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Revista de CiênciasGerenciaisVol. XIII, Nº. 17, Ano 2009
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ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS ECONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMODE SAÚDE
RESUMO
O absenteísmo - soma do período em que o funcionário não comparece ao trabalho - tem sido um problema para as organizações modernas que dependem do comprometimento de seus funcionários. Embora alguns dirigentes não dispensem a devida atenção a este fator as ausências de funcionários muitas vezes surpreendem os gestores que são obrigados a reestruturar processos, cargos e atividades na organização. Em estudo, na Central de Pagamentos de uma empresa do ramo de Plano de Saúde, em Brasília, o absenteísmo considerado involuntário, foi levantado através de um estudo exploratório – descritivo; fornecido pela empresa. Com base na análise desses dados, conclui-se há um índice de absenteísmo considerado elevado, provocado, principalmente, por doença e acidente no trabalho, sobrecarga de trabalho e estresse.
Palavras-Chave: Absenteísmo; ausências; reestruturar; involuntário; exploratório; elevado.
ABSTRACT
The absenteeism – the sum of the period that the employee does not attend work – has been a problem to the modern or-ganizations that depend on employee commitment. Although some employers do not disregard the due attention to this matter, employee absence usually surprise the managers, who are obliged to restructure processes, positions and orga-nizational activities. In the study, at the Payment Central in a health care company, in Brasília, the involuntary absenteeism was calculated through a exploratory study – descriptive; pro-vided by the company. Based on the analysis of this data, it is concluded that there is a considerably high absenteeism, due to, mainly, illness, work accident, work overload and stress.
Keywords: Absenteeism, absence, restructure, involuntary, exploratory, high.
1
Anhanguera Educacional S.A.Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000Valinhos, São PauloCEP 13.278-181rc.ipade@unianhanguera.edu.br
CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo OriginalRecebido em: 30/12/1899Avaliado em: 30/12/1899
Publicação: 22 de setembro de 2009
2 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
1. INTRODUÇÃO
O absenteísmo tem sido um problema crítico para as organizações e para os
administradores. É complexo e pode ter como causas e conseqüências
diversos fatores. Preocupa as organizações, pois, gera atrasos no andamento
dos trabalhos, sobrecarrega os trabalhadores que estão presentes, afeta
significativamente a produtividade e conseqüentemente, diminui a qualidade
de serviços prestados aos seus clientes.
As ausências no trabalho acarretam diversos problemas para a
organização e, na maioria das vezes, indica a existência de problemas
relacionados às condições de saúde do trabalhador, a falta de condições de
higiene e segurança no trabalho, que provocam acidentes de trabalho e,
ainda, a insatisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho.
O estudo do absenteísmo proporciona informações a respeito da saúde
dos trabalhadores e, até mesmo, de sua satisfação com a organização e com o
próprio trabalho. Deste modo, fatores organizacionais, tais como, as políticas
da empresa, o excesso de regras, a liderança deficiente, as más condições de
trabalho, entre outros, contribuem para a insatisfação do trabalhador e,
conseqüentemente, para o aumento do índice de absenteísmo.
O objetivo desse estudo é analisar o absenteísmo na Central de
Pagamentos de uma empresa de autogestão em saúde, a partir da
identificação do índice de absenteísmo na empresa, dos principais fatores que
influenciam o absenteísmo na percepção dos funcionários e das expectativas
dos funcionários em relação ao que a organização pode fazer para diminuir o
absenteísmo.
Espera-se que este estudo possa ser útil para que os gestores da
organização pesquisada ponham em prática medidas para reduzir o índice de
absenteísmo na empresa, bem como preveni-lo, a partir da adoção de práticas
voltadas para promover o bem-estar de seus funcionários. E ainda, de um
lado, contribuir para aumentar o número de pesquisas em uma área carente
como é aquela de desenvolvimento dos recursos humanos no Brasil (CURADO
et al., 1995, p.6-8) e, de outro, manter informados profissionais, professores,
pesquisadores e estudantes a respeito das variáveis relacionadas ao tema,
tendo em vista sua importância para as organizações e para os indivíduos.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Absenteísmo
Soares e Silva (2007) ressaltam que alguns estudiosos defendem que o
absenteísmo surgiu com a chegada da revolução industrial, a qual
apresentava características incompatíveis com o bem-estar do trabalhador,
percebe-se, deste modo, tratar-se de um problema antigo que até hoje gera
transtornos às organizações.
Segundo Souza (2007), absenteísmo é uma palavra de origem
francesa, absentéisme que significa pessoa que falta ao trabalho por inúmeros
motivos. Percebe-se que o autor aborda que o absenteísmo está relacionado a
todos os fatores que resultam na ausência do funcionário na empresa,
incluindo até mesmo as ausências chamadas de legais, como férias, licença
maternidade, entre outros.
