0 IN0TITUTO DE AQTE0 -...

Post on 02-Feb-2020

2 views 0 download

Transcript of 0 IN0TITUTO DE AQTE0 -...

P167f

27040/BC

UNIVEI20IDADE E0TADUL\L DE Ci\MPINL\0

IN0TITUTO DE AQTE0

fA])!ANO LOZANO

E 0 INfciO DA PEDAGOGIA VOCAL NO 5QA0IL

VANIA JJANC!f£0 JJAJAJ.2CcB Di&'lerta~ao apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas para obten9ao do 8rau de Mestre em Artes .

Orientadora : Pro~Dr~ Niza de Castro Tank

Campinas 1995

FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP

Pajares, Vania Sanches P167f Fabiano Lozano e o lnfclo da pedagogla vocal no Brasil

1 Vania Sanches Pajares. - - Camplnas, SP : [s.n.], 1995.

Orientador : Niza de Castro Tank. Dlssertacao (mestrado) - Unlversldade Estadual de

Camplnas. llnstltuto de Artes.

1. Lozano, Fabiano, 1886-196$. 2. Musica vocal. 3. Canto coral. 4. Canto - Metodos. I. Tank, Nlza de Castro. II. Unlversldade Estadual de Camplnas. lnstltuto de Artes. Ill. Titulo.

Banca Examinadora

Profa. Dra. Adriana Giarola Kayama

Campinas, de de 1996.

II

'A Maria Dirce de Almeida Camargo

'A Orlan dina Sodero

Aos Orfeonistas Piracicabanos, "In Memorian"

Ill

AGRADECIMENTOS

Ao Prof Dr. Almeida Prado

A Profa. Dra. Helena Jank

A Pro fa. Dra. Adriana Giarola Kayama

A Marz?ia Siegl

A Marcelo de Jesus

A Eduardo P. Lozano

A Escola de Mlisica de Piracicaba

Ao Jornal de Piracicaba

A Editora Ricordi Brasileira S.A.

A Valeria Tavares Petrikas Saito

A Riccardo Ravagnani Saito

A Minha mestra e orientadora,

Profa. Dra. Niza de Castro Tank

IV

INDICE

Indice das llustrayoes ............................................................................................ p. VII

Resumo ................................................................................................................ p. X

Summary ............................................................................................................... p. XI

Introdw;ao ........................................................................................................... p. XII

Primeiro Capitulo Prellldio: Piracicaba no infcio do se'culo XX ................................................. p. 03 A Sociedade de Cultura Artlstica .................................................................. p. I 5 Conclusao do Primeiro Capitulo .................................................................... p. 23

Segundo Capftulo Fabiano Lozano no cemlrio musicaL ........................................................... p. 25

Terceiro Capftulo 0 "Orpbeon" Piracicabano ............................................................................ p. 41

Quarto Capitulo Procedimentos da pedagogia vocal de Lozano ............................................... p. 64

Quinto Capftulo A Literatura Musical de Fabiano Lozano ...................................................... p. 78

Conclusao ............................................................................................................ p. 90

Bibliografia ........................................................................................................... p. 96

v

Anexos Obras de Fabiano Lozano ............................................................................. p. 100

Anexo I - Curso de Soifejo ................................................................................. p. I 0 I

Alegria das Escolas- BR 373 - Editora Ricordi Brasiieira, I942 ........ p. I 02

Anexo 2- Cantos Escoiares .................................................................................. p. 146

Toadas de Minha Terra- Editora Ricordi Brasiieira, 1946 .................. p. 146

0 I) Ciranda, cirandinha ....................................................................... p. 14 7 02) Para doze faltam tres ..................................................................... p. 149 03) Dorme, nene .................................................................................... p. 151 04) Teresinha de Jesus .......................................................................... p. 153 05) Vern c3, Bitu .................................................................................... p. 155 06) Com padre Belarmino ..................................................................... p. 157 07) Pirolito que bate, bate .................................................................... p. 159 08) 0 cravo e a rosa .............................................................................. p. 161 09) Sinhaninha diz que tem .................................................................. p. 163 1 O) Tutu Maramba ............................................................................... p. 165 II) Caranguejo ...................................................................................... p. 167 12) Solfejar e cantar .............................................................................. p. 169

Anexo 3 - Cantos Escoiares ................................................................................. p. 171 Alegrando a Vida- Editora Ricordi Brasileira, 1956 .......................... p. 171

OJ) Canta, canta, cora Gao! .................................................................. p. 172 02) Doce recorda~ao .............................................................................. p. 177 03) Murucututu ...................................................................................... p. 180 04) Minha mae ....................................................................................... p. 182 05) As duas llores .................................................................................. p. 187 06) Aos Mestres ..................................................................................... p. 191 07) Nana, nana, meu amor !. ................................................................ p. 193 08) Cisnes ............................................................................................... p. 195 09) Foi bOto, Sinha ................................................................................. p. 200 10) Saudade ............................................................................................ p. 203 11) Can~ao de Ninar .............................................................................. p. 205 12) Passo firme e cadenciado ................................................................ p. 207

Anexo 4 - Composi~ao Original... ........................................................................ p. 213

Cascata de Risos- BR 549 Editora Ricordi Brasiieira, 1947 ............... p. 214

y,,A .................................................................................................................... p. 222

VI

JNDICE DAS ILUSTRA(iOES

Fig. I - Fabiano Lozano, na sua juventude ........................................................... p. Vlll

Fig. 2- Fabiano Lozano, familiares e amigos ...................................................... p. IX

Fig. 3 - Fachada do Theatro Santo Estevao ......................................................... p. 01

Fig. 4- Interior do Theatro Santo Estevao ............................................................ p. 02

Fig. 5- Regularnento do" Theatro-Cinema Orchestra" ........................................ p. 33, 34

Fig. 6- Orchestra Lozano ...................................................................................... p. 35

Fig. 7 - 0 Orfeao Piracicabano ............................................................................. p. 38

Fig. 8 - 0 Orfeao Piracicabano ............................................................................. p. 39

Fig. 9 - 0 Orfeao Piracicabano ............................................................................. p. 40

Fig. I 0- Primeiro Exerclcio do M.;'todo Alegria das Escolas ................................. p. 70

Fig. II - Maria Dirce de Almeida Camargo .......................................................... p. 88

Fig.12- Carta de Fabiano Lozano ·a aluna Maria Dirce de Almeida Carnargo .... p. 89

VII

F1g. 1 - Fabiano Rodrigues Lozano, na sua juventude, em fotografia gentilmente cedida par Maria Dirce de Almeida Camargo, sua aluna de piano.

Vlll

Fig. 2 - Fabiano Lozano, familiares e amigos. Foto gentilmente cedida por Eduardo P. Lozano, filho de

Fabiano Lozano.

IX

RESUMO

Ao realizarmos nossa pesquisa e posterior disserta~ao, tivemos sempre em mente o objetivo de elucidar os fatos relativos a Fabiano Lozano (1886 - 1965), enquanto Maestro, Instrumentista e Pedagogo, sempre louvado por seus disclpulos e profissionais de diferentes areas com OS quais ele se relacionou.

Alem disso, buscamos dados pertinentes a questao da diflcil arte da Pedagogia Vocal e de como eram os procedimentos de Lozano, quanto a este assunto.

Pesquisamos sua extensa bibliografia musical e, por meio de depoimentos pessoais concedidos por ex-alunos, artigos e textos diversos, chegamos 'a conclusao de que Fabiano Lozano foi o primeiro grande Pedagogo Vocal do Brasil, se forem consideradas a qualidade e extensao de seu trabalho.

0 presente texto aborda, em linhas gerais, a cidade de Piracicaba, localizada no interior de Sao Paulo, como local de atua9ao de Lozano nas primeiras decadas do seculo XX. Seus feitos em prol da musica, do canto orfe6nico e do ensino musical formam as bases desta pesquisa, bern como os dados relacionados ao Orfeao Piracicabano, grupo vocal criado e liderado por ele e que conseguiu

/ enorme sucesso em sua epoca.

Tendo por finalidade resgatar fatos relativos 'a figura do ~.1aestro Fabiano Lozano e sua contribui9ao para o desenvolvimento da Pedagogia Vocal no Brasil, apresentamos, como resultado final de nossa pesquisa, a presente disserta~ao.

X

SUMMARY

It was the purpose of our research to explain facts about Fabiano Lozano (1886-1965) as a Conductor, Instrumentalist and Pedagogue who was always praised by his disciples and by professionals of different areas with whom he had contact.

Furthermore , we collected data about Vocal Pedagogy , which is a very difficult. art, and Lozano's procedures as to this subject.

We studied his vast musical bibliography and, through interviews with former students, articles and several other texts, we came to the conclusion that Fabiano Lozano was the first great vocal pedagogue in Brazil, based upon the extension and quality of his works.

This dissertation presents the city of Piracicaba, located in the interior of the state of Sao Paulo, as Lozano's working place in the first decade ofthe 20th century.

His work for the benefits of music, chorus singing and musical teaching are the basis for this research as well as the data related to the Orfeao Pi-racicabano, a vocal group created and conducted by him, which was very successful in his time.

Thus, the purpose of this dissertation is to recover facts about the Conductor Fabiano Lozano and his contribution to the development ofthe Vocal Pedagogy in Brazil.

XI

INTRODU~AO

A voz humana e o instrumento musical mais completo entre as categorias existentes, por englobar caracter(sticas dos tres grandes grupos de instrumentos musicais: instrumentos de cordas, de ... sopro e de percussao. E urn instrumento de cordas porque a ,. produ~ao sonora ocorre nas cordas vocais. E urn instrumento de sopro porque a vibra~ao sonora e acionada pela COrrente de ar que passa pelo laringe e , de percussao, porque o ar percute as cordas vocais. Alem disso, e o unico instrumento musical capaz de produzir, simultaneamente, a linguagem verbal e a nao-verbal (sons musicais).

Por essas razoes acima citadas e pelo fato de cada instrumento ser unico como unico e cada indiv[duo, 0 instrumento vocal eo de mais diflcil aprendizado. A Pedagogia Vocal torna-se , destarte, uma materia complexa quanto 'a escolha e administra~ao dos procedimentos para o ensino da correta expressao vocal.

Fabiano Rodrigues Lozano (1886 - 1965) foi urn grande incentivador da Arte e, em particular, da Musica e do Canto. Seus maiores feitos estao concentrados na area da Pedagogia Vocal, como mestre dedicado a fazer a juventude cantar e a desenvolver nela o gosto pela boa musica e pelas artes em geral.

Indo a Piracicaba, local onde o Maestro Lozano exerceu SilaS atividades como Professor de Musica no inl'cio deste seculo, entramos em contato com elementos remanescentes do Orfeao Piracicabano, sua cria9ao de maior vulto.

XII

Entre estes elementos estavam duas mulheres muito espec1ms: Maria Dirce de Almeida Camargo, aluna de piano do Maestro Lozano e Orlandina Sodero, orfeonista e aluna de canto do mesmo.

Gra9as a elas, pudemos colher extenso material de pesquisa, entre impressos e depoimentos verbais registrados. Suas memorias compoem urn precioso vefculo de resgate de urn tempo poetico, da epoca de suas juventudes. Tais lembran~as vimos reluzindo nos olhos delas e nos deparamos com a necessidade de render uma homenagem. Ao interesse cientffico e 'a finalidade pnltica, juntou-se a como9ao e urn profunda respeito por esse passado de ouro ignorado da maioria e que precisava ser resgatado.

0 estudo da Pedagogia Vocal e das pessoas por tras dela e de extrema importancia para que sejam estabelecidas as bases

/

propostas quanta 'a tecnica vocal correta. E importante que as gera~oes atual e futuras conhe9am e reconhe~am a influencia determinante de Fabiano Lozano no ensino e na Historia da Musica do Brasil.

Citaremos vanas vezes Maria Dirce de Almeida Camargo, a discfpula de piano e amiga de Lozano7 e Orlandina Sodero, orfeonista, pois a valiosa ajuda delas, a boa-vontade, a jovialidade e a simpatia nos ofereceram momentos de deleite musical e historico, alem de trazer fatos desconhecidos importantes 'a tona. Estas duas senhoras tiveram o grande desprendimento de nos fomecer material original, tais como fotos da epoca dos anos vinte e reportagens, alem de seus depoimentos pessoais registrados. Fc;;ta tese e dedicada a elas e a todos OS orfeonistas remanescentes e ja falecidos do "Orpheon Piracicabano", com todo o nosso respeito e admira~ao.

XIII

Com a intenc;;ao de resgatar fatos esquecidos na memoria de uma epoca, trazemos 'a luz a narrativa do que foi 0 ber~o da Pedagogia Vocal no Brasil e de seu provedor: o Mestre Fabiano Lozano e seus feitos em prol da arte neste pals.

XIV

1

Fig. 3 - Fachada do Theatro Santo Estevao, nos anos vinte. Foto copiada do Jornal de Piracicaba, Piracicaba, ano 75, numero 23596, 25 de maw de 1975, terceiro cademo, p.Ol.

2

Fig. 4 -Interior do Theatro Santo Estevao. Foto copiada do Jornal de Piracicaba, Piracicaba, ano 75, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.Ol.

3

PRIMEIRO CAPITULO

Preludio: Piracicaba no inlcio do seculo XX

Num verdadeiro hino de amor 'a "Noiva da Colina" (Piracicaba), sua terra natal, Sud Menucci diz :

" Quando, hl fora, a conversa deriva para os aspectos curiosos de inextingiilvel produ¥io de val ores

que Piracicaba ruanda para toda a parte, nao faltam aqueles que se espantam diante do volume desse movimento e da abundincia de seus hornens. que tomaram posiyao em todos os quadrantes da sabedoria humana.''

"E eu sorrio ... Eu que !he confesso a causa, eu que sci porque a nossa terra podc man ter-se tao alta como valor de esplrito, penso nos dias de minha in±ancia e de minha mocidade e revejo o eli rna mental em que desabrochavam e continuavam a desabrochar os filhos deste canto aben~oado de S'ao Paulo."

"£', scm dllvida, uma benyao do ceu, 0 ter tido a felicidade de nascer aqui e de ter podido, durante uma longa seqUencia de anos, viver ao par das preocupa~Oes artlsticas e intelectuais que venho relatando, dentro do in fin ito esplendor desta natureza pag3, perpetuamente em festa ... "

'" Piracicaba! Poucas cidades podem, como tu, fazer pra~a de sua beleza, poucas te igualam na maravilha natural que te concebeu! E poucas poderii'o oferecer, aos olhos deliciados do viandante, a cole~ao de espeta'culos ine'"ditos que tu, perdu !aria e prOdiga, esparramas a cada volta do caminho."

'"'Piracicaba! Que poderia eu ofertar-te que val esse o que me deste, que recompensasse o carinho com que nos formaste e nos educaste, tu que nos deste tudo, pilo para a boca, del lei a para o ouvido, deslumbramento para a vista, luz para o ce"'rebro, do<;ura e enlevo para a fantasia e chama, uma chama inextingUlvel para o cora¥ao?"

"Piracicaba, ave!"

"GlOria a ti, Piracicaba, bela entre as belas, pulcra entre as pulcras, g!Orias a ti, na terrae no espaco, no humilde chilo de on de brota o alimento, no ce'u estrelado de onde nos vern a luz!''

""Piracicaba, mater purissima, ave!"

l TEIXEIRA, Prof. Benedito Dutra. Retrospecto orfe6nico - orquestral de Piracicaba . Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 27 de novembro de 1960. Trecho extra{do de recorte de jomal gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo.

4

Primeiras decadas do seculo. No interior do Estado de Sao Paulo, florescia uma cidade que, por razoes geograficas, era isolada mas oferecia urn terreno fertil para o desenvolvimento cultural e condi~;oes prop[cias para a cria~;ao de uma obra profundamente humanistica e original, segundo Jose Maria Ferreira, libretista de operas tais como A Moreninha de Ernst Mahle, alem de ser jomalista, biografo e critico musical.

Ele prossegue sua descri~ao do panorama artistico de Piracicaba no inlcio deste seculo, tecendo urn quadro rico de matizes:

"A cidade dispunha de urn magnifico teatro que lhe tinha sido doado pelos remanescentes da aristocracia imperial, nas pessoas dos BarO'es de Rezende. Ja existia urn verdadeiro centro cultural, a chamada Universidade Popular que dispunha de uma biblioteca pUblicae onde se realizavam conferencias, saraus musicais e exposi~Oes de arte, as quais mantinham a cidade infonnada do que se passava no resto do pals e do mundo."

"A irnprensa era extremamente atuante com seus do is jornais diaries: a Gazeta de Piracicaba eo Jornal de Piracicaba."

"Na Escola Luiz de Queiroz, no Colegio Piracicabano, no Colegio Assun~ao e na propria Escola Normal, ocorriam avan~adlssimas experi€ncias pedagOgicas a cargo de mestres europeus, norte-americanos e brasileiros.''2

Piracicaba foi considerada 1 na decada de vinte, como urn verdadeiro prototipo de cidade universitaria europeia, em virtude dos numerosos estabelecimentos de ensino que existiam no Municipio.

2 FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano I. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 20 de maio de

1986. Trecho extraldo de recorte de jomal gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo.

5

0 Brasil vivia entao o ponto alto da Primeira Republica, uma fase euforica, ufanista e calcada no proposito da reconstru~ao nacio­nal.

" ... aqueles dez anos de iridiscente beleza. entre 1920 e l930.Perfodo de esplendor criativo, de explosao juvenil . de intcnso e profundo afeto. de urn humanisrno plena e vigoroso que cunha a express3'o Atenas Paulista para uma Piracicaba ainda 'cheia de flares', 'cheia de encantos'.'' 3

Essas cita9oes e outras que aparecerao no decorrer desta disserta~ao, fazem parte de urn ciclo de depoimentos (nove, ao todo ), publicado pelo Jornal de Piracicaba, entre os dias vinte e trinta de maio de 1986. Tais depoimentos foram colhidos , organi­zados e redigidos por Jose Maria Ferreira e tratam do Maestro Fabiano Lozano e da Sociedade de Cultura Artfstica de Piracicaba.

Colhidos onze anos antes de sua publica9ao, eles serv1ram de rote iro para a montagem da exposi£aO 0 Mundo de Fabiano Lozano, comemorativa do centemfrio de nascimento do Maestro Lozano (1986), concomitante com a publica~ao dos artigos.

Trata-se de uma reconstituis;ao da vida artistica, intelectual e social de Piracicaba nos anos vinte, per1odo que foi extraordinaria­mente rico e fertil, artisticamente falando, e sobre o qual repousa toda a vida cultural subseqtiente da cidade.

3 FERREIRA , Jose Maria . 0 mundo de Fabiano Lozano IX . Jornal de Piracicaba , Piracicaba , 30 de Maio de 1986 .

6

' E preciso investigar os porques de tanta abundancia, tantas manifesta£5es artlsticas e culturais, ja que se tratava de uma pequena cidade interiorana, distante da capital (162 km) e pouco favorecida pelas facilidades que teria com uma posis:ao geografica melhor: agiliza~ao nos transportes de instrumentos musicais, na vinda de artistas para a cidade, etc.

Pois bern, vamos 'as razoes. Alem das boas condi~oes economicas da cidade, da situa9ao financeira estavel no setor administrativo, a renda per capita era alta. Isto devido a uma agricultura forte (policultura) e a urn parque industrial bern implantado e intensamente operante. Predominavam as familias de classe media alta, dai' 0 interesse e 0 apoio 'a cultura, ao ensino, 'a cria~ao de escolas e ao aprendizado em geral.

Com a eleva~ao do padrao cultural da pequena sociedade provinciana, surgiu o interesse crescente pela Arte e suas manifesta<;oes.

Num artigo, cuja autoria coube a Fortunato Lasso Netto, baixo do Orfdio Piracicabano e amigo do Maestro Lozano, temos que:

"£' ponto pacifica que Piracicaba eo principal centro musical do interior de Silo Paulo. Evidentemente, niio foi fruto do acaso, e sim uma serie de fatores em que entrou muito trabalho, dedicafa'o e entusiasmo."

"A coisa vern de longe, i<l dos tempos do Imp€rio, quando urn artista chamado Miguel Benlcio Dutra, patriarca de urna linhagem de artistas iluminados, fixou na pauta urn precioso acervo cultural e musical, parte do qual estanl no Museu do lpiranga e parte, com seu neto Archimedes."

"Piracicaba, desde tempos remotes, firmou conceito de ter mtlsica sacra de muito boa qualidade em suas concorridas 'Sernanas Santas' ."

7

"Foi, por6m, com a vinda de dois musicistas castelhanos que nossa terra firmou rumos na vida musical: L<izaro Rodrigues Lozano e seu irma'o mais jovem, Fabiano Rodrigues Lozano, lan~aram em Piracicaba, diretrizes in6ditas no ensino da mllsica no Brasil.., 4

Segue-se uma descri~ao do Theatro Santo Estevao, templo das manifesta~oes art1sticas da Noiva da Colina , em sua epoca dourada.

0 Theatro Santo Estevao era uma pequena joia da cidade. Bern apresentado, bern decorado, com uma acustica excepcional, comentada como uma das melhores do Brasil pelo ator Procopio Ferreira, que lase apresentou. Teve sua constru£aO iniciada por volta de 1870. 0 seu nome se explica porque seu principal construtor foi o Barao de Rezende - Estevam de Rezende. Deixemos, portanto, que o proprio Barao narre a historia do velho e saudoso teatro:

"Em 1870, resolvendo-se construir urn pequeno teatro, nesta cidade, abriu-se uma subscri~ao que recolheu setenta assinaturas, na importiincia de 8.232$600. Como membro da comissao respectiva, tive de assumir a responsabilidade da editica~io, ate que ficasse coberta e bern ou mal se prestasse a representa¥0es: foi ent5:o franqueado, no intuito de, com os rendimentos, ser concluldo e preparado o editlcio, muita coisa tendo sido feita provisoriamente; este intuito nunca foi realizado: de fato, dissolveu-se a comissao e ninguim importou-se mais corn isto. Como credor constitm-me possuidor, sem reciama~Oes, n[o exigindo eu o pagarnento da dlvida, mesmo por niio ter de quem exigir, salvo se requeresse a pra~a, o que me repugnava. por ser urn editlcio que oferecia distra~Oes ao pUblico e se a ele houvesse algum pretendente, para o mesmo fim, ficil ser­lhe-ia entender-se particularmente. Nunca recebi urn real do Theatre,( ... )."

''Em 1890 - prossegue o Barao - tendo a Intendencia (Prefeitura) ouvido a profissionais que declararam precafias as condi~Oes do editlcio e necessa'ria a sua demoli~ilo e publicada, na Gazeta de Piracicaba de 19 de Marro desse mesrno ano, a resolu~iio de convocar por editais os propriet<lrios do Theatro para a demoli~iao, segundo o artigo 22 das Posturas, oficiei ao Presidente da lntendencia constatando o parecer desses profissionais e me oferecendo para mandar efetuar obras precisas para fazer desaparecer o mau aspecto do editlcio : de fato, foi disso encarregado o sr. Antonio Joaquim Alves, e por essa ocasiao despendi ainda cerca de 5.000$000." 5

4 LOSSO NETTO, Fortunato. Historia do Teatro Santo Estevao, ber~o da Cultura Artfstica de Piracicaba. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975,terceiro cademo, p. 01

5 LOSSO NETTO, Fortunato. Historia do Teatro Santo Estevao, ber~o da Cultura Artfstica de Piracicaba. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975. Terceiro Cademo, p.Ol.

8

Assim foi que, com a desistencia dos outros proprietarios possuidores de pequenas importancias, passou o Theatro Santo Estevao ao patrimonio da Santa Casa.

Em 1906, quando era Provedor da Santa Casa, o mesmo Barao de Rezende, nomeou uma comissao composta por moradores respeitados da cidade, tais como Dr. Francisco Morato, Manoel Gon<;alves de Lima, Jose Gomes Xavier de Assis e Pedro Alexandrino de Almeida, para estudar e proceder a uma reforma do Theatro Santo Estevao.

As obras para tal fim foram realizadas sob a orienta~ao do sr. Carlos Zanatta que as fez sem remunera~ao alguma. Gastou-se, nessa reforma, a importancia de 63.166$562. 0 mestre de obras foi o sr. Henri Rochelle, que tambem trabalhou gratuitamente durante os tres meses da reforma.

Nessa ocasiao, o Theatro foi remobiliado, teve as instala9oes eletricas trocadas, ganhou lustres novos, alem de uma bela decora~ao. A comissao, em relatorio ao Provedor, disse que, depois da reforma, o Santo Estevao transformou-se num recinto condizente com as necessidades artfsticas e culturais da cidade e compatfvel com o nfvel de desenvolvimento da mesma. 6

6 LOSSO NETTO, Fortunato. Hist6ria do Teatro Santo Estevao, ber~o da Cultura Art!stica de Piracicaba. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.Ol.

9

Este foi o terceiro teatro da cidade. Antes da reforrna, ou melhor, reconstru£aO, havia no mesmo local, urn outro teatro, tambem chamado Santo Estevao, como ja vimos, doado 'a cidade pelo Marques de V alen~a, pai do Barao Estevam de Rezende.

0 Teatro, em sua forma definitiva, foi inaugurado ainda em 1906, com o projeto do ja citado Carlos Zanatta, pintura e decora~ao de Bonfiglio Campagnolli, mobiliario de Joao Graner e pano de boca pintado por Joaquim Dutra.

0 antecessor deste Teatro, data de 1875. Antes destes dois houve urn terceiro datado do come9o do seculo XIX e constru1do sobre uma olaria desativada, por Ricardo Leao Sabino, ex-capitao do exercito de Duque de Caxias, ex-professor de GonC5alves Dias e de Paulo Eiro, mestre de frances e latim, e urn dos mais ins6litos personagens da historia de Piracicaba. Este la viveu urn tempo, nao se sabendo ao certo o porque.

Pouco se sabe sobre esse primeiro teatro. Sabe-se apenas, segundo os depoimentos verbais das pessoas entrevistadas (Maria Dirce de Almeida Camargo e Orlan dina Sodero ), que os mais antigos diziam tratar-se de urn teatro pequeno, mal construi'do e que nada oferecia de interessante. Tal teatro era desprovido de piso, teto e as pessoas eram obrigadas a levar suas proprias cadeiras para poderem assistir sentadas aos espetaculos.

Com a cria~ao da Escola Complementar (antecessora da Escola Normal) e da Escola Agricola, surgiu a necessidade de criar urn teatro novo, mais bonito e confortavel, e o Barao de Rezende arcou com as despesas da constru~ao, numa importancia total de gastos muito alta para OS padroes da epoca. A inaugura~ao do

10

Theatro Santo Estevao, em sua terceira versao, ocorreu junto com a instala~ao oficial da Universidade Popular.

Urn ano depois, em 1907, come~aram as temporadas I1ricas. E como todo publico de opera no mundo, a sociedade local, trajada com grande pompa e luxuoso esmero, foi em peso assistir aos espetaculos de 6pera.

As recitas eram realizadas por companhias estrangeiras e a figura<;;iio era feita, na sua maior parte, por estudantes locais, quando as cenas exigiam grandes multidoes.

Entre os tftulos encenados estavam : Aida, La Traviata, II Trovatore, Cavalleria Rusticana e II Guarany. Nesta ultima ocorreu urn epis6dio curiosa e que muito deu o que falar na provincia. A opera de Carlos Gomes corria normalmente e OS estudantes da Escola Agricola figuravam como os fndios da tribo. Mas, na cena da batalha COm OS portugueses, nao respeitaram 0 enredo e SUITaram OS cantores em pleno palco. 0 espetaculo teve de ser interrompido e a polfcia precisou intervir . 7

Na area de Teatro, houve encena9oes de pe9as como A Capital Federal, de Arthur Azevedo e de Shakespeare, Otelo, tendo como protagonista o ator Pedro Coffani.

7 FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano II- 0 Theatro Santo Estevao. Jornal de Piracicaba,

P1racicaba, 21 de maio de 1986. Recorte gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo.

11

Entre os espetaculos com artistas nacionais, eram organizados eventos com os alunos da Escola Complementar e da Escola Agricola. Ali, a primeira orquestra existente em Piracicaba, a Orquestra do Maestro Lazaro Lozano (irmao mais velho de Fabiano), se apresentava regularmente. Neste grupo, tocavam, entre outros, Fabiano Lozano e Erothides de Campos, ainda adolescentes.

