Post on 28-Dec-2015
HISTÓRIA E TEORIAS DA ARQUITETURA
E URBANISMO DA IDADE MODERNA.
4º. Semestre - 2014
Professora: MARIA LUIZA ZANATTA DE SOUZA
Maneirismo e a
Desintegração da
Renascença
In HAUSER, Arnold. Maneirismo. São Paulo: Editora
Perspectiva, 2ª.edição, 1993, pp29-42.
• A palavra deriva do termo italiano maniera, "maneira", indicando o estilo pessoal de determinado autor, e em sua origem no século XVI foi usada por Giorgio Vasari com conotações positivas, significando graça, leveza e sofisticação.
• Raffaello Borghini emprega o termo um pouco mais tarde para definir se um artista possui ou não um talento superior e original.
• Em seguida, escritores como Giovanni Bellori e Luigi Lanzi modificam o conceito e ele passa a significar artificialidade e virtuosismo excessivo, o que iria repercutir negativamente em todos os estudos posteriores até o século XX, quando o estilo começou a ser revisto e revalorizado, especialmente depois da contribuição de Arnold Hauser nos anos 1960.
Maneirismo - (1520 a 1600)
Contexto social e político da época.
• "Crise psicológica coletiva" na humanidade da época, ou seja,
INSTABILIDADE. As causas são as seguintes:
1. Descoberta da América: descobrir que a terra é redonda e
que o sol é o centro do universo desestabilizou a crença do
povo da época.
2. Reforma Protestante: o rompimento com a igreja católica e os
novos ensinamentos (novas religiões).
3. Lutas Religiosas Internas: antes os países da Europa se
uniam para combater lutas religiosas de fora, como os judeus,
islâmicos, entre outros.
4. Contra Reforma: reação da Igreja Católica em relação a
Reforma Protestante, o uso da inquisição como função didática.
Maneirismo - século XV e XVI
O Maneirismo vinha sendo considerado como a fase final e
decadente do grande ciclo renascentista, mas hoje é
reconhecido como um estilo autônomo e com valor próprio,
e que já aponta para a arte moderna.
O Maneirismo marcou uma revolução na história da arte e
criou padrões estilísticos inteiramente novos; e esta
revolução consistiu no fato de que pela primeira vez a arte
se afastou deliberadamente da natureza”.
1 – Anticlassicismo;
2 – Antinaturalismo;
3 – O nascimento do Homem moderno;
4 - Maneirismo ou Maneirismos;
5 – O maneirismo e seus críticos.
Maneirismo - século XV e XVI
A crise da Renascença e o surgimento da Arte Moderna:
“Os artistas viram-se de repente diante da necessidade de
escolher entre caminhos trilhados e não trilhados, e daí
surge o problema cultural da Renascença”.
“Os homens começam a ver que a tradição poderia ser uma
arma mortal, mas também poderia ser uma defesa contra
toda inovação demasiado desregrada - pois era agora, de
repente, considerada a inovação o principio básico da vida e
ao mesmo tempo a ameaça mais perigosa para ela (p.30).
Maneirismo - século XV e XVI
• A questão que o maneirismo procurava acima de tudo
responder era se os objetivos artísticos, como os da
Renascença, eram dignos de serem perseguidos, e se
alcançá-los significava alcançar um alto nível de
humanidade, uma posse mais plena da vida, uma forma
mais sublimada do espírito humano.
Maneirismo - século XV e XVI
• A arte desde sempre tem sido dirigida no sentido de preservar as riquezas caóticas e inesgotáveis que o classicismo compreende (exemplos).
• A obra de arte clássica é uma síntese. Seu objetivo é não omitir nada que seja essencial. Esta obra prende-se ao âmago e ao centro da vida, eixo em torno do qual giram todos os seus componentes.
• A obra de arte maneirista é uma coletânea de contribuições anticlássicas, isto é: quanto mais originais, estranhas, sofisticadas, intrigantes, exigentes, maior será seu valor.
1 - Maneirismo - século XV e XVI
• A obra de arte não clássica sempre parece algo aberto e
incompleto.
• Já na obra maneirista o artista parece estar tentando
demonstrar que os valores artísticos não precisam ser
simples.
• Além disso a obra de arte é tão transbordante de vida
que sangra onde é “picada”. Os artifícios formais
assumem uma independência própria.
Maneirismo - século XV e XVI
• Os maneiristas eram inspirados menos pela natureza do que pelas obras de arte. A fidelidade absoluta se transforma em relativa.
• O individualismo marca a Renascença: não só o artista se torna consciente da sua individualidade como por parte do público há um deslocamento da atenção: da obra de arte para a pessoa do artista, com toda sua “personalidade criadora”.
• O individualismo atinge seu ápice com o conceito de gênio envolvendo a transferência da ênfase do artefato para o artista e sua personalidade, da realização do artista para sua habilidade, do êxito da obra e arte para o propósito/ objetivo de seu criador.
2 - Maneirismo - século XV e XVI
Michelangelo pretendia pintar “con cervello” e não “colla mano”.
Ele diz que ao esculpir a mão obedece ao intelecto.