Já para Costa (1971, p.842), “absenteísmo é o conjunto das ausências
intencionais do trabalhador e de caráter repetitivo excluindo, deste modo, as
ausências por férias, por luto, por gravidez, ou por sanções disciplinares”.
As ausências dos trabalhadores, bem como os atrasos, acabam
prejudicando o andamento dos trabalhos na organização. É necessário que se
faça um estudo para verificar o motivo pelo qual as pessoas se ausentam do
seu posto de trabalho.
De acordo com Mallada (2007), o absenteísmo pode ser definido como
voluntário e involuntário. O absenteísmo voluntário é caracterizado pelas
ausências programadas, ou seja, aquelas ausências previstas, como férias e
folgas. Já o absenteísmo involuntário é aquele caracterizado pelas ausências
que não foram programadas, ou seja, as faltas não previstas que na maioria
das vezes são caracterizadas por problemas de saúde ou problemas pessoais.
Chiavenato (2004), alerta para um importante aspecto não
apresentado pelos demais autores. Refere-se à ausência mental do trabalho,
ou seja, aquela em que embora presente fisicamente no ambiente de trabalho,
o trabalhar não produz como deveria por dispersão caracterizada por ausência
mental. Essa ausência é uma atitude para fugir de um ambiente de trabalho
desagradável. Se o trabalhador estiver mentalmente ausente, as suas
atividades também não serão realizadas, podendo acarretar também na baixa
produtividade.
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O absenteísmo mental prejudica o andamento dos trabalhos tanto
quanto a ausência física. Quando o funcionário encontra-se presente no posto
de trabalho e não realiza suas atividades conforme estabelecido, o problema
pode ser ainda mais grave, necessitando de um estudo minucioso para
verificar o real motivo da não realização das tarefas mesmo quando o
indivíduo se faz presente no trabalho.
Para que as organizações consigam identificar o real motivo das
ausências dos seus funcionários, faz-se necessário um estudo de suas causas
e conseqüências, como será verificado a seguir.
2.2. Principais causas e conseqüências de afastamento nas organizações
Segundo Chiavenato (2000), são várias as causas do absenteísmo, que
merecem assim, ser identificadas e estudadas, inclusive sob a ótica de sua
repercussão na produtividade organizacional. De acordo com Soares e Silvia
(2007, p. 04), “dentre uma das mais graves e usuais conseqüências do
absenteísmo para as organizações, ressalta-se a queda da produtividade e,
conseqüentemente, a queda dos lucros”.
As conseqüências do absenteísmo estão diretamente ligadas ao lado
financeiro das organizações, portanto, para toda e qualquer organização, a
produtividade e os lucros devem ser alcançados para que as empresas
ocupem uma posição de destaque no mercado.
De acordo com Jucius (1979), entre as diversas causas do
absenteísmo, as mais freqüentes são:
As enfermidades, que em certos casos, chegam a ocupar até 50% nas listas das causas;
As doenças ocupacionais que minimizam a produção nas organizações;
Às horas de trabalho também contribuem para elevar o índice de absenteísmo, pois, os funcionários que trabalham além da sua carga horária em atividades repetitivas, são mais propensos a adquirirem as doenças ocupacionais;
As más condições de trabalho juntamente com a falta de interesse pelo serviço, também contribuem para o aumento do absenteísmo;
Os assuntos pessoais, o mau tempo e a falta de transporte, que parecem ser fatores simples, também elevam o índice de absenteísmo;
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A atitude mental do indivíduo que pode ser influenciada por fatores sociais, econômicos e por diversas opiniões de outras pessoas.
Como as doenças no trabalho são apontadas como uma das principais
causas de afastamento entende-se que o assunto merece maior atenção.
Assim, a seguir abordar-se-á detalhadamente algumas doenças que diminuem
a capacidade do funcionário em realizar suas tarefas com eficiência ou até
mesmo deixar de realizá-la.
2.2.1 Estresse
Para Robbins (2004. p. 153), “o estresse consiste numa condição dinâmica em
que o individuo é confrontado com uma oportunidade, restrição ou exigência
relacionada com o que ele deseja, e para o qual o resultado é visto como
incerto”.
O ambiente de trabalho gera muito estresse, pois, as pressões para
que o trabalho seja desenvolvido em tempo hábil e de forma eficiente, acaba
“agredindo” o funcionário e faz com que ele se sinta cada vez mais
estressado. A deficiência da supervisão e os colegas de trabalho chamados de
não agradáveis, também são fatores que causam o estresse.
Quando o funcionário se sente pressionado a atingir as metas
propostas pela organização e não consegue, o estresse aumenta e a
frustração daquele funcionário com o trabalho também aumenta, podendo
gerar faltas e conseqüentemente o aumento do índice de absenteísmo.
A sobrecarga do funcionário, a falta de interação com a equipe, o
excesso de regras na organização, a falta de oportunidade em participar das
decisões e a liderança deficiente são fatores que aumentam o estresse do
individuo. Além disso, há os fatores pessoais e familiares, que também afetam
os funcionários, e seu desempenho no trabalho.
