Vida e Obra de Paracelso

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    dele; a alcunha de Aureolus deve ter sido dada por seus admiradores nos ltimos anos de sua vida,j que at 1538 no encontrada em nenhum documento relacionado com sua pessoa. Quanto aonome famoso de Paracelso, acredita-se que este tenha sido dado por seu pai quando ainda jovem,querendo com isso demonstrar que era mais sbio que Celso, mdico clebre contemporneo doimperador Augusto e autor de um livro de medicina muito mais avanado entre todos os que haviaem sua poca.

    J a partir de 1510 ficou conhecido pelo nome de Paracelso e, embora muito raramente o inclusseem sua assinatura, certo que o estampou em suas grandes obras filosficas e religiosas. Do mesmomodo seus discpulos o chamavam de Paracelso, nome que sempre apareceu nas polmicas e nosataques injuriosos de que foi vtima.

    Paracelso foi uma criana franzina, debilitada e com tendncia ao raquitismo, razo pela qual exigiaos maiores cuidados, que lhe eram dispensados pelo prprio pai, que o amava muito. Alm disso,no era muito favorecido pela natureza: era baixinho, corcunda e gago. Dr. Hohenheim atribua umaimportncia extraordinria aos efeitos benficos do ar livre, respirado em plena natureza; por isso,quando o rapaz j estava crescido, fez dele seu companheiro de excurses, conseguindo dessa

    maneira robustecer-lhe o corpo e enriquecer-lhe o esprito.

    Nessa poca na Europa, a farmcia ainda no era reconhecida, diferentemente do que acontecia naChina, no Egito, na Judia e na Grcia, milhares de anos antes da era crist. Com efeito, a primeirafarmacopia pertence a Nuremberg e data de 1542, o ano seguinte morte de Paracelso. Porconseguinte, pode-se afirmar que a maioria das ervas medicinais, que se receitam em nossos dias, jera conhecida na Idade Mdia e os religiosos as cultivavam com todo cuidado, nos jardins dosconventos.

    Das prprias memrias de Paracelso deduz-se que seu pai foi seu primeiro mestre de latim, debotnica, de alquimia, de medicina, de cirurgia e de teologia; mas nele atuaram outras influncias

    de educao, que Dr. Hohenheim no pde infundir. Essas influncias foram devidas ao espritoirrequieto da poca, da nova era que estava sendo preparada: A Renascena.

    Indiscutivelmente foi o esprito da Renascena que deu a Paracelso o grande impulso rumo induo cientfica e ao mtodo experimental. O encontro desse esprito cientfico com as correntesespirituais da Reforma, com sua influncia sobre a alma dos homens, graas a Lutero, fornece aexplicao da formao de sua personalidade, aparentemente contraditria.

    As teorias em voga vinham sendo propagadas ativamente j muito tempo antes de Lutero. Duzentose cinqenta anos antes, uma alma solitria, Roger Bacon, teve uma viso que iluminou as trevas

    acumuladas por quinze sculos de ignorncia e descobriu a chave do divino tesouro da Natureza.Em 1483 nasceu Lutero; dez anos depois, Paracelso; em 1510 veio luz o famoso mdico e filsofomilans, Jernimo Cardano, e em 1517 nascia o clebre cirurgio Ambrsio Pare; Coprnico, oastrnomo revolucionrio, e Pico della Mirandola, todos contemporneos. Tudo eclodiu de uma svez: nova concepo religiosa, nova filosofia, novas cincias, acompanhadas de uma granderenovao no mundo da arte.

    Ainda muito jovem, Paracelso foi enviado famosa escola dos beneditinos do mosteiro de SantoAndr, no Lavantal, a fim de receber a instruo religiosa. Ali tornou-se amigo do bispo EberhardBaumgartner, que era considerado um dos alquimistas mais notveis de seu tempo. Tamanho foi o

    ardor com que Paracelso dedicou-se aos seus trabalhos de laboratrio, tanta a sua fora deobservao nos fenmenos que estudava, que imediatamente se viu em condies para comear aexecutar um trabalho que se antecipava ao seu sculo. Alm disso, teve a sorte de contar com o

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    clima da Carntia que favoreceu grandemente seu desenvolvimento fsico, conseguindo com issodesfrutar uma sade quase perfeita.

    Logo depois, transferiu-se para Basilia, onde fez grandes progressos no estudo das cinciasocultas. Naquele tempo, era impossvel dedicar-se medicina sem conhecer profundamente aastrologia. A cincia experimental estava ainda por nascer. Todos os conhecimentos que seadquiriam nos colgios ou conventos eram puramente dogmticos e esses ensinamentos foramconservados respeitosamente durante muitos sculos.

    Laboratrio Alqumico Mestre e discpulos

    O misticismo e a magia conviviam com as teorias mais antagnicas e os homens mais clebres lhesrendiam homenagem. William Howitt, um mdico notvel, escreveu o seguinte: O verdadeiromisticismo consiste na relao direta entre a inteligncia humana e a de Deus. O falso misticismono procura a verdadeira comunho entre Deus e o homem. O esprito absorto em Deus est

    protegido contra todo ataque. A mente que repousa em Deus aclara a inteligncia.

    Esse foi o misticismo que Paracelso esforou-se por adquirir: a unio de sua alma com o esprito

    divino, a fim de poder conceber o funcionamento desse esprito universal dentro da Natureza.Quando partiu para Basilia, h tinha adquirido a prtica das operaes cirrgicas, ajudando seu paino tratamento de feridos. EmLivros e escritos de cirurgia, relata-nos que teve os melhores mestresdessa cincia e que havia lido e meditado os textos dos homens mais clebres, tanto da atualidadecomo do passado.

    Pouco se sabe da estada de Paracelso em Basilia; consta unicamente que sua passagem por locorreu em 1510. Nessa ocasio ele comea a atacar severamente os sistemas de cura em voga napoca, enaltecendo a compreenso da natureza, a observao clnica, a patologia geral, o estudo dosremdios de acordo com os sinaisou as assinaturas, que so a base da homeopatia divulgada

    posteriormente por Hahnemann. Considerado por muitos como chefe mstico da Fraternidade Rosa

    Cruz, seus trabalhos influenciaram decisivamente os cabalistas, os neoplatnicos e as doutrinasnaturais. Exerceu ainda uma grande influncia na obra de Fludd e Van Helmont.

    Nessa poca, a Universidade da Basilia era dirigida pelos escolsticos e pedantes da poca.Paracelso percebeu que nada sairia ganhando com os ensinamentos daqueles doutores. O p e ascinzas respeitados por esses espritos estreis, haviam-se transformado em matria importante,escreveu ele. Paracelso renunciou a entrar numa luta com aqueles sbios, guardies petrificados dacincia oficial. O que ele queria era a verdade e no o pedantismo; a ordem e no a confuso; aexperincia cientfica e no o empirismo.

    Os estudos com o abade Jean TrithemiusSegundo sua prpria declarao, Paracelso lera as obras manuscritas do abade Jean Trithemius, queencontrou na valiosa biblioteca de seu pai, e to embevecido se sentiu por elas que resolveu

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    transferir-se para Wrzburg, lugar onde o sbio abade se mantinha em contato com seus discpulos.Ali estudou alquimia e cincias ocultas com o abade Trithemius e com o famoso alquimista BasilValentine. Trithemius afirmava que as foras secretas da Natureza estavam confiadas a seresespirituais. Grande era o nmero de seus discpulos e os ele que julgava dignos, admitia em seulaboratrio, onde se manipulava toda espcie de experincias de alquimia e de magia.

    Como mago, Paracelso teve um papel decisivo na evoluo da magia natural que terminou portransformar-se depois naquilo que se convencionou chamar de Cincia Experimental. Empregou oim em muitos de seus trabalhos de cura, sendo, por isto, considerado um dos precursores doMagnetismo Pessoal e do Mesmerismo.

    Jean Trithemius

    Em certas experincias psquicas, obteve xitos surpreendentes; talvez tenha sido ele o primeiro quenos falou da transmisso do pensamento distncia. Deve-se a ele os primeiros ensaios dacriptografia ou escrita secreta. Era tambm um grande conhecedor da Cabala, por meio da qualfornecera profundas interpretaes das passagens profticas e msticas da Bblia. Por isso, colocavaas Sagradas Escrituras acima de todos os estudos e seus alunos tinham que lhes dedicar toda sua

    ateno e todo seu amor. Paracelso foi influenciado pelas Escrituras por toda sua vida e o estudo daBblia constituiu, mais tarde, uma das tarefas que o ocuparam com mais intensidade. Em seusescritos encontramos o testemunho de seu conhecimento perfeito da linguagem e do profundosignificado esotrico da Bblia.

    Embora seja fato incontestvel que estudou as cincias ocultas com o abade Trithemius, chegando aconhecer as foras misteriosas do mundo visvel e invisvel, no menos certo que abandonou,repentinamente certas prticas mgicas, por julg-las indignas e contrrias vontade divina. Tinhaaverso, sobretudo, necromancia praticada por homens pouco escrupulosos, absolutamenteconvencido de que por meio dela s se atraam foras malficas. Recusou, igualmente, todo ganho

    pessoal que viesse do exerccio da magia, pois esta, segundo pensamento dele, s seria permitida sefosse para curar desinteressadamente ou fazer outro bem qualquer a nossos semelhantes.

    Foi com esse intuito que se lanou s investigaes e s experincias de magia divina. Discerniaperfeitamente o alimento mental e espiritual daquele que era imprprio e enganoso, para conseguira unio de sua alma com a divindade.

    Curar os homens conforme Cristo fizera, nisto consistia todo o seu desejo ardente. E quem sabe se aprpria comunho com o Senhor no o credenciaria a esse poder sublime? Entrementes, recebia deDeus a graa de saber procurar e encontrar todos os meios de cura com os quais o Criador provera a

    Natureza.

    Medicina e Alquimia

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    Paracelso, como mdico, destaca-se especialmente em trs setores: nas qualidades exigidas dosclnicos; no reconhecimento de diversas entidades e, particularmente, na utilizao da iatro-qumica(a qumica para fins de cura), que fez a qumica avanar, aps sculos de relativa estagnao.

    A primeira atividade nada apresenta de original, mas sua persistncia representou norma de grandesignificao prtica. A segunda reveladora de sua mente, sempre alerta, em observaes atentasde ocorrncias mrbidas, no cogitadas na poca. E a terceira, exterioriza um comportamentofecundo e quase excepcional, mesmo na aurora da Renascena. Ele, em verdade, ergueu a qumicaacima de uma situao quase humilde, manipulada particularmente por alquimistas, muitos dosquais de valor, mas quase sempre envolvidos em atividades subalternas. Ele a trouxe para a esferadas mentes capacitadas, responsveis por seu progresso, seja como cincia bsica, seja comofundamento para utilizao prtica, em teraputica.

    Em seu trabalho beira dos leitos, com observaes instrutivas, ressaltou a virtus, o esprito desacrifcio dos mdicos para o apoio necessrio aos doentes, atuando assim como verdadeiro clnico.Ele forneceu dados importantes sobre algumas entidades mrbidas, em particular sobre neuropatias:epilepsia, paralisias, perturbaes da fala em traumatismos do crnio. Fez estudos sobre o

    tratamento cirrgico de determinados ferimentos, recusando o papel benfico da supurao comoera admitido ento. Deixou-nos algumas informaes sobre a sfilis e seu tratamento com mercrio.Em sua Generatione stultorumrelaciona o cretinismo ao bcio endmico.