Antes do primeiro cinema propriamente dito, da cidade, o "Bijou Theatre" (mais tarde chamado de "Iris", depois de "Broadway" e , bern mais tarde, de "Tiffany") ser inaugurado, as primeiras exibi~oes publicas do cinemat6grafo ocorreram no Theatro Santo Estevao. Desta data consta a forma~ao do primeiro grupo teatral piracicabano, formado por imigrantes italianos: era o grupo de Vittorio Altieri, dirigido por ele mesmo. 0 grupo representava no idioma italiano e intitulava-se "Grupo Dramatico Vittorio Altieri".

Leandro Guerrini, tenor do Orfeao Piracicabano, disclpulo e amigo de Fabiano Lozano, montou varias pe~as, nos anos trinta. Entre elas, dois sucessos do teatro brasileiro da epoca: Onde Canta o Sabia, de Oduvaldo Viana e A Comedia do Cora9ao, de Paulo Gon9alves. As principais companhias de teatro profissional da epoca, passaram pelo palco do Theatro Santo Estevao, cuja acustica era excelente, fazendo dele o teatro preferido de Procopio Ferreira.

No "foyer", eram organizadas exposi~oes de arte e logo foi montado urn acervo de pintura local.

/

E sempre marcante e digno de nota o tom orgulhoso de todas as narra£oes pertinentes a tal epoca. Tambem notavel e a preocupa\faO com o refinamento e a elegancia, a arte e a cultura, atributos incomuns em outras cidades de igual porte, naquela epoca

12

de transi9ao entre duas guerras e mesmo no final do seculo anterior, epoca de reestrutura~ao nacional. Muitos destes burgos estavam em estagios de desenvolvimento precario ate em assuntos basicos como alimentas;:ao, saneamento, condi~oes de sobrevivencia, empregos para a popula(jiaO e estabilidade economica para assegurar sua independencia como Municipio.

Prosseguindo a narrativa, e contada a grandeza e posterior decadencia do Theatro Santo Estevao, com as palavras de Losso Netto:

"0 nosso Teatro teve dias de glOria e de esplendor. Saraus elegantes, reuni5es litenlrias com grandes nomes da inteligencia brasileira, sessOes clvicas memonfveis, reuni5es pollticas, bailes de gala. Toda a vida social mais elegante e mais refinada girou em torno do Theatro Santo Esteva'o, no fim do sCculo XIX e COffiC!j;OS do seculo XX." "Ali se iniciou a carreira vitoriosa da Cultura Artfstica, com a apresenta~iio da consagrada pianista Antoni eta Rudge, como primeira artista convidada. Ali falaram Coelho Neto. Antonio Pinto, Martins Fontes; ali tocaram Guiomar Novaes. Magdalena Tagliaferro, Villa­Lobos, Fritz Jank, names de proje~ffo artlstica nacional." 8

Com a funda9ao da Sociedade de Cultura Arti'stica de Piracicaba, em 1925, cresceu a importancia do Theatro Santo Estevao. Todo o mundo artfstico e intelectual brasileiro da primeira metade do Seculo XX passou, provavelmente, pelo seu palco. As tres maiores pianistas brasileiras de entao, Antonieta Rudge, Guiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro, apresentaram-se varias vezes e tinham :ffis-clubes organizados e rivais entre si. Bidu Sayao Ia cantou; alem de receber nomes da musica, o teatro acolheu tambem nomes das letras como Mario de Andrade, o poeta Guilherme de Almeida, Coelho Neto e Martins Fontes.

8 LOSSO NETTO, Fortunato. 0 Jubileu da Cultura Artlstica. lomal de Piraeicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro caderno, p.Ol.

13

Todos os artistas eram recepcionados na esta~ao ferroviaria, com flores, banda de m11sica e discursos das autoridades locais. Eram conduzidos depois em procissao para o centro da cidade, onde ficavam hospedados no Hotel Central, que mantinha urn piano a disposi9ao dos artistas para eventuais ensaios.

Ha estorias curiosas a respeito das personalidades que chegavam a cidade interiorana. Por exemplo, conta-se que as roupas e penteados de Magdalena Tagliaferro provocavam verdadeiro furor. Ela se fazia acompanhar sempre de urn secretario, trazendo consigo, para as apresenta~oes, o seu proprio piano e seu afinador. 9

Num dos concertos, a pianista provocou constrangimento geral na plateia ao abandonar o palco no meio de uma das pe9as que executava. 0 motivo era que, no predio ao lado , ficava o auditorio da PRD-6, onde urn funciomirio em sua hora de folga dedilhava urn pianinho para se distrair, o que irritou a pianista, pois os sons produzidos no predio ao lado faziam-se audfveis na Sala de Concerto, ainda que levemente.

"Esperemos que o nosso colega termine", disse ela altivamente sumindo nos bastidores, segundo relatos. Joao Chiarini, urn ilustre cidadao piracicabano, que presenciou os fatos narrados e teve seu depoimento publicado no Jomal de Piracicaba, nos conta essa _,. estoria. "Eramos uns sonhadores", suspira ele, "e tudo terminou bern, como tudo terminava muito bern naqueles tempos." 10

9 LOSSO NETTO, Fortunato. 0 Jubileu da Cultura Artfstica . .T01711d c/e Plra&i<llb4. Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.Ol.

10 FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano II- 0 Teatro Santo Estevao. Jei7UIZIII Pirodctibtt Piracicaba, 21 de maio de 1986. Recorte gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo.

14

A fachada do Theatro Santo Estevao, renovada em sucessivas reformas, refletia 0 estilo de sua epoca. 0 simpatico teatro, que desapareceu na decada de cinquenta, apos oitenta anos de relevantes servi~os para a cultura de Piracicaba, tinha tres pisos (plateia, camarotes e balcao ou "foyer) , acomodando cerca de quinhentos espectadores. Finamente decorado, como mostram fotos de sua epoca de apogeu, seguia OS moldes de UID pequeno teatro de opera italiano. A reforma ja mencionada, realizada no govemo Jorge Pacheco e Chaves, conferiu ao Theatro Santo Estevao urn aspecto monumental. Em seu perfodo de esplendor, o teatro era mantido e conservado pela Santa Casa. Depois que esta o vendeu ·a Prefeitura Municipal, nem sempre os prefeitos tiveram o cuidado de preservar a imagem do glorioso teatro.

No predio do teatro ainda funcionou o Centro do Professorado Piracicabano e a Biblioteca Publica Municipal. 0 velho edificio, porem, sem conserva~ao, abandonado por sucessivas administrayoes, entrou em deteriora9ao e ate como "espa9o para Camaval Popular ele serviu, com sua 'Boca do Inferno"', segundo Losso Netto. Ele continua: "o velho teatro se aviltou, ficou refUgio de malandros, que lhe for~avam as portas cambaias. Da{ para sua condena~ao irretratavel foi urn resvalar nfpido. 0 progresso exigia o espa~o ocupado pelo velho e glorioso teatro, do qual hoje so existem recorda£oes e saudades e, amanha, nem saudades restarao do belo Theatro Santo Estevao." 11

1 J LOSSO NETTO, Fortunato. Hist6ria do Teatro Santo Estevao, ber~o da Cultura Art!stica de Piracicaba. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.Ol.

15

0 Theatro Santo Estevao foi demolido em 1953. Nesse ano, Mello Ayres escreveu seu epWifio no Jomal de Piracicaba, finalizando como seguinte texto:

"0 teatro nao conheceu partidarismo, nao alimentou animosidade, surgiu para o culto nobre da arte e procurou realizar seu objetivo. Sfmbolo da democracia, serviu 'a inteligencia e 'a cultura da gente piracicabana." 12

A SOCIEDADE DE CUL TURA ARTISTICA

Fundada em 25 de maio de 1925, teve como ber~o e sede o Theatro Santo Estevao. Sua finalidade era apresentar os melhores artistas brasileiros e visitantes, numa sequencia de , pelo menos, urn recital por mes.

Assim, com mms de quinhentos rec1tms realizados ao completar seu Jubileu de Ouro, a Cultura Artfstica tomou-se urn patrim6nio soberano da Atenas Paulista e urn terreno fertil onde se desenrolou a maioria dos acontecimentos relativos aos assuntos discutidos nesta disserta~ao.

No seu elenco de apresenta£0es e concertos, podemos citar : . Martins Fontes, Joao Caldeira Filho, Guilherme de Almeida, Margarida Lopes de Almeida, Noemia Nascimento Gama, Menotti c.-.:1 Picchia, como artistas da palavraj

12 FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano II- 0 Teatro Santo Estevao. Jornal de Piracicaba, 21 de maio de 1986.

16

. Entre os virtuosos do teclado figuravam, alem de Antonieta Rudge, Guiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro, as tres pianistas ja citadas, Souza Lima, Fritz Jank, Amaldo Estrela, entre outros;

. Cantoras de renome intemacional, como Bidu Sayao, Alice Ribeiro, Maria Kareska, Madalena Lebeis, Cristina Maristany, Helena Magalhaes Castro, e orquestras, quartetos, conjuntos de camera, corais, instrumentistas diversos, a maioria de profissionais que se apresentavam nas melhores salas de concerto do Rio de Janeiro e de Sao Paulo.

Sobre o Jubileu da Sociedade de Cultura Art1stica de Piracicaba, conta Losso Netto:

'' Tudo isso foi conseguido, pore'm, com muita dedica~ao, muito esfor~o e muito entusiasmo. Desde o primeiro Presidente da Cultura, o Prof. Antonio dos Santos Veiga, o sr. Pedro de Camargo, que por v<lrios anos dirigiu a Sociedade. consolidando-lhe os primeiros passos, veio o Prof. Benedito Dutra e depois o Dr. Nelson Meirelles que dedicou mais de vinte anos 'a presid€ncia da Cultura Artlstica. Justo i que se destaque o empenho de sua esposa, Dona Livica Meirelles, grande incentivadora da mdsica, que muito contribuiu para movimentar a entidade mesmo nas fases diffceis, nio admitindo nunca o des3.nimo no prosseguimento da atividade cultural a que se propOs."

"De relembrar ainda, colaboradores outros, como Dr. Caio Carneiro eDna. Wanda, a professora Maria Dirce de Almeida Camargo, o professor Melchior Amaral Mello. o casal Aneliese e Frederico Brieger, professora Yule Ferraz Barbosa- enfim, uma legiao de amigos da Cultura, que a trouxeram ativa e atuante, recolhendo benerencias para o rename artlstico de Piracicaba". 13

0 artigo termina com 0 seguinte panigrafo referente a epoca da publica~ao do mesmo, nos anos setenta:

13 LOSSO NETTO,Fortunato. 0 Jubileu da Cultura Artfstica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro caderno, p.Ol.

17

"Meio seculo de perseverante e Serio trabalho em pro! da cultura musical de Piracicaba tomou nossa cidade urn centro artlstico respeitado em todo o BrasiL Com a Sala de Concertos Dr. Ernst Mahle eo Auditorio Cecilia Mahle- sem similares no interior do Brasil • o esfor9o da antiga e sempre renovada Sociedade de Cultura Art!stica veio desabrochar em uma firmaliao da cultura musical da Noiva da Colina. que teve em Fabiano Lozano, e sua esplendida florayao de disdpulos e seguidores, os idealistas imprescindlveis para concretizar uma realidade magnifica que venceu o tempo e que e a Piracicaba musical de nossos dias." 14

A afirmativa de que nao ex1sttam Salas de Concerto semelhantes 'as citadas acima no interior do Brasil, na epoca, quanto 'as qualidades acusticas e acomoda~oes, e exagerada. 0 autor generalizou de tal forma que estendeu ao nivel nacional a precariedade de instala£0es adequadas para manifesta~oes artisticas. Tal conclusao nao e verdadeira, pois bern antes da ctecada de publica<iao do artigo, varios audit6rios com boas condi<~oes acusticas e infra-estrutura existiam no que ele chama de "interior do Brasil". Tal frase, porem, e decorrente do carater orgulhoso e ufanista ja citado, no que concerne 'a vida artistica e cultural da cidade em questao. Tal euforia e justificavel, pois poucas cidades do interior de Sao Paulo, e mesmo do Brasil, tiveram uma vida arti'stica tao rica em propor~ao 'as suas dimensoes populacionais.

0 projeto inicial de se instituir a Sociedade de Cultura Artfstica vinha sendo alimentado ja ha alguns anos antes de sua funda£ao, pois Piracicaba era uma cidade culta, conhecida como a Cidade das Escolas, tal era o numero de estabelecimentos de ensino t 0 movimento cultural existente. A atividade cultural era intensa na Universidade Popular e nas Horas de Arte, urn projeto cultural

14 LOSSO NETTO, Fortunato. 0 Jubileu da Cultura Art!stica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.03.

18

idealizado por Fabiano Lozano, onde tinham lugar as manifesta~oes de poesia, conferencias, recitais e exposi<;,;oes. As Horas de Arte eram reunioes com a finalidade de promover a arte entre as pessoas de urn grupo seleto reunido por Lozano, sem finalidade de natureza lucrativa. Entre estas pessoas, figuravam alunos, ex-alunos, amigos e interessados nas manifesta£0'es art1sticas em geral.

Em uma de suas muitas cronicas, Losso Netto escreve:

"Confesso que jamais poderia suspeitar a importfu1cia daquela alegre reuniio, em meio 'a euforia que a todos galvanizava. No entanto, foi urn marco que varou meio siculo ... "- a crOnica data do Jubileu de Ouro da Sociedade- "' ... manteve viva a chama do interesse da mllsica em nossa terrae acumulou o maior acervo art!stico do interior do Brasil."

"Hoje, gra~as 'aquele modesto rnovimento iniciado por Fabiano Lozano e levado ·a frente por dezenas de continuadores, Piracicaba se inscreve, entre os que cultuam a mUsica-no Brasil e no exterior, como uma cidade excepcional, conhecida e respeitada pela sua 'Cultura Artlstica', uma das mais antigas e atuantes do pals." 15

Tais relatos, que se fixam num tempo mais proximo do atual, sao aqui colocados com a finalidade de elucidar o vasto legado do Maestro Lozano, para as gera~oes que sucederam 'aquela com a qual o grande mestre esteve mais profundamente relacionado. Mesmo as gera~oes presente e as futuras, colhem e colherao, respectivamente, OS frutos da arvore semeada na decada de vinte por "seo" Fabiano, como era chamado pelos seus dtscfpulos normalistas. Mas isto e assunto para urn outro cap!tulo.

15 LOSSO NETTO, Fortunato. Memorias de urn orfeonista. Jornal de Piracicaba, Piracicaba 25 de maio de 1985, p.08.

19

Voltemos aos documentos que tratam da vida florescente da Atenas Paulista. Voltemos tambem 'a questao do porque de uma sociedade de cultura interiorana durar tanto tempo enquanto outras entidades semelhantes fracassaram em centros maiores. Retomemos 'a pergunta: por que Piracicaba foi urn terreno tao fertil para o crescimento cultural e para a prolifera£aO das manifesta~oes artlsticas e do gosto difundido pela arte?

Em uma cronica publicada no Jomal de Piracicaba, em 25 de maio de 1985( sessenta anos depois da fundac;ao da Sociedade de Cultura Artistica), intitulada Bern mais do que uma serie de acasos , Afranio do Amaral Garboggini narra que:

" ... as condi~oes estaveis da economia do pequeno bur go das primeiras decadas do seculo, repartidas entre uma policultura agr1cola e algumas industrias bern implantadas, do que resultava urn grau de equilibria social dificil de ser encontrado em outras regioes do pals." 16

Essa afirmativa faz sentido pois corrobora a estabilidade das condi\oes materiais que propiciaram o desenvolvimento da educa9ilo e o crescimento da qualidade de ensino nas escolas, alem do aumento da quantidade de tais estabelecimentos.

16 LOSSO NETTO, Fortunato. Memorias de urn orfeonista. Jornal de Piracicaba, Piracicaba 25 de maio de 1985, p.09.

20

Seguindo a narrativa, temos que:

"Por outro !ado, e possfvel que o interesse piracicabano pel as artes em geral tenha rela~a'o com a tranqtiila paisagem que nos envolve, com as suaves ondula~Oes emolduradas ao Ionge pel a Serra de sao Pedro e por aquela cadeiazinha de montanhas que merecem nomes evocativos, como Monte Branco, Pi co Alto e, atentem para o detalhe, Serra Bonita. E no meio dessa paisagem, as curvas do rio piscoso e manso, no en tanto, com urn poderoso foco de interesse pictOrico dentro da prOpria cidade: o fragor do Saito e a Rua do Porto, buc61ica. N5o foi por acaso que Piracicaba tomou-se ber)O e lar de gerayOes de pintores paisagistas. '' 17

Alem desses fatos citados, podemos acrescentar tambem o mecenato dos velhos e abastados piracicabanos ou dos simpatizantes da cidade. Como foi citado, por exemplo, o Theatro Santo Estevao foi doado 'a cidade pelos Baroes de Rezende.

0 estimulo e apoio oferecido pela imprensa local 'as manifesta<;oes artisticas em geral, tambem foi urn dos fatores relacionados ao crescimento em questao, ja que sempre havia colunas de crftica musical e de artes em geral, publicadas amiude, alem de farta divulga~ao, publicidade e artigos especializados.

Outro fator sena a presen~a de etnias diversas mas, predominantemente, europeias, habituadas as manifesta~oes artisticas e culturais do Primeiro Mundo, habitos esses que, miscigenados com a cultura local, foram transformados em urn campo propfcio para a cultura. Levas de imigrantes , na sua maioria italianos, mas com grande montante de alemaes, suicos, austri'acos e franceses, vieram a ocasionar urn sincretismo cultural, uma fusao dos padroes europeus com a "brasilidade" da entao pequena l- ·ovfncia paulista. 0 termo "brasilidade" e aqui utilizado para definir:

17 LOSSO NETTO, Fortunato. Memorias de urn orfeonista. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1985, p.09.

21

I. Uma serie de manifesta~oes artistico-culturais de bases folcloricas, ou seja, transmitidas oralmente, de geras;ao para gera~ao, omitindo outros codigos de registro verbal ou escrita musical , tais como musicas de dominio popular, festas tradicionais e festejos religiosos, aiem de artesanato local, escultura e pintura .

2. A heransra erudita da epoca colonial do Brasil, presente em musicas compostas e codificadas para os oflcios religiosos e de datas especfficas da liturgia cat6lica, como as Semanas Santas ja citadas anteriormente, a poesia, a literatura e a pintura academicas;

3. 0 adjetivo, a qualidade, o atributo das obras artlsticas relacionadas diretamente 'a tematica nacional: lendas, mitos, figuras, estorias, historia e personagens tlpicos.

Como causa decisiva para o progresso cultural de Piracicaba, figura a preocupa~ao com o ensino e o zelo pelo born nfvel dele. Piracicaba teve , no in1cio deste seculo, uma Universidade Popular e ficou conhecida como a Cidade das Escolas, as quais relacionamos abaixo:

Escola Agricola

Escola Normal (Ber~o do Orfeao Piracicabano)

Colegio Piracicabano

Colegio Senifico (com o mestre pin tor Frei Paulo)

22

Colegio Baroneza de Rezende ( direcionado ao artesanato)

Escola de Comercio Moraes Barros, entre outras.

Todas essas escolas eram muito bern conceituadas e respeitadas, incluindo em seus currlculos obrigatorios materias de Arte ou relacionadas com musica, pintura, artes plasticas, poesia e literatura.

A vivencia art!stico-cultural, desta forma, come£ava cedo, fazendo parte da alfabetiza~ao dos alunos e tomando-se uma por9ao integrante da vida de todos eles.

Segundo Mario de Andrade, no seu livro Aspectos da Musica Brasileira, a tecnica depende muito das condic;oes sociais e materiais do meio. Para o fazer artlstico, o desenvolvimento tecnico da coletividade exerce uma fun~ao absolutamente predeterminante no aparecimento do indivlduo musical. Por exemplo, as missas e motetes do Padre Jose Maurfcio Nunes Garcia, sao uma prova irrefutavel do que foi realmente a tecnica musical da colOnia (arte erudita).1s

A uniao da arte erudita com as manifestar;;oes de carater folclorico, aspecto tao forte em nossa hist6ria musical, em sua auto­afirma~ao e individualiza~ao, como entidade de cunho nacional, esta r.:ddamente presente no legado de Fabiano Lozano, como veremos no capitulo pertinente a esse assunto.

18 ANDRADE, Mario de. Aspectos da Musica Brasileira, Belo Horizonte - Rio de Janeiro (Villa Rica Editoras Reunidas Ltda), 1991, p.14

23

- ' CONCLUSAO DO PRIMEIRO CAPITULO

As descri~oes da cidade interiorana de Piracicaba, feitas por seus cidadaos e visitantes ilustres (literatos, politicos, artistas, nomes de vulto na Historia do Brasil), sao unanimes ao enfatizar a riqueza e variedade de manifesta~oes de natureza cultural e artistica, no in1cio deste seculo e decadas subseqtientes. A epoca que mais nos interessa e a decada de vinte, periodo particularmente fertil no campo do ensino em geral e, especialmente, musical, foco este de nosso interesse maior.

Tal desenvolvimento ati'pico para a epoca, devido 'as condi£0es geognificas pouco favon!veis da cidade, causou estranheza e espanto em toda uma classe de mestrandos. Em resumo, o progresso cultural da referida cidade pode ser atribufdo, com base em relatos verbais e documentos originais, a uma pequena serie de fatores, entre os quais:

1. Estabilidade economica;

2. Equili'brio das classes soc1ms quanto a distribui~ao de renda;

3. Alta renda per capita;

4. Boas condi£oes de saneamento e urbaniza~ao;

5. Agricultura forte (policultura) e parque industrial bern implantado, com instala~oes satisfatorias para as condi~oes da , epoca;

24

6. Fornecimento de subs!dios para a rede de ensino;

7. Mecenato dos velhos baroes e de cidadaos abastados, ofere­cendo recursos para a constru¥ao de locais para concertos, estabele­cimentos de ensino e apoio material 'as manifesta~oes artlsticas, co­mo concertos, palestras, recitais e exposi~oes;

8. Apoio da imprensa local, com divulga~ao dos eventos, crlticas e materias especializadas;

9. Presen~a de europeus e norte-americanos, promovendo, alem da diversifica~ao das atividades economicas, 0 acrescimo de elemen tos culturais novos, permitindo o sincretismo das manifesta~oes artlsticas;

10. Vinda constante de artistas nacionais e estrangeiros, vencendo as dificuldades de transporte e atualizando sempre o repertorio art1stico da cidade;

11. A vinda de professores de musica e de outras artes, dentro das levas de imigrantes, alem de mestres especialmente "importados" para lecionar nas escolas.

Neste cemfrio ocorreu o nascimento da Pedagogia Vocal no Brasil, na figura do Maestro Fabiano Lozano e de sua principal cria~ao, o Orfeao Piracicabano, o que discutiremos a seguir.

25

' SEGUNDO CAPITULO

Fabiano Lozano no cenario musical

Numa biografia em linhas gerais, temos que:

Fabiano Rodrigues Lozano, nasceu no dia 20 de janeiro de 1886, em Tijola, na Espanha. Com a idade de treze anos, mudou-se para o Brasil, fixando-se em Piracicaba.

Diplomou-se em 1903 pela Escola Normal de Piracicaba. Estudou musica com o seu pai e seu irmao mais velho (Lazaro Rodrigues Lozano), continuando seus estudos musicais no Colegio Piracicabano. Sua familia era, tradicionalmente, de mlisicos: a mae era pianista e seu irmao, clarinetista.

Em 1908, voltou 'a Europa, onde aperfei~oou seus estudos musicais em Madrid, no Conservat6rio de Musica dessa cidade.

V oltando a Piracicaba, foi nomeado como substituto efetivo, por algum tempo, e depois como Adjunto do Grupo Escolar Moraes Barros, alem de dedicar-se ao ensino particular de solfejo e piano.

Em 1914, foi nomeado Professor de Mlisica da Escola Normal de Piracicaba, exercendo este cargo ate 1930. Naquele ano foi nomeado Assistente Tecnico do Ensino de Mlisica, junto 'a Diretoria Geral do Ensino do Estado de Sao Paulo.

26

Apresentou, em 1914, o primeiro Orfdio Normalista e, em 191 7, apresentou o seu primeiro Orfeao de cunho artistico.

Fundou, em 1925, o Orfeao Piracicabano. Organizou imimeras excursoes pelo Brasil, com o referido grupo vocal, alcan~ando

sempre pleno exito em suas audi~oes, uma delas, inclusive, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Devido 'a falta de repertorio orfeonico brasileiro, organizou urn repertorio todo seu, com arranjos da musica folclorica brasileira e composi9oes de sua propria autoria.

,. E interessante notar que urn espanhol de nascimento nao so

adotou esta patria como sua, mas tambem se apaixonou pela sua musica e sua arte, representadas nas melodias singelas, nos folguedos, nos ritmos sincopados, nas cantigas de roda e de ninar e nas can~oes que o povo simples da terra entoava entao.

Diretor por Iongo tempo do Departamento de Musica do Colegio Piracicabano, fundou_,entre alunos, a Sociedade "Amigos das Artes", com vida propria e fins de auto-suficiencia nas atividades desenvolvidas.

Foi comissionado oficialmente no Estado de Pernambuco, em 1930, on de orientou, durante algum tempo ( cerca de urn ano ), o ensino de musica e canto coral nas escolas publicas, tendo apresentado ao povo de Recife, no dia 07 de setembro daquele ano, em audi~ao realizada na Escola Normal Oficial, dois modelos de Orfeao Escolar: urn infantil e outro normalista.

27

Foi fundador da Orquestra Piracicabana e urn dos fundadores da Sociedade de Cultura Artfstica de Piracicaba, esta fundada em 1925.

Ao retomar 'a regiao sudeste do pais, ap6s a permanencia no Estado de Pernambuco, fixou-se na cidade de Sao Paulo, desde 1931, on de foi convidado a organizar o Servi~o de Musica e Canto Coral do Estado. Nessa epoca, Lozano foi o idealizador e regente de apresenta~oes de grandes massas corais, com trezentos integrantes em media.

Foi nomeado Assistente Tecnico do Servi~o de Musica, por decreto de 04 de maio de 1939.

Como Chefe do Servi~o de Musica e Canto Coral do Departamento de Educa~ao, trabalhou para incentivar, entre escolares, 0 gosto pela boa musica.

Apresentou em publico, por diversas vezes, tanto na capital quanto no interior do Estado de Sao Paulo, grandes conjuntos corais, em realiza~oes de projetos educativos.

Em 1951, a convite especial, organizou em Assuncion, Paraguai, urn grande coral para comemora~oes c!vicas daquele pais.

Em 1952, viu realizar-se seu grande sonho: a autoriza~ao para organizar o Orfd'lo do Professorado Paulista, o qual regeu diversas vezes, inclusive na ocasiao de sua aposentadoria, onde recebeu o titulo de "Educador Emerito".

28

Fabiano Lozano aposentou-se apos quarenta e cinco anos de servi~os prestados ao ensino da musica e 'a Pedagogia Vocal. Ele lecionou cinco anos no primeiro grau, dezesseis no segundo grau e por vinte e quatro anos trabalhou no Servi~o de Musica e Canto Coral do Estado.

Poi autor de muitas obras didatico-musicais, aprovadas e adotadas em diversos centros educacionais do pafs, no passado e presente.

"F.Haroldd' era o pseudonimo utilizado por Lozano quando ele escrevia o texto de suas composic;oes musicais. Em seus originais ou arranjos, ele nunca utilizava a denomina~ao Letra e Musica de Fabiano Lozano, usando no Iugar o nome fictlcio de F.Haroldo para a autoria do texto. "Seo" Fabiano era muito modesto.

As obras do ilustre Maestro, que norteiam os rumos de nossa pesquisa, constituem a base da inicia~ao vocal e musical com texto em portugues. Em uma posterior analise de suas pe~as, poderemos observar as caracter!sticas de seus metodos, direcionados para a educa~ao de crian~as e jovens quanto aos aspectos da tecnica vocal e da percep~ao e prosodia musical.

