1ª Edição - Revista Literatura & Cia - 2014

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Entrevista exclusiva com o jornalista Laurentino Gomes

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Entrevista exclusiva com Laurentino GomesAutor da trilogia 1808, 1822 e 1889

Educação e Empreende-dorismo comOzires Silva

Universo da Literatura Infantil comChristinaHernandes

• Novidades do mundo dos livros

• Sugestões de livros

1ª Edição - Abril/Maio 2014

Expediente

Editorial Apresentamos a revista bimestral Literatura & Cia. A única revista do Vale do Para-íba e região focada exclusivamente em literatura e suas variáveis editoriais. Lançamentos, entrevistas, notí-cias do mercado editorial, colunas com personalidades literárias, educativas e do mercado empreendedor. Tudo isso em um layout clean e direto, sem meandros. Nessa primeira edição contamos com uma entrevista exclusiva do jornalista e autor do best-seller da trilogia 1808,1822 e 1889 Laurentino Gomes, que nos conta sobre esse fenômeno de vendas e também sobre a situação social e política do país na época até a atualidade. Contamos também com colunis-tas de renome regional e nacional. Nossa autora de livros infantis e juvenis Chris-tina Hernandes, assina uma coluna so-bre os livros infantis e sua importância na educação das crianças e jovens. Sobre educação e empreendedorismo teremos a coluna de Ozires Silva, renomado co-ronel da Aeronáutica e engenheiro, pro-jetou e construiu o avião Bandeirante e foi um dos fundadores da EMBRAER. Contamos com o apoio da maior agência de notícias editoriais do país, a Publish News, a qual fechamos parceria para utilizarmos suas novidades através de suas matérias e notícias do mundo editorial de autores, editoras e livros. Para finalizar, agradecemos nos-sos colaboradores, colunistas, o entre-vistado exclusivo Laurentino Gomes, os quais nos deram força e pela confiança

depositada, com a garantia de um traba-lho bem feito, com afinco e amor sobre o assunto: Literatura & Cia. Desejamos uma ótima leitura!

Patricia Borges

Realização:

Editora e jornalista responsável:Patricia BorgesMTB: 59.846-SP

Diagramação e editoração:Alexei Augustin Woelz

Assistente editorial:Laís Cristine de Sousa

Colunistas:Ozires Silva

Christina Hernandes

Colaboradores:Publish News

Tiragem:3.000 exemplares

Impressão:Focus Vale

Distribuidor:Robson Lanziloti

Distribuição Gratuita:São José dos Campos, Jacarei, Caçapava, Taubaté, São Luiz do Paraitinga, Lorena, Cruzeiro, Moreira

César, Aparecida, Pindamonhangaba e Roseira

Contato:Tel: (12) 3302-1533 / 9-8115-7506

revistaliteraturaecia@gmail.com

Não nos responsabilizamos pelas informações contidas nos anúncios publicados ou nas ma-térias assinadas, que não representam neces-sariamente a opinião do veículo.

Mercado editorial dos livrosChegada da Amazon nos HQs

empolga autoresO Globo - 28/04/2014 - Por Ramon Vitral

Há algo em curso no mundo dos quadrinhos virtuais. O consumo gratuito de gibis na internet reina soberano, mas autores e editores de HQs digitais operam em várias frentes para passar a lucrar com seus conte-údos. A compra da loja digital de quadrinhos ComiXology pela Amazon [adiantada em primeiríssima mão pelo PublishNews] foi o mais recente e categórico indício do potencial de um mercado virtual de gibis. “Quadrinhos digitais ainda não são rentáveis, pois a inter-net está cheia de coisa anteriormente impressa disponível de graça”, afi rma o desenhista bri-tânico David Lloyd, ilustrador do clássico V de Vingança. Para o sócio da brasileira Balão Editorial e editor de títulos disponíveis para compra online, Guilherme Kroll, a compra feita pela Amazon no início do mês é revela-dora em relação ao potencial do mercado. “A Amazon tem um perfi l de comprar e assimilar, então acho que a ComiXology se tornará uma parte integrante da corporação. Isso implica que o modelo de venda de quadrinhos que a ComiXology tinha era bom, rentável o bas-tante para interessar a Amazon. Resumindo, signifi ca que há dinheiro para ser ganho nesse mercado”, diz.