Atualmente, as empresas requerem cada vez mais produtividade e, na
maioria das vezes, acabam sobrecarregando o funcionário fazendo com que
este trabalhe, além do seu horário, para que as metas da organização sejam
alcançadas. Essa atitude gera um desgaste muito grande do funcionário, tanto
físico, como mental. Esse fator acaba contribuindo para o aumento do índice
de absenteísmo nas organizações.
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2.2.2 Ler/Dort
LER significa lesão por esforço repetitivo e pode também ser chamada de
DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao trabalho. Essa doença é
predominante nas profissões que exigem movimentos repetitivos, como em
digitadores, caixas bancários, operadores de telemarketing, entre outros.
A LER é caracterizada pela inflamação nos tendões, nas articulações,
nos ligamentos e, geralmente, manifesta-se por dor nos membros superiores,
gerando a incapacidade funcional. A má postura, ou a postura incorreta,
também podem causar a LER.
As doenças ocupacionais afetam a vida de muitos profissionais que
desempenham atividades repetitivas, e geram incapacidade em realizar as
suas tarefas e, consequentemente, o afastamento do trabalho. As condições
de trabalho são, nesse sentido, fundamentais para que os objetivos
empresariais sejam alcançados, além de preservar a saúde do trabalhador
para que as faltas sejam evitadas. Desta forma, os equipamentos de trabalho,
o mobiliário, as instalações, a temperatura, entre outros fatores ergonômicos,
devem ser adaptados ao perfil do trabalhador.
Diante das conseqüências do absenteísmo para as organizações, seja
este provocado por doenças, acidentes de trabalho ou outros fatores, não é de
se admirar o interesse cada vez mais crescente das organizações em medir tal
índice e desenvolver estudos para conhecer suas causas mais freqüentes e
adotar medidas de prevenção. Neste sentido, a seguir sugere-se uma fórmula
para realizar esta medição e as medidas mais indicadas para preveni-lo.
2.3 O Cálculo do Índice de absenteísmo e as medidas de controle e prevenção
É importante calcular o índice de absenteísmo, pois, os atrasos, as faltas ou as
saídas durante o expediente de trabalho, somadas em um todo, podem vir a
acarretar prejuízos irreparáveis para a organização. São várias as fórmulas
para calcular o índice de absenteísmo, por isso, é preciso saber qual é a
preocupação maior da empresa, para depois, usar a fórmula mais adequada.
Para Marras (2000), a fórmula utilizada para calcular o índice de
absenteísmo é a seguinte:
Ia= Nhp x 100
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NhP
Quadro 2.3: Fórmula de cálculo do absenteísmo
Fonte: Marras (2000).
Onde:
Ia = Índice de absenteísmo
Nhp = número de horas perdidas
NhP = número de horas planejadas
Quanto à solução para a redução ou eliminação do absenteísmo, vale
ressaltar que não existe uma única medida, faz-se necessário adotar um
conjunto de ações de controle, como proprõe McDonald e Shaver (apud
NASCIMENTO, 2003).
Fazer um levantamento das ausências para identificar as suas principais causas;
Avaliar as faltas justificadas por problemas de saúde, pois, a maioria das ausências são apresentadas por motivo de doenças;
Realizar exames periódicos de saúde;
Eliminar ou reduzir horas extras;
Acomodar adequadamente os funcionários que tenham algum tipo de limitação a um posto de trabalho mais adequado;
Verificar se as estações de trabalho, os equipamentos e os mobiliários são adequados ao perfil do trabalhador;
Adotar medidas de higiene e segurança no trabalho.
Além de todas estas medidas, é importante ressaltar, que o papel do
líder para ajudar a prevenir o absenteísmo, pois, ele poderá identificar em sua
equipe os reais motivos das faltas, buscando alternativas que proporcionem
ao empregado um ambiente de trabalho agradável, reduzindo assim, as
tendências às faltas.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1. Objetivos e terreno da pesquisa
O objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar o absenteísmo na Central
de Pagamentos de uma empresa do ramo de Plano de Saúde, no Distrito
Federal. O nome da empresa é aqui preservado por questões éticas, uma vez
que não se teve autorização da mesma para divulgá-lo. Os objetivos
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específicos desta pesquisa consistem em: Calcular o índice de absenteísmo na
empresa; descrever os principais fatores que influenciam o absenteísmo na
percepção dos funcionários; conhecer as expectativas dos funcionários em
relação ao que a organização pode fazer para diminuir o absenteísmo.
Quanto ao terreno desta pesquisa, escolheu-se a Central de
Pagamentos de uma empresa do ramo de Plano de Saúde, no Distrito Federal,
primeiro por fazer parte organização uma das pesquisadoras e observar que a
empresa registra falta e atrasos constantes dos seus funcionários, segundo
que, de certa forma, o acesso aos dados acabou sendo facilitados.
