional de Relações Públicas e os profissionais de saúde pública, o
qual poderá auxiliar no planejamento e relacionamento com os públicos de interesse, bem
como na escolha de estratégias adequadas a cada público.
18
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
Com este estudo concluiu-se que a Campanha da Rubéola realizada pelo Departamento
de Vigilância Epidemiológica junto à Secretaria de Saúde e Saneamento de Balneário
Camboriú realizou o planejamento de ação municipal proposto pelo Plano de Ação do
Ministério da Saúde, utilizando estratégias, inclusive as de comunicação, adaptadas à
realidade local e direcionadas ao público-alvo, superando assim a meta mínima estabelecida
de 95%, tendo sido vacinadas 41.512 pessoas, totalizando 114,99%.
Ressalta-se o esforço que o Departamento de Vigilância Epidemiológica teve para
realizar com êxito esta campanha, uma vez que existe a ausência de um departamento de
comunicação estruturado para auxiliar no desenvolvimento de campanhas como esta e devido
também à falta de incentivo existente por parte da SSSBC.
Referências
ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Dicionário profissional de relações públicas e comunicação e glossário de termos anglo-americanos. 2. ed. rev. e . ampl. São Paulo: Summus, 1996.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. Brasília: Funasa, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
CESCA, Cleuza Gertrudes Gimenes. Comunicação dirigida escrita na empresa: teoria e prática. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Summus, 2006.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Atlas, 1993.
FORTES, Waldir Gutierrez. Relações Públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. São Paulo:2003.
HANSEN, João Henrique. Como entender a saúde na comunicação? São Paulo: Paulus, 2004.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.
19
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Curso: Comunicação Social – Relações Públicas – V Evento de Iniciação Científica – Itajaí, 2009/I
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, análises e interpretação de dados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LESLY, Philip. Os fundamentos de Relações Públicas e da comunicação. São Paulo: Pioneira, 1995.
SANCHES, Conceição Aparecida. Indicações para pesquisa em Comunicação e Saúde: Mídia, Mediação e Medicalização. In: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO E SAÚDE, 6., 2004, Salvador. Anais da 6 Conferência Brasileira de Comunicação e Saúde. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2005. p. 251 - 258.
SILVA, Maria Júlia Paes da. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Gente, 1996.
SIMÕES, Roberto Porto. Análise de situação de Relações Públicas na mídia. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 9, p.126-131, 01 dez. 1998. Semestral.
20