PL das biografi as deve ser votado nesta terça-feira

O Globo - 29/04/2014 - Maurício Meireles

O polêmico projeto de lei que autoriza a publicação de biografi as de personalidades públicas sem autorização do biografado ou seus herdeiros pode fi nalmente ser votado na Câmara dos Deputados. O PL 393/2011, do deputado Newton Lima (PT-SP) está na pauta de votação de hoje do plenário. Depois de cau-sar controvérsia entre deputados pró e contra a liberação das biografi as, a expectativa é que o projeto atinja a maioria de votos necessários para seguir para o Senado. “A minha expec-tativa é que não vá ser uma votação simples, uma vez que ainda há colegas que colocam o direito de imagem à frente do direito à in-formação e à liberdade de expressão, mas eu espero que a maioria compreenda que não é possível proibir a produção de livros. É preci-

so acabar com a censura prévia”, diz Newton Lima. A negociação entre os líderes de ban-cada para que o PL das Biografi as fosse vo-tado com urgência resultou em uma emenda ao projeto original, de autoria do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que agora prevê o uso de juizados especiais em processos de calúnia e difamação envolvendo biografi as, o que garantiria punição mais rápida nesses ca-sos. A emenda foi uma tentativa de se chegar a um consenso entre os parlamentares, mas ainda assim há deputados que se opõem à li-beração das biografi as não autorizadas.

O jornalista e autor Laurentino Gomes responde as perguntas ao Jornal Literatura & Cia sobre seu trabalho como autor dos livros 1808 – 1822 – 1889, lan-çados pela Editora Globo. Cada título conta a História do Brasil, desde a vinda da família Real para cá. Laurentino Go-mes trabalhou por muitos anos na Edi-tora Abril, e muito tempo depois seguiu com um antigo projeto sobre como contar de forma clara, objetiva e humorística so-bre a História de um Brasil cheio de histó-ria. Laurentino é um autor inovador por conseguir provar que é possível gostar de ler; e melhor, a aprender e a saber mais sobre fatos históricos. Principalmente quando se escolhe o caminho mais curto para isso, abordando através de uma lin-guagem coloquial, mais simples.

Laurentino Gomes - Entrevista

L&C - Laurentino, qual foi a importância e o objetivo em lançar a trilogia –1808 - 1822 -1889, contando sobre a história do Brasil aos leitores? A ideia dos números nas capas, e o subtítulo atraente seguin-do uma forma humorística, foi proposital para despertar curiosidade aos leitores, e consequentemente incentivar a leitura? Você acreditou nessa fórmula certeira para atrair o interesse a todo o tipo de lei-tor? Isso se deve a sua ideia ou ao marke-ting editorial? – Eu procuro demonstrar com os meus livros é que a História pode ser fascinante,

divertida e interessante, mas sem ser banal. Para isso, faço uso de todo o conhecimento e a experiência adquiridos como jornalista em mais de trinta anos de atividade como repórter e editor de jornais e revistas. Na essência, a pesquisa de um escritor para escrever um livro sobre História do Brasil é muito semelhante ao trabalho de reporta-gem. É preciso ler muito, consultar docu-mentos, confrontar diferentes fontes de informação na tentativa de chegar o mais próximo possível da verdade. A linguagem e a técnica jornalísticas ajudam a tornar a

História um tema acessível e atraente para um público mais amplo, não habituado ao estilo árido e, às vezes, incompreensí-vel dos livros acadêmicos. Portanto, tento servir de filtro entre a linguagem especia-lizada da academia e o leitor médio. Além disso, não me limito a pesquisar os livros e fontes tradicionais. Vou aos locais dos acontecimentos de duzentos anos atrás, mostrando como estão hoje. Procuro atualizar valores da época, fazer compara-ções e dar exemplos. O estilo dos três é o mesmo: capítulos curtos, pequenos perfis dos personagens e linguagem acessível. Isso explica também os subtitulos das três obras. Esse recurso bem humorado é usa-do com o propósito de provocar o interesse do leitor, como se faz, por exemplo, num título de capa de revista ou numa manche-te de jornal. No texto eu combino análises mais profundos dos acontecimentos e personagens com detalhes pitorescos, sur-preendentes e divertidos. Tudo isso ajuda a atrair e reter a atenção do leitor. E nin-guém precisa sofrer para estudar História.

