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A  R T I   G O A  R 

T I   C L E 

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¹ Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Saúde, Laboratório deEpidemiologia eAntropologia Médica,Centro de Pesquisas RenéRachou, Fiocruz. Av.Augusto de Lima 1715/610,Barro Preto. 30.190-002Belo Horizonte MG.wagnerjorge@cpqrr.fiocruz.br² Núcleo de Estudos emSaúde Pública eEnvelhecimento, Fiocruz,UFMG.

Enfrentamento da incapacidade funcional por idosospor meio de crenças religiosas

Coping with functional disability among the elderly by means of religious beliefs

Resumo  O modo como as pessoas lidam com oestresse da vida é conhecido como o processo decoping  ou enfrentamento. Fala-se de coping  re-ligioso quando a pessoa utiliza crenças e compor-tamentos religiosos para facilitar a resolução de problemas, prevenir ou aliviar consequências emo-cionais negativas estressantes, dentre as quais a

incapacidade funcional. O objetivo do presentetrabalho foi investigar o papel da religiosidadecomo estratégia de enfrentamento da incapacida-de funcional entre idosos. Foi utilizada a aborda- gem qualitativa, constituindo-se em um estudoetnográfico observacional, cuja amostra incluiu57 idosos da cidade de Bambuí, Minas Gerais. Omodelo dos signos, significados e ações foi utiliza-do na coleta e análise dos dados. A religiosidadedos idosos entrevistados sugere que suas crenças etradições religiosas ajudam a explicar e a enfren-tar o sofrimento experimentado por eles na vigên-cia ou iminência da incapacidade funcional. Oenfrentamento religioso reforça o fatalismo pre-

sente na crença religiosa que espelha a fatalidadeda velhice com incapacidade como um código so-cial aceito e naturalizado, mas também colabora para minimizar a responsabilidade social pelocuidado do idoso e revela a descrença nos serviços públicos de saúde existentes.Palavras-chave Enfrentamento religioso, Idoso,Incapacidade funcional, Serviços públicos de saúde

Abstract The way people deal with the stress of life is known as the process of coping or confronta-tion. We speak of religious coping when a personuses religious belief and behavior to facilitate prob-lem solving, to prevent or alleviate stressful nega-tive emotional consequences, notable among whichis functional disability. The objective of this study 

was to investigate the role of religion as a strategy  for coping with disability among the elderly. Aqualitative approach, consisting of an observation-al ethnographic study was employed, the sample for which included 57 elderly individuals fromBambuí, Minas Gerais. The model of signs, signif-icances and actions was used in collecting and analyzing data. The religiosity of the elderly re-spondents suggested that their religious beliefs and traditions help explain and address the suffering experienced by them in the presence or imminenceof functional disability. Religious coping reinforc-es the fatalism existing in the religious belief that mirrors the inevitability of old age with disability 

as an accepted and natural social code, but alsohelps to minimize the social responsibility for thecare of the elderly and reveals the disbelief in exist-ing public health services.Key words  Religious coping, Elderly, Functional disability, Public health services

Wagner Jorge dos Santos 1

Karla Cristina Giacomin2

Josiane Katherine Pereira 1

Josélia de Oliveira Araújo Firmo 2

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Introdução

Nos dias atuais cresce o interesse acerca da rela-ção entre religião e saúde nas ciências sociais,

comportamentais e da saúde segundo apontam jornais e revistas de impacto na saúde pública ena medicina1. Nas ciências da saúde, os traba-lhos constatam a diversidade de implicações quea religiosidade pode ter no processo saúde/do-ença2 e enfatizam seu papel enquanto estratégiade enfrentamento na experiência desse processo.

As estratégias de enfrentamento com base nareligiosidade incluem o uso da religião, espiritu-alidade ou fé para lidar com o estresse e as conse-quências negativas geradas pela experiência dosproblemas da vida3,4. Essas estratégias podem serclassiûcadas como positivas ou negativas, con-forme associadas, respectivamente, a melhores

ou a piores resultados na saúde física/mental3.O conceito de enfrentamento religioso deli-

neado a partir do estudo cognitivista do estressee do coping 3  é entendido como uma transaçãointerativa na qual pessoa e ambiente estabelecemrelações dinâmicas, mutuamente recíprocas e bi-direcionais5,6. Nesse Modelo Interativo de Estres-se6, o enfrentamento é definido como “esforçoscognitivos e comportamentais voltados para omanejo de exigências ou demandas internas ouexternas que são avaliadas como sobrecarga aosrecursos pessoais”7, sendo a seleção das respos-tas de enfrentamento mediada por avaliaçõescognitivas5. Nestas, o pensar e o agir configuram

o percurso do sujeito diante de sua experiênciade enfrentamento de situações estressantes e ne-gativas. Para isso, o sujeito faz uma avaliaçãoprimária analisando a situação em seus aspectosdesafiadores, prejudiciais e ameaçadores, e umaavaliação secundária em que são analisados osrecursos disponíveis para o enfrentamento dasituação5. As repostas de enfrentamento são asalternativas onde o elemento negativo e de es-tresse do ambiente é controlado, podendo serclassificadas em duas categorias de acordo coma sua função: o enfrentamento centrado no pro-blema e o enfrentamento centrado na emoção5,8,9.