    Paracelso pode ser considerado o introdutor de substncias qumicas no preparo de medicamentos,sob a forma de extratos alcolicos e de tinturas, com utilizao do pio, do enxofre, do mercrio, doferro, do arsnico, do sulfato de cobre, do sal. Aconselhava banhos repetidos com soluesminerais. Seu livro Paragranum de 1530 o expositor de suas crenas. Pode ser considerado,

    portanto, como um verdadeiro farmacologista.

    Em todas as suas atividades manteve um misticismo simblico que contrastou com ascaractersticas objetivas j mencionadas. H nele uma viso romntica da natureza, responsvel porcrenas que podem ser admitidas como irracionais num professor de qumica.

    Reconheceu o microcosmo observando o macrocosmo. Admitiu a existncia da Archeus, forainata, vital e oculta situada no estmago. A vida do homem inseparvel da vida do universo. Olimus terrae, do qual se origina o corpo no original, mas constitudo por extratos desubstncias j presentes em seres previamente criados. Nele, encontramos o sal, o enxofre, omercrio. E a separao desses elementos, que acarretaria as doenas, ocorrendo por falha daArcheus.

    Na prpria quimioterapia utilizou certa metodologia mstica, indicando drogas com forma ecolorao comparveis s dos rgos aos quais se destinavam. Assim, por exemplo, o ouro, jrelacionado pela alquimia, ao corao e a pulmonaria aos processos respiratrios. Em ocorrncia

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    comparvel, a pele do lagarto foi indicada no tratamento de tumores malignos. Em diferentespublicaes est presente essa viso universal, e no Paramirum encontramos seus curiososconceitos, desde os primrdios.

    Castiglione, em sua Histria da Medicina, um dos que expe a sntese da doutrina de Paracelso.Para ele, a natureza constitui o macrocosmo, cujo maior desenvolvimento representado pelohomem, que, formado pelos mesmos materiais e sujeito s mesmas leis, repete, em si prprio, todosos fenmenos da natureza e est submetido a todas as influncias csmicas e telricas que regulamo universo. O microcosmo e o macrocosmo encontram-se em relaes constantes e recprocas.Por isso, Paracelso denominou o macrocosmo como o homem exterior. Ressalta ainda ohistoriador, a sua crena de que o sal, o enxofre e o mercrio so componentes dos metais e tambmde toda a matria viva. E eles devem ser avaliados simbolicamente: sal, o componente slido,indestrutvel pelo fogo; mercrio, o fluido, vaporizado mas no modificado pelo fogo; enxofre,alterado e destrudo pelo fogo.

    Por fim, ele admitia tambm dados fornecidos pela astrologia, pela cabala, por iniciativas mgicas,por sociedades secretas, sendo freqentador crente dessas instituies. Mas, ainda que Paracelso se

    ocupasse intensamente com astrologia, alquimia e magia, questes esotricas, sociais e filosficasele era principalmente mdico, e nessa funo que seu nome muito conhecido hoje em dia. Naverdade, em seus escritos, a medicina ocupa o primeiro lugar e ele a praticou e lecionou durantetoda a sua vida.

    Paracelso entregou-se com ardor e entusiasmo sem limites ao estudo profundo da alquimia. Diziaele: A alquimia no visa exclusivamente obter a pedra filosofal; a finalidade da cincia hermticaconsiste em produzir essncias soberanas e empreg-las devidamente na cura das doenas.Contudo, no pde fugir preocupao dominante da poca e, durante algum tempo, se ocupoutambm daquelas prticas alqumicas que ensinam a transformar em ouro os metais impuros.

    De acordo com alguns autores, saiu triunfante em seu cometimento e, depois que satisfez a suacuriosidade, no prosseguiu sua obra, pois no perseguia outro fim seno a evidncia de certasdoutrinas, para poder falar delas com plena convico, condio que ele acreditava, com todacerteza, ser indispensvel.

    Ao falarem dele como alquimista, os bigrafos de Paracelso colocam-no na categoria mais elevada.Todos afirmam unanimemente que era dotado de um poder escrutinador que lhe permitia adentrar o

    prprio esprito das coisas da Natureza. Ele penetrava os recnditos mais profundos da Natureza,explorava-os e, por meio de suas formas, sabia ver a influncia dos metais, com uma penetrao tosagaz, que chegava a extrair deles novos remdios. No que se refere filosofia hermtica, to rduae to misteriosa, ningum o igualou.

    Abandonou, ou melhor, rejeitou o estudo da crisopia, ou seja, a arte de fazer ouro, porque istorepugnava o seu esprito nobre e desinteressado; contudo, aproveitou grande nmero de prticasalqumicas que, a seu critrio, podiam ser desenvolvidas e aplicadas medicina. Estava convencidode que quase todos os minerais submetidos anlise podiam revelar-nos grandes segredos curativose vivificantes e levar a novas combinaes perfeitamente eficazes para certas doenas mentais oufsicas. Observou, com ateno, que toda substncia dotada de vida orgnica, emboraaparentemente inerte, encerrava grande variedade de potncia curativa.

    Diferentemente do que faziam seus contemporneos, no qualificava de divina a alquimia, cujo

    nico objetivo era fabricar ouro. Para ele, os fogos do fornilho crisopico tinham outras grandesutilidades e aqueles que atuavam sob a divina intuio logo se transformavam em fogospurificadores em benefcio da humanidade.

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    As obras de Paracelso, como todas as que tratavam de cincia ocultas, astrologia, magia, alquimia,etc, contm algumas frases obscuras que somente os iniciados conheciam em toda sua magnitude.Os alquimistas velavam seus segredos por meio de smbolos e frases alegricas, a que os leigos noassunto atribuam as mais grotescas interpretaes, quando os tomavam ao p da letra. Iniciado quefora pelo abade Trithemius, Paracelso adotou sua terminologia, acrescentando, por seu arbtrio,termos originrios ora da ndia, ora do Egito.

    No glossrio de Paracelso, vemos que o princpio da sabedoria se chama adrope azane, quecorresponde a uma traduo esotrica da pedra filosofal. Azoth o princpio criador da Naturezaou a fora vital espiritualizada. Cherio a quintessncia de um corpo, seja ele animal, vegetal oumineral; o seu quinto princpio ou potncia. Derses o sopro oculto da Terra que ativa seudesenvolvimento. Ilech Primum a fora primordial ou casual. Magia a sabedoria, o empregoconsciente das foras espirituais, que visa obteno de fenmenos visveis ou tangveis, reais ouilusrios; o uso benfeitor do poder da vontade, do amor e da imaginao; representa a fora mais

    poderosa do esprito humano, empregada em prol do bem. Magia no bruxaria.

    A chave dessa linguagem misteriosa no se perdeu. Foi guardada zelosamente pelos cabalistas etransmitida oralmente entre os iniciados. Atualmente, os detentores dessa chave so os martinistas eos rosa-cruzes. Graas a essa chave, o sistema filosfico-religioso de Paracelso pde ser recuperadoem toda sua integridade.

    Pioneirismo

    Paracelso no via o mdico apenas como um profissional para eliminar os sintomas de uma doenae esse era um conceito completamente diferente daquele que imperava em sua poca. Sua opiniosobre a doena fica muito mais prxima do conceito moderno, porque se baseia numa imagemcsmicado mundo e da humanidade, indo muito alm da viso tradicional da sua poca, que se

    baseava na doutrina dos fluidos de Hipcrates. Segundo o ponto de vista tradicional, a doena era

    causada por mau funcionamento e mistura dos quatro fluidos do corpo: sangue, catarro, blis preta eblis amarela. Paracelso modificou a opinio existente naqueles dias, definindo a sade comoequilbrio e doena com o desequilbrio de todas as energias presentes.

    A arte de curar, de acordo com Paracelso, apia-se em quatro pilares: a filosofia, que significa,antes de mais nada, abrir-se ao conjunto das foras naturais, observar essas foras invisveis na

    penetrao da realidade total e perceber o invisvel no visvel; a astronomia, que nos ensina comoas estrelas nos influenciam; a alquimia, til principalmente na preparao dos remdios e virtus,a honestidade do mdico. De acordo com ele, o mdico a imagem primordial de uma pessoa queest se aperfeioando. Mais do que qualquer um, o mdico deve reconhecer a ao da naturezainvisvel no doente ou, em se tratando do remdio, como ela trabalha no visvel.

    Para podermos nos aproximar das idias pioneiras de Paracelso, inevitvel considerardeterminadas imagens bsicas, que normalmente so rejeitadas pelo mdico convencional, porquese apiam, acima de tudo, em opinies ocultas. As duas palavras chave desse lado secretode

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    Paracelso so imaginao e magia. Na biografia Paracelso, Alquimista, Qumico, Pioneiro daMedicina, o historiador e filsofo Lucien Braun, dedica um extenso captulo a esse aspecto paraexplicar o significado bsico de tais idias. De acordo com o professor Braun, muito difcilexplicar a imaginao como sem sujeito e sem imagens. Porque Paracelso quer apenas

    possibilitar que a natureza aparea, que a prpria luz da natureza surja, mostrando-a. Mas elaapenas mostra a luz quele que sabe ver sem imagens.

    A natureza mais do que nossos olhos enxergam, o invisvel que pulsa atravs do visvel. Oinvisvel nunca se apresenta como imagem, porque ele no um objeto, energia viva, criativa;uma energia no dividida, que tira as coisas de seu interior, transformando-as no que so narealidade.

    Braun acredita que foi Paracelso quem, pela primeira, vez expressou essa diferenciao histrica dopensamento ocidental. Hoje, pensando nos campos morfogenticos do bilogo ingls RupertSheldrake, ela nos soa muito normal. Foi ela que inspirou Paracelso em relao a estas palavras: Ovisvel esconde o invisvel, mas apesar disso conseguimos o invisvel apenas atravs do visvel .

    Para o mdico suo, a natureza no apenas aquilo que nossos olhos enxergam, nem somente oque existe num outro lugar, mas ambos ao mesmo tempo. Escreveu Braun: Assim, no desurpreender que foi Paracelso quem introduziu a descrio da 'fora de imaginao' dando, dessemodo, um nome energia imanente que fixa as coisas do interior para fora, cria, faz surgir e no

    pode ser imaginada de modo algum. Outros atributos dessa fora so: ela flui atravs de todas ascoisas, 'atravs de todo esse imenso mundo', e to eterna como tudo que existe e no existe, tudoque 'est sendo'.

    Imaginao e Magia na viso de Paracelso

    Segundo Paracelso, imaginao e magia esto intimamente ligadas. E nesse caso magia quer dizer

    ao direta sobre coisas, pessoas e todos os seres, sem ajuda da matria. Ou, expresso de outromodo: o mago capaz de causar efeitos fsicos sem ajuda fsica. Porque, segundo o pensamento deParacelso, toda natureza invisvel se movimenta atravs da imaginao. Se a imaginao fosse forteo suficiente, nada seria impossvel, porque ela a origem de toda magia, de toda ao atravs daqual o invisvel deixa seu rastro no visvel. A energia da verdadeira imaginao pode transformarnossos corpos, e at influenciar no paraso.