Maneirismo - século XV e XVI
Non ha l’ottimo artista alcun concetto
c’un marmo solo in sé non circonscriva
col suo superchio, e solo a quello arriva
la man che ubbidisce all’intelletto.
Il mal ch’io fuggo, e ’l ben ch’io mi prometto,
in te, donna leggiadra, altera e diva,
tal si nasconde; e perch’io più non viva,
contraria ho l’arte al disïato effetto.
Amor dunque non ha, né tua beltate
o durezza o fortuna o gran disdegno
del mio mal colpa, o mio destino o sorte;
se dentro del tuo cor morte e pietate
porti in un tempo, e che ’l mio basso ingegno
non sappia, ardendo, trarne altro che morte.
Individualismo: conduziu a uma tensão entre a obra de arte
e o artista.
A revolta espiritual do século XVI forçou os artistas a
abandonarem seus ideais renascentistas e a reorientarem
sua visão de vida.
O maneirismo tornou-se uma perdição, apareceu pela
primeira vez o ceticismo e arte passou a combinar
elementos como expressionismo, espiritualismo,
formalismo, intelectualismo,etc.
3 - Maneirismo - século XV e XVI
• Dentre os arquitetos que se destacaram na Itália estão Andrea Palladio, Giulio Romano, Antônio da Sangallo, Giacomo della Porta e Jacopo Vignola.
• De todos eles Palladio, o mais influente arquiteto do Maneirismo e o que mais tem sido estudado em toda história da arquitetura ocidental, foi talvez também o mais classicista dentre os maneiristas, como se percebe em sua obra-prima, a Villa Rotonda, mas não obstante introduziu variações significativas no cânone clássico, e sua grande série de villas aristocráticas exibem uma extraordinária variedade de esquemas de distribuição de elementos e organização do espaço.
• Ele e seus contemporâneos desconstroem o cânone jogando com ilusões de perspectiva, alteração nos ritmos estruturais, desvirtuação da funcionalidade de certos elementos e sensível flexibilização nas proporções da volumetria, e sua interpretação do classicismo foi comparada à evolução do idealismo platônico para o empirismo aristotélico .
Maneirismo - século XV e XVI
• A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de
igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos
do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto,
deixando de lado as de plano centralizado, típicas do
renascimento clássico.
• No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças
que este novo estilo introduz refletem-se não somente na
construção em si, mas também na distribuição da luz e
na decoração.
Maneirismo - século XV e XVI
Maneirismo - século XV e XVI
O edifício foi construído segundo um projecto de Jacopo Barozzi da
Vignola entre 1551 e 1553. Também contribuíram para a sua
execução Bartolomeo Ammanati, Giorgio Vasari e Michelangelo;
Maneirismo - século XV e XVI
Villa Giulia - Bartolomeo Ammanati, Giorgio Vasari e Michelangelo.
Maneirismo - século XV e XVI
Villa Giulia - Bartolomeo Ammanati, Giorgio Vasari e Michelangelo.
• Maneirismo: indica um estilo único, é uma espécie de
nome próprio e refere-se a uma única espécie de arte;
• Maneirado: nome genérico que se refere a inumeráveis
exemplos e que pode se repetir com uma certa
regularidade e se refere a repetição de um determinado
estilo.
4 - Maneirismo - século XV e XVI
• A critica ao maneirismo é em geral baseada em padrões
tomados ao classicismo da Renascença que o denuncia
principalmente por ofensas contra o naturalismo, a
espontaneidade e a regularidade.
• A propensão maneirista para o intelectualismo foi tão
forte que o artista ou poeta se satisfaziam em se
debruçar sobre problemas filosóficos e enigmas.
5 - Maneirismo - século XV e XVI
Conclusão:
"Despedaçados por um lado pela força e por outro pela liberdade, (os artistas)
ficaram sem defesa contra o caos que ameaçava destruir toda ordem do
mundo intelectual. Neles encontramos, pela primeira vez, o artista moderno,
com o seu interior, o seu gosto pela vida e pela fuga, o seu tradicionalismo e a
sua rebelião, o seu subjetivismo exibicionista e a reserva com que tenta
readquirir o último segredo de sua personalidade. De então em diante, o
número de maníacos, excêntricos e psicopatas, entre os artistas, aumenta de
dia para dia".
HAUSER, Arnold (1972-82). p. 505
“Se equilíbrio e harmonia são as principais características da Alta Renascença,
o maneirismo é seu oposto: é a arte do desequilíbrio e da dissonância- ora
emocional a ponto de levar a distorção (Tintoreto, El Greco),ora disciplinado a
ponto de se auto-anular (Bronzino)." Nikolaus PEVSNER
Maneirismo - século XV e XVI
Bibliografia
• HAUSER, Arnold. Maneirismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2ª.edição, 1993, pp29-42.
• http://www.historiadaarte.com.br/linha/maneirismo.html
• http://scribomania.blogspot.com.br/2009/12/maneirismo-arnold-hauser.html
• ftp://151.8.215.87/portals/0/webooks/lsi/v2/LSI_V2_On_LINE_T51.pdf
• www.villalarotonda.it
• http://portalarquitetonico.com.br/villa-rotonda/
• http://historiaearquitetura.blogspot.com.br/2012/02/villa-rotonda-andrea-palladio-vicenza.html