O enfrentamento centrado no problema re-

fere-se aos esforços para administrar ou alteraros problemas, ou melhorar o relacionamentoentre as pessoas e o seu meio9. São estratégiasadaptativas voltadas para a realidade, que bus-cam o manejo ou a modificação da situação cau-sadora de estresse, na tentativa de remover ouabrandar a fonte estressora e de controlar oulidar com a ameaça, dano ou desafio5.

O enfrentamento centrado na emoção é a ten-tativa de substituir ou regular o impacto emoci-

onal do estresse no indivíduo. Deriva de proces-sos defensivos e faz com que as pessoas evitemconfrontar conscientemente a realidade de ame-aça9. Sua função primordial é regular a resposta

emocional causada pela situação problema coma qual a pessoa se depara. Apresenta-se em atitu-des de afastamento como negação ou esquivaem relação à fonte de estresse5. Essas duas for-mas de enfrentamento são inter-relacionadas,visto que as pessoas, diante de um mesmo even-to estressor podem utilizá-las simultaneamente.

Dois pressupostos do processo de enfrenta-mento são importantes: a) os eventos são inter-pretados pelas pessoas de acordo com os signifi-cados que elas lhes atribuem. Nessa perspectiva,o que torna uma experiência estressante não é oevento em si, mas a avaliação do sujeito sobre oevento, traduzindo a situação como negativa e

estressante5,10; b) a interpretação do sujeito é in-fluenciada pela cultura, o que modela a avaliaçãoda situação, o quadro de referência e os sistemasde orientação das pessoas no mundo, privilegi-ando estratégias de enfrentamento muito parti-culares para cada contexto sociocultural5.

Na velhice, uma condição que pode gerar so-frimento é a incapacidade funcional, compreen-dida como o conjunto de limitações e dificulda-des que o indivíduo apresenta ao realizar ativi-dades cotidianas em qualquer domínio da vidaou a restrição na sua participação social 11,12. Aavaliação que o sujeito idoso faz da sua experiên-cia corporal de incapacidade considera o seu qua-

dro de referência pessoal, sustentado nos dadosda cultura que confere significado à sua experi-ência. O modo como a pessoa lida com o estres-se resultante da experiência da incapacidade fun-cional é também um processo de coping  ou en-frentamento.

Portanto, no contexto de progressivo enve-lhecimento populacional brasileiro, é importan-te conhecer como as pessoas lidam com seus pro-cessos de envelhecer e como os enfrentam. Se asciências da saúde têm buscado conhecer e explo-rar a diversidade de implicações que as estratégi-as de enfrentamento podem ter nos fenômenosrelacionados à saúde e ao adoecer2, de modo si-

milar, deveriam se interessar pelo contexto soci-ocultural do envelhecer no nosso meio. O pro-cesso de enfrentamento ao envelhecer com inca-pacidade, especificamente o coping  religioso, ain-da é pouco estudado no Brasil embora haja mui-tas evidências empíricas de que este último estejaassociado ao processo saúde/doença e à quali-dade de vida3. A necessidade de aumentar a pro-dução acadêmica científica de conhecimento nes-sa área é justificada pela relevância da temática

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religião na sociedade brasileira5, uma vez que oBrasil é o país com maior número de católicosno mundo13 e que a atual geração de idosos so-freu grande influência desse matiz religioso em

sua formação. O objetivo deste estudo é investi-gar o papel da religiosidade como estratégia deenfrentamento da incapacidade funcional entreidosos participantes da Estratégia Saúde da Fa-mília, residentes na cidade de Bambuí, MG.