    Paracelso reconheceu tambm que a f fortalece a imaginao. Tudo isso inclui as curas milagrosasatribudas a ele, que no podem ter sido somente o resultado dos remdios, em geral muito simples. bvio que eles serviram para influenciar conscientemente a fora da imaginao de um doente.

    As plulas que o mdico suo levava consigo no boto do punho de sua famosa espada foram,acima de tudo, meios de ajuda ao mgica.

    Baseando-se nesse fundo filosfico, Paracelso ligou as caractersticas exteriores de um remdiocom as de uma doena. Um remdio se mostra pela sua assinatura, porque o exterior da plantade que ele extrado espelha sua funo e atributos. Assim, por exemplo, folhas em forma decorao foram recomendadas para doenas cardacas. Mas tambm a poca em que o remdio tomado deve estar certa, pois a energia de uma planta s pode ser liberada durante determinadasconstelaes planetrias. Remdio, mdico e doente formam um total ligadssimo, de acordo com asleis da natureza. O conhecimento mdico tem mais a ver com a intuio e a conhecida clarividnciade Paracelso do que com o conhecimento intelectual.

    Existem trabalhos em que se comparam as opinies de Paracelso e da antroposofia, incluindo ahomeopatia. As duas praticam uma maneira solta de fazer perguntas, partindo de uma imagemde muitas camadas de homens e doenas. Tambm se confirma um efeito direto de Paracelso sobre

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    a homeopatia. Sua graduao pode ser comparada com potencializao dos remdios,caracterstica da homeopatia desenvolvida pelo seu descobridor, Samuel Hahnemann, de modonovo e espontneo, como tambm a preparao especfica de substncias naturais para remdios.Hahnemann, claro, negou a influncia de Paracelso e at falou com desprezo sobre ele.

    Rudolf Steiner, pai da antroposofia, escreve: Entre Paracelso e Hahnemann existe uma grandediferena: at certo ponto o mdico do sculo 16 ainda era clarividente, Hahnemann no. Eleconseguiu testar o efeito dos remdios pelos sentidos. E o historiador da medicina HeinrichSchipperges chega concluso de que Paracelso, como mdico de seu tempo, no praticavamedicina tradicional nem moderna, ou seja, ele no pode ser encaixado na medicina ortodoxatampouco na medicina total. Sua medicina se apoiava muito mais num conceito claro einconfundvel, numa teoria da medicina que tinha suas razes na filosofia, que faz do homem umverdadeiro mdico. No entanto, essa filosofia no confia apenas na natureza nem na mente; elaconstri da luz da natureza seu cosmos anthropos.

    O que podemos aprender de Paracelso principalmente a necessidade de pensar sobre a medicina eo que ocorre durante o tratamento. A popularidade de Paracelso continua hoje, porque ele tem algo

    para cada um: mdicos tradicionais, totais, filsofos, esotricos, etc. Ele conseguiu novidades nocampo da qumica, da idia de que para cada doena, deve existir um remdio especfico.

    Mdico, Alquimista, Filsofo, Telogo, Cabalista e Mago

    Tambm impressionam as dicaspara o futuro que os escritos de Paracelso contm. Pensamentoscsmicos estavam bem mais perto dele do que de ns, mesmo se tal pensamento hoje, j estcomeando novamente a ganhar terreno. Paracelso era um mstico, algum que viu a matria

    penetrada pelo espiritual. Suas concluses tm valor at hoje porque nenhum mdico naturalistapode comparar-se com ele, e o fato de ele ter sido muito criticado tornou-o ainda mais interessante.Porque Paracelso, afinal, no apenas escreveu livros, mas tambm teve suas prprias experincias e

    nunca teve medo de enfrentar as conseqncias negativas de seu pensamento no-conformista. Paraele serve o ditado: Quem consegue ser ele mesmo no deve pertencer a um outro tanto hojecomo em qualquer outra poca, em que cada um corre atrs de um outro guru.

    Gunhild Porksen, tradutora de textos de Paracelso durante anos, diz que as controvrsias a respeitodele so causadas por seu comportamento grosseiro e rude. Ela chegou concluso de que ele eraum homem de energias especiais. O fato que ele sempre conseguiu entusiasmar pessoas bemdiferentes como, por exemplo, Goethe em seu Fausto. Os sucessos astrolgicos de Paracelso sofamosos e ele, sem dvida alguma, era um grande bilogo e um mdico total, que entendeumuito do esoterismo. Era esotrico porque falou muito sobre o interior do homem e tambmsobre a influncia das estrelas sobre os seres humanos.

    Paracelso era um homem que, como ningum, representava o esoterismo de sua poca. Da cincia Renascena, que se entregava cada vez mais a um especialismo acentuado, ele enfatizou umpensamento total. A natureza era sua professora que, para ele, era perfeita porque trabalha de

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    acordo com um grande plano divino. E a idia de Paracelso de que corpo e alma so uma unidade um pensamento totalmente moderno, tambm reconhecido, cada vez mais, como uma verdade pelamedicina moderna.

    A Natureza

    Observamos que Paracelso estabeleceu uma diviso dos elementos a serem estudados nos corposanimais, vegetais ou minerais. Dividiu-os em Fogo, Ar, gua e Terra, conforme tinham feitotambm os antigos. Esses elementos encontram-se presentes em todo corpo, seja ele organizado ouno, e so separveis uns dos outros. Para efetuar a separao, eram indispensveis os laboratrioscom material adequado. O fornilho era insuficiente; carecia-se de um fogo capaz de tornar vermelhovivo o crisol para aumentar constantemente o calor quando se tornasse necessrio. Era fundamentaluma contnua proviso de gua, de areia, de limalhas de ferro a fim de aquecer gradativamente osfornilhos. Nos armrios e mesas do laboratrio, havia balanas perfeitamente aferidas e niveladas,almofarizes, alambiques, retortas, cadinhos, esmaltados, vasos graduados, grande quantidade devasilhas de cristal etc., alm de um alambique especial para realizar as destilaes.

    Com um laboratrio bem equipado, o alquimista capaz de aplicar-se rigorosamente, dedicado minuciosa observao das regras alqumicas, est em condies de verificar as diferentes operaesindispensveis para analisar as substncias escolhidas e extrair delas a quintessncia ou o arcana,isto , as propriedades intrnsecas dos minerais e vegetais.

    s vezes infinitesimal em quantidade at nos grandes corpos, a quintessncia afeta, contudo, amassa em todas as suas partes, da mesma forma que uma nica gota de blis produz mau humor ouuns centigramas de aafro so suficientes para colorir uma grande quantidade de gua. Os metais,as pedras e suas variedades trazem em si mesmos a sua quintessncia, o mesmo que os corposorgnicos e, embora sejam considerados sem vida, possuem essncias de corpos que viveram.

    Esta uma notvel afirmao, que Paracelso sustenta com sua teoria de transmutao dos metaisem substncias diversas, teoria que tambm os ocultistas modernos defendem.Que clarividncia

    possua esse homem a respeito do reino mineral! Ningum poder negar a Paracelso o ttulo desbio, pois ele, com suas investigaes sutis, soube desvendar os mais recnditos segredos da

    Natureza, que hoje em dia, sem dvida, a cincia explica melhor, graas a descobertas deobservadores que dispem de maiores meios cientficos, como demonstraram Madame Curie e seuscolaboradores.

    Quando examinamos o novo sistema de filosofia natural desenvolvido por Paracelso, no devemosesquecer que j transcorrem quatro sculos desde o seu aparecimento. Na realidade, foi ele quem

    concebeu essas investigaes, inspirando com elas os grandes luminares de sua poca e dasgeraes que se seguiram.

    As investigaes de Paracelso culminaram em sua Teoria das Trs Substncias, que so as basesnecessrias a todos os corpos, a que ele chamou de enxofre, mercrio e sal em sua linguagemcifrada. O enxofre significa o fogo; o mercrio, a gua; o sal, a terra. Ou, de outra maneira: avolatilidade, a fluidez, a solidez. Omitiu o ar por consider-lo produto do fogo e da gua.

    Todos os corpos, orgnicos ou minerais, homem ou metal, ferro, diamante ou planta constituam,segundo ele, combinaes variadas desses elementos fundamentais. Seu ensinamento sobre a base eas qualidades da matria se cinge a essa Teoria dos Trs Princpios, que considerava premissas

    de toda atividade, os limites de toda anlise e a parte constitutiva de todos os corpos. So eles aalma, o corpo e o esprito de toda matria, que nica. A potncia criadora da Natureza, que eledenominou archeus, proporciona matria uma infinidade de formas, contendo cada uma delas

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    seu lcool, ou seja, sua alma animal e, por seu turno, seu ares, ou seja, seu carter especfico.Alm disso, o homem possui o aluech,ou seja, a parte puramente espiritual.

    Laboratrio Alqumico

    Essa fora criadora da Natureza um esprito invisvel e sublime: como um artista que secompraz, variando os tipos e reproduzindo-os. Paracelso adotou os termos Macrocosmo e

    Microcosmo para expressar o grande mundo (Universo) e o pequeno mundo (o Homem), os quaisconsidera reflexo um do outro.

    Alm das investigaes j citadas, descobriu o cloreto, o pio, o sulfato de mercrio, o calomelanoe a flor de enxofre. No final do sculo XIX, receitavam-se ainda s crianas um laxante compostode xarope de morangueiro e ps cinzentos, constituindo remdio excelente em virtude dateraputica de Paracelso. Igualmente, o ungento de zinco, que nunca deixou de ser receitado, temsua origem no laboratrio paracelsiano. Ele foi o primeiro a utilizar o mercrio e, para certasdoenas depauperantes, o ludano.

    Cabala e MisticismoNo h dvida de que Paracelso foi um mstico. Sua filosofia espiritual foi filha de seu precoceconhecimento do neoplatonismo; tinha como base a unio com Deus. Mediante essa unio, oesprito do homem procurava vencer as ms influncias, descobrir os arcanos da Natureza, conhecero bem, discernir o mal e viver sempre dentro da fortaleza divina.

    Paracelso soube identificar a mo de Deus em toda Natureza: nas entranhas das montanhas, onde osmetais esperam a sua vontade; na abbada celeste, onde por meio Dele se movem o sol e as estrelas;nas ribeiras, onde sua liberalidade derrama toda sorte de alimentos e a bebida para o homem; nosverdes prados e nos bosques, onde crescem mirades de ervas e de frutos benfazejos; nas fontes que

    proporcionam suas propriedades curativas. Enfim, viu que a terra era a grande obra de Deus e queera preciosa aos olhos Dele.

    Paracelso era uma inteligncia ntida e clara. Era bom e tambm sbio. Sua vida errante jamais odespojou dessa bondade que constantemente fez resplandecer os generosos impulsos de sua alma.Sentia como um artista e pensava como um filsofo; por isso, soube irmanar as leis da Naturezacom as da alma. Essa sensibilidade artstica que nunca o abandonava constituiu a ponte entreParacelso, homem e observador visionrio da Realidade, ponte maravilhosa que repousava sobre astravessas de uma nova humanidade: a Renascena. E sobre essa ponte audaz procedeu construodo Universo, do qual Paracelso foi um de seus maiores arquitetos; pois, outra coisa no foi adeclarao dos princpios do progresso espiritual, completada um pouco mais tarde por GiordanoBruno, poeta, filsofo, artista e investigador da Natureza.