L&C- Como se sente sendo considerado pela Revista Época uma das cem persona-lidades brasileiras mais influentes no ano de 2013? Você define esse valor agregado a sua pessoa pelo seu poder de persuasão através da forma como escreveu? – Para mim, é um grande orgulho rece-ber essa tipo de homenagem. Sinto como uma recompensa por ajudar os brasileiros, especialmente os leitores mais jovens, a gostar de História. Ser um escritor best-seller é mera consequência da reportagem bem feita, bem pesquisada e bem apurada. Um livro tem grande poder de transfor-mação. E o primeiro alvo da mudança geralmente é o próprio autor. Minha vida mudou bastante desde que lancei o “1808”,

na Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2007. Hoje passo boa parte do meu tempo lendo, pesquisando ou viajando pelo Brasil para dar aulas, fazer palestras e participar de sessões de autógrafos e conversas com os leitores. E confesso que nunca estive tão feliz. O reconhecimento e o contato com os leitores tem funcionado como um elixir da juventude para mim. Sinto-me renova-do e com muita energia para me dedicar aos futuros livros.

L&C- Toda essa sua ascensão e reconhe-cimento, lhe motiva mais a escrever sobre as várias histórias do Brasil? – Sim, eu tenho observado um interesse crescente pela História do Brasil e fico feliz por ter dado uma contribuição nesse fenô-meno. Nunca se venderam tantas obras so-bre o tema. Nas bancas de revistas é grande o número de publicações que trazem o título História na capa. Há inúmeros sites de internet e canais de TV por assinatura dedicados ao assunto. Acredito que isso não é mera conscidência. Durante décadas, o brasileiro relutou, com certa razão, a se identificar com a sua tortuosa história re-publicana, permeada por golpes militares, ditaduras, intervenções e mudanças brus-cas nas instituições, e brevíssimos períodos de exercício da democracia. A boa notícia é que essa história mal-amada talvez esteja finalmente mudando. O Brasil exibe hoje ao mundo quase três décadas de exercício continuado da democracia, sem rupturas. Isso nunca aconteceu antes. É a primeira vez que todos os brasileiros estão sendo, de fato, chamados a participar da construção nacional. É curioso observar que este mo-mento de transformação coincide também com aumento do interesse pelo estudo da História do Brasil. Acredito que os brasi-leiros estão olhando o passado em busca

de explicações para o país de hoje. Dessa maneira, procuram também se aparelhar mais adequadamente para a construção do futuro. Isso é uma excelente notícia.

L&C- Você já tem algum projeto para uma nova publicação? Pretende perma-necer na linha jornalística ou outro tipo de pesquisas históricas? – O livro 1889 é o encerramento de um ciclo na minha carreira como escritor. Te-nho vários projetos, mas nenhum definido até agora. Eu não excluo a possibilidade de fazer uma outra trilogia sobre a Histó-ria do Brasil, mas a fórmula de capa será diferente. De certeza, por enquanto, só sei que 1889 será o último livro com data e números na capa. Os próximos livros terão títulos diferentes. Gostaria de escrever um livro sobre a Guerra do Paraguai, outro sobre a Inconfidência Mineira, talvez mais um sobre as grandes rebeliões do período da Regência, entre a Abdicação de Dom Pedro I, em 1831, e a maioridade de D. Pedro II, em 1840. Essa é uma década fascinante, em que muitas ideias e muitos projetos de Brasil foram testados, às vezes a custa de muito sangue e sofrimento. Espero que, mesmo com uma nova receita de capa, continuem a fazer sucesso entre os leitores.