Percurso Metodológico

Quadro Teórico

Uma das grandes contribuições da antropo-logia para saúde foi a construção de um quadroconceitual e metodológico inovador que investi-

ga o envelhecimento a partir da perspectiva êmi-ca14. Nessa metodologia a interpretação do cien-tista é construída na visão dos entrevistados enão como uma discussão da concepção do pes-quisador ou da literatura15. Na presente pesqui-sa, o idoso foi convocado a falar sobre a vida esobre si, especificamente sobre suas condições desaúde e eventual experiência de incapacidade fun-cional. Isso possibilitou ao pesquisador o mer-gulho no ambiente local e cultural desse idoso,lugar onde ele se organiza e lhe confere significa-dos particulares sobre a sua própria experiência.

A abordagem interpretativa da antropologiautilizada na presente pesquisa muda o foco da

doença como uma entidade biológica para a ex-periência da doença em um determinado contex-to social e cultural. Ressalte-se que em humanos,os fenômenos nunca são apenas um, pois elesestão sempre imbuídos de significado na junçãoentre os quadros pessoal e coletivo16. Esse signi-ficado é apropriado pelos pesquisadores da an-tropologia interpretativa como o elemento queinfluencia o curso da doença moldando a experi-ência subjetiva e o comportamento individual esocial em resposta à doença16.

Ampliando a possibilidade de aplicação doconceito de experiência, a religião pode ser indi-vidual, mas atua coletivamente17. Essa distinção

feita por Geertz18  relativiza a religião tal comoconcebida por William James no final do séculoXIX, como “os sentimentos, atos e experiênciasde homens individuais em sua solidão, na medi-da em que eles se apreendem como estando rela-cionados com o que possam considerar divino”19.

A experiência religiosa concebida por Willi-am James como simples sentimento produz umsentido individualista, com uma proposta maispsicológica e subjetiva. Em Geertz a religião deixa

de ser um assunto privado e individual apenas,atingindo avassaladoramente, por meio da cul-tura, o público em suas múltiplas expressões20.O movimento das questões e identidades religio-

sas vai em direção ao centro da vida social. ParaGeertz18 a contemporaneidade faz evidenciar queo “beliscão do destino” – metáfora da religião emWilliam James – não está escondido no silêncioda alma solitária, mas parece estar bem presenteno campo social e cultural.

No universo da cultura, os símbolos sagra-dos sintetizam o ethos de um povo e a sua visãode mundo21. A religião para Geertz21 é um siste-ma simbólico responsável por um determinadotipo de comportamento social que estrutura aexperiência e a expressa em certa coerência práti-ca. Assim a religião pode ser definida como “umsistema de símbolos que atua para estabelecer

poderosas, penetrantes e duradouras disposiçõese motivações nos homens através da formulaçãode conceitos de uma ordem de existência geral evestindo essas concepções com tal aura de fatua-lidade que as disposições e motivações parecemsingularmente realistas”21.

A religiosidade diz respeito ao nível de envol-vimento religioso e o reflexo desse envolvimentona vida da pessoa, o quanto isso influencia seucotidiano, seus hábitos e sua relação com o mun-do22. Na presente pesquisa o termo religião/reli-giosidade reflete a experiência do grupo estuda-do e refere-se especificamente ao Cristianismo,nas tradições religiosas com sua vertente funda-

mentalmente católica.

Local de estudo

A pesquisa foi conduzida na área urbana dacidade de Bambuí, município do centro-oeste doestado de Minas Gerais que possui uma popula-ção estimada em 2010 de 22.734 habitantes23. Omunicípio passa por um progressivo fenômenode urbanização, com evolução significativa napopulação rural que representava 84% em 1950,27% em 1991 e em 2010 representa apenas 15%da população total do município. A composiçãoetária da população também apresenta envelhe-

cimento progressivo: em 1960, 3,8% dos habi-tantes apresentavam 60 ou mais anos de idade;5,1% em 1970, 7,3% em 1980 e 9,3% em 1991, esegundo o senso do IBGE de 2010 essa popula-ção passou a representar 15,9%. O crescimentoda população idosa neste município foi maior(7,1%) do que no país em geral (6,2%) no perío-do compreendido entre 1991 e 200924. O Mapada Pobreza e Desigualdade do município mostraque há uma incidência de 32,47% da população

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em estado de pobreza23,25. Não existem institui-ções de longa permanência para idosos26. É fortea presença da religião católica no município, re-presentando 88% da população total em 201023.

População de estudo

Para reconstruir o universo de representa-ções (maneiras de pensar) e comportamentos(maneiras de agir) associados à incapacidadefuncional foram selecionados 57 idosos com 60anos ou mais residentes em Bambuí, cadastra-dos nas 6 Unidades Básicas de Saúde e assistidospela Estratégia Saúde da Família. A escolha dosparticipantes do estudo foi baseada em critériosque visaram garantir a heterogeneidade dos par-ticipantes, segundo o território da ESF, o gênero,a idade e a condição funcional. Somente foram

selecionados e entrevistados idosos sem altera-ções cognitivas que impedissem a realização dasentrevistas.