Mas voltemos 'a figura de Fabiano Lozano, para melhor sitm(­lo no cenario musical da epoca.

Em 1910, Lozano come~ou a organizar e a part1c1par de pequenos saraus; em 1912, publicou seus primeiros cademos de

29

solfejo, procurando preencher a lacuna existente nos metodos do setor, em edi~oes produzidas pelo Jornal de Piracicaba.

Em 1914, ao ser nomeado Professor de Musica da Escola Normal (hoje "Sud Menucci"), iniciou imediatamente a organiza~ao do Orfdto Normalista, do qual faziam parte os melhores alunos de mnsica daquele estabelecimento de ensino.

Contando com a colabora~ao do diretor, Lozano ensaiava seu conjunto fora do honfrio escolar, com enorme entusiasmo por parte dos orfeonistas. Os normalistas, uma vez diplomados, tendo recebido por parte de Lozano uma excelente forma91Xo coral e musical, iam para outras cidades disseminar os seus conhecimentos, divulgando dessa forma o canto em conjunto como pratica de integra~ao social e de aprimoramento artistico.

"Pode-se dizer, com certeza, que o movimento coral, tao apregoado e difundido depois por Heitor Villa-Lobos, nasceu em Piracicaba no anfiteatro da Escola Normal, local onde eram realizados os ensaios do Orfeao Normalista." 19

Este tiltimo panigrafo da autoria da Profa. Maria Dirce de Almeida Camargo, aluna de piano do Maestro Fabiano Lozano, e apenas urn dos depoimentos que nos fazem atentar para o fato de haver uma injusti~a historica, causada por ignonincia da maioria e pela pouca divulga9ao existente, ontem e hoje, quanto ao reconhecimento do devido valor dispensado ao grande mestre em questao. Urn dos objetivos desta tese e suprir essa lacuna.

19 Depoimento verbal de Maria Dirce de Almeida Camargo.

30

0 esquecimento no qual esta mergulhada a memoria do Maestro Fabiano Lozano e muito mais denso e amplo do que se imagina: ele representa a perda de todo urn passado onde foram inumeras as realiza~oes no campo cultural, com os frutos recolhidos e aclamados. A sequencia de tais realiza£oes, se tivessem sido trazidas ate nossos dias, refletiria em uma cultura musical muito mais salida e difundida e nao urn privilegio de poucos, como e na realidade.

Nao e nossa inten£aO cnticar ou desmerecer 0 trabalho do grande musico brasileiro Heitor Villa-Lobos. Pelo contn1rio, seu legado como difusor e disseminador da materia Canto Orfeonico pelo Brasil afora e de valor inestimavel e nao entraremos na discussao deste merito.

0 intento primordial deste documento e trazer 0 a luz fatos esquecidos por alguns e desconhecidos para a grande maioria, com o proposito de fazer jus 'a historia e de colher dados para estudos posteriores no que tange 'a Pedagogia Vocal no Brasil.

Continuando com mais fatos sobre Fabiano Lozano temos que1 em 1915, fundou a Orquestra Lozano, composta por quatorze elementos. Ao mesmo tempo, dava aulas de piano, formando excelentes alunos. Na provinciana Piracicaba da epoca, Lozano explorava todos os setores: lecionava canto na Escola Primaria, t-.feao na Escola Normal, piano no Colegio Piracicabano e orientava varios conjuntos de camera.

31

As reunioes Htero-musicais, realizadas por sua iniciativa, se sucediam em casas de particulares ou eram organizadas, com sua colabora~ao, pelos "Amigos das Artes" ou pelos integrantes da Universidade Popular.

Da fusao dos trabalhos musicais de Fabiano Lozano surgiu, em 1925, o Orfeao Piracicabano, formado por alunos das varias escolas onde ele lecionava, por seus alunos particulares e por outros elementos da cidade. Do Orfdio ja citado, trataremos mais tarde.

Mas convem antes, citar Mario de Andrade que escreveu, no Didrio Nacional, em 15 de Julho de 1928, uma elogiosa cri'tica, depois de ouvir o Orfeao Piracicabano. Sobre este disse:

" E 0 primeiro coro artlstico do Brasil. Nio e 0 primeiro em data, mas e 0 primeiro ern valor. Mais uma circunstfulcia social deste orfe1lo que carece elogi~r scm reservas: C a disciplina isenta de qualquer diletantismo. Se fala que o brasileiro C urn ser indisciplinado, mas quando aparece urn homem que em vez de usar a for~a ou pedantismo, emprega 0 arnor e uma re cega no ideal dele, como o Prof. Lozano, os brasileiros sabem se disciplinar em tomo dele. 0 Prof. Lozano l o animador adminlvel dessa mo~ada piracicabana. A ele cabe o mCrito indeie'vel dos primeiros prazeres corais que o Brasil pt'lde criar." 20

Em 1930, o Maestro Lozano foi convidado a organizar e orientar o ensino de musica no Estado de Pernambuco, como ja citado, para grande tristeza de Piracicaba. Concentrar-nos-emos agora no perlodo que passou e no quallecionou em Piracicaba.

Segundo OS relatos verbais das pessoas entrevistadas, e opiniao unanime daqueles que conviveram com Fabiano Lozano que este foi o educador por exceH~ncia, urn idealista e batalhador incansavel, conseguindo transmitir, a todos os que o cercavam, o entusiasmo pelo ensino e 0 apre~o pela boa musica.

20 CAMARGO, Maria Dirce de Almeida. 0 Fundador da Cultura Artlstica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1985, p.08.

32 Voltaremos ao Orfeao Normalista e ao Orfeao Piracicabano

mais tarde. Falemos agora da Orchestra Lozano.

Criada em 1913 7 a "Orchestra do Theatro-Cinema de Piracicaba" tinha como principal fundador Fabiano Lozano, seu idealizador, e apresentava em seus estatutos as assinaturas de outros fundadores ilustres da cidade e nomes da musica nacional, como Erothides de Campos.

Apresentaremos, a titulo de ilustra~ao, o texto do documento original que firmou o inlcio da referida orquestra, contando com quatorze elementos na epoca. Trata-se de urn manuscrito, do punho do proprio Maestro Lozano (fig.5).

5~rt~'".'

rrvL.e-<+~~ r ~re-<-1.-~-..._t::d C!.-C1-H~~n-n--LC-+tl'-<--.__.., --r!-c.. -"""-'

...-J--e(f----t..-1.--1._ .,.J'Z

Co''"(j•et.-1...1:..e£"­r:., L_,;,.,.,_,~~a..Ju:...cr;c '-

33

do ~~~-­f~t~~ ~

,,,

j,

oy .. ca~ _.....J--o-"'-·H~c

N l--<-"--~~·..,tt~r~s, ~~;vu... -;<.A--c.-_~,_1.-~ r~~-,--

<1--<~&;l ~IL.,.-v::~C.C.o-_·i__ __ ~ H .. J.-1..-<.... ro../l..C.....---<9-~~ r~~

~ ___ d_n

7""::c.<>---l.. C-i.-~-.._ ~"'"fC .... <..--L~ ~~rat-C\..(!t-t-~" ....,~ __ ..fl ... e.. ... --<. ... c __

tt~.,~o-1

_ c>_o.._,._,_ _,i.o_;;, dL. o..-&..aX"c~ ... ~-- __ _/}.'~.--('-~ ~1../t....<;..~--~

~ ~f-~F-, t..c.-'ct.,, .

0 J>-C-~·•AA~ ~j: 1"--o-,_ ~"'--Lf"-o..e ~~~ r; ,f --- .u '- -~-.._ ~....._'_ .c_._.._..... f'"<.....-t ~r· e.-:..o. &.<;.

.. ..e~ Ltz... {l'--4• \..-<.- r <'<----t.-<:.-'<.L.L<_

lJ -1.---t..--<--~,.._c..._ t-:u...--ti; ·t:~~~

'

clt... C-CL'--1-J.C\Ctt- , ~tr·-O"<.J~t_rl-1...C...'"t·1.-l_C!.-'"'-~ 'cf.L"L--<..d.L-·u;::;, ... )c._

~t..-e>-J _ JL.-:.1~ ~ e..¢'"1..\;L.<'"--<:;. e..;;._~ (Yl-·'- 1..'\.-.'L--< c_n.._\ · u '

~-J._&-1 ___ (l<t.=.4T··· h--'l..JZ.~i t:;-1 >H --1~ flr '1___,_ ... ~ CL~-c~-"'--~~: ~ • I (I

__..t-&f~ .... o~o-"'L--LCt..d--&1 f,.c-p__..tr1 ,.;::v-uC---L.-v<-.f?-1...-6, J.c1t:;:. <Trr-t./;1. o0.c.c;;_-::r:., I .

-~--t..-"1---t--t~- e...o~~d=-----~~----~~~c~ 1 .c. c...&~-L----1 '

ctc...1

(Y1-'Lt.A.~ ~.!'--- .. .' t-"'tc.J,. <>t:L"c..., ,

r' ,e..,..~-n-•-C-~1..0:

"'-) p,.,_ "aAA4;._ __ d~~~~<-~·r"-"-'C'c....f"'cl.~- ro;; ci.<" 4~. ~--·u·'f-~-c:>c.-i.A-~4 ;

etc_ -1./'-~(.R,. -~~~~o--z-~·-{M-'l.-1.)t1...-1.~---t"-C::l..> r"' .... t"", ·r""M ~ ~D--1. A

· C {I r r'C:-Cjl..\1.'< o·.

<J .Q..) •

~·-

J' . G-s .. _.-L(...t..-1-J _ ~~C1../'l.A..-c--j ___ c£...t..._ --~ _ .Jl_J '}._Le fr~ C: L-< v ~ f -~~~1

n . . <> _e_..-{~~C\. <!Q..-¢. --- -·--

)? C:.....o-CA "'~-c... ~1 6 cU. '

34

Fig 5 Regulamento da Orchestra do Theatro Cinema de Piracicaba , datando de 15 de Dezembro de 1913