    Como as ondas do mar, o sentimento da Natureza se estendeu de Paracelso at os homens do futuro.Estes compreenderam, igualmente, a consagrao das investigaes e a alegria inefvel de descobrir

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    as Leis Divinas. Paracelso possua essa propriedade que ainda hoje admiramos nos msticosclssicos, via Deus tanto na Natureza como no microcosmo e, pela meditao, foi tocado pela graadivina. Suas concluses filosficas formam a moral de um humanismo cristo. A confraternidadentima dos filhos de Deus deve nascer de uma humanidade bem ordenada, do saber humano e doinaprecivel valor da alma, em cada um dos seus membros.

    Este Universo de formas e foras infinitas , em sua unidade e em sua interdependncia, a revelaodas leis de Deus; a Natureza constitui o esteio e o verdadeiro amigo dos enfermos. E essa Naturezase encontra em todas as partes: na terra, onde o semeador opera seus milagres, ao confiar-lhe asemente; nas montanhas, onde morrem as rvores velhas para dar lugar s que nascem; nas florestasmurmurantes; nas sebes; nos lagos, onde o sol brinca com a gua; em todos os lugares est viva eeterna a me Natureza.

    Paracelso emoldurou a Natureza com vistosas imagens, comparaes acertadas, engenhosasalegorias e parbolas de sentido profundo. Numa linguagem rica e substanciosa, apresenta-nos ocurso das estaes, sua proximidade e seu fim. Pinta-nos a primavera, quando os novos ritmos se

    balanam lacres pelo ar; o vero, quando a jovem vida caminha rumo colheita e o tempo revela

    os frutos sazonados; o outono, quando o trabalho chega ao seu fim e a vida enlanguesce; e,finalmente, descreve-nos o inverno, fazendo-nos sentir a doce viso de uma morte suave e tranqila.

    Como bom cristo, seguiu os ensinamentos de Jesus. O que Deus quer so nossos coraesdizno Tratado das doenas invisveis, e no as cerimnias, j que com elas a f Nele perece. Sequisermos buscar a Deus, devemos busc-lo dentro de ns mesmos, pois fora de ns jamais oencontraremos.Toma como ponto de apoio a Vida e a Doutrina de Nosso Senhor, porque nelaest a nica base de nossa crena:

    Ali est ela, na Vida Eterna, descrita pelos Evangelhos e nas Escrituras, onde encontramos tudo ode que necessitamos, tudo em absoluto. S em Cristo h estado de graa espiritual e por nossa f

    sincera seremos salvos. Basta-nos a f em Deus e em seu nico Filho. O que nos salva a infinitamisericrdia de Deus, que perdoa nossos erros. O Amor e a F so uma mesma coisa: o amorderiva da f e o verdadeiro cristianismo se revela no amor e nas obras do amor.

    Acreditava que a perfeio da vida espiritual fora designada por Deus para todos os homens e noapenas para alguns anacoretas, monges e religiosos que no dispunham de nenhum mandatoespecial do Senhor para tomar sobre si a exclusividade de uma santidade a que muito poucos podemchegar.

    O Reino de Deus contm uma revelao ntima com nossa vida de f e de amor, uma infinidade demistrios que a alma penetrante vai descobrindo um por um. So os mistrios da providncia de

    Deus, que todo aquele que investigar acabar encontrando; so os mistrios da unio com Deus; o tabernculo secreto, cujas portas se abriro para todo aquele que clame. E os homens que sabem

    perscrutar e chamar so os profetas e os benfeitores de seu reinado. A eles so entregues as chavesque ho de abrir os tesouros da terra e dos cus. E eles sero os pastores, os apstolos do mundo.

    O Pensamento de Paracelso

    Paracelso escrevia com uma clareza encantadora. Em seu estilo no se v nenhuma complicao,nada daquela linguagem complicada e exagerada prpria da Renascena. Seu discurso contundente e ele se expressa como um homem convencido de que conhece profundamente o

    assunto de que trata. Em algumas de suas obras nota-se mais claramente a breve e fecundaexpresso de um clarividente e seus pensamentos surgem numa linguagem que os torna atemporais,capazes de perdurar atravs dos sculos, numa atualidade surpreendente. Abaixo, alguns trechos deseus escritos:

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    A F uma estrela luminosa que guia o investigador atravs dos segredos da Natureza. precisoque busqueis vosso ponto de apoio em Deus e que coloqueis a vossa confiana em um credo divino,

    forte e puro; aproximai-vos Dele de todo o corao, cheios de amor e desinteressadamente. Sepossuirdes essa f, Deus no vos esconder a verdade, mas, pelo contrrio, vos revelar suas obrasde maneira visvel e consoladora. A f nas coisas da terra deve sustentar-se por meio das SagradasEscrituras e pelo Verbo de Cristo, nica maneira de repousar sobre uma base firme.

    A virtude a quarta coluna do templo da medicina e no h de fingir; significa o poder queresulta do fato de ser um homem na verdadeira acepo da palavra e de possuir no somente asteorias relativas ao tratamento da doena, mas igualmente o poder de cur-la.

    Da mesma forma que o verdadeiro sacerdote, o verdadeiro mdico ordenado por Deus. Comrespeito a isso, assim se expressa Paracelso:

    Aquele que pode curar doenas mdico. Nem os imperadores, nem os papas, nem os colegas,nem as escolas superiores podem criar mdicos. Podem outorgar privilgios e fazer com que uma

    pessoa, que no mdico, aparentemente o seja; podem conceder-lhe licena para matar, mas nopodem dar-lhe o poder de curar; no podem fazer dessa pessoa um mdico verdadeiro, se j nofoi ordenada por Deus.

    Se, por um espao de alguns meses, observares rigorosamente as prescries, que se seguem, ver-se- operar, em tua vida uma mutao to favorvel, que nunca mais poders esquec-la. Mas,meu irmo, para que obtenhas o xito desejado, mister que adaptes tua vida estrita observnciadestas regras. So simples e fceis de seguir, mas preciso observ-las com a mxima

    perseverana. Julgars que a felicidade no vale um pouco de esforo? Se no s capaz de poresem prtica estas regras, to fceis, ters o direito de te queixares do destino? Ser to difcil atentativa de uma prova? So regras legadas pela antiga Sabedoria e h nelas mais transcendncia

    do que simplicidade, como parece primeira vista.

    Antes de tudo, lembra-te de que no h nada melhor do que a sade. Para isso devers respirar,com a maior freqncia possvel, profunda e ritmicamente, enchendo os pulmes ao ar livre oudefronte de uma janela aberta. Beber quotidianamente, a pequenos goles, dois litros de gua, pelomenos; comer muitas frutas; mastigar bem os alimentos; evitar o lcool, o fumo e osmedicamentos, salvo em caso de molstia grave. Banhar-se diariamente, um hbito que devers tua prpria dignidade.

    Banir absolutamente de teu nimo, por mais razes que tenhas, toda a idia de pessimismo,

    vingana, dio, tdio, ou tristeza. Fugir como da peste, ao trato com pessoas maldizentes,invejosas, indolentes, intrigantes, vaidosas ou vulgares e inferiores pela natural baixeza deentendimentos ou pelos assuntos sensualistas, que so a base de suas conversas ou reflexos dosseus hbitos. A observncia desta regra de importncia decisiva; trata-se de transformar a

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    contextura espiritual de tua alma. o nico meio de mudar o teu destino, uma vez que este dependedos teus atos e dos teus pensamentos: A fatalidade no existe.

    Faze todo bem ao teu alcance. Auxilia a todo o infeliz sempre que possas, mas sempre de nimoforte. S enrgico e foge de todo o sentimentalismo.

    Esquece todas as ofensas que te faam, ainda mais, esfora-te por pensar o melhor possvel do teumaior inimigo. Tua alma um templo que no deve ser profanado pelo dio.

    Recolhe-te todos os dias, a um lugar onde ningum te v perturbar e possas, ao menos durantemeia hora, comodamente sentado, de olhos cerrados, no pensar em coisa alguma. Isso fortifica ocrebro e o esprito e por-te- em contanto com as boas influncias. Neste estado de recolhimento esilncio, ocorrem-nos sempre idias luminosas que podem modificar toda a nossa existncia. Como tempo, todos os problemas que parecem insolveis sero resolvidos, vitoriosamente por uma vozinterior que te guiar nesses instantes de silncio, a ss com a tua conscincia. Todos os grandesespritos deixaram-se conduzir pelos conselhos dessa voz ntima. Mas, no te falar assim desbito; tens que te preparar por algum tempo, destruir as capas superpostas dos velhos hbitos;

    pensamentos e erros, que envolvem o teu esprito, que embora divino e perfeito, no encontra oselementos que precisa para manifestar-se.

    A carne fraca. Deves guardar, em absoluto silncio, todos os teus casos pessoais. Abster-secomo se fizesses um juramento solene, de contar a qualquer pessoa, por mais ntima, tudo quanto

    penses, ouas, saibas, aprendas ou descubras. uma regra de suma importncia.

    No temas a ningum nem te inspire a menor preocupao o dia de amanh. Mantm tua almasempre forte e sempre pura e tudo correr e sair bem. Nunca te julgues sozinho ou desamparado;atrs de ti existem exrcitos poderosos que tua mente no pode conceber. Se elevas o teu esprito,no h mal que te atinja. S a um inimigo deves temer: a ti mesmo. O medo e a dvida no futuro

    so a origem funesta de todos os insucessos; atraem influncias malficas e estas, o inevitveldesastre. Se observares as criaturas que se dizem felizes, vers que agem instintivamente de acordocom estas regras. Muitas das que alegam que possuem grandes fortunas podem no ser pessoas debem, mas possuem muitas das virtudes acima mencionadas. Ademais, riqueza no quer dizer

    felicidade; pode se constituir em um dos melhores fatores, porque nos permite a prtica de boasaes, mas a verdadeira felicidade s se alcana palmilhando outros caminhos, veredas por ondenunca transita o velho Sat da lenda, cujo nome verdadeiro egosmo.

    No te queixes de nada e de ningum. Domina os teus sentidos, foge da modstia como davaidade; ambas so funestas e prejudiciais ao xito. A modstia tolher tuas foras e a vaidade to nociva como se cometesses um pecado mortal contra o Esprito Santo. Muitas individualidades

    de real valor tombaram das altas culminncias atingidas, em conseqncia da Vaidade; a eladeveram certamente a sua queda Jlio Csar, aquele homem extraordinrio que se chamou

    Napoleo e muitos outros. Oxal, sigas sempre estas poucas regras para a tua felicidade, para oteu bem e a nossa alegria.

    Todas as doenas tm seu princpio em alguma das trs substncias: Sal, Enxofre ou Mercrio;quer dizer que podem ter sua origem no domnio da matria, na esfera da alma, ou no reino doesprito. Se o corpo, a alma e a mente esto em perfeita harmonia, uns com os outros, no existenenhuma discordncia; mas se se origina uma causa de discordncia em um destes trs planos, istose comunica aos demais.