3.2. Caracterização da pesquisa
Considerando-se as classificações e definições de diferentes tipos de
pesquisas, este estudo tem um caráter exploratório e descritivo. Exploratório
por tratar de um tema ainda pouco pesquisado no meio acadêmico e
empresarial, embora vivenciado com freqüência no meio empresarial.
Seu caráter descritivo deve-se ao levantamento de opiniões e de
crenças dos funcionários acerca de alguns fatores que influenciam o
absenteísmo na empresa pesquisada.
Finalmente, pode-se caracterizar esta pesquisa como documental, uma
vez que se utilizam documentos da empresa que registram as faltas dos
funcionários no trabalho.
3.3. População e amostra da pesquisa
Como universo de pesquisa, foram considerados todos os 215 funcionários da
empresa. Como amostra trabalhou-se com 65 funcionários que foram
selecionados de forma estratificada, isto é, dos 13 setores da organização,
pesquisou-se aleatoriamente, 5 funcionários de cada um dos setores.
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Setor Número de funcionários
Funcionários pesquisados
Equipe I 25 05Equipe II 15 05Equipe III 25 05Equipe IV 25 05Equipe V 15 05Equipe VI 15 05Equipe VII 12 05Equipe VIII 10 05Equipe IX 10 05Equipe X 15 05Equipe XI 14 05Equipe XII 16 05Equipe XIII 18 05
Total Pesquisado 215 65
Quadro 1 – Distribuição da quantidade de funcionários por setor na Central de Pagamentos da empresa pesquisada.
Fonte: Central de Pagamentos de uma empresa de Plano de Saúde, em Brasília (2006)
3.4. Instrumento de coleta de dados
Os dados dessa pesquisa foram coletados por meio de relatórios e gráficos
pesquisados na área da coordenação administrativa da empresa pesquisada.
Foi também aplicado aos trabalhadores questionário semi-estruturado, a fim
de identificar quais os principais fatores que influenciam o absenteísmo Os
questionários foram compostos por questões fechadas (em uma escala do tipo
Likert, dividida em seis casos: “sempre”, “freqüentemente”, “algumas
vezes”,” raramente” e “nunca”), acerca das variáveis do estudo: tarefa,
doença do trabalho, e fatores diversos que influenciam o absenteísmo. De um
total de 18 questões, 6 questões buscaram investigar fatores relacionados à
tarefa, 4 questões para investigar fatores que provocam doenças no trabalho e
7 questões para investigar causas diversas relacionadas ao absenteísmo na
empresa, segundo percepção dos funcionários, perfazendo um total de 17
questões fechadas. Em apenas uma questão aberta buscou-se investigar o
que a organização pode fazer para tornar o funcionário mais assíduo e
satisfeito em seu ambiente de trabalho.
Quanto à análise quantitativa, os dados receberam tratamento
estatístico simples, e os resultados foram apresentados em tabelas e gráficos.
Para proceder à análise da questão aberta, resolveu-se empregar a técnica de
análise de conteúdo, que segundo Bardin (1977, p.42), é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações que visa obter, através de
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
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10 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção e recepção dessas mensagens. Além disso,
alguns relatos foram transcritos na íntegra, baseados em opiniões das pessoas
diretamente relacionadas com o trabalho desenvolvido.
Para calcular o índice de absenteísmo, optou-se pela fórmula que
considera o número de horas perdidas e o número de horas efetivas
trabalhadas, conforme proposto por Marras (2000), (Cf. item 2.4). Neste
cálculo desconsiderou-se os afastamentos definidos por Mallada (2007) como
voluntário, ou seja, aquelas ausências previstas, como férias e folgas. E
considerou-se o absenteísmo, tratado pelo mesmo autor como involuntário,
relacionado às ausências que não foram programadas, ligadas a doenças e
acidentes de trabalho.
O período considerado para se proceder este cálculo na empresa
pesquisada foi de janeiro a outubro de 2006. Todos os dados (número de
funcionários faltosos, horas perdidas, horas planejadas) foram fornecidos pela
própria organização que os disponibilizou por meio de planilhas impressas no
excel. Para se ter uma média total do índice de absenteísmo na empresa,
considerou-se a média de absenteísmo por acidente e por doença de trabalho.
Quanto ao terreno desta pesquisa, escolheu-se a Central de
Pagamentos de uma empresa do ramo de Plano de Saúde, no Distrito Federal,
primeiro por fazer parte organização uma das pesquisadoras e observar que a
empresa registra falta e atrasos constantes dos seus funcionários, segundo
que, de certa forma, o acesso aos dados acabou sendo facilitados.
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
4.1. Índice de Absenteísmo na Central de Pagamentos da empresa pesquisada
Para calcular o índice de absenteísmo na empresa pesquisada, utilizou-se a
fórmula abaixo:
Ia= Nhp x 100
NhP
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Quadro 4.1: Fórmula de cálculo do absenteísmo
Fonte: Marras (2000).