35

No dia 12 de outubro de 1914 , o mestre hispano-brasileiro , radicado em Piracicaba , fundou a Orchestra Lozano . Temos o seguinte relato impresso em jomal , datando de 12 de outubro de 1917 , ou seja , tres anos apos a fundasao da mesma :

~~~~J~J~~~:n;:R.;~gan~sa~~ ~ Manoe!

' '

Fig 6- Artigo publicado no Jornal de Piracicaba, datando de 12 de outubro de 191 7 , anunciando urn concerto da Orchestra Lozano , na noite do dia da publica~ao e com o programa a ser executado .

36

Ha divergencias quanto ao ano de funda~ao da Orchestra Lozano . Ha urn relato de Losso Netto , baixo do Orfeao Piracicabano , do qual trataremos no capitulo III , dizendo que :

" ( ... ) a lideran~a era do Maestro Fabiano Lozano , mo~o de trinta e nove anos , idealista e ja com bela folha de servi~os pois desde 1914 , quando passara a ocupar a catedra de musica da Escola Normal , fundara, nesse mesmo ano , o Orfeao Normalista e , tres anos depois , em 191 7 , organizava a Orchestra Lozano . " 21

Outro depoimento , este de Maria Dirce de Almeida Camargo , diz ter ela sido fundada em 1915 :

" Em 1915 fundou a Orchestra Lozano , composta por quatorze elementos . "22

Na verdade , o que ocorreu foram sucessivas mudan~as no nome do conjunto orquestral , ja que , excluindo-se alguns elementos que foram trocados , o corpo de musicos se manteve estavel no decorrer de sua existencia . Os remanejamentos na composi~ao do quadro de musicos foram poucos ' causados ' principalmente , por mudan~a de cidade domiciliar dos elementos .

2' LOS SO NETTO , Fortunato . Concerto e homenagem nos sessenta anos da Cultura Arti'stica . Jorna1 de Piracicaba , Piracicaba • 28 de Maio de 1985 . Primeiro cademo , p. I 0 .

22 CAMARGO , Maria Dirce de Almeida . 0 fundador da Cultura Arti'stica . Jorna1 de Piracicaba , Piracicaba , 25 de maio de 1985 , Primeiro caderno , p 08

37

A orquestra que era primordialmente a Orchestra do Theatro -Cinema de Piracicaba , ficou conhecida como a Orchestra Lozano , devido 'a figura central de seu idealizador , principal fundador , diretor musical e Maestro , atraves de sua trajetoria arti'stica , com apresenta<56'es bem-sucedidas Os estatutos e regulamentos mantiveram-se os mesmos , vigorando em quatsquer das denomina~oes que o conjunto recebeu .

Como ja era de dominio publico que essa orquestra de camera levava seu sobrenome como referencia , Lozano resolveu oficializar o nome consagrado pelas plateias de Piracicaba e regiao .

Mais tarde , em 1933 , apos a partida de Lozano , o grupo foi reorganizado com outro nome , a Orquestra Piracicabana . Esta teve dois outros nomes , em fases posteriores : Orquestra Sinfflnica de Amadores e Orquestra de Amadores Cidade - Alta , cada qual com seu regente respectivo .

A " Orchestra " foi apenas uma das multiplas realiza~oes de Fabiano Rodrigues Lozano . Veremos , a seguir , relatos sobre a mais importante de suas cria~oes , ao lado das bases estabelecidas por ele para a cria~ao , expansao e desenvolvimento das tecnicas pedagogicas musicais e vocais .

38

Fig 07- 0 Orfd(o Piracicabano, em 1925. Foto gentilmente cedida por Orlandina Sodero , urn dos sopranos do conjunto .

39

hg 08- 0 Orfeao Piracicabano, em 1929 0 Foto copiada do Jomal Aldeia , Piracicaba , maio de 197 5 , numero 14 , p 01 0

40

Fig 09 - Foto do Orfdio Piracicabano , copiada do Jornal de bracicaba , Piracicaba , 25 de maio de 1985 , p 08 .

41 /

TERCEIRO CAPITULO

0 "Orpheon 23 Piracicabano"

"( ... ) a mesma sonoridade quente in genua verde do adminivel Orfeao Piracicabano." 24

"0 Orfeao Piracicabano empregando sllabas convencionais adquire efeitos interessantes de 'pizzicato; de destacado breve ou evanescente. E em boca-fechada obtem efeitos duma articula~ao e fusao harmonica absolutamente admiraveis." 25

Era lembran~a de muitos piracicabanos que integraram o referido orfeao, o entusiasmo com que se expressava Villa-Lobos, que hi esteve para dar urn recital de violoncelo, ao citar o grupo vocal da Cidade das Escolas, confessando que nunca ouvira coisa sequer parecida, quanto 'a qualidade vocal e musical, no Brasil.

Quando foi nomeado professor de musica da Escola Normal de Piracicaba, em 1914, Fabiano Lozano procurou sempre imprimir ao ensino urn caniter pratico e de cunho artistico.

23 Orfeao, Orpheon, Orpheao (de Orfeo, poeta e cantor da mitologia grega): expressa'o atribulda ao frances Bocquillon-Wilhem, significando uma sociedade de pessoas que se dedi cam ao canto coral, com finalidade cultural e recreativa. Esta defini~ao foi extralda do fasc!culo Vocabullirio da Mnsica, publicado pela Abril Cultural S.A., Sao Paulo, segunda edi~ao, 1982, p.08.

7 • ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a mnsica brasileira. Sao Paulo (Livraria Martins Editora), 1962, p.55.

25 ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a m6sica brasileira. Sao Paulo (Livraria Martins Editora), 1962, p.64.

42

Apresentou, nesse mesmo ano, o primeiro orfeao normalista, e em 1917, o primeiro orfeao constitufdo de alunos selecionados, com vozes de melhor qualidade, com maior preocupa~ao a respeito do carater artlstico do conjunto e maior esmero no trabalho musical.

Na carencia quase absoluta, naquele tempo, de repert6rio orfeonico brasileiro, teve que forma-lo com arranjos seus, compila~oes de melodias populares e folcl6ricas e composi~oes

. . . ongmats suas.

Lozano dirigiu, tambem, por muito tempo, o Departamento de Musica do Colegio Piracicabano, onde fundou, entre alunos, a Sociedade Amigos das Artes, com vida propria e fins de auto­suficiencia, como ja citado. Esta sociedade constituiu uma entidade filantr6pica direcionada 'as manifesta~oes artlstico-culturais, em pleno interior de Sao Paulo, o que, na epoca, pode ser considerado como, no mfnimo, urn fato ins6lito.

0 Maestro Lozano acreditava que todos podiam cantar, independente de quaisquer limita~oes que pudessem ser apontadas nos alunos. Ele acreditava, tambem, que no ensino coletivo o resultado dependia exclusivamente do preparo, habilidade, comunicabilidade e entusiasmo do professor. Em outras palavras, a eficacia do aprendizado devia estar diretamente relacionada 'as tecnicas pedagogicas utilizadas, com adequa£aO e propriedade em seu conjunto. Trataremos dos procedimentos da Pedagogia Vocal e :Nmsical de Fabiano Lozano no Capitulo IV.

43

Falemos agora do Orfeao Piracicabano, de suas historias 0 " 0 / • p1torescas, suas memonas e seus mentos.

Fabiano Rodrigues Lozano lan~ou, ao lado de seu irmao mais velho Lazaro, em Piracicaba, sementes que germinaram em novos rumos para o ensino da musica no Brasil. Como professores da Escola Complementar e depois, da Escola Normal de Piracicaba, implantaram o canto coral entre os jovens estudantes, de tal maneira que, aos poucos, a iniciativa come~ou a expandir-se por todo o Estado de Sl:'io Paulo, atraves dos jovens mestres, ex-alunos dos irmaos Lozano.

Durante alguns anos, Fabiano, o mais apaixonado dos dois irmaos pela causa do ensino da musica ao maior numero poss!vel de pessoas, ensinava por intermedio dos cademos copiados 'a mao, pois inexistia literatura musical pedagogica naquele tempo. Os normalistas piracicabanos da epoca eram treinados para grafar musica com perfei<5ao, eram copistas treinados, como provam os originais art1sticos e perfeitos, que pareciam obras impressas, de Erothides de Campos, famoso pela sua habilidade como copista musical.

Seguiram-se as edi~oes dos primeiros cademos de musica dos irmaos Lozano, brochuras que ajudaram o progresso musical em escolas de Piracicaba e regiao. A primeira delas, em espanhol, chamou-se "Solfeo en las escuelas" e depois Solfejos, Primavera, Alvorada foram alguns dos muitos tltulos publicados. Estes cadernos, infelizmenteJ nao foram encontrados com nenhuma das pessoas consultadas (a familia de Fabiano Lozano e seus ex­disdpulos ).

44

0 Orfeao Normalista (1914-1925) foi o resultado do amadurecimento do Iongo trabalho pedag6gico de Fabiano Lozano, na Escola Normal de Piracicaba. Atraves de numerosas apresenta~oes em diversas cidades, este conjunto vocal formado apenas por normalistas de ambos os sexos, ganhou prest[gio e reconhecimento.

No ano de 1925, o orfeao da Escola Normal passava por uma crise cronica. Poucos rapazes se matriculavam, porque come'iar uma carreira no magisterio primario era cada vez mais diflcil. 0 Orfdi'o Normalista, ja conhecido em todo o Estado de Sao Paulo, corria o risco de acabar ou de se transformar em urn grupo vocal exclusivamente feminino. Alem disto, era necessaria conseguir uma estabilidade maior na forma~ao do quadro de orfeonistas, ja que todo final de ano, a maioria dos alunos formados partia para exercer sua profissao em outras cidades do Estado.

Urn cidadao ilustre de Piracicaba, o ja citado Sud Menucci, escrevia, na epoca, no Jornal de Piracicaba, sob o pseudonimo de "Eros":

" ... 6 sumamente doloroso ver fracionar-se esse bloco que e a sfntese feliz de tantos anos de suores e lidas. E sen1 quase urn crime assistir impassfveis ao aniquilamento progressivo de uma institui\ao que faz a honra eo orgulho de nossa terra." 26

26 FERREIRA , Jose Maria . 0 mundo de Fabiano Lozano IV - 0 Orpheao Piracicabano . Jornal de Piracicaba , Piracicaba , 24 de maio de 1986 . Depoimento de Orlandina Sodero , publicado nessa data .

45

Dessa forma, o primeiro orfd(o de que se tern noticia em Piracicaba foi aquele organizado por Lozano, reunindo alunos da antiga Escola Normal, atualmente Instituto de Educa~ao "Sud Menucci", cantando a quatro vozes mistas.

Veio depois o Orfeao Piracicabano . Mas como ocorreu a transi~ao?

Numa palestra proferida pelo Professor Benedito Dutra Teixeira, no Rotary Club de Piracicaba, no dia 22 de novembro de 1960, e publicada posteriormente no Jornal de Piracicaba, no dia 27 de novembro de 1960, em comemora~ao ao "Dia da Musica", consta que:

" ... desde 1915 vinha Lozano traba1hando com as massas corais. como professor da Escola, e com esse con junto- o Orfeao Nonnalista- rea1izou uma s6rie de audi~Oes sempre com sucesso, nao s6 em Piracicaba como nas cidades vizinhas. Em 1922, tendo sido nomeado para reger a cadeira de Mnsica do Curso Comp1ementar,anexo ·a Normal, por indica9iio do prOprio Lozano, passei a sentir rnais de perto as influ­encias ben6ficas dos seus ensinamentos, experi€ncia e autoridade, auxiliando- o nos ensaios, tn!s vezes por semana. E corn saudades, senhores, lembro-me das vezes que subfamosjuntos a Rua XV (quinze), em demanda da Escola, para os ensaios do con junto, que era, a seu dizer, a menina dos seus olhos ... "

"'Veio depois o orfeao famoso ... o Orfei'io Piracicabano. E como nasceu esse conjunto? De uma troca de idGias que tivemos, eu e Lozano, numa das nossas idas e vindas da NormaL."

"Princlpios de 1925 ... "

"Conversa'vamos:

-Lozano, porque voce nao organiza urn orfeffo extra-escolar, corn elementos de nossa sociedade, gente de boa vontade e melhor voz?" 27

27 TEIXEIRA , Prof. Benedito Dutra . Retrospecto orfeonico - orquestra1 de Piracicaba . Jorna1 de Piracicaba , Piracicaba , 27 de Novembro de 1960 . Recorte genti1mente cedido por Eduardo P. Lozano , filho de Fabiano Lozano .

46

Em vista do problema com que se deparava, o Maestro Lozano resolveu tomar providencias.

Come~ou por reunir, em sua casa, formandos e formados que iriam permanecer em Piracicaba apos a conclusao de seus cursos. 0 Maestro convidou, tambem, alguns alunos particulares e membros da sociedade local para aumentar o grupo. Selecionou, inicialmente, vinte e quatro pessoas, sendo seis sopranos, seis contraltos, seis tenores e seis baixos entre os seus alunos normalistas. Com o acrescimo dos outros elementos da sociedade piracicabana ao grupo, a forma~ao definitiva abrangia urn total de quarenta e oito elementos, sendo que cada naipe era composto por doze cantores.

E , a partir do esfor~o conjunto de mestre, alunos e amigos, havia surgido, enfim, urn orfeao que nao obstante pertencer a uma cidade do interior do Estado de Sao Paulo, onde por dificuldades naturais eram raras as manifesta~oes de arte, era digno de apresentar­se em qualquer plateia culta do mundo, por mais exigente que ela fosse, como provou a vitoriosa apresenta~ao no Rio de Janeiro, da qual trataremos adiante.

Apresentaremos, a seguir, a lista dos componentes fundadores do Orfeffo Piracicabano. 2s

28 Lista extrafda do Artigo Piracicaba comemora hoje o trigtfsimo aniversclrio do "Orje5o Piracicabano" . Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 14 de Julho de 1955, p03.

SOPRANOS

Orlandina Sodero

Maria Tereza F erraz de Arruda

Dulce de Souza Carneiro

Adelia Siqueira

Vicentina Godinho

Alzira Soares

Adelaide Baena

Astrea Aguiar

Malvina Thomazi

Sofia Schalch

Luzia Sodero

Geny Cardoso

47

CONTRALTOS

Maria de Meira Godoy

Erdlia Guerrini

Luiza Blanco

Maria Elisa T. Mendes

Almira de Camargo

Maria Izabel do Canto

Aparecida Godoy

Ecira da Silva

Lila Krahenbul F erraz

Layre Sansigolo

Aparfcia Godoy

Odila Fagundes

48

TEN ORES

Octavio Augusto T. Mendes

Leandro Guerrini

Bnfulio Azevedo Sobrinho

Alberto Vollet Sachs

Victorino Zara

Joao Manoel Kroll

Arquimedes Dutra

Joaquim Gusmao

Carlos Martins Sodero

Benedito Cotrim Dias

Salvador Zito

Benedito Almeida Prado Jr.

49

BAIXOS

Benedito Dutra Teixeira

Antonio Osvaldo Ferraz

Joao Stokmann

J oao Thomazi

Vicente Moretti

Joa'o Pecorani

Luiz Ortolan

Bruno Ferraioli

Fortunato Losso Netto

Adolfo Silva

Antonio Santos Veiga

Miguel Sansigolo

50

51

Essas quarenta e oito pessoas reunidas deram forma real ao grande sonho de Fabiano Lozano e sob a batuta do Maestro, o grupo foi evoluindo e incorporando outros elementos no decorrer de sua existencia (como a sra. Ja~an':X Altair Pereira, de voz muito elogiada por todos).

Entrevistamos uma das poucas remanescentes desse grupo coral: o soprano Orlandina Sodero. Ela conta que durante uma aula, a servente da Escola Normal Oficial, onde cursava o seu ultimo ano, chamou-a dizendo:

" Orlandina, 'Seo' Fabiano quer falar com voce na sala de / . "

illUSICa . 29

Espantada, pois "Seo" Fabiano nao costumava interromper nenhuma aula, a nao ser se fosse urn caso muito importante, Orlandina acompanhou a funcionaria ate a sala onde o Maestro a esperava. Tratava-se urn teste vocal. Orlandina continuava surpresa, pois o mestre ja conhecia suficientemente sua voz, porque desde o seu ingresso na Escola Normal ela vinha participando das aulas de canto orfeonico ministradas por Lozano. Ainda assim, fez o que seu mestre pediu: leu uma partitura 'a primeira vista, solfejou, cantou alguns trechos e prometeu comparecer a uma reuniao na casa dele, situada 'a Rua Alferes Jose Caetano, entre as Ruas Dom Pedro I e Dom Pedro II.

29 Frase extra{da de depoimento verbal da ex-orfeonista Orlandina Sodero .

52

Uma vez formado o Orfeao, na tal reuniao para a qual Orlan dina e quase cinquenta pessoas · mais foram convidadas, o grupo de quarenta e oito vozes come~ou a ensaiar regularmente no Theatro Santo Estevao e em outros locais.

Urn dos orfeonistas, o baixo Fortunato Losso Netto, fala sobre . . . os pnme1ros ensaws:

"Aos do is e aos tres, !amos chegando ·a sede da antiga Sociedade Italiana de Mlltuo Socorro. Noites frias, nas quais a neblina fechava a cidade sob v6u espesso. Os primeiros ensaios do Orfeao Piracicabano se realizavam debaixo de grande entusiasmo. Antes da reuniao, grupos alegres se formavam. Urn sempre mais numeroso e gargalhante era centralizado pelo Bn1ulio (Azevedo Sobrinho), com as Ultimas da semana."

"0 Maestro Lozano a urn canto, atarefado em separar as partituras, ajudado pelo Maestro Dutra. De vez em quando, gritava para quem quisesse ouvir:

- Quem copiou mais algumas partes de contralto do Hino ·a arte? "

" E hi de urn grupo se movia o orfeonista que cumprira o seu dever com Wagner." 30

Na noite brumosa de 25 de maio de 1925, urn grupo de mais de cinquenta pessoas estava reunido na Sociedade ltaliana de Mutuo Socorro, para uma Assembleia Geral, com a finalidade de fundar a Sociedade de Cultura Arti'stica de Piracicaba, ja mencionada antes.

A lideran~a da Assemblt!ia era do Maestro Fabiano Lozano, entao com trinta e nove anos. Naquele momento, os orfeonistas integrantes e fundadores do Orfeao Piracicabano, organizado quase C:.Jis meses antes (exatamente a primeiro de Abril de 1925), estavam ali reunidos.

30 TEIXEIRA , Prof. Benedito Dutra . Retrospecto orfe6nico - orquestral de Piracicaba . Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 27 de Novembro de 1960. Recorte gentilmente cedido por Eduardo P. Lozano.

53

Todos eram unanimes em a:firmar que o Maestro era muito energico e, sem deixar de ser bondoso com as pessoas, exigia o melhor para o seu orfeao. Entristecia-se com aqueles que nao tinham habilita~ao no canto e que nao se esfor~avam para isso; dizia que nao saber cantar era tao lamentavel quanto nao saber ler e escrever. Portanto, era uma honra pertencer ao Orfeao de "Seo" Lozano.

Junto com o nascimento da Sociedade de Cultura Art!stica, na referida Assembl6ia, estava tambem institufdo o Orfeao Piracicabano. Este foi a base primordial da existencia daquela: ambas as institui~oes traziam seus respectivos nomes gravados em estatuto unico e seus nomes :figuravam juntos no alto de todos os programas das apresenta~oes durante os primeiros anos de atividades.

A prindpio, o numero de socios era pequeno, mas logo cresceu, com o entusiasmo que se propagava a cada apresenta~~o do Orfeao ou de recitais de artistas contratados.

A :finalidade maior era criar uma entidade cultural que cuidasse do desenvolvimento arti'stico de Piracicaba. E foi atingida tal meta, pois que ate hoje (1995), a Sociedade de Cultura Artistica de Piracicaba continua atuante.

Mas, voltemos ao Orfeao Piracicabano. A primeira apresentafaO ocorreu no dia 14 de Junho de 1925. As mo~as estavam eleganti'ssimas, vestidas de "jersey" branco, no rigor da moda da epoca. Os rapazes usavam terno preto e gravata borboleta.

No dia seguinte, a Gazeta de Piracicaba comentava:

54

"0 Orpheao Piracicabano realizou na noite de ontem a sua primeira apresenta~ao. Ante uma plateia seletlssima, onde se via o que Piracicaba tern de mais representativo, o milagre vivo do Professor Lozano fez a sua vitoriosa audi~ao." 31

Num ambiente de ansiosa expectativa todos aguardavam o in1cio do espetaculo, cujo programa executado foi o seguinte 32:

1. Hino N acional

2. Maguas

3. Festa do Arraial

4.Saudade

5. Lam en to Ind!gena

6. Marcha Hungara

7. Senerata Galante

Letra de Pedro de Melo Melodia Popular - Lozano

Canto sem palavras Fabiano R. Lozano

Letra de Pedro de Melo Musica de C.Foster- Lozano

Letra de Pedro de Melo Musica de Carlos Gomes - Lozano

Canto sem palavras A. Chelard - Lozano

Canto sem palavras V .Ranzato - Lozano

31 FERREIRA, Jose Maria. Orpheon Piracicabano. Aldeia, Piracicaba, Maio 1975, n 14, p.05.

32 Lista extralda do Jornal de Piracicaba, 14 de Julho de 1955, p.03.

8. Elegia Letra de L.Galet- Haroldo Musica de Massenet - Lozano

55

9. Dan~a Hungara n. 5 Canto sem palavras

1 O.Gratidao

11. Nostalgia

12. Hino a Arte

Musica de Brahms - Lozano

Letra de F.Haroldo Mnsica de L.Beethoven - Lozano

Canto sem palavras Melodia Popular - Lozano

Letra de F. Haroldo Mnsica de R.Wagner- Lozano

No mesmo dia, o Jornal de Piracicaba publicava:

'"As 20:30 horas, no Teatro Santo Estevao lindamente omamentado, via-se o que de mais seleto possui a nossa sociedade. 0 palco apresentava urn aspecto encantador, dando grande realce o artistico cem1rio, fino trabalho devido ao apurado gosto art!stico do distinto pintor piracicabano, sr. Emesto Thomazi."

" ·A hora marcada deram entrada no palco os elementos que com poem o Orpheon, precedidos de seu digno regente o Maestro Lozano, sob aplausos calorosos do pdblico que enchia literalmente o teatro. Dando inlcio ao programa, executou o Orpheon o Hino Nacional, ouvido de pe por toda a assistencia que aplaudiu vivamente aquele punhado de gentis senhoritas e distintos rapazes que, unidos num so ideal, realizam a grande obra da educa~ao artlstica do povo." 33

33 FERREIRA, Jose Maria. Orpheon Piracicabano. Aideia, Piracicaba, Maio de 1975, n 14, p.05 .

56

Este foi o primeiro sarau do Orfeao Piracicabano e da Sociedade de Cultura Arti'stica. Os dois saraus seguintes tambem foram realizados por ele. No quarto evento da Sociedade, viria a pianista Antonieta Rudge.

0 sucesso do grupo vocal formado, em sua maioria, por jovens era tao grande, que eram inumeros os convites para apresenta~oes em todo o Estado de Sao Paulo, em cidades como Campinas, Sao Joao da Boa Vista, Rio Claro, Casabranca, Ribeirao Preto e em Sao Paulo e Santos, entre outras.

Em 1928, Mario de Andrade, em visita a Piracicaba, ouviu o Orfeao Piracicabano e escreveu no Di6rio Nacional de 15 de Julho daquele ano:

"Nao e o primeiro coro arti'stico do Brasil em data, coisa que e razao pouca pro elogio. Fato que e 0 primeiro em valor. Todos OS

coros esporadicos de brasileiros, quando senao quando, aparecendo pra cantar numa festa ou pra durar a vida morta de seis meses, sempre foram deficientfssimos. 0 Orfeao Piracicabano e o primeiro possuindo valor arti'stico." 34

Durante os ensaios, o Maestro Lozano ocasionalmente perdia a paciencia com urn dos orfeonistas que se excedia nos gracejos: Bn1ulio Azevedo Sobrinho. A irma deste, mais nova, Cacilda de Azevedo Cavaggioni, vern narrar alguns episodios interessantes:

34 CAMARGO , Maria Dirce de Almeida . 0 Fundador da Cultura Artlstica . Jornal de Piracicaba ,

Piracicaba , 25 de Maio de 1985 , p.08 .

"Eu era em tal tempo clureo da mllsica em Piracicaba, muito pequena, crian<_;a mesmo. Na minha fam(Iia havia urn ditado que dizia mais ou rnenos assim: 'em festa de macuco, nambll nao vai: (sic)

"Bniulio, meu irma'o, que ja percebia o quanta eu gostava de rnllsica, me levava para ouvir o orfea'o."

"Benditas 'furadas', pois levei, infelizmente, muito tempo para ouvir coisas ta'o lindas, especialmente nas interpretac;Oes dos sopranos que se comparavam aos maiores da Italia, que se ouviam ern Cxtase nas antigas. vitrolas.''

57

"Estas foram as coisas que mais me impressionaram e que dificilmente esquecerei, lamentando que, naquele tempo, a tecnica das grava~oes em discos estivesse apenas engatinhando, nao se podendo ter gravado para a posteridade 0 que de maravilhoso esses con juntos apresentavam, destacando·se o fanta'stico conjunto que foi o Orfeao Piracicabano." 35

De viagem em viagem, o Orfeao chegou ao Rio de Janeiro, recebido com manchetes nos jomais de l::i:

"Pelo Rapido Paulista chegou ontem o Orpheao Piracicabano que vern realizar urn concerto coral em beneficia da Sociedade de AssistSncia aos La'zaros. Foram receb€-los, entre outras pessoas, o Ministro Muniz Barreto, Presidente da Liga de Defesa Nacional, a Sra. Silva Araujo, Presidente da Sociedade de Assistencia aos Lazaros, e rnuitos membros da colOnia paulista desta cidade. Ao desembarcarem, foram as senhoritas e rapazes que fazem parte do Orphea'o, acolhidos por vibrante salva de palm as per aqueles que os esperavam e per muitos curiosos que se encontravam na Esta~ao Pedro II." 36

Orlandina Sodero nos relatou que, naquela epoca, foi muito diflcil convencer os pais das mo~as orfeonistas a deixa-las viajar para tao Ionge. So consentiram mediante o comprometimento formal do Maestro Lozano de que zelaria pessoalmente pela integridade de todos os seus pupilos.

35 Trecho extra!do do artigo Sonoras Recorda5oes , da autoria de Cacilda de Azevedo Cavaggioni

publicado no Jornal de Piracicaba . Recorte gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo .

36 FERREIRA1

Jose Maria. Orpheon Piracicabano. Aldeia, Piracicaba , Maio de 1975, n 14 p.05

58

A viagem para o Rio de Janeiro foi bastante tranqiiila. De Piracicaba a Sao Paulo seguiram pela Sorocabana e de 1<1 para o Rio, viajaram pela Central do Brasil.

Fabiano Lozano, muito preocupado com a responsabilidade de exibir o Orpheao na capital da Republica daquele tempo, exigiu que todos viajassem quase em silencio para que nao cansassem a voz. 0 grupo todo acatou a decisao, incluindo Bniulio Azevedo Sobrinho, embora tenha esse prometido "descontar" na viagem de volta.

No Rio, as mo~as ficaram hospedadas em residencias de piracicabanos, principalmente nas da familia Moraes Barros, enquanto que os rapazes foram para o Hotel Belo Horizonte. Ravia uma grande expectativa em torno do concerto. Os ingressos estavam tendo boa safda, sendo vendidos na Confeitaria Colombo, no Hotel Gloria, no Copacabana Palace, no Hotel dos Estrangeiros e nas Casas Lopes Fernandes, Carvalho, Luiz de Rezende e nas bilheterias do Teatro Municipal.

Entre as anedotas contadas sobre a viagem 'a cidade do Rio de Janeiro, figurava a seguinte: alguns dos rapazes que nunca tinham visto antes o mar, quando nele foram se banhar, muniram-se de toalhas e sabonetes. 37

No dia da apresenta<5ao, 03 de novembro de 1929, o Teatro estava lotado, vendo-se entre os presentes altas autoridades civis e militares, magistrados, congressistas, membros do Corpo l.Jtplomatico Nacional e Estrangeiro, artistas consagrados dos saloes cariocas e a alta sociedade do Rio de Janeiro.

37 Trecho extra[do do artigo Sonoras Recordaioes , da autoria de Cacilda de Azevedo Cavaggioni , publicado no Jornal de Piracicaba . Recorte gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo .

59

0 programa, precedido do Hino Nacional, constou de tres partes, sendo que todas as musicas foram cantadas em portugues 3s :

Primeira Parte

Momenta Musical - Schubert

Saudade - Faster

Cascata de Risos - Lozano

Dan~a das Fadas - Gregh

Segunda Parte

Can~ao da Guitarra - Marcelo Tupinamba

As duas flares - Lozano

Dorme Filhinho- Cancioneiro Popular

Luar do Serrao - Catulo da Paixao Cearense

38 FERREIRA, Jose' Maria. Orpheon Piracicabano. Aldeia, Piracicaba, Maio de 1975, n 14, p.OS •

60

Terceira Parte

Primavera - Grieg

Junto ao Ber~o - Godard

Devaneio - Schumann

Aria- Bach

Todas as musicas eram compostas das melodias originais dos compositores adaptadas para a Hngua portuguesa "abrasileirada" dos versos de F. Haroldo e de outros poetas. Os tftulos sao aproxima~;oes dos tftulos originais, segundo depoimento verbal de Orlandina Sodero.

0 jomal carioca A Notfcia, no dia seguinte ao do recital (04 de novembro de 1929) informava que o concerto tinha sido urn grande sucesso:

"A caixa do Municipal sofreu uma verdadeira invasao, pois os elementos de maior destaque da fina plateia ali presente, foram cumprimentar o Professor Lozano e seus jovens disdpulos, em manifesta~oes da mais quente simpatia e admira~ao." 39

39 FERREIRA, Jose Maria. Orpheon Piracicabano. Aldeia, Piracicaba, Maio de 1975, n 14, p.05.

61

Orlandina Sodero recorda, tambem, a opiniao dos maquinistas do teatro, encarregados da cortina:

"-Voces sao muito melhores do que OS Coros Ucranianos." 40

Este famoso grupo europeu tinha se exibido, naquele mesmo palco, uma semana antes.

As opiniC>es mais consagradoras ainda estavam por vir: os jomais cariocas come~aram, logo depois, a publicar as cdticas do concerto.

0 Jornal do Brasil, em sua edi~ao de 05 de Novembro de 1929, escrevia:

"0 sucesso obtido pela maravilhosa corpora~ao ( ... ) foi enorme, como poucas vezes se tern registrado nesta capital, mesmo em espetaculos e apresentai§O'es das maiores celebridades mundiais da mdsica."

"Artistas dos mais consagrados, criticos de arte dos rnais exigentes, jornalistas, representantes das classes mais cultas do Rio de Janeiro, eram unSnimes em afirmar que 0 espetaculo foi unico e que a apresenta~ao dos orfeonistas piracicabanos excedeu 'as expectativas mais otimistas."41

Este sucesso repercutiu em Sao Paulo. 0 jomal 0 Estado de Sao Paulo, reproduziu as consagradoras cdticas canocas, acrescentando:

40 e 41 FERREIRA, Jose Maria. Orpheon Piracicabano. Aldeia, Piracicaba, Maio de 1975, n 14, p.05.

62

"Esse excelente corpo coral de que justamente se orgulha a linda cidade de Piracicaba, e ao que parece Unico no Brasil, apresentou~se ontern ao pUblico do Rio, no Teatro Municipal. Recebidos os cantores com rnuita simpatia, logo empolgaram a assistencia, sendo obrigados a bisar varios nUmeros e a conceder extra-programas. Causou a melhor impress1io a Berceuse, de Godard, na qual se desempenhou brilhantemente do solo a srta. Dulce de Souza Carneiro." 42

Ha uma narrativa impressa do Dr. Erasto Fonseca 43, que voltou a Piracicaba descrevendo minuciosamente a apresenta~ao, na qual diz que Dulce tinha uma voz de soprano li'rico fabulosa e que ao interpretar a can~ao "Junto ao Ber~o" (como foi traduzido o tftulo ), ela se emocionou ate as lagrimas, por se lembrar de uma crian~a que lhe fora muito cara. Diz ainda que quando ela cantava todos se emoc10navam.

Assim, cobertos de louros, voltavam os cantores e seu maestro e mentor, a Piracicaba.

Na viagem de volta, puderam dar vazao ao jubilo contido:

" - Viemos cantando do Rio de Janeiro a Piracicaba e em cada parada, a gare da estasao se enchia de uma multidao de curiosos, pois todos os orfeonistas sa1am 'as janelas do trem para cantar as mesmas melodias que encantaram os cariocas." 44

40 FERREIRA , Jose Maria . Orpheon Piracicabano . Aldeia , Piracicaba, Maio de 1975 , n 14 , p.05 . 43 CA V AGGIONI , Cacilda de Azevedo . Sonoras Recorda~iies . Jornal de Piracicaba , s.d .. 44 Depoimento verbal de Orlandina Sodero , soprano do Orfeao Piracicabano .

63 E esse foi o conjunto que saldo de uma pequena cidade do

interior de Sao Paulo, superando todas as condi~B'es adversas, cresceu, frutificou e alcan~ou exito diante das plateias mais exigentes do pals na epoca dourada dos anos vinte.

Gra~as ao idealismo, 'a coragem, 'a competencia profissional e amor 'a arte do Maestro Fabiano Lozano e 'as imensas qualidades, musicais e pessoais, de seus orfeonistas, todo este sucesso se tomou posslvel. Que seja rendido aqui o tributo merecido 'a memoria de tais artistas de valor.

"E foi assim que vivemos horas de inefavel gozo espiritual em ambiente de arte e alegria, tudo fazendo para elevar bern alto o nome querido de nossa querida Piracicaba."

"E foi nesse ambiente que eu me senti empolgado, ao lado de Lozano, sob seu influxo bene'fico, adquirindo os conhecimentos e a pnltica que anos depois pude aplicar na forma~ao de meus orfeoes quando de sua mudan~a para a Capital do Estado, onde iria ocupar o alto cargo de Chefe de Serviso de Musica e Canto Coral, por onde se aposentou."

"Com a sua aus€ncia, Piracicaba perdeu urn grande mestre e melhor amigo, mas na'o perdeu a sua consciencia orfe6nica, semente aqui lan~ada por ma'os h8.beis. Foi da[ que passei a trabalhar com os orfeOes, nao com a mesma competS'ncia do mestre insigne, mas na medida de minha capacidade, esforsando-me por nll:o desmerece~Jo." 45

45 TEIXEIRA , Prof . Benedito Dutra . Retrospecto orfeonico - orquestral de Piracicaba . Jornal de

Piracicaba , Piracicaba, 27 de novembro de 1960 •

64 ,

QUARTO CAPITULO

Procedimentos da Pedagogia Vocal de Fabiano Lozano

No capitulo anterior, falamos sobre o Orfeao Piracicabano, a repercussao de sua arte musical nos principais palcos do pa1s e o respeito adquirido, por parte de figuras de vulto na musica e no cem1rio cultural da epoca.

Devido aos processos incipientes nas tecnicas fonogn1ficas de entao, os registros sonoros do referido grupo sao poucos, rudimentares e nao transmitem de maneira correta e perfeitamente inteligi'vel os sons canoros do orfeao. Este fato nao nos permite fazer urn justo julgamento da qualidade musical e vocal do con junto.

Mas, baseados nos diversos depoimentos colhidos, nas entrevistas, reportagens e declara~oes individuais, a maioria de pessoas conhecedoras do assunto em questao, podemos afirmar que o cuidado na prepara~ao vocal e musical do referido grupo era esmerado, meticuloso e extremamente tecnico.

A forma de ministrar seus ensinamentos aos alunos era, para o Maestro Lozano, acima de tudo uma arte: a arte pedagogica.

65

Orlandina Sodero nos relatou que seus modos eram calmos para ensinar, sempre controlado e respeitoso. Porem, era energico quando a situa~ao assim o exigia, mantendo sempre a ordem e o equiHbrio entre os elementos do conjunto.

Era exigente, sempre achando que o resultado poderia ser melhor, mais perfeito, mais musical e mais apurado.

Era urn apaixonado pela musica brasileira, seus ritmos, suas melodias folcl6ricas, suas can~oes de roda e de ninar, a mnsica nativa e a dos sertanejos. Achava que o cantor devia utilizar todas as propriedades do som vocal e, portanto, devia explorar todas as gamas verbais e nao-verbais do canto.

0 ato de cantar devia ser inteliglvel em todos os seus aspectos. Por essa razao, todas as musicas deviam ser cantadas no idioma p<:ttrio, sempre com a articula~ao mais perfeita poss1vel para que a mensagem verbal pudesse ser passada completamente. Com essa finalidade, Fabiano Lozano traduzia para o portugues os textos das can~oes de compositores alemaes, italianos, eslavos, etc.

A @nfase era dada ao verbo. Ele utilizava, amiude, efeitos de "staccatto" e onomatopeias, conseguindo matizes dignos de nota no canto em conjunto.

Acreditava, tambem, que com esse procedimento aumentaria o interesse coletivo dos alunos por melhorar a compreensao do texto, iacilitando o aprendizado e memoriza~ao.

66

Ah5m disso, as melodias folcloricas que todos ja sabiam, de ouvido,eram urn atrativo a mais para os alunos que reaprendiam a canta-las em forma de arranjo a duas ou mais vozes, de maneira adequada do ponto de vista da tecnica vocal (sons definidos, voz impostada) e do equilibria formal.

0 Maestro Fabiano Lozano tinha a seguinte metana sua vida escolar: "ensinar deleitando, de modo a desenvolver concomitantemente a tecnica eo sentimento artlstico do aluno." 46

Ele acreditava que tanto os executantes como os ouvintes sentiam a benefica influencia da musica, alegrando a vida do con junto.

Seus arranjos eram feitos com naturalidade e dentro de uma tessitura c6moda, a fim de poder obter uma execu~'ao f:kil e correta.

Em urn de seus metodos, Toadas de Minba Terra, Lozano fez de sua "terra" o Brasil, recolbendo, compilando e arranjando melodias folcloricas brasileiras com o sub-titulo "Recrea~oes fadlimas para canto e piano ou piano so". As doze can~oes que compoem 0 metodo sao precedidas pelo seguinte texto:

46 Depoimento verbal de Maria Dirce de Almeida Camargo , aluna de piano de Fabiano Lozano .

67

"Criangas:

Vamos tocar e cantar essas doze toadas populares de que voces tanto gostam? Sim? Entao, maos 'a obra. E muito cuidado para que a voz seja bern agradavel e as duas maos, como boas irmas,fa~am sua obriga~ao com igual perfei~ao." 47

Lozano acreditava que a verdadeira arte musical tern urn poder extraordim1rio para despertar nobres sentimentos no corasao humano, e que essa benefica influencia era ( ou e) mais marcante nas crian~as. Essa teoria ja se registrava em Platao, na sua Republica, onde o fi16sofo dizia ser a mosica urn molde do carater, devendo, portanto, ser administrada com criterio 'as criangas para que crescessem como cidadaos dignos e honrados, alem de valentes.Por exemplo, as melodias em modos dorico e fri'gio, aliadas 'a ginastica corporal, induziriam, segundo Plat~o, 'a temperan~a, ao senso de liberdade, 'a coragem e 'a sensatez, se administradas com

0 "" • • / • ' • parc1moma e cnteno as cnan~as, por seus mestres.

Dessa forma, mnsica em demasia e em certos modos musicais "proibidos" Gonio e li'dio, por exemplo) e pouca ou nenhuma atividade flsica tomariam a personalidade em forma~ao propensa ao can1ter efeminado, covarde, voluvel e frivolo. Ja a ausencia total de contato com a mnsica tomaria a crian~a propensa ao embrutecimento quando se tomasse adulta. 48

47 LOZANO , Fabiano Rodrigues . Toadas de Minha Terra . Sao Paulo (Ricordi Brasileira) , 1946 , fo1ha de rosto. 48 PLATAO. Dialogos- A Republica. Rio de Janeiro (Ediouro S.A.), 1987, p.64.

68

Repetindo esse conceito platonico, Fabiano Lozano insistia em ensinar cantos que estivessem em harmonia com esses prindpios e seguia a maxima: se alguem e capaz de aprender o Teorema de Pitagoras, tambem e capaz de aprender a cantar.

As orienta~oes hasicas utilizadas na sala de aula pelo mestre em questao obedeciam aos seguintes criterios, por volta de 1930:

I . Orienta~oes pedagogicas musicais

. Tecnicas pedagogicas eficientes, pois no ensino coletivo o sucesso depende da habilidade, preparo, capacidade de comunica~ao e entusiasmo do professor. Fabiano Lozano compreendia por "eficiencia" a capacidade de se fazer plenamente entendido pelo aluno, resultando para este em urn aprendizado solido e duradouro, e nao baseado puramente na memoriZa£aO dos fatOS. 49

. Metodos os mais racionais e pnlticos posslveis. Aqui, a palavra "metodo" e entendida COIDO OS proceSSOS empregados para chegar a urn determinado fim. Cada mestre deve desenvolver o seu metodo individual, respeitando as regras pre-estabelecidas e de consenso geral, mas acrescentando o toque de sua personalidade criativa. Os metodos considerados bons sao OS que permitem, racionalmente, obter-se 0 maximo resultado com 0 mlnimo esfor~o.

49 Depoimento verbal de Maria Dirce de Almeida Camargo

69

No ensino, ha necessidade premente de otimos professores que possam agir com liberdade de esplrito e ideias, pois onde ha preparo, carater e liberdade, ha responsabilidade e, como conseqi.iencia, esfor~o consciente.

. Partimos do todo mais facil e racional, ja conhecido, e encaminhamos os alunos, intuitivamente, para o desconhecido, procurando que eles entendam as regras, porques e razoes das coisas. Por exemplo, a melodia conhecida pode induzir mais facilmente ao aprendizado da constru~ao da escala que a forma.

. Repetimos que as explica~oes nunca devem ser mon6tonas. As regras basicas e convencionais (modo de bater o compasso, nome das figuras, ritmica, etc.) devem ser transmitidas de mane ira interessante, mostrando indiretamente a pretensao do mestre quanto ao que deve ser aprendido. Se o professor nao conseguiu despertar o interesse dos alunos, alegrando 0 ambiente, todo 0 seu esfor~o sera nulo .

. Quando o aluno ja tiver aprendido a formula do compasso e a bate­lo (por imita<5ao, sem defini~ao porem), deve-se leva-lo 'a melodia, apresentando-lhe a primeira frase com uma pequena estoria atraente, com 0 fim de despertar na classe 0 maximo interesse .

. Conseguido esse intento, fazemos com que toda a classe repita em conjunto o que ouviu. Na primeira tentativa, aparecem normalmente erros e hesita~oes. Fazendo as devidas corre~oes, repetimos algumas "Vczes o processo e conseguimos, apos algum tempo, uma memorizagao perfeita por parte dos alunos.

70

. Passamos entao a escrever a melodia no quadro - negro, vagarosamente, nota por nota, convidando os alunos a fazer o mesmo na folha de papel pautado que cada urn deles tern. Os alunos come~am, destarte, a ler e a escrever musica simultaneamente .

. Uma vez escrita a frase, fazemos a leitura apontando os diversos sinais e os sons que eles representam, com o fim de agu~ar o senso de observa~ao e a capacidade dedutiva do aluno. Aqui e onde se manifesta mais intensamente a habilidade do professor, pois tera que induzir a classe a compreender o significado dos sinais empregados na representa~l:lo daquilo que foi cantado .

. Apos esse processo, recolhemos os trabalhos escritos, fazendo uma revisao deles, chamando a aten~~o para as incorre~oes mais graves e fixando a maior parte possfvel de conhecimentos pertinentes ao assunto na mente dos pupilos .

. Tomemos, como exemplo, urn exerdcio simples, o pnmerro do metodo Alegria das Escolas:

Andante 2 .. J ,.PJ ~ j 1 J J J I I i I I J

0 tl

Va-mos soJ-fe - - , jar, sem er - - - rar:

I~ ~ 6 , 8

f' J IJ j J IJ J J J I II l ~

Do si la sol, ra mi .

dO. re !"'e re re

Fig. 10 - Primeiro exerdcio do metodo Alegria das Escolas (BR 373-Ed. Ricordi, 1942)

71

Este exerci'cio fornece materia suficiente para duas ou tr€s aulas, de acordo com a dura~ao de lase as condi~oes da classe. Depois, com a evolu~'i:'io do aprendizado, o tempo para se trabalhar urn exerci'cio deve diminuir, sendo urn por aula, uma boa media.

Entre outros aspectos pedag6gicos musicais utilizados por Lozano, podemos citar:

. Melodias colhidas no folclore patrio ou escritas com sabor popular despertarn mais facilmente o interesse da classe e apressam a aprendizagem .

. Nas primeiras aulas, deve-ser fazer a classe solfejar em conjunto e depois escolher urn ou outro aluno separadamente. Mais tarde, deve­se fazer justamente o contnirio: os alunos solfejam individualmente, a classe identifica os erros e depois todos cantam em conjunto.

. Para dom1nio completo de qualquer melodia nova, sempre procedemos a uma minuciosa analise da mesma, de acordo, mais ou menos, com as seguintes etapas, sempre induzindo o aluno a pensar e a deduzir logicamente. Sao as seguintes etapas a seguir:

1. Analise dtmica, localizando o valor das figuras e pausas no compasso.

2. Indica~ao dos tempos: dizer onde comesa e onde termina cada urn deles.

3. Leitura r1tmica ou solfejo falado, o que equivale 'a leitura metrica de musica, sem entoa~ao.

72

4. Analise tonal: escala, intervalos, etc., tudo praticado em exercfcios criados para este fim.

5. Leitura entoada: solfejo propriamente dito, em andamento lento.

6. Leitura expressiva (solfejada e depois vocalizada) procurando obter a maxima "vida" posslvel, como consequencia logica de andamento, modifica~ao do mesmo, carater, matizes, dinfu:nica e

..... .

acentua~ao.

. Como complemento util, sempre que temos a oportunidade, devemos improvisar em urn instrumento pollfono (piano, harm6nio ou acordeon, por exemplo) urn acompanhamento adequado 'as melodias, procurando real~ar-lhes a beleza .

. No caso do ensino coletivo, onde as condi~oes pessoais sao muito diferentes, este processo de atingir o dom1nio completo das melodias passa por varias etapas. Uma vez obtido sucesso nas mesmas, devem ser fundidas em uma etapa so: assim que e observada uma certa facilidade de analise e rapidez de compreensao, deve-se induzir a classe 'a leitura 'a primeira vista, consciente e, mais ou menos, perfeita, melhorando sempre com o tempo. No caso de uma classe com bons conhecimentos musicais, os processos de ensino podem ser muito mais ageis. Em classes de iniciantes ou classes heterogeneas, o progresso acontece de forma diferente.

. As primeiras melodias devem ser sempre escritas na lousa como padrao de caligrafia. Depois, e sempre urn aluno a escrever na lousa, ficando como modelo o seu trabalho para a classe.

. Nas questoes acrescentando, complementares .

/ . teoncas, sempre

73

utilizamos lado a lado a pratica, / .

que necessano, conhecimentos

. Para o ditado r1tmico, urn aluno escreve no quadro-negro e o restante da classe em uma folha de papel pautado. Ditamos ritmicamente os valores de urn compasso, utilizando uma so sllaba (hi-hi-la, por exemplo ), indicando exatamente a distribui~ao dos mesmos atraves dos movimentos das maos (tempos). Todos os outros pensam no modo de representar as figuras mas so o aluno que serve de modelo deve responder em voz alta sobre o que pretende escrever. Em caso de acerto, permanecemos calados, como sinal de aprova~ao. Se ha erro, dizemos imediatamente: nao. Entao a classe se manifesta, fazendo a corre~ao necessaria. Isto feito, toda a classe escreve, empregando as notas que so agora sao fomecidas pelo professor. Desta forma, ninguem precisa apagar erros, pois sao corrigidos antes de grafados, resultando em uma grande economia de tempo e esfor~o, contribuindo ainda para a nitidez do trabalho .

. Com ditado tonal ou modal, procedemos de igual forma: urn aluno serve de modelo. Em primeiro lugar, ditamos unicamente os sons, urn a urn, vocalizando com "A" ou utilizando urn instrumento musical qualquer. 0 tom e dito antes para que se possa determinar a nota inicial e as seguintes, tendo sempre, por base, a escala correspondente. A divisao ritmica e a distribui~ao, bern como a separa~ao dos compassos devem ser rigorosamente observadas .

. 'A medida que surgem novas combinasoes ri'tmicas ou tonais, chamamos para elas a aten~ao da classe, com o intuito de que possa executa-las, sem hesita~ao quando vistas e grafa-las, quando ouvidas.

74

. 0 ditado melodico (que deveria ser o unico a se em pre gar desde o primeiro dia de aula, por ser o mais completo e racional, senao se tratasse de ensino coletivo, heterogeneo nas aptidoes) e feito por motivos, em separado. Vocaliza-se, geralmente com o "A", nao sendo grafado ate ser repetido corretamente vocalizado. Depois da­se nome 'as notas e, por ultimo, diz-se 0 nome das figuras r1tmicas. Com esse ditado_, buscamos desenvolver no esplrito dos alunos o sentimento mel6dico, pois s6 desta forma chegarao a compreender e executar convenientemente a musica, dando-lhe a interpreta~ao

prectsa.

. Para desenvolver nao so a capacidade tecnica, como tambem a compreensao art1stica, o verdadeiro sentimento do belo ( sem o qual julgamos falho o ensino musical, por nao atingir o ideal almejado: a educa~ao do gosto) procuramos alimentar nossos alunos com ditados, leituras, solfejos e cantos que encerrem germes de beleza;

, • IV / •

arttsttcos e nao puramente tecmcos.

. Devemos frisar e insistir perante os alunos sobre a benefica influencia que a boa linguagem dos sons exerce no desenvolvimento dos nobres sentimentos, por dirigir-se, principalmente ao cora~ao e procuramos extirpar o erro de pensarem que a mdsica pode ser aprendida em alguns meses, dependendo apenas do metodo empregado. Isto nao e possivel sem urn grande trabalho consciente e perseverante. Frisamos que a causa da dificuldade e a infinita ( ou quase) variedade de combina9oes dos sons. Precisam portanto, aceitar as coisas como elas sao e, uma vez que se trata de leis naturais e etemas, solhes resta urn recurso: estudar, estudar sempre, trabalhando o mais racional e intensamente possi'vel, para alcan~ar o que outros ja alcan~aram, cientes sempre de que tern na frente o infinito.

75

II.Orientasoes Pedag6gicas Vocais

. A musica cantada, como linguagem falada e escrita, deve ser ensinada da mesma forma que as outras materias escolares: anal1tica e naturalmente, empregando-se os processos mais simples e racwnms .

. Nos primeiros exerci'cios de leitura, deve-se ter o maximo cuidado com a voz, buscando que o aluno cante naturalmente, sem grandes esfor~os, evitando exageros, sempre prejudiciais. Deve se convencer o aluno da necessidade de fazer as coisas sozinho ( dependendo cada vez menos do professor) com a maxima perfei~ao posslvel, nunca abandonando urn solfejo antes de estar completamente dominado. E e dever, tambem, do mestre encaminhar OS alunos a tirar por si a teoria da pnitica, mostrando-lhes que as regras e conclusoes sao provenientes desta .

. No que diz respeito 'a tecnica vocal no ensino coletivo, devem ser observadas algumas diretrizes, que variam conforme a qualidade das vozes que se tern 'a mao e a idade dos alunos. Essas varia~oes deverao ser manejadas com maestria pelo professor que, baseado na sua pratica e conhecimento, podera organizar o ensino de maneira a obter o melhor resultado possivel, pois que cada instrumento vocal e unico. A grande sabedoria do mestre esta em unir satisfatoriamente as vozes, respeitando cada uma individualmente, mas sem prejudicar o conjunto.

76

Embora o aluno nao necessite compreender inicialmente as causas fisiologicas do som entoado, deve receber regras pn!ticas por parte do professor para urn aproveitamente inteligente de todos os musculos e orgaos envolvidos, evitando 0 uso errado e contraproducente deles. A qualidade do som deve ser analisada pelo ouvido experiente do mestre, segundo a qualidade estetica que julgar ideal e fazendo a decisiva distin~ao entre "canto natural" e "canto artfstico" .

. Boca e garganta: sao abertas naturalmente, sem exagerar ou for~ar. Os hibios devem articular perfeitamente o texto e "arredondar" a emissao, quando exigido pela tessitura vocal.

. A postura do aluno deve ser correta e sem tensoes, para que a emissao e respira~ao resultem com naturalidade e conforto.

. A respira~ao deve acontecer tranqUilamente, respeitando-se as frases musicais.

. 0 ataque do som ex1ge do aluno a maxima atensao. Ele sera perfeito se for:

a) preparado antes (pela perfeita posi~ao e respira~ao)

b) emitido com precisao, sem hesitar

c) afinado e com emiss~o alta (caixa craniana)

d) belo no timbre

77

e) claro e sem impurezas

f) pastoso e vibrante

g) elastico em qualquer mudan~a

h) expressivo

i) capaz de gradua~ao (capacidade de "filar" o som)

. Estes atributos devem ser transmitidos na pnitica aos alunos, e depois teorizados.

"Sao vossas essas cantigas.

Colhi-as quase todas nos labios de crian~as como vos e ajuntei­as nessas paginas como se ajuntam as florinhas do campo em urn lindo ramalhete. Em troca quero apenas que as canteis com muito amor, de mansinho como canta o sabia. Guardai-as no cora9ao, para que venham a ser, mais tarde, a vossa melhor lembran~a da

. . ,, memmce. 5o

50 LOSSO NETIO, Fortunato. Fabiano, Fecundo compositor. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.Ol. Esta dedicat6ria inicia o metoda Minhas Cantigas, da autoria de Fabiano R. Lozano. Este metoda nao foi encontrado disponfvel. A presente dedicat6ria foi copiada do artigo supra citado.

78

~

QUINTO CAPITULO

A Literatura Musical de Fabiano Lozano

"Achei o seu livro encantador, muito simples e util para as crian'!,as das escolas" 51

Lorenzo Fernandez

/

" E o mais racional , mais bern organizado de quantos livros possuimos , destinados ao canto coral escolar" 52

Mario de Andrade

51 LOZANO, Fabiano R. Ale&ria das Escolas- Sao Paulo (Ricordi Brasileira S.A.), 1942, p.04.

52 LOZANO, Fabiano R. Ale&ria das Escolas- Sao Paulo (Ricordi Brasileira S.A.), 1942 p.04.

79

Estas referencias elogiosas se destinam ao metodo Alegria das Escolas, da autoria de Lozano. s3

0 professor Fabiano Lozano tinha uma capacidade de trabalho extraordimiria e era urn fecundo compositor. Orientou toda a for~a de seu esplrito idealista para a crian~a e a juventude. Parece que ele sentia que sua missao era fecundar as almas dos jovens com a mtisica, sua grande paixao.

Possivelmente, nao houve, no Brasil 1 outro mestre que tenha voltado sua aten~ao para o ensino da musica nas escolas, tanto quanto o Maestro Lozano.

, E importante lembrar que , ja em 1914, ele criava urn orfeao

escolar, sendo seguramente urn pioneiro no Brasil, nesse campo.

A Editor a Musical Ricordi Brasileira editou a maioria de suas obras. Tambem o Jornal de Piracicaba imprimiu muitas edi~oes de seus apreciados cadernos de musica, muito difundidas em Sao Paulo e por todo o Brasil.

53 LOZANO , Fabiano Rodrigues . Ale~ria das Escolas - !33 Melodias Escolares . Sao Paulo (Ricordi Brasileira), !942 , p.04

80

A grande maioria dos metodos aqui relacionados nao puderam ser, infelizmente, encontrados. Procuramos nos locais especializados e, sem obter sucesso, dirigimo-nos 'a Editora Ricordi. A informa~ao que nos foi dada dizia que devido ao fim dos orfeoes e 'a extin¥ao do Canto Orfeonico como materia obrigatoria nas escolas, a impressao dos metodos de Fabiano Lozano foi sendo reduzida ate se encerrar totalmente, por volta de 1960. Os exemplares remanescentes sao poucos, raros e com poucos dos t1tulos disponi'veis. 54

Obtivemos alguns deles em lojas de exemplares antigos e outros, junto a particulares.

A bibliografia musical de Lozano e muito extensa. Relacionamos, a seguir, os ti'tulos principais:

I. Curso de Solfejo

Obras que foram adotadas oficialmente nas escolas, conservat6rios e nos estabelecimentos de ensino musical de todo o , paiS. 55

. Alegria das Escolas -133 Melodias Escolares - BR 373 - Editora Ricordi Brasileira S.A. , 1942.

54 Infonnayao obtida junto ao Sr. Augusto Cicuto , Diretor Responsavel da Ricordi Brasileira .

55 lnfonnallao extralda das folhas de rosto dos referidos metodos •

81

. Primeiros passos no ensino natural da musica. Orienta~ao e cento e trinta e tres melodias. Considerado como o mais racional e bern direcionado dos metodos destinados ao canto escolar. Teve mais de sessenta edi~oes .

. Antologia Musical - Editora Ricordi Brasileira S.A., 1933 .

. Com duzentas e trinta melodias, com crescente grau de dificuldade, procura desenvolver a tecnica e o sentimento musical dos alunos: o seu espi'rito art1stico, segundo Lozano.

Divide-se em quatro partes:

Primeira Parte- sessenta melodias- BR 378

Segunda Parte- sessenta melodias- BR 379

Terceira Parte- sessenta melodias- BR 380

Quarta Parte- cinquenta melodias- BR 381

II . Cantos Escolares

. Toadas de minha terra- Editora Ricordi Brasileira S.A., 1946

Recrea~oes fadlimas para canto e piano ou piano so.

82

. Alegrando a vida - Editora Ricordi Brasileira S.A., 1956

Doze can~3'es educativas a tres vozes iguais.

Sorrindo e cantando - BR 860 - Editora Ricordi Brasileira S.A., 1955.

Hinos, marchas e can~oes escolares .

. Sorrisos da intancia 56 - BR 122 - Editora Ricordi Brasileira S.A., s.d.

Canones e brinquedos educativos .

. Minhas Cantigas 57 - BR 396 - Editora Ricordi Brasileira S.A., s.d.

CinqUenta cantos arranjados para voz solo, piano solo ou canto e , piano. E dedicado 'as crian~as com as pa1avras que fin dam o capftulo anterior (IV).

56 e 57- Os metodos aqui relacionados nao foram encontrados, mas achamos que seria importante aqui cita­los. Os tltulos foram extrai'dos do Jornal de Piracicaba. LOSSO NETTO, Fortunato. Fabiano, fecundo compositor. Jornal de Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro cademo, p.O I.

83

. Caminhos do Cora~ao 58- BR 385- Editora Ricordi Brasileira S.A., s.d.

Dez cantos e dez cantos. Original trabalho educativo ricamente ilustrado em que, pela contraposi~ao de estoria e musica, vai se inspirando a crian~a a praticar o bern sem esperar nada em troca, buscando, assim, a forma~ao moral do caniter infantil.

. Vamos viajar 59

Brinquedos orfeonicos infantis .

. Florilegio Musical 60

Cole~ao de cantos arranjados para audi~oes e festas escolares ( duas vozes e piano) .

. Alvorada - 61

Sessenta cantos escolares a uma e duas vozes com acompanhamento de piano.

58, 59 e 60 Os metodos acirna re1acionados nao puderam ser encontrados, mas achamos que seria importante aqui citi-1os. Tais t!tu1os foram extra!dos do Jornal de Piracicaba. LOSSO NETTO, Fortunato. Fabiano, fecundo compositor. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, terceiro caderno, p.Ol. 61 o presente metodo foi encontrado,porim nele nao se encontrarn as inforrna~Oes necessarias de praxe, tais como editora, data de publica~ao, etc. Porem, julgamos irnportante aqui cita-lo.

84

III . Originais

. Cascata de Risos - BR 549 - Editora Ricordi Brasileira S.A., 194 7.

Musica de F .Lozano

Letra de F .Haroldo

. Meu grande amor- Irmaos Vitale 70-0, 1959.

(Para tres vozes iguais)

Musica de F .Lozano

Letra de F .Haroldo

Orfeoniza~ao de Yolanda de Quadros Arruda

. Bandinha da ro~a- Editora Ricordi Brasileira S.A., 1955

(Canto sem palavras)

Musica de F .Lozano

85

IV.Arranjos

. Batel da Esperan~a- Irmaos Vitale 89-0, 1960.

Musica de F .Mendelssohn

Letra de F .Haroldo

. No imenso mar- BR 860- Editora Ricordi Brasileira S.A., 1955.

Melodia Popular

. 'A Mocidade academica- BR 860, Editora Ricordi Brasileira S.A., 1955.

Musica de A.Carlos Gomes

Letra de Bittencourt Sampaio

. Acalanto- BR 48- Editora Ricordi Brasileira S.A., s.d.

Letra de Y. Gam a

Musica de W .A.Mozart

. Dan~a das Fadas- Editora Ricordi Brasileira S.A., 1955

Musica de L.Gregh

86

Letra de K.Talbot

Em linhas germs, uma analise das pe~as nos mostra as . - . segumtes caractenstlcas:

1. Ao compor ou arranjar, Fabiano Lozano tinha sempre em mente a educa~ao art1stica e musical do aluno. Sua musica, sob esse ponto de vista, e sempre funcional, visando ao desenvolvimento do senso estetico e das aptidoes musicais das crian~as e jovens.

2. A concep~ao das musicas e sempre direcionada ao canto orfeonico nas escolas, ou seja, voltada para o treinamento dos alunos de diversas idades no canto em conjunto.

3. Nos seus metodos, as dificuldades musicais sao apresentadas paulatinamente, a cada novo exerdcio, sendo que a maioria deles sao melodias populares ou folcloricas compiladas, com a finalidade de despertar a aten«5ao e urn maior interesse no aluno e acelerar a memoriza«5ao, facilitando o aprendizado.

4. A orfeoniza~ao (harmoniza~ao de uma melodia para canto em conjunto, a vozes diferentes) obedece 'a maior simplicidade possivel, seguindo sempre urn esquema de base tonal.

5. Alem de melodias e solfejos em uni'ssono, temos arranjos a duas vozes iguais (infantis ), duas vozes mistas, a tres vozes iguais ( coro feminino) e a quatro vozes mistas. 0 acompanhmnento instrumental e sempre opcional por parte do professor.

87

6. A tessitura dos metodos, em se tratando de estarem voltados para educa~ao vocal infanto-juvenil, e sempre a mais comoda posslvel, raramente ultrapassando uma oitava de extensao e concentrando-se na regHio central da voz.

7. 0 texto e sempre em portugues, mesmo que a origem da melodia arranjada seja de outro pais. Por exemplo, Fabiano Lozano utilizava temas melodicos de Mozart com urn texto escrito e adaptado a musica por F.Haroldo, ou seja, ele mesmo. No exerclcio quarenta e dois do metoda Alvorada, o tema de uma das arias de "Papageno", da opera Die Zauberflotte, e harmonizado para duas vozes iguais e recebe palavras em portugues.

88

Fig. 11 -Maria Dirce de Almeida Camargo, ao piano, em 1929. A foto apresenta, como dedicat6ria, as palavras: "Ao meu dedicado Professor Lembranca da sua disci'pula e amiguinha mui grata.

Maria Dirce." Foto gentilmente cedida por Eduardo P.Lozano, filho de Fabiano R.Lozano.