    O verdadeiro mdico no se jactncia de sua habilidade nem elogia suas medicinas, nem procuramonopolizar o direito de explorar o enfermo, pois sabe que a obra que h de louvar o mestre, eno o mestre, a obra. Assim pensava Paracelso.

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    Profecias

    Paracelso escreveu em 1536 As Profecias dos Acontecimentos Futuros, alm de alguns discursosprofticos, mais tarde publicados em Hamburgo. Boa parte de suas profecias apresenta um desenhoalegrico do tempo ou do personagem profetizado. Eis alguns extratos de suas profecias:

    Paracelso v o destino de Joo Paulo II: Comers o que no gostas

    Dividiste o dever em direita e esquerda, como se fosse um peso. E todas as duas partes acabaropor esmagar-te. Chegars a Roma de longe. De uma ferida sair sangue. De uma ferida sair avida. Uma coroa ser posta em ti. Mas antes, contra a tua vontade, comers o que no gostas. ... Odilvio cair e um vento desastroso do leste soprar sobre ti, levantando a poeira da terra... Oleo azul e branco marchar vitorioso. Aqueles do leste tero a vitria, mas a vitria durar

    poucas luas."

    Paracelso v a Rssia, escolhida como chicote para o castigo dos crimes da Igreja destruio de

    Paris

    Embora o sol ento brilhasse sobre ti, enriqueceste com o roubo e com o saque. Estavas sentadaentre as abelhas e o trigo, mas no foste previdente e esqueceste o quanto duro o inverno.Sers obrigada a comer as prprias patas. s como o urso, cheia de fora, mas morrers de

    fome. E isso acontecer quando Paris, Londres e Roma tero o urso (Rssia) como braso. ...Ateno bela cidade, que foste o brilho da Europa, porque sobre ti vir o fogo... O drago cansara guia.

    Paracelso v o ltimo Papa.

    Ests predestinado a ser rodeado por muitas adversidades. Tens o nome de uma pedra. E s umapedra larga e delgada. Cairs sob o castigo que quebrou todos os imprios. E a tua sabedoria, nofinal dos tempos, ser definida como loucura.

    Paracelso v o Antipapa no lugar do ltimo Papa:

    Tu tens reunido amide com aquele que um tempo foi inimigo. Percebers que todas as coisas sointeis. Ters de superar sozinho as dificuldades e ters de refletir sobre quem s. Sentars nacadeira de Pedro e dela cairs.

    As causas ocultas das doenas de acordo com ParacelsoParacelso determinou os seguintes Cinco Princpios, pelos quais surgem as verdadeiras causasdas doenas:

    -Ens Astrale ou Princpio Astral- Baseia-se em realidades csmicas, as causas so do tipo astral,ou causadas no corpo astral pessoal ou pelo mundo astral. Influncias climticas e infeces podemser tambm incorporadas.

    Efeito: Todos os vcios, epidemias, dio, vida psquica impuraRemdio: Autocontrole, autodisciplina, bondade, amor, compaixo

    Emoo: Simpatia/pensamentos (terra)Cor: AmareloSom: Canto (boca)

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    - Ens Veneni ou Princpio Venenoso - Surge dos venenos e envenenamentos do corpo humano,portanto uma desarmonia de impurezas, m alimentao, m respirao, todas as coisas contrrias constituio da pessoa.

    Efeito: Vida desregrada, drogas (pio, cocana, fumo, bebida)Remdio: Cuidar de ter uma boa alimentao/homeopatiaEmoo: Tristeza/preocupao (ar)Cor: BrancoSom: Choro (nariz)

    - Ens Naturale ou Princpio Natural - Fica na constituio natural (natureza) do homem. Vocno pode fugir de si mesmo. As causas so predeterminadas, fixas. So doenas herdadas, que jvem com o nascimento. No podem ser curadas com substncias materiais, somente seu efeito podeser amenizado.

    Efeito: Todas as influncias hereditriasRemdio: Magnetismo e alopatia

    Emoo: Medo (gua)Cor: PretaSom: Gemido (ouvidos)

    - Ens Spirituale ou Princpio Espiritual- As causas da doena so de origem mgica, originadasou de espiritualidade estranha ou do prprio esprito, s quais fica submetida, sem a percepo docorpo e da alma. Compreende todas as doenas causadas por uma imaginao doentia e umavontade mal dirigida, so as doenas psquicas ou da idia.

    Efeito: Teimosia, vacilao, preocupaes, obsesso, obstinaesEmoo: Raiva/zanga (madeira)

    Cor: VerdeSom: Grito (olhos)

    - Ens Dei ou Princpio Divino - S podem ser curadas quando o homem alcanou o devidoamadurecimento atravs delas. Estas doenas so impostas com fins de purificao. O mdico no

    pode fazer nada, Carma.

    Efeito: Carma leve, moderado, pesadoRemdio: Ser um mago para chegar at ao segredo da doena e reconhecer a hora certa para

    intervir

    Emoo: Alegria (fogo)Cor: VermelhoSom: Riso (lngua)

    Ainda segundo Paracelso, as doenas so catalogadas da seguinte forma:

    Do lado direito do corpo tudo fsicoDo lado esquerdo do corpo tudo psquicoDo lado da frente do corpo tudo positivo (eltrico)Do lado das costas do corpo tudo negativo (magntico)

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    A anatomia do homem

    A Magia Elemental

    Para Paracelso, da mesma maneira que a natureza visvel habitada por um nmero infinito deseres, a contraparte invisvel e espiritual da natureza habitada por uma hoste de seres peculiares,aos quais ele deu o nome de elementais e que, posteriormente, foram chamados espritos danatureza.

    Paracelso dividiu essa populao dos elementos em quatro grupos distintos: gnomos, os espritos daterra, que denominava de pigmaci; ondinas, espritos da gua, que chamava de nenufdreni;silfos, espritos do ar, que chamava de melosinaee salamandras, espritos do fogo, que chamavade acthnici. Ele pensava que fossem criaturas realmente vivas que habitavam seus prpriosmundos, invisveis para ns porque os sentidos subdesenvolvidos dos homens eram incapazes defuncionar para alm das limitaes dos elementos mais densos.

    De acordo com Paracelso, os elementais no seriam nem criaturas espirituais nem materiais, embora

    compostos de uma substncia que pode ser chamada de ter. Em suma, esses seres ocupariam umlugar entre os homens e os espritos. Por essa razo tambm no seriam imortais, mas quandomorressem simplesmente se desintegrariam, voltando ao elemento do qual originalmente tinham seindividualizado. Segundo ele, os elementais compostos do ter terrestre so os que vivem menos; osdo ar, os que vivem mais. A durao mdia de vida fica entre os 300 e os mil anos. Supe-se quetais criaturas sejam incapazes de desenvolvimento espiritual, mas algumas delas so de elevadocarter moral.

    Para a Escola Teosfica, entretanto, os elementais seguiriam uma escala de evoluo at setornarem anjos. Comeam no elemento mais prximo do homem at chegar em um nvel mais

    prximo de Deus. As civilizaes da Grcia, de Roma, do Egito, da China e da ndia acreditavam

    implicitamente em stiros, espritos e duendes. Elas povoavam o mar com sereias, os rios e asfontes com ninfas, o ar com fadas, o fogo com lares e penates, a terra com faunos, drades ehamadrades. Esses espritos da natureza eram tidos em alta conta, e a eles eram dedicadasoferendas. Ocasionalmente, dependendo das condies atmosfricas ou da sensibilidade do devoto,

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    eles se tornam visveis. Bom nmero de autoridades de opinio que muitos dos deuses cultuadospelos pagos eram na verdade esses habitantes dos reinos mais sutis da natureza, pois acreditava-seque muitos desses seres invisveis eram de estatura imponente e maneiras majestosas. Os gregoschamavam alguns desses elementais de daemon, especialmente os das ordens mais altas, e oscultuavam.

    Assim como os anjos das hierarquias mais altas, os elementais canalizam a energia do Criador, atenso divina que faz o mundo existir. Assim como vivemos sob a cpula de luz do anjo da guarda,que representa a ligao entre ns e o resto do universo e ao Criador que nos d existncia, os anjosdos elementos retransmitiriam essa energia divina para um mineral, vegetal ou animal.

    A Magia Elemental, portanto, a antiqssima cincia que versa acerca dos elementais e amanipulao de seus poderes ocultos e mgicos. Os antigos ndios americanos, os alquimistasmedievais, os taoistas e xintostas e os cabalistas rabes (Ordem Sufi dos Zuhrawardi) e os hebreusno desconheciam essa Cincia.

    Paracelso foi quem sistematizou e classificou os elementais de uma forma extremamente didtica e

    sinttica. Seu sistema mdico e mgico baseado nas foras astrais que regem toda a natureza,representadas pelos sete planetas: Lua, Mercrio, Vnus, Sol, Marte, Jpiter e Saturno.

    Tais vibraes setenrias refletem-se em nosso Sistema Solar de diversas maneiras: cores do arco-ris, dias da semana, sub-nveis das camadas eletrnicas, notas musicais, sentidos paranormais,anatomia oculta do etc. V-se isto na fisiologia e anatomia dos seres vegetais e animais e tambmnas configuraes qumica e cromtica, no reino mineral.

    De acordo com as classificaes de Paracelso, pode-se distribuir diversos seres elementais deacordo com os 12 signos zodiacais e tambm de acordo com os planetas astrolgicos. Acreditandoque o homem tinha auto suficincia e o poder da auto cura, ele dividiu os elementais em:

    Elementais da Terra:Gnomos, aos quais depois se uniram os Duendes - Os gnomos ficaram comosenhores do reino mineral e os duendes responsveis pelo reino vegetal. Os Gnomos servem no

    plano fsico, bem atrs do vu ou espectro da viso comum. Eles governam e preservam o corpo daterra, mantm o equilbrio das foras naturais do planeta e cuidam que todas as necessidades diriasde todos os seres vivos sejam atendidas. o Gnomo que faz com que um animal que esta com sedeno deserto caminhe em direo gua que procura, mesmo que morra na busca, o animal sempreestar indo na direo certa.

    Elementais da gua:Ondinas, que depois se uniram s Sereias e s Ninfas - As ondinas ficaramcom os riachos, fontes, no orvalho das folhas, sobre as guas e nos musgos. As sereias, com asguas dos mares e as ninfas, que seriam ondinas menores, encontram-se em tal estado de suavidadee leveza, que parecem levitar sobre as guas. As Ondinas fazem um trabalho srio com os oceanos,rios, lagos e pingos de chuva, que fazem sua parte na reforma do corpo fsico da terra e do serhumano. As Ondinas governam os ciclos da fertilidade e do elemento ou corpo da gua.

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    Elementais do Fogo: Salamandras reinam no elemento fogo e guardam os mistrios e segredosdesse elemento, que corresponde ao plano ou corpo etrico. Precisamente em que ponto o fogofsico, indefinido e difcil de controlar, se transforma em fogo sagrado no plano etrico, ensinado

    pelo Esprito Santo de Deus, observado pelo corao sagrado dos santos, levemente tocado porcientistas nucleares, mas firmemente seguro nas mos das Salamandras.