L&C- Em uma de suas entrevistas a TV, achei interessante o seu comentário refe-rente a mudança política e social no país. Você comentou que isso começou de uns

anos para cá, uns 30 anos. Que o Brasil é um país muito jovem, e que somente ago-ra ele começa a acordar, a mudar. Você pode citar um ponto na nossa coloniza-ção que justifique essa cultura enraizada de corrupção no nosso país? – É quase impossível entender o Brasil de hoje sem olhar para o passado, e estu-dar as nossas raízes históricas. Ao longo de sua história, o país falhou na tarefa de realizar coisas importantes, como prover educação para todos, reduzir a pobreza e formar cidadãos capazes de conduzir os seus próprios destinos em um ambiente de democracia. As pessoas participam pouco da atividade política, não vão a reuniões de condomínio ou de pais e mestres, desprezam os partidos políticos, os sindicatos e associações de bairro, ou seja, são totalmente ausentes das decisões que afetam a sua vida. Mas cobram muito do Estado. Acho que essa falta de interesse é uma herança da época da monarquia. É preciso lembrar que, na maior parte da nosa história, o Estado brasileiro foi construído de cima para baixo. Tivemos sempre um estado forte, centralizado, que organizava tudo, centralizava tudo, vigiava e controlava tudo. O rei ou um impera-dor teria a missão de cuidar do bem-estar geral. E nada se fazia sem a autorização do soberano ou de seus agentes. Um estado assim forte e centralizado é um indutor de corrupção. As pessoas se sentem tentadas a seduzir o agente público em troca de con-cessões, benefícios e privilégios que só o

estado pode conceder. Portanto, a melhor maneira de resolver o problema da corrup-ção é pelo exercício da democracia, o que, felizmente, vem acontecendo nos últimos anos. Pode demorar um pouco, mas tenho certeza de que no futuro, se perseverarmos nesse caminho, o Brasil será um país mais ético, honesto e digno de todos nós.

L&C- Você acredita que o Brasil ainda possa se tornar um país desenvolvido ou avançado em tecno-logia, comparando há países como Ale-manha e Estados Unidos? – Acho que o Brasil vai melhorar, mas não tanto nem tão rápido quanto nos imaginamos. É pre-ciso reconhecer que este é um país em de-senvolvimento, com enormes dificuldades estruturais, que in-cluem uma precariedade muito grande na educação, a ferramenta mais fundamental que existe para a construção de cidadania de qualquer coisa que nós queiramos ser no futuro. Portanto, o Brasil não vai virar uma nação de primeiro mundo amanhã. Isso envolve uma mudança cultural mais demorada do que imaginamos. Ainda as-sim, não podemos perder a esperança nem cair no cinismo, pensando que a socieda-de toda é corrupta mesmo, violenta por natureza e sem conserto. Cinismo é achar que todo mundo é corrupto, por isso tam-bém vou corromper. A falta de esperança somada ao cinismo é muito perigosa. Ou essa combinação conduz a um processo de acomodação geral, com uma sociedade

que não reage mais, dominada pela violên-cia e pela corrupção, ou leva ao golpismo.

Laurentino você tem recebido elogios e admi-ração por parte de professores, lhe parabeni-zando da forma como abordou fatos históri-cos. Relatando a história de forma simples e humorística, através de sua escrita coloquial, com o propósito de aproximar o leitor de seus livros.

L&C- Você se sente satisfeito, realizado, com o sentimento de missão cumprida e atendida por parte dos professores de histó-ria, os quais te elogiam e admiram por conse-guir expressar pesqui-sas e fatos históricos dessa forma diferente aos padrões de livros de História? – Isso me deixa mui-to feliz. Meu objetivo

inicial era fazer apenas um bom livro reportagem, que tornasse a história da fuga da família real portuguesa para o Brasil acessível a um público mais amplo. Para minha surpresa, no entanto, a repercus-são acabou sendo positiva também entre professores e estudantes. Os três livros já foram adotados como obras para-didá-ticas por diversas escolas no país inteiro. Quero ser uma porta de entrada para esses estudantes, de maneira que os meus livros ajudem a despertar neles o interesse pela História do Brasil, de tal forma que, mais tarde, eles se animem também a ler trabalhos mais profundos e densos, como “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda.