~~~~~~~~~~rfi:·~~ ~ .. ~~':-c-&1'-:~~~:.LJ-:Z---· ____ -~- 89 ;~,..~,.. . ' ' ~

---· __ ,__ --·--~,-·----' .

~. ~"-fi'~~~~u---~-~~~-<-~--· .._ . r' , . ' - • •. • ~: • I>- ... ' '" . .f ' .. ••. -- • ; - - ':;;: » .. r-.... -, .· .,.. . .

~~·' -,A.d..a. 1 ~~ · Ae..t.U · · . - . ' . . i .. . -. . ~ ·, ! ,.. 7~7--:rr£ --- -------~~.

I --- --- . _L.:_ __ - ------ __ :__ - --- ·-- . - ., Fig. 12- Carta de Fabiano Lozano 'a aluna Maria Dirce de Almeida Camargo, datando de 22 de outubro de 1957. Documento gentilmente cedido por Maria Dirce de Almeida Camargo.

90

N

CONCLUSAO

Fabiano Rodrigues Lozano deixou a Europa para abra~ar o Brasil como sua nova patria e trabalhar em Piracicaba, 'as vesperas da Prime ira Guerra Mundial. V eio diplomado pelo Real Conservatorio de Madrid. Sua forma~ao escolar basica, porem, foi realizada no Colegio Piracicabano e na Escola Complementar (antecessora da Escola Normal).Isso explica as suas rai"zes profundamente fincadas no solo nacional, apesar de espanhol por nascimento. Ele se expressava, ao contnirio do irmao mais velho, sem nenhum sotaque castelhano.

Na Piracicaba do infcio do seculo, uma pequena cidade isolada geograficamente, Lozano encontrou as condi~oes necessarias ( ou as fez) para a cria~ao de urn legado extremamente art!stico e original.

F oi ali que o mestre lan~ou as primeiras sementes de seus sonhos que, povoando a sua mente idealista, nao exclufam, porem, urn forte senso pnltico e uma imensa disposi~ao para o trabalho. Tanto isto e verdade que o seu ideal maior, de cantar e fazer cantar a juventude e infancia de sua terra, foi tornado real pela for~a de seu trabalho e pela firmeza de seu esplrito.

Naquela epoca, a do apogeu da Primeira Republica, havia urn sentimento euforico e o proposito da reconstru5;ao nacional. Piracicaba era tida como urn verdadeiro prototipo brasileiro de cidade universitaria europeia. E, nesse contexto, Lozano era a figura

91

central, a for~a motriz 'a frente das manifesta~oes musicais de maior relevo e da educa~ao arti'stica de toda aquela gente.

Com a "Revolw;ao de 30" e o advento do "Estado Novo", Fabiano Lozano deixou a cidade onde lecionou e viveu por tantos anos. Para grande tristeza da cidade, ele foi convidado a organizar e a orientar o ensino de musica no Estado de Pernambuco, onde permaneceu por quase urn ano (1930- 1931).

Sua obra expandiu-se e foi incorporada pela nova estrutura de poder que se instalou no Brasil de entao. A ingenuidade e pureza de seus orfeoes escolares e o esmero artlstico do seu Orfeao Piracicabano foram absorvidos pelos novas tempos de nacionalismo exacerbado e pela explora~1lo ideol6gica da juventude.

Essa massifica~ao traduziu-se pelos grandes corais de trezentas vozes em estadios de futebol, regidos pelo proprio Lozano, em Sao Paulo, cidade onde se fixou a partir de 1931. Nesse ano, o Maestro foi contratado para organizar o Servi~o de Musica e Canto Coral do Estado.

Igualmente, no Rio de Janeiro, grandes massas corais se apresentavam sob a regencia de Heitor Villa-Lobos, fazendo a apologia da ditadura e da ideologia fascista.

Na Segunda Guerra Mundial, o Govemo Brasileiro aderiu aos Aliados. Assim como houve a derrota do Nazi-fascismo, caiu tam bern a ditadura Vargas. Em Piracicaba, o Theatro Santo Estevao foi demolido.

92

Pouco depois, foi extinto o ensino de Canto Orfe6nico nas escolas e, com ele, o ideal de urn grande mestre, encerrado na memoria daqueles dez anos de idilica beleza, entre 1920 e 1930.

Porem, em 1952, pouco antes de sua aposentadoria, Lozano viu realizado mais urn de seus sonhos: a funda~ao do Orfeao do Professorado Paulista.

Com quarenta e cinco anos de servi~os no magisterio, sendo cinco no primario, dezesseis no secundario e vinte e quatro no Servi~o de Musica e Canto Coral do Estado, o mestre aposentou-se e, pela ultima vez, regeu o Orfeao do Professorado Paulista, numa festa em sua homenagem, onde recebeu o titulo de "Educador Emerito".

A obra de Lozano foi concebida e amadurecida segundo a sua compreensao do que seriam as caracteristicas antropologicas e culturais brasileiras na sua epoca. Isso explica o porque da difusao de suas composi~oes e metodos por todo o territorio nacional e da permanencia em uso dos mesmos, alem da objetividade de propositos e racionalismo que os caracterizam.

Se a materia Canto Orfeonico fosse reintroduzida no Curriculo Escolar, seguindo uma nova reforma do ensino, a obra de Fabiano Lozano seria redescoberta, bern como suas instru~oes pedagogicas seriam resgatadas.

Toda a vida profissional do Maestro Lozano, desde que assumiu o cargo de Professor de Musica da Escola Normal de Piracicaba, foi minuciosamente documentada por ele mesmo em tres grandes volumes de recortes de jomais e outros impressos, gravuras,

93

fotografias e manuscritos. Infelizmente, nao tivemos acesso a este material. Sua importancia ultrapassa a historia da cidade interiorana, pois retratam o perfil de uma sociedade em muta~ao: a sociedade brasileira e seu processo de modemiza9ao no perfodo entre as duas grandes guerras. Mas isto seria discussao pertinente a uma outra tese.

"Fabiano Lozano foi o educador por excelencia. Urn idealista e batalhador incansavel. Conseguiu, com seu exemplo, transmitir a todos que com ele conviveram o entusiasmo pelo ensino eo amor pela boa musica." 61

Assim, a Professora Maria Dirce de Almeida Camargo, ex­aluna de piano, o descreveu.

Apos sua aposentadoria, Lozano passou a morar em uma casa no Alto da Boa Vista, bairro de Sao Paulo. Coincidentemente, a dois quarteiroes de distancia de onde passamos a residir, muito mais tarde, sem sabermos, a prindpio, que ali muito perto havia morado urn grande mestre, talentoso professor e urn verdadeiro artista.

61 CAMARGO , Maria Dirce de Almeida . 0 Fundador da Cu1tura Artlstica . Jorna1 de Piracicaba ,

Piracicaba , 25 de Maio de 1985 , p.08 •

94

Fabiano Lozano faleceu em Abril de 1965, com setenta e nove anos e alguns meses de uma vida profi'cua, dedicada ·a mlisica.

Deixou saudade em todos aqueles que desfrutaram das horas felizes, repletas de arte e alegria, atributos de sua alma superlativa.

0 valor do legado de Fabiano Lozano para o desenvolvimento e expansao do Canto Orfe6nico e da Pedagogia Musical e Vocal no Brasil e inestimivel.

Sua perseveran~a, idealismo e for~a de vontade, aliados 'as suas qualidades superiores de espi'rito, permitiram a constru~ao de bases s6lidas no cemfrio nacional quanto ao ensino da musica, no seu aspecto coletivo.

A preocupa~ao com a abordagem da musica brasileira, erudita, popular e folclorica, esteve sempre presente na sua vida artfstica, atraves da pesquisa de suas manifesta~oes e da proposta de se fazer cantar sempre em portugues, alem do nacionalismo tao caracterfstico de sua arte.

Lozano deixou para a posteridade urn grande numero de metodos pniticos, voltados para a Pedagogia Vocal e Musical. Seu lema era estudar, estudar sempre para aprimorar a arte musical e o espfrito. Este pensamento ele conseguiu impnm1r nos seus disdpulos, os quais expandiram os seus ensinamentos para todo o Brasil.

Portanto, a difusao do Canto Orfeonico, como materia oficial nos estabelecimentos de ensino, foi em grande parte merito seu.

95

Seus feitos no campo da Pedagogia Vocal formaram urn alicerce solido. Sobre esta base deve se apoiar toda a pesquisa subseqiiente no que conceme 'a Pedagogia Vocal no Brasil.

96

BIBLIOGRAFIA

Aldeia, Piracicaba, Maio de 1975, Numero 14, p.Ol.

Aldeia, Orpheon Piracicabano. Piracicaba, Maio de 1975, Numero 14, p.05.

ANDRADE, Mario de . Aspectos da Musica Brasileira. Belo Horizonte, (Villa-Rica), 1991.

ANDRADE, Mario de. Ensaio sobre a Musica Brasileira. Sao Paulo, Livraria Martins Editora, 1962.

APPELMAN, D.Ralph. Science of Vocal Pedagogy, The. Indiana Univ.Press, 1986.

Arte da Musica, A - 2a. Ed., Abril S.A. Cult. e Ind., Sao Paulo, Brasil, 1982.

CAMARGO, Maria Dirce de Almeida. 0 Fundador da Cultura Artfstica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1985, p.08.

CARUSO, E. & TETRAZZINI, L. Caruso and Tetrazzini on the art of singing. New York, Dover Publications, Inc., 1975.

97

CERVO, A.L. & BERVIAN, P.A. Metodologia Cientffica, 3a. Ed., Sao Paulo, Makron Books do Brasil Ed. Ltda, 1983.

DIVILLE, Claire. A Tecnica da voz cantada. Editora Enelivros, 1993.

FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano I. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 20 de maio de 1986.

FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano II - 0 Theatro Santo Estevao. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 21 de maio de 1986.

FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano IV - 0 Orpheao Piracicabano. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 23 de maio de 1986.

FERREIRA, Jose Maria. 0 Mundo de Fabiano Lozano IX- Epllogo, 30 de maio de 1986.

GARCIA, Emanuele. Trattato Completo dell' Arte del canto, Parte I. ltalia, Ricordi, s.d.

GRAF, Friedrich. Sfntese Teo rica da arte do canto. Tipografia Ostrensky, s.d.

Jornal de Piracicaba, Concerto na UPP. Piracicaba, 12 de outubro de 1917.

98

Jornal de Piracicaba , Piracicaba comemora hoje o 30o. aniversario do Orfeao Piracicabano. Piracicaba, 14 dejulho de 1955, p.03.

LAMPERT!, Francesco. Art of Singing, The. G.Schirmer, Inc. s.d.

LEHMANN, Lilli. Aprenda a Cantar. Editora Tecnoprint S.A., 1984.

LOSSO NETTO, Fortunato. Concerto e homenagens nos 60 anos da Cultura Art1stica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 28 de maio de 1985, primeiro cademo, p.1 0.

LOSSO NETTO, Fortunato. Memorias de urn orfeonista. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1985, p.08- 09.