Na perspectiva da abordagem qualitativa foiutilizado o critério de saturação para regular otamanho da amostra27. Para isso, foram identi-ficados fatores operacionais de redundância erepetição dos dados, fatores teóricos de consis-tência e representatividade de elementos associa-dos à incapacidade e à qualidade das informa-ções obtidas sobre funcionalidade, contribuindopara a decisão de um determinado ponto de sa-turação amostral.

Coleta e análise dos dados

Foram realizadas entrevistas com os idososem seu domicilio. A técnica de pesquisa utilizadana coleta de dados foi a entrevista semiestrutu-rada, permitindo a ampliação do campo de falados idosos pertencentes à amostra. Todas as en-trevistas foram gravadas após consentimento li-vre e esclarecido dos informantes.

O modelo de Signos, Significados e Ações, de-senvolvido por Corin et al.28 foi utilizado na co-leta e análise dos dados, em razão do mesmopermitir a sistematização dos elementos do con-texto que participam da construção de maneiras

típicas de pensar e agir diante da incapacidade14.Este modelo tem origem na corrente interpreta-tiva em antropologia, na qual emerge uma novaconcepção da relação entre indivíduos e cultu-ra29, segundo a qual a cultura constitui um uni-verso de símbolos e significados que permite ossujeitos de um grupo interpretar suas experiên-cias e guiar suas ações21.

Corin et al.28 parte do comportamento con-creto dos indivíduos para reconstruir as lógicas

conceituais subjacentes a esses comportamen-tos14. Assim, para reconstruir o universo de re-presentações e comportamentos associados àincapacidade pelos idosos residentes em Bambuí

as entrevistas tiveram inicialmente algumas per-guntas geradoras que conduziram a perguntasabertas abordando o contexto biopsicossocial,os recursos, o impacto e o significado da incapa-cidade.

As entrevistas gravadas foram posteriormen-te transcritas, permitindo na leitura atenta e cui-dadosa a identificação de unidades de significa-do que compõem a comunicação e a criação dascategorias analíticas, fundamentando a análisedos dados na interação entre as diferentes cate-gorias e sua articulação com o contexto socio-cultural vigente30. Nas unidades de significado foidestacado o sentido geral da fala dos idosos e

para as categorias analíticas, as frases, palavras,adjetivos, concatenação de idéias, e sentidos es-pecíficos da fala dos entrevistados que estives-sem associados às estratégias de enfrentamentoda incapacidade funcional. Para assegurar o ano-nimato dos entrevistados eles foram identifica-dos pelo sexo (M ou H) e pelo número de sequ-ência de realização da entrevista.

Aspectos éticos

Esta pesquisa é parte de um projeto maiorintitulado Abordagem Antropológica da Dinâmi-ca da Funcionalidade em Idosos que foi submeti-

do à análise e aprovado pelo Comitê de Ética empesquisa com seres humanos do Centro de Pes-quisa René Rachou. Todos os participantes assi-naram um termo de consentimento, em acordocom a Resolução nº196/1996 do Conselho Nacio-nal de Saúde31.

Resultados e Discussão

Considerando que os comportamentos religio-sos são bastante frequentes na idade avançada2,a religiosidade mostrou-se um quadro de refe-rência pessoal importante para os idosos de Bam-

buí. Isso se revela na sua maneira de pensar avida e experimentar o cotidiano, sendo evidenci-ado na cultura pelos signos que sustentam cole-tivamente o seu discurso religioso. Para Geertz21

o discurso cultural denota um padrão de signifi-cados construídos e transmitido historicamenteonde se desenvolve e perpetua o conhecimento eas maneiras de atuar na vida.

O discurso apresentado no campo de fala dosidosos bambuienses evidenciou a religiosidade

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como estratégia recorrente de enfrentamento daincapacidade funcional e serviu de base para oprocesso investigativo que se desenhou. A dire-ção desse percurso procurou compreender a for-

ma como era trazida a religiosidade na produ-ção discursiva dos idosos, os significados da re-ligiosidade na composição da estratégia de en-frentamento, a tipologia específica de enfrenta-mento que era conseguido e as respostas produ-zidas por quem utilizava esse tipo de estratégia.