    Elementais do Ar:Silfos, que depois uniram-se s Hamadrides e s Fadas - silfos, reinam no ar,nos ventos, assemelhando-se aos anjos. Tem a sensibilidade muita acentuada, e modelam as nuvenscom suas brincadeiras. J as fadas, ligadas terra e ao ar, brilham luminosamente com um tom

    branco. So alegres, joviais e minuciosas, sendo que tambm podem desenvolver aspectosterrivelmente negativos, como reprovao s maldades humanas. Os Slfides servem o domnio dos

    cus, da purificao do ar, e do sistema de presso do ar. Isto tudo percebido nas mudanasalqumicas do tempo e nos ciclos de fotossntese e precipitao. Estes elementais do ar so mestres,que expandem e contraem seus corpos de ar de nveis microcosmicos a macrocosmicos. Sempremantendo a chama para o reino da mente, que corresponde ao plano ou corpo do ar.

    Como utilizar estes seres se eles vivem em outra dimenso? Como comunicar-nos com eles? Comofalar com quem no vemos? O qu fazer para poder v-los? Inmeras so as perguntas e inmerasso as respostas. Dimenso uma palavra que significa tamanho, extenso, ou espao. Como cadaespao repleto ou preenchido por energia Divina vibrando de forma diferente, chamamos cadaespao ou dimenso de plano.

    A cincia moderna depara-se com um grande enigma quanto investigao da origem da matria

    densa. Todo objeto de matria densa, quando visto aos olhos de microscpios eletrnicos, revela-sefeito de vrias cargas eltricas e partculas em constante movimento. De alguma maneira, estascargas eltricas em constante movimentao, criam a aparncia da forma fsica. Ns podemos tocara matria de uma pedra, de uma cadeira, ou de um ser humano, mas se visualizarmos qualquer um

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    destes materiais, sob o auxilio de um poderoso microscpio, veremos que o fsico est dissolvidoem um mar de pequenos impulsos eltricos.

    Como estas foras eltricas se organizam para produzir a forma, o que ainda um mistrio para acincia moderna. claro que existe uma fora que faz a ponte para que estas foras eltricas seorganizem a ponto de formar a forma fsica. Esta fora a hierarquia csmica dos seres de luz. Semestes seres csmicos de luz, no haveria a forma organizada e inteligente que conhecemos. Toda aforma a mistura da relao entre os seres csmicos e os seres atmicos. Os seres de luz, so osresponsveis diretos por esta organizao atmica. Estes seres so o instrumento pelo qualconseguimos organizar a matria atmica em formatos diferentes.

    O crescimento de uma planta, por exemplo, necessita da interferncia dos seres de luz para poderacontecer. A pedra, para se transformar em diamante tambm sofre a interferncia destes seres.Tudo o que se transforma, at mesmo a desintegrao de um alimento ao sol, ou o envelhecimentodo ser humano, recebe interferncia direta dos seres de luz. Os seres sem luz, tambm tm este

    poder, porm, no tm a organizao e perfeio que tem os seres de luz.

    A hierarquia csmica similar hierarquia atmica. Os seres csmicos de luz se manifestam pelaprimeira vez na Ordem dos Elohim, na forma de elementais do fogo, do ar, da gua, e da terra, jdefinidos acima. Aps a educao e vivncia, como elementais do fogo, do ar, da gua e da terra, osseres de luz, assim como os seres atmicos, tm uma evoluo natural de sua conscincia, evoluem

    para seres angelicais, onde podero continuar seu crescimento na hierarquia csmica. Na escaladada evoluo, esses seres partem dos pequenos elementais da terra seguindo at os dirigentes degrandes extenses e compreenso, chamados Devas e Elohim. Estes j desenvolvem seu trabalho decriao dos universos junto Hierarquia Espiritual.

    A histria nos conta sobre esses seres, desde a mais remota antiguidade. E, os antepassados de todaa humanidade legaram inmeros relatos a respeito dos mesmos. No incio dos tempos, os seres da

    natureza, encarregados de cada elementos, cuidaram para que tudo fosse feito com exatido eordem:

    - Na terra ainda como uma massa de gases de matria incandescente radioativa, coube aoselementais do fogo executarem seu trabalho;

    - Na poca dos grandes ventos, os elementais do ar, zelaram pela evoluo desses gases de modo atornar o ambiente apto a receber formas de vida;

    - Quando esses gases se precipitaram sobre a gua, os elementais da gua modificaram o aspecto

    denso desse lquido;- Ento, iniciou-se a solidificao, surgindo aos poucos os continentes que foram fertilizados peloselementais da terra.

    Como se v, a criao representa um todo inseparvel, formando uma corrente cujos elos nopodem ser rompidos, se no quisermos provocar uma catstrofe de carter irremedivel.

    Outros estudos e a influncia de seu trabalho e pensamento

    Conforme se v, Paracelso era um mstico e um cabalista perfeito, dentro do mais puro esprito

    cristo. Aceitou, contudo, muitas das crenas to em voga em sua poca, referentes aos poderesocultos e s foras invisveis. Acreditava, igualmente, na existncia real dos elementais, isto , nosespritos do fogo, aos quais dava o nome de acthnici; nos do ar, que chamava de melosinae;nos da gua, que chamava de nenufdreni; e nos da terra, que denominava de pigmaci.Alm

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    disso, admitia a realidade das dradas, a que atribua o nome de durdales, e dos espritosfamiliares (os deuses penates dos romanos), que alcunhava de flagae. Afirmou tambm, aexistncia do corpo astral do homem, que chamava de aventrum, e do corpo astral das plantas, aque deu o nome de leffas.

    Do mesmo modo, tratou profundamente da levitao, que chamou de mangonaria, e muitoespecialmente da clarividncia, que denominava de nectromantia. Acreditava nos duendes, nosfantasmas e nos pressgios. Seu Arquidoxo mgico, livro sobre amuletos e talisms, tambmmuito interessante, visto que nele expe seu conhecimento acerca da imensa fora do magnetismo.Combinou metais sob determinadas influncias planetrias, com o objetivo de fabricar talismscontra certas doenas, e o mais eficaz deles aquele que chama de Magneticum magicum. Essetalism se compe de sete metais (ouro, prata, cobre, ferro, estanho, chumbo e mercrio) e nelesesto gravados signos celestes e caracteres cabalsticos.

    Entendia, tambm, que as pedras preciosas possuam propriedades ocultas para curar determinadasdoenas. Os anis e medalhas em que se montavam essas pedras levaram o nome de gamathei.Cada um deles possua virtudes especiais. Uma de suas pedras preferidas era a chamada bezoar,

    que no oriunda nem das montanhas nem das minas, mas que se forma no estmago de certosanimais herbvoros, por crescimentos justapostos e concntricos de fosfatos de clcio, que oestmago no conseguiu expulsar.

    Suas opinies a respeito das pedras preciosas foram adotadas pelos membros da Rosa-Cruz, queelaboraram as interpretaes fsicas e espirituais dos poderes misteriosos do diamante, da safira, daametista, do topzio, da esmeralda e da opala.

    Os alquimistas, herdeiros do modo de pensar gnstico, sempre encararam a natureza como a prpriadivindade, e viam em suas mltiplas manifestaes uma espcie de escrita cifrada, algo como umincomensurvel criptograma, por trs do qual o Criador pode sempre se ocultar, e ao mesmo temporevelar-se de modo sbio e discreto. Paracelso num de seus inmeros tratados alqumicos,Paraminum, discorre acerca de sua teoria dos sinais ou das assinaturas, segundo a qual cadacoisa da natureza, ser vivente ou no, guarda em si traos visveis e invisveis de similitude, demodo que tudo no Universo acha-se intimamente relacionado entre si, posto que cada uma de suas

    partes, desde as mais diminutas clulas s grandes estruturas, desde o tomo at as estrelas,permeia-se de uma nica e mesma essncia, perceptvel apenas aos olhos argutos dos iniciados,treinados a leresta escrita divina.

    Uma das principais tcnicas destinadas a esse propsito era a fisiognomonia (gnomos =conhecimento + phisis = natureza), muito explorada por Paracelso e outros alquimistas de sua

    poca, que consistia em observar as muitas faces da natureza para da depreender um entendimentodas intenes de Deus potencialmente guardadas em cada coisa que se nos apresenta. Tal leituratanto se fazia por meio dos rostos (fisionomia) das pessoas, verdadeiros mapas a estampar nossocarter, bem como podia ser abstrada por analogia, de modo mais discreto, a partir das outrasinfinitas formas segundo as quais a natureza se revela.

    Com base nisso, Paracelso desenvolveu a tese de que determinadas plantas, dado ao aspecto externode suas folhas, serviriam preferencialmente ao tratamento de afeces de determinados rgos, porassemelharem-se ao formato anatmico destes, j que a sade nada mais que uma condio derespeito pela harmonia inerente ao Universo, em razo do que todo mdico deveria regrar-se em suateraputica pelo grande princpio Simila Similibus Curantur, ou seja, Semelhante cura o

    semelhante. Receitar nozes, por exemplo, faria bem ao sistema nervoso, por sua semelhana como crebro; feijes preferencialmente seriam protetores de nossos rins, e assim por diante.

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    Influenciado amplamente pela obra paraclsica, o sapateiro filsofo Jacob Boehme (1575-1624),natural de Grlitz, Alemanha, enunciaria em 1622, em sua De Signatura Rerum: No existenenhuma coisa na natureza, criada ou dada luz, que no revele exteriormente a sua formainterior, porque tudo o que ntimo tende sempre a manifestar-se (...) como podemos observar econstatar com as estrelas e os elementos, com as criaturas, e com as rvores e as plantas (...).

    por isso que a assinatura constitui uma fonte de compreenso, atravs da qual o homem no s seconhece a si prprio, mas pode reconhecer a quintessncia de todos os seres .

    Um dos grandes sbios contemporneos que nos ensina a perceber a assinatura de Deus em todas ascoisas Carl Jung (1875-1961), por meio de seu conceito de sincronicidade, enunciado em 1951.Jung chama de sincronicidade toda coincidncia significativa de eventos extraordinrios, que, umavez por ns presenciada, induz nossa conscincia a abstrair desses fenmenos espontneos eincomuns algum tipo de significado que nos sirva intimamente, sugerindo-nos que algo existe entrens e o meio em que vivemos, cuja essncia resta sempre incapturvel pelo olhar estrito da razo,forando-nos a um entendimento analgico ou mesmo intuitivo das circunstncias envolvidas.Parece s vezes que Deus se diverte em nos pregar algumas peas, muito oportunas a propsito paranosso aprendizado, e que os anjos todos nos observam com cumplicidade e alegria quando quer que

    nossas conscincias tornam-se aguadas pela experincia sincronstica, que nos sintoniza a almacom uma dimenso superior da realidade corriqueira.

    Entretanto, mesmo a lide cotidiana, as vicissitudes do dia a dia; enfim, toda e qualquer situao porqual passamos, toda dificuldade que se nos interpe, independentemente das sincronicidades deJung, encerra Deus de alguma forma em seu bojo; so sempre expresses da divindade disfaradasem dias e noites, em horas de alegria ou de tristeza, em momentos de paz ou provao.

    O poeta Walt Whitman soube dizer isso: Eu vejo alguma coisa de Deus em cada hora das vinte equatro, e em cada momento. No rosto dos homens e das mulheres eu vejo Deus, e no meu prpriorosto no espelho. Eu encontro cartas de Deus cadas na rua, e cada uma delas assinada com o

    nome de Deus. Eu as deixo onde esto, pois sei que no importa aonde eu v, outras viro...infalivelmente... eternamente!.