LOSSO NETTO, Fortunato. 0 Jubileu da Cultura Artfstica. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 25 de maio de 1975, ano 75, terceiro cademo, p.Ol.

LOUZADA, Paulo da Silva. As bases da educa~ao vocal. Rio de Janeiro, 0 Livro Medico Ltda., 1982.

MARCHESI, Mathilde. Bel Canto: a theoretical and practical vocal method. New York, Dover Publications Inc., 1970.

MARIZ, Vasco. A can~ao brasileira: erudita, folclorica, popular. 5a. Ed., Rio de Janeiro, Catedra, 1985.

99

MOREIRA, P. Lopes. A voz eo canto. n.a., s.d.

MOREIRA, P.Lopes. Ciencia do Canto, A. Tipo do Patronato, 1940.

MOREIRA, P .Lopes. Compendio de Tecnica Vocal. Gnlficas Irmaos Pongetti, 193 7.

MORI, Rachele Maragliano. Coscienza della voce. Milano, Edizioni Curci, 1970.

NUNES, Lilia. Cartilhas de Teatro II- Manual de Voz e Dic'5ao. Rio de Janeiro, Servi~o N acional de Teatro, 1973.

PARDO, Gua1terio. Algunas nociones sobre fonetica, 4a. Ed. Buenos Aires, Ricordi Americana, s.d.

" PLATAO, Dialogos III - A Republica. Rio de Janeiro, Ediouro S.A., 1987.

TEIXEIRA, Benedito Dutra. Retrospecto orfeonico-orquestral de Piracicaba. Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 27 de Novembro de 1960.

100

ANEX00

OBQA0 DE fABIANO LOZANO

ANEXO 1

CURSO DE SOLFEJO

ALEGRIA DAS ESCOLAS

133 MELODIAS ESCOLARES

101

1 'Aodant•

@ p1 J Va-mos

' (' J J Do si Ia

.A Kdante b. ch. 2

pp

102

133 MELODIAS

2 " J J I 0

sol-fe - - , jar,

6 , IJ J w IJ sol, fa mi

. re

8

A mUsica e como o sOl: alegra

e vivifica * 'O'r *

N&o saber cantar devia ser tao

deshonroso como nao saber ler ou

esc rever.

RUSKIN.

A 01Uslca 8 o pressentimento

daa coieaa celestiaie.

BEETHOVEN.

~ .. I ,J J II I sem er - rar:

8

J J ~ I II --' dO. r:-e rc: re

10

Andante 103

a =f~ ~ ' J t J J I J ' J (r r I r ' r I p

8 ' 18

-~ 6 ' :IJ I; 41 J IJ J IJ J J ' r

Moderato ., ' J J

4 ' l@P -J J -IW I I w I J. e2• 11 I

p

-~ r F r 6J I J J 8

IJ I • I :J. I

2 ' ~ 4

I . i1 IJ J~ I r ' I

8

§q ; R r J 3 i 3 l.b ' J1 '! I :J II

Alle~retto 2 stJ jJJJ I J ' ~ 4

1n 0 r 1 r ' Ct'esc.

p

4+ s n in J a 110 :fJ i J 1 d;u~.-

104 Moderato

4 , 2

~ I ~ @;! A

I; J IJ ~ 7 J J p

8-16 ' -

] =II

B fl

J IJ J J I f' ~ J J I

4 , -J. Moderato 2 ' I ::::j :J ::::j I :l J j s @t J J J ~ IL_J.J iJ • ii---=,, ==--9 ~

p

R

~ w J J r lr J • I J J J ;; I;.

10 t H J J J I J • J J cmc. • mf

A dnn I

• ~ 2

·, t IJ J J

R 4 j J i I~ J J j ;. !N J IJ J I J. t g

105 Allegretto 2

tt 'i fJ I J J J :l I J J J J I i J J J I p

6

Moderato 2 ,

12 4 I J J IJ J J J I J J J I J J J J d p

8 ' ' 8

' j 'J J I; J JJ IJ JJ IJJ JJ ICJ I

-:j. Alleg:r~tto 2 4 ,

ta @ I J J I J J I J J I J ,CJ)J J J I p

6 8 ' 10

' J J I J J IJ J___J) 1 J I J 1 I J J I

~ 12 ' -t 14

\1 J J IJ a J li J IJ 16

J I J. I J 11 --t I

6

J J I J 8

J J I W: Q J J IJ 4 ll

106

Jtlle~ettG 2 4

ts ~ I ]1 I r r I tr J J I J r I J ' J¥1 • mf

6 -- :::! lg .t J 1~ a '

J t J II: 0 I

t()

~ i J J J IJ J i J IJ J I 1. ' II 2. I

I U zll 1 ' II

Alle.gretto 2

4 ,

ts ~~ ! IJ J iJ IJ EJ pFJ tJ iJ· EJ 8 10

' JB 3 iu iJ IJJ JJJJ. 1 t; J I~ 14 1&

~ J J ii(n 1J J IJJ ,;OW J ~~-~ A lleg,.etto

2 4 ,

t7~11DIJ J !PAl J IJ tlJ PJ tO

~ j £0 iJ J J J fa t IJ:J [J 11) fJ 3 12 ' - 14 16

' J3 A I J I J J t3 I tJ J J I J 3 fJ l J t II

107

Andante 2 , 4 ,

1s @:2 !J I J J 4 I J J 3 I J J fJ I J D I p -=

;i-. 6 ' 8 , ' 10

~ J J 49 I; D IJ J :0 I; ;:J I; J9 I J II dim. pp rail.

Moderato

p

6 8

Andante

2o'£ !JIIJ J J b J J IJ- J 13 8

J J I # I; '¥]

4 n13 r.ouo 1n.u iJ ,.~IJ w IJ dll

' J u IJ diiJ Ha if? a 11J n IJ ,. a mf

108

71:_ Tempo di Val.ae~ 4

22 @ 2 J J J I J J J I r r I r t I J J J I p

.:;: 6 8 10

!¥ J J J 1r r 1 r t IJ J J 1 r r· J' 1 =====-- "!I

-::i:_ t 2 H u;

~ J. 1J t IJ J J I J J. Ji I J LJ * I IR 20

~ 22 ~ :4 2B

~ J J • It s r r If' * 1J J J IF r o I n'.f ---=======

;9:. 28 30 32

W J. I J t I J J J I J J. ;~ I J. I J t I -Moderato

2a ' 2 £ J t J J J I J J j J , J LJ J I .J_ 6 8

Piu mosso 18

~ ~ J J I J J J I r t :II J J I J J I J J J I

t 2? , 22 24

w J J I J J J I J J J I J J J I; s II

109

12

' J ' J lr

~~ w r 1 J J tu u J IJ * II

A rtda n tt 11 o 2 4! J

4 ' 26 J lr J luJ ~ I (? lr r ·j •

p

~ 6

J l! , 10

r r IJ I v jJ J lr J lr r I 12

' t4 16

110

Modemto 2 4 '

2s 1 2 ; J 1 J ~ 1 J J I J I r r 1

8 ' 10 =!

~ j J 1 J J 1 J 1,7," J I J J lr r 4

12 ' 14

" J w 1r r 1r-16

0 I J :J I J II rit.

Moderato 2 , 4 - , '

29 1 1 fJ w J 1 u j J 1 u Er IJ J J 1 mf

8

~ O i J jw 3 J . IO J J IJ 0 J •

111

4 ' Tempo di Mnma 2 ' J J I o :I Jdd J -·I ,J r I r F= 30 -'-~ .,

H .,;, 2' p " ' ~ J I 10

J , . r ? 1 .. lr r -'~ - r r r iJ ~ IE r c =-J " I

' H ' . J J J {j L ' I F J J J I J -::=P J r I r sf ~all

112

Allegro moderato 2 1

,

3ai.Et fi lr r ir JJ 1fiS l"fJJ] lr r -1 ~) p

FINE *--=:;-: ~ - 8·:!4 ' 10 12 '

~4JJJ otJ IJ 11$SIJJJf.J IJ J] IJJJ] IJ n~

Moderrtfo 2

1 ,

41 ,i:u ~~ u '(D 1p o ~~.a, u ~ ~ F ig :0 If= 0 L~=tm

7

Mode.-ato

47 f PfJ IE_ J J J r; 'Jj. 19 t/J I

~·r: ~~o~r r~orr) ~~a 8 j~ 11

116

Moderato 2 , 4

,

53 '¥ 2 r IF n E r IF r r I r J 3 U I J J I p .

Allegro

I' J nn iJ J 'J IJ n n iJ 'n!,·#·"m

Tempo di Mazurka 2 4

s4 ,~ i ~J J 3 J 3 I I] P D I F r r I r t I p

117

Modemlo

56 12 0 J J iJ J'10 J J jJ J b J J i~ J 1 p

I n J i11;-JJ ''J nn IJ u'l; nn 1 !* 12) ' pl!.!!'l 14 ~ 18

~ ~ J I J :R F I c r I i;J J J IJ i II

Andantino

ss @'u Jl 1J p

.. - 2 -

.t'iJ J I J._ tJ J IJ :P/J :l I

., 4J. t )1 I J 6

J 'Ji g) " ~ 0 tr IJ . ~ I J' 4

Jl

8 tO 12.

ri,.

118

6 1 8

Allegretto 2 1 ! ~

Gt kj I J~ I £9 J J I J J J. Q I JJ 3 J I mf

~ 6 1 8

~ ' ~ I -·n I~ ~ IF-/ II fJ J 1p ·~!p , ---

::>

' E D 0 ifj i I(] 0 {9 ip i I

Moderato 2 1 4 '

es ~ ~ bt 4j g I J Jd J J P J J I J. I J JO J I mf 8 10 '

:@ b #j IJ f.lJ@¥' lgt@ b! iJ ;!) I 12 16

Moderato

72 ~-~ rtcilJ i9 w o 1 ;. Cr ~ 1 JL=-1 nif ----

~ 6 m _ 8 10~ ~ i ;rJ J 3 i 3 I J. I J * I r W c Jj) 4 I

-!2 ' 14 16·32

,, f IF r J I J 9 J J W YJ J J I J~ J t :IJ

i_ Andante 2 t... 7

1

?4 @k; J IJ. 0 .F3 I J? J J3 I J. a ot J IJ '1 Jt I p

·ft J. 3fi iJ~J o ~ffllJ (r '}liD J j iJ P I -====· .:::;:.::.. ~=====

Mode.-ato 2

, 4-8 9

77 ~; fP 1 ;s zrs 1J fJ 1 ;o J-1 1 ; dl

Alle,gTO . 4 > ,

79 f!{},OOOIO(H}'~ p ~'E.~'

f OOOiOOlNO ir010001

'~ ·yoo,,nrro~P~oi1~g,An'M n > > r r-

Moderato B

~A 2 4, ~6 so~ I J i~ I J J I J J I J I J L I F J I p

124

~ 8 1 0 10 12 1 D ~ f":l ~ J J I J ltfEJ IF U I r EJ I J 1•c; I

~ 14 16 , E 18 20 ,_

· ~ J _ iJ I J l3 I J I J. Q J J I J J J I J J I J ~1

6 8 ' 10

125 Lento

83 ~zt,r fvr; ·#riJ ,~, 48@1 ~ ~F· r ;p 1 lf &6 t; t~· tBtJ I

'

raJl, ..

Moderato 2 , 4·8 ,.

s4 ~-! £J I J J J 3 1J /J tJ J I ] =111 1 D I

p ·~~

6 I t. II 2.

i

J.m 126

st~ ' 1 p 11.l® 19 i a n Ia JJ i1 · n 1

4 4lilBJ i /10 I fl•J? i )l'il c:r I !J JJ i?J Ill •••

t6

IJ ' II f"it.

127

Modemto 2 4 '

B9 p ;n .:! J I d ji} a I # ' nif

~ j3 JJ ftJ n ip J p j P : ltf C1 I nif

' ~ J itf CJ' i? u: 1(1 u i[? t]J '

'

14 16

31

128

:8 'iilU I

_ __.,.......__

r' !~~ 8 4 ..

14

---

18

12

~oderato 2

9s~IQJ1fl1tff1# ~ f{@l

f n J n } ~'# rnl·! ~ l'fU M } I I t II '

4 6 3 '

~ 3 3 •• 3 ' > 3"

j J 9 fJ J I J J 3 J ) J I jJ J J J J I J ' II

Moderato

97 ta}#BJP-niyy~ t '~;gpm

tlltw~ t ,r, g'tJDi@or r?

~'f· FU o ip, 1 ,,. ra u '

fen.

' 16

1

j I

. ~

p 4 , 6 , - ~

~ J. =a IJ:j9'fJ JJ. ~JJ I;O,iJ J 1).· I

Andante 2 4

99

'1:0 1U B 1B8'U U 'F n

I 1. I

~

'Anda•" 100 t J ...

' p

4 J .. ltfctiJ .. ~r • lit) f:J .n 13 I

til 3 u r ' If ~ tr i ~"r J ¥ 1 'V'

#foderato 2 1

tot~ l J J I I] j J J I ij j J J I . p

132

:::i::. 4 6 '

w JJaWtJ 'P'AJ u 113 aw u '!J 3J w 1

~ t8 3

II= js I J J I I j j J I J J ' I

@ e- t. II 2. ~ J J I -~~ 0 ' ;J J ::k" :II ,. II • ~ F'. J

133

'4J {[) fj 0 if} ~,·f f J I 'f J fg U I ~~W1@01@0{Ji4 F~·,,~ I

.......... 3 , tw r "~ EF

6

~ p mf p

14 •

134

Moderato 2 S to6 __ I J.. ! (J f J I J. :a j OQ

cresc. p

Mode,.ato 135

to., §!(tf I~ {J ~ r iQ@ f :@I

Allegrello 2

tos§'a ;• IJJijJd H IJ J P lr d JlJ p

136

r ' ' ~ f - § ?- pp ~""•"· •

t umpo di Marcia 2 4

tto ~! ' f F3 I; J } I J J J J I }J. A 8

137

138

I t. '

Andante 2

tt6 ' ~ ; J F I r · 1 I J J j fr ! I ~ ~ -:::---,.6 I 7' ~ 8 ...j I til rfr rfr W J r lrtrrfr 1J; r 1

:;;. 10

~ ~ J . U I J J ,J J I J J l2

ct tr r J ~ 1

mf

139

Aliegrettu 2 4

U9 -~! '9' I H _JJ I J jJ I J1} 3 If tf I ' {fl) i~ !} 1{} (} i~ i p I r i5' ~~ ~ ~

140

3 6 8 '

4 , 'd~ :I@ I? l!~i~ p11 FcfF] >

_II 61 , I t - I .. - B

31 J I l - j f -lJ r v

~f' t.J

r· - .__, ~

141

12,. :@1 fia,W 1 r F F lr J%!8 lr J8 J8 I p FmE

8-24

-~/ 'r ~4f31F flf ir .J8t21r if.l£JIJ 10 to 12 D.C. I I,JiJ3iJ n fiJ 1 J JJ ;t1 1J JJ llJIJ HI

mf

Moderato 2 , 1!1

• fl -~ 1 "?, ,d J .':;; n Jl ll 4 6,

'~ 8

•J I ~ ~-.!' u.r r r ,_ (t.rr ~ -

2 '

;, J#J fJ 'J. #J)J w:ro .I t:<re8c. poco 4 poco

'

6

142

. . Allegretto 2 lo. 1 ~

12s f* t J. D iJ fi I ~s :DJ I J. #]a Jn9 J I p

~~ 4

J\J )lJ ' I J I JlJJ JJ I;J. )d ' I J. }IJ fJ I

.,_ "j J I IJ. iaJ JA iJiJqB .l 'I

143

J ¥ ? I r "1

u.ru o- r '1 u ·· J

~=·~'{& 5 10 ~ Eu r~ ., II

Marz!ale 2 ,

1ao @~ i J) J. A R I J j J W; __ ) #J J J 1 p

'It j\~ 4=t:r-dJ I It f~~ M 6 '

~rgsa. n=H ~~ r j J- il§ --------

~ hJ. ~ Jija. J' n c r fC:trr ·sr J 1

~~ o. jt:;1n P ita J.:_) , lijJ Jl/J n 1

~- 14 , -J ~ lS.

j 1) J? iJ>1?1J-=-nwJ11J 'nJ -Ldl

,., 10 12 ..

I ~~•~ -~ ... - ·~-

A nda tzfil 'IJ'IOdera/o (J. Gat

133

3

' 8

3

1\u. 10 .... I ' 3 J l2 I':\

~ r ru v r ' ~r- _.. I

~ 3 J

• .. ~ .u. J..----.....J\1':'1 .

3 - v 3 ,

14 ' til

P--====:= r

146

ANEX02

CANTOS ESCOLARES

TOADAS DE MINHA TERRA

"" , RECREA\OES FACILIMAS PA~ CANTO E PIANO OU

PIANO SO

147

Ciranda, cirandinha

, Allegretto

""' 0 ci-() 1

'~ ~ p

3 I - -

I') ' •

~ .. -ran- da1 ci -ran - di- nha, va- mos to - dos ci - r~:m- dar, va- mos ,.,

' 3- 4 5 4 • 1

jV • <

3 2 1 9

, •

I :1 I - ·I I v • • dar a me - ia vol- ta 1 vol-~ me- ie dar. cf

~& ' .

va- mos ci-1 '3 5 4

,ou • • 3 2 I 9 • 3

148 fl • ,

!t- • -ran- da 1 ci - ran - di - nha 1 va- mos to- dos Cj - ran- dar~ va-mos fl 3 4 5 4

~

lt. • ... ..,. • 3 2 1 2 3

-I') •

It- • • ..... dar a me - ia voJ- ta 1 voi- tee me - ia va- mos dar. ..... 3 1"1 5 / 1 3 1

14l

• i 1 3 1 2

fl

-I i4

I) • 1 . ., • 3 2

-t. ..... .. -; ..._ • +

• 4

Di - 4

"' lil

I) 1 3 2 • 3 2 1 3 2

• .. .... •

3 2 1 3 4

I I

Para doze faltan1 " tres 149

Tempo di Marc.ia 1'\

~

() 5 2

I._ ..... ... .. ~ 2. p

sl 2 •

f) . •

t: 4- 01

um, do is e tr&J qua - tro, cin - co, seis1

() 5 • 5 •

I===! -I~ ='--f --l

t: -&.- 0

1 • 1

f) .

IV • .. 4 se- te1 oi - to, no-ve: pa-ra do - ze ' fal - tam tres.

-') 4 5 4 3 3 1 3

I .

• • 9-.

~ 2 1 3 1 •

(')

-~

Urn,

(')

I~

1

I'll I• --•-1 ..

(')

It: se -

(')

. ~ <::J

2

urn 1

'J 3

do is e

~ -~

te, oi

4

tres, s

- ·-.-1

• - to,

no - ve;

1

1

ll

2

dais 1

3

3

150

• , .

Q

qua - tro, cin -co, seis, 5 .

4

. . ~r-· -- ~r:'==r _,._ . -

- -

'

• 4 pa - ra do - Zt! fa! - tarn tres:

2 4 3 2 3 •

• ..... 4i -G-

3 1 .

-4--~~============--~ tres.

3

3 i. 2 1 2

-

Dorme, " nene 151

Andante 1'1

IV I") 3

. I~

3. p 1 ~. 4 1 1• - -

') • • •• .

·~ ...

Dor - me 1 ne - n~, que urn an - joem 10- nho vern, pa-~ .......

(J 3 • 4 •

~ . ~~

... ~

. -n • ...

. .. . .

v -psi foi a ro -ca. rna - mile sa - iu tam- bern.

f') 4 3

I~

' 2 2 3

'\ '

152 . ' •

i' •• A Dor - me, ne - ne, queum an - j~ so- nbo vern, pa-

I') 2 ~

~ ....... . • .... "'il·

1 S2 . ~ . . l

n • ' 1'-

. -pal toi a ro - ca1 rna - ml:e. sa - ill • tam - bern.

fl 4 4 3

. It: .... • • .._ .. 2 3

I .

I)

I -I •t_

I) ~ • 1 • •

[t: "i - .... • -4-

1 ..,... • - 1 2 3 4 •

I')

li

() 3 • 3 2 1 -

I

dim. "i ...... ~~-- • -4-

1 L. • ;~ll. pp

I .

Teresinha de Jesus 153

Andante I')

it- Te - re-0 pri-Te - re-

f) 3 _.2_ , 3

I I c. ....

I ~-9-

4. • p

5 .!. b! ! •

') I

~ . . .. .,_..__, .. - si - nba de Je - slis _ d!:_y.- ma que - da foi ao chl!Oj a - cu-

- mei- ro foi seu pai,_ 0 se - gun -do seu lr - mllo, o ter ~ () - si - nba le -van tou - se~ je -veri - tou - se Hi do chiio;t~ SOr'-

I

I IU <J <J

• ~~ ~~3

154

"' ' 1 •

t: • I

t~s se - nho- res 1 to - dos ..

-di -Tam tres cbs - p<!!U na mao, a- cu-- cei - ro foi a - que-le a quem e- Ia deu a mAo, 0 ter-

·1'1 - r1n - do 1 . dis- seao .f':'i- vo:"Eu ....... te dju meu co-ra - cjo"' e; sor-

''--I

<

3 3 ~ - 1 3 'r 2 -•

-rJ ' •

u • 0

-dl .-·ram· tres se - nho- res 1 to- dos trb cha- peu na mao.

·- cei - ro foi- a - que -Ie a quem e - Ia deu a mao. rJ.:.. ri~ - do 1 ~is-sco noi - vo: ~Eu te d~u men co-ra - cao:ll';

2 5 4 'I •_; 2.

~ ..,.- --. ., ...... if ... :; .......... • •

-~ h! 2 3 1 5 ~II!-j 111- . - •

"l

lt.

1'1 ~ 2 3~ 2 4 1 3 2 .

I I~ .• -tt• 0

• rall .

i.!,_. 5 ~ ;ft:' 3

e I it._,.. ., ! I -IL' . s fL 1

Ven1 ca, B•t, ' 1 u .. 155

Moderato ;'\ •

rv vern

f) 5 ~ .

[1 • ..... 5. < p

1

') 1

·~ • . -·

i.. . . ·· • • ca, Bi - til i vem ca, Bi- tti! vem ell, rrieu lin ~do par! Nl!O VOU

I") 3 3 4 5 •

I . . rt: •• •

h-.. • 3 2 1 .

• T ..._

') - l

;;f ;t. -.. • ..

161 nlio vou 161 niio vou Ia, te -nlto me - do dea-pa - nhar. vern ') 4 '-' '

j =1 - .. --. •

5 2 1

156

fl ' --•

it.. ca' meu bern! ca, bern! Vern ca, vern meu meu co - ra-

f) 3 2

.~ .. .jf+

i 1 . . . ..

') ~

' ~ otJ ..

- eli o! Ja VOII a} ja vou Ia J Ja vou Ia, le-van- do

"' 5 '

I~ .,

1

• 3 3 3 , ,.. • -

')

cd-.- -+ -I I~ pal -mas de Sao Joi!o.

ll J ~ 2 3 .~ a 2 ~ ~ .

• • t. - ... .. .... • 2 3 ~ -&- :..

I . r

')

it.

I') 2 5 2 1 2 3 -

I"- --- .... .. ............... -· .... 2 - .: -

Contpadre Belarntino 157

Moderato I)

. v Meu com-pa-dre Be -Iar -

Eu1 Queesta-va ....., pre-ve-

? 3 .:1 2 3 3 4

. t.. - r

6. p 5 3 1- 3 l 5 5 •

• ~ J: -~

t- . •

-mi --- no quiz a gen·te a ·tra·pa - lhar, _., - nl - -- do 1 res - pondi sem he-si - tar:

~ 3 3 1

~ . t.. ....

3 2 3- 5 5 - 3 J

-

158 1

- . ~

per- - - gun-tando mui-to se - rio: quan -- tos pei-xea tern o o· compa·drt!,llmesma coi - sa que a - ve si-nh&s tern o

"'"' "-" ., 4 .1~ ~ -.

~ 1 ~-r r, 5 1 5

;.,z_ :~:~1. ... - ~

"' . . . . I~

mar? quan·toa pei-xes tern 0

ar ••• Ai 1 ai 1 ai 1 ai 1 que ave- sl-nhas tern o

5 - ' 'I

4 3 3 3 2 1 2 3 1? •

_fi . . . 4 ;. ifj <.I

1 1 !. t. 4 3 ~ .,. • 5 • " 3

~ ~

n

It: mar? ar • .•

I) . ~ - 4 3 1? 1 2 3

-.· + 'it .. rt• ..... :..;+-,_

rall.

I 3 • 1 1 1? 3 4 1 2 :a

159

Pirolito que hate, bate. Andante

~ IV Pl-ro-

'-,.., 1 .I ~ I

14! 7. • p

I 3 .

r

"l I

~ I~ -li - to ba - te 1 be -te1

... j8 • que PI - -ro - 1i -to que ba-., 3 ~

... 1 3

-") • .

~ it. - te u ... •. , a me - nl- na que mais a- .. - me- va 1 col - ta·-, ~

j

I~ ..... -. ..._ .. .

3 I 1 4

AUegro 160

" • • ~ .... -. • ... -:jp --.- fa .. -di - nbs Ja mor -· reu! La Ia Ia la Ia

I) 4 "I 4

liT -. --. -•. • ... • 1 .! 5 4

1'1 . ~

fiJ ~ • -. ..... ....._ . • Ia Ia 1 Ia Ia Ia Ia In Ia Ia Ia • J

Ia Ia 1'1 1 3 . • 1

{ ~

14!J ...... • • .. ..,_ . • ':1

I j

'l . -~

~ .. =4 ..

--~ • • 1'1

la Ia la la 11 la 1 Ia Ia Ia la Ia Ia Ia 4

~ 14!J 4- • ~[:." • •

~ ~ 1.! '!.. L ~ 3 4

"' -I ~ ....

la. f) 5

I ltl -. • "'!I-,

4 - ..._ sf·

l ~

161

0 cravo e a rosa

Moderato I')

v 0

0

~ ~ 4 1 3 2 1 3 .1) ~ •

. . , __ lv ~·

a. ~ p .5 2

.

=--..

I I

') • •

• -brl-gou co a ro-sa de - iron - te da mi - nha . ..... ca- so, o tl-cou do -en-te ea ro- saotolvi- sl

~ ,...._ .3 2 ~~ . -tar,_ a

4 4

4 •

162

'\ f • I --

t: T - ... L..:1'-era - vo sa -iu fe - ri -do ea ro - 58 des-pe o.da - s;a .- da, ._, ro - sa so-freumdes-ma -lo eo. era - vo ltss·tiJ cbo - rar, _

A 2 1 ...... 4 v 4 1 . $? :;

'u • • 11 -6-

1 1 3 2

~ *"" .. .,..f!., .... 3 ~ 3 1 2 4 ~ •

.....

Allegretto I) - • . .......

I li Pal-ma, pal-ma1 pal-ma1 pe, pe, pe, - ro-da, ro-da, r0 -da, ea -ran-

1'1 3 •· r; 4 3 5 ~ 4

i~J "

5 3 3 2

1,;;0[ --...or.....- ...

"' -It: • +

- gue .:Jo pet-xe e • 5 2 1 2.s 2 3. 5 3 2 l

I lt.J

1 4 2 1 3 1 3 1 2

Sinhaninha diz que tent 163

Allegretto f)

e.

(J 5 --

I ~ •

9. ~ p ~ 3 •

')

... .. Sl- nha - ni- nha diZ que tern se - te sa - ias de ba-

") 1 1 2 3

-1 • •• . ~· •

1 2 3

I')

,t.: -lao! ~ .....

n~.o ~El!D 1 llcro, nrn d~ - ~ei·r;-1_ men- tk - r_r., Pre sa-

~ e.. ~--- ... ...

3 I -

164

"' . --

t) ..__. • -bllo. E men - .ti- ra 1 nlo te.n, nloJ- nem di- nbel-ro pre sa-

" 3 3 3 3 . v •

;. 1!.. .. I. -#- 1 4

I -') . ... ~ •

[t E' men - ti b.lo • - ra., nlo tem1 nlo 1 - nem di-

fi . 1

1 = 14 • ......