Na leitura minuciosa dos discursos transcri-tos, o tratamento dado às falas dos idosos possi-bilitou a identificação de três unidades de signifi-cados: Velhice, Incapacidade e Religiosidade. Emcada unidade de significado foram discriminadasvárias Categorias Analíticas de acordo com os sig-nos percebidos e associados pelos sujeitos às es-tratégias de enfrentamento da incapacidade fun-

cional. Tal critério permitiu observar que os ele-mentos culturais presentes na manifestação dis-cursiva da religiosidade como enfrentamento daincapacidade funcional sustentavam dois signosque, além de recorrentes, evidenciaram um nú-cleo dos significados que davam corpo às ações,por eles sustentadas: o signo não dou conta  e osigno graças a Deus. A partir deles, na perspectivada descrição densa proposta por Geertz21, foi ana-lisada minuciosamente a experiência corporal dosidosos com a incapacidade funcional e a religiosi-dade como estratégia de enfrentamento.

O corpo da velhice incapaz

A experiência corporal dos idosos de Bambuíé mediada pelos signos presentes no seu gruposocial, produzindo um significado particular paraa vivência da incapacidade funcional. Nessa pers-pectiva, o corpo funciona como um “suporte designos” das mudanças no comportamento e nasestruturas do corpo, ajudando a consolidar oimaginário de incapacidade32.

Na percepção dos idosos a incapacidade éavaliada a partir da declaração indicativa de difi-culdade ou de necessidade de ajuda, principal-mente em tarefas básicas de cuidados pessoais eem outras mais complexas necessárias para vi-

ver independente na comunidade33. Não dar con-ta reflete a sensação produzida pelo corpo dianteda incapacidade funcional, sendo definido nocampo de fala do idoso como aquele que se mo-dificou negativamente no tempo, alterando suarelação com o cotidiano da vida e existência nomundo, anunciando sua finitude: Trabalhar numserviço pesado, eu não dou conta. Andar pra dis-tância longe, eu não dou conta... e a gente vai aca-bando aos poucos. (H49, 77 anos, solteiro). Enve-

lhecer com incapacidade é uma questão de tem-po. Quando perguntado sobre como avalia suasaúde, o mesmo entrevistado afirma:  Mais oumenos, porque, graças a Deus, ainda tô andando,

consigo tomar banho, fazer minha bóia.Aindanãotô caducando (risos) [...] Graças a Deus (H49, 77anos, solteiro) (grifo nosso).

A incapacidade é experimentada como natu-ral (é da idade), irreversível (não tem jeito) e do-lorosa (tudo dói), e pode ser traduzida e sinteti-zada na expressão: não dou conta. A pessoa nãodá conta hoje de algo que um dia dera e que antesconseguia fazer com facilidade e naturalidade,como descreve essa entrevistada: Não dou contade fazer nada não. Nem assim de noite, de modo deeu cobrir, não dou conta de puxar um lençol prame cobrir com a mão. O pé também, já vai enro-lando tudo (M8, 83 anos, viúva).

Por outro lado, o corpo do passado insisteem lhe lembrar de um corpo ideal e o corpo realproduz uma experiência de não ser mais o queera. Ou seja, a perda do corpo que era capaz deproduzir desvela a perda da própria vida. Daí aExperiência de Esvaziamento, tantas vezes expli-citada pelos idosos do grupo pesquisado e meta-forizada na experiência corporal. Ao ser indaga-do sobre por que a perna ficou bamba e frouxa,esse nonagenário explica: Não firma. Parece que...não é como era. [...] Uai, o que mudou é que, eu gostava de sair e caçar, sabe, ir pro mato caçando,quando eu aposentei, agora eu não posso sair, ficoquerendo o rio e não posso. É ficar quieto. (H46,

90 anos, viúvo).Nesse não dô conta, quando as estratégias de

enfrentamento da incapacidade funcional esta-belecem o seu foco no problema, não ocorre omanejo ou modificação da situação de incapaci-dade funcional causadora do estresse. A saídaencontrada é deixar de lado o que não conseguemais fazer. Uma senhora expressa claramente: Eu faço assim, quando a gente não dá conta de nadamais, eu tenho que largar. Vai largando! (M4, 81anos, viúva).

Outra alternativa para quem experimenta essecorpo que envelhece e se torna incapaz é a cons-trução de estratégias de enfrentamento com foco

nas emoções, dentre as quais se destaca a estraté-gia religiosa.