    Paracelso assistira descoberta dos minrios magnticos, at ento desconhecidos para o mundo,fato que lhe trouxe a certeza de que foras invisveis operam na natureza; e nobre seria o mdicoque pudesse encontr-las e dirigi-las para a cura. Entendia ainda que a f fosse instrumento para omesmo fim, sendo o medo das doenas mais terrvel que elas prprias; por isso procuravasugestionar seus pacientes de modo a faz-los crer que ficariam sos.

    Mesmer seguiu risca o modelo da anamnese de Paracelso. Quebrando o protocolo, aceitavadiscutir com seus pacientes as possveis causas de seus males, dando-lhes ouvidos e ateno antesde prescrever. Por essa simples razo, seu consultrio tornou-se muito concorrido.

    Morte de Paracelso

    Existem muitas lendas em torno da morte de Paracelso. Alguns dizem que os mdicos de Salzburgocontrataram a sua morte, outros dizem que foi envenenado por seus desafetos. Na verdade, segundotestemunho fidedigno, Paracelso morreu em conseqncia de uma doena progressiva. Parece que

    juntamente com o progresso da doena, que o debilitava fisicamente, crescia na mesma proporosua fortaleza de esprito.

    Pouco antes de morrer, escrevia suas meditaes sobre a vida espiritual. Um dos seus ltimosescritos, inacabado, intitulava-se: Referente Santssima Trindade, escrito em Salzburgo, durantea vspera da Natividade de Nossa Senhora, que foi publicado em 1570.

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    Nos seus ltimos dias neste mundo, mudou-se para um espaoso aposento na Pousada do CavaloBranco, em Kaygasse, onde ditou a um escrivo pblico, suas ltimas vontades. Ao seu redorreuniram-se seis testemunhas e seu testamento comea assim:

    O mui sbio e honorvel mestre Teofrasto de Hohenheim, doutor em cincias e medicina, dbil decorpo, sentado em seu rstico leito de campanha, porm com esprito lcido, probo de corao,entrega sua vida, sua morte, sua alma salvaguarda e proteo do Todo-Poderoso. Sua finquebrantvel espera que o Eterno Misericordioso no permitir que os amargos sofrimentos, omartrio a morte de seu Filho nico, Nosso Senhor Jesus Cristo, sejam estreis e impotentes paraa salvao deste seu humilde servo.

    Depois determinou que seus poucos bens (seus livros, suas roupas, suas drogas e suas ervas) fossemdistribudas com eqidade e disps sobre seu enterro, para o qual escolheu a igreja de SoSebastio, alm de pedir que ali entoassem os Salmos 1, 7 e 30. Entre a leitura cada um deles, sedistribuiria dinheiro aos pobres que estivessem em frente igreja. A escolha dos Salmos representaa confisso de sua f e a convico de que sua vida no tinha que desaparecer com ele, mas passar

    para a eternidade.

    Aps ditar seu testamento, viveu apenas trs dias. A morte no o assustava, segundo ele a morteera o fim de sua jornada trabalhosa e a colheita de Deus. Faleceu no dia 24 de setembro, dia deSo Ruperto, festa muito importante e celebrada em Salzburgo. O prncipe arcebispo da cidade,ordenou que os funerais do grande mdico fossem celebrados com toda pompa.

    Cinqenta anos depois de sua morte, seu tmulo foi aberto. Retiram-se seus ossos que foramtransladados para outra sepultura mais bem disposta, encravada numa das paredes da igreja de SoSebastio. O executor testamentrio de Paracelso, Miguel Setznagel, mandou colocar uma lpide demrmore vermelho sobre o tmulo, com uma inscrio comemorativa em latim, que dizia oseguinte:

    Aqui jaz Felipe Teofrasto de Hohenheim, famoso doutor em medicina que curou toda espcie deferidas, a lepra, a gota, a hidropisia e vrias outras doenas do corpo, com cincia maravilhosa.Morreu no dia 24 de setembro de 1541.

    Terapia das plantas

    A fitoterapia a cincia que estuda a utilizao de produtos de origem vegetal com finalidadesteraputicas, sendo para prevenir, atenuar ou curar um estado patolgico. A palavra fitoterapia formada por dois radicais gregos: fito vem phyton, que significa planta, e terapia vem de

    therapia, que significa tratamento, ou seja, tratamento em que se utilizam plantas medicinais.

    Embora muitas pessoas ignorem a importncia das plantas medicinais, sabe-se que toda afarmacologia tem como base exatamente os princpios ativos das plantas. Na verdade, afarmacologia moderna no existiria sem a botnica, a toxicologia e a herana de conhecimentosadquiridos atravs de sculos de prtica mdica ligada ao emprego dos vegetais. Apesar do avanoda tecnologia, que diariamente cria novos compostos e substncias sintticas com poderes

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    medicinais, mais de 40% de toda a matria-prima dos remdios encontrados hoje nas farmciascontinua sendo de origem vegetal.

    Todo medicamento, inclusive os fitoterpicos, deve ser usado segundo orientao mdica. claroque dificilmente chega-se a uma overdose de ch de camomila, mas h ainda muitas plantas cujosefeitos no so bem conhecidos e seu uso indiscriminado pode prejudicar a sade. Por outro lado,vrios estudos cientficos comprovam que a fitoterapia pode oferecer solues eficazes e mais

    baratas para diversas doenas.

    Algumas ervas importantes e seus principais usos

    Aafro: Tanto o leo (empregado em massagens) como a tintura so teis para combater anemia, afraqueza e a melancolia.

    Alecrim: O leo das flores, em massagens leves, alivia as dores reumticas. O ch das folhas tilcontra a epilepsia, a lepra, a sfilis e as feridas em geral.

    Amendoeira: Seus frutos, tnicos e fortificantes, melhoram as inflamaes e so indicados para oscasos de bronquite.

    Anglica: O ch das folhas tonifica o estomago. O ch da raiz, aplicado externamente, ajuda noscasos de gangrena e nas mordeduras venosas. O ch da planta inteira, tomado diariamente em

    jejum, muito eficaz nas toses crnicas.

    Arnica: O sumo vegetal muito bom para curar feridas, nas contuses e fraturas.

    Arruda-silvestre: Provoca a menstruao e combate a anemia das adolescentes.

    Artemsia: O ch indicado contra a epilepsia e a coria (distrbio enceflico caracterizado pormovimentos musculares anormais e espontneos, que sugerem uma dana). Cozida em vinhos eingerida em pequenas doses freqentes um excelente antiabortivo.

    Camomila: Quando colhida na conjuno de Marte com a Lua e o Sol, tem o poder de curarndulos linfticos das doenas tumorais do trax. teis em crises de histeria e nas febresintermitentes.

    Canela: Pela destilao prolongada de suas folhas obtm-se um leo avermelhado que funcionacomo um tnico excelente, quando aplicado com massagens suaves.

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    Celidnia: importante escolher aquelas que nascem em runas ou locais abandonados. A raizmacerada um bom remdio para a garganta e para as inflamaes graves.

    Cevada: O ch das sementes ou as prprias sementes cozidas constituem um bom diurtico erefrescante do sangue.

    Erva-cidreira: Paracelso ensinava que o ch desta planta alivia as dores do parto e auxilia aexpulso da criana e da placenta.

    Erva-de-so-joo: til nas clicas e nas diarrias dolorosas.

    Laranjeira: A casca do fruto, em infuso, combate a hemorragia uterina. Como alimento, a fruta benfica para a garganta e os intestinos.

    Loureiro: Suas vagens tm propriedades vermfugas. A ao de qualquer parte da planta antimicrobiana. O suco das folhas, tomado na dose de 3 a 4 gotas diludas em gua, ajuda na

    menstruao, corrige os desarranjos do estmago, melhora a surdez, as dores de ouvido e asmanchas do rosto. Ideal quando colhida sob a influncia de Marte.

    Nogueira: O ch das folhas, por decoco (2 xcaras grandes, duas vezes ao dia), um bomtratamento para feridas, erupes cutneas e tumores. Deve ser usado por tempo prolongado. NaIdade Mdia, o ch de nogueira era um famoso tratamento contra a sfilis. A casca da raiz umforte antdoto para vrios venenos e cura as inflamaes da boca, alm de ser vomitiva.

    Oliveira: O leo de oliva tem a propriedade de condensar energia vital e fora energtica quandoingerido ou utilizado em massagens vigorosas na pele.

    Penia: Com as sementes que surgem da primeira florada faz-se um colar para ser dependurado nopescoo de uma criana epilptica; concomitantemente deve ser ministrado um ch da decoco departe das sementes. O ch das folhas alivia as dores de cabea e as dores do parto.

    Sndalo-vermelho: A massagem com o leo ou com o p perfumado da casca til contrahemorragias.

    Sene: O ch por decoco tem um forte efeito purgativo. Melhor quando colhido na Lua cheia.

    Tanchagem: O ch da raiz cicatrizante para lceras internas e externas, bom nas enxaquecas e

    nos casos de fluxo menstrual muito abundante. Com as folhas prepara-se um cataplasma, timotratamento para a febre amarela, disenteria e doenas inflamatrias dos olhos.

    Videira: O cataplasma feito com uvas assadas e transformadas em p muito bom para as doresseveras do abdome. O suco das folhas tem excelente aplicao nos casos de disenterias fortes.

    Os Astros e as Plantas

    Uma vez que todos os planetas de nosso sistema solar orbitam aproximadamente o mesmo plano,vemos o Sol e os planetas desfilarem pelo cu sempre pelo mesmo caminho aparente. Este caminho

    percorrido pelos planetas, que leva o nome de Zodaco, est dividido em doze constelaes

    distribudas em quatro grupos de trs. Cada grupo est ligado a um dos elementos: terra, fogo, ar egua.

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    Todos os planetas influenciam o reino vegetal de modo a imprimir nele suas principaiscaractersticas, mas o Sol e a Lua a exercem sua influncia de maneira mais acentuada. Eis ainfluncia dos planetas numa rvore:

    Flores: VnusFrutos: JpiterFolhas: LuaCascas e sementes: MercrioTronco: MarteRazes: SaturnoSol: Toda a planta.

    A Lua, embora exera maior influncia sobre as folhas, medida que passa pelas constelaestransmite ao solo, e tambm ao reino vegetal como um todo, foras que vo beneficiar todas as suas

    partes. Por exemplo:

    - Razes: sero beneficiadas pela passagem da Lua pelas constelaes regidas pelo elemento terra;

    - Folhas e caules: sero beneficiados pela passagem da Lua pelas constelaes regidas peloelemento gua;- Flores: sero beneficiadas pela passagem da Lua pelas constelaes regidas pelo elemento ar;- Frutos e sementes: sero beneficiadas pela passagem da Lua pelas constelaes regidas peloelemento fogo.