Onde:
Ia = Índice de absenteísmo
Nhp = número de horas perdidas
NhP = número de horas planejadas
Apresenta-se a seguir o índice de absenteísmo causado por acidente
de trabalho e posteriormente causado por doenças.
4.1.1 Absenteísmo por acidente de trabalho
O quadro 4.1.1 relata o índice de absenteísmo no período de janeiro a outubro
de 2006, provocado por acidente de trabalho.
Período FuncionárioHoras
PerdidasHoras/Mês
efetivasImpacto horas
perdidasxEfetivas (%)Janeiro 14 1.424 32.032 4,44%
Fevereiro 9 978 28.800 3,40%Março 9 1.194 34.316 3,48%Abril 15 1.764 28.188 6,26%Maio 8 1.100 34.056 3,23%Junho 8 1.050 33.558 3,13%Julho 8 856 33.054 2,59%
Agosto 6 764 35.696 2,14%Setembro 3 360 31.040 1,16%Outubro 4 252 32.088 0,78%
Total 84 9.742 322,828Média de
absenteísmo3,061%
Quadro 4.1.1: Absenteísmo causado por acidente de trabalho
Fonte: Dados coletados na Central de pagamentos da empresa (2007)
Conforme o quadro 4.1.1, percebe-se que, no mês de abril registrou-se
o maior índice de absenteísmo causado por acidente de trabalho. Isto significa
que 15 funcionários faltaram ao trabalho e, neste período, 1.764 horas de
trabalho foram perdidas. Já o menor índice de absenteísmo registrado, ou seja,
0,78%, foi no mês de outubro, em que 4 funcionários faltaram ao trabalho por
motivo de acidente de trabalho, o que resultou na perda de 252 horas neste
período.
Somando-se os índices de absenteísmo nos períodos considerados, de
janeiro a outubro, tem-se em média um índice de 3,061%, o qual é
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considerado elevado na percepção de alguns consultores de recursos
humanos.
4.1.2 Absenteísmo por doenças
O quadro 4.1.2 relata o índice de absenteísmo no período de janeiro a outubro
de 2006, provocado por doenças.
Período FuncionárioHoras
PerdidasHoras/Mês
efetivasImpacto horas
perdidasxEfetivas (%)Janeiro 57 2.436 32.032 7,60%
Fevereiro 49 1.744 28.800 6,05%Março 21 1.156 34.316 3,37%Abril 45 1.134 28.188 4,02%Maio 36 1.974 34.056 5,80%Junho 67 2.000 33.558 5,96%Julho 64 2.280 33.054 6,90%
Agosto 60 1.328 35.696 3,72%Setembro 74 2.796 31.040 5,86%Outubro 43 2.278 32.088 7,10%
Total 516 19.126 322.828Média de
absenteísmo5,638%
Quadro 4.1.2: Absenteísmo causado por doenças
Fonte: Dados coletados na Central de pagamentos da empresa (2007)
Conforme quadro 4.1.2, percebe-se que, em janeiro, o índice de
absenteísmo por doenças foi o maior índice comparado aos demais meses,
7,60%. Isto significa que, 57 funcionários faltaram ao trabalho e, neste
período, 2.436 horas de trabalho foram perdidas. Já o menor índice de
absenteísmo registrado por doença foi 3,37% no mês de março, deste modo,
21 funcionários faltaram ao trabalho por motivo de doenças, o que resultou na
perda de 1.156 horas neste período.
Somando-se os índices de absenteísmo nos períodos considerados: de
janeiro a outubro, tem-se em média um índice de 5,63%, o qual é considerado
elevado para a causa e o período pesquisado.
4.1.3 Índice de absenteísmo total: por doenças e por acidente de trabalho
Considerando-se os dados das tabelas 4.1.1 e 4.1.2, tem-se que o índice de
absenteísmo total no período de janeiro a outubro de 2006 é de 8,70%. Neste
contexto, o índice de absenteísmo da empresa é considerado elevado, uma
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et al. 13
vez que, segundo Bispo (2007), um índice relativamente considerado aceitável
por alguns consultores de recursos humanos está em torno de 2,7%.
4.2 Fatores que influenciam o absenteísmo na percepção dos funcionários
No intuito de investigar os verdadeiros motivos que provocam índices de
absenteísmo tão elevados, como os observados na empresa pesquisada,
investigou-se a situação dos funcionários no contexto do trabalho, inclusive no
sentido de verificar fatores que contribuem para doenças e acidentes de
trabalho.
4.2.1 Contexto de tarefas
A seguir, no gráfico 4.2.1, são apresentados os fatores relacionados às tarefas
que acabam por provocar o afastamento das pessoas no trabalho.