O enfrentamento religioso

da incapacidade

O enfrentamento religioso para os idosos deBambuí tem como função primordial regular aresposta emocional causada pela experiência cor-poral de incapacidade e reelaborar essa experiên-

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cia. Isso se faz a partir do olhar de quem crê emuma Alteridade Divina que funciona como a pon-te entre o real – insuportável – do sujeito e umarealidade utópica melhor – em que se acredita –

imaginária, desejada, esperada.Diante da incapacidade real, iminente ou te-

mida, a pessoa idosa ao invés de blasfemar, res-ponde a Deus com gratidão. No campo de falados idosos, mesmo doentes e incapacitados, érecorrente no enfrentamento religioso o signoGraças a Deus. Um dos entrevistados ao se referirà sua saúde informa: Mas eu, graças a Deus, até que lá vai tudo mais ou menos normal. (H3, 75anos, casado); e outra senhora explica que estámeio  perrenguinha: É, mas graças a Deus eu fir-mei um pouco. (M27, 80 anos, solteira)

Nessa perspectiva o Graças a Deus se constituiem um signo que reflete a estratégia de enfrenta-mento religioso e produz no universo simbólicodos entrevistados uma codificação da restituiçãono esvaziamento causado pela incapacidade fun-cional. Pela fé no poder dessa Alteridade Divinaem fazer as coisas acontecerem, a realidade inde-sejável pode ser transformada em algo mais su-portável e percebida emocionalmente como boa.Graças a Deus revela que o sofrimento atual podeser suportado na esperança por uma compensa-ção implícita e vindoura de salvação da alma e docorpo. Independentemente da condição real des-se corpo, o idoso crê em Deus, e por isso torna-segratificante estar nessa condição mesmo se a rea-

lidade que o entrevistador observa é bastante di-ferente do que o discurso expressa.Constata-se, portanto, um deslocamento do

significado da incapacidade na sua concretudepara um sentido emocional que tenta traduzir aexperiência em algo bom e desejável. Isso aconte-ce exatamente porque a religiosidade é configu-rada como uma experiência com a alteridade di-vina que tem a atribuição de produzir uma duplarestituição necessária à experiência da incapaci-dade funcional: primeiro ela restitui ao sujeitouma realidade suportável, pois no código da cul-tura, a bondade e a justiça de Deus conferem su-porte àquele que Nele crê; segundo, ela restitui as

ausências e perdas produzidas pelo problemacorporal vivido, pois na experiência dos idosos apresença da Alteridade Divina preenche emocio-nalmente o esvaziamento causado pela incapaci-dade. Assim, ao agradecer por essa realidade en-contra-se algo de bom nela, ao mesmo tempoem que é Deus quem o faz no lugar desse vazio.Finalmente, ela promete a vida eterna a esse cor-po que sofre e que deixará de sofrer pela vontadede Deus.

De certo modo, a religiosidade explica a vida,atribuindo significados aos fatos34  e dando-lhecontornos de sentido que confortam. A religiosi-dade presente no campo de fala dos idosos en-

trevistados sugere que suas crenças e tradiçõesreligiosas ajudam a explicar e a enfrentar o sofri-mento experimentado por eles, conforme explicaesse senhor quando perguntado sobre como estásua saúde: ... Mais ou menos, porque graças a Deusainda tô andando, eu consigo tomar banho, fazer aminha bóia. Ainda não tô caducando [risos] [...]Explicando que as coisas estão boas demais:  ...Graças a Deus. [...] Respondendo sobre se temamigos ou companhia: ...Graças a Deus. [...] In-dagado sobre se é uma pessoa feliz: ...Graças aDeus. (H30, 76 anos, solteiro).

Na medida em que encontramos no códigoda cultura de uma sociedade cristã católica omandamento do apóstolo Paulo que diz “Em

tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deusem Cristo Jesus para convosco” (1º Tessaloni-censes 5:18, grifo nosso)35, podemos entender aexplicação e o enfrentamento do sofrimento: tudoé graças a Deus. A explicação é feita na medida emque se reconhece Nele a fonte de todas as coisas,pois é Ele quem dá; enquanto o enfrentamentose realiza na medida da crença de quem crê, poiso agraciado é quem vive aquilo que agradece.Assim a pessoa suporta a realidade, pois acabatrazendo a vida para o lugar onde ela acontece,nesse “aqui e agora” da existência, nesse tempo

presente: saúde tá boa, graças a Deus. Setenta e seisanos não é fácil não, né . (M39, 76 anos, Viúva).Os idosos entrevistados buscaram na estraté-

gia religiosa uma via de enfrentamento que tam-pona o estresse resultante de sua condição na exis-tência, pois “não é fácil imaginar que nosso cor-po, tão cheio de frescor e muitas vezes de sensa-ções agradáveis, pode ficar vagaroso, cansado edesajeitado. [...] No fundo, não o queremos”36.As estratégias sustentadas na religiosidade servemcomo um amortecedor dos eventos negativos,como elementos protetores do “self , ajudandoprincipalmente em situações de alta incontrolabi-lidade, servindo como elemento facilitador da acei-

tação da falta de controle, e preservando o self dosimpactos negativos do estresse”37.