L&C- O que você aconselharia aos alunos de ensino fundamental e médio para que venham se interessar por leitura histó-rica, já que muitos não se entusiasmam nem por ler. Qual dica você daria aos edu-cadores para estimular a leitura em sala de aula? – Acho que é importante não limitar as atividades em sala de aula aos livros didáticos e à grade curricular. Infeliz-mente, boa parte dos livros de História do Brasil, em especial as obras didáticas, não conseguem seduzir os leitores, muito menos as crianças e adoles-centes. Acredito que seja um problema de linguagem. Esses livros usam uma linguagem peculiar das universi-dades e centros acadê-micos, muito técnica e difícil de entender por parte de um leitor comum, não especializado no tema. Nas escolas, os estudantes frequentemente são obrigados a decorar nomes e datas sem ter a noção do que eles significam. É preciso mudar essa triste realidade. Hoje existe uma infinidade de outros recursos que podem ser utilizados para atrair o interesse dos estudantes. São filmes, revistas, histo-

rias em quadrinhos, sites de internet, entre outros formatos que ajudam a tornar uma aula mais interessante. Eu, por exemplo, preocupei-me em fazer versões juvenis dos meus livros, com linguagem mais ade-quada e ainda mais acessíveis ao público adolescentes. História é, por natureza, um tema controvertido, que oferece múltiplas visões sobre os fatos e personagens. A história do Brasil, em particular, é muito

carregada de estereó-tipos, mitos e versões que nem sempre tem a ver com a realidade. Nos filmes e minis-séries de TV, D. João aparece sempre como um rei bobalhão, gu-loso, que não tomava banho e era incapaz de tomar decisões. Será que era assim mesmo? Está aí um bom tema para dis-cussão com os alunos. Então, é fundamental que os professores promovam discussões

em sala de aula para desenvolver o espírito crítico nos estudantes. A História é uma ferramenta de construção de identidade coletiva e individual. Uma sociedade que não estuda História não consegue entender a si própria porque desconhece suas raízes e as razões que a trouxeram até aqui. E, se não consegue entender a si mesma, pro-

“Os estudantes muitas ve-zes lêem autores maravi-lhosos, como Machado de Assis ou Aluisio de Azeve-do, com grande enfado só porque vai cair na prova. É um obrigação tão pesa-da que os acaba afastando

de vez dos livros.”

vavelmente também não estará preparada para construir o futuro de forma organi-zada e estrutura. O estudo de História é hoje, talvez até mais do que qualquer outra disciplina, uma ferramenta fundamental na construção do Brasil dos nossos sonhos em um novo ambiente de democracia.

L&C- Alguns educadores e mestre em Li-teratura acreditam ser correto os alunos iniciarem suas leituras com todo o tipo de livro. Você concorda que o aluno tem que ler todas as linhas editorias, até a um gibi? Ou você acredita que alunos tem que começar a ler e a estudar a lista de li-vros clássicos, como Carlos Drumond de Andrade, Mário Quintana, Machado de Assis, dentre muitos outros autores con-sagrados? – Acho que a leitura deve ser, sempre que possível, sinônimo de prazer e nun-ca de obrigação. É errado impor a leitura dos clássicos brasileiros nas escolas pelo sistema de avaliação nas provas, sem que isso ajude a desenvolver de fato o gosto pela leitura. Os estudantes muitas vezes lêem autores maravilhosos, como Macha-do de Assis ou Aluisio de Azevedo, com grande enfado só porque vai cair na prova. É um obrigação tão pesada que os acaba afastando de vez dos livros. Por isso, acho que a introdução à leitura deve aconte-cer de forma suave, através de qualquer formato e conteúdo disponível e atraente para as crianças e os jovens. Isso incluem best-sellers, como os da série Harry Potter, e também livros e revistas em quadrinhos. Todo estímulo à leitura é bem vindo.

L&C- Laurentino você conhece as cidades onde fica o vale histórico do Vale do Pa-raíba? E o que você diria sobre São José dos Campos, que é considerada umas das

cidades que já foi figurada de maior PIB, e uma das maiores em pólo tecnológi-co brasileiro, sede de grandes empresas, como a Embraer? – Já visitei o Vale do Paraíba diversas vezes, e tenho a maior admiração pelas cidades dessa região. O vale foi cenário de um dos eventos mais importantes da História do Brasil, a jornada do então príncipe regente Pedro, herdeiro da coroa portuguesa, em direção às margens do Ipiranga. Descrevi em detalhes essa via-gem no meu livro 1822, e ainda gostaria de fazer um documentário reproduzindo esse roteiro hoje. É um dos meus projetos para os próximos anos.