96,92% 95,39% 92,31%86,16%
26,15%
6,15%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
Atingimentodas metaspropostas
Sobrecargacom o fluxo de
serviço
Atividadesrepetitivas emonótonas
Sobrecarga porausência de
alguma pessoa
Interesse peloserviço
Realizaçãocom o trabalho
Gráfico 4.2.1: Tarefas
Fonte: Questionário aplicado aos funcionários da Central de Pagamentos da empresa (2007).
De acordo com o gráfico 4.2.1, cerca de 96,92% dos funcionários
afirmam conseguir atingir as metas propostas pela empresa, mesmo diante
das condições adversas oferecidas pela mesma, como se percebe nos
resultados a seguir. 95,39% dos funcionários, afirmam sentir-se
sobrecarregados no trabalho. 92,31% dos funcionários consideram suas
tarefas, atividades repetitivas e monótonas, e 86,16% se sentem
sobrecarregados na empresa quando algum funcionário falta ao trabalho.
Apenas 26,15% dos funcionários afirmam ter interesse pelo serviço que
realizam e apenas 6,15 % se sentem realizados com o seu trabalho na
empresa.
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14 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
4.2.2 Fatores que favorecem a ocorrência de doenças no trabalho
84,63% 84,61%
56,92% 53,84%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Dores nosligamentos ou nas
articulações
Estresse Afastamentos pordoenças do
trabalho
Afastamentos porenfermidades em
geral
Gráfico 4.2.2 : Doenças
Fonte: Questionário aplicado aos funcionários da Central de pagamentos da empresa (2007)
De acordo com o gráfico 4.2.2, 84,63% dos funcionários afirmam sentir
dores nos ligamentos e nas articulações, neste sentido, se a empresa
pretende diminuir o índice de absenteísmo, esse é um fator que merece maior
atenção, uma vez que, pode ser evitado, adotando-se medidas de higiene e
segurança no trabalho. 84,61% dos funcionários sentem-se estressados, e a
sobrecarga de trabalho contribui para o aumento desse estresse fazendo com
que o funcionário se afaste de suas atividades e, conseqüentemente, aumente
o índice de absenteísmo na organização. 56,92% dos funcionários afirmam já
ter ficado afastado por doenças do trabalho, como a Ler ou Dort. Segundo
Jucius (1979), as enfermidades chegam a ocupar até 50% nas listas das
causas do absenteísmo. A Ler ou Dort, consideradas doenças do trabalho,
aumentam o índice de absenteísmo, pois, há um grande número de
funcionários afastados por esta doença devido ao grande ritmo de trabalho e
as atividades repetitivas que desempenham. Por fim, 53,84%, dos funcionários
afirmam que as ausências ao trabalho estão, principalmente, relacionadas
algum tipo de enfermidades de modo geral.
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4.2.3 Outros fatores que influenciam o absenteísmo
70,76%
49,24%40,00%
13,85%
1,54% 0,00% 0,00%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Percepçãoda
importânciada ginástica
laboral
Realizaçãode horasextras
Participa daginásticalaboral
Excesso deregras na
organização
Problemasfamiliares
Dificuldadesfinanceiras
Problemascom os
meios detransporte
Gráfico 4.2.3: Outros fatores
Fonte: Questionário realizado com os funcionários da empresa (2007)
De acordo o gráfico apresentado a seguir, 70,76% dos funcionários
percebem a importância da ginástica laboral para sua saúde, porém, apenas
40% dos funcionários participam da ginástica laboral na empresa. A ginástica
laboral é uma forma de prevenir doença no trabalho e conseqüentemente os
afastamentos por este motivo. 49,24% dos funcionários fazem horas extras,
na empresa, trabalhando além de 8 horas diárias. Para a maioria dos
funcionários, o excesso de regras na organização não se apresentou como um
problema, apenas 13,85% destes, afirmam que o excesso de regras na
organização interfere no seu desempenho. Também, apenas 1,54% dos
funcionários afirmam faltar ao trabalho por problemas familiares. Nenhum dos
funcionários pesquisados apontou problemas com os meios de transporte e
dificuldades financeiras, pelas quais tenham passado como fator impeditivo de
comparecerem ao trabalho.
4.3 Expectativas dos funcionários: fatores que contribuem para diminuir o absenteísmo
Nesta etapa, são apresentadas as expectativas dos funcionários em relação à
empresa. Certamente, a satisfação de suas necessidades contribui para evitar
o absenteísmo. Tendo como parâmetro o questionário aplicado, em que a
questão número 25 investigou o que a organização pode fazer para evitar a
ausência do empregado no trabalho e proporcionar-lhe maior satisfação. Dos
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16 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
65 questionários aplicados, obtiveram-se as respostas para essa questão de
apenas 13 funcionários, como se apresenta a seguir:
15,38%
23,08%
23,08%
15,38%
15,38%7,70%
Divisão do trabalho
Ambiente físico detrabalho
Excesso de trabalho
Controle
Plano de cargos esalários
Reconhecimento
Gráfico: 4.3 Expectativas dos funcionários
Fonte: Elaborado pela aluna Jannine Rodrigues em 2007.