    As fases da Lua tambm participam do processo vital dos vegetais. Atravs dos tempos, o homemobservou que as fases da Lua esto ligadas ao aproveitamento correto da luminosidade que, emboramenos intensa que a solar, penetra mais fundo no solo e, assim, acelera o processo de germinaodas sementes. Dessa maneira, as plantas que recebem mais luminosidade lunar na sua primeira fasede vida, tendem a brotar rapidamente, desenvolvendo mais folhas e flores, realizando a fotossntese

    com mais eficcia. Ento:

    Lua Nova boa para fazer podas, capinar o mato (porque demora mais para crescer), colher razessuculentas e fazer adubao;

    Lua Crescente boa para preparar a terra; semear e colher folhas e frutos; fazer enxertos; plantarflores e folhagens em vasos;

    Lua Cheiano boa para plantar nem transplantar e muito menos capinar, pois o mato cresce maisrapidamente. A seiva das plantas concentra-se toda nas extremidades e o ideal no mexer nas

    plantas;Lua Minguante boa para plantar e colher razes; colher e armazenar gros.

    A seguir, a descrio das principais caractersticas das plantas segundo a influncia planetria quesofrem assim como alguns exemplos de plantas que representam, no reino vegetal, as energias decada um desses planetas.

    Plantas Lunares: so de folhas grandes ou pequenas, mas abundantes; as flores so brancas ou decores claras; os frutos so de gosto inspido e sem cheiro e em geral so de aparncia bizarra; vivemna gua ou bem perto dela; so frias, leitosas, narcticas e anti-afrodisacas; costumam ser usadas

    nas prticas de feitiaria. Exemplos: agrio, erva-pombinha, tlia, chapu-de-couro, bananeira,abbora, violeta amarela, trevo, margarida, lrio branco.

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    Plantas Mercurianas: possuem folhas pequenas e de cores variadas; produzem flores e folhas,porm no frutos; so sinuosas ou ondulantes e de tamanho mdio; as flores geralmente soamarelas, de odor penetrante, com sabores diversos, mas um tanto adstringentes. So plantasnormalmente relacionadas com a mente ou trabalhos na esfera mental. Exemplos: valeriana, sete-sangrias, guaco, eucalipto, erva-lanceta, capim-cidr, canela-sassafrs, salsaparrilha, manjerona,hera, funcho, alfazema, accia.

    Plantas Venusianas: so afrodisacas, com perfume quase sempre suave; produz sementes emabundncia e se d frutos, so doces e com aroma agradvel; so plantas pequenas, muito floridas,com flores alegres e belas (cor de rosa) e possuem muitas flores, mas sem frutos. Exemplos: stvia,hortel, gengibre, erva-da-vida, erva-de-bugre, catuaba, catinga-de-mulata, algodoeiro, tomilho,

    poejo, mil-em-rama, malva, cerejeira, bardana, sabugueiro, violeta, rosa.

    Hortel

    Plantas Marcianas: muitas so espinhosas e provocam ardor ao toc-las. Os frutos podem servenenosos, so cidos, amargos e de gosto picante. Em geral so arbustos pequenos, com flores

    pequenas e vermelhas e podem ser prejudiciais viso. Exemplos: organo, coentro, cajueiro,guaran, cardo-santo, alho-por, alho, erva-de-bicho, alcachofra, uva-ursi, arruda, losna, urtiga.

    Plantas Jupterianas: so plantas grandes, rsticas, com frutos abundantes e de aspectoesplendoroso. Os frutos so doces e as flores so muito bonitas, mas sem perfume, em geral azuis,

    brancas e violetas. Algumas vezes, as rvores podem esconder as flores. Exemplos: boldo, baicuru,anis, abacateiro, svia, sabugueiro, pitangueira, pico, pau-ferro, jurubeba, jambolo, dente-de-leo,carvalho, carqueja, cardamomo, camomila.

    Plantas Saturninas: so plantas melanclicas, tristes, sinistras, sombrias, pesadas e de caule duro;grandes e de forma rara. Produzem frutos sem flores de sabor amargo, acidulado e/ou acre. Sehouver flores estas so, geralmente, sombrias, cinzentas ou negras. A reproduo sem sementes,so resistentes e narcticas e crescem lentamente. Exemplos: aroeira, avenca, cavalinha, cipreste,cominho, cancorosa, espinheira santa, salsa, taivi, ip-roxo, erva-mate, bolsa-de-pastor, amor-

    perfeito.

    Plantas Solares: so de altura mdia com flores geralmente amarelas com frutos bons de saboragridoce. Movimentam-se na direo do Sol ou tem a figura deste em suas flores, folhas ou frutos.Algumas permanecem sempre verdes e so muito aromticas. Tem grandes poderes mgicos ecurativos. So usadas por suas virtudes de adivinhao, medicinais e contra maus espritos. Amaioria das plantas medicinais so solares. Exemplos: artemsia, nogueira, tanchagem, marcela,estigmade milho, erva-cidreira, canela, calndula, babosa, arruda, alecrim, erva-de-so-joo,laranjeira, camomila, aafro, louro, melissa, girassol.

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    Girassol

    Homeopatia e Astrologia: A lei da correspondncia em ao

    O que teriam em comum personalidades to distantes no tempo e no espao como Hipcrates,considerado o pai da medicina ocidental, Paracelso, um mdico e alquimista da Idade Mdia, eSamuel Hahnemann, o iniciador da medicina homeoptica? Estes trs homens reconheceram eutilizaram nas mais variadas formas, uma lei universal: Assim como em cima, em baixo. Essalei universal tem sido redefinida nos mais variados campos da cincia. Ela a base da astrologia

    moderna. Jung a introduziu no campo da psicologia com o nome de princpio da sincronicidade.

    O princpio bsico da Homeopatia, a lei da similitude, diz: Semelhante cura semelhante. Talprincpio nada mais do que uma utilizao prtica, a nvel da sade, da lei universal descrita porParacelso. Isso explica a afirmao Hipocrtica de que um mdico que no conhecesse a astrologiano estava preparado para o exerccio de sua profisso.

    Na Idade Mdia, os mdicos-astrlogos acompanhavam a sade dos reis atravs de suas cartasastrolgicas. Na Renascena, astrnomos conceituados como Coprnico e Kepler levaram a umaampliao do crdito da astrologia. Nos dias atuais, pode parecer bizarro a unio entre a medicina ea astrologia e nem poderia ser de outra forma, j que a medicina tem se tornado uma cincia da

    especializao e da diviso. No entanto, a medicina homeoptica prioriza o homem como um todo,e nesse sentido continua sendo fiel aos princpios hipocrticos.

    Em seu estudo sobre alquimia, Paracelso afirmou: A fim de alcanar o verdadeiro significado daalquimia e da astrologia, necessrio ter uma clara concepo da ntima relao e identidade domicrocosmo com o macrocosmo, e de sua interao. Todas as foras do universo esto

    potencialmente presentes no homem e no seu corpo; todos os rgos humanos nada mais so doque produtos e representantes dos poderes da Natureza.

    Algumas das formas da astrologia auxiliar o homeopata em sua busca da totalidade e de umacompreenso mais ampla do paciente so:

    - a identificao de reas de vulnerabilidade e de sofrimento, tanto a nvel emocional quanto fsico.

    - atravs de uma anamnese mais dirigida, o homeopata pode descobrir pontos frgeis que deoutra forma poderiam passar desapercebidos.

    - fica mais fcil conhecer em profundidade um paciente que, por exemplo, se limite a seus sintomasfsicos, no oferecendo ao mdico dados de seu temperamento, j que o mapa astrolgico revelacaractersticas da personalidade do indivduo.

    - com bebs ou crianas pequenas o homeopata fica limitado ao relato dos pais. O mapa astrolgicoauxilia no reconhecimento prvio do potencial daquela personalidade, ajudando na eleio demedicaes mais adequadas.

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    - atravs dos trnsitos, ou seja, dos ciclos astrolgicos, o mdico pode acompanhar o paciente emseus processos de vida, j sabendo com uma certa antecedncia em que momentos a energia vital

    poder ser alterada pelas inevitveis mudanas da vida, espelhadas no mapa astrolgico.

    E estas so apenas algumas das utilizaes da astrologia na homeopatia. Tanto uma como a outrautilizam a mesma linguagem, ou seja, a viso do todo baseando-se no mesmo princpio universal. chegado o momento de se resgatar instrumentos que colaborem para o bem estar do homemenquanto indivduo e enquanto coletividade. A astrologia e a homeopatia estaro, juntas, trilhandoimportantes caminhos para atender nsia do ser humano em se religar com a harmonia doUniverso.

    Pequeno glossrio das doenas, de suas causas e cura ocultas

    DoenasCausas

    (Pensamentos - Padres negativos)Cura

    (Pensamentos - Padres positivos)

    AcidentesRebelio contra autoridade. Crena

    em violncia, raiva

    Paz e segurana. Eu amo e aceito tudo

    na vidaAcne No se aceitar; desamor de si

    Eu me amo, eu me aceito onde euestou agora. Eu sou maravilhoso

    AdenidesAtritos familiares, discusses.Criana se sente mal querida

    A criana querida e bem-vinda

    AlcoolismoSentimentos de futilidade,inadequao, culpa e auto-rejeio

    Eu relaxo o passado. Eu tenho valor.Eu me amo e me aceito agora

    AlergiasA quem voc alrgico? Falso ego esensibilidade

    Eu estou em Paz. O mundo seguro eamigo

    Amidalite Emoes reprimidas e medo; raivareprimida

    Nada impede o bom em mim. Eu

    permito a liberdade de expresso, dasidias divinas, que fluem e ganhamsignificado em mim

    Anemia Falta de prazer; desinteresse da vidaMeu mundo cheio de alegria e estouinteressado em tudo

    ApendiciteMedo da vida; bloqueio do fluxo dassensaes

    Alegria; eu relaxo e deixo minhassensaes flurem

    ArterioscleroseResistncia; tenso; abertura mentalestreita

    Eu estou completamente aberto para avida e a alegria. A vida boa

    ArtriteAmargura, ressentimento, crtica,sentimentos de desamor

    Amor e perdo. Eu deixo os outrosserem eles mesmos. Eu sou livre

    AsmaSuper sensibilidade; amor sufocado;supresso do choro, sentimentossufocados

    Eu sou livre. Eu me encarrego daminha prpria vida. Eu possoexpressar meus sentimentos comoeles so

    Ataques, golpes,congesto

    Rejeio da vida; auto-violncia,resistncia extrema

    Eu aceito a vida passada, presente efutura. Vida e alegria

    Bexiga(problemas)

    Ansiedade; resistncia contra novasidias

    Eu abandono o passado, despreocupome do futuro. Eu aceito o que novo,agora

    Boca

    (problemas)

    Incapacidade de engolir idias;

    fixao de opinies e mente fechada

    Eu dou boas-vindas a idias e

    conceitos novosBronquite Ambiente familiar inflamado Paz. Ningum consegue irritar-me

    BursiteRaiva reprimida, vontade de bater emalgum

    Eu relaxo a raiva de maneira que elano cause mal. O amor relaxa

  • 8/12/2019 Vida e Obra de Paracelso

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    Biografia Vida e Obra de Paracelso Sociedade das Cincias Antigas 30

    Cimbras Tenso; segurar-se; oprimir-se Eu relaxo e deixo a vida fluir

    CncerProfundos segredos ou afliescorroendo o Eu; reteno longa dosressentimentos; ferimentos profundos

    No existem segredos. Eu deixo que opassado se