Por sua vez, em um estudo baseado na teoriado estresse e do coping , Folkman et al.38 demons-traram que pessoas idosas tendem a usar maiscomportamentos de coping  com foco nas emo-ções do que os jovens. Outras pesquisas mos-tram que a partir da meia-idade os sujeitos pas-sam a dar maior valor e atenção aos aspectosinternos do self , possibilitando abertura para per-

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cursos de encontro com os sentimentos e com-portamentos religiosos39.

O enfrentamento religioso funciona comomediador entre as aflições, o medo, as tragédias e

a realidade de quem envelhece e, especialmente, dequem convive com a incapacidade atual ou com otemor de que ela lhe ocorra no futuro. Se a inca-pacidade funcional metaforiza no corpo os signi-ficados de uma existência que se esvazia e termi-na, conforme os achados do presente trabalho, acultura oferece na experiência religiosa a possibi-lidade de um enfrentamento dessa realidade.

Fatalismo e descrença

nos serviços públicos de saúde

Em Bambuí, a cultura local opta pelo nãoenfrentamento da incapacidade, sendo reforçadapelo fatalismo presente na crença religiosa queespelha a fatalidade da velhice com incapacidadecomo um código social aceito e naturalizado. Acultura sustenta as representações e o discursosobre o corpo e a saúde dos idosos a partir deestereótipos negativos em torno da associaçãoentre velhice e doença. Na região de Bambuí, emum estudo de Uchôa et al.40 foi percebido que oolhar do outro sobre a velhice era carregado des-se negativismo. Tal olhar corrobora o processode naturalização e homogeneização da velhice esimultaneamente mantém os estereótipos trans-mitidos pela cultura.

Dessa forma, a percepção da velhice é relatadanas entrevistas como condição humana inexorá-vel que decorre da idade e de um processo de in-volução, de caráter eminentemente negativo. Navisão de mundo do idoso, as falas naturalizam adecrepitude do corpo como se esta fosse inerenteà velhice. Enquanto na perspectiva religiosa, tra-duz-se o sentido de um ethos em que a fatalidadeda realidade se constitui na vontade de Deus.Ambas podem simplesmente revelar e reforçarcomportamentos de uma pessoa que deve se su- jeitar passivamente às contingências da vida.

A reprodução de estigmas e pré-conceitosquanto à velhice é reforçada pelos saberes consti-

tuídos nesse campo e pelos próprios idosos. Essaquestão é percebida nos relatos dos idosos: ... Ah, eu penso que é ruim, ficar dependendo, depen-de dos outros demais né. Não pode fazer nada. Nãoé fácil não! Mas aí se Deus quiser né, se Deus qui-ser, a gente tá nas mãos de Deus. (M14, 88 anos,viúva); e ... Aí depois que ele faltou eu falei: ah, seDeus quiser, eu vou acostumar! É Deus que vai meajudar! E graças a Deus eu tenho... eu fico comDeus. Deus que é minha companhia. Não arrumei

mais ninguém não, acostuma. Perguntada se mo-rava sozinha, ela conclui:  ... E Deus.  (M27, 80anos, solteira).

Esse tipo de crença religiosa fatalista tampo-

na sofrimentos individuais, mas também cola-bora para minimizar a responsabilidade socialpelo cuidado e revela a descrença nos aparelhospúblicos existentes30.

Assim, os idosos bambuienses têm no enfren-tamento religioso o conforto e a esperança paralidar com o contexto sociocultural em que enve-lhecem, com ou sem incapacidade. A incapacida-de para muitos já é uma realidade, para outros éuma possibilidade temida; em ambas as situações,na fala deles, somente Deus é a resposta, somenteem Deus há alívio. O Deus que lhes reserva estepresente e este futuro e que pode livrá-los deles, seEle quiser. No entanto, as demandas que fazem aDeus são da ordem do subjetivo, não são deman-das materiais, não dizem respeito a recursos desaúde. Nessa perspectiva, a falta de ação dos ser-viços de saúde e das políticas públicas voltadaspara o idoso reforça esse processo de aceitação ede naturalização da velhice com incapacidade. Issofala a favor de uma cultura local em que a incapa-cidade funcional é compreendida como coisa daidade. Portanto, se é inexorável, não é necessárioou não se pode fazer nada no sentido de conferirao processo de envelhecimento a possibilidade deoutros itinerários de em-velho-ser.