4.3.1 Divisão do Trabalho
De acordo com o gráfico 4.3, 15,38% dos funcionários consideram que é
preciso dividir o trabalho de forma adequada, evitando sobrecarga para alguns
funcionários. Isso fica evidente nos discursos abaixo:
“Gostaria que a empresa dividisse o trabalho igualmente entre todos e não concentrasse somente em um funcionário por achar que ele sabe mais que os outros. Todos recebem o mesmo salário e tem a mesma capacidade. Se a empresa concentra o serviço no mesmo funcionário é porque os demais precisam de treinamento. Não acho justo trabalhar mais que meu colega e ganhar a mesma coisa”. (Funcionário A)“A empresa poderia dividir o trabalho de forma que não sobrecarregasse o funcionário”. (Funcionário B)
4.3.2 Ambiente físico de trabalho
De acordo com o gráfico 4.3, 23,08% dos funcionários gostariam que o
ambiente físico de trabalho fosse melhorado, como se pode perceber em seus
discursos:
“Gostaria de melhores ferramentas de trabalho, como sistema operacional, acomodação, pois, as cadeiras são muito ruins”. (Funcionário C)“Melhores condições no ambiente de trabalho como mobiliários adequados, iluminação, ventilação, entre outros, me trariam maior satisfação”. (Funcionário D)
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et al. 17
“A nossa coluna fica doendo o tempo todo por causa das cadeiras. Elas são muito velhas e precisam ser trocadas para que o nosso rendimento melhore e principalmente a saúde”. (Funcionário E)
4.3.3 Excesso de trabalho
De acordo com o gráfico 4.3, 23,08% dos funcionários acreditam que a
organização poderia dar mais atenção a quantidade de trabalho que acaba
sobrecarregando o funcionário. Isso fica evidente nos discursos dos
funcionários abaixo:
“Não tendo trabalho em excesso, o funcionário não ficará sobrecarregado e consequentemente não terá problemas de saúde decorrentes do trabalho que executa, não havendo, portanto, afastamentos”. (Funcionário F).“A quantidade de trabalho que temos é muito grande e acaba fazendo com que a gente fique estressado, pois, o grau de responsabilidade também é muito grande”. (Funcionário G)“O trabalho é intenso e muito volumoso. Nunca tem fim. A organização está precisando de uma nova gestão que saiba organizar melhor a quantidade de trabalho”. (Funcionário H)
4.3.4 Controle
De acordo com o gráfico 4.3, 15,38% dos funcionários consideram que a
postura da organização em relação aos atrasos, acaba por realmente
estimular as faltas. Isso fica evidente no discurso de alguns funcionários, como
se percebe abaixo:
“Não se apegar às pequenas coisas, às vezes alguns minutos de atraso já são cobrados com cara feia, se for para atrasar é melhor não vir. Por isso, as vezes é melhor faltar que chegar cinco minutos depois. Quem mora longe e depende de ônibus, tudo pode acontecer”.( Funcionário I)“O horário de entrada poderia ser mais flexível, pois, quando chegamos atrasados entre cinco a dez minutos, temos que compensar. Acho isso um absurdo”. (Funcionário J)
4.3.5 Plano de cargos e salários:
De acordo com o gráfico 4.3, 15,38% funcionários consideram que as
propostas feitas pela empresa não estão sendo cumpridas. Neste sentido eles
propõem algumas medidas conforme segue:
“O plano de cargos e salários poderia ser concluído, pois, trabalharíamos com um pouco mais de ânimo”. (Funcionário L)“Desde quando entrei na empresa, isso faz 05 anos, eles vêm falando do plano de cargos e salários e isso nunca saiu. Acho que seria uma medida importante a ser tomada”.(Funcionário M)
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18 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
4.3.6 Reconhecimento
De acordo com o gráfico 4.3, 7,70% dos funcionários acreditam que a
organização poderia reconhecer o funcionário para que as faltas fossem
evitadas. Pode-se perceber na recomendação a seguir:
“A organização poderia procura reconhecer mais o funcionários, pois, quando atingimos a meta, não fazemos mais que nossa obrigação, quando não atingimos, somos irresponsáveis. O reconhecimento de pelo menos dizer Parabéns, hoje você foi muito bem, ou até mesmo, muito obrigado. Sabemos que somos pagos para trabalhar, porém, um reconhecimento às vezes até estimula”.(Funcionário N)
5 CONCLUSÕES
O absenteísmo tem sido um fator de preocupação para as organizações que
dependem do comprometimento de seus funcionários. Algumas ausências
desses são passíveis de planejamento pelas organizações, uma vez que,
podem ser previstas, como ocorre em casos de férias, licença maternidade,
entre outros afastamentos garantidos pela legislação trabalhista. Enquanto
outras, como aquelas provocadas por doença ou acidente de trabalho, por
condições de transporte, e até mesmo problemas pessoais do trabalhador
acabam surpreendendo os dirigentes, sobrecarregando outros funcionários e
conseqüentemente impactando na qualidade da produção de bens e serviços
e até na produtividade da organização. Estas últimas ausências foram nesta
pesquisa investigadas na central de pagamentos de uma empresa prestadora
de serviços de saúde no Distrito Federal. A análise dos dados coletados
permitiu emitir as seguintes conclusões:
- Quanto ao índice de absenteísmo (8,70%), calculado no período de
janeiro a outubro de 2006, verificou-se tratar de um índice elevado, uma vez
que, de acordo com alguns consultores de recursos humanos, o índice de
absenteísmo considerado dentro de um “padrão aceitável, é em torno de
2,7%”. ( BISPO, 2007)
- Esse elevado índice de absenteísmo tem como causas principais os
afastamentos por acidente e por doenças em geral. Os afastamentos por
acidentes de trabalho, com média registrada de 3,061%, no período
pesquisado, despertam a atenção pela evidente necessidade da organização
adotar medidas preventivas de acidentes de trabalho. Nesse mesmo sentido, o
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absenteísmo causado por doenças em geral, resultou em um índice mais
elevado ainda, 5,638%.