L&C- Todo ano é realizado uma pesqui-sa por órgãos competentes levantando dados estatísticos que apontam o índice de leitura pela população brasileira. O quadro tem se mostrado baixíssimo. Tem leitor que não chega a ler nem um livro por ano. Você acredita que esse quadro possa mudar, melhorar com o decorrer dos anos? – A escola tem papel fundamental no incentivo à leitura, mas não consegue enfrentar sozinha esse desafio. Uma pes-quisa recente mostrou que o brasileiro lê, em média, menos de um livro por ano. É muito pouco comparado com os países europeus, em que o índice de leitura às vezes é superior a dez exemplares por ano por pessoa. Mas a mesma pesquisa mostra que 60% dos brasileiros não leitores nunca viram o pai ou a mãe com um livro nas mãos. O hábito da leitura se adquire, por-tanto, principalmente em casa. Essa é uma mudança cultural na qual a escola pode ajudar, mas é muito mais ampla e extrapola os limites do sistema de ensino.

Ozires Silva - Educação e Empreendedorismo

Podemos avaliar e concluir que o mundo vive momentos de cres-

cente competência. Os produtos e serviços que recebemos do exterior, em particular do Hemisfério Norte, são crescentemente mais inteligentes e oferecem maior capa-cidade de uso com grande proficiência, dentro de espectros aplicativos os mais amplos. São resultados diretos de projetos e de instalações sofisticadas, levados a cabo por pes-soas e equipes, bem for-madas e treinadas, em geral com graduação de alto nível em escolas competentes. Não são poucos, entre autorida-des, especialistas e mes-mo leigos, que buscam a analisar os fatores que levam à criação de con-dições e fatores nacio-nais que permitem tais resultados. E o que se nota é que, quanto mais se pensa sobre o assunto, mais surgem discussões sobre a importância da educação e dos cursos de treinamento para criar forças de trabalho capazes de identificar o novo e desenvol-ver resultados que nos levam, a todos, a avançar e crescer na estrutura mundial do conhecimento. Estamos falando de algo entre os mais importantes atributos do

mundo moderno e, certamente, responsá-veis por essa verdadeira revolução, sob a qual vivem as gerações do presente e cer-tamente viverão as do futuro. Em face desse cenário, quanto mais cada um de nós tenha estudado ou quan-to maior seja nossa graduação pessoal na escada do aprendizado, da cultura e do sa-ber, mais constatamos que ainda há muito o que debater para se obter maior eficiên-

cia possível nos mé-todos e processos de transmissão do conhe-cimento. Tais debates avançam. E, mesmo nos países mais avan-çados e que maiores resultados colhem na competição mundial, todos ainda pensam que ou estão atrasados ou perdendo competi-ção contra outros. As competições so-bre educação que po-

voam os comentários e publicações mun-diais mostram algumas nações obcecadas por melhores escolas, por níveis crescen-tes de aptidão matemática e por capacida-de para dotar seus cidadãos de maior de-senvoltura no campo das ciências exatas. Há grandes discussões e reclamações nos Estados Unidos, Cingapura, Hong Kong e outros, contestando que suas escolas ain-da precisam melhorar. Preocupações des-

Uma prioridade mundial

“sem o incremento das artes, litera- turas, músicas e huma- nidades– não estariam criando gerações exces- sivamente técnicas, que perdem sua capacidade de criar e inovar.”

Ozires Silva - Educação e Empreendedorismo

se tipo, vindas de mais e mais fazedores de opinião e especialistas, não deixam de mencionar que o ensino nos seus respec-tivos países não parecem estar gerando “inovadores” em número ou em níveis de competência suficientes. Índia, Coreia do Sul e China, que já muito avançaram sobre seus processos educacionais e têm surpreendido e mesmo assustado o mundo, com seus crescentes exércitos de engenheiros, também estão se perguntando se matemática e ciência demais — sem o incremento das artes, li-teraturas, músicas e humanidades– não estariam criando gerações excessivamente técnicas, que perdem sua capacidade de criar e inovar. E tais preocupações pare-cem válidas, pois embora o progresso eco-nômico e crescente presença de produtos que se apresentam no mercado mundial, nota-se que muitas áreas do mundo muito pouco têm contribuído, com produtos glo-bais, resultantes de inovações que, rom-pendo com presente, chegam ao futuro com sucesso. A reclamação básica vem da busca pelos jovens de especializações em engenharia e em cursos de gestão de proje-tos ou de administração, afirmam muitos especialistas, acrescentando que estão se