Assim, tampouco existe a demanda por jus-

tiça social na fala de nenhum desses senhores esenhoras. Homens que foram explorados no tra-balho como mão de obra pouco qualificada oumulheres destinadas ao casamento ou ao cuida-do dos mais velhos e dos mais novos, que abri-ram mão de seus desejos pessoais em nome dafamília; homens e mulheres que tiveram sua ci-dadania usurpada na ditadura brasileira e aindaguardam as marcas dessa opressão. Talvez issoexplique o silêncio diante da falta de acesso a bens,recursos e direitos de cidadania durante toda avida. Na velhice, talvez não acreditem, pois nun-ca conheceram a justiça social em nenhuma dasetapas pregressas da vida. Velhos, talvez seja tar-

de demais para exigir. O que existe é um enormevazio em termos de políticas de cuidado, ao lon-go de toda a vida deles.

No presente trabalho, chama a atenção o fatode que nenhum dos entrevistados se rebela con-tra Deus, questiona seus desígnios ou abandonaa crença na misericórdia divina. Assim quandotestados pelo abandono, pela incapacidade semrecursos, pelas dificuldades em sair e em ficar emcasa, por deixar de ser notado, considerado, em

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razão de sua condição de velho, não se discute oque determina que alguns envelheçam com maisou menos incapacidades do que outros.

Na cultura local, todos bebem do cálice que

lhes está reservado, “graças a Deus”. Há uma sub-missão total à vontade divina revelada na vida dehoje e de sempre – ou seria à falta de vontade doshomens em construir para todos a possibilidadede envelhecer com dignidade? A dignidade na ve-lhice e a perspectiva de envelhecer ativamente nãoaparecem nas falas. Pelo contrário, os idosos re-conhecem que estão sós na experiência da inca-pacidade e do envelhecer ou segundo suas cren-ças, estão com Deus, e, como estão próximos dofim, logo estarão com Ele. Eternamente.

Conclusão

O enfrentamento religioso é uma estratégia im-portante entre os idosos estudados, regula a res-posta emocional causada pelo processo de inca-pacidade funcional, repara o esvaziamento exis-tencial fazendo a pessoa sentir-se acolhida e apa-ziguada na realidade de seu corpo de hoje enve-lhecido e incapaz e restitui esse lugar vacante doOutro. Ao envelhecer com incapacidade, o sujei-to experimenta em si um Outro que pode sertanto o seu corpo potente e capaz que já não émais, que lhe falta, pois ficou no passado; quan-to à necessidade de um outro seu semelhante,

esse que não sou eu, em quem busco apoio, queme faz companhia, podendo ser outro ser hu-mano, mas que muitas vezes é Deus.

A incapacidade funcional faz ponte a uma dorque não se limita ao seu sentido objetivo e con-

creto, mas envolve uma percepção subjetiva deuma perda de si mesmo. A dor desse corpo queenvelhece e se torna incapaz se dá não simples-mente porque separa ou dificulta o acesso do

sujeito aos objetos, mas porque separa e dificul-ta o acesso desse sujeito às pessoas. Por isso oReligare, na medida em que institui a companhiadessa Alteridade Divina presente na cultura, tor-na a vida mais suportável...

Na prática, a cultura local propõe o não en- frentamento da incapacidade e a religiosidade dosidosos reforça este fatalismo diante de uma situ-ação que não admite alternativas40, produzindopassividade e ações de conformismo de quemnão dá conta mais e que tendem a naturalizar oprocesso de envelhecimento com incapacidade,pois esta realidade Deus é quem quer, e assim oserá até quando Ele quiser. Porém ficam expos-tos o abandono e a descrença em políticas públi-cas de cuidado.

A ausência de demandas materiais específicasrelativas aos recursos de saúde que pudessem serexplicitadas pelos idosos de Bambuí sobre ques-tões relacionadas ao enfrentamento da incapaci-dade funcional não significa necessariamente aausência de uma necessidade concreta. O silêncioda parcela idosa da população reflete e revela afalta de ação dos serviços de saúde, evidenciandoa barbárie cultural de naturalização e homoge-neização da velhice abandonada, incapaz e limi-tada aos seus parcos recursos e a Deus, na trans-

missão do saber/fazer sobre a saúde da pessoaidosa.Na cultura local, envelhecer com incapacida-

de e sem recursos é o que lhes está reservado,graças a Deus.

Colaboradores

WJ Santos, KC Giacomin, JK Pereira e JOA Fir-mo participaram igualmente de todas as etapasde elaboração do artigo.

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Artigo apresentado em 05/08/2012Aprovado em 17/09/2012Versão final apresentada em 01/10/2012

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