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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY
CSA - ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
LOG 004 – GESTÃO DE ESTOQUES
4 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES (MÉTODO ABC: PRINCÍPIO DE PARETO)
Outra ferramenta muito utilizada na gestão de estoques é a chamada análise ABC.
Esse método, bastante empregado na linguagem corrente da gestão dos estoques, é um instrumento de planejamento que permite ao
agente orientar seus esforços em direção ao resultados mais significativos para sua organização.
É baseado nas conclusões de Pareto que, ao estudar a distribuição ente a população do sistema econômico em que vivia, estabeleceu um princípio, segundo o qual, o maior segmento da renda nacional concentrava-se em uma pequena parcela da população, enquanto a maioria desta absorvia a menor parte da mesma renda.
Nas últimas décadas, a partir dos esforços iniciais da General Electric americana, o princípio de Pareto tem sido adaptado ao universo de materiais, particularmente à gerência de estoques, com o nome de classificação ABC.
O fundamento do método é aplicável a muitas situações onde seja possível estabelecer prioridades: uma tarefa a cumprir é mais importante que a outra, uma obrigação é mais significativa que a outra, de modo que a soma de algumas partes dessas tarefas ou obrigações de importância elevada representam, provavelmente, uma grande parcela das obrigações totais.
Pode-se fazer uma classificação ABC por peso, por volume, por tempo de reposição, por valor de demanda, por inventário, por custo
unitário, por aquisições realizadas e, assim por diante.
Consideremos o método ABC aplicado aos estoques. Neste caso, podemos afirmar que, na maior parte das organizações, os estoques apresentam, em média, a seguinte distribuição em termos de quantidade e valor:
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Na Classe A, estão os itens de valor elevado e que requerem maior cuidado, na Classe B, estão os itens de valor intermediário, já na Classe C, ficam os itens de menor valor. Dessa forma podemos associar o estoque da seguinte maneira: Classe A - controle rigoroso Classe B - controle moderado e Classe C - controle simples.
A estratificação apresentada poderá variar de empresa para empresa. Porém, o que desejamos deixar bem claro é a existência, em qualquer organização, dos três extratos (ABC) com suas características de distribuição "quantidade x valor" claramente definidas.
4.1 CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO
Podemos inferir que uma pequena economia obtida em relação aos materiais da classe A deverá ser mais significativa que uma grande redução de custos em materiais da classe C.
Desta forma, as decisões do gerente de estoques deverão, sempre que possível, ser dirigidas para os benefícios decorrentes da boa gestão para os materiais da classe principal.
A obtenção da curva ABC para estoques poderá ser feita a partir de dois fatos geradores: inventário dos materiais existentes ou previsão de demanda para determinado exercício.
Nos dois casos, a metodologia ser utilizada deverá ser a mesma, conforme o seguinte roteiro:
•A partir do inventário físico ou da previsão da demanda, multiplicamos a quantidade de cada item por seus custo unitário e obtemos o valor da existência ou do consumo provável. Este processo poderá eventualmente ser empregado para grupos de materiais em vez de itens, na medida em que aqueles representem materiais com grande afinidade de consumo e valor, e o relacionamento item a item se torne repetitivo e oneroso. No entanto, o procedimento usual é voltado para o levantamento por item de material.
Relação dos itens
•Com os dados da relação colocadas em ordem decrescente de valor, elaboramos uma tabela que fornecerá os percentuais de itens e de valores correspondentes para a obtenção da curva.
Tabulação
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4.1.1 EXEMPLO DE CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO
Na realidade, não há uma regra única e definitiva para se conseguir a melhor separação de classes. O importante é não esquecer que materiais sujeitos a estoque distribuem-se nitidamente quanto à relação item x valor de consumo, em parcelas (A,B e C) com características muito peculiares. Convém ao gerente explorara todas as possibilidades dessa estratificação, para aumentar a razão custo x benefício em sua empresa.
Exemplo: Dados os seguintes itens; calcule a classificação ABC.
•Os pares de dados referentes à percentagem acumulada em quantidade de itens e valores são plotados um a um, ou em intervalos representativos da curva formada.
Elaboração da Curva ABC
•Será feita com base no princípio de que a classe A deverá abranger o menor número de itens correspondente ao maior valor possível. A relação média de 10 por cento de itens para 70 por cento em valor é apenas um ponto de referência, pois caberá ao gerente de estoques definir os intervalos de sua conveniência. De um modo geral, podemos identificar na curva ABC dois pontos de inflexão bem nítidos, que deverão corresponder aos limites de A para B e de B para C.