afastando das culturas sociais e que, se não tivermos pessoas com suficiente conheci-mento sobre ciências humanas, podemos perder competição com próximas gera-ções do mundo desenvolvido. “Nós precisamos encorajar uma maior incubação de ideias para tornar a inovação uma iniciativa nacional”, disse Azim Premji, o presidente da Wipro, um das principais empresas de tecnologia da Índia. Estamos no início de convergência global na educação: China e Índia tenta-rão inspirar mais criatividade em seus estudantes, e Estados Unidos serão mais rigorosos em matemática e ciências. São abordagens diferentes que podem criar diferenças. Mas alguns vencerão mais que outros, e serão aqueles que possam mais cedo atingir equilíbrio entre técnica e a arte, produzindo especialistas que tam-bém sejam humanos.

se obter maior eficiência possível”

“Nós precisamos encorajar uma maior incubação de ideias

para tornar a inovação uma iniciativa nacional”

“ainda há muito o que debater para

Christina Hernandes - Universo Infantil

Escrever historia in-fantil aconteceu por aca-so na minha vida. Estava

um dia sentada à frente da minha máquina de datilografia, pensando: “o que vou fazer com isto? Queria uma máquina de costu-ra!” Como não era possível mudar a reali-dade, resolvi tornar a máquina de datilo-grafia em algo útil e inesquecível na minha vida. Assim meio que sem querer, comecei a escrever, não sei bem o que, até aquele momento. Era meados de 1997, me pegava com fre-qüência, preocupada com o futuro das crianças, com sua infância sendo atrope-lada com tantas informa-ções que se pronunciavam. Pensei, pensei, e de repen-te fui tomada por um devaneio fantástico, fruto da minha rebeldia inocente de trazer à tona a criança abafada, escondida dentro de mim. Permitindo-me libertá-la,a fanta-sia desabrochou como num milagre divi-no, nascendo uma singela história, baseada nas cantigas, nas parlendas, e tantas outras brincadeiras que embalavam a criatividade dos amiguinhos da minha infância, respon-sáveis pela paixão e amor que tenho pela vida. Surge o personagem Minguinho buscando respostas fora dele para sua feli-cidade. Após muito procurar encontra um ancião, que lhe diz para se permitir e será feliz.

Seguindo este caminho, na busca de respostas, surgiram muitas outras his-torias, cada qual com seu enredo partindo das inquietações infantis do seu dia-a-dia, transportando para a linguagem simbóli-ca, trazendo na fantasia a possibilidade de transformar aquilo que parecia impossível. Não tenho a experiência de escrever histórias de fadas, princesas exclusivamen-te, mesmo assim, elas apareçam algumas

vezes, nos enredos das mi-nhas tramas retratando o desejo infantil de resolver seus conflitos com algo extraordinário, fruto dos seus sonhos, da fantasia permitindo que conti-nuem vivas, tendo espe-rança na vida e na solução dos seus dilemas.

A criança tem no imaginário o seu porto seguro, onde pode viver o que qui-ser, como quiser, lhe dando a possibilidade de ser ela mesma. Por sua aparência física frágil alguns adultos as subestimam, não é o meu caso, pois uso a provocação para ins-tigá-las à reflexão. Alguns dos meus livros: ”Caverna de Cristal”, onde o personagem principal é um cabide, que decide procurar a liberda-de, “Árvores Guerreiras”, a solução do des-matamento decidido pelas árvores, “Pena e Papel”, o questionamento dos elementos da natureza, o qual esse livro recebeu pre-mio da Secretaria de Estado da Cultura em 2008.

Da fantasia a realidade sem perder os sonhos

“Um distancia- mento cada dia mais gritante das crianças pelas questões cívicas.”