3 1 . !. • 1 .......... - .. ~ ~

f)

-ubel - ro pre sa -- - bllo , ll 1

~ ~ ru 41 ..... .......... -+

S! 3 1

I

ll

lt.l

" 1 • 1

liJ ..... . ....... • "il_ ....... +tJ-. + sf 1 1

I r

Tutu Maramba 165

Andante

"' v tl-

1"1 1 1 1 2 4 3 Tu-3

I• -T "'T -- t• " 10. p 1 4 .. .

l'l .

IV ..,

- 'II 11 - tu Ma - ram - bi, nlo ve - - - - nhaa mala ci 1 q~.

1\ 3L. 31..

~ lt. I

• 1 3 2 • 3

I :J I

fl •

fi: ,..- " - -'~ 'f'

t~l-, pal do me - nf - ~0 te1

man - ti. -4 I me ~-

I IV -, ..

• ,

1

:J :t .tt

166

I')

. " .. - ,.

-hi Ma - ram- ba, nAo ve---- nhas mals c:a, qup I') 3 1 • 5

• -. I• II ,. ,.

I"

1 1

j • •• • •

f) I

v ,, 'ltma pal do me - nl - no te man - da - ta.

fl 4 4 1 2 3 t

ltJ II 1f• 2

~ 1

~ .,... • • • .

"J

I~

f) 1

l ltJ , t- ~-~~ L... 1f•

4__... 5 3 1 4 ')

• . t; "

I')

I• 3 5

2 .11.4 3 "J • .11.

I PP rall. PPP

1 2 ') L 4 I

tJ Tl :J

Caranguejo 167

Moderato I')

!t.l Ca- ran-') 3 2 2 3

11. t..

1' y

3 I

5 3 .... 3 !1'-- 3 .;

3 •

") . ~

r T .

-gue - )0 nlo 1: pel-:xe 1 c:a - ran ..; gue - jo pel - :xe f) 1

't,.. - --.- .

~- ! 2 1 #~

2 ~-,... ~ ..,... •• 3 4 ,_ . fL

~

f) • . tJ

, I e, - c:a - r~ ,_ ~ue - jo scf e pel - :xe ila va-

') 3 4

I . ·-•

'~ • • ~

~ b+ 5 e:::l s_

168 ~

,.

!eJ • • +--zan - te de rna - re. Pal- IPB, pal-ma,

) 3

~ t.. • • ......

1 1 3 2 ~ -1*- ., ..,...

' I) - - - •

t.. ,. I -pal- me, P'.- P'~ - P',- ca- ran-

"l . 1 • 3

~ 14!. •

1!t._ #-!- ~ ... • ~ iL b· ....

f)

It) .. ..

-A:!Je - jo so e pei ,... xe na va - zan- te da ma-., 5 4 3

•• • • 5~ 5~ 1

f)

~ =II IU .....

- re. 5. ') 1 3 1 1 3 S! I

~ t. --- • .. .._

5 1 3 S! ~ •

,. ~

Solfejar e cantar 169

1'1 Marzia.le

'

IV ~

5 1 j

12. ~ ·~ • ....

sf ~ mf 2 1

~ _, I ,

1'1 • ..

ltJ . .. -:~ • sol : Eu ji . sei sol- fe-jar: r6 tni ra sol sol

') 5 4 1 . 5 4" 3

• • -- • 5 li!

3 • 5 3 li!

i ~ •

") •

lt. • • _._ ......-Eu tam-bern sel C'Bn -tar: d6 tni sol sol do.

f) 5~ 3 5 1 3

tJ ~ -=tr ........ .111 -.:..,.:-= •

1 2 5 1 ~

I ""--J I l.,....ol

170 1'1

~ .- 411 -..- -.- • Tra la li I a tra la Ia, tra 18. Ia I a

rl 2 3 • 3

~ • • • • • -

3 3 5 2 1 2

• -•

rl • •

·t:: • • tra 18. Ia . Co- moe born 50! - fe -jar! ,. 3 • 5

'oJ

4

li • • 2 1 1 1 2 •

r

fl

~ -=<! -4'-

') Co- moe bom c:an - tar!

1 3 1 ........ 1 2

it: ...... -. - ...... -? .... L... • 411

5 1

.. ,.

it. 31

') 1 2 • r: l

14 -~ -. ~

' 2 3 I L ra~. 1 ?. sj

t. ~ '-

171

ANEX03

CANTOS ESCOLARES

ALEGRANDO A VIDA

"" " DOZE CAN~OES EDUCATIVAS A TRES VOZES IGUAIS

I. -CANTA~ CORA<;AO! 172

Luiz Gonzaga C. Fleury

Marziale Fahiano lt. Lozano

~~ ~

., -• ~

I

I . . . ...... '--' Co- .,...__ - I

~- .9..e &e=- f"" 1 t.e=. p~e c.a.-n. -- le::.! Po~s a.

II 1

'l ~ ~

0)

~ .

' . .

~ ...... -Co- ,.,. - - I &..e. b€'YY\.- 1"'"• t.eTn.. 1""" ca. ..... _ :te~ ! 'Poi.s a ;.ao. , .,.>'>! 'l

~ . -- . . -Ill e. .... . '-" •• 11 •

" -'+ ., tJO.e!oe. .

I ... ~ +· + I I

• dOio, ...a.n. - .:t.a. ...... do, der,. fa'- "Pa.t. • E,.- S"&l. vo~, V:t. • b,.a.n - :l:e

') I

~ 1 • u ...... I

c!Dto, ea.n.- fa.n.- do 1 d~- f• - 'Pa.fo • £.,. guClvo~ CO'l'Tl.

~ ~ ., ..... ......... 4· ............ -::jJJ..

') ' .. • 6 _.._;_ I

• 4 .. ... .. ' I

de-e.-rr~.ea.u e l:e- ,.;i.r, 1

;e __ - ti.'C., a. do- c:.e f'><U. • Co - ,..,. -I)

' I • ~

,__.,

1 .

• •• • I

·6- .,....,. .. o- ~c. e .te - ,.a:!> a. do . ee fa.:t.. , ~

... --- ~ ... ... .. .. .. .. ..

173

r-· ~ lO ~ ~ - ::::::;r .

'"\-+ ~+=-.

~ I - I

- I ~· Cs:rl.- tar.> f"'·"'ii- Vt.- ver.>

I -pa.-toa, so- nha-to l

"l .'l- - ' . ,----1-

-~=- --f"' _ __J t" ';;;;·

l . . ~-!'-...../ I I I --.:::;.. - nh.a.to \ -- Ca.n- ta. 1 I!LI· 108-- <-5.o f"'· ,,._ V\- • veP, pa.- 'P& '0-, I

f} ., ~

.. '

"'\-F .

'I! - - -

1'1 1

' .!r4.ue-.'PO UI.Tl.-

1\ ..-n.; - .. --' .

0: Mar>- eh.._ I c:.hll. I da, ern. 1"8> ' f<>On. _t~., 11'\.&"P ~ Vt.- fO-

"-" \ -n.J' ..

• • . - .. - - _,;.

'I • 1C.. fo;:j .. -:-_:;;:r. -;;:--- -,j . -

I

la. ... be- te- "a.s doa. . ~

a.& TnD"'' ....., ) ') ..

~ ~ -

' __ .. -~---- . -.. -. gu.~. d&l &e...-n. .te - 11'll) ... e..,.- io - - a.-n.- do no&- sos I

r\ - "' H ~- •

• ' ;i. til ~~

q:u.e. se

174

~"\ ~s l,)

/ 4 "'l I

- 9'4-r>O V\-- ve,. "' c:.s,., - :Ia.... ""'..-n. 4,,., -

'\ .. - •. ~

' - " ea:n.- ±or., c:.o-m, b1>a. - V\L- 'P& I t-OTT'\1 )),.,.__ vu.. . ~0... C.O"Yl"'\1 a.'P -

" A

!! !!

' • - -fJ·. •

rt 20 z . . ~- I I

dD1"" 1

't""'-- .. 0 1!.0- nha.'P

'\ .. ~

A

' i# - - -do,o! Ma. .. -eha. I rn-B-10 - J.a. r·- ~.& "" - da. e-rn. eo-n-L •

~ " ~ .. ~ . .

~ . t

den • .t-roo de l.e , de..-.. • i-..o • de _ te

"' l?) . ,..-...._ •

I « -.

Q. "Pe-n.- det>~S- re- ,.a, ....... ~ ~ - - - r,a- .to- doo ea.-"-'

II - .. - ~ -i v --I

±... ...... ~- :o:a.L- ;Ia. - - va. ..... - do - ";t'W' eOn.-Se"P- 'e .,.,.,_.1'~., - -. f'l

" • ~

• .. . JO ~ ,..o ...... - bou.

1 P0\.4. -

175 ~b

' " __.- -- ,.,, I

. .,

lo.., de;;_ -'LB ,neu co ... 1o.J& -

~ I ~ ~

. I .,

de'YI - ~ "" co- r.>a - c:.a.o 0 co- ,oa,-

~ , . )

-------er • -111-• -,; ---d.'

bov ~ -m.eu eo_ ,.a. - ca..o

~ I I

. • v

- e;=u'., 1------ ~e- ..,o so -

" -'

---...---

• ----' __,

Ma><>.cha., cha. 1a - ca.o • "t'Y\(i."'f2 - re-, j -? - ' -1 ."l . . . -

I

de..,_ _ de te 1

den _

" ;)1.1 ---- - .~,

;::-. r;-::::r· -· • - nha.r. de.,.~S- re -e '~'>lln -•

" - / ' h =r ~ q \J -~· - ~ -. I I

VI. - da. e.,. cons- l;a .... - tee. ~L ia. _ ~ ,. -.

• ., ~-• a:n JO ------

176

" . - ... •

., I

'13&-n. - - - - - - c.a a. r.l.-n- ge -" ~ 'J -

~ . • I .,

- do c;ao I eon. toe,.. - - va:n - ae't'Y\. - .,...~, -J! .,

~ . .,

eJ •• 'P0\.4 - bou J 'POI.I -

, ,. I I

- le - <ta. de~ - te "''Y\e\A ea:n.. -~ I .. ., "

• de-n.. eo. r->a. - - "' ca..,_ -c:..I.O • ., ~

~ :f!! ..

• .. --· 1 .. .. w - 1'>8, - - I c.a.o • -

86 38 ~ I .. '

- \.a.,o ! 5e'I'Y\.. f~ 60 - - rJ..a.,., ~ , ..

' • • • - -\;a,,o! 5e.,. - r"'~ $0 - - n.h.a.,.l

~

ll=i\i

.. eJ ~- , .. 1f-6- ......11 ......

_laet

2. DOCE RECORDA(:AO 177

Parbdia Popula•·~ arr.

" I l

4! I r -Na:o ie le-m.-~s da e&-

flt '

< . ' lj ....

'b.~. .N~o fe lern. . bl>&S

II

f), III --... -.1 • -d· •

fit ~ 2

I

aJ -....; liiiiiiiiil s~ . ....ha. 1'~- '}W!."1"W - -n.a. on.de f' o . """"' a f>M- &e. ....

~ I ... ~

' " ··F--f-"'-.. l_,j w.....l da. e.&. ~". -nha o-n.. de fo- -.no& pa.& - &e •

~I .,

"i •• ..... "']

~ I 4 . . . I r

a,,..? Ah.! .N.i"G .ie le't'TI. -b .. M. da. <!&.

~I I~ - ' ~

' -a:P? !lao .te l.eT"fl.. \n.a.s da. UL. s" - ,.J,.a. f'-- 'F" -~. ..

1 • • • -

178

, 7~,-: ~~¥- I I

S'l.· ~ .ope. 'tue. TU. - T\4 o-n.- de ;o- 'n'I.05 -pa&-se _ ,., ~

I • i

.,..... - - - '!'\& OT\.- de fO- ..-no&, -p&$- u_ ill f. _.,

-d- ... +'j• ., ce •

I) L 10 .,......, .. ...... I • . -

r -- - -a:r:>? 't' .i. - ~ la..d'(~''"'ja:P.dVm. ~~ . ...J...o, 'lo<..-rt. fO- TY\41.,. e~-m. bom. te10 _ ~I I _ .. - .. - ...

• ~ .

~ I

CJ,'P? ,.;, - nha.a.o la. .do ..... .,... ja. ... d~., t.l.. nho 1.\-m. fO- 'Yn&'P eu.-m. bo-m. ;le,._ ~ ...... I '-" ,,

!!! !! . ii ..... .. "if+ . ..... -6-. --

~~--------------

" ., ~ 12

I . -.. I I -r.>et. _ r.>O 'fl"d b,Ovn _ ca. ...

1~'-· ., - I ") I .,

+ <

··!:t-ri· I~

\et.- '"" 'f'"'<l. ).,.,,.... - ca. "P. A'h!

1!1 .. -·~ -F "1-·

eJ ..... .. . -u- -·- .. --·

179

14 \ I ......... .

• 1'~ ~ ·" ...... ,......, . - -Tlh~ la...do~m.ja.P.dvn lt.\.. nho, wrn po _ 'mi'LP e ... "YYI. bon• leP-_,

~I "" .....-! ,...... - ., - -

i ~ ,t_ nhaao l.a..dou=ja,..d,n. f- :r:.i.. nho 1 UTH bo'Y1'1. te .. -f'"- >'Yla,. ~Tn ..._, .....,

"' ' ...

ii il ................ ++ ... -#i- - ----

"' I ., - r.>a. . :H>

I • I ,

- Pel. - 'PO pr.>o. bt>vn _ e.CL1".

"· .~

~ eJ _l "'e~ _ ,oo

.. .. ..... -p .. a. bPvn.. 1!<\.f.' •

"· ~

iJ • -6- -,J -.1: I _.I.

3. 1'\'l Ull U CUTUTU 180

Foldl•rieu, arr.

L.e.,io ~.d. ..... -h

~ 1> 11. eh.. I M-u.. ,.'L4. - t.\4. .t.... -

_,JI, __. I "'=' II

~ . .

• 1" "' !,;, • .1.. M,.. .• ,.u. . !-"'" • t..._

~.Jl. t:'\

II f . • ~,...... ;.. ..

1' b. e.h..

'I.Jl ~ " - - l

I ~ I

s~e e"- -rna, do t.e. lh.a. do._ - -1-.... .. n'-'- noi taD bo-n.. nho!_ I 1'TLBU. Tl"'\.C. • It" - -l__,~j .I

~

• ' " -~

. ' .. / -.

do le. lha. do. __ .LA. i.S.1. de e." - .......a. - - -

111 I .,.,.,.._ 'YI'U1... .....~ _ -n.Oe l.i'o bo'Y\. .. :0:.'1. -n.ho: .. ~ - - - ·--

' .. ~ .. .. --- .. --- • -.J l.:i-. .t .... ""'---"'

l'id 4 ' I ....... J .p

• .... '· I • - tle"- x.a. ~..-...e-.,...._ -nO do.,.._ .,.,.,:..,.. f>O - ee _

Te'"" f""O• ;le "; ...

to de ,d - e., ga -.,. l>e\.4-f> ,...,...., a.n -. 7nl .0

• & _, 1.-- • - t>e~- x-. -rn.eu. ..-...e- 1"'\(,t,. ...... -no do,... '""-"' 110 - ee-

~11 - Te.,.,.., a. fPO. fe_ ... l.o de :!)g...,~ .... .....,..., a.-n.-g .. -

"' • ...... 0 o,_..-• .. .. -41- 71

181

~11. . ., '

t do!

I I

~~ - - l)e." - ?:.& Tne.\.A. "YTU1 .. """"' - - no -n.ho! _ ".( Te "t"Y\- a. f"'"- 4- ge Lo

fiJI. J" - . - -""' --

j , __ ~ -#- • "'*" "":' t D~- x-a.-s~- - • do, T'n.t".,U "t"T\.Q: - """" - - no

nhc! "!'e-rn & P"'". ie - • to J" - - ge - -~ d -rn.J

§ 1-t---:;;r-~~: "it ... j- (j ----6- I('J u

~ d ·" "P ·~ I . . t I

doT>. -m.i.P • do\ - \0- ee - ga. - .

de De'-'-1 """""' an - .J" . - -n.h.o! fL.!. "C

< .

__,... Q " • " _./ .. ......... do,. . .,.,_ ... ,. . . do! - '" . ee. ~a. -

- dct :Oeu.' """"' a...-.. - .1'" -nho! ~~ - -

-·- - -···- - - ,---·- ----.--

-· -p• - + -,J :11:~-- • ... ___ :+ rJ ~ 7

fit!. .. .. at

- • ,, b. cl...

~ll. ., j -

i ... Q• --- .... ..., - • b • .J,.

~\.1\ I ..

t-=it TJ. ~-=-- ~ ~-.t

lVI IN I-I A -1\IIA E 182

Casin~iro de Abn!ll Lazaro H. Lozano, arr.

'I ~ -~ 1' •

I e • - • - ==- t}a, -pi. t,.\ll. .f""'- TT\0. 84. d\.•- iatn -~ !>&U. -b.e.h,.

') J:)e ~...,..J~L ,ia. ..-w\.. :le,~- d~ ja:' do.,_

1":\

II ~ • ..._..., .~· • b.eh.

'b.eh.. , ~

Ill ~ f_ v w-' -f/1

... :jJ. ••

1\ ~ .. •

v do.

.._... ch.o - ,.& ...... - d~ g•- ........... do -meu.s ea.-n. • .to1 de 60, -.,..,.., - a., - so - ·n.ham .. dot'•-••• •o- ,...h.o, do6 a-n.. jo• do•

'I ~

' -

( t tt--- .•

'I .,

1!' ... :;J!-- :jj' ~. 1f +·

~ .. ...

~

d_~ f~- to 11

~~ ~,..do -no A '1. - 'IT\4.- ge.,.,.., que --u ... s, - q~ e 't"'e. Tne\.1.6 1a- b,\.0$ do,._ ~ ..... -;!e.~ ,.0 -

1'1

~ ~

I'} ' ~ . ~: .• ._. •• • •

183

1'1 .. G ·-·--

I -n- --

a X:' I • """- da - co -m&t.S VeT'- da. _ Jet- • T'O

1 do TT\8.\h Sa.-n.. loa, -, <::<'1-- v~ - qual &-n -JO da. gua.,.. da., '\W!.l SO • f"O de

c I-f< . • - • 1

- !! If • -, ., to-· --"11--- --,J

8 , I • • .

• -, _.., M" I .,.,!e! Na., TY\.0.,.! , - - - .,.n.a,

1 :Oe\.41 ~ M.i - - - ....ha. .nl.e ! re -

' • 4t·•...:.---- -~

I) h --t;:-~

-- - ----~-J;-

- -- -- ----- -· - -;- - =-.: -:==.I - -

:ft-. -

.'ff-#• ----

" - l~ .. . -

iJ ho . ....._, • no;.. fes

'-...;;:::7 ea.. 'La.- da.6 d&$ d~s- - 1.,- o, se-n.. h:t. 0 bo....-u t"" lh.o ~ 1>". de c.on. .. ::te ..... ie na. , -

~ - . • •

~ - -- . '

• •· =it. • • lf·fl- ~-- :ft.'

184

" • I .,

• . ,_ .... ,_ I . .... la.. do SO- ~ ... ....hc c.o•a. fa.. ~ ...a. 'Yn&O) e\-1.

" .:A.. !t& -pa.. .tr....-na., de -n.oi.. ~~ · de d-La., '"""'-~ 1f., I , .... 11 .. -

"' .,

~ 1 ...... ~- + .. • :;r.•

~ I

.. •

• -e}..O • .,..~ '"~ 'Lo... • ~ "f'O"P qu. ....... .......e eh.a.- 'I'Y\& • V& I - 0

~ jj,p ... CA.- ,..,; - c:.i.&s do &"n.·JO de,j- - ......o-.,.er., - da.,_,, -

~ . ....__...

~

.............. ~ .......

~ - -!!

;i.- lh.o t:· ,..i,. do do -'""" . ._, .. -:- ,..h.a. ~ ..... w- 'Pa.- c.a.o: .Ml- - -.. ,-

1\ ..t,..e. 1a. ,.;,.Jha:n .. te 'F".J'- V~- da. .....0$ gu.\.6..- u - . 'h1o&

~ 4 ,. • f-4·•' ~ ................

i ,,

~

.. ... :j. • ~ -;::;; ..

185

20

" .. - I

;r~-. ~~ -. ~

I - \ Mi ~ ~ I 'T'l-~e • - -mae. , .,..a:e l 'U. - Tn& ....nS.e! f ,..-..

' t M,. - .,ha. -rn.&e! M.j, - ...J.& ~ I ..-nae. M-i.. -nh.a,

'U. ..-na. .,...,.,.a,e! 'U. 1'1"WW- - I 'U.. 'I'T\.& - - ~-l "' .

,- I I r

~ t:"' ~ .. ""' -

~ .No be.'P-~0 fl!."""- de. ..... .te dot. ....... ..........01 flo-'Po,. • go - 'Pa. ;te,._ "Pa. doe.-.LS - s.oeu. a. - Tl& ,

<"!'\ """"' L .._, .._,

. J).~

.,.,.....ie l No ~e'P-~o f11-n- den.Je dos ,.a,_ ..-nos ~k>-

·tnd.e l :rf'Por> ..t.S - SOU._ a. - go - ,.a. 1"\& .te ... "Pa. doe_

" t:"' d~-';l

..... ~

I

;~ -

-. ' .. .. • • • .. ..

,tl • .. ..

.. ""';,.- dos 1

ti~ do,.. e..,.., 'l"~'"'"fl!.-~- no.- nD $1!.- nu.

~J! ,.;, - ti.o J •e-....- .:!:a. - do so _ "'~- ....ho t,O,& f"'- ee ,.,

.,

~ -~~ e. t" • .,..,._do

1 e-rn. 't'"'~u.re- 'fU£- T\.1, - -nO fe- .... ~ do,.. ~-

'lA "2-i.. - t~o 1 .. &11-n. .:la. - do so . :~:.i.- nho t.o•a. f"'- ee "1'\.11.

!!i! ..... -=--.......... ~ -~ .... ::;j. ,; ....

186

~ .. • ..

_ fa. va., ~"t'l"'o e. ~-~ ve."P- c.o c,o.,.,.., .ta. d~ """~ -• - lll.IS. .,, - '"e-E! !>0 - ~- -po'P ~'1"1'1.'1'>\e ch&_ , Jl '1"1'\ a. 0 (,0 _ .. •

I!

~ --II -- I~'"" , be~,.,; t;O .:t.. ...... iD .

- :ia. va., g. . ~JS-5~ 1-C)..-n, ~-

I'Ji. '1'1160 I h4&- 1"'· 'P~ so- t .... - "0 'f!O'P 'l\.4&'17\ Tl'l& c:ha. -..

... ~·-· • ~--- .... .... .... .... .... ...

1J!. ., .. ' I ao

I'-"

.:Ia:.,.,· do e&'l'\.. :4:- ga.s a.. l.e. gro~....,ba, r •

da.. do _ ca.n la.. va.? -rn.A- va.:- .. ~h. ;". 1 ho 'tU& • "'"· do do 'n'le~L c.o • 'P&

N ... 11.11.

ea.o. .. •

tl , _.. ·-::: da.- do - cam. 1- t.&n.. do c&n . t.i.. 8&' a. • l.e. g'PeeTT1ba. 'I.a.. va.?

.. .Sh. . . '-' '11:l.ll.. v.s.: - jt.. 1ho ~-'Pt.. do do ....-..... e.o- "Pa.

N ,..

~ '

uo. .. •

tl ,, +.. >+ .. I

'~-"*'

II ~~ ~j u. 1":'1 a.-rn.t>~ 17'1

• •

1'. I

'1'\.~ I .., l I

! M~ f r y I

M"- -. -rn.a.& - - -nh.a. -rn.a..e. •

11' ' • ~ (':\

• •

• 3 ..J.a. ~ I I ....h.a. - I Mi. - - -rna.e.. M1. - - • "t'1"'o&e •

1J!. ~ t::'l

• • _.... .__.... •• •

Ao prof. Lourell\O Filho 187

5. AS DUAS FLORES Castro Aln•" Fahiano R. Lozano

A-n.da....J:e -m.Ode.,.,a..to -'3' II, ....... ~':"\., .., -

• I-\ c!J'" • ~ - •

'b. c..h.. sa.o du.- a.s f. I.e_ r.>e5 1.4. -

u. '""" - da..s ... A;. q.wt-tTl. fU. -'I -'1" r:'\-4 · .. ~

II • I

Cl - ~---.. ..

fl.o. _, "'-&\ -b.c:h..

&0 -d ...... a.a u. ""'" .... d&t ... A;_ Cf'i'!""' 'fNo -~. ~ ... ' -Ill

71~ 7l ... '-,J .. .. 'I .. ~I ., - 4- .,

I

"""" - cla.s, $ao d ..... B.& 'PO- lo&S '11All - e.~ - c:la.s ±a.l-de. 'P& I ?\M.o.~e. .te,... 1'\4. , .. ~. - - """" - vo- P&, Vt.-

h~ I

...-'I I=± ~ .. . ~

~ - • I • . ~-«-- da.o;,, r.a.o du. IL!o 1'0- I&!> 't\AI • C.\. - da.!>

-~-.. &) nu. .. "Y'n.&e- leP. -n.a. l,. ... - - • 't'T\&- ve- 1"& I ~ . --:2

. ... .. __, ... .... -- __... .. .. . ... ...

~. ~ L' 6 " ~. I •

- Je:t. "Yi.o -D.~ bot1 .ia.t- ve:t- -no -me.~ • ......oa."P. r.oe _

'1141. vi..""~+~ 'lua.L ~

f), ve-ro ;to"' I Vt.. ve,. V\.- vees _ ta. .. ~ ~

' " ~

~

:la. t . .,ex. ...o -= ~-e.;t I 1: ls.l.-~ ....., ...-n.e~ • T11Da.P. ,.e _ v\,. veP ~ v~-~r..:Jd. [S vi.- ve"P ~1.

~

~. I Y\. • vee$_ ta, ..-r""o. ~

• !! ~ ~ ........... ., .. ..... ...

188

~~ -~ ~0 ~ ~

~· - I -. ~

,I ~- - I

'bot, 1 ""- • V&'T\. ~... do -no ..-ne~.-rno g~- .. - . lhol da. r~o .· Ju'Tl.- .t&"P a.s 'PO.~ 1'.&6 cia, "" - - - - da. ~

~. ..., .

- 1 ~ -(

""iT ...... -.. T • _, lho bo\.1 "" - ve-n.. do 'Y1D ...-n.e (, • 'T1'1.() se.- - - cJa,

;Ia.~ d& da.. I

"I .fl.o'P! Jwn.- a.• ,.0- &a> I> V\. - - . - n.a. - /r- -..

e ~ ~ • ... ... "ff 7 --~ •

'lr • ~ l - .., =t< ll'

I "r't\.E!S- 'YY\.a,. go- ta. d~ v&. lho, do ..,...e,r, • ..ho ,.a, - .to de .

de d~--,.a,_ ~ veto.d~ ! ,..,. - d& I na. ve,. • ,..& - -rn..&

Ill - - ... ~

~~ • . t) I l' I I I r

't'l'\el- "rl'1& ~0- 1:& d~" va.. llwl do -n'l.el • 'I'T\0 'P& • .to de veT'.d~ rtc .

da.,_ ... -na. de d~-fJ, 'Pll. - .......,a. ,.., - ve-p - 1<'& - '1'1'\.& . ~ ~t}

~ ~

P• I ...... -rn.O£l0

II I • ~ ~ . I I de I

coL 1 do ..-n.el'.. 'I'T\.0 'Pa.- .. \() &oL • 1L - . 'l'nO'IO, """" ve,.- d& ,.a. • .,.,.,., doa, u.. - ..

"' ~

'>T\1 .. • . . • t-.JI- 1-t .

I -do ! &oL. fooL 1 om.e.s. 'I"YLL 'P&- A.() de

' i -rna .. , "n& ve,._ de 'P&. YY\.11. doe~-- ~

• -._/ ···~·~ -*" u

189 ,, a.ec. el, . e t--r:>e.•e· f) - .. --t

.. ds.s, QCI"rn. 0:.0 - 'M'l.()& & -pe -n.a.s J&, _.,....,. -- "-'

:to& n l- .,.,." -d&f\ I be"YY~.< w • "t"11.00S f"&"""- ~..!;"'""'- f& -

~ .......,

I ..