Separação em Classes A-B-C
Item Código Custo Und CMM Custo x CMM Classe % Posição Categoria
1 123 5,00R$ 630 3.150,00R$ 1,16% 10 C
2 456 26,00R$ 986 25.636,00R$ 9,48% 5 A
3 789 83,00R$ 621 51.543,00R$ 19,06% 2 A
4 1122 58,00R$ 217 12.586,00R$ 4,65% 8 B
5 1455 98,00R$ 413 40.474,00R$ 14,96% 3 A
6 1788 55,00R$ 309 16.995,00R$ 6,28% 6 B
7 2121 10,00R$ 848 8.480,00R$ 3,14% 9 C
8 2454 69,00R$ 528 36.432,00R$ 13,47% 4 A
9 2787 47,00R$ 361 16.967,00R$ 6,27% 7 B
10 3120 62,00R$ 939 58.218,00R$ 21,52% 1 A
270.481,00R$ 100,00%
Classificação ABC pelo Custo de Estoque
Totais
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O Cálculo e a montagem são bem Simples e obedecem 5 etapas:
1. Multiplicar o Custo unitário pelo CMM; 2. Dividir cada valor de Custo x CMM pelo valor total do custo x CMM e
multiplicar por 100 para encontrar o valor percentual; 3. Colocar os valores percentuais em sequência decrescente de
representatividade (1 é o maior valor e 10 o menor valor percentual); 4. Calcular o Acumulativo percentual para efetuar o corte das categorias. 5. Classificar os itens.
Por fim o resultado deverá será esse:
A título de ilustração, consideremos o método do prof. Wilson Nogueira Rodrigues , que estudou um processo gráfico para a determinação dos pontos de separação entre as classes A, B e C. A justificativa apresentada para a adoção de tal método é que, em um estoque de muitos itens, as percentagens estão tão próximas umas das outras que se torna difícil, sem incorrer em boa margem de erro, a separação das classes.
1. O processo gráfico do Prof. Wilson Nogueira, ilustrado a seguir, tem por base o seguinte roteiro:
2. Traçado de dois eixos de coordenadas com escalas iguais representando as percentagens acumuladas em itens e valores.
3. Traçado da curva das percentagens acumuladas. 4. União por uma reta dos pontos inicial e final da curva (O e Z). 5. Traçado de uma tangente à curva, paralela à reta OZ, obtendo-se então
dois pontos X e Y. 6. Traçado das bissetrizes dos ângulos OXY e XYZ. 7. Onde as bissetrizes cortarem a curva, estarão os pontos de separação
das classes A, B e C.
Código Classificação Posição Acumulativo Categoria
3120 21,52% 1 21,52% A
789 19,06% 2 40,58% A
1455 14,96% 3 55,54% A
2454 13,47% 4 69,01% A
456 9,48% 5 78,49% A
1788 6,28% 6 84,77% B
2787 6,27% 7 91,05% B
1122 4,65% 8 95,70% B
2121 3,14% 9 98,84% C
123 1,16% 10 100,00% C
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4.2 Aplicação Prática do Método ABC
CLASSE A B C
Atividade
Análise do comportamento da demanda e do tempo de ressuprimento
Alta frequência
Ex: Bimestral
Média Frequência
Ex: Semestral
Baixa frequência
Ex: Anual
Determinação dos estoques de Segurança
Cálculo rigoroso com estudos
sobre o custo de falta
Cálculo flexível com boa margem
de segurança
Cálculo bastante generoso com
grande margem de segurança
Sistemas de controle de estoques
Revisões periódicas
Quantidades fixas Duas gavetas ou
duas caixas
Rotação dos Estoques
Elevado coeficiente de
rotação (para as características da
empresa)
Médio coeficiente de rotação
Baixo coeficiente de rotação
Inventário Fìsico*
Alta frequência Ex: Trimestral
Média frequência Ex: Semestral
Baixa frequência Ex: anual
Frequência anual de
ressuprimentos Elevada Média
Baixa, de preferência única
Cadastro de Fornecedores
Pesquisa sistemática para
a seleção de novas fontes.
Acompanhamento rigoroso da evolução dos
preços
Menor rotação de fornecedores.
Acompanhamento menos rigoroso da evolução dos
preços
Baixa rotação de fornecedores. Baixo nível de
acompanhamento dos preços
Análise de Valor
Primeira prioridade para
desenvolvimento dos estudos
Segunda prioridade
Terceira prioridade
* Uma alternativa válida é o emprego da classificação ABC por custo unitário, e não por valor de demanda.
Vá além da sala de aula... Para ver mais exemplos e aprofundar-se no cálculo acesse: http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=1
1&canallocal=41&canalsub2=132&id=180
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REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald H.. Marketing Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2001.
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Marketing e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOWERSOX, Donald J.; Closs, David J.. Marketing Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
FLEURY, Paulo Fernando; Wanke, Peter,; Figueiredo, Kleber Fossati. Marketing Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
FOSSATI, Kleber/Paulo Fernando Fleury/Peter Wenk. Marketing e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
AGRADECIMENTOS:
Aos Professores Luiz Moura e Pablo de Barros que cederam parte desse material.