Christina Hernandes - Universo Infantil

Sei escrever partindo da realidade, dos medos, das incertezas, dos conflitos fa-miliares, da aceitação do sim ou não, enfim, dados do cotidiano infantil tantas vezes es-quecido, talvez negligenciado pela incapa-cidade do adulto, também de enfrentar suas questões internas, mal resolvidas, assim, as deixamos a sua própria sorte. Matutando sobre tudo que já ouvi das crianças, educadores, pais, ao longo dos quinze anos de carreira literária, comecei a observar outros esquecimentos. Um distan-ciamento cada dia mais gritante das crian-ças e adolescentes pelas questões cívicas. Preocupada com o assunto, me pro-pus escrever historias que resgatassem, ou ao menos plantassem a semente da inquie-tação no imaginário infantil. Surgiu Filó. Seu nascimento se deu quando das Come-morações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, surge a historia “Filó, a Explora-dora”, uma baratinha que se une aos amigos e embarca nas naus de Pedro Álvares Ca-bral e vem para o Brasil, participar do seu descobrimento. Continuando minhas próprias in-quietações, criei a coleção Filó homenage-ando nosso país, numa tentativa de trazer à tona o espírito da nacionalidade, o amor

à pátria, e nós brasileiros retomar nosso es-paço como cidadãos. Surgem as historias dos hinos pátrios. Pensando sempre na liberdade de expressão, me aventurei no campo dos con-tos, poesias, trovas, romances (ainda não publicado), com participação em 23 (vinte e três) coletâneas, duas publicadas na Fran-ça e dois contos publicados em coletânea infantil no Uruguai. O caminho e a criação continuam, outras historias, coleções, estão aguardan-do edição. Não tenho pressa, após uma vida inteira vivida com muita alegria, entendo que não precisamos ter pressa, o que está reservado para nós acontece, é a lei divina. Esta sou eu, assim que eu sou, preo-cupada com aquilo que está além e tão per-to de todos nós.

“A criança tem no imaginário o seu porto seguro, onde pode viver o que quiser, como quiser, lhe dando a possibilidade de ser ela mesma”

Livros - Sugestões

“Fruto de 20 anos de pesquisa e entrevistas, esta obra vai além dos limites biográficos apresentando textos inéditos, depoimentos de familiares, primeiras poesias e rico acer-vo fotográfico, a poeta e pesquisadora Rita Elisa Seda e o sociólogo Clóvis Carvalho Britto apresentam um retrato fiel da vida pessoal e artística de Anna Lins dos Guimarães, a Cora Coralina, uma das principais poetisas brasileiras reconhecida internacionalmente.”

É uma obra em que os autores idealizaram com grande sen-sibilidade. As pessoas que se dedicam a esta difícil tarefa de cuidar de idosos, terão a seu alcance, um texto abrangente, de fácil entendimento e muito didático.Agregando a experiência de longos anos com a pastoral da saúde e com o cuidado de pacientes de todas as idades, mas especialmente com os idosos. Os autores puderam elaborar essa obra, que vem preencher uma lacuna importante sobre esse tema: cuidar de pessoas idosas.Pois é preciso muita direção, amor e acima de tudo, idealismo.

É um livro gostoso de se apreciar e ler, devido a fácil leitura através de suas histórias e causos, em que todos podemos nos identificar. Cada leitura avançada é um capítulo novo com histórias levemente divertidas, algumas até surpreen-dentes.Você acredita? É um título sugestivo que surgiu pe-las histórias contadas e escritas pelo próprio autor , o qual se inspirou em atividades de lazer e curtição com amigos, festas, confraternizações de trabalho e outras situações cabendo o autor Nilson Amorin formar diversos contos.

Biografia

Manual Técnico

Contos

É uma linda historia que conta de forma leve a importância da preservação das praias e mares. O personagem Gabriel nos emociona no livro por demonstrar grande sentimento para o que precisamos cuidar com muito amor: a natureza.

A obra tem como objetivo apresentar aos pequenos leitores o processo de criação da letra e da música do Hino à In-dependência do Brasil. O livro ensina de maneira lúdica e divertida seu significado, amor à pátria e respeito aos símbolos nacionais.

Eve Mendes, e uma menina dependente dos pais e sonhadora. Em sua vida nada de extraordinário acontecia, mas logo, isso mudou.De uma vida rotineira, passa para uma vida com confusoes, mistérios e um sentimento estranho, maior que o amor verdadeiro. Uma paixão inexplicável terá um grande obstáculo, a qual não se sabe se será possível ultrapassá-lo. Uma historia que cativa o leitor do comeco ao fim.Tudo isso por causa de um único menino, Mark Danner. Essa história vai ter um final feliz ou surpreendente?

Infantil Educativo

Infantil Educativo

Romance Juvenil