~u. _.... ~. -

..,.. - da.&, beTT1. e.o - ..-r\08.1 1'1!-...._.., .iDa

"'~U- 't'\,4, - da.t. I be.,..,., e.o • ~·

-p .. a. .......

-!i!

C) =*- --CT" 20 a. 0 _,

9 e"""fo ,, .A .. -'f l

:f " 'du • - • - . "'' a.- w.s e~~ '¥:<-11 - 1"t.lll ' de"""" -pas-t} .'Pe.--. lha. du .. la:n.- tos -aa.. 'f'PO-

L· .....-r-. ;. .. -1:)-t> .

' ~ ., diu d"' - - '

dCiu..-n- izu.-Mo a.- .ta.r. "pe 'l :u.e . '1'\.8, s

' ' 'f'lt.J~- 101! - lh.a. d., - - ... J :a.n • .iDa a;:. f'PO. .. ~

..-.:---. I !I 1-o.

~ ~ • - ~-a'_.:

~'-' :LJ.o. .,. ...., /

I .. .. .. do ~ de - - S& - ""- - - .,h,o U'LA.. . • • Co- -mD .......... ea. _ w.t ,.0-

de_ doo _ in.a. ....... ~ . de,_ ,, - - JU.""-- - ~'

~ Co- ~o '"'"'. 1'". ,.~eo

~ " I .

-n.ho do- ' .. ' - . '"' - 'P"L. - . eeu. . ..

- }""'Yto- de - . ~" d~_o - - lh.a. ....... I

ti ./ "'

190

26

~0

flr I e,13es.e.. , ~

~ • •

• . "' ' "~ . .....ha.r. do '1"0!1 - .to w-~ e'- l,.e.la.r. do veu... W- TnO&S CO • ......, I

~~ ~ ,a • . . •

• •• • • I

veu.. eo- 't'TI.OM w - v ~ - .,...h.a.t. do 'Po II • .:l:o w-..-nD&Io er.- f,.e.la.r. do ~ J ~

~· .

• • .... I

fh 11'\ .. .. ~

f .. I I I I I "''"l'lA 'P • :Oe·$· - T\'1.0'10 • &- I &- "I'YlD'P. --

'L ... -t_' . !";'\ .. 4

' • • -·rw~r.

'n"loa.'P • -TnO'P, &- "'">1.Q't' I &- "t"YLL'\0 ~. -' I

.1"\ .. e.oda.

• •

u • • - (;1•...._ ./ .

<

6. AOS MESTRES

F. Haroldo

II ~

Ill

f\

e)

~

II

_...._

'I

" fl

1

.. 'b. ch..

" .... •;jf•

b.c.h.. ~ .. .....

- I .., . " -- '

b. el,.

'

....

.. -I

-==..

..

'

-

. • ... . ..._ . J:~. "YnOb e<.- iu.. a.-.. -no

fi...lh.a. d~=Sen . .tl..r> f'"O-

TT\..f _,.

...-not

I

+

,..., :,

" .,

• .. •

S. C. Foster, arr.

-~ •

......-'!

. "" -b100-

-. l

ft

..,

,.._ -

-4fi.. • • cia. e e - "'a.l. Ia. _ :Ia. do eo _ -r.>a. _

191

8 'l • ., ! . •

• I r

Vo•- $&$ V\. - da.!!>

~ ' J

. ~ -

Vo$- !oll.$ V'l. - da.:.

~ , J • .. -e- ... --- 71 .. -c.a.o • Vo"'- !>&$ "" _ da.~> ·-c,&O.

'

~ I I "P . .. I

ehe-~& de va._ 'Lo'P ) '\ .. --mf ..,

~ & --- ..

ehe._ \..8.& Je va.- l..o'P I b • d,..

~ 'P

e. -:'- --~---6--• -

~

, ,.__ -I

~ ......... "

' • ~

" !!! v -#- .. .. -0-

.fe. de

:lO •

e - %e..-n.. pla. -

. e - xern..'f> la. _

4-• __._ ---e -

,_, ..... •

-+I

b. ch..

.

---- • 4- I

't'1'\. n 18 I

.,

-e- '--6--~ b.eh. .

192

.. •

... e.r.,

"

pes,,

.,

II.? •

r-

.. ..

L ., .

I

I

II

lli

na.,

1 .. NANA~ NANA~ MEU AMOll!

Acalnnlo

"b.~.

"1"'r>e -doo ~

'T"' - 1'U) e -rnui.- to . ~

ft. - lhc me ....

l'aurilo Barroso, arr.

fo. ge, b\. • eho eeP. :to &~""'- ga. -

so- ge I bL. eho u. ... :to '~""- sa.-

-rm."'j v.u. d. no~ -1:e.!l"'- tna~~ do uu.

1 po•~ '"'TY\o aT\. - J o -rn.e "rTl<2!.-n-"

-n.~- n~i Tn\.4\. _-to 'Yl'l.e.u.) .f~ . lh.O n>eLL nat. - eeu. i

.in . da. na.o a. • do., . ....-ne ~' a.-n.- j\. . ...Jws s&o do

M eu. ,.-,.,e • -ru. • -n.o "!'en. d~ MeiL l1'\Q. ,...., • no) -rrt.e.U ...-ne _

Me ..... -me • ~--no pe-n.. d~ M eu. "111& • 11.1. • no, -m.eu. -me _

193

.

I

'

~

~

6

V01": sa:o T .. ~ ..... da. - tks I e so\. m.i.~ eo...,.~ so. n.ha.s., "t>e- CfW!.

,.,os.:i:o ba.i. ~. W"Yl'\. }e". : ho - ,. a. s. a. do.,.. -rn\.f'

1

~.J. ~ .. '1>9 ·~

:i "'- .. - ... I •• .. .. -po~- to, do ... 't'T\4!., doP- ......e., ~ ..... a.. 'n\.01" ! p.ch, .

J!. '?,;.~,~.do dOP • .,..,.e,s, & SOlO- ,.;.,. ? .. <bb I

.. • I • • •• .. . ....a., ....... ....a. '1"'\.8o

'T\& I .,.,..._..._ a, • 'I'Y\.0,. 0 b ch . ~ . .

I') Jl ':"\ • -na., a. ,0 ... "P\.P ,

1>-1> -'l

.... • • , .... ~ .... .. ..... .... 1 .... -""'""' a.- -mot>! b. c.h..

-n.a., a. '"'". ,.;.,. r

~~ ~ • -~ --=::: ,.a. L . • .-:"t

L

~ . . . . .... I ...... I • • . I I I

b . .:-h..

~.~"""' -~ ., I ., ,.-;"\

. . .. .. .... ... _.. .. • b . ..1,...

rh ., ... I

..:-. ., • ' _l

• • 1. - .. .. "" l'J. J .....

.. b.e.h,.

194

A minha esposa 195

8. CISNES Julio Saluss" Fabiano R. Lozano

1JI 2

I •

n~ 'P ' ~

II Ill l .. ..

"~ . cia.' 1'7\& Tl. - !>0 la.. go_a. - ~ul a.l. gu. . ...-n.a.& J

~JI

III

1J ~

-i'''= I •

r-~i ~., ag·.:!tu:lo

~ n--. . ~ I ~

ve - :t.eb, at . s v. - ....... u ve. :te~ TT\&" ft>e. ~TI.. te, .ie'tY

- ~i -rnt -a 1-4---. -

• • • •• • ... ~j 6

a. :te.,...,..k>o 'l.J! -- ., .

< •

S\. • de pa. 1"d. nOS eons_ :l:a.-n. • ~- -me-n. • :l:.e .U"TY\J

h

196

~J! 8

'J - ~ .-p

. • t "La.. g~- :;.u,l.. (>Q"Y"YU ne _ voa.s "Yt.errrV e~ - fU.- rn..a..s • ,

H ~

..,

:If· _._ ~. • • ... .. • -,J-

:1~ C)

ltJl er.>ese. .,

~ iJ • •

. "'H~- te, ~n- do, de~o _ f4- - u-n.. doc~.& bJOu. - ,.,-,.as -rna.- .f:i._ .......

!1J. .. ~

... .. _.. • •

~J! 1" "" .l • , ...-d; • I

- I I

,..OTT\..}'!9 sol veto. "1'">'\.e. lhoe ~-n.- 1e, nor. _., ~.II .. ~ • I

< .... ~- . I .

&ol veto • ..-n.e.- \hoe lei n.a.\.S T"O"Yl'\.·r~ 9'-'e-n.-I ~ ,j

~ ! L I

" ~ -,j a-. ._, -.i.· .. I

197

• • .....0~ dot.~ bo _ _ w. - -n-ws t.o- "YTlD do\.!

.,

Ill

=t.- -ne.b ~L- >/e.- jl'l--n. - 18&

It -I I

r-i::. _ -n.e~ dei'!L >~e _ ja.-n.- l"k _ ..-na,~ _ U"""' d ~ ._.. -rn. ..;_ b _ -ne

I ·--

,, !U

• CtrOe•e·

~. 1:> /"""'

~~ = ~ • • - :to, ~n-do J..e_ e s - -se. ,-,1;0 - ....-..en-~,..,-- 'PCL, 1"0" c.GY'- ga.,. '), .,

t:== t. • .... -fiJ- -,; -,J-fll- • .. il j -

198

"'' -rn_f 'I ~ /

I

i I -nD l.s,. so 1 O"Yl- de laL ve:t. o. "' - &"""- as

f'lt ."""§ ...... ' ~ 4

' I - --_ ee'P _ .to, no la. -· go, o,., _de ta.L ve:t. & a- g\A./1. se

1\o .. _,.,., .. • ~

' I -#I- A • -4F

f), -'I / ' .. 26

r lit .t\.s - -ne , '1"-t? C.~fo - 'Yle. V\. - - vo

1 ,, - ~ .. I " ~

' r t;_, - ,'W!.

' ~.5' C.\.!. - ·ne "" - - VO I

~.

~ • .. 4J

~- --., • .. / .

1\ I ! e..o .,..,..,_ e 1'TI.D.a." o n..e. 0 ,, """! -pa;teti.c.o 28

che. .a.o de . '"\.(. - cl& - - . de, nu-n. - ea. "YTT.a. \. $

~ I ~ • ~ ~

' che- .l-0 de i&\.1.- da. . . . de '1"\U. '"Y\. - •a. n•&t.!t '

"' ~ •

• --- ~ ........ :..;

199 ,, ........ :_

4 I I

c.!l.."n • :te I -ne"rY'I ~0- ~~. onho -na. de 1

,.,e-rn -na. - de

h - .. -.. .,

e.a:r"L .l:e , -ne -rn. 'o • ::t.\. • ....Jw "tla. - de, ne-rn na- de , I '1-n.i!

..

~I 11 ~--

,, ~

34

. • • ..

-nu'"Yl. -caa..o la. do deou.- ;t,o eL!. - 11.e • ~

......, ') I A

' • -· .. 9 -,11 ~~· -· "'Y\U -r L - ea.&O 1.,_ do deou.- .i'r->o e.L!. - ne. - "'-'

~. " • ~ . .

• + -.J ..... • ....

" ' 9. FOI BOTO., SINIIA!

Antonio Tavernard Valdemar Henrique. arr.

I

II

111

I

~ ~

!!!!!!! t. •.

B~-fot. - .tD s~ -I

1'1 f

~ . ~ •

fo~ Be_ :.to, St. -

'I r

.. •

~!

.. b.ch.

I

~ !

~

'""'-

~

(

II

.. fl

4

~

"

-b.ch.

• • • . .... 'nt. • ..-no. eh.o • T>Ou. no ,te,. . ne . """"" s e f o>. a eho -

I

I

~ ~ • • •

. ==--I

h.&' .,., .

t:"\

h,o:l 'Y1 •

~

"'- ..

2 I

. -..._../ . I ~

4

'

'

·-· •

!

- .. -Ta. J"" f'" . Ta.. J" • pa. -

• • Ta. . Ja.- pa. -'l'a. . Jd. - 'P" .

=if ...

• ne • 'YY\S. cho _ ,.,o-.... -n.0 ;te,., _ • T'lt.- ......._a.. f. e. po"- a. c.ho -

<PO) ~ """"'. ge:n- 'YY\.0 -

'tiM!'l'T\.. ..te.,.,.... f" - 1 ha.

200

II 2~ 201

~ "~· 6

~ :f .... .. ..,

.:::::::=-

'I ~ "b le...de

I ~ • -i- .. .. • .. • •

~

io - tO\. 8o- r," -I

~ ~ === - I

t J':'- - S"""' -nD eof> _ :lei.,..o • e bo-rn. v\. . S" _ . _ .,

- - d .

t1 .I oeo 1"·~ e .... - .,

= v_..., ' I

A !D=r-fo\. ss. lo, & .. - l,..il ~ .. "t'\ • 8o- , "_ ~ . .() 85. .to ~ do .... '>7\4!. _ .. "Y\0 f'"'". do do

~-

• 'I • - ..... lui:! fot. Bel. to, s~ h.; I .,., . .c

9 ss - ::to ..-.B.o dot> _ - -n-le.

__, ~I • _.. J ... -- ,..___.. ...... _...

,. ~

CJ

- ,h.O '1""" ..,e _ "'o .te .... _ ia:

~ ,." - o. Se..... do..-n. e ~- on01'> - "n'\.8 .. • c .. ..

Fo~ sa- .tJ, .,.,.h,g • re ...... s .. - ~ ve. '1.0

~ ,0 ~u:n.. do do ,.. .. - o- Se .... do""'" e. e. -.. a

~ ·~· ~ ~41 ...... • • i -i- ~- 'il

TYI.() - ca. le •

'n'l£l - ~ Le _

~ cr...e 0

~ _ le dou... lh.e. ,.e- r.1.s -

~ _ k do\.1.. _ I h.e. 10e - 1> ~~ -

lO .. ii.....

no

fo~ 9

Fo~. 9

'P\. - 0.

1'>1. - 0.

aeeel.

Ja..,. dan.~. _ d.:. • ga, I 9"eTI. -

Bo Bo _

a a as _

s~-

202

Ao "0rfeiio do Pro(essorado Paulisla" 203

10. SAUDADE Basto,.; Tigre Fa hi a no H. Lnza nu

Lento II L ....-n.C f"""'oo! ' ......

I . - --;;! ---

cv r I I" b . .1..

1'), -rnJ .... ., u ~ • ~

-- .. b. c.h..

, t

Ill -

4 "' - '

'!) .. "1 ~ r .._,

" I ~

~ • il ..._ .. .. ·~· 9-#-

~ I --~I I 8 1"

4 - I

' I Sa.u._

I) I

~ ., p

. tl •

"' Sa.u._

'I

• .. + ... "'

204

'I ~ - ., ~

( Ol ........

_ da.- de -~· l&. VPa., do. ce "F !T->a. d ..... ,., h n . loa. - rna."'. ~ ,, ..,

~ t • ., ~

~ .... 1f ... - da. de -1>'1- 1a. Vl"A 'tu.e t 10i). dlA.::t. ±:a.-n. . toa.. - Tnd"P-

~

h .p ., -I\\ IJ' :~r .. ... 11 .., • ..... -

--6- -¥ -j -,J S11-u .da- de

"' L I ., .

!! .. • • • -' go» ... Sa.u. - cia. de e e-0 . 'YY\.0 •e so~. ~ee~-

,.-... ......, I) I .,

~ • .. .. • • " j?OP ••• 5a.U: - da- de "" c.o -.no ~e. fo~- ~.,es-

~I ~ . .. -~ • • • '-~ ./

'!,,---.- ., PPP

. ..f'. .. ' I

r~- nh.o ehe~.- _ ...,,._,, _ doa.. flor.> .• ~

1'), .; .. t> : ,.._

' .. y --+

P"· ,.,h.o c:hev _ roa.-n - do a ;tot> I eL f"l.o . nho che.... PD;n .d::" flOP., , ~

I) I h. 'I

~ t-~ . t~4-1· -tf

• • • --- ------ ----- -· - ""

·-11. CAN(:AO OE NlNAI{ 205

F. lla roldo J, Brahms, a.-r .

.,.d, ., 'p

I .. -.. - -- --v

b. eh.. l3o- 0.

~;! " ' . -

•· • -fl u 1" • • II

b. eh..

"J!· Ill .. •• • -<1- u

~.~~ I I ~ - 4 ~

I . . • v I .

-n.Ot. • 1. ~ ..... be......,.\ llo1>- ......e ... ..-n !>0 - "t10 f,a...-. qu~o • l.ol 86-a. '-"

1~~~ ~ ~

•J . h I : -- - T-- ·1-- ·tt- J --~~ ·. -~J. --~r: -J --. ~- ----- . - .

c - .. .. -·-.. .. •• • -·- --

Bo-~ no• . te l:>e ........ \ no ... ..-.-..e : .. a. ..... 'tu." • to! ~Jl.

I

t) • • • • CJ • ~- • ... .....

l'h ' - I 8

~ --

~ I • .. 'w~ . te 'Y'Tl.t.\..\.. a. - "YYl.OT" ~t.\..4.. f~ - lh.~ • nhoe-n..ea.n . .r.,_ dp .... Q...e ...... "11'\B.

I I '--' "--"'

flll " .,

4· .. . -fl ... • Boa one c • 1e.a. • "YY\.OP Jt.- lhoe-n.. c.a.n . !a. do,..

~l ~ I '-"'

~~ ~ ~- ~ .:i. ... ... ~

206

,pi - . ') l~ I -I -- I -1-- -

{1 i} -- i'

=-J= f.) I • I • 30. ,. .. - - .ta., V\. ~a.o ve _ -nhaa r"..e-. L _Jee"\_; _ J.J. _. S'l-al.J e~ _,...,...a..

~ ~ I ---'

').I) - ~ ' \ -I. ~· -+ ;~ ;j-+- - T- 1-

I .. • .. • ,9u..eu._ .-na $1!1.">1- 1a. V\.- sao v e _ ·nl "::.!' -n-l.Q-n. Jeex- fa 5 t.d. Yo' I

~i ~

-..-'

~

~ =t;·

-·- _.J • • • • TT • • ... .. ~$d - ' ' ... Hi ,

--14

~~ n: 1!- • ~ .. ....-

do - c. e. Ui:n.- c&o v•, -n~ !.0- - T\0&..-n- - ba. - Ult>. • "-'

~J. - • •

(i rJ:-:1'.- ~~ ~ I • • • '-" • ---

u

e--..,~n\B.Ju.ee c.a..n _ ~ nko 110 €-n-1.- - bu. - \a.,.,. <:,a.() v..,_ ;.o - -- . , ~ ~-

,, lL '

_(i(l~ -!r- -t -j- + • -·~- -· -.,; .. • t;~• • • .. -~ -u-

Fit I I 'PP

~~ •

• b. d.,.

~JI..

b. d.. ~JI.

'- -4-. U•'-., / ···-

Para meus ne!os

J2 •. PASSO Fllll\1E ]~ CADENCIAIJ() 207

(~an to sent palavnts Fahiano IL l.n~ano

2 ~

~ 'I

K" 'd-' I ~..[= f-~t---!""" ~iiJ. :-.-...

' ; ....... •· ., ~--- I+·

~ ~o~.

.f ~

-r II ~ .... --- 1 .....

-·· -fi-..

solf· ;;;;·

~

Ill

4 8

f) r...... 10 ...... j.Z "1""'

....... 4

tl ....... .. ,...,..., I

4 -..v

f)

~ ~ti= • • ... --.

208

~ /f"\ 16 ,fllllll 18 .-!

tJ I" ..... !

" ........_

' --• ~

:f ;

~ ~ - -. • --- .

~ ~ ..... ~ ~ 20

I tJ I ·~ - .... ....,.;~ r-41-

? I

i .... ,... -#- ,_._ .. .... ;) - ' • ,...... ~

~ - !

• tJ ...

~ 6 28 ~ • ~ i!O ,.._ .

I f "-J .... r - I....J ..... ~ I I I ' ......

h '-t. ---h;l- ~~-- -t ~

'

~ --I 1- - -II ---1( -+ -

t ~ .._ -,; -o-~--- .. -#-,;

'

~

fl ., •

' !! . -+ ._..

.. • .

" ~ -.J ...

36 'l ,. ., /'"f" ~ 38

I -

" -3 5

f) -c ) ~I

, •

209

!

--

~ \..!.)

-- -

~ ~·

4o > .,

I

44 ... ,.

- -~ .. ...v >

- -' . -.!./ I 1 • :.

210

11 '+8 ~ -, I

50 ..._ _.._

. eJ '

l -.... ~

-nj

~ . I -j

• ' I ~ , ~

I ~

I

4 • ..... col + --1--! ~:...~ =$.-

._;_-#- ...L _. .... , ·- -.-

5Z

~-~.- -2 - ... S4 - 56

tJ / ,- I , ,.

II I

c . ~ /

., I

I c_d,

~ .... "' -#- .. --.:: -4-'wr

I'J I ' ... 60 .., L 62

t - ~ - -=il=i*- r -J I I

f) I , '-, 1""'"'1 .. -·-'

.,., :) - T ........ 7

f.-~' . !i'

~ -~ • 4- -a u ... ~'1

211

64- 66 - ... >:J. ,_~J." I

68

. I .... - ~

"' ' -' -....;/

"' ... ;r· ..... -·· ..... , + .. ..... ..... .,..._

"' ' ·r-- ,.. -

el - I I I •

~ ~. '

,..., - • ~ ~

I

ry

~ ';!Fr"i= ~ . -,- - 1:. - !--- -- -~ -. ..

:J.~ -I -

'U ...._..,.-. -j ... ..,; .. ~-

I' N. ~ ,..._ l?o 18

~ ~ "'-,, l!lllo. """"' -

fiJ : "\

~~

~ 4- .... --- ..........

212

'-:k-1: - ') ,_ - ··-r '==W=- -F···· ·-P-·· .

• ::.~ - :±:: __ _[____

~ 1/9 -~ - ·.... .. -

-o-~

f

82

'I ' l""""i. ')

~ \!:L.jo<._- '--rt::. ...--- I

-o~ ~ ~

S' 1"""111 I ., • j 'I I ~-- ;.;!-

\ - .... ,

~. ,., ., ~ I ss

( :~:-fl I • ..__..,...., I I ,- -rnj-,. I .

iJ· ' -

., ~ t-= -t!"r \;>· -~ . --

-1- -· ' --p . . ., I • I• ------ "'f

, I ::..:t=-: !l -- "' --- . --

i ' l ~l ... • ••• • • ... ......

92 'l L !i • ...... I . - . j-f; =• -J== -~*-iii.=:~ / -· • -- De's:

~--a. t)t

"l . • =~-

·:.J· '1 'Y ---- .. • dero~& 11 n.c.

,_ I !i • .

• ·• -41- -~-- • -iJ ~-

ANEX04

COMPOSI~AO ORIGINAL

CASCATA DE RISOS

213

Casca.ta da risos 214

Ln.-a fk F. Ha.roldo.

Allegretto (.J~ •'18} ~ fll p Fr

~--s. ~ ..., .. -- ... ....... • • 6.c4.

fll p Fiatt.

C. ~· ,t.J ..... .... ~·~ 41. ~· ... ....... ... ....

._c4.

p Fi-•

T. h. cAl.

·D • I Fi-.

B . n . ..._ I I

" lt.t Andan (.1 , te "'88 ~. :? ........ ....... -

I~ 9' ea5.4'& • \a eria.&a · - li •

~ I ~ tJ v u• I•·

o• icaa - - - - -ln!f ,;. r-n ,.,. ,_

!: • -ICa• ai. &a crida li - - - - - na que mur.

~.&: ... I I

ws ' 0

215

" n • 4 8 ..... -

~ • ..... u,• _II& .que mw:.mu...rae em:n pa - rar

"• I~ I" ,.

_&& - crl• - ta - - 11 -

1m 'j] ... ~- r-:.. . .,. A.

-11111 - - tuRdlp&- rar .mtpa f. rar

• :..;.

I I

eris - - ll -

" " t 8 10 - ,-..::::

ttS .=: IV - ....... -

eo - - 1110 e lloda a tu- & 101' - &e, - -A I

1'-' I= lfD 'eor _ --- que - da te,

--· ,;: lli ;;, . 1.-: -Cfi --6 .lind&...!- '• - a aor - - - - - - ...

!!li t I - . I •

u.s • -ll&o e llnda,_a tu _a eor te lift - -B.R.Il4q

216

""·~ I g· 14 I • J8 I

~ IV ..

vi - ftll - - do...,.& rir U CIU. tar.

~l , . '

~ v -· .. 1'

vi Yell do a rir ea ean .... - - ..... -!J\1

-. •rtt ~· ·-'""-o. a: • ,.. .,. ... , - fi:.,. •'

Yl - - Yell - - do& rlr e-" cu • - U.r, a rlr e a a:lD \ar.

.,. '.--:... • , Si- • ~

' I I I I .. _da, vi - - ...., • do a rir e a ean • \r.r, a rir e a tlllll.iar . - .....

217

Piti mosso (J.sos) "~L ., - 18 - n ..

' ,, -o• eae.•.ta ...... allea...,o • • - ~ ... & - da.

fit_ ., I

~ 1 .. .... ..... tA ..~w.--;;.... •

r - I

o• a • da,&bea...,o. a. • . -.1' •fl. 'It ~

-0' ou...ea.ta aben-90 _ a - da, -, .... ~ ~

.< ........

-Ui88 0' cas.ca.1a aben-90 _ a B.R.549 -

- -

218

20 22 ,., II I .. • - ... , ~··

. -

- -del. za. me ~a.m..bem lliLll tar, 0 de i. Xll.. me can .• tar.

,· ' .......... ' . . .

.. . . .. ........ . l'

. . - . da, o dei.xa.me can • tar,

~. ttl• fl. ~ ,.. n'· r-.. ,,. (1. ~ • . -

deL :u..me ta.m.bem can tar. dei.xa.me can.

n~ f-., ' -.

deLxa. me can.

219

2( 26

minhavldaeti.o a. mar • ga.,e\ioa. mar_ ga, ~awntadeede ' - - - ·-

• tar, mihha vida e tio a -~

minha viaa e &lo a • mal' .... - - • B.R.549

220

lh ' - 28 I -30 ... ......

ttS • . t) - ...... I ......

. rar•fon.ta.de de eho _ rar. o· cas..ca..La eris . ta .ILna

_/}l , ... ., .~ ..

t;l ...... u • u•

• ga, vo!UL ~de de eho rar, de cho - rar.

*f ~ ~ ... '• • ... I'- 0 .. .

• rar, qlltl' von&a..de • decbo cloeho • e rar • . m.f ' I

• • • -• ga, queJVODt&.de • e de cho •

L

Ill

'

1 • aiM. - 32 - pp 34

,_ ·- ~- ·- ·- • " • -.. "1_• -· .................... laJalalaJal& .. .

Ia Ia .

. l eli!"- ,.... -- " I .,. ~ 4!" ~ • Ia Ia Ja la Ia la

,.~,.

• rar. Ia Ia

• rar. tau

Ia la Ia Ia Ia Ia la Ia la.

:t.: .;, ~·. . •. . la la la Ia Ia Ia

1alataa..IAI&

B.R.549.

- I Ia la la la Ia

la la i:" Ia Ia

I Ia .

Ia.

D.C

3

D.C.

:i

D.C.

D. c. ~

221

ERRATA

.Pg.25,4o.paragrafo, la.linhli, .. leia-se:

"EQ11903 , .voltou a Europa, .• :'' (1908 {a data 1ie.&eu retorno a Piracicaba) .

. Pg. 53,"5o. paragrafo, 2a. linhli, leia-se:

"( ... ) ocorreu noFa 14 de )~Jlho de 19:25."

.. Pg. 74, to.p~grllf~, 2a. e3a.linhas, leia-se: ' , · \_,,. c,l " ·

"( ... )por ser o mais completo e racional, se nao se tratasse de ensino coletivo, heterogeneo nas.aptid9es) efeito por ( ... )"

-- \-

.Pg. 74, 3o. paragrafo, l2a. linha, leia-se:

"( ... )que outrosja alcan~am, ci~ntes sePlpre de que t€mnafrente ( ... )"