- Observações in loco permitiram verificar que a organização
pesquisada adota como uma das medidas preventivas de doenças no trabalho
a prática de ginástica laboral. Entre os funcionários, 70,76% deles dão
importância a essa atividade, porém, apenas 40% dos pesquisados afirmam
participar efetivamente da mesma. È comum organizações oferecem essas
atividades e não obter a adesão dos funcionários, em alguns casos isso se dá,
principalmente porque, embora ocorram durante o expediente de trabalho, e
durem de 15 a 50 minutos, quando os funcionários retomam seus postos de
trabalho, são pressionados a apresentarem resultados. Isso acaba por levar os
trabalhadores a preferirem “não perder tempo” com outras atividades. Em
casos mais extremos estas atividades ocorrem alguns minutos antes do
expediente normal de trabalho, ou depois. Na empresa pesquisada a ginástica
laboral ocorre durante o expediente de trabalho.
- Entre os fatores que contribuem para a ocorrência de doença do
trabalhador e em conseqüência seu afastamento da empresa, verificou-se que
dores nos ligamentos e nas articulações (84,63% afirmam ter este problema)
e o estresse (84,61 % afirmam ter este problema), são os maiores vilões.
- Entre os outros fatores que influenciam o absenteísmo, verificou-se
na percepção dos funcionários que a realização de horas extras é o fator de
maior insatisfação entre os mesmos. Para eles, estas horas extras lhes
sobrecarregam e prejudicam sua saúde, assim, acabam por provocar o seu
afastamento.
- É curioso observar que, 96,92% dos funcionários afirmam conseguir
atingir as metas propostas pela empresa, mesmo diante das condições
adversas oferecidas pela mesma. Afinal, 95,39% dos funcionários, afirmam
sentir-se sobrecarregados no trabalho, 92,31% dos funcionários consideram
suas tarefas, atividades repetitivas e monótonas, e 86,16% se sentem
sobrecarregados na empresa quando algum funcionário falta ao trabalho.
Apenas 26,15% dos funcionários afirmam ter interesse pelo serviço que
realizam e apenas 6,15 % se sentem realizados com o seu trabalho na
empresa. Esta é uma situação arriscada para a empresa, pois o
comprometimento dos funcionários com as metas da organização, pode
passar e a própria exaustão dos mesmos pode impedi-los a cumpri-las.
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20 ABSENTEÍSMO: SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS EM UMA EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE
É importante ressaltar que o absenteísmo não resulta de um único
fator. Nesse sentido, para preveni-lo faz-se necessário, em primeiro lugar à
identificação das principais causas relacionadas às ausências. E, conforme se
verificou neste estudo, quando diretamente relacionadas a doenças e
acidentes de trabalho, a adoção de medidas como a realização de exames
periódicos, e principalmente, a adoção de medidas de higiene e segurança no
trabalho, far-se-ão importantes para garantir a saúde do trabalhador e assim,
prevenir futuras faltas.
Ao término desse trabalho, recomendamos primeiramente que em
outros próximos seja dada mais ênfase ao método qualitativo, para que as
variáveis aqui definidas sejam tratadas com maior profundidade; depois, que
seja feito um estudo para analisar o impacto do absenteísmo na produtividade
organizacional.
Vale salientar que encontramos um aspecto limitador desta pesquisa,
o qual está relacionado à dificuldade de se encontrar estudos referentes ao
absenteísmo, principalmente no que diz respeito aos poucos estudos
publicados sobre esse tema.
Finalmente, necessário se faz salientar, que não é pretensão das
pesquisadoras serem conclusivas neste estudo, mas acreditamos que com ele,
criou-se à possibilidade de novos campos de pesquisa dentro dessa
abordagem, a partir das idéias aqui lançadas.
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